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Livro: Cenários Econômicos

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ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO 
DIGITAL!
PROFESSORA
Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
Cenários 
Econômicos
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de 
Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas 
Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de 
Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia 
Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia 
Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. IORI, Carla Fabiana de 
Andrade Gonçalves.
Cenários Econômicos. 
Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori.
Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. Reimpresso em 2023 
256 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Cenários 2. Econômicos. 3. EaD. I. Título. 
CDD - 22 ed. 330.981 
CIP - NBR 12899 - AACR/2 
ISBN 978-65-5615-365-0
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Coordenador(a) de Conteúdo 
Juliana Moraes da Silva
Projeto Gráfico e Capa
André Morais, Arthur Cantareli e 
Matheus Silva
Editoração
Lucas Pinna Silveira Lima
Design Educacional
Jociane Karise Benedett
Rossana Costa Giani
Revisão Textual
Érica Fernanda Ortega
Sarah Cocato
Ilustração
André Azevedo
Bruno Cesar Pardinho
Fotos
Shutterstock
FICHA CATALOGRÁFICA
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós traba-
lhamos com princípios éticos e profissionalismo, 
não somente para oferecer educação de quali-
dade, como, acima de tudo, gerar a conversão 
integral das pessoas ao conhecimento. Basea-
mo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, 
emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, te-
mos mais de 100 mil estudantes espalhados em 
todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Ma-
ringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em 
mais de 500 polos de educação a distância espa-
lhados por todos os estados do Brasil e, também, 
no exterior, com dezenas de cursos de gradua-
ção e pós-graduação. Por ano, produzimos e 
revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 
mil exemplares. Somos reconhecidos pelo MEC 
como uma instituição de excelência, com IGC 4 
por sete anos consecutivos e estamos entre os 
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as necessida-
des de todos. Para continuar relevante, a institui-
ção de educação precisa ter, pelo menos, três 
virtudes: inovação, coragem e compromisso 
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodolo-
gias ativas, as quais visam reunir o melhor 
do ensino presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão, que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais 
cidadãos que contribuam para 
o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
BOAS-VINDAS
MEU CURRÍCULO
MINHA HISTÓRIA
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
Meu nome é Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori. 
O nome é comprido pois sou casada e não renunciei ao 
nome de solteira, tampouco a ganhar mais um nome. Aos 
dezoito anos, meus dias se resumiam a trabalhar, de dia, 
em uma reconhecida instituição financeira e, a noite, cur-
sar Ciências Econômicas. Eu me formei, fiz especialização 
e sonhava em ampliar meus conhecimentos dando aulas 
e ministrando palestras, assim canalizaria minha ener-
gia ao me comunicar, pois acredito que o mundo se tor-
naria melhor se soubéssemos nos comunicar com mais 
qualidade. Antes mesmo da colação de grau, surgiu uma 
proposta de aulas para cursos técnicos. Lá fui eu, feliz e 
contente. Realizada já aos vinte e poucos anos, trabalhan-
do no banco, estudando e dando aulas. Uma hora, a vida 
me cobrou para avançar com projetos pessoais, no caso, 
a maternidade, e não seria razoável levar dois trabalhos. 
Decidi pela área acadêmica. Chorei… E, no dia em que me 
demiti, já começaram as aulas do mestrado. De lá para cá, 
muitos cursos, eventos, muitas orientações de monogra-
fia e escrita de livros. O que me move é ser mãe de duas 
filhas lindas, estar casada com um marido parceiro que 
amo, ver meus irmãos e pais por perto, saudáveis e na 
luta diária. Além dessas relações com pessoas que amo, 
divido meus dias entre os muitos livros, preparação de 
aulas e materiais para ensinar Economia, planto e adubo 
minhas samambaias e suculentas, educo e brinco com 
crianças felizes, cuido das tarefas domésticas, sou filha, 
sou irmã e tenho amigos. Sou uma mulher, mãe, profis-
sional em construção!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6799 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6477
INICIAIS
PROVOCAÇÕES
O primeiro dia de trabalho, o primeiro beijo, o primeiro namorado, o primeiro filho... 
Começar alguma coisa é sempre um desafio. É impossível saber o que vai acontecer 
a partir da experiência singular do indivíduo. Gosto de imaginar que você, cara aluna, 
estimado aluno, está sentindo algo diferente ao começar essa caminhada de conheci-
mento intitulada Cenários Econômicos. A abordagem voltada à Economia pode sugerir 
que falaremos de dinheiro. Este é um símbolo daquilo que outras pessoas devem a 
você ou daquilo que você reivindica como seu direito a determinadas quantidades dos 
recursos da sociedade. A força da indústria financeira, na atualidade, faz muita gente 
crer que Economia equivale a uma pequena parte dela, que é a Economia Financeira. 
Então, já dei uma dica: não é puramente de dinheiro que falaremos. O que você imagina 
encontrar nesse curso? Neste material? Quais são suas expectativas de aprendizado? 
Como a economia pode te ajudar na tomada de decisões?
O tema Cenários Econômicos se revela uma ferramenta para a tomada de de-
cisões. Você verá que o termo cenários remete à noção de “abrigo”. A proposta de 
aprendizado, então, é que a deliberação por parte do gestor, ou profissional espe-
cífico, esteja sob a égide do conhecimento econômico. E se justifica de forma mais 
evidenciada com os acontecimentos mundiais dos últimos tempos, em que a opaci-
dade econômica permeia a visão global. 
Sabe-se que as relações de trabalho estão pautadas pelo tempo da tecnologia, e 
que este é cada vez mais veloz e milimetricamente mensurado, impactando a dinâmi-
ca econômica e, por conseguinte, exigindo agilidade e sensibilidade amparadas pelo 
conhecimento. Por fim, são exercícios de imaginação, histórias de “futuros possíveis”, 
ainda que incertos, e precisam ser analisados e reformulados, gerando reflexões que 
visam dar robustez à decisão.
Gosto de pensar o início de uma disciplina como uma viagem. Ao imaginar um pas-
seio, por exemplo, é bastante razoável passar por uma série de etapas até concretizar 
a experiência. Quer descansar? Quer aventura? É um passeio romântico? Definido o 
“tema” da viagem, escolhe-se o lugar, verifica-se o que tem porperto para visitar, quais 
pontos específicos. Enfim... Busca-se aproveitar ao máximo, afinal de contas, não po-
demos perder o caro tempo que temos em passeios chatos e desnecessários. Agora, 
CENÁRIOS ECONÔMICOS
INICIAIS
PROVOCAÇÕES
você está prestes a iniciar uma longa viagem. O tema não é próximo de um passeio 
romântico, o local da nossa jornada é a sociedade, e o nosso guia será a Economia. 
É preciso muita intrepidez para empreender a jornada do conhecimento acerca das 
questões relacionadas à sociedade, como emprego, Produto Interno Bruto, inflação, 
crescimento e desenvolvimento econômico. Essa busca possibilitará refletir sobre “fu-
turos possíveis”, imaginados sem objetivos preditivos, mas que procuram determinar 
as fronteiras do razoável, ou seja, daquilo que parece verossímil para o futuro do am-
biente de negócios, dado o conhecimento que temos no presente. 
Foi com os gregos que se estabeleceram as bases de muitos conceitos que, hoje, 
adotamos e continuamos a reproduzir. Para que possamos entender essa nossa jorna-
da de aprendizado, é relevante saber que cenários são um desses conceitos que remon-
ta ao mundo grego. É que a Skené, na estrutura espacial do teatro grego, representava 
uma cabana de madeira onde os atores se preparavam. Evoluiu para o latim scena, e 
chegamos à palavra italiana scenàrio. Portanto, cenários econômicos são um tema a 
ser refletido, no contexto da gestão, no mundo dos negócios ou das finanças, como 
um “abrigo”, ainda que temporário, para a tomada de decisão. É um pano de fundo 
para esse grande espetáculo que é a atividade econômica, que, dia após dia, entra em 
cena. Ela é dinâmica e, cada dia mais, renova-se, à medida em que a tecnologia entrega 
à sociedade novas formas de se relacionar. Para tanto, conhecimentos que perpassam 
a noção de crescimento e desenvolvimento econômico, os instrumentos de políticas 
econômicas, como a Política Monetária, Política Fiscal, Política Cambial, e o papel do 
Estado nas sociedades são paradas obrigatórias nessa jornada do conhecimento.
O conhecimento sobre Economia será um suporte para você responder perguntas 
importantes que serão feitas enquanto exercício de cenarização:
• O que pode dar errado?
• E se estivermos todos enganados quanto ao futuro do ambiente empresarial?
• O que pode surgir de novo?
• E se alguém começar a fazer algo diferente?
A atitude a partir dessas respostas é elaborar cenários alternativos, cenários de ruptura, 
paralelos aos cenários-base e que servem para mensurar, de forma mais clara, os riscos 
das decisões tomadas. Exercícios assim explicitam verdades incômodas. 
É improvável que alguma empresa ou profissional queira estar pior no futuro em 
comparação ao momento atual. Portanto, ao procurar antever o ambiente no qual es-
taremos inseridos no futuro, também é preciso questionar sobre o que precisaremos 
ter ou fazer para atingir nossa posição desejada no futuro em diferentes cenários. 
IMERSÃO
RECURSOS DE
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do 
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
Ao longo do livro, você será convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
NOVAS DESCOBERTAS
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
OLHAR CONCEITUAL
Neste elemento, você encontrará di-
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos, 
esquemas e fluxogramas os quais te 
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
CRESCIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO 
ECONÔMICO
11 61
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1 2
POLÍTICA 
MONETÁRIA 
E A QUESTÃO 
INFLACIONÁRIA 
113
POLÍTICA
FISCAL E A 
ECONOMIA 
3 4 159
ECONOMIA 
INTERNACIONAL
E CRESCIMENTO 
DOS PAÍSES
5 207
O PAPEL DA 
REGULAÇÃO
DO ESTADO
1Crescimento e 
Desenvolvimento 
Econômico
Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
Oportunidades de aprendizagem: Um bom ponto de partida para o nosso trabalho é pensar 
que economia é um sistema formado por pessoas, portanto, mesmo a teoria é uma construção 
social. Dessa forma, você será apresentado ao conceito de sistema econômico e à noção da 
sua organicidade. E, por ser assim, vai além da noção intuitiva de dinheiro propriamente, sen-
do este um mero símbolo, uma medida, um aspecto numérico para os agentes econômicos. 
