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Livro: Cenários Econômicos

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O que é possível inferir sobre a relação entre economia e capitalismo com base no texto apresentado?

a) A economia e o capitalismo são conceitos distintos, sendo o capitalismo um arranjo social que busca resolver o problema econômico.
b) O capitalismo é um sistema econômico que visa atender às necessidades da população por meio da coordenação das atividades econômicas pelos empresários.
c) O Estado desempenha um papel fundamental na oferta de bens essenciais à população que não são fornecidos pelas empresas.
d) Os agentes econômicos são constituídos pelas famílias, empresas e governo, que contribuem para o funcionamento do sistema econômico.

crescer, mais irão crescer igualmente os demais; logo, é importante saber qual deles é capaz de provocar o crescimento dos demais. São três colunas e nestas constam: o produto, a renda e a despesa. Na primeira coluna, temos o Produto Interno Bruto (PIB) como, por exemplo, a agropecuária, a indústria, o comércio e os serviços. Por sua vez, na segunda coluna temos a Renda Interna Bruta (RIB) como, por exemplo, os salários, lucros, rendas da terra, juros, aluguéis etc. e, na terceira e última coluna, temos o Dispêndio Interno Bruto (DIB), que são os bens comprados pelas famílias, pelo governo e para investimento das empresas, por exemplo.

a) II and IV are correct.
b) II, III, and IV are correct.
c) I, III, and IV are correct.

Ao analisar os princípios liberais, por que não é recomendável ao Estado um papel ativo para promover o desenvolvimento das economias?

a) Porque os agentes privados, por meio das interações nos mercados, têm capacidade para direcionar de modo mais eficiente a aplicação dos escassos recursos para satisfazer as necessidades ilimitadas da sociedade.
b) Porque as políticas beneficiam inicialmente setores intensivos em mão de obra que produzem bens tradicionais, como tecidos, roupas e calçados.
c) Porque a intervenção do Estado traria o atraso econômico, distorcendo as razões econômicas para os investimentos privados.

O bom funcionamento do mercado financeiro local.

a) O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão superior do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito.
b) A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada, em 7 de dezembro de 1976, pela Lei 6.385/76, com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil.
c) O Banco Central (BCB), uma autarquia federal ligada ao Ministério da Fazenda, tem como missão garantir a estabilidade do poder de compra da moeda do país, o real, e assegurar a eficiência e o bom funcionamento do mercado financeiro local.

Títulos públicos emitidos pelo governo. No Brasil, é o Tesouro Nacional que emite títulos da dívida pública e é o Banco Central o responsável pelas operações de compra e venda desses títulos, praticando o que se chama de operações de mercado aberto. A função das operações de mercado aberto é controlar a quantidade de moeda em circulação por meio do aumento ou da redução das vendas de títulos da dívida pública federal. Como, na maioria dos países, o governo é o agente mais endividado da economia, há uma quantidade enorme de títulos de dívida pública circulando no mercado financeiro e que foram comprados pelos credores da dívida pública. A razão para a emissão de títulos de dívida por parte dos governos, explica Ferreira (2015), se dá por duas origens distintas: uma delas é cobrir os gastos acima da arrecadação. Isso se dá pois o governo não pode imprimir dinheiro para pagar suas contas, tal caminho geraria inflação causada pelo excesso de dinheiro na economia. Portanto, para pagar suas despesas, o governo conta apenas com as receitas políticas tributárias e não tributárias e, assim como qualquer empresa ou família que gasta além dos seus ganhos, deve tomar emprestado o dinheiro que falta para fechar as contas do mês; esse endividamento é feito por meio da venda de títulos públicos. A emissão e a venda de títulos para eliminar o excesso de moeda na economia têm como objetivo controlar a inflação provocada quando há, na economia, mais dinheiro que o necessário para seu bom funcionamento. Nesse caso, o governo emite títulos públicos e os vende aos investidores para retirar uma parte do dinheiro da economia. Essa retirada de dinheiro ocorre porque os investidores ficam com os títulos que rendem juros, e o governo, com o dinheiro deles retido.

As contribuições compulsórias são quase como tributos, pois são recolhidas das empresas e das famílias como uma obrigatoriedade e, ao contrário dos tributos, não sofrem a partilha federativa, ou seja, a esfera de Governo (Federal, Estadual ou Municipal) que a impõe não precisa dividir a arrecadação com as demais. As principais contribuições compulsórias são:

a) Ao instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
b) Aos programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP).
c) À Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS).
d) À Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
e) À Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).

Atribua a sequência correta às afirmativas abaixo:
I- Para atender às necessidades da sociedade, o Governo precisa prestar serviços e realizar obras — o que exige gastos. Receita pública é o dinheiro que o Governo dispõe para manter sua estrutura e oferecer bens e serviços à sociedade, como hospitais, escolas, iluminação, saneamento etc. Para poder fazer isso, o Governo precisa arrecadar dinheiro e faz isso de diversas maneiras. Essa arrecadação vem de impostos, de aluguéis e venda de bens, prestação de alguns serviços, venda de títulos do Tesouro Nacional, recebimento de indenizações.
II- A temática que envolve orçamento e arrecadação está relacionada à política fiscal.
I- Para atender às necessidades da sociedade, o Governo precisa prestar serviços e realizar obras — o que exige gastos. Receita pública é o dinheiro que o Governo dispõe para manter sua estrutura e oferecer bens e serviços à sociedade, como hospitais, escolas, iluminação, saneamento etc. Para poder fazer isso, o Governo precisa arrecadar dinheiro e faz isso de diversas maneiras. Essa arrecadação vem de impostos, de aluguéis e venda de bens, prestação de alguns serviços, venda de títulos do Tesouro Nacional, recebimento de indenizações.
II- A temática que envolve orçamento e arrecadação está relacionada à política fiscal.
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.

O que os Estados Unidos da América exportaram em 2018?

a) Serviços como viagens, turismo: 8,64%, itens não especificados: 8,41%, serviços de tecnologia da informação e comunicação: 7,28%, seguros e finanças: 5,21%, transportes: 3,74%.
b) Commodities sem identificação específica: 6,43%, óleos de petróleo refinados representando 3,78%, carros: 1,97%.
c) II, III, and IV are correct.

O que a Suíça exportou em 2018?

a) Serviços de tecnologia da informação e comunicação: 7,74%, itens não especificados: 7,29%, seguros e finanças: 6,77%, serviços como viagens, turismo: 3,95%, transportes: 3,05%.
b) Medicamentos embalados: 9,59%, soros e vacinas: 5,22%, ouro: 13,99%, relógios: 3,17%.
c) II, III, and IV are correct.

Da mesma forma, o ganho de capital, que é a diferença positiva entre o preço de venda e o de compra, representa o próprio aumento de patrimônio. Essas três formas de rentabilizar o capital (lucros, juros e ganhos de capital) também podem ser realizadas em âmbito mundial, por meio da alocação de capital entre diversas economias mundo afora. Examinaremos esses fluxos de investimentos, os fatores que os atraem e os benefícios e prejuízos que provocam nas economias. O Investimento Externo Direto (IED) é aquele capital que ingressa nas economias com o objetivo de gerar lucros, ou seja, os donos desses capitais, ao decidirem onde realizarão seus investimentos, visam às oportunidades de montar novas unidades de produção ou comprar empresas já estabelecidas. Esse tipo de investimento é de longo prazo, pois constituir negócios em um país, ganhar mercado e obter faturamento que cubra os custos e que gere lucros demora muito tempo — leva-se anos ou até décadas para que o investimento dê retorno. Você pode concluir, portanto, que, para esse tipo de capital entrar em um país, deve haver um ambiente social, político e econômico confiável e estável. Além de boas oportunidades de negócios, para atraírem IED, os países devem proporcionar segurança institucional, leis e instituições que garantam a propriedade privada e seus ganhos. Obviamente, nenhuma empresa estrangeira investirá para constituir filiais ou subsidiárias em países que não lhe ofereçam a garantia sobre a propriedade do capital investido em terrenos, edifícios, máquinas, equipamentos e recursos financeiros. Logo, os países com melhores chances de atrair empresas estrangeiras são aqueles com sistemas políticos consolidados, com um sistema legal e jurídico eficiente, capazes de garantir a propriedade privada independentemente dos governos ao longo do tempo. Todas as melhorias nas leis e instituições que ampliem a segurança jurídica dos investimentos produtivos são benéficas para atrair esse tipo de capital para o país. Por outro lado, os fluxos de IED são menores ou até inexistentes naquelas economias com sistemas políticos frágeis, sujeitos a intervenções diretas do governo sobre a propriedade privada e sobre as regras de mercado, pois, nessas economias, há elevados riscos de perda dos investimentos, com a estatização de empresas ou com a perda ou redução dos lucros esperados nas operações. Quando uma empresa estrangeira se instala em um país, leva, para ele, tecnologias de produção e conhecimentos técnicos e tecnológicos que, talvez, as empresas nacionais não tivessem. Esses conhecimentos se disseminarão por entre os trabalhadores das empresas estrangeiras e, em pouco tempo, serão disseminados, também, para outras empresas de mesmo ramo ou de ramo diferente. O IED é, então, importante para irradiar novas tecnologias de produção e de gestão de empresas, bem como para forçar as empresas nacionais a competirem e melhorarem seus produtos e seus preços. A questão que você deve ter feito é: qual é a vantagem de atrair o capital estrangeiro para investir produtivamente no país? Muitos acreditam que as empresas estrangeiras são um problema para as economias, não uma solução; contudo, assim como é importante que os países abram seus mercados para impor às empresas nacionais uma competição acirrada com as empresas estrangeiras, também é importante que elas possam adentrar o país para competir com empresas nacionais nele instaladas. Recentemente, a empresa Ford, aquela que pôs o mundo sobre rodas e revolucionou a indústria, decidiu interromper os ciclos de investimentos no Brasil. A pandemia, a desvalorização cambial, a reestruturação impulsionada por novas e emergentes tecnologias em serviços conectados, eletrificação e veículos autônomos são possíveis elementos que contribuíram para essa decisão. Sindicatos estimam que cinco mil profissionais perderão o emprego. Essa notícia nos revela o impacto dos investimentos estrangeiros diretos enquanto propulsor de uma cadeia produtiva. Perceba que, em alguns casos, as empresas estrangeiras se instalam em países nos quais não existem similares dos produtos e serviços que serão produzidos e ofertados. Nesse caso, o capital produtivo de fora proporcionará a oferta interna de produtos que só seriam obtidos mediante importações, e isso economiza recursos para o país. Ao mesmo tempo, serão gerados empregos e renda para produzi-los internamente. Veja que as vantagens de atrair o capital externo para produzir internamente estão associadas à geração de emprego e renda no país, à fabricação de produtos que, anteriormente, só eram feitos no exterior, bem como à intensificação da concorrência interna, que pressiona as empresas nacionais a reduzirem preços e aumentarem a qualidade de seus produtos ou serviços. Por outro lado, observe que, produzindo, vendendo e lucrando internamente, as empresas estrangeiras têm direito a repatriar, parcial ou integralmente, os lucros aos países de origem dos investimentos. Caso haja uma parcela grande da estrutura produtiva de um país composta por capital estrangeiro, haverá muita saída de lucros do país, e esses lucros que saem não formam a poupança interna que sustenta maiores níveis de investimentos para o crescimento do país. Portanto, as vantagens da entrada de IED podem ser neutralizadas e, até mesmo, converter-se em desvantagens, caso o país dependa demais desse tipo de capital para gerar seu PIB (Produto Interno Bruto). Em virtude disso, gera um crescente fluxo de remessa de lucros ao exterior que inviabilize ampliação dos investimentos para o crescimento do país. Sobre os investimentos em carteira, enquanto elemento relevante no mercado financeiro internacional, são aplicações financeiras que instituições financeiras de um país fazem em outros países. Esses investimentos visam aos ganhos com juros e ganhos de capital; logo, são direcionados para a compra de títulos públicos ou privados de dívida ou para fundos de investimentos em renda fixa. Os países com maior capacidade de atrair esse tipo de capital financeiro são aqueles que apresentam a melhor relação entre risco e retorno. Os riscos estão associados às garantias do direito à propriedade privada, mas também se associam aos riscos do mercado que podem impor aos investidores perdas de rentabilidade do capital investido ou, até mesmo, perdas de capital por depreciação de ativos. As vantagens de atrair o capital financeiro de curto prazo para o país estão associadas ao aumento da oferta de capitais no sistema financeiro. Isso permite reduzir os custos do financiamento às empresas e ao governo, bem como aumentar os recursos que podem ser utilizados para elevar a oferta de crédito ao consumo. Perceba que o capital de investimento em carteira, que ingressa no país para financiar a custos mais baixos o investimento produtivo, será pago com o retorno das atividades produtivas financiadas, mas aquele capital que entra para financiar a dívida pública do governo será pago com os impostos recolhidos pelo Estado. A desvantagem da entrada de capitais especulativos que buscam apenas a rentabilidade de juros ou o simples ganho de capital em suas operações é que, para atraírem esses capitais, os países devem oferecer uma taxa de juros superior à média das taxas pagas em países que oferecem o mesmo risco. Contudo, se o risco do país for maior, a taxa de juros deverá, consequentemente, ser maior. Você pode concluir que um país que paga taxas de juros anuais, cinco ou seis vezes superiores à média das taxas de juros dos países desenvolvidos, é capaz de atrair muito capital especulativo se o risco desse país for duas ou três vezes maior que o risco dos países desenvolvidos. Entretanto, quanto mais alta a taxa de juros e maior a quantidade de capital estrangeiro aplicada para ganhar juros em um país, maior a quantidade de juros que o país pagará aos investidores. A entrada de grandes quantias de capital em carteira também produz impactos sobre a taxa de câmbio do país, pois aumenta a oferta de moeda estrangeira no mercado de câmbio, e, se a demanda não aumentar também, haverá um excesso de oferta de divisas estrangeiras, causando a depreciação da moeda externa e a apreciação da moeda nacional, que prejudicam as exportações do país. O investimento em carteira é um capital de curto prazo que reage muito rápido às variações nas condições de risco que possam gerar perdas de capitais. Assim, quando ocorrem distúrbios internos ou externos, de natureza política, econômica ou social, que elevem as condições de risco, esse é o primeiro tipo de capital a sair do país. A saída rápida, em grandes volumes, de investimentos em carteira, nas situações de aumento de riscos e incerteza, acontece em virtude da sua natureza puramente especulativa.

É correto o que se afirma em:
1. O método das partidas dobradas registra toda transação entre dois agentes como dois fluxos em sentidos contrários (crédito e débito).
2. Enquanto um registro representa a natureza econômica da transação, o outro expressa sua contrapartida monetária ou financeira.
3. Os pagamentos internacionais são liquidados em termos monetários, dependendo da taxa de conversão entre as moedas.
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

de câmbio, analise as afirmativas.

I - No regime de câmbio fixo, o Banco do Brasil fixa, antecipadamente, a taxa de câmbio, com a qual o mercado deve operar. Pelas regras fixadas pelo sistema financeiro internacional, se um país fixa sua taxa de câmbio, ele se obriga a disponibilizar as reservas para o mercado quando requisitadas (seja pelos exportadores, turistas ou saídas de capital financeiro).

II - No regime de câmbio flutuante (flexível), a taxa de câmbio é determinada pelo mercado de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira. Diferentemente do sistema de câmbio fixo, o Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais.

III - Diz-se que houve uma depreciação cambial ou desvalorização cambial quando se necessita mais unidades da moeda nacional para adquirir uma unidade da divisa de referência.

É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

Sobre o setor externo, analise as afirmativas a seguir:

I - O Banco Central é a instituição responsável pela definição do regime cambial no Brasil, de suas metas e de sua gestão.

II - No regime de câmbio flutuante (flexível), a taxa de câmbio é determinada pelo mercado de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira. Diferentemente do sistema de câmbio fixo, o Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais.

III - O Banco Central executa a política cambial definida pelo Conselho Monetário Nacional. Para tanto, regulamenta o mercado de câmbio e autoriza as instituições que nele operam. Além disso, o Banco Central pode atuar diretamente no mercado, comprando e vendendo moeda estrangeira de forma ocasional e limitada, com o objetivo de conter movimentos desordenados da taxa de câmbio.

É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

É possível definir estrutura de mercado, a partir de Mendes (2009, p. 103), como “as características organizacionais de um mercado, ou seja: grau de concentração, grau de diferenciação do produto, grau de dificuldade ou barreira à entrada”. Estrutura de mercado, portanto, é como chamamos a formação da oferta e da demanda no mercado. A oferta pode ser formada por um vendedor, por grupos de vendedores ou até milhares de pequenas empresas. Para cada mercado, haverá, então, uma estrutura diferente, seja porque existem diferentes quantidades de ofertantes, seja porque a participação de mercado de cada um é diferente também.

a) Grande número de vendedores e de compradores: nenhum deles deve ter a capacidade de alterar os preços do mercado ao alterar seus níveis de oferta ou de demanda.
b) O produto ou serviço ofertado no mercado deve ser idêntico para todos os vendedores: não deve haver nenhuma diferenciação objetiva de qualidade nem subjetiva de marcas.
c) Não deve haver nenhuma barreira à entrada ou à saída do mercado: qualquer pessoa pode produzir e vender nesse mercado, basta querer entrar nele, pois os custos são tão baixos que não seriam impeditivos.

es confere ao monopolista poder absoluto sobre quantidade e preços no mercado, bem como sobre as características dos produtos ou serviços, como qualidade, opções de tamanho e cores, locais de compra, quantidades unitárias e formas de pagamentos. Perceba que os mercados monopolizados são aqueles, geralmente, formados por milhões de compradores, e cada um destes, isoladamente, não tem nenhum poder sobre o mercado, pois as quantidades de suas compras individuais não são suficientes para pressionar o monopolista para alterar suas práticas de mercado. Nessa estrutura de mercado, há um excesso de poder nas mãos do monopolista, por isso, é fundamental que haja alguma forma de regulação no mercado para que esse poder absoluto de uma única empresa não imponha aos consumidores condições de oferta que impeçam o acesso destes a produtos ou serviços essenciais e até vitais à manutenção da saúde e da vida. Você deve se perguntar: como uma empresa consegue se tornar uma monopolista no mercado? Várias são as fontes das condições de monopólio, mas as principais são:
Segredo industrial ou patenteamento de fórmula ou produto que garante a exclusividade de exploração do bem durante a vigência da patente.
Domínio da única fonte de insumo ou matéria-prima.
Detenção de licenças do governo para exclusividade de exploração de um mercado.
Escala mínima de operação que não comporta mais de uma empresa com rentabilidade no mercado.
a) Segredo industrial ou patenteamento de fórmula ou produto que garante a exclusividade de exploração do bem durante a vigência da patente.
b) Domínio da única fonte de insumo ou matéria-prima.
c) Detenção de licenças do governo para exclusividade de exploração de um mercado.
d) Escala mínima de operação que não comporta mais de uma empresa com rentabilidade no mercado.