Nossa análise perpassará a relação de quantitativo e qualitativo. Para tal, é preciso trilhar uma 
jornada histórica para resgatar uma perspectiva interpretativa que contribuirá no processo de 
tomada de decisões nos mais diversos cenários econômicos. Vamos compreender que definir 
e medir conceitos em economia não pode ser um exercício objetivo da mesma maneira como 
é na física ou na química. A diferenciação entre crescimento econômico e desenvolvimento 
econômico constitui um conteúdo que trará subsídios para o entendimento de que a análise 
quantitativa como PIB e renda deve ser analisada à luz dos indicadores de desenvolvimento 
(qualitativo). É nessa abordagem, enquanto um sistema orgânico, em que diversos atores eco-
nômicos sejam empresas, governos consumidores, famílias, investidores estão entrelaçados. 
Ao assumir posicionamentos diante de conjunturas adversas, você estará mais preparado 
para decidir em um ambiente dinâmico, no qual o próprio pensamento econômico está em 
constante fluxo, sujeito às interações e mudanças, próprias de um ambiente disruptivo.
UNIDADE 1
12
No último trimestre de 2019, eu me peguei pensando sobre importantes decisões 
que precisava efetuar para possibilitar um melhor desempenho no processo de 
alfabetização da minha filha mais velha, uma socialização mais interessante para 
a caçula e, quanto a mim, era necessário cumprir o projeto de um novo espaço de 
trabalho para escrever, preparar aulas e empreender, enfim, executar projetos que 
já estavam pipocando na minha mente para acontecerem. Um pouco insegura 
de algumas decisões, resolvi conversar com uma amiga. Amizade bonita que 
começou a partir das nossas filhas no ambiente escolar, as pequenas estudavam 
juntas desde os três anos de idade. Ao me aconselhar com ela sobre uma possi-
bilidade de transferência de escola, ela não só concordou que era uma decisão 
importante, como também transferiu a filha de escola. Assim, eu também mudei 
minhas meninas para uma nova proposta pedagógica. Esta sugeria ser mais con-
sistente com relação ao conteúdo que considero que Alice Maria (a primogênita) 
deveria melhorar. Ela tinha que ter uma forma de aprendizado mais apropriada 
para a forma dela ser. Alice queria participar do curso de robótica, este, porém, 
esperaria um pouco mais. A Helena Maria poderia conhecer novos amigos e 
socializar de uma forma diferente, tendo em vista que ela é mais tímida e, por 
assim dizer, demora mais para construir relações. Acertei com a madrinha da 
Alice para me ajudar com o processo de cuidar delas na parte da manhã, e uma 
senhora conhecida para me ajudar parcialmente com as tarefas domésticas.Meu 
marido, e pai das meninas, apesar de trabalhar bastante, também tinha comprado 
a ideia de fazer do novo ano um tempo de trabalhar com mais concentração e 
dedicação para o mundo do conhecimento. Aluguei uma sala para trabalhar a 
UNICESUMAR
13
partir de dezembro de 2019, em fevereiro começaram as aulas das meninas e 
também comprei uma agenda (além da virtual) para desenhar o cronograma 
de 2020. Estava tudo certo para ser o ano da minha decolagem profissional. O 
cenário parecia perfeito. Aí já era março… pandemia. Para tudo! Pra quê agenda? 
A Pilha de Areia começava a desmoronar.
Conto essa história, entre outros motivos, pois escrever o livro Cenários Eco-
nômicos era algo pensado pela professora coordenadora Juliana há tempos idos. 
No entanto, quis o tempo que eu escrevesse esse material em um tempo abstruso, 
no mínimo atípico. Sim... a partir do vírus Sars-CoV-2, o coronavírus, tudo, tudo 
ficou desconfigurado. A saúde, o trabalho, a escola, a vida social… Como tomar 
as decisões nesse novo ambiente? Agora eu te convido a refletir comigo… e para 
você, caro(a) aluno(a), sentiu seus planos para o ano de 2020 serem abalados 
pelo cenário mundial?
A opacidade dessa dimensão temporal é intrínseca à economia real. A com-
preensão dos cenários econômicos passa por uma reestruturação nesse sentido. 
Em março do ano que cravou seus “pés na calçada da fama”, foi bem interessante 
no que se refere à elaboração de cenários econômicos. Para se ter uma noção de 
tamanha instabilidade, em termos de mercado financeiro, foram acionados seis 
vezes(!) o circuit breaker. Isso não aconteceu nem na crise de 2008. O mercado 
financeiro estava alvoroçado diante da guerra no preço do petróleo e começamos 
a entender o quadro de pandemia que se desenhava com a disseminação da crise 
causada pela pandemia do coronavírus. 
Circuit breaker é um recurso da bolsa de valores que objetiva a proteção 
para os investidores quando há muitas vendas, ocasionando quedas bruscas nos 
preços dos ativos negociados. Em outras palavras, é uma estratégia acionada para 
amortecer e rebalancear as ordens de compra e venda em momentos nos quais 
elas estão desequilibradas.
O mecanismo atua por meio de critérios preestabelecidos, que determinam a 
paralisação do pregão por um tempo determinado quando a queda do dia atinge 
certo patamar percentual. Portanto, isso se dá quando o mercado está muito vende-
dor, o que geralmente só acontece em períodos de grande incerteza para o país ou 
mundo como um todo – exatamente o caso da pandemia do Covid-19, em 2020.
Assustados ou se antecipando ao provável cenário negativo que vem pela 
frente, investidores vendem suas ações e, em consequência, os índices começam 
a cair, o que inicia um efeito dominó.
UNIDADE 1
14
É importante incluir aí nesse panorama que a economia mundial já de-
monstrava “saúde debilitada” antes da pandemia. O mundo já não crescia eco-
nomicamente como antes, considerando Estados Unidos e China dentro das 
suas peculiaridades. Havia uma guerra comercial patrocinada pelo governo 
Trump contra a China. As estruturas econômicas olhadas sob o aspecto espacial 
(geopolítica) também revelavam problemas, basta pensar no Oriente Médio, 
de modo particular a Síria e o Irã. 
A virulência e o alcance da doença fizeram reinar, soberana, a incerteza. É 
fato que economistas pouco entendem de saúde, somos adeptos dos modelos 
econômicos. E é inegável a importância dessas ferramentas fantásticas que con-
tribuíram para o avanço da sociedade em diversas tomadas de decisões. 
Ao conceber que a economia se relaciona com a saúde (e que a pandemia nos 
revelou isso de forma muito evidente!) e com tantos outros aspectos que envol-
vem nosso cotidiano, eu te pergunto: será que a economia é difícil de entender? 
Convido você a ler o livro do economista sul-coreano Ha-Joon Chang: Economia: 
modo de usar. Um guia básico dos principais conceitos econômicos. (2015). Essa 
leitura ajudará a ampliar seus horizontes.
Diante dessa experiência proposta, como você entende o papel da ciência his-
tórica enquanto ferramenta para a economia? Como obter a plena compreensão 
dos fenômenos econômicos contemporâneos? Reflita sobre e escreva sobre sua 
experiência. Você também pode utilizar o Diário de Bordo. Essa parte é sua para 
anotar todas as suas primeiras impressões até o momento. 
DIÁRIO DE BORDO
UNICESUMAR
15
Elaborar o conteúdo para tomar decisões diante dos cenários econômicos mais 
do que nunca requer que saiamos do ambiente de conforto, com as respostas 
prontas e precisas. É fundamental entender o passado para, a partir dele, dar 
passagem para o questionamento de princípios que deixaram de valer. O convite, 
portanto, para pensarmos a problematização de como nos posicionarmos diante 
da economicidade do dia a dia, perpassa o desacomodar-se e desfrutarmos do 
prazer de pensar uma narrativa econômica inovadora, que considera os aspectos 
históricos para entender o presente, só assim decisões mais ajustadas e pontuais 
têm a chance de serem mais acertadas. 
Ao olharmos para o Brasil, por exemplo, será fundamental realizar um tra-
balho hercúleo de entendimento que transita pelos tempos coloniais. Resgatar o 
memorável trabalho de Celso Furtado, a Formação Econômica do Brasil, ajuda 
muito, haja vista que ela nos apresentou, por meio da sua linguagem singular, 
nossa dependência da economia internacional. Enfim, é uma crise planetária, 
de proporções nunca vistas, que necessariamente afeta nossa economia, e, como 
disse o economista Paulo Nogueira Batista Junior, nesses tempos, a “galinha não 
levantará vôo” (BATISTA JUNIOR, 2020, on-line).
Como crescer com desenvolvimento?
Analisar cenários econômicos para o século XXI per-
passa necessariamente a reflexão sobre o crescimen-
to e desenvolvimento das nações. Por sua vez, a análi-
se sobre aumento de produtividade junto à qualidade 
de vida da sociedade situa-se na tênue linha que cos-
tura a política e o dinheiro. Mark Hanna, senador nor-
te-americano no século XIX, observou que “há duas 
coisas que são importantes na política. A primeira é 
o dinheiro, e não consigo me lembrar da segunda” 
(ATKINSON, 2016, p. 404). Esse pensamento pode se 
aplicar na atualidade. As políticas voltadas para a me-
lhoria de vida da população estão sob a tutela de lide-
ranças que se elegem a partir de vultosas quantias de 
dinheiro. Quer entender essa delicada relação? Ouça 
esse podcast. Como crescer com desenvolvimento?
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6265
UNIDADE 1
16
Modelos econométricos, como nos ensina a economista Monica de Bolle (2020), 
servem para entender algumas partes de um problema intrincado, não linear, 
dinâmico e que comporta uma miríade de dúvidas, questões não respondidas 
e, possivelmente, outras ainda não formuladas. Essa influente economista dos 
tempos atuais nos apresenta que, na situação extrema imposta pela pandemia, se 
ater puramente à modelagem quantitativa é ser incapaz de tomar decisões em um 
cenário que exige uma economia forçada a pensar de forma criativa. Isso implica 
em desafios à comunidade científica internacional, bem como aos governos. Em 
síntese, são tempos estranhos, diante da combinação de um choque importante 
com magnitude e duração incertas com vulnerabilidades preexistentes, de ordem 
comercial, geopolítica e financeira. 
Para tanto, vale considerar que, ao ouvir um conto, uma fábula ou uma lenda, 
nos é dada a oportunidade de se ver na ação dos personagens. Isso contribui para 
a construção do conhecimento, da ética, da cidadania e tantos outros elementos 
fundamentais para vivermos em sociedade e tomarmos as decisões pertinentes 
à economicidade, que é a abordagem dessa nossa experiência de conhecimento. 
E por falar em conhecimento, quero aqui compartilhar a primeira forma dele: 
a tentativa de desvelar respostas para as questões que a natureza impõe: o mito. 
Adianto que não foi de forma despropositada que me ocorreu essa possibilida-
UNICESUMAR
17
de. Trazer um personagemcoadjuvante da mitologia 
grega foi uma forma interessante que Taleb, o escritor 
de Arriscando a própria pele – Assimetrias ocultas 
no cotidiano (2017), encontrou para ensinar sobre o 
aprendizado tácito: aquele que perpassa a experiência, 
que não pode ser formalizado.
Essa é a história de Anteu, um gigante que vivia na 
Líbia, filho de Poseidon (um dos deuses do Olimpo), 
o deus do mar, e de Gaia, a Mãe-Terra, dona de uma 
potencialidade geradora intensa. Anteu tinha uma es-
tranha ocupação, que consistia em obrigar as pessoas 
que passavam por sua terra a lutar com ele. Sistema-
ticamente tais combates terminaram com a morte do 
adversário. Haja vista que quanto mais o corpo de An-
teu tocava a Terra, mas ele renovava seus poderes, as-
sim, nunca ficava cansado e o resultado era que nunca 
perdia uma luta. Era do chão, do contato com sua mãe, 
que Anteu extraía sua força. Até que apareceu Hércules 
– filho de Zeus e de Alcmena (uma humana) –, que foi 
educado nas artes, na filosofia e na ciência. Hércules, 
ao atravessar a Líbia, em busca dos pomos de ouro do 
jardim das Hespérides, encontrou o vigoroso Anteu. 
O herói foi desafiado. Desconhecendo que Anteu ti-
rava sua força da Mãe Gaia, lutou bravamente com ele 
durante muito tempo, mas em vão. Vezes e mais vezes 
o herói lançou-o contra o chão, e ficava cada vez pior, 
pois o gigante punha-se de pé num salto. Hércules esta-
va intrigado com isso: como era o gigante capaz daque-
las súbitas explosões de força quando, um momento 
antes, tinha estado perto ser derrotado, rastejando na 
poeira? Então, o herói se lembrou de que seu oponente 
era filho de Gaia. Agarrou o gigante, levantou-o bem 
alto no ar e não o deixou tocar na terra. Na luta deses-
perada para escapar, todas as suas forças se esgotaram, 
e o medonho gigante encontrou seu destino.
https://mitologiahelenica.wordpress.com/2015/04/22/xi-os-pomos-das-hesperides/
https://mitologiahelenica.wordpress.com/2015/04/22/xi-os-pomos-das-hesperides/
UNIDADE 1
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Figura 1 - Vitória de Hércules sobre o Gigante Anteu, 11.º Trabalho de Hércules -- fresco na Escadaria 
Principal do Palácio Quintela, em Lisboa, Portugal / Fonte: Wikimedia Commons (1822, on-line).
Descrição da Imagem: a Figura 1 apresenta uma obra de arte em tela, a qual representa Hércules que 
segura o gigante Anteu de forma suspensa em seus braços, representando a vitória. O gigante demonstra 
expressão de dor. Ambos estão no centro da imagem.
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O que podemos aprender com essa vinheta gráfica? Dois pontos importantes 
podemos aqui refletir: 
1. A feliz combinação entre estratégia e força. Hércules conhecia o ponto 
fraco do seu concorrente. É de extrema importância, destarte, sair da in-
dividualidade e colocar-se a pensar diante da perspectiva do concorrente, 
imaginando sua reação e, a partir daí, tomar uma decisão. O uso da força 
por si só pode ser pouco. Portanto, é importante olhar para o todo, fazer 
o exercício de sair de si e, buscando essa neutralidade, tomar uma decisão.
2. Uma segunda lição é que não se pode separar o conhecimento do 
contato com o chão. É preciso ter essa proximidade. Vale trazer a noção 
de conhecimento tácito, apresentada pelo filósofo Michael Polanyi e va-
lidada em 1966 por meio de sua obra The Tacit Dimension (POLANYI, 
2009), aquele conhecimento experimentado, difícil de ser passado por 
meio da linguagem. É preciso ter esse “contato”. Passa pela relação de “tocar 
o chão”. Por isso a lição é que a realidade concreta perpassa situações difí-
ceis. As feridas resultantes de tais experiências orientam a aprendizagem 
e a descoberta de um mecanismo de sinalização orgânica que os gregos 
chamavam de pathemata mathemata (“norteie seu aprendizado por meio 
da dor”, algo que mãe de crianças pequenas, como eu, sabem muito bem). 
Portanto, como explica Taleb, em grego significa que o aprendizado e a 
evolução vêm da dor proporcionada pelo corpo, pelo físico, pelo chão, 
que, se desprezada, leva ao sofrimento, ao óbito, à extinção.
No mundo econômico, seja com relação ao contexto corporativo ou até mesmo 
nos diversos posicionamentos que temos que assumir para fazer a roda da vida 
girar, a velocidade das informações, a partir da tecnologia, é muito grande. Como 
consequência, uma infinidade de decisões deve ser tomada para jogarmos o jogo 
econômico, buscando posição de destaque. Quando quero comprar uma máqui-
na para ampliar meu negócio, a decisão de comprar ou alugar um imóvel, com-
prar um smartphone na pré-venda, exportar agora ou esperar um pouco mais, 
são diversas decisões que temos que tomar. E para isso, é fundamental conhecer 
o panorama que estamos vivenciando, para tal, a importância do conhecimento 
sobre o contexto econômico que perpassa a sua individualidade. 
UNIDADE 1
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Daí nos servimos de Hércules, Anteu, para nos ajudar. Também a canção Divino 
Maravilhoso, composta por Caetano Veloso, alerta para o fato de que “é preciso 
estar atento e forte”. Anteu, talvez na segurança que a mãe lhe causava, chamou 
para a briga alguém que soube combinar conhecimento e força. Acabou mal. 
Tomar decisões a partir da dinâmica econômica perpassa essa moral. Não há 
ambiente seguro, isento de riscos. É a jornada do conhecimento, aliada à discipli-
na, foco, força de vontade que possibilitará a sensibilidade sobre a influência das 
forças externas no desempenho das empresas, e até mesmo na nossa individua-
lidade econômica. Anteu se colocou em ambiente de conforto tendo suas forças 
recarregadas pela mãe Gaia. No entanto, a dinâmica da vida socioeconômica, 
assim como o Jardim das Hespérides, é instável e cheia de aventuras, em especial 
ao considerarmos os impactos que todos sofremos submetidos a crises globais. 
Nesse ínterim, é função do profissional, seja ele executivo de alguma organiza-
ção, empresário, pesquisador da área, enfim, somos responsáveis em lidar com 
as variáveis econômicas a partir da análise dos cenários econômicos, de modo 
a estabelecer as diretrizes que levarão os indivíduos e suas empresas em direção 
aos seus objetivos estratégicos.
Hércules nos inspira pela sua força, mas ao brigar com Anteu, também nos 
ensina sobre a acuidade em entender a lógica da força do adversário. Ao entender 
que não era só força, logrou êxito. Entender economia passa pela apreensão de 
que ela é uma construção social, como a política. 
Agora… como equilibrar o conhecimento adquirido e o espírito de liderança, de dono de 
si mesmo, para jogar esse difícil game econômico? 
PENSANDO JUNTOS
Aqui lembro da explicação de Celso Furtado (1959, on-line)1, sobre uma das questões 
econômicas primordiais: “se você não tem ideias claras e evidentes sobre a economia na 
sociedade, fica sempre um pouco superficial. Para entender a vida da sociedade é preciso 
saber como é que se mata a fome, primeiro.”
EXPLORANDO IDEIAS
UNICESUMAR
21
Diante da jornada proposta, conhecedores do delicado momento histórico e 
econômico precisamos seguir o conselho Furtadiano e buscar o fino ajuste entre 
conhecimento e sensibilidade, como diz a economista Monica de Bolle (2020), 
“pois é fácil ceder à falsa impressão de que há leis imutáveis na economia e 
não perceber as mudanças.” As transformações na economia podem favorecer 
ou prejudicar a atuação das empresas nos mercados, bem como a geração de 
empregos e renda. Portanto, um pouco de história vai instrumentalizar nosso 
trabalho, na nossa aventura do conhecimento. E já que nesta unidade aborda-
mos a mitologia, vamos usar um pouquinho mais da ferramenta histórica para 
uma sucinta compreensão da economia. 