A elasticidade é uma medida de resposta que compara a mudança percentual de uma variável devido a uma mudança percentual em outra variável. Por exemplo, sabemos que a redução do preço de um bem aumenta sua demanda, mas não sabemos exatamente quanto, é este impacto que a elasticidade mostra. Existem três tipos:

O texto apresentado aborda a relação entre a obra e sua atualidade em relação à economia capitalista moderna, destacando a influência do liberalismo. Além disso, discute a economia de mercado e o capitalismo, ressaltando a importância da propriedade privada dos meios de produção. Com base no texto, assinale a alternativa correta:
O capitalismo é um arranjo social que busca resolver o problema econômico, coordenando as atividades econômicas pelos empresários.
O papel do Estado é fundamental para fornecer bens essenciais à população que não são lucrativos para as empresas.
Os agentes econômicos são constituídos por famílias, empresas e governo, que contribuem para o funcionamento do sistema econômico.
a) Apenas I está correta.
b) Apenas II está correta.
c) Apenas III está correta.
d) I e II estão corretas.
e) II e III estão corretas.

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Questões resolvidas

O que é possível inferir sobre a relação entre economia e capitalismo com base no texto apresentado?

a) A economia e o capitalismo são conceitos distintos, sendo o capitalismo um arranjo social que busca resolver o problema econômico.
b) O capitalismo é um sistema econômico que visa atender às necessidades da população por meio da coordenação das atividades econômicas pelos empresários.
c) O Estado desempenha um papel fundamental na oferta de bens essenciais à população que não são fornecidos pelas empresas.
d) Os agentes econômicos são constituídos pelas famílias, empresas e governo, que contribuem para o funcionamento do sistema econômico.

crescer, mais irão crescer igualmente os demais; logo, é importante saber qual deles é capaz de provocar o crescimento dos demais. São três colunas e nestas constam: o produto, a renda e a despesa. Na primeira coluna, temos o Produto Interno Bruto (PIB) como, por exemplo, a agropecuária, a indústria, o comércio e os serviços. Por sua vez, na segunda coluna temos a Renda Interna Bruta (RIB) como, por exemplo, os salários, lucros, rendas da terra, juros, aluguéis etc. e, na terceira e última coluna, temos o Dispêndio Interno Bruto (DIB), que são os bens comprados pelas famílias, pelo governo e para investimento das empresas, por exemplo.

a) II and IV are correct.
b) II, III, and IV are correct.
c) I, III, and IV are correct.

Ao analisar os princípios liberais, por que não é recomendável ao Estado um papel ativo para promover o desenvolvimento das economias?

a) Porque os agentes privados, por meio das interações nos mercados, têm capacidade para direcionar de modo mais eficiente a aplicação dos escassos recursos para satisfazer as necessidades ilimitadas da sociedade.
b) Porque as políticas beneficiam inicialmente setores intensivos em mão de obra que produzem bens tradicionais, como tecidos, roupas e calçados.
c) Porque a intervenção do Estado traria o atraso econômico, distorcendo as razões econômicas para os investimentos privados.

O bom funcionamento do mercado financeiro local.

a) O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão superior do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito.
b) A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada, em 7 de dezembro de 1976, pela Lei 6.385/76, com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil.
c) O Banco Central (BCB), uma autarquia federal ligada ao Ministério da Fazenda, tem como missão garantir a estabilidade do poder de compra da moeda do país, o real, e assegurar a eficiência e o bom funcionamento do mercado financeiro local.

Títulos públicos emitidos pelo governo. No Brasil, é o Tesouro Nacional que emite títulos da dívida pública e é o Banco Central o responsável pelas operações de compra e venda desses títulos, praticando o que se chama de operações de mercado aberto. A função das operações de mercado aberto é controlar a quantidade de moeda em circulação por meio do aumento ou da redução das vendas de títulos da dívida pública federal. Como, na maioria dos países, o governo é o agente mais endividado da economia, há uma quantidade enorme de títulos de dívida pública circulando no mercado financeiro e que foram comprados pelos credores da dívida pública. A razão para a emissão de títulos de dívida por parte dos governos, explica Ferreira (2015), se dá por duas origens distintas: uma delas é cobrir os gastos acima da arrecadação. Isso se dá pois o governo não pode imprimir dinheiro para pagar suas contas, tal caminho geraria inflação causada pelo excesso de dinheiro na economia. Portanto, para pagar suas despesas, o governo conta apenas com as receitas políticas tributárias e não tributárias e, assim como qualquer empresa ou família que gasta além dos seus ganhos, deve tomar emprestado o dinheiro que falta para fechar as contas do mês; esse endividamento é feito por meio da venda de títulos públicos. A emissão e a venda de títulos para eliminar o excesso de moeda na economia têm como objetivo controlar a inflação provocada quando há, na economia, mais dinheiro que o necessário para seu bom funcionamento. Nesse caso, o governo emite títulos públicos e os vende aos investidores para retirar uma parte do dinheiro da economia. Essa retirada de dinheiro ocorre porque os investidores ficam com os títulos que rendem juros, e o governo, com o dinheiro deles retido.

As contribuições compulsórias são quase como tributos, pois são recolhidas das empresas e das famílias como uma obrigatoriedade e, ao contrário dos tributos, não sofrem a partilha federativa, ou seja, a esfera de Governo (Federal, Estadual ou Municipal) que a impõe não precisa dividir a arrecadação com as demais. As principais contribuições compulsórias são:

a) Ao instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
b) Aos programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP).
c) À Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS).
d) À Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
e) À Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).

Atribua a sequência correta às afirmativas abaixo:
I- Para atender às necessidades da sociedade, o Governo precisa prestar serviços e realizar obras — o que exige gastos. Receita pública é o dinheiro que o Governo dispõe para manter sua estrutura e oferecer bens e serviços à sociedade, como hospitais, escolas, iluminação, saneamento etc. Para poder fazer isso, o Governo precisa arrecadar dinheiro e faz isso de diversas maneiras. Essa arrecadação vem de impostos, de aluguéis e venda de bens, prestação de alguns serviços, venda de títulos do Tesouro Nacional, recebimento de indenizações.
II- A temática que envolve orçamento e arrecadação está relacionada à política fiscal.
I- Para atender às necessidades da sociedade, o Governo precisa prestar serviços e realizar obras — o que exige gastos. Receita pública é o dinheiro que o Governo dispõe para manter sua estrutura e oferecer bens e serviços à sociedade, como hospitais, escolas, iluminação, saneamento etc. Para poder fazer isso, o Governo precisa arrecadar dinheiro e faz isso de diversas maneiras. Essa arrecadação vem de impostos, de aluguéis e venda de bens, prestação de alguns serviços, venda de títulos do Tesouro Nacional, recebimento de indenizações.
II- A temática que envolve orçamento e arrecadação está relacionada à política fiscal.
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) As asserções I e II são proposições falsas.

O que os Estados Unidos da América exportaram em 2018?

a) Serviços como viagens, turismo: 8,64%, itens não especificados: 8,41%, serviços de tecnologia da informação e comunicação: 7,28%, seguros e finanças: 5,21%, transportes: 3,74%.
b) Commodities sem identificação específica: 6,43%, óleos de petróleo refinados representando 3,78%, carros: 1,97%.
c) II, III, and IV are correct.

O que a Suíça exportou em 2018?

a) Serviços de tecnologia da informação e comunicação: 7,74%, itens não especificados: 7,29%, seguros e finanças: 6,77%, serviços como viagens, turismo: 3,95%, transportes: 3,05%.
b) Medicamentos embalados: 9,59%, soros e vacinas: 5,22%, ouro: 13,99%, relógios: 3,17%.
c) II, III, and IV are correct.

Da mesma forma, o ganho de capital, que é a diferença positiva entre o preço de venda e o de compra, representa o próprio aumento de patrimônio. Essas três formas de rentabilizar o capital (lucros, juros e ganhos de capital) também podem ser realizadas em âmbito mundial, por meio da alocação de capital entre diversas economias mundo afora. Examinaremos esses fluxos de investimentos, os fatores que os atraem e os benefícios e prejuízos que provocam nas economias. O Investimento Externo Direto (IED) é aquele capital que ingressa nas economias com o objetivo de gerar lucros, ou seja, os donos desses capitais, ao decidirem onde realizarão seus investimentos, visam às oportunidades de montar novas unidades de produção ou comprar empresas já estabelecidas. Esse tipo de investimento é de longo prazo, pois constituir negócios em um país, ganhar mercado e obter faturamento que cubra os custos e que gere lucros demora muito tempo — leva-se anos ou até décadas para que o investimento dê retorno. Você pode concluir, portanto, que, para esse tipo de capital entrar em um país, deve haver um ambiente social, político e econômico confiável e estável. Além de boas oportunidades de negócios, para atraírem IED, os países devem proporcionar segurança institucional, leis e instituições que garantam a propriedade privada e seus ganhos. Obviamente, nenhuma empresa estrangeira investirá para constituir filiais ou subsidiárias em países que não lhe ofereçam a garantia sobre a propriedade do capital investido em terrenos, edifícios, máquinas, equipamentos e recursos financeiros. Logo, os países com melhores chances de atrair empresas estrangeiras são aqueles com sistemas políticos consolidados, com um sistema legal e jurídico eficiente, capazes de garantir a propriedade privada independentemente dos governos ao longo do tempo. Todas as melhorias nas leis e instituições que ampliem a segurança jurídica dos investimentos produtivos são benéficas para atrair esse tipo de capital para o país. Por outro lado, os fluxos de IED são menores ou até inexistentes naquelas economias com sistemas políticos frágeis, sujeitos a intervenções diretas do governo sobre a propriedade privada e sobre as regras de mercado, pois, nessas economias, há elevados riscos de perda dos investimentos, com a estatização de empresas ou com a perda ou redução dos lucros esperados nas operações. Quando uma empresa estrangeira se instala em um país, leva, para ele, tecnologias de produção e conhecimentos técnicos e tecnológicos que, talvez, as empresas nacionais não tivessem. Esses conhecimentos se disseminarão por entre os trabalhadores das empresas estrangeiras e, em pouco tempo, serão disseminados, também, para outras empresas de mesmo ramo ou de ramo diferente. O IED é, então, importante para irradiar novas tecnologias de produção e de gestão de empresas, bem como para forçar as empresas nacionais a competirem e melhorarem seus produtos e seus preços. A questão que você deve ter feito é: qual é a vantagem de atrair o capital estrangeiro para investir produtivamente no país? Muitos acreditam que as empresas estrangeiras são um problema para as economias, não uma solução; contudo, assim como é importante que os países abram seus mercados para impor às empresas nacionais uma competição acirrada com as empresas estrangeiras, também é importante que elas possam adentrar o país para competir com empresas nacionais nele instaladas. Recentemente, a empresa Ford, aquela que pôs o mundo sobre rodas e revolucionou a indústria, decidiu interromper os ciclos de investimentos no Brasil. A pandemia, a desvalorização cambial, a reestruturação impulsionada por novas e emergentes tecnologias em serviços conectados, eletrificação e veículos autônomos são possíveis elementos que contribuíram para essa decisão. Sindicatos estimam que cinco mil profissionais perderão o emprego. Essa notícia nos revela o impacto dos investimentos estrangeiros diretos enquanto propulsor de uma cadeia produtiva. Perceba que, em alguns casos, as empresas estrangeiras se instalam em países nos quais não existem similares dos produtos e serviços que serão produzidos e ofertados. Nesse caso, o capital produtivo de fora proporcionará a oferta interna de produtos que só seriam obtidos mediante importações, e isso economiza recursos para o país. Ao mesmo tempo, serão gerados empregos e renda para produzi-los internamente. Veja que as vantagens de atrair o capital externo para produzir internamente estão associadas à geração de emprego e renda no país, à fabricação de produtos que, anteriormente, só eram feitos no exterior, bem como à intensificação da concorrência interna, que pressiona as empresas nacionais a reduzirem preços e aumentarem a qualidade de seus produtos ou serviços. Por outro lado, observe que, produzindo, vendendo e lucrando internamente, as empresas estrangeiras têm direito a repatriar, parcial ou integralmente, os lucros aos países de origem dos investimentos. Caso haja uma parcela grande da estrutura produtiva de um país composta por capital estrangeiro, haverá muita saída de lucros do país, e esses lucros que saem não formam a poupança interna que sustenta maiores níveis de investimentos para o crescimento do país. Portanto, as vantagens da entrada de IED podem ser neutralizadas e, até mesmo, converter-se em desvantagens, caso o país dependa demais desse tipo de capital para gerar seu PIB (Produto Interno Bruto). Em virtude disso, gera um crescente fluxo de remessa de lucros ao exterior que inviabilize ampliação dos investimentos para o crescimento do país. Sobre os investimentos em carteira, enquanto elemento relevante no mercado financeiro internacional, são aplicações financeiras que instituições financeiras de um país fazem em outros países. Esses investimentos visam aos ganhos com juros e ganhos de capital; logo, são direcionados para a compra de títulos públicos ou privados de dívida ou para fundos de investimentos em renda fixa. Os países com maior capacidade de atrair esse tipo de capital financeiro são aqueles que apresentam a melhor relação entre risco e retorno. Os riscos estão associados às garantias do direito à propriedade privada, mas também se associam aos riscos do mercado que podem impor aos investidores perdas de rentabilidade do capital investido ou, até mesmo, perdas de capital por depreciação de ativos. As vantagens de atrair o capital financeiro de curto prazo para o país estão associadas ao aumento da oferta de capitais no sistema financeiro. Isso permite reduzir os custos do financiamento às empresas e ao governo, bem como aumentar os recursos que podem ser utilizados para elevar a oferta de crédito ao consumo. Perceba que o capital de investimento em carteira, que ingressa no país para financiar a custos mais baixos o investimento produtivo, será pago com o retorno das atividades produtivas financiadas, mas aquele capital que entra para financiar a dívida pública do governo será pago com os impostos recolhidos pelo Estado. A desvantagem da entrada de capitais especulativos que buscam apenas a rentabilidade de juros ou o simples ganho de capital em suas operações é que, para atraírem esses capitais, os países devem oferecer uma taxa de juros superior à média das taxas pagas em países que oferecem o mesmo risco. Contudo, se o risco do país for maior, a taxa de juros deverá, consequentemente, ser maior. Você pode concluir que um país que paga taxas de juros anuais, cinco ou seis vezes superiores à média das taxas de juros dos países desenvolvidos, é capaz de atrair muito capital especulativo se o risco desse país for duas ou três vezes maior que o risco dos países desenvolvidos. Entretanto, quanto mais alta a taxa de juros e maior a quantidade de capital estrangeiro aplicada para ganhar juros em um país, maior a quantidade de juros que o país pagará aos investidores. A entrada de grandes quantias de capital em carteira também produz impactos sobre a taxa de câmbio do país, pois aumenta a oferta de moeda estrangeira no mercado de câmbio, e, se a demanda não aumentar também, haverá um excesso de oferta de divisas estrangeiras, causando a depreciação da moeda externa e a apreciação da moeda nacional, que prejudicam as exportações do país. O investimento em carteira é um capital de curto prazo que reage muito rápido às variações nas condições de risco que possam gerar perdas de capitais. Assim, quando ocorrem distúrbios internos ou externos, de natureza política, econômica ou social, que elevem as condições de risco, esse é o primeiro tipo de capital a sair do país. A saída rápida, em grandes volumes, de investimentos em carteira, nas situações de aumento de riscos e incerteza, acontece em virtude da sua natureza puramente especulativa.

É correto o que se afirma em:
1. O método das partidas dobradas registra toda transação entre dois agentes como dois fluxos em sentidos contrários (crédito e débito).
2. Enquanto um registro representa a natureza econômica da transação, o outro expressa sua contrapartida monetária ou financeira.
3. Os pagamentos internacionais são liquidados em termos monetários, dependendo da taxa de conversão entre as moedas.
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

de câmbio, analise as afirmativas.

I - No regime de câmbio fixo, o Banco do Brasil fixa, antecipadamente, a taxa de câmbio, com a qual o mercado deve operar. Pelas regras fixadas pelo sistema financeiro internacional, se um país fixa sua taxa de câmbio, ele se obriga a disponibilizar as reservas para o mercado quando requisitadas (seja pelos exportadores, turistas ou saídas de capital financeiro).

II - No regime de câmbio flutuante (flexível), a taxa de câmbio é determinada pelo mercado de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira. Diferentemente do sistema de câmbio fixo, o Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais.

III - Diz-se que houve uma depreciação cambial ou desvalorização cambial quando se necessita mais unidades da moeda nacional para adquirir uma unidade da divisa de referência.

É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

Sobre o setor externo, analise as afirmativas a seguir:

I - O Banco Central é a instituição responsável pela definição do regime cambial no Brasil, de suas metas e de sua gestão.

II - No regime de câmbio flutuante (flexível), a taxa de câmbio é determinada pelo mercado de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira. Diferentemente do sistema de câmbio fixo, o Banco Central não é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais.

III - O Banco Central executa a política cambial definida pelo Conselho Monetário Nacional. Para tanto, regulamenta o mercado de câmbio e autoriza as instituições que nele operam. Além disso, o Banco Central pode atuar diretamente no mercado, comprando e vendendo moeda estrangeira de forma ocasional e limitada, com o objetivo de conter movimentos desordenados da taxa de câmbio.

É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

É possível definir estrutura de mercado, a partir de Mendes (2009, p. 103), como “as características organizacionais de um mercado, ou seja: grau de concentração, grau de diferenciação do produto, grau de dificuldade ou barreira à entrada”. Estrutura de mercado, portanto, é como chamamos a formação da oferta e da demanda no mercado. A oferta pode ser formada por um vendedor, por grupos de vendedores ou até milhares de pequenas empresas. Para cada mercado, haverá, então, uma estrutura diferente, seja porque existem diferentes quantidades de ofertantes, seja porque a participação de mercado de cada um é diferente também.

a) Grande número de vendedores e de compradores: nenhum deles deve ter a capacidade de alterar os preços do mercado ao alterar seus níveis de oferta ou de demanda.
b) O produto ou serviço ofertado no mercado deve ser idêntico para todos os vendedores: não deve haver nenhuma diferenciação objetiva de qualidade nem subjetiva de marcas.
c) Não deve haver nenhuma barreira à entrada ou à saída do mercado: qualquer pessoa pode produzir e vender nesse mercado, basta querer entrar nele, pois os custos são tão baixos que não seriam impeditivos.

es confere ao monopolista poder absoluto sobre quantidade e preços no mercado, bem como sobre as características dos produtos ou serviços, como qualidade, opções de tamanho e cores, locais de compra, quantidades unitárias e formas de pagamentos. Perceba que os mercados monopolizados são aqueles, geralmente, formados por milhões de compradores, e cada um destes, isoladamente, não tem nenhum poder sobre o mercado, pois as quantidades de suas compras individuais não são suficientes para pressionar o monopolista para alterar suas práticas de mercado. Nessa estrutura de mercado, há um excesso de poder nas mãos do monopolista, por isso, é fundamental que haja alguma forma de regulação no mercado para que esse poder absoluto de uma única empresa não imponha aos consumidores condições de oferta que impeçam o acesso destes a produtos ou serviços essenciais e até vitais à manutenção da saúde e da vida. Você deve se perguntar: como uma empresa consegue se tornar uma monopolista no mercado? Várias são as fontes das condições de monopólio, mas as principais são:
Segredo industrial ou patenteamento de fórmula ou produto que garante a exclusividade de exploração do bem durante a vigência da patente.
Domínio da única fonte de insumo ou matéria-prima.
Detenção de licenças do governo para exclusividade de exploração de um mercado.
Escala mínima de operação que não comporta mais de uma empresa com rentabilidade no mercado.
a) Segredo industrial ou patenteamento de fórmula ou produto que garante a exclusividade de exploração do bem durante a vigência da patente.
b) Domínio da única fonte de insumo ou matéria-prima.
c) Detenção de licenças do governo para exclusividade de exploração de um mercado.
d) Escala mínima de operação que não comporta mais de uma empresa com rentabilidade no mercado.