Por longos milênios, a humanidade se compõe de grupos relativamente pe-
quenos, cuja cultura técnica apenas se igualava às culturas dos mais atrasados, 
“selvagens” contemporâneos, ou nitidamente inferior. As sociedades civilizadas 
UNIDADE 1
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e de complexa estrutura, por outro lado, não surgiram como Minerva, da cabe-
ça de Júpiter, havendo chegado à sua organização atual por meio de mudanças 
e progressos, obviamenteexperimentados a partir dessas atrasadas aglomera-
ções humanas. Se negligenciássemos o fato de que os grupos eram pequenos e 
que a sociedade é algo complexo, possivelmente não lograríamos compreender 
a dinâmica evolutiva dos processos de produção e distribuição das riquezas, 
cujo conhecimento constitui, precisamente, a visão global do que é a atividade 
econômica. Há cerca de 10 mil anos, quando os sapiens (nome científico de 
nossa espécie humana) começaram a dedicar quase todo o seu tempo e esforço 
para manipular a vida de algumas espécies de plantas e animais, apresentando, 
dessa forma, uma mudança radical em seu relacionamento com a natureza, 
temos o que Harari (2015) chama de Revolução Agrícola. Essa transforma-
ção impactou totalmente a história da humanidade, pois o homem passa do 
caráter predatório para produtor. A existência em comunidades estáveis passa 
a tomar forma em detrimento do nomadismo. Em Rezende Filho (2010), te-
mos o nome de Revolução Neolítica. Para nós, o relevante é perceber que foi 
um ponto de inflexão para a humanidade, de modo que a atividade agrícola, 
sobretudo, permitiu que o homem diminuísse a atividade braçal e passasse 
a ter a noção de trabalho coletivo e regular. Paralelamente ao controle das 
fontes de alimentação que possibilitaram o crescimento demográfico, deu-se 
a diferenciação social do trabalho que permitiu o desenvolvimento de novas 
técnicas (cerâmica, tecelagem, fabricação de instrumentos de pedra polida), 
ligando as comunidades por um sistema de trocas. Estabelece-se, aqui, nosso 
marco precursor da atividade comercial. Por conta de condições geoclimáticas 
desfavorecedoras ao desenvolvimento da agricultura, algumas civilizações se 
voltaram para o exterior diante do objetivo de abastecerem-se, uma vez que 
não conseguiam produzir em quantidade suficiente. 
Na intenção de maximizar as vantagens advindas da atividade comercial, as 
cidades fenícias estabeleciam pontos de armazenamento de produtos localizados 
no litoral das regiões com as quais comerciavam. Eram as feitorias. Uma dessas, 
fundada no século IX a.C., deu origem à cidade de Cartago, a qual, conforme 
Rezende Filho (2010, p. 22), “se transformou na potência econômica dominante 
do Mediterrâneo ocidental, até ser derrotada por Roma, após longas guerras, em 
finais do século III a.C”. 
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Crise do sistema
escravista
Instabilidade
política
Expansão do
cristianismo 
Invasão dos povos
germânicos (bárbaros)
Com o poder enfraquecido,
o Império Romano passa
a ser alvo constante de 
invasões.
O sistema de produção era 
dependente do trabalho 
escravo. Com a diminuição 
do número de escravos, a 
economia em crise.
Os cristãos não aceitavam 
o caráter divino dos 
imperadores, assim o 
poder desses governantes 
era enfraquecido.
Crises políticas internas 
levam ao enfraquecimento 
do poder e tornam o 
território vulnerável a 
invasões.
Queda de Roma
476 a.C
A queda do Império Romano impulsionou 
uma nova forma de organização da 
sociedade: o feudalismo.
FEUDALISMO
Servo - escravo
Sociedade Estamental
Economia:
- Agrária e voltada à
subsistência
- Artesanato
Igreja Medieval:
- As cruzadas: 
expedições militares 
e religiosas
Política:
- Fragmentação do poder
- Nobreza proprietária de terras
Suserania e vassalagem:
- Suserano concede terras e bens 
em troca de �delidade
Figura 2 - A Queda de Roma e o Feudalismo / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a Figura 2 apresenta a partir da Queda do Império Romano que a humanidade 
vivenciará o período feudal. Temos uma caixa em destaque e esta apresenta o elemento “Queda de Roma 
476 a.C.”. Desse quadro, saem quatro setas: a) crise do sistema escravista; b) instabilidade política; c) ex-
pansão do cristianismo; e d) invasão dos povos germânicos (bárbaros). Esses elementos caracterizam a 
configuração do cenário romano que está enfraquecido diante do contexto. A queda de Roma se dá pela 
invasão dos povos bárbaros, que, por sua vez, fragiliza o império Romano. A crise do sistema escravista se 
dá a partir do contexto de guerras, que diminui a mão de obra escrava. Esses elementos caracterizam uma 
instabilidade política, que, por sua vez, leva a crises internas tornando o território ainda mais vulnerável 
a invasões. Outro elemento fundamental, enquanto explicativo para a queda do Império Romano, foi a 
expansão do cristianismo, haja vista que os romanos não tinham tradição nessa relação com o Divino. E os 
cristãos não aceitavam o caráter divino dos imperadores, assim, o poder desses governantes era enfraque-
cido. Diante desse panorama, uma nova organização se apresenta: o feudalismo. As relações de trabalho 
não vão mais se sustentar, aí, em base escravocrata, e sim na mão de obra servil, na qual o servo é diferente 
do escravo. Dá-se uma relação de suserano e vassalo, na qual o primeiro concede terras ao segundo em 
troca de fidelidade. No aspecto político, apresenta-se uma nobreza detentora de terras com poder político 
fragmentado, ou seja, não havia Estado como conhecemos hoje. A Igreja exerceu nesse período medieval 
uma forte influência, contribuindo para, ao final do sistema, uma promoção do comércio. Isso se dá com a 
prática do movimento das Cruzadas (expedições militares e religiosas). No campo da Economia, tem-se que 
a organização era voltada à agricultura de subsistência, com modo de produção artesanal.
UNIDADE 1
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É possível pensar um sistema como um conjunto de elementos interligados que 
cumprem um objetivo final definido. Na biologia, por exemplo, quando se usam as 
expressões sistema respiratório, sistema vascular ou sistema nervoso, pensamos em 
um conjunto de órgãos de um ser vivo que se relacionam entre si para desempenhar 
funções vitais nesse organismo, como permitir a respiração, a nutrição e a oxige-
nação das células e a transmissão dos impulsos nervosos. Trazendo essa analogia 
para a economia, você já pôde perceber que, ao longo do tempo, os humanos se 
coordenaram e foram se desenvolvendo, passando por diversos sistemas. 
Economia
4000 a 1000 a.C.
1000 a.C. a 500 d.C.
Assíria
Babilônia
Egito
China
Abissínia
Mesopotâmia
Índia
Grécia
Roma
Figura 3 - Impérios na Antiguidade / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a economia na antiguidade foi constituída por sociedades civilizadas e de complexa 
estrutura, por volta dos anos 4000 a 1000 antes de Nossa Era, das quais se destacam o império Assírio, 
Babilônico, Egípcio, Chinês, o império Etíope também conhecido como Abissínio, o Mesopotâmico e o 
Império da Índia. No período que antecede em 1000 anos, a contar do marco cristão até o ano 500 da 
Nossa Era, destaca-se a civilização greco-romana.
UNICESUMAR
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Os imperiais, como os do Antigo Egito, da Grécia, da Roma Antiga e do império 
Chinês, foram evoluindo para o feudalismo, que dominou a Europa entre os 
séculos IX e XV d.C. Tudo isso refletiu a forma pela qual os homens puderam 
satisfazer suas necessidades materiais em cada época, alterando-se a forma con-
forme o que era “necessário” dentro de cada contexto, refletindo, também, que 
a vida socioeconômica se dá a partir de um sistema, uma organização, com o 
intuito de atender a humanidade dentro dos aspectos da sobrevivência. 
A partir do século XIV, avanços nos meios de navegação permitiram ultrapas-
sar o estreito de Gibraltar, de modo que o comércio intraeuropeu, antes apenas 
terrestre, deslocou-se em parte para o Atlântico. Como efeito, houve estímulo para 
o desenvolvimento de centros comerciais. O mundo estava sendo descoberto! É 
aqui que entramos em cena.
Há tempos não se falava tanto da implicação da economia na saúde e da saúde na 
economia. Contudo, é possível afirmar que nossa temática nasceu a partir de forte 
influência médica. Para apresentar essa relação, é preciso pinçar um elemento 
importante da história do pensamento econômico no qual John Locke (1632-
1704) e François Quesnay (1694-1774) são apenas dois, entre outros médicos, 
que influenciaram o pai da ciência econômica comoa conhecemos na atuali-
dade: Adam Smith (1723-1790). E a intenção, aqui, não é transmitir meramente 
informações historiográficas, mas justificar que as políticas públicas e privadas a 
serem assumidas em cenário instável, como o que vivenciamos, devem transitar 
pela história da economia como ciência social.
 John Locke (1632-1704) Adam Smith (1723-1790) François Quesnay (1694-1774)
UNIDADE 1
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Pois bem, para o escocês, o Ocidente embarca em uma 
grande revolução antes do século XVIII, quando as socieda-
des agrárias ou agrícolas se tornaram comerciais. Durante a 
Idade Média, as cidades se desenvolveram e aos poucos foram 
ligadas por estradas. As pessoas levavam mercadorias e pro-
dutos agrícolas frescos para as cidades, e os mercados – com 
sua compra e venda – tornaram-se parte da vida. A inovação 
científica criou padrões de medida confiáveis, e junto com 
novos jeitos de fazer as coisas e da mistura de principados 
que pontilham a Europa formaram-se Estados centralizados. 
O povo usufruía uma nova liberdade e passava a trocar bens 
para ganho pessoal, não só para o seu senhor. Em 1776, Smith 
publicou sua obra An inquiry into the nature and causes of 
wealth of nations (A Riqueza das Nações) (SMITH, 1983), 
que tinha iniciado na França, dez anos antes. A obra possui o 
significado de manifesto de uma nova ciência. O sucesso do 
livro foi imediato e isso estabeleceu definitivamente o pres-
tígio de Smith. Um dos aspectos históricos mais relevantes 
dessa obra é sua atualidade em relação à economia capitalista 
moderna, haja vista que a dimensão temporal revelava um 
momento marcado por grandes transformações econômicas 
e sociais impulsionadas pela primeira revolução industrial, 
cujo epicentro foi o Reino Unido. O texto cumpriu o singular 
papel de instrumento de uma ideologia triunfante no século 
subsequente, o liberalismo. 
Para o pensador, as economias de mercado geram rendi-
mentos justos que podem ser gastos em bens, em um “fluxo 
circular” sustentável, em que o dinheiro pago em salários 
volta para a economia quando o trabalhador paga pelos 
bens e será devolvido em salários, repetindo o processo. O 
capital investido em instalações de produção ajuda a au-
mentar a produtividade da mão de obra, o que implica os 
empregadores poderem arcar com salários mais altos. E, se 
puderem pagar mais, eles pagarão, porque têm de competir 
entre si pelos trabalhadores.
UNICESUMAR
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Figura 4 - Mudanças das relações sociais de trabalho ao longo da história: (a) Pintura egípcia, (b) 
As quatro estações, Primavera de Pieter Bruegel (1579-1638), (c) Tempos Modernos de Charlie 
Chaplin / Fonte: Shutterstock e Wikimedia Commons (2016, on-line).
Para nosso trabalho, trataremos como sinônimo economia de mercado e ca-
pitalismo, por uma questão didática. Esses termos representam uma forma de 
organização econômica que depende da existência de propriedade privada dos 
meios de produção que asseguram aos seus donos os ganhos de sua exploração. 
a
b c
Descrição da Imagem: a Figura 4 apresenta uma montagem com três formas de trabalho ao longo da 
história da humanidade. A Figura (a) é representada por uma pintura egípcia e faz alusão ao período de 
trabalho escravocrata. A Figura (b) apresenta numerosos criados que cuidam de um jardim elaborado, 
tratam as ovelhas, cortam as vinhas e as rosas sob os olhos vigilantes de mestres bem vestidos. Essa 
pintura faz parte da série Season que reúne quatro painéis de pequeno porte de Pieter Brueghel (1564-
1638), o jovem. A Figura (c) traz uma das cenas do filme Tempos Modernos, de 1936, escrito e dirigido 
por Charles Chaplin, em que ele está com outro homem ao lado de uma máquina, característica do novo 
formato de trabalho, a partir da Revolução Industrial, o trabalho assalariado.
UNIDADE 1
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Portanto, não há capitalismo quando não há garantias sobre a propriedade in-
dividual. Esse sistema econômico depreende propriedade privada dos meios de 
produção que asseguram aos seus donos os ganhos de sua exploração. 
LEI FORÇA
PROPRIEDADE
PRIVADA
E SEUS
GANHOS DE
EXPLORAÇÃO
GARANTE GARANTE
ESTADO
Figura 5 - Papel do Estado nas economias de mercado / Fonte: a autora.
O sistema como nos organizamos para viver, no que se refere ao ponto de vista 
material, está dividido entre os possuidores do capital, os capitalistas, e aqueles 
que não detêm o capital, os trabalhadores. Ainda que pese ser uma discussão 
que possibilite o calor ideológico, é a forma como nos constituímos enquanto 
sociedade, e podemos pensar que esse “modus vivendi” foi inaugurado com a 
Revolução Industrial, e cronologicamente nos situamos aqui no final do século 
XVIII e primeira metade do século XIX. 
Descrição da Imagem: a Figura 5 apresenta o papel do Estado nas economias de mercado. No alto, temos 
o Estado que abre duas setas, uma para direita e outra para esquerda em que ambas garantem a Lei e a 
Força. Estas duas sugerem que a propriedade privada requer seus ganhos de exploração.
UNICESUMAR
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CAPITALISMO
NÓS MANDAMOS
EM VOCÊ
NÓS ENGAMOS
VOCÊ
NÓS ATIRAMOS
EM VOCÊ
NÓS COMEMOS
POR VOCÊ
NÓS 
TRABALHAMOS
POR TODOS NÓS ALIMENTAMOS
TODOSA PIRÂMIDE DO SISTEMA CAPITALISTA
Figura 6 - A Pirâmide do Sistema Capitalista (1911) / Fonte: Wikimedia Commons (2009, on-line).
Descrição da Imagem: a Figura 6 representa a pirâmide com seis degraus conhecida como a pirâmide 
do Sistema Capitalista (1911) dos Estados Unidos. Começando pelo topo da pirâmide, temos o saco de 
dinheiro, o símbolo do capitalismo. Abaixo vem os governantes e a alta burguesia com a mensagem “Nós 
mandamos em você”, detentora dos meios de produção e as instituições financeiras. Depois a Igreja, que 
continua com seu poder ideológico de controle sobre a população com a mensagem “Nós enganamos 
você”. No quarto degrau, são as forças militares que novamente aparecem para manutenção da ordem e 
estrutura de proteção contra revoltas e revoluções com a mensagem “Nós atiramos em você”. Penúltimo 
degrau, aparecem os pequenos burgueses desfrutando de uma boa vida e comida farta com a mensagem 
“Nós comemos por você” e, por último, vem a base da pirâmide sustentada pela classe trabalhadora (os 
proletários na base de tudo, homens, mulheres e crianças) carregando toda a pirâmide e seus dizeres 
“Nós trabalhamos por todos”, “Nós alimentamos todos”.
UNIDADE 1
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Contudo, nessa história toda, é muito importante diferenciar economia 
de capitalismo, em que pese não ser possível tratar de uma sem estar 
falando da outra. No que se refere à economia, vale pensar que o homem 
luta com o meio em que vive, desenvolvendo uma série de atividades 
econômicas com o fim de compatibilizar, da melhor maneira possível, as 
múltiplas, crescentes e ilimitadas necessidades que tem, com os recursos 
escassos, por meio de uma administração racional desses recursos, o 
que, em síntese, constitui-se no “objeto da Ciência Econômica”, ou na 
essência do problema econômico. 
O capitalismo per se é um arranjo social, que busca “resolver” esse 
problema econômico. Aí diante da “falta de alguma coisa que procu-
ra possuir”, ou diante da sensação de ausência ou falta, o homem é 
convidado pela força da necessidade a buscar, a desejar. É com esse 
espírito que podemos, ainda que de forma muito modesta, entender 
o capitalismo. Nele as atividades econômicas são coordenadas pelos 
empresários que definem o que e quanto produzir de cada coisa de 
que a sociedade precisa para suprir suas necessidades. Os mercados 
validam os esforços dos empresários, que serão bem-sucedidos em 
gerar lucros na medida em que sua capacidade de produzir e vender 
ao preço de mercado lhes traga receitas acima de seus custos.
Ferreira (2015, p. 27) nos orienta que mesmo sendo extremamente 
necessárias à população algumas atividades não são realizadas pelas 
empresas por não serem lucrativas. Diante disso, o papel do Estado se dá 
enquanto provedor de serviços públicos, para oferecer bens essenciais 
à população que não podem ser fornecidospelas empresas.
Agentes econômicos são pessoas de natureza física ou jurídica 
que, por meio de suas ações, contribuem para o funcionamento do 
sistema econômico (PASSOS; NOGAMI, 2008). São constituídos pe-
las famílias (ou unidades familiares), pelas empresas (ou unidades de 
produção) e pelo governo, conforme a Figura 7, a seguir:
UNICESUMAR
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Legenda:
 Fluxos reais
 Fluxos �naceiros
Demanda: 
bens e serviços
Gastos com
consumo $
Serviços 
públicos
Compras
públicas
Pagamentos
de empenho $
Serviços 
públicos
Impostos
diretos $
Impostos
diretos $
Recebimento
de rendas $
Pagamento
de rendas $
Pagamento
funcionários
públicos
Contratação
funcionários
públicos
Oferta: 
bens e serviços
Receita de
vendas $
Oferta: trabalho,
capital e terras
Demanda: trabalho,
capital e terras
Mercados de fatores
produtivos
Mercados de bens
e serviços
Famílias Governo Empresas
Figura 7 - Fluxos de troca em um sistema econômico / Fonte: Ferreira (2015, p. 22).
Descrição da Imagem: a Figura 7 apresenta os fluxos de troca em um sistema econômico. No centro 
está o Governo, do lado esquerdo estão as Famílias e do lado direito estão as Empresas. Em cima do Go-
verno, há os Mercados de bens e serviços e, abaixo, os Mercados de fatores produtivos. Este fluxograma 
apresenta também as relações entre os agentes econômicos divididas em dois tipos de fluxos: os reais, 
demonstrados pelas ligações com a linha contínua, e os financeiros, pelas linhas pontilhadas. 
UNIDADE 1
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Na Figura 7, é possível observar que os flu-
xos reais são constituídos pelos fatores de 
produção entregues por seus proprietários 
ao sistema produtivo e que este transforma 
em bens e serviços, que se destinam a satis-
fazer as necessidades individuais e coletivas, 
presentes e futuras da população. Por outro 
lado, os fluxos financeiros são as remunera-
ções pagas pelo sistema produtivo aos pro-
prietários dos fatores produtivos, e que estes 
utilizam na compra dos bens e serviços de 
que precisam para satisfazer suas necessida-
des econômicas e sociais.
Há também que se observar que do caixa 
das empresas dá-se o fluxo financeiro para o 
governo, pois as empresas também recolhem 
impostos embutidos nos preços dos produ-
tos que vendem – são os impostos indiretos. 
Há um repasse desses impostos ao governo, 
o que também ocorre com as famílias, que 
pagam impostos diretos sobre a renda que 
recebem das empresas e sobre as proprieda-
des que adquirem com essas rendas. Assim, 
recolhendo impostos das empresas e das fa-
mílias, o governo, em todas as suas esferas 
(União, estados e municípios), arrecada as 
receitas de que necessita para ofertar os ser-
viços públicos à sociedade.
As transações realizadas pelos diversos 
agentes econômicos podem ser mensuradas 
por meio dos agregados macroeconômicos. A 
economia pode ser vista em equilíbrio quan-
do a produção, a renda e a demanda agregada 
gerada são de iguais valores. A contabilidade 
nacional apresenta a identidade fundamental: 
UNICESUMAR
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PRODUTO = =RENDA DESPESA
= =
Produto Interno 
Bruto (PIB)
Agropecuária,
a indústria,
o comércio
e serviços. 