A elasticidade é uma medida de resposta que compara a mudança percentual de uma variável devido a uma mudança percentual em outra variável. Por exemplo, sabemos que a redução do preço de um bem aumenta sua demanda, mas não sabemos exatamente quanto, é este impacto que a elasticidade mostra. Existem três tipos:

O texto apresentado aborda a relação entre a obra e sua atualidade em relação à economia capitalista moderna, destacando a influência do liberalismo. Além disso, discute a economia de mercado e o capitalismo, ressaltando a importância da propriedade privada dos meios de produção. Com base no texto, assinale a alternativa correta:
O capitalismo é um arranjo social que busca resolver o problema econômico, coordenando as atividades econômicas pelos empresários.
O papel do Estado é fundamental para fornecer bens essenciais à população que não são lucrativos para as empresas.
Os agentes econômicos são constituídos por famílias, empresas e governo, que contribuem para o funcionamento do sistema econômico.
a) Apenas I está correta.
b) Apenas II está correta.
c) Apenas III está correta.
d) I e II estão corretas.
e) II e III estão corretas.

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mo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, 
emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
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lhados por todos os estados do Brasil e, também, 
no exterior, com dezenas de cursos de gradua-
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revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 
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cadores soluções inteligentes para as necessida-
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ção de educação precisa ter, pelo menos, três 
virtudes: inovação, coragem e compromisso 
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodolo-
gias ativas, as quais visam reunir o melhor 
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Tudo isso para honrarmos a 
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BOAS-VINDAS
MEU CURRÍCULO
MINHA HISTÓRIA
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pouco mais sobre 
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informações do 
meu currículo.
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Meu nome é Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori. 
O nome é comprido pois sou casada e não renunciei ao 
nome de solteira, tampouco a ganhar mais um nome. Aos 
dezoito anos, meus dias se resumiam a trabalhar, de dia, 
em uma reconhecida instituição financeira e, a noite, cur-
sar Ciências Econômicas. Eu me formei, fiz especialização 
e sonhava em ampliar meus conhecimentos dando aulas 
e ministrando palestras, assim canalizaria minha ener-
gia ao me comunicar, pois acredito que o mundo se tor-
naria melhor se soubéssemos nos comunicar com mais 
qualidade. Antes mesmo da colação de grau, surgiu uma 
proposta de aulas para cursos técnicos. Lá fui eu, feliz e 
contente. Realizada já aos vinte e poucos anos, trabalhan-
do no banco, estudando e dando aulas. Uma hora, a vida 
me cobrou para avançar com projetos pessoais, no caso, 
a maternidade, e não seria razoável levar dois trabalhos. 
Decidi pela área acadêmica. Chorei… E, no dia em que me 
demiti, já começaram as aulas do mestrado. De lá para cá, 
muitos cursos, eventos, muitas orientações de monogra-
fia e escrita de livros. O que me move é ser mãe de duas 
filhas lindas, estar casada com um marido parceiro que 
amo, ver meus irmãos e pais por perto, saudáveis e na 
luta diária. Além dessas relações com pessoas que amo, 
divido meus dias entre os muitos livros, preparação de 
aulas e materiais para ensinar Economia, planto e adubo 
minhas samambaias e suculentas, educo e brinco com 
crianças felizes, cuido das tarefas domésticas, sou filha, 
sou irmã e tenho amigos. Sou uma mulher, mãe, profis-
sional em construção!
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INICIAIS
PROVOCAÇÕES
O primeiro dia de trabalho, o primeiro beijo, o primeiro namorado, o primeiro filho... 
Começar alguma coisa é sempre um desafio. É impossível saber o que vai acontecer 
a partir da experiência singular do indivíduo. Gosto de imaginar que você, cara aluna, 
estimado aluno, está sentindo algo diferente ao começar essa caminhada de conheci-
mento intitulada Cenários Econômicos. A abordagem voltada à Economia pode sugerir 
que falaremos de dinheiro. Este é um símbolo daquilo que outras pessoas devem a 
você ou daquilo que você reivindica como seu direito a determinadas quantidades dos 
recursos da sociedade. A força da indústria financeira, na atualidade, faz muita gente 
crer que Economia equivale a uma pequena parte dela, que é a Economia Financeira. 
Então, já dei uma dica: não é puramente de dinheiro que falaremos. O que você imagina 
encontrar nesse curso? Neste material? Quais são suas expectativas de aprendizado? 
Como a economia pode te ajudar na tomada de decisões?
O tema Cenários Econômicos se revela uma ferramenta para a tomada de de-
cisões. Você verá que o termo cenários remete à noção de “abrigo”. A proposta de 
aprendizado, então, é que a deliberação por parte do gestor, ou profissional espe-
cífico, esteja sob a égide do conhecimento econômico. E se justifica de forma mais 
evidenciada com os acontecimentos mundiais dos últimos tempos, em que a opaci-
dade econômica permeia a visão global. 
Sabe-se que as relações de trabalho estão pautadas pelo tempo da tecnologia, e 
que este é cada vez mais veloz e milimetricamente mensurado, impactando a dinâmi-
ca econômica e, por conseguinte, exigindo agilidade e sensibilidade amparadas pelo 
conhecimento. Por fim, são exercícios de imaginação, histórias de “futuros possíveis”, 
ainda que incertos, e precisam ser analisados e reformulados, gerando reflexões que 
visam dar robustez à decisão.
Gosto de pensar o início de uma disciplina como uma viagem. Ao imaginar um pas-
seio, por exemplo, é bastante razoável passar por uma série de etapas até concretizar 
a experiência. Quer descansar? Quer aventura? É um passeio romântico? Definido o 
“tema” da viagem, escolhe-se o lugar, verifica-se o que tem porperto para visitar, quais 
pontos específicos. Enfim... Busca-se aproveitar ao máximo, afinal de contas, não po-
demos perder o caro tempo que temos em passeios chatos e desnecessários. Agora, 
CENÁRIOS ECONÔMICOS
INICIAIS
PROVOCAÇÕES
você está prestes a iniciar uma longa viagem. O tema não é próximo de um passeio 
romântico, o local da nossa jornada é a sociedade, e o nosso guia será a Economia. 
É preciso muita intrepidez para empreender a jornada do conhecimento acerca das 
questões relacionadas à sociedade, como emprego, Produto Interno Bruto, inflação, 
crescimento e desenvolvimento econômico. Essa busca possibilitará refletir sobre “fu-
turos possíveis”, imaginados sem objetivos preditivos, mas que procuram determinar 
as fronteiras do razoável, ou seja, daquilo que parece verossímil para o futuro do am-
biente de negócios, dado o conhecimento que temos no presente. 
Foi com os gregos que se estabeleceram as bases de muitos conceitos que, hoje, 
adotamos e continuamos a reproduzir. Para que possamos entender essa nossa jorna-
da de aprendizado, é relevante saber que cenários são um desses conceitos que remon-
ta ao mundo grego. É que a Skené, na estrutura espacial do teatro grego, representava 
uma cabana de madeira onde os atores se preparavam. Evoluiu para o latim scena, e 
chegamos à palavra italiana scenàrio. Portanto, cenários econômicos são um tema a 
ser refletido, no contexto da gestão, no mundo dos negócios ou das finanças, como 
um “abrigo”, ainda que temporário, para a tomada de decisão. É um pano de fundo 
para esse grande espetáculo que é a atividade econômica, que, dia após dia, entra em 
cena. Ela é dinâmica e, cada dia mais, renova-se, à medida em que a tecnologia entrega 
à sociedade novas formas de se relacionar. Para tanto, conhecimentos que perpassam 
a noção de crescimento e desenvolvimento econômico, os instrumentos de políticas 
econômicas, como a Política Monetária, Política Fiscal, Política Cambial, e o papel do 
Estado nas sociedades são paradas obrigatórias nessa jornada do conhecimento.
O conhecimento sobre Economia será um suporte para você responder perguntas 
importantes que serão feitas enquanto exercício de cenarização:
• O que pode dar errado?
• E se estivermos todos enganados quanto ao futuro do ambiente empresarial?
• O que pode surgir de novo?
• E se alguém começar a fazer algo diferente?
A atitude a partir dessas respostas é elaborar cenários alternativos, cenários de ruptura, 
paralelos aos cenários-base e que servem para mensurar, de forma mais clara, os riscos 
das decisões tomadas. Exercícios assim explicitam verdades incômodas. 
É improvável que alguma empresa ou profissional queira estar pior no futuro em 
comparação ao momento atual. Portanto, ao procurar antever o ambiente no qual es-
taremos inseridos no futuro, também é preciso questionar sobre o que precisaremos 
ter ou fazer para atingir nossa posição desejada no futuro em diferentes cenários. 
IMERSÃO
RECURSOS DE
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do 
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
Ao longo do livro, você será convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
NOVAS DESCOBERTAS
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
OLHAR CONCEITUAL
Neste elemento, você encontrará di-
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos, 
esquemas e fluxogramas os quais te 
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
CRESCIMENTO E 
DESENVOLVIMENTO 
ECONÔMICO
11 61
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1 2
POLÍTICA 
MONETÁRIA 
E A QUESTÃO 
INFLACIONÁRIA 
113
POLÍTICA
FISCAL E A 
ECONOMIA 
3 4 159
ECONOMIA 
INTERNACIONAL
E CRESCIMENTO 
DOS PAÍSES
5 207
O PAPEL DA 
REGULAÇÃO
DO ESTADO
1Crescimento e 
Desenvolvimento 
Econômico
Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
Oportunidades de aprendizagem: Um bom ponto de partida para o nosso trabalho é pensar 
que economia é um sistema formado por pessoas, portanto, mesmo a teoria é uma construção 
social. Dessa forma, você será apresentado ao conceito de sistema econômico e à noção da 
sua organicidade. E, por ser assim, vai além da noção intuitiva de dinheiro propriamente, sen-
do este um mero símbolo, uma medida, um aspecto numérico para os agentes econômicos. 
Nossa análise perpassará a relação de quantitativo e qualitativo. Para tal, é preciso trilhar uma 
jornada histórica para resgatar uma perspectiva interpretativa que contribuirá no processo de 
tomada de decisões nos mais diversos cenários econômicos. Vamos compreender que definir 
e medir conceitos em economia não pode ser um exercício objetivo da mesma maneira como 
é na física ou na química. A diferenciação entre crescimento econômico e desenvolvimento 
econômico constitui um conteúdo que trará subsídios para o entendimento de que a análise 
quantitativa como PIB e renda deve ser analisada à luz dos indicadores de desenvolvimento 
(qualitativo). É nessa abordagem, enquanto um sistema orgânico, em que diversos atores eco-
nômicos sejam empresas, governos consumidores, famílias, investidores estão entrelaçados. 
Ao assumir posicionamentos diante de conjunturas adversas, você estará mais preparado 
para decidir em um ambiente dinâmico, no qual o próprio pensamento econômico está em 
constante fluxo, sujeito às interações e mudanças, próprias de um ambiente disruptivo.
UNIDADE 1
12
No último trimestre de 2019, eu me peguei pensando sobre importantes decisões 
que precisava efetuar para possibilitar um melhor desempenho no processo de 
alfabetização da minha filha mais velha, uma socialização mais interessante para 
a caçula e, quanto a mim, era necessário cumprir o projeto de um novo espaço de 
trabalho para escrever, preparar aulas e empreender, enfim, executar projetos que 
já estavam pipocando na minha mente para acontecerem. Um pouco insegura 
de algumas decisões, resolvi conversar com uma amiga. Amizade bonita que 
começou a partir das nossas filhas no ambiente escolar, as pequenas estudavam 
juntas desde os três anos de idade. Ao me aconselhar com ela sobre uma possi-
bilidade de transferência de escola, ela não só concordou que era uma decisão 
importante, como também transferiu a filha de escola. Assim, eu também mudei 
minhas meninas para uma nova proposta pedagógica. Esta sugeria ser mais con-
sistente com relação ao conteúdo que considero que Alice Maria (a primogênita) 
deveria melhorar. Ela tinha que ter uma forma de aprendizado mais apropriada 
para a forma dela ser. Alice queria participar do curso de robótica, este, porém, 
esperaria um pouco mais. A Helena Maria poderia conhecer novos amigos e 
socializar de uma forma diferente, tendo em vista que ela é mais tímida e, por 
assim dizer, demora mais para construir relações. Acertei com a madrinha da 
Alice para me ajudar com o processo de cuidar delas na parte da manhã, e uma 
senhora conhecida para me ajudar parcialmente com as tarefas domésticas.Meu 
marido, e pai das meninas, apesar de trabalhar bastante, também tinha comprado 
a ideia de fazer do novo ano um tempo de trabalhar com mais concentração e 
dedicação para o mundo do conhecimento. Aluguei uma sala para trabalhar a 
UNICESUMAR
13
partir de dezembro de 2019, em fevereiro começaram as aulas das meninas e 
também comprei uma agenda (além da virtual) para desenhar o cronograma 
de 2020. Estava tudo certo para ser o ano da minha decolagem profissional. O 
cenário parecia perfeito. Aí já era março… pandemia. Para tudo! Pra quê agenda? 
A Pilha de Areia começava a desmoronar.
Conto essa história, entre outros motivos, pois escrever o livro Cenários Eco-
nômicos era algo pensado pela professora coordenadora Juliana há tempos idos. 
No entanto, quis o tempo que eu escrevesse esse material em um tempo abstruso, 
no mínimo atípico. Sim... a partir do vírus Sars-CoV-2, o coronavírus, tudo, tudo 
ficou desconfigurado. A saúde, o trabalho, a escola, a vida social… Como tomar 
as decisões nesse novo ambiente? Agora eu te convido a refletir comigo… e para 
você, caro(a) aluno(a), sentiu seus planos para o ano de 2020 serem abalados 
pelo cenário mundial?
A opacidade dessa dimensão temporal é intrínseca à economia real. A com-
preensão dos cenários econômicos passa por uma reestruturação nesse sentido. 
Em março do ano que cravou seus “pés na calçada da fama”, foi bem interessante 
no que se refere à elaboração de cenários econômicos. Para se ter uma noção de 
tamanha instabilidade, em termos de mercado financeiro, foram acionados seis 
vezes(!) o circuit breaker. Isso não aconteceu nem na crise de 2008. O mercado 
financeiro estava alvoroçado diante da guerra no preço do petróleo e começamos 
a entender o quadro de pandemia que se desenhava com a disseminação da crise 
causada pela pandemia do coronavírus. 
Circuit breaker é um recurso da bolsa de valores que objetiva a proteção 
para os investidores quando há muitas vendas, ocasionando quedas bruscas nos 
preços dos ativos negociados. Em outras palavras, é uma estratégia acionada para 
amortecer e rebalancear as ordens de compra e venda em momentos nos quais 
elas estão desequilibradas.
O mecanismo atua por meio de critérios preestabelecidos, que determinam a 
paralisação do pregão por um tempo determinado quando a queda do dia atinge 
certo patamar percentual. Portanto, isso se dá quando o mercado está muito vende-
dor, o que geralmente só acontece em períodos de grande incerteza para o país ou 
mundo como um todo – exatamente o caso da pandemia do Covid-19, em 2020.
Assustados ou se antecipando ao provável cenário negativo que vem pela 
frente, investidores vendem suas ações e, em consequência, os índices começam 
a cair, o que inicia um efeito dominó.
UNIDADE 1
14
É importante incluir aí nesse panorama que a economia mundial já de-
monstrava “saúde debilitada” antes da pandemia. O mundo já não crescia eco-
nomicamente como antes, considerando Estados Unidos e China dentro das 
suas peculiaridades. Havia uma guerra comercial patrocinada pelo governo 
Trump contra a China. As estruturas econômicas olhadas sob o aspecto espacial 
(geopolítica) também revelavam problemas, basta pensar no Oriente Médio, 
de modo particular a Síria e o Irã. 
A virulência e o alcance da doença fizeram reinar, soberana, a incerteza. É 
fato que economistas pouco entendem de saúde, somos adeptos dos modelos 
econômicos. E é inegável a importância dessas ferramentas fantásticas que con-
tribuíram para o avanço da sociedade em diversas tomadas de decisões. 
Ao conceber que a economia se relaciona com a saúde (e que a pandemia nos 
revelou isso de forma muito evidente!) e com tantos outros aspectos que envol-
vem nosso cotidiano, eu te pergunto: será que a economia é difícil de entender? 
Convido você a ler o livro do economista sul-coreano Ha-Joon Chang: Economia: 
modo de usar. Um guia básico dos principais conceitos econômicos. (2015). Essa 
leitura ajudará a ampliar seus horizontes.
Diante dessa experiência proposta, como você entende o papel da ciência his-
tórica enquanto ferramenta para a economia? Como obter a plena compreensão 
dos fenômenos econômicos contemporâneos? Reflita sobre e escreva sobre sua 
experiência. Você também pode utilizar o Diário de Bordo. Essa parte é sua para 
anotar todas as suas primeiras impressões até o momento. 
DIÁRIO DE BORDO
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Elaborar o conteúdo para tomar decisões diante dos cenários econômicos mais 
do que nunca requer que saiamos do ambiente de conforto, com as respostas 
prontas e precisas. É fundamental entender o passado para, a partir dele, dar 
passagem para o questionamento de princípios que deixaram de valer. O convite, 
portanto, para pensarmos a problematização de como nos posicionarmos diante 
da economicidade do dia a dia, perpassa o desacomodar-se e desfrutarmos do 
prazer de pensar uma narrativa econômica inovadora, que considera os aspectos 
históricos para entender o presente, só assim decisões mais ajustadas e pontuais 
têm a chance de serem mais acertadas. 
Ao olharmos para o Brasil, por exemplo, será fundamental realizar um tra-
balho hercúleo de entendimento que transita pelos tempos coloniais. Resgatar o 
memorável trabalho de Celso Furtado, a Formação Econômica do Brasil, ajuda 
muito, haja vista que ela nos apresentou, por meio da sua linguagem singular, 
nossa dependência da economia internacional. Enfim, é uma crise planetária, 
de proporções nunca vistas, que necessariamente afeta nossa economia, e, como 
disse o economista Paulo Nogueira Batista Junior, nesses tempos, a “galinha não 
levantará vôo” (BATISTA JUNIOR, 2020, on-line).
Como crescer com desenvolvimento?
Analisar cenários econômicos para o século XXI per-
passa necessariamente a reflexão sobre o crescimen-
to e desenvolvimento das nações. Por sua vez, a análi-
se sobre aumento de produtividade junto à qualidade 
de vida da sociedade situa-se na tênue linha que cos-