Renda Interna Bruta 
(RIB)
Salários, lucros,
rendas da terra, 
Juros, aluguéis, etc.
Dispêndio Interno 
Bruto (DIB)
Bens comprados 
pelas famílias, pelo 
governo e para 
investimento das 
empresas.
Figura 8 - A igualdade entre produto, geração de renda e total dos dispêndios
Fonte: Ferreira (2015, p. 31).
A geração de produto consiste em adicionar o valor das remunerações ao longo 
das cadeias produtivas a tudo o que é produzido; o valor da produção será então 
igual ao valor das rendas pagas aos fatores de produção; logo, produto é igual a 
renda. Por produção, conforme Viceconti (2010), entende-se qualquer atividade 
que aumente o valor de um bem ou serviço já existente. A Renda corresponde ao 
somatório das remunerações recebidas pelos proprietários dos fatores de produ-
ção como retribuição pela utilização de seus serviços nas atividades produtivas. 
Com a renda obtida na produção, depois de descontados os impostos, as famílias 
comprarão tudo aquilo de que precisam e, com os impostos arrecadados, o gover-
no comprará o restante da produção das empresas. Esse total de gastos é chamado 
de demanda agregada ou despesas, e é igual ao valor da renda gerada na produção. 
Assim, temos que o Produto Interno Bruto (PIB) de uma economia tem valor 
igual à Renda Interna Bruta (RIB) e ao Dispêndio Interno Bruto (DIB).
Descrição da Imagem: a Figura 8 apresenta a igualdade entre a produção, a geração de renda e o total 
dos dispêndios (demanda agregada) na economia. Quanto mais um deles crescer, mais irão crescer igual-
mente os demais; logo, é importante saber qual deles é capaz de provocar o crescimento dos demais. 
São três colunas e nestas constam: o produto, a renda e a despesa. Na primeira coluna, temos o Produto 
Interno Bruto (PIB) como, por exemplo, a agropecuária, a indústria, o comércio e os serviços. Por sua vez, 
na segunda coluna temos a Renda Interna Bruta (RIB) como, por exemplo, os salários, lucros, rendas da 
terra, juros, aluguéis etc. e, na terceira e última coluna, temos o Dispêndio Interno Bruto (DIB), que são os 
bens comprados pelas famílias, pelo governo e para investimento das empresas, por exemplo.
UNIDADE 1
34
Essa identidade contábil infere que, quanto mais uma variável dessas cres-
ce, mais crescerão igualmente os demais, implicando na relevância de observar 
qual desses elementos foi o propulsor do crescimento dos demais. No Brasil, a 
instituição responsável pelo cálculo do PIB é o Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE). Temos, então, posta a medida de crescimento econômico. 
É possível apreender a definição de crescimento econômico com Ferreira 
(2015, p. 31), a “elevação contínua da produção, da renda e dos gastos em uma 
economia”. Veja que é uma medida quantitativa, fica na dimensão dos números. 
Essa mensuração acompanha a geração da riqueza de um país, abrindo a possi-
bilidade para comparar com outras nações. Se o PIB é a principal medida, não 
implica em afirmar como sendo a única; a renda per capita também é uma forma 
quantitativa de apresentar o valor da Renda Nacional dividida pelo total da popu-
lação. Essa abordagem sugere avaliar a riqueza por indivíduo. A renda per capita 
é um importante indicador, pois revela a distribuição média da riqueza entre os 
habitantes do país, nos diz quanto, em média, cada cidadão deveria ter recebido 
se a renda fosse igualmente distribuída entre toda a população daquele grupo.
UNICESUMAR
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0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
Luxemburgo
Noruega
Suíça
Irlanda
Dinamarca
Catar
Cingapura
Suécia
Austrália
Estados Unidos
Holanda
Macau
Canadá
Islândia
Áustria
Finlândia
Japão
Alemanha
Bélgica
Andorra
Brasil21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
Figura 9 - Gráfico (a) das Maiores Rendas Per Capita do mundo, de 2019 (dólares)
Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a Figura 9 apresenta um gráfico com os países de maiores rendas per capita do 
mundo, de 2019 (em dólares). Os países destacados em ordem crescente são Luxemburgo, Noruega, 
Irlanda, Suíça, Dinamarca, Catar, Singapura, Suécia, Austrália, Estados Unidos, Holanda, Macau, Canadá, 
Islândia, Áustria, Finlândia, Japão, Alemanha, Bélgica, Andorra e por último o Brasil.
O PIB do Brasil em 2019, por exemplo, foi de R$ 7,4 trilhões. Até a elaboração desse ma-
terial, os últimos dados do PIB eram referentes ao 2º trimestre de 2020: o valor foi de R$ 
1.653,0 bilhões. 
Fonte: IBGE ([2021], on-line).
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 1
36
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
Série 1
Noruega
Suíça
Irlanda
Dinamarca
Catar
Cingapura
Suécia
Austrália
Estados Unidos
Holanda
Macau
Canadá
Islândia
Áustria
Finlândia
Japão
Alemanha
Bélgica
Andorra
Brasil21
20
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17
16
15
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13
12
11
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9
8
7
6
5
4
3
2
1
Holanda
México
Espanha
Rússia
BrasilFrança
Índia
Japão
China
Estados Unidos
0 5000 10000 15000 20000 25000
Figura 10 - Gráfico (b) dos Maiores PIBs do Mundo, de 2019 (trilhões de dólares) / Fonte: a autora.
O Gráfico (a) apresenta 21 países com as maiores rendas per capita do mundo, 
considerando os dados dos Estados Unidos e Brasil, principalmente para efeito de 
análise. Note que os países dos Gráficos (a) e (b) não são os mesmos. Isso revela que 
a maioria dos países com altas rendas per capita são pequenos países. Luxemburgo, 
por exemplo, tornou-se um autêntico hub financeiro na segunda metade do século 
XX, especialmente por ser livre de impostos. A reputação de paraíso fiscal levou-o 
a conquistar inúmeras empresas, trazendo destaque para o país. O caso do Qatar 
é o Gás natural. O país tem as terceiras maiores reservas de gás natural do mundo 
e investiu de forma pesada em infraestruturas de transformação de gás em gás li-
quefeito e de exportação. Conseguiu, ainda, diversificar a economia conquistando a 
atenção de inúmeras empresas financeiras que se deslocaram para o país. Singapura 
tem tido um crescimento exponencial nos últimos anos, sendo para muitos a Suíça 
da Ásia. Tecnologia, têxteis e finanças conduziram a um PIB per capita de 56.700 
dólares. É indiscutível a importância do crescimento para as economias. Analisar 
esses números é fundamental para perceber se as políticas econômicas estão sur-
Descrição da Imagem: a Figura 10 apresenta um gráfico com os maiores PIBs do mundo, de 2019, com 
trilhões de dólares. Os países destacados em ordem crescente são Estados Unidos, China, Japão, Índia, 
França, Brasil, Rússia, Espanha, México e Holanda.
UNICESUMAR
37
tindo o efeito desejado no que se refere à produção, emprego e renda do país. Uma 
reflexão que nasce dessa abordagem é se, a partir do crescimento econômico do 
país, há mais renda para a população. Principalmente se a população crescer, é fun-
damental que a geração de renda cresça em uma proporção maior. Essa abordagem 
quantitativa nos apresenta números. Contudo, as variáveis puramente quantitativas 
são incapazes de vislumbrar o desenvolvimento econômico. Mas então crescer é 
diferente de desenvolver? Sim! O crescimento de um país pode ser pensado, em 
partes, como o ciclo da vida humana. A partir do nascimento, todos crescemos em 
altura (e peso!). O desenvolvimento está relacionado à questão de habilidades cog-
nitivas, motoras etc. A estatura da criança não me diz sobre o desenvolvimento em 
termos cognitivo, afetivo. Na economia, é mais ou menos assim, o crescimento dela 
não garante que cada habitante receba parte do aumento da riqueza. Daí o conceito 
de desenvolvimento econômico. Ele é mais amplo e está relacionado ao aumento da 
capacidade produtiva do país, mas com melhorias no padrão de vida da população 
e com alterações fundamentais na sua estrutura. Trata-se de um fenômeno de lon-
go prazo, provocando o fortalecimento da economia nacional, caracterizado por 
uma distribuição mais equitativa da renda, a ampliação da economia de mercado, 
a elevação geral da produtividade e do nível do bem-estar da população, com a 
preservação do meio ambiente.
Trevisan e Requena (2019) apresentam que, desde a década de 60, o PIB per 
capita foi adotado como uma proxy da medida ideal da riqueza de um país. Essa 
medida, entretanto, teve sua aplicabilidade gradualmente questionada, pois não 
representa o caráter da distribuição da renda no país. Por conseguinte, outras 
medidas foram criadas para demonstrar a concentração de renda de uma nação, 
dentre as quais merecem destaque o Índice de Gini.
O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação de liberdade: 
pobreza e tirania, carência de oportunidades econômicas e destituição social sistemática, 
negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de Estados re-
pressivos. A despeito de aumentos sem precedentes na opulência global, o mundo atual 
nega liberdades elementares à boa parte das pessoas.
(Amartya Sen)
PENSANDO JUNTOS
UNIDADE 1
38
Por meio do Coeficiente de Gini, é possível apreender o grau de concentração 
de renda na população de um país. Gini é o nome do criador desse mecanismo, o 
estatístico italiano Corrado Gini. O indicador desenvolvido varia de 0 a 1.
1,00 - Total concentração da renda
Alta concentração da renda
0,50 - Média concentração da renda
Baixa concentração da renda
0,00 - Total igualdade da renda
Figura 11 - Escala do Coeficiente de Gini / Fonte: Ferreira (2015, p. 35).
Descrição da Imagem: o Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Corrado Gini, é um instrumento 
para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os 
rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam 
de zero a cem).
Como entender o coeficiente de Gini?