tura a política e o dinheiro. Mark Hanna, senador nor-
te-americano no século XIX, observou que “há duas 
coisas que são importantes na política. A primeira é 
o dinheiro, e não consigo me lembrar da segunda” 
(ATKINSON, 2016, p. 404). Esse pensamento pode se 
aplicar na atualidade. As políticas voltadas para a me-
lhoria de vida da população estão sob a tutela de lide-
ranças que se elegem a partir de vultosas quantias de 
dinheiro. Quer entender essa delicada relação? Ouça 
esse podcast. Como crescer com desenvolvimento?
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6265
UNIDADE 1
16
Modelos econométricos, como nos ensina a economista Monica de Bolle (2020), 
servem para entender algumas partes de um problema intrincado, não linear, 
dinâmico e que comporta uma miríade de dúvidas, questões não respondidas 
e, possivelmente, outras ainda não formuladas. Essa influente economista dos 
tempos atuais nos apresenta que, na situação extrema imposta pela pandemia, se 
ater puramente à modelagem quantitativa é ser incapaz de tomar decisões em um 
cenário que exige uma economia forçada a pensar de forma criativa. Isso implica 
em desafios à comunidade científica internacional, bem como aos governos. Em 
síntese, são tempos estranhos, diante da combinação de um choque importante 
com magnitude e duração incertas com vulnerabilidades preexistentes, de ordem 
comercial, geopolítica e financeira. 
Para tanto, vale considerar que, ao ouvir um conto, uma fábula ou uma lenda, 
nos é dada a oportunidade de se ver na ação dos personagens. Isso contribui para 
a construção do conhecimento, da ética, da cidadania e tantos outros elementos 
fundamentais para vivermos em sociedade e tomarmos as decisões pertinentes 
à economicidade, que é a abordagem dessa nossa experiência de conhecimento. 
E por falar em conhecimento, quero aqui compartilhar a primeira forma dele: 
a tentativa de desvelar respostas para as questões que a natureza impõe: o mito. 
Adianto que não foi de forma despropositada que me ocorreu essa possibilida-
UNICESUMAR
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de. Trazer um personagemcoadjuvante da mitologia 
grega foi uma forma interessante que Taleb, o escritor 
de Arriscando a própria pele – Assimetrias ocultas 
no cotidiano (2017), encontrou para ensinar sobre o 
aprendizado tácito: aquele que perpassa a experiência, 
que não pode ser formalizado.
Essa é a história de Anteu, um gigante que vivia na 
Líbia, filho de Poseidon (um dos deuses do Olimpo), 
o deus do mar, e de Gaia, a Mãe-Terra, dona de uma 
potencialidade geradora intensa. Anteu tinha uma es-
tranha ocupação, que consistia em obrigar as pessoas 
que passavam por sua terra a lutar com ele. Sistema-
ticamente tais combates terminaram com a morte do 
adversário. Haja vista que quanto mais o corpo de An-
teu tocava a Terra, mas ele renovava seus poderes, as-
sim, nunca ficava cansado e o resultado era que nunca 
perdia uma luta. Era do chão, do contato com sua mãe, 
que Anteu extraía sua força. Até que apareceu Hércules 
– filho de Zeus e de Alcmena (uma humana) –, que foi 
educado nas artes, na filosofia e na ciência. Hércules, 
ao atravessar a Líbia, em busca dos pomos de ouro do 
jardim das Hespérides, encontrou o vigoroso Anteu. 
O herói foi desafiado. Desconhecendo que Anteu ti-
rava sua força da Mãe Gaia, lutou bravamente com ele 
durante muito tempo, mas em vão. Vezes e mais vezes 
o herói lançou-o contra o chão, e ficava cada vez pior, 
pois o gigante punha-se de pé num salto. Hércules esta-
va intrigado com isso: como era o gigante capaz daque-
las súbitas explosões de força quando, um momento 
antes, tinha estado perto ser derrotado, rastejando na 
poeira? Então, o herói se lembrou de que seu oponente 
era filho de Gaia. Agarrou o gigante, levantou-o bem 
alto no ar e não o deixou tocar na terra. Na luta deses-
perada para escapar, todas as suas forças se esgotaram, 
e o medonho gigante encontrou seu destino.
https://mitologiahelenica.wordpress.com/2015/04/22/xi-os-pomos-das-hesperides/
https://mitologiahelenica.wordpress.com/2015/04/22/xi-os-pomos-das-hesperides/
UNIDADE 1
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Figura 1 - Vitória de Hércules sobre o Gigante Anteu, 11.º Trabalho de Hércules -- fresco na Escadaria 
Principal do Palácio Quintela, em Lisboa, Portugal / Fonte: Wikimedia Commons (1822, on-line).
Descrição da Imagem: a Figura 1 apresenta uma obra de arte em tela, a qual representa Hércules que 
segura o gigante Anteu de forma suspensa em seus braços, representando a vitória. O gigante demonstra 
expressão de dor. Ambos estão no centro da imagem.
UNICESUMAR
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O que podemos aprender com essa vinheta gráfica? Dois pontos importantes 
podemos aqui refletir: 
1. A feliz combinação entre estratégia e força. Hércules conhecia o ponto 
fraco do seu concorrente. É de extrema importância, destarte, sair da in-
dividualidade e colocar-se a pensar diante da perspectiva do concorrente, 
imaginando sua reação e, a partir daí, tomar uma decisão. O uso da força 
por si só pode ser pouco. Portanto, é importante olhar para o todo, fazer 
o exercício de sair de si e, buscando essa neutralidade, tomar uma decisão.
2. Uma segunda lição é que não se pode separar o conhecimento do 
contato com o chão. É preciso ter essa proximidade. Vale trazer a noção 
de conhecimento tácito, apresentada pelo filósofo Michael Polanyi e va-
lidada em 1966 por meio de sua obra The Tacit Dimension (POLANYI, 
2009), aquele conhecimento experimentado, difícil de ser passado por 
meio da linguagem. É preciso ter esse “contato”. Passa pela relação de “tocar 
o chão”. Por isso a lição é que a realidade concreta perpassa situações difí-
ceis. As feridas resultantes de tais experiências orientam a aprendizagem 
e a descoberta de um mecanismo de sinalização orgânica que os gregos 
chamavam de pathemata mathemata (“norteie seu aprendizado por meio 
da dor”, algo que mãe de crianças pequenas, como eu, sabem muito bem). 
Portanto, como explica Taleb, em grego significa que o aprendizado e a 
evolução vêm da dor proporcionada pelo corpo, pelo físico, pelo chão, 
que, se desprezada, leva ao sofrimento, ao óbito, à extinção.
No mundo econômico, seja com relação ao contexto corporativo ou até mesmo 
nos diversos posicionamentos que temos que assumir para fazer a roda da vida 
girar, a velocidade das informações, a partir da tecnologia, é muito grande. Como 
consequência, uma infinidade de decisões deve ser tomada para jogarmos o jogo 
econômico, buscando posição de destaque. Quando quero comprar uma máqui-
na para ampliar meu negócio, a decisão de comprar ou alugar um imóvel, com-
prar um smartphone na pré-venda, exportar agora ou esperar um pouco mais, 
são diversas decisões que temos que tomar. E para isso, é fundamental conhecer 
o panorama que estamos vivenciando, para tal, a importância do conhecimento 
sobre o contexto econômico que perpassa a sua individualidade. 
UNIDADE 1
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Daí nos servimos de Hércules, Anteu, para nos ajudar. Também a canção Divino 
Maravilhoso, composta por Caetano Veloso, alerta para o fato de que “é preciso 
estar atento e forte”. Anteu, talvez na segurança que a mãe lhe causava, chamou 
para a briga alguém que soube combinar conhecimento e força. Acabou mal. 
Tomar decisões a partir da dinâmica econômica perpassa essa moral. Não há 
ambiente seguro, isento de riscos. É a jornada do conhecimento, aliada à discipli-
na, foco, força de vontade que possibilitará a sensibilidade sobre a influência das 
forças externas no desempenho das empresas, e até mesmo na nossa individua-
lidade econômica. Anteu se colocou em ambiente de conforto tendo suas forças 
recarregadas pela mãe Gaia. No entanto, a dinâmica da vida socioeconômica, 
assim como o Jardim das Hespérides, é instável e cheia de aventuras, em especial 
ao considerarmos os impactos que todos sofremos submetidos a crises globais. 
Nesse ínterim, é função do profissional, seja ele executivo de alguma organiza-
ção, empresário, pesquisador da área, enfim, somos responsáveis em lidar com 
as variáveis econômicas a partir da análise dos cenários econômicos, de modo 
a estabelecer as diretrizes que levarão os indivíduos e suas empresas em direção 
aos seus objetivos estratégicos.
Hércules nos inspira pela sua força, mas ao brigar com Anteu, também nos 
ensina sobre a acuidade em entender a lógica da força do adversário. Ao entender 
que não era só força, logrou êxito. Entender economia passa pela apreensão de 
que ela é uma construção social, como a política. 
Agora… como equilibrar o conhecimento adquirido e o espírito de liderança, de dono de 
si mesmo, para jogar esse difícil game econômico? 
PENSANDO JUNTOS
Aqui lembro da explicação de Celso Furtado (1959, on-line)1, sobre uma das questões 
econômicas primordiais: “se você não tem ideias claras e evidentes sobre a economia na 
sociedade, fica sempre um pouco superficial. Para entender a vida da sociedade é preciso 
saber como é que se mata a fome, primeiro.”
EXPLORANDO IDEIAS
UNICESUMAR
21
Diante da jornada proposta, conhecedores do delicado momento histórico e 
econômico precisamos seguir o conselho Furtadiano e buscar o fino ajuste entre 
conhecimento e sensibilidade, como diz a economista Monica de Bolle (2020), 
“pois é fácil ceder à falsa impressão de que há leis imutáveis na economia e 
não perceber as mudanças.” As transformações na economia podem favorecer 
ou prejudicar a atuação das empresas nos mercados, bem como a geração de 
empregos e renda. Portanto, um pouco de história vai instrumentalizar nosso 
trabalho, na nossa aventura do conhecimento. E já que nesta unidade aborda-
mos a mitologia, vamos usar um pouquinho mais da ferramenta histórica para 
uma sucinta compreensão da economia. 
Por longos milênios, a humanidade se compõe de grupos relativamente pe-
quenos, cuja cultura técnica apenas se igualava às culturas dos mais atrasados, 
“selvagens” contemporâneos, ou nitidamente inferior. As sociedades civilizadas 
UNIDADE 1
22
e de complexa estrutura, por outro lado, não surgiram como Minerva, da cabe-
ça de Júpiter, havendo chegado à sua organização atual por meio de mudanças 
e progressos, obviamenteexperimentados a partir dessas atrasadas aglomera-
ções humanas. Se negligenciássemos o fato de que os grupos eram pequenos e 
que a sociedade é algo complexo, possivelmente não lograríamos compreender 
a dinâmica evolutiva dos processos de produção e distribuição das riquezas, 
cujo conhecimento constitui, precisamente, a visão global do que é a atividade 
econômica. Há cerca de 10 mil anos, quando os sapiens (nome científico de 
nossa espécie humana) começaram a dedicar quase todo o seu tempo e esforço 
para manipular a vida de algumas espécies de plantas e animais, apresentando, 
dessa forma, uma mudança radical em seu relacionamento com a natureza, 
temos o que Harari (2015) chama de Revolução Agrícola. Essa transforma-
ção impactou totalmente a história da humanidade, pois o homem passa do 
caráter predatório para produtor. A existência em comunidades estáveis passa 
a tomar forma em detrimento do nomadismo. Em Rezende Filho (2010), te-
mos o nome de Revolução Neolítica. Para nós, o relevante é perceber que foi 
um ponto de inflexão para a humanidade, de modo que a atividade agrícola, 
sobretudo, permitiu que o homem diminuísse a atividade braçal e passasse 
a ter a noção de trabalho coletivo e regular. Paralelamente ao controle das 
fontes de alimentação que possibilitaram o crescimento demográfico, deu-se 
a diferenciação social do trabalho que permitiu o desenvolvimento de novas 
técnicas (cerâmica, tecelagem, fabricação de instrumentos de pedra polida), 
ligando as comunidades por um sistema de trocas. Estabelece-se, aqui, nosso 
marco precursor da atividade comercial. Por conta de condições geoclimáticas 
desfavorecedoras ao desenvolvimento da agricultura, algumas civilizações se 
voltaram para o exterior diante do objetivo de abastecerem-se, uma vez que 
não conseguiam produzir em quantidade suficiente. 
Na intenção de maximizar as vantagens advindas da atividade comercial, as 
cidades fenícias estabeleciam pontos de armazenamento de produtos localizados 
no litoral das regiões com as quais comerciavam. Eram as feitorias. Uma dessas, 
fundada no século IX a.C., deu origem à cidade de Cartago, a qual, conforme 
Rezende Filho (2010, p. 22), “se transformou na potência econômica dominante 
do Mediterrâneo ocidental, até ser derrotada por Roma, após longas guerras, em 
finais do século III a.C”. 
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Crise do sistema
escravista
Instabilidade
política
Expansão do
cristianismo 
Invasão dos povos
germânicos (bárbaros)
Com o poder enfraquecido,
o Império Romano passa
a ser alvo constante de 
invasões.
O sistema de produção era 
dependente do trabalho 
escravo. Com a diminuição 
do número de escravos, a 
economia em crise.
Os cristãos não aceitavam 
o caráter divino dos 
imperadores, assim o 
poder desses governantes 
era enfraquecido.
Crises políticas internas 
levam ao enfraquecimento 
do poder e tornam o 
território vulnerável a 
invasões.
Queda de Roma
476 a.C
A queda do Império Romano impulsionou 
uma nova forma de organização da 
sociedade: o feudalismo.
FEUDALISMO
Servo - escravo
Sociedade Estamental
Economia:
- Agrária e voltada à
subsistência
- Artesanato
Igreja Medieval:
- As cruzadas: 
expedições militares 
e religiosas
Política:
- Fragmentação do poder
- Nobreza proprietária de terras
Suserania e vassalagem:
- Suserano concede terras e bens 
em troca de �delidade
Figura 2 - A Queda de Roma e o Feudalismo / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a Figura 2 apresenta a partir da Queda do Império Romano que a humanidade 
vivenciará o período feudal. Temos uma caixa em destaque e esta apresenta o elemento “Queda de Roma 
476 a.C.”. Desse quadro, saem quatro setas: a) crise do sistema escravista; b) instabilidade política; c) ex-
pansão do cristianismo; e d) invasão dos povos germânicos (bárbaros). Esses elementos caracterizam a 
configuração do cenário romano que está enfraquecido diante do contexto. A queda de Roma se dá pela 
invasão dos povos bárbaros, que, por sua vez, fragiliza o império Romano. A crise do sistema escravista se 
dá a partir do contexto de guerras, que diminui a mão de obra escrava. Esses elementos caracterizam uma 
instabilidade política, que, por sua vez, leva a crises internas tornando o território ainda mais vulnerável 
a invasões. Outro elemento fundamental, enquanto explicativo para a queda do Império Romano, foi a 
expansão do cristianismo, haja vista que os romanos não tinham tradição nessa relação com o Divino. E os 
cristãos não aceitavam o caráter divino dos imperadores, assim, o poder desses governantes era enfraque-
cido. Diante desse panorama, uma nova organização se apresenta: o feudalismo. As relações de trabalho 
não vão mais se sustentar, aí, em base escravocrata, e sim na mão de obra servil, na qual o servo é diferente 
do escravo. Dá-se uma relação de suserano e vassalo, na qual o primeiro concede terras ao segundo em 
troca de fidelidade. No aspecto político, apresenta-se uma nobreza detentora de terras com poder político 
fragmentado, ou seja, não havia Estado como conhecemos hoje. A Igreja exerceu nesse período medieval 
uma forte influência, contribuindo para, ao final do sistema, uma promoção do comércio. Isso se dá com a 
prática do movimento das Cruzadas (expedições militares e religiosas). No campo da Economia, tem-se que 
a organização era voltada à agricultura de subsistência, com modo de produção artesanal.
UNIDADE 1
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É possível pensar um sistema como um conjunto de elementos interligados que 
cumprem um objetivo final definido. Na biologia, por exemplo, quando se usam as 
expressões sistema respiratório, sistema vascular ou sistema nervoso, pensamos em 
um conjunto de órgãos de um ser vivo que se relacionam entre si para desempenhar 
funções vitais nesse organismo, como permitir a respiração, a nutrição e a oxige-
nação das células e a transmissão dos impulsos nervosos. Trazendo essa analogia 
para a economia, você já pôde perceber que, ao longo do tempo, os humanos se 
coordenaram e foram se desenvolvendo, passando por diversos sistemas. 
Economia
4000 a 1000 a.C.
1000 a.C. a 500 d.C.
Assíria
Babilônia
Egito
China
Abissínia
Mesopotâmia
Índia
Grécia
Roma
Figura 3 - Impérios na Antiguidade / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a economia na antiguidade foi constituída por sociedades civilizadas e de complexa 
estrutura, por volta dos anos 4000 a 1000 antes de Nossa Era, das quais se destacam o império Assírio, 
Babilônico, Egípcio, Chinês, o império Etíope também conhecido como Abissínio, o Mesopotâmico e o 
Império da Índia. No período que antecede em 1000 anos, a contar do marco cristão até o ano 500 da 
Nossa Era, destaca-se a civilização greco-romana.
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Os imperiais, como os do Antigo Egito, da Grécia, da Roma Antiga e do império 
Chinês, foram evoluindo para o feudalismo, que dominou a Europa entre os 
séculos IX e XV d.C. Tudo isso refletiu a forma pela qual os homens puderam 
satisfazer suas necessidades materiais em cada época, alterando-se a forma con-
forme o que era “necessário” dentro de cada contexto, refletindo, também, que 
a vida socioeconômica se dá a partir de um sistema, uma organização, com o 
intuito de atender a humanidade dentro dos aspectos da sobrevivência. 
A partir do século XIV, avanços nos meios de navegação permitiram ultrapas-
sar o estreito de Gibraltar, de modo que o comércio intraeuropeu, antes apenas 
terrestre, deslocou-se em parte para o Atlântico. Como efeito, houve estímulo para 
o desenvolvimento de centros comerciais. O mundo estava sendo descoberto! É 
aqui que entramos em cena.
Há tempos não se falava tanto da implicação da economia na saúde e da saúde na 
economia. Contudo, é possível afirmar que nossa temática nasceu a partir de forte 
influência médica. Para apresentar essa relação, é preciso pinçar um elemento 
importante da história do pensamento econômico no qual John Locke (1632-
1704) e François Quesnay (1694-1774) são apenas dois, entre outros médicos, 
que influenciaram o pai da ciência econômica comoa conhecemos na atuali-
dade: Adam Smith (1723-1790). E a intenção, aqui, não é transmitir meramente 
informações historiográficas, mas justificar que as políticas públicas e privadas a 
serem assumidas em cenário instável, como o que vivenciamos, devem transitar 
pela história da economia como ciência social.
 John Locke (1632-1704) Adam Smith (1723-1790) François Quesnay (1694-1774)
UNIDADE 1
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Pois bem, para o escocês, o Ocidente embarca em uma 
grande revolução antes do século XVIII, quando as socieda-
des agrárias ou agrícolas se tornaram comerciais. Durante a 
Idade Média, as cidades se desenvolveram e aos poucos foram 
ligadas por estradas. As pessoas levavam mercadorias e pro-
dutos agrícolas frescos para as cidades, e os mercados – com 
sua compra e venda – tornaram-se parte da vida. A inovação 
científica criou padrões de medida confiáveis, e junto com 
novos jeitos de fazer as coisas e da mistura de principados 
que pontilham a Europa formaram-se Estados centralizados. 
O povo usufruía uma nova liberdade e passava a trocar bens 
para ganho pessoal, não só para o seu senhor. Em 1776, Smith 
publicou sua obra An inquiry into the nature and causes of 
wealth of nations (A Riqueza das Nações) (SMITH, 1983), 
que tinha iniciado na França, dez anos antes. A obra possui o 
significado de manifesto de uma nova ciência. O sucesso do 
livro foi imediato e isso estabeleceu definitivamente o pres-
tígio de Smith. Um dos aspectos históricos mais relevantes 
dessa obra é sua atualidade em relação à economia capitalista 
moderna, haja vista que a dimensão temporal revelava um 
momento marcado por grandes transformações econômicas 
e sociais impulsionadas pela primeira revolução industrial, 
cujo epicentro foi o Reino Unido. O texto cumpriu o singular 
papel de instrumento de uma ideologia triunfante no século 
subsequente, o liberalismo. 
Para o pensador, as economias de mercado geram rendi-
mentos justos que podem ser gastos em bens, em um “fluxo 
circular” sustentável, em que o dinheiro pago em salários 
volta para a economia quando o trabalhador paga pelos 
bens e será devolvido em salários, repetindo o processo. O 
capital investido em instalações de produção ajuda a au-
mentar a produtividade da mão de obra, o que implica os 
empregadores poderem arcar com salários mais altos. E, se 
puderem pagar mais, eles pagarão, porque têm de competir 
entre si pelos trabalhadores.
UNICESUMAR
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Figura 4 - Mudanças das relações sociais de trabalho ao longo da história: (a) Pintura egípcia, (b) 
As quatro estações, Primavera de Pieter Bruegel (1579-1638), (c) Tempos Modernos de Charlie 
Chaplin / Fonte: Shutterstock e Wikimedia Commons (2016, on-line).
Para nosso trabalho, trataremos como sinônimo economia de mercado e ca-
pitalismo, por uma questão didática. Esses termos representam uma forma de 
organização econômica que depende da existência de propriedade privada dos 
meios de produção que asseguram aos seus donos os ganhos de sua exploração. 
a
b c
Descrição da Imagem: a Figura 4 apresenta uma montagem com três formas de trabalho ao longo da 
história da humanidade. A Figura (a) é representada por uma pintura egípcia e faz alusão ao período de 
trabalho escravocrata. A Figura (b) apresenta numerosos criados que cuidam de um jardim elaborado, 
tratam as ovelhas, cortam as vinhas e as rosas sob os olhos vigilantes de mestres bem vestidos. Essa 
pintura faz parte da série Season que reúne quatro painéis de pequeno porte de Pieter Brueghel (1564-
1638), o jovem. A Figura (c) traz uma das cenas do filme Tempos Modernos, de 1936, escrito e dirigido 
por Charles Chaplin, em que ele está com outro homem ao lado de uma máquina, característica do novo 
formato de trabalho, a partir da Revolução Industrial, o trabalho assalariado.
UNIDADE 1
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Portanto, não há capitalismo quando não há garantias sobre a propriedade in-
dividual. Esse sistema econômico depreende propriedade privada dos meios de 
produção que asseguram aos seus donos os ganhos de sua exploração. 
LEI FORÇA
PROPRIEDADE
PRIVADA
E SEUS
GANHOS DE
EXPLORAÇÃO
GARANTE GARANTE
ESTADO
Figura 5 - Papel do Estado nas economias de mercado / Fonte: a autora.
O sistema como nos organizamos para viver, no que se refere ao ponto de vista 
material, está dividido entre os possuidores do capital, os capitalistas, e aqueles 
que não detêm o capital, os trabalhadores. Ainda que pese ser uma discussão 
que possibilite o calor ideológico, é a forma como nos constituímos enquanto 
sociedade, e podemos pensar que esse “modus vivendi” foi inaugurado com a 
Revolução Industrial, e cronologicamente nos situamos aqui no final do século 
XVIII e primeira metade do século XIX. 
Descrição da Imagem: a Figura 5 apresenta o papel do Estado nas economias de mercado. No alto, temos 
o Estado que abre duas setas, uma para direita e outra para esquerda em que ambas garantem a Lei e a 
Força. Estas duas sugerem que a propriedade privada requer seus ganhos de exploração.
UNICESUMAR
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CAPITALISMO
NÓS MANDAMOS
EM VOCÊ
NÓS ENGAMOS
VOCÊ
NÓS ATIRAMOS
EM VOCÊ
NÓS COMEMOS
POR VOCÊ
NÓS 
TRABALHAMOS
POR TODOS NÓS ALIMENTAMOS
TODOSA PIRÂMIDE DO SISTEMA CAPITALISTA
Figura 6 - A Pirâmide do Sistema Capitalista (1911) / Fonte: Wikimedia Commons (2009, on-line).
Descrição da Imagem: a Figura 6 representa a pirâmide com seis degraus conhecida como a pirâmide 
do Sistema Capitalista (1911) dos Estados Unidos. Começando pelo topo da pirâmide, temos o saco de 
dinheiro, o símbolo do capitalismo. Abaixo vem os governantes e a alta burguesia com a mensagem “Nós 
mandamos em você”, detentora dos meios de produção e as instituições financeiras. Depois a Igreja, que 
continua com seu poder ideológico de controle sobre a população com a mensagem “Nós enganamos 
você”. No quarto degrau, são as forças militares que novamente aparecem para manutenção da ordem e 
estrutura de proteção contra revoltas e revoluções com a mensagem “Nós atiramos em você”. Penúltimo 
degrau, aparecem os pequenos burgueses desfrutando de uma boa vida e comida farta com a mensagem 
“Nós comemos por você” e, por último, vem a base da pirâmide sustentada pela classe trabalhadora (os 
proletários na base de tudo, homens, mulheres e crianças) carregando toda a pirâmide e seus dizeres 
“Nós trabalhamos por todos”, “Nós alimentamos todos”.
UNIDADE 1
30
Contudo, nessa história toda, é muito importante diferenciar economia 
de capitalismo, em que pese não ser possível tratar de uma sem estar 
falando da outra. No que se refere à economia, vale pensar que o homem 
luta com o meio em que vive, desenvolvendo uma série de atividades 
econômicas com o fim de compatibilizar, da melhor maneira possível, as 
múltiplas, crescentes e ilimitadas necessidades que tem, com os recursos 
escassos, por meio de uma administração racional desses recursos, o 
que, em síntese, constitui-se no “objeto da Ciência Econômica”, ou na 
essência do problema econômico. 
O capitalismo per se é um arranjo social, que busca “resolver” esse 
problema econômico. Aí diante da “falta de alguma coisa que procu-
ra possuir”, ou diante da sensação de ausência ou falta, o homem é 
convidado pela força da necessidade a buscar, a desejar. É com esse 
espírito que podemos, ainda que de forma muito modesta, entender 
o capitalismo. Nele as atividades econômicas são coordenadas pelos 
empresários que definem o que e quanto produzir de cada coisa de 
que a sociedade precisa para suprir suas necessidades. Os mercados 
validam os esforços dos empresários, que serão bem-sucedidos em 
gerar lucros na medida em que sua capacidade de produzir e vender 
ao preço de mercado lhes traga receitas acima de seus custos.
Ferreira (2015, p. 27) nos orienta que mesmo sendo extremamente 
necessárias à população algumas atividades não são realizadas pelas 
empresas por não serem lucrativas. Diante disso, o papel do Estado se dá 
enquanto provedor de serviços públicos, para oferecer bens essenciais 
à população que não podem ser fornecidospelas empresas.
Agentes econômicos são pessoas de natureza física ou jurídica 
que, por meio de suas ações, contribuem para o funcionamento do 
sistema econômico (PASSOS; NOGAMI, 2008). São constituídos pe-
las famílias (ou unidades familiares), pelas empresas (ou unidades de 
produção) e pelo governo, conforme a Figura 7, a seguir:
UNICESUMAR
31
Legenda:
 Fluxos reais
 Fluxos �naceiros
Demanda: 
bens e serviços
Gastos com
consumo $
Serviços 
públicos
Compras
públicas
Pagamentos
de empenho $
Serviços 
públicos
Impostos
diretos $
Impostos
diretos $
Recebimento
de rendas $
Pagamento
de rendas $
Pagamento
funcionários
públicos
Contratação
funcionários
públicos
Oferta: 
bens e serviços
Receita de
vendas $
Oferta: trabalho,
capital e terras
Demanda: trabalho,
capital e terras
Mercados de fatores
produtivos
Mercados de bens
e serviços
Famílias Governo Empresas
Figura 7 - Fluxos de troca em um sistema econômico / Fonte: Ferreira (2015, p. 22).
Descrição da Imagem: a Figura 7 apresenta os fluxos de troca em um sistema econômico. No centro 
está o Governo, do lado esquerdo estão as Famílias e do lado direito estão as Empresas. Em cima do Go-
verno, há os Mercados de bens e serviços e, abaixo, os Mercados de fatores produtivos. Este fluxograma 
apresenta também as relações entre os agentes econômicos divididas em dois tipos de fluxos: os reais, 
demonstrados pelas ligações com a linha contínua, e os financeiros, pelas linhas pontilhadas. 
UNIDADE 1
32
Na Figura 7, é possível observar que os flu-
xos reais são constituídos pelos fatores de 
produção entregues por seus proprietários 
ao sistema produtivo e que este transforma 
em bens e serviços, que se destinam a satis-
fazer as necessidades individuais e coletivas, 
presentes e futuras da população. Por outro 
lado, os fluxos financeiros são as remunera-
ções pagas pelo sistema produtivo aos pro-
prietários dos fatores produtivos, e que estes 
utilizam na compra dos bens e serviços de 
que precisam para satisfazer suas necessida-
des econômicas e sociais.
Há também que se observar que do caixa 
das empresas dá-se o fluxo financeiro para o 
governo, pois as empresas também recolhem 
impostos embutidos nos preços dos produ-
tos que vendem – são os impostos indiretos. 
Há um repasse desses impostos ao governo, 
o que também ocorre com as famílias, que 
pagam impostos diretos sobre a renda que 
recebem das empresas e sobre as proprieda-
des que adquirem com essas rendas. Assim, 
recolhendo impostos das empresas e das fa-
mílias, o governo, em todas as suas esferas 
(União, estados e municípios), arrecada as 
receitas de que necessita para ofertar os ser-
viços públicos à sociedade.
As transações realizadas pelos diversos 
agentes econômicos podem ser mensuradas 
por meio dos agregados macroeconômicos. A 
economia pode ser vista em equilíbrio quan-
do a produção, a renda e a demanda agregada 
gerada são de iguais valores. A contabilidade 
nacional apresenta a identidade fundamental: 
UNICESUMAR
33
PRODUTO = =RENDA DESPESA
= =
Produto Interno 
Bruto (PIB)
Agropecuária,
a indústria,
o comércio
e serviços. 
Renda Interna Bruta 
(RIB)
Salários, lucros,
rendas da terra, 
Juros, aluguéis, etc.
Dispêndio Interno 
Bruto (DIB)
Bens comprados 
pelas famílias, pelo 
governo e para 
investimento das 
empresas.
Figura 8 - A igualdade entre produto, geração de renda e total dos dispêndios
Fonte: Ferreira (2015, p. 31).
A geração de produto consiste em adicionar o valor das remunerações ao longo 
das cadeias produtivas a tudo o que é produzido; o valor da produção será então 
igual ao valor das rendas pagas aos fatores de produção; logo, produto é igual a 
renda. Por produção, conforme Viceconti (2010), entende-se qualquer atividade 
que aumente o valor de um bem ou serviço já existente. A Renda corresponde ao 
somatório das remunerações recebidas pelos proprietários dos fatores de produ-
ção como retribuição pela utilização de seus serviços nas atividades produtivas. 
Com a renda obtida na produção, depois de descontados os impostos, as famílias 
comprarão tudo aquilo de que precisam e, com os impostos arrecadados, o gover-
no comprará o restante da produção das empresas. Esse total de gastos é chamado 
de demanda agregada ou despesas, e é igual ao valor da renda gerada na produção. 
Assim, temos que o Produto Interno Bruto (PIB) de uma economia tem valor 
igual à Renda Interna Bruta (RIB) e ao Dispêndio Interno Bruto (DIB).
Descrição da Imagem: a Figura 8 apresenta a igualdade entre a produção, a geração de renda e o total 
dos dispêndios (demanda agregada) na economia. Quanto mais um deles crescer, mais irão crescer igual-
mente os demais; logo, é importante saber qual deles é capaz de provocar o crescimento dos demais. 
São três colunas e nestas constam: o produto, a renda e a despesa. Na primeira coluna, temos o Produto 
Interno Bruto (PIB) como, por exemplo, a agropecuária, a indústria, o comércio e os serviços. Por sua vez, 
na segunda coluna temos a Renda Interna Bruta (RIB) como, por exemplo, os salários, lucros, rendas da 
terra, juros, aluguéis etc. e, na terceira e última coluna, temos o Dispêndio Interno Bruto (DIB), que são os 
bens comprados pelas famílias, pelo governo e para investimento das empresas, por exemplo.
UNIDADE 1
34
Essa identidade contábil infere que, quanto mais uma variável dessas cres-
ce, mais crescerão igualmente os demais, implicando na relevância de observar 
qual desses elementos foi o propulsor do crescimento dos demais. No Brasil, a 
instituição responsável pelo cálculo do PIB é o Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE). Temos, então, posta a medida de crescimento econômico. 
É possível apreender a definição de crescimento econômico com Ferreira 
(2015, p. 31), a “elevação contínua da produção, da renda e dos gastos em uma 
economia”. Veja que é uma medida quantitativa, fica na dimensão dos números. 
Essa mensuração acompanha a geração da riqueza de um país, abrindo a possi-
bilidade para comparar com outras nações. Se o PIB é a principal medida, não 
implica em afirmar como sendo a única; a renda per capita também é uma forma 
quantitativa de apresentar o valor da Renda Nacional dividida pelo total da popu-
lação. Essa abordagem sugere avaliar a riqueza por indivíduo. A renda per capita 
é um importante indicador, pois revela a distribuição média da riqueza entre os 
habitantes do país, nos diz quanto, em média, cada cidadão deveria ter recebido 
se a renda fosse igualmente distribuída entre toda a população daquele grupo.
UNICESUMAR
35
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
Luxemburgo
Noruega
Suíça
Irlanda
Dinamarca
Catar
Cingapura
Suécia
Austrália
Estados Unidos
Holanda
Macau
Canadá
Islândia
Áustria
Finlândia
Japão
Alemanha
Bélgica
Andorra
Brasil21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
Figura 9 - Gráfico (a) das Maiores Rendas Per Capita do mundo, de 2019 (dólares)
Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a Figura 9 apresenta um gráfico com os países de maiores rendas per capita do 
mundo, de 2019 (em dólares). Os países destacados em ordem crescente são Luxemburgo, Noruega, 
Irlanda, Suíça, Dinamarca, Catar, Singapura, Suécia, Austrália, Estados Unidos, Holanda, Macau, Canadá, 
Islândia, Áustria, Finlândia, Japão, Alemanha, Bélgica, Andorra e por último o Brasil.
O PIB do Brasil em 2019, por exemplo, foi de R$ 7,4 trilhões. Até a elaboração desse ma-
terial, os últimos dados do PIB eram referentes ao 2º trimestre de 2020: o valor foi de R$ 
1.653,0 bilhões. 
Fonte: IBGE ([2021], on-line).
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 1
36
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
Série 1
Noruega
Suíça
Irlanda
Dinamarca
Catar
Cingapura
Suécia
Austrália
Estados Unidos
Holanda
Macau
Canadá
Islândia
Áustria
Finlândia
Japão
Alemanha
Bélgica
Andorra
Brasil21
20
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18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
Holanda
México
Espanha
Rússia
BrasilFrança
Índia
Japão
China
Estados Unidos
0 5000 10000 15000 20000 25000
Figura 10 - Gráfico (b) dos Maiores PIBs do Mundo, de 2019 (trilhões de dólares) / Fonte: a autora.
O Gráfico (a) apresenta 21 países com as maiores rendas per capita do mundo, 
considerando os dados dos Estados Unidos e Brasil, principalmente para efeito de 
análise. Note que os países dos Gráficos (a) e (b) não são os mesmos. Isso revela que 
a maioria dos países com altas rendas per capita são pequenos países. Luxemburgo, 
por exemplo, tornou-se um autêntico hub financeiro na segunda metade do século 
XX, especialmente por ser livre de impostos. A reputação de paraíso fiscal levou-o 
a conquistar inúmeras empresas, trazendo destaque para o país. O caso do Qatar 
é o Gás natural. O país tem as terceiras maiores reservas de gás natural do mundo 
e investiu de forma pesada em infraestruturas de transformação de gás em gás li-
quefeito e de exportação. Conseguiu, ainda, diversificar a economia conquistando a 
atenção de inúmeras empresas financeiras que se deslocaram para o país. Singapura 
tem tido um crescimento exponencial nos últimos anos, sendo para muitos a Suíça 
da Ásia. Tecnologia, têxteis e finanças conduziram a um PIB per capita de 56.700 
dólares. É indiscutível a importância do crescimento para as economias. Analisar 
esses números é fundamental para perceber se as políticas econômicas estão sur-
Descrição da Imagem: a Figura 10 apresenta um gráfico com os maiores PIBs do mundo, de 2019, com 
trilhões de dólares. Os países destacados em ordem crescente são Estados Unidos, China, Japão, Índia, 
França, Brasil, Rússia, Espanha, México e Holanda.
UNICESUMAR
37
tindo o efeito desejado no que se refere à produção, emprego e renda do país. Uma 
reflexão que nasce dessa abordagem é se, a partir do crescimento econômico do 
país, há mais renda para a população. Principalmente se a população crescer, é fun-
damental que a geração de renda cresça em uma proporção maior. Essa abordagem 
quantitativa nos apresenta números. Contudo, as variáveis puramente quantitativas 
são incapazes de vislumbrar o desenvolvimento econômico. Mas então crescer é 
diferente de desenvolver? Sim! O crescimento de um país pode ser pensado, em 
partes, como o ciclo da vida humana. A partir do nascimento, todos crescemos em 
altura (e peso!). O desenvolvimento está relacionado à questão de habilidades cog-
nitivas, motoras etc. A estatura da criança não me diz sobre o desenvolvimento em 
termos cognitivo, afetivo. Na economia, é mais ou menos assim, o crescimento dela 
não garante que cada habitante receba parte do aumento da riqueza. Daí o conceito 
de desenvolvimento econômico. Ele é mais amplo e está relacionado ao aumento da 
capacidade produtiva do país, mas com melhorias no padrão de vida da população 
e com alterações fundamentais na sua estrutura. Trata-se de um fenômeno de lon-
go prazo, provocando o fortalecimento da economia nacional, caracterizado por 
uma distribuição mais equitativa da renda, a ampliação da economia de mercado, 
a elevação geral da produtividade e do nível do bem-estar da população, com a 
preservação do meio ambiente.
Trevisan e Requena (2019) apresentam que, desde a década de 60, o PIB per 
capita foi adotado como uma proxy da medida ideal da riqueza de um país. Essa 
medida, entretanto, teve sua aplicabilidade gradualmente questionada, pois não 
representa o caráter da distribuição da renda no país. Por conseguinte, outras 
medidas foram criadas para demonstrar a concentração de renda de uma nação, 