O valor 0 indica que a renda é distribuída de maneira igual entre toda a população, ou 
seja, nenhum habitante recebe nem um centavo a mais do que outro. No lado extremo, 
quando o valor é igual a 1, apenas uma pessoa de toda a população detém toda a renda.
Logo, os valores mais próximos a zero são preferíveis a valores próximos a 1, pois quanto 
mais bem distribuída a renda em uma sociedade, melhor o nível de acesso às oportunida-
des de crescimento pessoal por parte dessa população.
EXPLORANDO IDEIAS
UNICESUMAR
39
No Quadro 1, você observa um ranking dos países em termos de IDH e Índice 
de Gini em 2019. A Noruega está em primeiro lugar, apresentando um índice de 
desenvolvimento humano próximo a 1 (0,954). O Brasil em 2019 ocupava a 79º 
posição no ranking.
Ranking IDH País IDH Índice Gini (x100)
1º Noruega 0,954 27,5
2º Suíça 0,946 32,3
3º Irlanda 0,942 31,8
4º Alemanha 0,939 31,7
6º Islândia 0,938 27,8
10º Países Baixos 0,933 28,2
11º Dinamarca 0,930 28,2
12º Finlândia 0,925 27,1
15º Estados Unidos 0,920 41,5
17º Bélgica 0,919 27,7
24º Eslovênia 0,902 25,4
40º Portugal 0,850 35,5
42º Chile 0,847 46,6
65º Irã 0,797 40,0
76º México 0,767 43,4
79º Brasil 0,761 53,3
85º China 0,758 38,6
Quadro 1 - Ranking mundial Índice de Gini / Fonte: Conceição (2019, p. 314).
Descrição da Imagem: o Quadro 1 apresenta o ranking mundial de índice de Gini. Os três primeiros do 
ranking constam a Noruega em primeiro lugar com 0,954 (IDH) e 27,5 (Índice de Gini em 100x), seguido 
do segundo lugar a Suíça, 0,946 (IDH) e 32,3 (Índice de Gini em 100x) e, em terceiro lugar, a Irlanda com 
0,942 (IDH) e 31,8 (Índice de Gini em 100x). Em quarto lugar, a Alemanha com 0,939 (IDH) e 31,7 (Índice de 
UNIDADE 1
40
Ferreira (2015) nos ensina que o desenvolvimento econômico é um processo 
que associa o crescimento da economia de um país ao progresso social de sua 
população; de tal forma, associa-se não apenas à melhora do PIB ou da renda per 
capita, mas também a outros fatores qualitativos, como a expectativa de vida ao 
nascer, o nível de escolaridade da população e o grau de concentração de renda.
Ainda que sejam coisas diferentes, é muito difícil haver desenvolvimento 
sem crescimento econômico, a menos que o país tenha uma elevada renda muito 
concentrada e ela seja redistribuída de modo mais equitativo, enquanto ocorrem 
melhorias nas condições de vida da população que elevem sua longevidade e suas 
condições de escolaridade. Para melhorar suas condições de desenvolvimento 
econômico, os países devem elevar seu crescimento econômico. Este é o elemento 
necessário, mas não suficiente. É necessário que o crescimento seja bem melhor 
distribuído entre a população e impacte positivamente a expectativa de vida e o 
nível de escolaridade de sua população. 
Essa temática não fica completa se não falarmos do economista indiano 
Amartya Sen. Ele recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1998 por sua con-
tribuição às teorias da escolha social e do bem-estar social. Publicou a obra De-
senvolvimento como Liberdade, que marca as bases conceituais da construção 
do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).Para ele:
 “ [...] o desenvolvimento pode ser visto como um processo de expansão 
das liberdades reais que as pessoas desfrutam. O enfoque nas liberda-
des humanas contrasta com visões mais restritas de desenvolvimento, 
como as que identificam desenvolvimento com crescimento do Pro-
duto Nacional Bruto (PNB), aumento de rendas pessoais, industriali-
zação, avanço tecnológico ou modernização social (SEN, 2010, p. 17).
Gini em 100x); em sexto lugar, vem a Islândia com 0,938 (IDH) e 27,8 (índice de Gini em 100x). Na décima 
posição, temos os Países Baixos com 0,933 (IDH) e 28,2 (índice de Gini em 100x), em décimo primeiro, a 
Dinamarca com 0,930 (IDH) e 28,2 (índice de Gini em 100x), em décimo segundo, a Finlândia com 0,925 
(IDH) e 27,1 (Índice de Gini em 100x). Já em décimo quinto, os Estados Unidos com 0,920 (IDH) e 41,5 (índice 
de Gini em 100x) e logo em seguida com décimo sétimo lugar a Bélgica com 0,919 (IDH) e 27,7 (índice de 
Gini em 100x); a Eslovênia com 0,902 (IDH) e 25,4 (índice de Gini em 100x) está em vigésimo quarto lugar. 
Portugal encara o quadragésimo lugar com 0,850 (IDH) e 35,5 (índice de Gini em 100x); enquanto o Chile, 
em quadragésimo segundo lugar com 0,847 (IDH) e 46,6 (índice de Gini em 100x). O sexagésimo quinto 
lugar fica por conta do Irã com 0,797 (IDH) e 40,0 (índice de Gini em 100x); na septuagésima sexta posição 
do ranking vem o México com 0,767 (IDH) e 43,4 (índice de Gini em 100x), e logo aparece o Brasil com a 
septuagésima nona posição do ranking com 0,761 (IDH) e 53,3 (índice de Gini em 100x) e finalizamos com 
a China na octogésima quinta posição com 0,758 (IDH) e 38,6 (índice de Gini em 100x).
UNICESUMAR
41
Apesar da “opulência sem precedentes” como Sen (2010, p. 9) apresenta, o mundo 
vive igualmente uma privação, destituição e opressão extraordinárias, em que 
“existem problemas novos convivendo com antigos” – a persistência da pobreza 
e de necessidades essenciais não satisfeitas, fomes coletivas e fome crônica muito 
disseminadas. Para o pensador, superar esse problema é parte central do processo 
de desenvolvimento.
O destacado economista colaborou com o colega de profissão paquistanês 
Mahbub ul Haq e, em 1990, foi criado o Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH), um padrão de medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, 
educação e esperança média de vida. O modelo foi incorporado pelo Programa 
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que, a partir de 1993, pas-
sou a incluí-lo no seu relatório anual. Por incrível que possa parecer, há apenas 30 
anos reconhecemos que o grau de desenvolvimento dos países não cabia apenas 
em parâmetros econômicos, como o crescimento e o tamanho do Produto In-
terno Bruto (PIB). O grandioso trabalho desenvolvido contribuiu com a ciência 
econômica e, por assim dizer, deixou seu legado, à medida que se trata de um 
indicador que serve para acompanhar a evolução do desenvolvimento de uma 
economia, bem como comparar esse desenvolvimento com o de outras econo-
mias. O IDH é composto por três partes:
1. Renda per capita;
2. Escolaridade;
3. Longevidade. 
Embora o IDH apresente problemas, uma vez que tenta sistematizar em um único 
indicador a situação de desenvolvimento dos países e alguns aspectos não sejam 
capturados, como o grau de participação política, a sustentabilidade ambien-
tal e o nível de satisfação ou felicidade da população, ele é o melhor indicador 
existente para evidenciar o nível de desenvolvimento humano de um país, bem 
como para direcionar políticas públicas e avaliar seus impactos para a melhoria 
das condições sociais.
Estimada aluna, estimado aluno, aproveitando aqui a oportunidade, caso não 
conheça, apresento uma importante passagem do livro Economia: Modo de usar 
um guia dos principais conceitos econômicos (2015) escrito pelo economista sul-
-coreano Ha-Joon Chang, professor da Universidade de Cambridge. Ele é conside-
http://pt.wikipedia.org/wiki/Riqueza
http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esperan%C3%A7a_m%C3%A9dia_de_vida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_para_o_Desenvolvimento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_para_o_Desenvolvimento
UNIDADE 1
42
rado um dos mais proeminentes economistas heterodoxos da atualidade. Conhe-
cido por ser um crítico do liberalismo econômico, Chang tem muito a nos ensinar 
sobre os problemas do capitalismo, em especial aqui a questão da desigualdade:
 “ A pobreza e a desigualdade estão presentes em toda parte, de ma-
neira perturbadora. Uma em cada cinco pessoas no mundo ainda 
vive em pobreza absoluta. Mesmo em diversos países ricos, como 
Estados Unidos e Japão, uma em cada seis pessoas vive na pobreza 
(relativa). Exceto por um punhado de países na Europa, a desigual-
dade de renda varia entre preocupante e chocante. Um número 
excessivo de pessoas aceita a pobreza e a desigualdade como re-
sultados inevitáveis de diferenças naturais nas capacidades entre 
os indivíduos. Dizem que devemos conviver com essas realidades 
do mesmo modo como o fazemos com terremotos e vulcões. Mas, 
como vimos neste capítulo, isso está sujeito à intervenção humana. 
Dada a alta desigualdade em muitos países pobres, a pobreza ab-
soluta (e a pobreza relativa) pode ser reduzida sem um aumento 
na produção se houver redistribuição adequada de renda. A longo 
prazo, porém, uma redução significativa da pobreza absoluta exige 
desenvolvimento econômico, como se viu na China nos últimos 
anos. Os países ricos podem ter se livrado virtualmente da pobreza 
absoluta, mas alguns deles sofrem com altas taxas de pobreza rela-
tiva e de alta desigualdade. O fato de que taxas de pobreza relativas 
(5% a 20%) e coeficientes de Gini (0,2 a 0,5) variam de modo amplo 
entre esses países sugere que os mais desiguais e com maior número 
de pobres, como os Estados Unidos, podem reduzir de maneira sig-
nificativa a desigualdade e a pobreza por meio de intervenção públi-
ca. Saber quem será pobre também depende muito da intervenção 
pública. Até mesmo para permitir que as pessoas saiam da pobreza 
através de seus próprios esforços, precisamos oferecer condições 
mais igualitárias na infância (por meio da oferta de melhor previ-
dência e educação), aprimorar o acesso a empregos para as pessoas 
pobres (reduzindo a discriminação e o “espírito de clube” no topo) 
e impedir que os ricos e poderosos fraudem mercados. Na Coreia 
pré-industrial costumava-se dizer que “mesmo o poderoso rei não 
tem como fazer nada contra a pobreza”. Isso não é mais verdade, 
ainda que fosse na época. O mundo hoje produz o suficiente para 
UNICESUMAR
43
eliminar a pobreza absoluta. Mesmo sem redistribuição mundial 
de renda, todos os países exceto os mais pobres também produzem 
o necessário para isso. A desigualdade sempre existirá, mas com 
políticas adequadas nós podemos viver em sociedades bastante 
igualitárias, como muitos noruegueses, finlandeses, suecos e dina-
marqueses diriam a você (CHANG, 2015, p. 312).