dentre as quais merecem destaque o Índice de Gini.
O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação de liberdade: 
pobreza e tirania, carência de oportunidades econômicas e destituição social sistemática, 
negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de Estados re-
pressivos. A despeito de aumentos sem precedentes na opulência global, o mundo atual 
nega liberdades elementares à boa parte das pessoas.
(Amartya Sen)
PENSANDO JUNTOS
UNIDADE 1
38
Por meio do Coeficiente de Gini, é possível apreender o grau de concentração 
de renda na população de um país. Gini é o nome do criador desse mecanismo, o 
estatístico italiano Corrado Gini. O indicador desenvolvido varia de 0 a 1.
1,00 - Total concentração da renda
Alta concentração da renda
0,50 - Média concentração da renda
Baixa concentração da renda
0,00 - Total igualdade da renda
Figura 11 - Escala do Coeficiente de Gini / Fonte: Ferreira (2015, p. 35).
Descrição da Imagem: o Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Corrado Gini, é um instrumento 
para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os 
rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam 
de zero a cem).
Como entender o coeficiente de Gini?
O valor 0 indica que a renda é distribuída de maneira igual entre toda a população, ou 
seja, nenhum habitante recebe nem um centavo a mais do que outro. No lado extremo, 
quando o valor é igual a 1, apenas uma pessoa de toda a população detém toda a renda.
Logo, os valores mais próximos a zero são preferíveis a valores próximos a 1, pois quanto 
mais bem distribuída a renda em uma sociedade, melhor o nível de acesso às oportunida-
des de crescimento pessoal por parte dessa população.
EXPLORANDO IDEIAS
UNICESUMAR
39
No Quadro 1, você observa um ranking dos países em termos de IDH e Índice 
de Gini em 2019. A Noruega está em primeiro lugar, apresentando um índice de 
desenvolvimento humano próximo a 1 (0,954). O Brasil em 2019 ocupava a 79º 
posição no ranking.
Ranking IDH País IDH Índice Gini (x100)
1º Noruega 0,954 27,5
2º Suíça 0,946 32,3
3º Irlanda 0,942 31,8
4º Alemanha 0,939 31,7
6º Islândia 0,938 27,8
10º Países Baixos 0,933 28,2
11º Dinamarca 0,930 28,2
12º Finlândia 0,925 27,1
15º Estados Unidos 0,920 41,5
17º Bélgica 0,919 27,7
24º Eslovênia 0,902 25,4
40º Portugal 0,850 35,5
42º Chile 0,847 46,6
65º Irã 0,797 40,0
76º México 0,767 43,4
79º Brasil 0,761 53,3
85º China 0,758 38,6
Quadro 1 - Ranking mundial Índice de Gini / Fonte: Conceição (2019, p. 314).
Descrição da Imagem: o Quadro 1 apresenta o ranking mundial de índice de Gini. Os três primeiros do 
ranking constam a Noruega em primeiro lugar com 0,954 (IDH) e 27,5 (Índice de Gini em 100x), seguido 
do segundo lugar a Suíça, 0,946 (IDH) e 32,3 (Índice de Gini em 100x) e, em terceiro lugar, a Irlanda com 
0,942 (IDH) e 31,8 (Índice de Gini em 100x). Em quarto lugar, a Alemanha com 0,939 (IDH) e 31,7 (Índice de 
UNIDADE 1
40
Ferreira (2015) nos ensina que o desenvolvimento econômico é um processo 
que associa o crescimento da economia de um país ao progresso social de sua 
população; de tal forma, associa-se não apenas à melhora do PIB ou da renda per 
capita, mas também a outros fatores qualitativos, como a expectativa de vida ao 
nascer, o nível de escolaridade da população e o grau de concentração de renda.
Ainda que sejam coisas diferentes, é muito difícil haver desenvolvimento 
sem crescimento econômico, a menos que o país tenha uma elevada renda muito 
concentrada e ela seja redistribuída de modo mais equitativo, enquanto ocorrem 
melhorias nas condições de vida da população que elevem sua longevidade e suas 
condições de escolaridade. Para melhorar suas condições de desenvolvimento 
econômico, os países devem elevar seu crescimento econômico. Este é o elemento 
necessário, mas não suficiente. É necessário que o crescimento seja bem melhor 
distribuído entre a população e impacte positivamente a expectativa de vida e o 
nível de escolaridade de sua população. 
Essa temática não fica completa se não falarmos do economista indiano 
Amartya Sen. Ele recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1998 por sua con-
tribuição às teorias da escolha social e do bem-estar social. Publicou a obra De-
senvolvimento como Liberdade, que marca as bases conceituais da construção 
do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).Para ele:
 “ [...] o desenvolvimento pode ser visto como um processo de expansão 
das liberdades reais que as pessoas desfrutam. O enfoque nas liberda-
des humanas contrasta com visões mais restritas de desenvolvimento, 
como as que identificam desenvolvimento com crescimento do Pro-
duto Nacional Bruto (PNB), aumento de rendas pessoais, industriali-
zação, avanço tecnológico ou modernização social (SEN, 2010, p. 17).
Gini em 100x); em sexto lugar, vem a Islândia com 0,938 (IDH) e 27,8 (índice de Gini em 100x). Na décima 
posição, temos os Países Baixos com 0,933 (IDH) e 28,2 (índice de Gini em 100x), em décimo primeiro, a 
Dinamarca com 0,930 (IDH) e 28,2 (índice de Gini em 100x), em décimo segundo, a Finlândia com 0,925 
(IDH) e 27,1 (Índice de Gini em 100x). Já em décimo quinto, os Estados Unidos com 0,920 (IDH) e 41,5 (índice 
de Gini em 100x) e logo em seguida com décimo sétimo lugar a Bélgica com 0,919 (IDH) e 27,7 (índice de 
Gini em 100x); a Eslovênia com 0,902 (IDH) e 25,4 (índice de Gini em 100x) está em vigésimo quarto lugar. 
Portugal encara o quadragésimo lugar com 0,850 (IDH) e 35,5 (índice de Gini em 100x); enquanto o Chile, 
em quadragésimo segundo lugar com 0,847 (IDH) e 46,6 (índice de Gini em 100x). O sexagésimo quinto 
lugar fica por conta do Irã com 0,797 (IDH) e 40,0 (índice de Gini em 100x); na septuagésima sexta posição 
do ranking vem o México com 0,767 (IDH) e 43,4 (índice de Gini em 100x), e logo aparece o Brasil com a 
septuagésima nona posição do ranking com 0,761 (IDH) e 53,3 (índice de Gini em 100x) e finalizamos com 
a China na octogésima quinta posição com 0,758 (IDH) e 38,6 (índice de Gini em 100x).
UNICESUMAR
41
Apesar da “opulência sem precedentes” como Sen (2010, p. 9) apresenta, o mundo 
vive igualmente uma privação, destituição e opressão extraordinárias, em que 
“existem problemas novos convivendo com antigos” – a persistência da pobreza 
e de necessidades essenciais não satisfeitas, fomes coletivas e fome crônica muito 
disseminadas. Para o pensador, superar esse problema é parte central do processo 
de desenvolvimento.
O destacado economista colaborou com o colega de profissão paquistanês 
Mahbub ul Haq e, em 1990, foi criado o Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH), um padrão de medida comparativa que engloba três dimensões: riqueza, 
educação e esperança média de vida. O modelo foi incorporado pelo Programa 
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que, a partir de 1993, pas-
sou a incluí-lo no seu relatório anual. Por incrível que possa parecer, há apenas 30 
anos reconhecemos que o grau de desenvolvimento dos países não cabia apenas 
em parâmetros econômicos, como o crescimento e o tamanho do Produto In-
terno Bruto (PIB). O grandioso trabalho desenvolvido contribuiu com a ciência 
econômica e, por assim dizer, deixou seu legado, à medida que se trata de um 
indicador que serve para acompanhar a evolução do desenvolvimento de uma 
economia, bem como comparar esse desenvolvimento com o de outras econo-
mias. O IDH é composto por três partes:
1. Renda per capita;
2. Escolaridade;
3. Longevidade. 
Embora o IDH apresente problemas, uma vez que tenta sistematizar em um único 
indicador a situação de desenvolvimento dos países e alguns aspectos não sejam 
capturados, como o grau de participação política, a sustentabilidade ambien-
tal e o nível de satisfação ou felicidade da população, ele é o melhor indicador 
existente para evidenciar o nível de desenvolvimento humano de um país, bem 
como para direcionar políticas públicas e avaliar seus impactos para a melhoria 
das condições sociais.
Estimada aluna, estimado aluno, aproveitando aqui a oportunidade, caso não 
conheça, apresento uma importante passagem do livro Economia: Modo de usar 
um guia dos principais conceitos econômicos (2015) escrito pelo economista sul-
-coreano Ha-Joon Chang, professor da Universidade de Cambridge. Ele é conside-
http://pt.wikipedia.org/wiki/Riqueza
http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esperan%C3%A7a_m%C3%A9dia_de_vida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_para_o_Desenvolvimento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_para_o_Desenvolvimento
UNIDADE 1
42
rado um dos mais proeminentes economistas heterodoxos da atualidade. Conhe-
cido por ser um crítico do liberalismo econômico, Chang tem muito a nos ensinar 
sobre os problemas do capitalismo, em especial aqui a questão da desigualdade:
 “ A pobreza e a desigualdade estão presentes em toda parte, de ma-
neira perturbadora. Uma em cada cinco pessoas no mundo ainda 
vive em pobreza absoluta. Mesmo em diversos países ricos, como 
Estados Unidos e Japão, uma em cada seis pessoas vive na pobreza 
(relativa). Exceto por um punhado de países na Europa, a desigual-
dade de renda varia entre preocupante e chocante. Um número 
excessivo de pessoas aceita a pobreza e a desigualdade como re-
sultados inevitáveis de diferenças naturais nas capacidades entre 
os indivíduos. Dizem que devemos conviver com essas realidades 
do mesmo modo como o fazemos com terremotos e vulcões. Mas, 
como vimos neste capítulo, isso está sujeito à intervenção humana. 
Dada a alta desigualdade em muitos países pobres, a pobreza ab-
soluta (e a pobreza relativa) pode ser reduzida sem um aumento 
na produção se houver redistribuição adequada de renda. A longo 
prazo, porém, uma redução significativa da pobreza absoluta exige 
desenvolvimento econômico, como se viu na China nos últimos 
anos. Os países ricos podem ter se livrado virtualmente da pobreza 
absoluta, mas alguns deles sofrem com altas taxas de pobreza rela-
tiva e de alta desigualdade. O fato de que taxas de pobreza relativas 
(5% a 20%) e coeficientes de Gini (0,2 a 0,5) variam de modo amplo 
entre esses países sugere que os mais desiguais e com maior número 
de pobres, como os Estados Unidos, podem reduzir de maneira sig-
nificativa a desigualdade e a pobreza por meio de intervenção públi-
ca. Saber quem será pobre também depende muito da intervenção 
pública. Até mesmo para permitir que as pessoas saiam da pobreza 
através de seus próprios esforços, precisamos oferecer condições 
mais igualitárias na infância (por meio da oferta de melhor previ-
dência e educação), aprimorar o acesso a empregos para as pessoas 
pobres (reduzindo a discriminação e o “espírito de clube” no topo) 
e impedir que os ricos e poderosos fraudem mercados. Na Coreia 
pré-industrial costumava-se dizer que “mesmo o poderoso rei não 
tem como fazer nada contra a pobreza”. Isso não é mais verdade, 
ainda que fosse na época. O mundo hoje produz o suficiente para 
UNICESUMAR
43
eliminar a pobreza absoluta. Mesmo sem redistribuição mundial 
de renda, todos os países exceto os mais pobres também produzem 
o necessário para isso. A desigualdade sempre existirá, mas com 
políticas adequadas nós podemos viver em sociedades bastante 
igualitárias, como muitos noruegueses, finlandeses, suecos e dina-
marqueses diriam a você (CHANG, 2015, p. 312).
A abordagem de Chang não infere que o capitalismo seja um sistema que só 
funciona com base na ganância de todos, o funcionamento eficiente da economia 
capitalista, conforme Sen (2010, p. 334), depende de poderosos sistemas de va-
lores e normas. Não se deve subestimar as formidáveis realizações desse sistema. 
No entanto, a ética capitalista, apesar da sua eficácia é, na verdade, limitada em 
alguns aspectos, ligados particularmente a questões de desigualdade econômica, 
assim como proteção ambiental e necessidade de diferentes tipos de cooperação 
que atuem externamente ao mercado. 
Realizar políticas econômicas de desenvolvimento perpassa admitir a sin-
gularidade de cada país na adoção das medidas criativas em busca de alcançar 
o bem-estar social. Não há necessidade de estabelecer padrões de outros países, 
mas sim, implica em uma forma criativa de provocar impactos sobre o cresci-
mento da economia, pois, para haver desenvolvimento, deve haver o crescimento 
econômico.É, portanto, oportunizar um conjunto de políticas para melhorar a 
distribuição de renda, evitando-se que o crescimento econômico se concentre 
em uma pequena parcela da população e impeça o desenvolvimento.
Quem discute a importância de um sistema de saúde acessível, estruturado? 
É fato inegociável, não é mesmo? Até porque a pandemia nos revelou que, entre 
economia e saúde, a vida humana é soberana, portanto, a saúde é prioridade. E 
o papel da ciência, da pesquisa? Fundamentais! Temos visto isso nesses tempos 
atípicos. Dessa maneira, encaixo aqui a noção de que investir em educação, que 
perpassa a questão científica, é também inquestionável. Esses são exemplos de 
políticas de desenvolvimento, à medida que incentivam e possibilitam melhorias 
às condições de acesso à educação e ao sistema de saúde, permitindo avanços con-
tinuados nos níveis de escolaridade e de longevidade dos habitantes de um país. 
Nesse sentido, a economista Monica de Bolle (2020), em seu livro Pilha de 
Areia, escreve abordando a Ruptura a partir do cenário econômico advindo 
com a pandemia. No entanto, as medidas que ela nos apresenta são políticas 
que mesmo sem esse panorama são urgentes para o caso brasileiro, no que diz 
UNIDADE 1
44
respeito aos tributos. A primeira delas é remunerar os dividendos. Para a au-
tora, é fundamental essa medida para contribuir com a equidade de renda. A 
segunda é que, hoje, as isenções de tributação sobre dividendos e de juros sobre 
o capital próprio não são tratadas como renúncia fiscal, quer dizer, quando há 
essas isenções elas não são tratadas como um imposto que se deixou de pagar. 
Trata-se apenas de algo que não se paga. Então, o que precisa acontecer de ime-
diato é uma reinterpretação da isenção de dividendos e das isenções de juros 
sobre capital próprio para que estas possam ser enquadradas como renúncia 
fiscal pelo artigo 14, da Lei de Responsabilidade Fiscal. Segundo a autora, ao 
enquadrá-las abre-se espaço para que o governo federal possa reduzir o escopo 
dessas isenções, o que significa que ele pode passar a utilizar tais recursos tam-
bém no combate à pandemia, por exemplo. Ainda, ela sugere um terceiro tópico 
de medidas, também apresentado com outra abordagem (mundial) por Thomas 
Piketty na sua obra O capital no século XXI, a inversão da pirâmide tributária 
no Brasil. A pirâmide tributária no Brasil está desenhada na Figura 12. Na base 
da pirâmide, está quem é tributado mais e no topo é tributado menos. No topo, 
estão a renda e patrimônio; embaixo, consumo e produção.
RENDA E
PATRIMÔNIO
PRODUÇÃO
CONSUMO
Figura 12 - Pirâmide tributária no Brasil atual / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a Figura 12 apresenta a pirâmide tributária no Brasil atual. Uma pirâmide que 
tem como base o consumo, acima a produção e na ponta dela a renda e o patrimônio. A tributação tem 
prejudicado, pois incide sobre a base que é o consumo.
UNICESUMAR
45
Essa pirâmide tributária é extremamente prejudicial para a produtividade da 
economia brasileira, sobretudo nesse momento de crise. Por quê? Porque ao 
tributar mais consumo e produção, você está tributando os setores que hoje 
vão sofrer mais com a parada súbita da economia no país. Portanto, a autora 
nos convida a refletir sobre a inversão dessa pirâmide. 
Os países avançados têm uma pirâmide que é mais ou menos assim (Figura 13):
RENDA + PATRIMÔNIO
PRODUÇÃO
CONSUMO
Figura 13 - Pirâmide tributária de países avançados / Fonte: a autora.
Temos a renda e o patrimônio em cima, sendo tributados um pouco menos. A 
produção aparece no meio, sendo tributada um pouco mais. E o consumo está 
em baixo, tendo a maior tributação de todas. No Brasil, o que precisamos fazer 
é o seguinte (Figura 14):
Descrição da Imagem: a Figura 13 apresenta a Pirâmide tributária de países avançados. A base da pirâ-
mide é a renda e patrimônio e o topo o consumo. Em países avançados, o consumo é menos tributado 
comparado à incidência de tributos na renda e patrimônio.
UNIDADE 1
46
RENDA + PATRIMÔNIO
CONSUMO
PRODUÇÃO
CONSUMO
REDUZIR
RENDA + PATRIMÔNIO
Figura 14 - Uma alternativa de pirâmide tributária para o Brasil / Fonte: a autora.
Passar a tributar muito mais a renda e patrimônio. Tributar a produção, sim. 
Alguns impostos são mantidos, mas a maior parte desse ônus é passada para 
a renda e o patrimônio, especialmente de forma progressiva, para as pessoas 
que têm maior renda e patrimônio. E, por fim, tributa-se o consumo. Isso re-
quer, obviamente, amiga leitora, amigo leitor, uma reforma tributária. Como 
as políticas de desenvolvimento são de responsabilidade essencial do Estado, 
é por meio da justiça tributária e da eficácia na aplicação dos impostos que os 
governos devem procurar executá-las. 
Agora, tendo em vista que o crescimento econômico é um fator chave para 
a promoção do desenvolvimento, vamos nos concentrar no entendimento das 
trajetórias de crescimento das economias e nas políticas governamentais de ex-
pansão econômica. As principais políticas de crescimento econômico se concen-
tram na estrutura produtiva do país; são os programas públicos que estimulam o 
crescimento no número de empresas em determinadas atividades econômicas, 
promovem a elevação da qualidade da produção e traçam metas para exporta-
ções. O sucesso dessas políticas possibilita que se estabeleçam setores produtivos 
e até mesmo uma matriz industrial completa, desde as indústrias de matérias-
Descrição da Imagem: a Figura 14 apresenta uma alternativa de pirâmide tributária para o Brasil. Na 
base da pirâmide, está a renda e o patrimônio, indicando que esses elementos passam a ser itens de 
maior tributação, comparados ao topo da pirâmide que é o consumo.
UNICESUMAR
47
-primas básicas, de máquinas e equipamentos, de bens de consumo duráveis e 
não duráveis, até uma variada gama de serviços.
Segundo Rostow (1971), alguns países passaram por etapas bem definidas 
de crescimento econômico, partindo de um estágio de produção de subsistência 
sem geração de sobras para trocas, passando por um estágio em que a espe-
cialização da produção gerava excedentes para as trocas e dessa especialização 
começaram a desenvolver as pequenas fábricas e depois a indústria, que permi-
tiu o consumo de massa e gerou renda para a proliferação das mais diferentes 
atividades de serviços na economia.
Perceba que as definidas etapas de crescimento (Quadro 2) apresentam de 
modo linear um processo histórico, com o ritmo do progresso econômico deter-
minado em função da capacidade de produzir, poupar e direcionar os recursos 
poupados para novos investimentos que gerem mais produção no futuro.
Classificação das etapas Descrição do processo de crescimento
Economias Primitivas
Nessa etapa, havia atividades de explo-
ração extrativista e, por meio do desen-
volvimento da agricultura, iniciou-se o 
processo de geração de excedentes, 
poupanças sob a forma de mercadorias, 
que permitiram o crescimento da acumu-
lação de riquezas e o início das atividades 
de trocas. Predominante até o século V.
Economias Mercantilistas
As principais atividades econômicas se 
concentravam nas atividades que pu-
dessem gerar excedentes para a comer-
cialização, interna ou internacional. o 
processo se iniciou pela exploração de 
recursos naturais e bens agrícolas e, por 
meio do florescimento das manufaturas 
nas principais economias da Europa da 
época, cresceu com a comercialização de 
bens manufaturados. predominou entre 
os séculos VI e XVII.
UNIDADE 1
48
Economias Industriais
O crescimento da economia é fundamen-
talmente impulsionado pela indústria em 
um estágio evolutivo que parte das ma-
nufaturas tradicionais têxteis, de madeira 
e alimentos, transitando para as indús-
trias de bens de consumo duráveis e, por 
fim, estabelecendo as indústrias pesadas 
de siderurgia, química e metalurgia.
Economias de Serviços
As economias desenvolvidas e aquelas 
com estágios de desenvolvimento avan-
çados têm as atividades terciárias (de 
serviço e comércio) como aquelasque 
geram maior renda na economia. Atual-
mente, cerca de 65% do PIB do Brasil é 
gerado pelos serviços e pelo comércio, 
cerca de 30% pelas indústrias e apenas 
5% pelas atividades agropecuárias e 
extrativistas.
Quadro 2 - Etapas clássicas do crescimento econômico
Fonte: Rostow (1971 apud FERREIRA, 2015, p. 39).
Descrição da Imagem: o Quadro 2 apresenta as etapas clássicas do crescimento econômico, classificadas 
em economias primitivas, mercantilistas, industriais e de serviços. Iniciamos com as economias primitivas: 
nessa etapa, havia atividades de exploração extrativista e, por meio do desenvolvimento da agricultura, 
iniciou-se o processo de geração de excedentes, poupanças sob a forma de mercadorias, que permitiram 
o crescimento da acumulação de riquezas e o início das atividades de trocas. Predominante até o século 
V. Depois vem as economias mercantilistas que são as principais atividades econômicas. Estas se concen-
travam nas atividades que pudessem gerar excedentes para a comercialização, interna ou internacional. 
O processo se iniciou pela exploração de recursos naturais e bens agrícolas e, por meio do florescimento 
das manufaturas nas principais economias da Europa da época, cresceu com a comercialização de bens 
manufaturados que predominou entre os séculos VI e XVII. Logo após, temos as economias industriais: 
nesta etapa o crescimento da economia é fundamentalmente impulsionado pela indústria em um estágio 
evolutivo que parte das manufaturas tradicionais têxteis, de madeira e alimentos, transitando para as 
indústrias de bens de consumo duráveis e, por fim, estabelecendo as indústrias pesadas de siderurgia, 
química e metalurgia. E por último, as economias de serviços. Estas são as economias desenvolvidas, e 
aquelas com estágios de desenvolvimento avançados têm as atividades terciárias (de serviço e comércio) 
como aquelas que geram maior renda na economia. Atualmente, cerca de 65% do PIB do Brasil é gerado 
pelos serviços e pelo comércio, cerca de 30% pelas indústrias e apenas 5% pelas atividades agropecuárias 
e extrativistas.
UNICESUMAR
49
É possível notar a cronologia do processo histórico, conferindo uma linearidade 
às etapas de crescimento apresentadas, com o ritmo do progresso econômico 
determinado em função da capacidade de produzir, poupar e direcionar os re-
cursos poupados para novos investimentos que gerem mais produções futuras.
Neste ponto da discussão, o papel do Estado é fundamental, haja vista as 
políticas de crescimento serem controversas. Muitas economias tiveram sucesso 
em promover o crescimento e o desenvolvimento econômico com as políticas 
estruturadas para implantar a industrialização e, em alguma medida, todas as eco-
nomias que buscam o desenvolvimento têm no Estado o coordenador de ações 
diretas com o fim de promover o crescimento e por meio dele galgar padrões de 
desenvolvimento econômico e social.
Nesse contexto, o economista alemão do século XIX Friedrich List (1789-1846) 
geralmente é considerado o pai do argumento da indústria nascente, ou seja, que, 
em face dos países desenvolvidos, os mais atrasados não conseguem desenvolver 
novas indústrias sem a intervenção do Estado, principalmente por meio de tarifas 
protecionistas. Sua obra principal, The National System of Political Economy [O 
sistema nacional da economia política] foi publicado pela primeira vez em 1841. 
List (1885 apud CHANG, 2004, p. 15) apresenta:
UNIDADE 1
50
 “ [T]endo atingido certo grau de desenvolvimento por meio do livre-
-comércio, os grandes monarcas (da Grã-Bretanha) perceberam que 
não se podia obter um alto grau de civilização, poder e riqueza sem 
uma combinação de manufatura, comércio e agricultura. Deram-se 
conta de que a recém-criada indústria nacional não teria chance de 
sucesso em livre concorrência com as estrangeiras, estabelecidas 
havia muito mais tempo (as italianas, as hanseáticas, as belgas e as 
holandesas)... Portanto, mediante um sistema de restrições, privi-
légios e incentivos, trataram de transplantar para o solo nacional a 
riqueza, o talento e o espírito empreendedor dos estrangeiros.
 Eis uma caracterização do desenvolvimento industrial inglês fundamentalmente 
oposta à imagem predominante da Grã-Bretanha, a de uma destemida economia 
de comércio e mercado livres. Pontualmente as restrições, as barreiras foram im-
postas pelo Estado, na economia berço do capitalismo que gerou os tempos atuais.
Para os economistas liberais, como Milton Friedman (1912-2006) e Paul 
Samuelson (1915-2009), o Estado deve ser apenas o agente disciplinador da 
conduta dos agentes econômicos, para garantir as igualdades de condições de 
concorrência e promover um ambiente econômico favorável ao florescimento 
das atividades produtivas e de distribuição da riqueza.
Fonte: Wikipedia (2004, on-line) e Wikipedia (2009, on-line).
 Milton Friedman (1912-2006) Paul Samuelson (1915-2009)
UNICESUMAR
51
Ao considerar os princípios liberais, não é recomendável ao Estado um papel 
ativo para promover o desenvolvimento das economias, pois os agentes pri-
vados, por meio das interações nos mercados, têm capacidade para direcionar 
de modo mais eficiente a aplicação dos escassos recursos para satisfazer as 
necessidades ilimitadas da sociedade.
Inicialmente, as políticas beneficiam setores intensivos em mão de obra que pro-
duzem bens tradicionais, como tecidos, roupas e calçados. Dada a enorme oferta 
de trabalho e os baixos salários, os produtos podem ser fabricados a custos bem 
baixos e vendidos a preços muito competitivos nos mercados externos. Assim, 
rapidamente, esses países inundam os mercados externos com esses produtos.
Quando o fator competitivo de trabalho começa a ficar escasso e mais custoso, 
o governo redireciona o estímulo para as atividades exportadoras intensivas em 
capital, como a metalurgia, de bens de consumo duráveis e bens de capital. Desse 
modo, os países começam a mudar o perfil de suas exportações para produtos com 
maior valor agregado que disputam mercados com similares de marcas tradicionais.
Inicialmente, os produtos são reconhecidos como de qualidade duvidosa, 
mas, como são baratos, conseguem ser bastante vendidos em mercados nos quais 
o preço é fundamental para competir. Com o tempo, os produtos melhoram 
Então, conforme os preceitos liberais mais radicais, a intervenção do Estado não traria o 
desenvolvimento, mas o atraso econômico, pois distorce as razões econômicas para os 
investimentos privados, favorecendo o crescimento dos setores errados segundo a lógica 
da eficiência econômica. 
Os exemplos mais claros do sucesso da atuação do Estado na economia para promo-
ver o crescimento econômico são a Coreia do Sul, que cresceu muito a partir dos anos 
70, aumentando suas exportações, e o Brasil, que adotou na mesma época uma rota de 
crescimento econômico voltado para a expansão do seu mercado interno. Essas foram as 
duas políticas de desenvolvimento mais adotadas no mundo no século XX – o crescimento 
orientado para fora e o crescimento orientado para dentro.
O crescimento econômico orientado para fora, que tem na Coreia do Sul e na China seus 
principais exemplos, é uma política de governo que direciona recursos para promover 
o crescimento de atividades econômicas com potencial de exportação. As políticas têm 
fases bem distintas até que os países sejam grandes exportadores de bens de tecnologia.
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 1
52
a qualidade aproveitando-se da curva de aprendizado e dos investimentos em 
melhorias de processos produtivos; com maior escala, esse aumento de qualidade 
permite melhorar a competitividade externa.
A terceira etapa da política orientada para fora é redirecionar os incentivos 
para exportação de bens de tecnologia. Nessa etapa, as empresas que são benefi-
ciadas pelos pacotes de incentivos são obrigadas a cumprir metas de exportação de 
produtos de média e de alta tecnologia para manter os benefícios dos programas.
As políticas de crescimento orientado para forapermitem encurtar o tempo 
das etapas clássicas de Rostow (1971) e, como as diretrizes das políticas são vin-
culadas a metas de exportações, obrigam as empresas a maximizar a utilização 
dos recursos oferecidos pelas políticas de crescimento do governo para produzir 
bens com alta capacidade de competição no mercado externo; logo, permitem 
melhorar a qualidade e baixar os custos de produção no país. Outra grande van-
tagem das políticas de crescimento orientado para fora é que formam grandes 
empresas nacionais para atuarem nos principais ramos de atividades econômicas; 
evita-se, assim, a dependência do capital produtivo internacional, uma vez que 
o crescimento das empresas nacionais não gera crescentes remessas de lucro ao 
exterior para remunerar os proprietários das empresas multinacionais, e os lucros 
retidos no país se convertem em recursos para mais investimentos e crescimento.
NOVAS DESCOBERTAS
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou um estudo por meio 
da Nota Econômica, em 2019, apresentando uma relação entre Brasil e Co-
reia do Sul, em termos de produtividade, nos últimos 40 anos. De acordo 
com o trabalho, em 1980, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil 
equivalia a 39% do PIB per capita dos Estados Unidos, enquanto que o da Coreia do Sul 
representava 17,5% do norte-americano. “Quase quatro décadas depois (38 anos), o PIB 
da Coreia do Sul passou a representar 66% do PIB estadunidense, enquanto que o do 
Brasil representa 25,8%”, diz o estudo. Outro dado pertinente é o salário real médio do 
trabalhador sul-coreano, que aumentou 4,3% ao ano entre 2000 e 2018, enquanto o Brasil 
registrou média de crescimento de apenas 0,3% no mesmo período. O trabalhador sul-co-
reano, face à política econômica, teve seu salário real médio industrial mais que duplicado 
desde 2000, enquanto o trabalhador brasileiro teve um ínfimo crescimento.
Veja o gráfico de razão entre o PIB x PPP per capita do país e o dos Estados Unidos
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6266
UNICESUMAR
53
Na avaliação da CNI (2019), o aumento da produtividade foi um dos principais 
fatores que contribuíram para o desempenho da economia sul-coreana e a me-
lhoria do bem-estar dos seus cidadãos. Prova disso é que, entre 2000 e 2018, a 
produtividade do trabalho na indústria sul-coreana cresceu, em média, 4,3% ao 
ano, o mesmo nível de incremento dos salários naquele país. No Brasil, a pro-
dutividade do trabalho na indústria cresceu 0,7% em média ao ano entre 2000 e 
2018, menos de dois décimos do crescimento da produtividade na Coreia do Sul. 
Ferreira (2015) afirma que o ritmo do crescimento mundial é fator funda-
mental para uma política de crescimento, orientado para fora, funcionar. Pois, no 
caso da Coreia do Sul, por exemplo, como grande parte do setor produtivo de 
uma economia orientada para fora emprega fatores de produção para fabricar 
bens para exportação, uma pequena queda das vendas externas pode gerar que-
das de emprego e renda na economia, afetando o crescimento de outros setores 
que produzem para atender aos consumidores internos que se empregam nos 
setores exportadores.
Alguns países, entre eles o Brasil, a Índia e a Argentina, decidiram promover 
um processo de crescimento orientado para o mercado interno com a capacidade 
de absorver uma quantidade crescente de produção nas atividades produtivas. 
As políticas de crescimento orientado para dentro preveem a implantação 
de uma matriz industrial completa, partindo das indústrias de base, como a si-
derurgia e a indústria química, a partir delas a metalurgia e a indústria plástica, 
de corantes, solventes, passando para a indústria de máquinas e equipamentos e 
finalizando nas indústrias de bens de consumo duráveis e não duráveis.
O processo de industrialização, por exigir elevados gastos em investimentos 
em novas fábricas de diversos setores, por si só geraria empregos e renda para 
estimular a produção interna nos setores de bens de consumo duráveis e não 
duráveis. Assim, o próprio mercado interno seria ampliado como resultado da 
política de industrialização, e o país não precisaria contar com o mercado externo 
para garantir compradores para dar escala de operação para as novas empresas.
Países com grandes contingentes populacionais, como o Brasil e a Índia, pode-
riam contar com sua população, à medida que ela se integrasse com as atividades 
produtivas e começasse a receber rendas, como demanda interna, pois com grandes 
populações o mercado interno seria grande o suficiente para garantir a viabilidade 
das empresas que surgiriam da política de crescimento orientado para dentro.
UNIDADE 1
54
outra solução
Abertura das economias
para o estrangeiro. 
Escassez de poupança interna
para fomentar as empresas nacionais
privadas ou públicas
Falta de capital �nanceiro para
�nanciar os enormes investimentos 
para a implantação de tantas 
empresas em tantos setores
diferentes
Tomar de empréstimos 
internacionais para que 
o governo investisse 
em empresas
públicas
Endividamento
externo por conta dos
grandes empréstimos
internacionais
Problemas das políticas de crescimento
orientado para fora.
Figura 15 - Problemas do crescimento orientado para fora / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a Figura 15 apresenta um esquema das desvantagens de crescimento orientado 
para fora. Neste fluxograma, existe um topo onde estão os problemas das políticas de crescimento orienta-
do para fora. E abrem-se duas notas. Uma nota (esquerda) que é a falta de capital financeiro para financiar 
os enormes investimentos para a implantação de tantas empresas em tantos setores diferentes; e a nota 
(direita) que é a escassez de poupança interna para fomentar as empresas nacionais privadas ou públicas. 
Nessa nota (esquerda), liga um losango que são as grandes tomadas de empréstimos internacionais para 
que o governo investisse em empresas públicas e, neste mesmo losango, abre-se uma seta que busca 
outra solução em outro losango como uma abertura das economias para o estrangeiro. Na nota (direita), 
liga outro losango e este é o endividamento externo por conta dos grandes empréstimos internacionais.
UNICESUMAR
55
O fluxograma contribui para a visualização de que dois grandes pro-
blemas sempre atrapalharam o processo de desenvolvimento econô-
mico nos países que optaram por essa política. O primeiro foi a falta 
de capital financeiro para financiar os enormes investimentos para a 
implantação de tantas empresas em tantos setores diferentes, proble-
ma que foi solucionado de duas formas. A primeira solução foi tomar 
grandes empréstimos internacionais para que o governo investisse 
em empresas públicas ou financiasse empreendimentos privados 
com juros baixos. A outra solução foi abrir as economias para que o 
capital estrangeiro investisse internamente; assim grupos multina-
cionais de vários setores, principalmente setores de alta tecnologia e 
capital, como automotivo, material de transporte, eletroeletrônico e 
químico, implantaram nesses países suas filiais ou subsidiárias, au-
xiliando os governos locais em suas políticas desenvolvimentistas.
A solução para o outro problema, a escassez de poupança 
interna para fomentar as empresas nacionais privadas ou pú-
blicas, foi tomar grandes empréstimos internacionais, opção 
que provocou graves problemas de endividamento externo aos 
países. Ocorre que, em momentos de crise econômica, como a 
ocorrida no final dos anos 70, todas as economias do mundo 
foram afetadas negativamente, mas mais profundamente aquelas 
com grandes dívidas externas e baixa capacidade de exportar 
para produzir saldos comerciais. 
Por outro lado, ao chamarem as empresas estrangeiras para 
implantar setores industriais inteiros, sendo eles invariavelmente 
os mais dinâmicos e tecnologicamente avançados da indústria, os 
governos impedem a formação de grupos nacionais nesses setores, 
gerando uma dependência tecnológica e de estratégia comercial 
com empresas de outros países.
O ponto críticose dá quando as empresas multinacionais estabe-
lecidas no país começam a ter lucros em suas operações. Inicia-se um 
processo contínuo de remessa de lucros ao exterior e, assim, retira-se 
uma parte do potencial de reinvestimentos que poderiam elevar a 
capacidade de produzir internamente, para melhorar a qualidade 
dos produtos e a capacidade de concorrer no mercado internacional.
UNIDADE 1
56
Crescimento do PIB
Brasil China
2018
20162016
2014
2012
2010
2008
2006
2004
2002
2000
1998
1996
1994
1992
19901990
-5 0 5 10 15
Figura 16 - Gráfico (c): Crescimento do PIB Brasil x China / Fonte: a autora.
No Gráfico (c), é feito um comparativo do crescimento do PIB da China com re-
lação ao Brasil. É possível perceber que a velocidade de crescimento da economia 
chinesa é mais significativa que a do nosso país. 
A estratégia de crescimento orientada para dentro tem as vantagens de isolar a 
economia dos movimentos mais agudos das economias do resto do mundo; logo, 
grandes crises externas não afetam consideravelmente o emprego, a produção e 
a geração de renda interna. Entretanto, essas economias mais isoladas também 
não conseguem aproveitar-se do crescimento do resto do mundo para estimular 
o próprio crescimento.
Descrição da Imagem: a Figura 16 apresenta o Gráfico (c) com o Crescimento do PIB Brasil x China. O 
gráfico de barras compara o crescimento do PIB dos países Brasil e China. Em azul (mais à esquerda), os 
dados do PIB brasileiro para os anos pares no período de 1990 até 2018. Na cor laranja (à direita), o PIB 
chinês que cresce de forma mais robusta quando comparado ao Brasil para o mesmo período.
UNICESUMAR
57
Evidencia-se a importância do crescimento econômico para o desenvolvi-
mento econômico e social de um país. Contudo, crescimento per se não é sufi-