A abordagem de Chang não infere que o capitalismo seja um sistema que só 
funciona com base na ganância de todos, o funcionamento eficiente da economia 
capitalista, conforme Sen (2010, p. 334), depende de poderosos sistemas de va-
lores e normas. Não se deve subestimar as formidáveis realizações desse sistema. 
No entanto, a ética capitalista, apesar da sua eficácia é, na verdade, limitada em 
alguns aspectos, ligados particularmente a questões de desigualdade econômica, 
assim como proteção ambiental e necessidade de diferentes tipos de cooperação 
que atuem externamente ao mercado. 
Realizar políticas econômicas de desenvolvimento perpassa admitir a sin-
gularidade de cada país na adoção das medidas criativas em busca de alcançar 
o bem-estar social. Não há necessidade de estabelecer padrões de outros países, 
mas sim, implica em uma forma criativa de provocar impactos sobre o cresci-
mento da economia, pois, para haver desenvolvimento, deve haver o crescimento 
econômico.É, portanto, oportunizar um conjunto de políticas para melhorar a 
distribuição de renda, evitando-se que o crescimento econômico se concentre 
em uma pequena parcela da população e impeça o desenvolvimento.
Quem discute a importância de um sistema de saúde acessível, estruturado? 
É fato inegociável, não é mesmo? Até porque a pandemia nos revelou que, entre 
economia e saúde, a vida humana é soberana, portanto, a saúde é prioridade. E 
o papel da ciência, da pesquisa? Fundamentais! Temos visto isso nesses tempos 
atípicos. Dessa maneira, encaixo aqui a noção de que investir em educação, que 
perpassa a questão científica, é também inquestionável. Esses são exemplos de 
políticas de desenvolvimento, à medida que incentivam e possibilitam melhorias 
às condições de acesso à educação e ao sistema de saúde, permitindo avanços con-
tinuados nos níveis de escolaridade e de longevidade dos habitantes de um país. 
Nesse sentido, a economista Monica de Bolle (2020), em seu livro Pilha de 
Areia, escreve abordando a Ruptura a partir do cenário econômico advindo 
com a pandemia. No entanto, as medidas que ela nos apresenta são políticas 
que mesmo sem esse panorama são urgentes para o caso brasileiro, no que diz 
UNIDADE 1
44
respeito aos tributos. A primeira delas é remunerar os dividendos. Para a au-
tora, é fundamental essa medida para contribuir com a equidade de renda. A 
segunda é que, hoje, as isenções de tributação sobre dividendos e de juros sobre 
o capital próprio não são tratadas como renúncia fiscal, quer dizer, quando há 
essas isenções elas não são tratadas como um imposto que se deixou de pagar. 
Trata-se apenas de algo que não se paga. Então, o que precisa acontecer de ime-
diato é uma reinterpretação da isenção de dividendos e das isenções de juros 
sobre capital próprio para que estas possam ser enquadradas como renúncia 
fiscal pelo artigo 14, da Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo a autora, ao 
enquadrá-las abre-se espaço para que o governo federal possa reduzir o escopo 
dessas isenções, o que significa que ele pode passar a utilizar tais recursos tam-
bém no combate à pandemia, por exemplo. Ainda, ela sugere um terceiro tópico 
de medidas, também apresentado com outra abordagem (mundial) por Thomas 
Piketty na sua obra O capital no século XXI, a inversão da pirâmide tributária 
no Brasil. A pirâmide tributária no Brasil está desenhada na Figura 12. Na base 
da pirâmide, está quem é tributado mais e no topo é tributado menos. No topo, 
estão a renda e patrimônio; embaixo, consumo e produção.
RENDA E
PATRIMÔNIO
PRODUÇÃO
CONSUMO
Figura 12 - Pirâmide tributária no Brasil atual / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a Figura 12 apresenta a pirâmide tributária no Brasil atual. Uma pirâmide que 
tem como base o consumo, acima a produção e na ponta dela a renda e o patrimônio. A tributação tem 
prejudicado, pois incide sobre a base que é o consumo.
UNICESUMAR
45
Essa pirâmide tributária é extremamente prejudicial para a produtividade da 
economia brasileira, sobretudo nesse momento de crise. Por quê? Porque ao 
tributar mais consumo e produção, você está tributando os setores que hoje 
vão sofrer mais com a parada súbita da economia no país. Portanto, a autora 
nos convida a refletir sobre a inversão dessa pirâmide. 
Os países avançados têm uma pirâmide que é mais ou menos assim (Figura 13):
RENDA + PATRIMÔNIO
PRODUÇÃO
CONSUMO
Figura 13 - Pirâmide tributária de países avançados / Fonte: a autora.
Temos a renda e o patrimônio em cima, sendo tributados um pouco menos. A 
produção aparece no meio, sendo tributada um pouco mais. E o consumo está 
em baixo, tendo a maior tributação de todas. No Brasil, o que precisamos fazer 
é o seguinte (Figura 14):
Descrição da Imagem: a Figura 13 apresenta a Pirâmide tributária de países avançados. A base da pirâ-
mide é a renda e patrimônio e o topo o consumo. Em países avançados, o consumo é menos tributado 
comparado à incidência de tributos na renda e patrimônio.
UNIDADE 1
46
RENDA + PATRIMÔNIO
CONSUMO
PRODUÇÃO
CONSUMO
REDUZIR
RENDA + PATRIMÔNIO
Figura 14 - Uma alternativa de pirâmide tributária para o Brasil / Fonte: a autora.
Passar a tributar muito mais a renda e patrimônio. Tributar a produção, sim. 
Alguns impostos são mantidos, mas a maior parte desse ônus é passada para 
a renda e o patrimônio, especialmente de forma progressiva, para as pessoas 
que têm maior renda e patrimônio. E, por fim, tributa-se o consumo. Isso re-
quer, obviamente, amiga leitora, amigo leitor, uma reforma tributária. Como 
as políticas de desenvolvimento são de responsabilidade essencial do Estado, 
é por meio da justiça tributária e da eficácia na aplicação dos impostos que os 
governos devem procurar executá-las. 
Agora, tendo em vista que o crescimento econômico é um fator chave para 
a promoção do desenvolvimento, vamos nos concentrar no entendimento das 
trajetórias de crescimento das economias e nas políticas governamentais de ex-
pansão econômica. As principais políticas de crescimento econômico se concen-
tram na estrutura produtiva do país; são os programas públicos que estimulam o 
crescimento no número de empresas em determinadas atividades econômicas, 
promovem a elevação da qualidade da produção e traçam metas para exporta-
ções. O sucesso dessas políticas possibilita que se estabeleçam setores produtivos 
e até mesmo uma matriz industrial completa, desde as indústrias de matérias-
Descrição da Imagem: a Figura 14 apresenta uma alternativa de pirâmide tributária para o Brasil. Na 
base da pirâmide, está a renda e o patrimônio, indicando que esses elementos passam a ser itens de 
maior tributação, comparados ao topo da pirâmide que é o consumo.
UNICESUMAR
47
-primas básicas, de máquinas e equipamentos, de bens de consumo duráveis e 
não duráveis, até uma variada gama de serviços.
Segundo Rostow (1971), alguns países passaram por etapas bem definidas 
de crescimento econômico, partindo de um estágio de produção de subsistência 
sem geração de sobras para trocas, passando por um estágio em que a espe-
cialização da produção gerava excedentes para as trocas e dessa especialização 
começaram a desenvolver as pequenas fábricas e depois a indústria, que permi-
tiu o consumo de massa e gerou renda para a proliferação das mais diferentes 
atividades de serviços na economia.
Perceba que as definidas etapas de crescimento (Quadro 2) apresentam de 
modo linear um processo histórico, com o ritmo do progresso econômico deter-
minado em função da capacidade de produzir, poupar e direcionar os recursos 
poupados para novos investimentos que gerem mais produção no futuro.
Classificação das etapas Descrição do processo de crescimento
Economias Primitivas
Nessa etapa, havia atividades de explo-
ração extrativista e, por meio do desen-
volvimento da agricultura, iniciou-se o 
processo de geração de excedentes, 
poupanças sob a forma de mercadorias, 
que permitiram o crescimento da acumu-
lação de riquezas e o início das atividades 
de trocas. Predominante até o século V.
Economias Mercantilistas
As principais atividades econômicas se 
concentravam nas atividades que pu-
dessem gerar excedentes para a comer-
cialização, interna ou internacional. o 
processo se iniciou pela exploração de 
recursos naturais e bens agrícolas e, por 
meio do florescimento das manufaturas 
nas principais economias da Europa da 
época, cresceu com a comercialização de 
bens manufaturados. predominou entre 
os séculos VI e XVII.
UNIDADE 1
48
Economias Industriais
O crescimento da economia é fundamen-
talmente impulsionado pela indústria em 
um estágio evolutivo que parte das ma-
nufaturas tradicionais têxteis, de madeira 
e alimentos, transitando para as indús-
trias de bens de consumo duráveis e, por 
fim, estabelecendo as indústrias pesadas 
de siderurgia, química e metalurgia.
Economias de Serviços
As economias desenvolvidas e aquelas 
com estágios de desenvolvimento avan-
çados têm as atividades terciárias (de 
serviço e comércio) como aquelas

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