ciente, pois um Produto Interno Bruto (PIB) ou uma renda per capita maior não 
garante sua boa distribuição entre os habitantes de um país. 
A literatura sobre as relações entre investimento público, infraestrutura e cresci-
mento é vasta. As evidências apontam que, onde o investimento público é feito, ele 
aparece em geral positivamente, correlacionado com o crescimento. Não é uma 
relação de causalidade, isto é, não se pode dizer que investimento cause cresci-
mento, mas há uma correlação, o que quer dizer que o investimento público está 
positivamente relacionado com o crescimento, pois onde o investimento público 
é implementado, observa-se um crescimento econômico. Portanto, precisamos 
abandonar o derrotismo, uma característica nossa como país e como sociedade e 
que disfarçamos sob conformismos e estereótipos. Muita coisa de fato dá errado 
no país, porém isso não significa que os erros sejam incontornáveis. Uma visão 
mais realista é a de que o país tem potencial, gente capacitada, com muito a ofe-
recer. Portanto, devemos pensar um cenário, a partir da pandemia, por exemplo, 
orientado por políticas de saúde pública, proteção social e infraestrutura profun-
damente relacionada e comprometida com uma agenda ambiental. A pandemia 
trouxe um quadro de rupturas e uma mudança de eixo no mundo e, neste mo-
mento, não é fantasia acreditar que possa haver grande mudança no Brasil. Pode 
ser uma utopia, mas é válida, porque convida a agir para torná-la real. 
NOVAS DESCOBERTAS
Não é tarefa simples entender o Brasil. Então leia Celso Furtado! Nessa 
obra organizada por Rosa Freire d'Aguiar, é possível aprender a partir 
de temas que, justapostos, possibilitam uma visão global da múltipla 
obra do mais importante economista brasileiro (não é só minha opi-
nião! Morreu em 2004, mas sua obra está mais viva do que nunca!) O 
fulcro da obra dele é o subdesenvolvimento. Nosso pensador usou a história 
como principal fonte e instrumento para a compreensão do nosso país. Em 
face do complexo momento econômico internacional, esse material possibilita 
conhecer o pensamento desse homem que soube olhar para as nuances eco-
nômicas do Brasil e revelar a dialética desenvolvimento/subdesenvolvimento.
58
AGORA É COM VOCÊ
No contexto do desenvolvimento social e econômico, há uma série de fatores dinamica-
mente inter-relacionados, de tal forma que alterações de um deles, ou em alguns deles 
simultaneamente, repercutem imediatamente sobre os demais, sendo esta repercussão 
mais do que um simples efeito aditivo, assumindo mesmo um caráter de autorreforço. A 
partir dessa contextualização, desenvolva um mapa mental que aborda a questão da 
saúde enquanto política de desenvolvimento econômico. 
Considere as palavras-chave: Indicadores qualitativos - Interdisciplinaridade - Pessoas - 
Crescimento econômico
59
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
O estudante deve se embasar nos conceitos econômicos e procurar estabelecer uma 
relação entre as palavras-chave sugeridas pela professora. O estudante poderá desenhar 
livremente ou também utilizar da ferramenta disponível para um mapa conceitual:
www.goconqr.com 
Caso o estudante desenhe livremente, a orientação de resposta deve vir semelhante a 
este mapa mental:
http://www.goconqr.com
MEU ESPAÇO
2Política Monetária 
e a Questão 
Inflacionária 
Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
A moeda exerce um papel indiscutível no nosso cotidiano. Historica-
mente, você verá que ela se desloca do conceito metálico a ela ligado, 
perpassa as cédulas e, por assim dizer, o meio circulante de uma 
sociedade, até chegar à noção creditícia. É na caminhada de desen-
volvimento do sistema financeiro que vamos entendê-la enquanto 
protagonista da economia, assumindo as mais diversas funções. As 
modernas atribuições da questão monetária a elevam ao posto de 
instrumento de política econômica para atingir objetivos macroeco-
nômicos. Junto à política fiscal, está essa importante ferramenta da 
Economia, no intuito de ordenar o dia a dia dos agentes econômicos 
para proporcionar a estabilidade econômica.
UNIDADE 2
62
Ensinar por meio de parábolas é, provavelmente, a metodologia mais antiga que 
existe e foi profusamente utilizada pelos Sábios de Israel. É fácil entender essa 
maneira de proporcionar o conhecimento, pois não se aprende a funcionar por 
abstrações. Nesse sentido, a parábola funciona a partir do mundo sensível e é, 
por isso, muito mais fácil de ser guardada, lembrada. É uma forma de aproximar 
o conhecimento (abstrato) das aplicações do dia a dia. As parábolas atribuídas a 
Jesus trazem luz às questões mundanas. No Evangelho de Mateus (13, 13), coloca-
-se na boca de Jesus que: “é por isso que lhes falo em parábolas: porque veem sem 
ver, e ouvem sem ouvir nem entender”. Ouso sempre pensar que o caminho do 
conhecimento é, também, um salto na fé. Não se sabe o que se vai encontrar, mas, 
ainda assim, é feita a escolha por avançar, evoluir. Entender as questões econô-
micas para tomar decisões mais acertadas é isto: sair da opacidade e buscar a luz. 
Assim, sustentados do artifício literário que é a parábola, aproximar-nos-emos 
da grande protagonista econômica que é a moeda!
E aí, eu te pergunto, caro(a) estudante: você conhece a Parábola dos Talentos, 
em Mateus 25, 14-30? Contarei aqui, e você verá como ela se encaixa perfeitamente 
na nossa conversa. Você também pode conhecer a parábola por outro nome, como 
Parábola das Minas, e é uma das histórias mais conhecidas de Jesus. Vamos lá!
Essa parábola conta a história de um homem rico que estava de partida para 
uma viagem e que, antes, havia entregado seus bens aos cuidados de três empregados. 
Você está se perguntando: “mas o que era esse talento?”. Bom, já deu para perce-
ber, nessa narrativa, que um talento só poderia ser dinheiro, certo? Portanto, talento 
era uma unidade de peso, uma unidade monetária, como se dizia naquela época, 
e o valor de um talento era, mais ou menos, uns 34 quilos de ouro. Uma fortuna! 
Voltando à história, então o patrão concedeu cinco talentos de ouro ao pri-
meiro empregado; para o segundo, ele deu dois talentos; e, ao terceiro, ele deu um. 
O patrão resolveu distribuir odinheiro dessa maneira porque conhecia a 
capacidade de cada um de seus empregados. Então, os dois primeiros emprega-
dos investiram o dinheiro e conseguiram duplicar o que tinham recebido, mas 
o terceiro empregado cavou um buraco no chão e enterrou o ouro ali, pois tinha 
medo de perdê-lo.
Passou-se um tempo, e o patrão voltou da viagem e foi ajustar as contas com 
seus empregados. O primeiro empregado mostrou como tinha duplicado seus 
cinco talentos, e o patrão o recompensou. O segundo mostrou como tinha dupli-
cado seus dois talentos e também foi recompensado da mesma forma. O terceiro 
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empregado desenterrou seu talento de ouro e o entregou de volta ao patrão. Ele 
se desculpou, dizendo que não quis fazer nada porque tinha medo da braveza do 
patrão, mas, mesmo assim, o patrão ficou muito zangado com o empregado e dis-
se a ele que deveria ter colocado o dinheiro no banco para entregá-lo com juros. 
É possível trazer à tona vários ensinamentos a partir desse texto. O primeiro 
deles é que as parábolas remontam uma perspectiva do mundo do primeiro século 
na Palestina, considerando a Era Cristã. Elas eram inspiradas na realidade, em si-
tuações da vida. Diga-se de passagem, autores da área relatam uma sociedade mer-
gulhada no aspecto agrário dentro do Império Romano. Portanto, o ensinamento, 
aqui, tem um caráter histórico, de um específico panorama sociológico e cultural. 
É necessário desconsiderar dessa história qualquer aspecto religioso ou irreligioso. 
A viabilidade do aprendizado se encontra presente no aspecto metafórico.
O segundo ensinamento é que os talentos são “dons”. O “dom” não é transferível. 
Cada um tem o seu. Uma interpretação possível é a de que é Deus (lembre do senhor 
da história!) quem faz o dom. É Ele quem continua sendo o senhor (o homem rico da 
passagem bíblica). A ideia, repito, não é adentrar na religiosidade ou irreligiosidade 
de cada um, mas propor a reflexão sobre disponibilizar os “dons”. Não obstante, o 
dom que foi entregue é, por assim dizer, “perdido” se não o fizermos crescer.
É importante estar “a serviço” e “multiplicar os talentos”. Cada um tem algo 
a oferecer para o quadro social. Contudo, podemos pensar, também, essa pas-
sagem enquanto uma aproximação para o entendimento das questões econô-
micas. Aqui, entende-se o poder dinâmico da multiplicação dos talentos como 
o poder que a moeda adquiriu ao se multiplicar no contexto capitalista, e não 
apenas sua característica de entesouramento — cavar um buraco no chão e 
enterrar, como na parábola. 
Imagine que o mundo funcionasse na base de trocas. Ano de 2020... Che-
gou a pandemia do coronavírus. Os produtores de laranja, café, o setor auto-
mobilístico, os prestadores de serviços, como os dentistas, professores, todos 
demandando máscaras e álcool em gel. No entanto, dar aulas, oferecer serviços 
dentários, os carros, o café ou a laranja não são bens que possam ser trocados 
facilmente pelas imprescindíveis máscaras ou álcool em gel. A moeda nos faci-
litou a vida, pois realizou seu papel de intermediário de trocas. Assim, mesmo 
que o custo desses produtos tenha aumentado no contexto da pandemia, tive-
mos (e ainda temos!) a facilidade de trocar papel-moeda para adquirir esses 
meios de prevenção contra o coronavírus. 
UNIDADE 2
64
Vamos experimentar uma história coletiva? Podemos fazer em família, com 
amigos... Você estipulará um tempo para a brincadeira, por exemplo, 30 minutos. 
Se estiver em 6 pessoas, por exemplo, pode repartir em 5 minutos para cada um.
Alguém começa a elaborar um relato (aqui, nossa proposta é falar sobre as-
suntos divertidos que envolvam Economia, como, por exemplo, a história de um 
trabalhador que guardava dinheiro em um lugar inusitado... Enfim, sua escolha), 
cria personagens, situações e cenários específicos. A pessoa deve abrir brecha 
para que a próxima continue a história, incrementando novos acontecimentos à 
trama. Ela pode ficar mirabolante, assustadora, engraçada, romântica e até muito 
divertida. O rumo que ela tomará será surpresa para todos. Será legal envolver 
crianças; caso ela não saiba escrever, vale desenhar. Improviso, colaboração, res-
peito pela vez do outro são elementos importantes que comporão a obra final.
Depois dessa experiência, o que você aprendeu com tudo isso? Veja, queri-
do(a) estudante, que a moral da história na Parábola dos Talentos é que “todo 
aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas aquele que não 
tem, até o que tem, lhe será tirado” (Mt 25, 14-30). Deixe todas as suas primeiras 
anotações e impressões aqui no Diário de Bordo. Este espaço é seu, aproveite!
DIÁRIO DE BORDO
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Na Unidade 1 deste material, foi-nos dada a oportunidade de reconhecer o terri-
tório econômico, a dinâmica capitalista, a relação de crescer e desenvolver a partir 
de um contexto que objetiva “multiplicar os talentos”. Agora, é chegada a hora 
de oportunizar o conhecimento sobre o papel que a moeda (talento!) tem nesse 
panorama. Quem é ela? Qual é a sua importância? Como podemos multiplicá-la? 
A moeda nos facilitou a vida, pois realizou seu papel de intermediário de 
trocas. Assim, mesmo que o custo desses produtos tenha aumentado no contexto 
da pandemia, tivemos (e ainda temos!) a facilidade de trocar papel-moeda para 
adquirir esses meios de prevenção contra o coronavírus. 
Falar sobre moeda pode, em princípio, remeter à questão metálica que está 
incutida na história da economia monetária. Para o entendimento, tomemos 
como base o período histórico do Mercantilismo no século XVII. 
Nesse ínterim, as transações eram realizadas com moedas feitas a partir de 
metais preciosos, como ouro, prata ou bronze, sendo as de ouro ou prata as mais 
comuns. Moedas desse tipo têm um valor intrínseco, porque o seu valor é cor-
respondente à quantidade de ouro (prata ou bronze) usada em sua fabricação. 
O que determina o seu valor é a quantidade do metal precioso no objeto usado 
como moeda. Logo, uma moeda de ouro não precisa ser respaldada por nada, 
pois é dotada de um valor intrínseco. 
Ao longo do tempo, países entraram em guerra e se viram em dificuldade com 
as suas reservas de ouro, o que lhes diminuiu a capacidade de cunhar moedas 
com um determinado conteúdo de ouro. Endividados pelas guerras, esses países 
passaram a cunhar moedas com cada vez menos ouro, na expectativa de que 
fossem aceitas com o mesmo valor de antes, ainda que a quantidade de metal 
nelas fosse menor. No entanto, o desbastamento, como explica Bolle (2020, p. 
111), consiste em:
 “ [...] reduzir o conteúdo de ouro que aquela moeda normalmente 
teria - é o correspondente inflacionário para moedas que não 
têm o valor intrínseco. É o mesmo que dizer que se uma moeda 
que possuía um valor x, porque tinha um conteúdo x de ouro, 
passa a ter um conteúdo y de ouro, que é menor do que x, sendo 
a diferença entre x e y equivalente a um tipo de inflação. Agora 
UNIDADE 2
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são necessárias mais moedas com o conteúdo y para comprar o 
mesmo que x comprava antes. Quando se desbasta uma moeda 
que tem valor intrínseco, gera-se um processo inflacionário que 
equivale à corrosão literal dessa moeda.
Portanto, faz todo sentido pensar no aspecto metálico, apesar de termos mais 
elementos constituintes dessa protagonista econômica. Assim, podemos vis-
lumbrar que a economia capitalista se torna complexa à medida que avança. 
Daqui a pouco, falaremos mais da questão inflacionária, já introduzida nesse 
contexto metálico da moeda. Por enquanto, perceba que os nossos sistemas 
monetários operam, atualmente, com moedas que não têm valor intrínseco, 
são as chamadas moedas fiduciárias: o papel-moeda. Uma nota de R$ 2,00, por 
exemplo, é um papel-moeda. 
Todas as pessoas sabem que a civilização moderna é fortemente baseada na 
especialização e nas trocas e que a moeda, indispensável como medida de valor e 
meio de pagamento, é o instrumento que viabiliza a ordem econômica e social. A 
moeda, porém, é muito mais que um meio passivo quefacilita a definição de valo-
res e o sistema de trocas. Muito mais do que um simples lubrificante da máquina 
econômica, ela tem grande importância na regulação da atividade econômica e na 
ordem social. A estabilidade, a eficiência e o crescimento dependem de uma equi-
librada interação entre os setores real e monetário da economia (KLISE, 1964).
Talvez, o seu valor inerente seja o custo da sua produção, o que equivale a 
um valor irrisório. No entanto, nós aceitamos a nota de R$ 2,00 por seu valor de 
face, pelo que está impresso nela, porque acreditamos que o governo será capaz 
de ressarcir aquele valor de alguma maneira. Isso significa que a moeda que não 
tem valor intrínseco, depende de um respaldo, de um lastro, como é comum 
dizer em economia. E esse lastro está pautado em um elemento fundamental na 
economia, que é o fator confiança. O lastro da moeda é sempre a capacidade de 
pagamento do governo. Talvez, você nunca tenha parado para pensar sobre essa 
relação pautada em CONFIAR. Embora pareça abstrata, essa confiança depende 
da solidez fiscal que é conquistada ao longo do tempo, ela é construída. É acredi-
tar que o governo vai honrar o valor daquela nota! Bolle (2020) nos lembra que 
política monetária e política fiscal estão diretamente entrelaçadas. Considerando 
essa abordagem, nossa temática aqui é a questão monetária. E, em outro momento 
(Unidade 3), abordaremos a questão fiscal.
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67
Encontramos, em Carvalho et al.(2000, p. 2), uma abordagem bastante con-
tributiva para nos mostrar a relevância da moeda para a economia moderna:
 “ A moeda é um objeto que responde a uma necessidade social decor-
rente da divisão social do trabalho. A divisão do trabalho característica 
da economia capitalista moderna especializou unidades de produção e 
indivíduos. Os agentes econômicos se tornaram, assim, extremamen-
te interdependentes. Necessitam fazer inúmeras compras e vendas 
em períodos, às vezes, bastante curtos. Uma sociedade sem moeda 
teria uma vida econômica pouco ágil. O tempo para concretizar uma 
transação comercial aumentaria demasiadamente, e o desgaste físico 
e mental para se realizar tal operação seria, talvez, insuportável. 
Trata-se de um quadro social mais flexível, com muito mais possibilidades de 
transações. Esse é o contexto da dinâmica capitalista. Ainda na obra anteriormen-
te citada, encontramos um panorama de uma economia não monetária: 
 “ As trocas diretas somente seriam eficazes em sociedades com eco-
nomias primitivas, onde os indivíduos e/ou grupos familiares fos-
sem basicamente auto suficientes; isto é, onde a divisão do trabalho 
praticamente inexistisse: uma sociedade em que cada indivíduo 
produzisse o que necessita e transacionasse somente quando hou-
vesse um excedente, eventual, não planejado da sua produção. Nessa 
sociedade, um indivíduo não necessita realizar transações para se 
proteger do frio, para comer, para acender o fogo. Quando (e se) a 
transação do seu excedente produtivo ocorrer, ele pode obter uma 
satisfação extra, além das suas necessidades básicas. O agente não 
depende da realização de uma transação para atender as suas ne-
cessidades. A produção individual ou familiar garante a satisfação 
de necessidades. As transações, quando realizadas, gerariam satis-
fação extra. Assim, no regime de trocas diretas, uma transação é, ao 
mesmo tempo, venda de uma mercadoria e compra de uma outra 
(CARVALHO et al., 2000, p. 2).
UNIDADE 2
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Figura 1 - As moedas do Brasil / Fonte: a autora.
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Descrição da Imagem: a Figura 2 apresenta o olhar conceitual de uma linha do tempo das moedas no 
Brasil. Em 1500, havia os réis: essa moeda foi conhecida quando os portugueses descobriram o Brasil. 
Ela se chamava-se real, mas, no plural, era “réis”. Continuou com esse nome após a Independência (1822) 
e só mudou em 1942. No século XVI, havia o zimbo: essa moeda era usada pelos escravos. Parecia um 
búzio. Costumava ser dinheiro no Congo e em Angola. Em 1614,tem-se o açúcar: Constantino Menelau, 
governador do RJ, usou o escambo e ordenou que comerciantes aceitassem o açúcar como moeda. Na 
época, outros produtos, como algodão, fumo, ferro, café, cacau e cravo, já eram usados no escambo 
(mas não oficialmente). Em 1942, o cruzeiro substituiu os réis como moeda. Foi a primeira a utilizar os 
centavos no país. Imagens de figuras históricas, como D. Pedro I e Getúlio Vargas, eram usadas nas no-
tas. Mil réis passam a valer um cruzeiro. Em 1967, tem-seo cruzeiro novo: moeda de transição, porque 
o cruzeiro começou a perder seu valor (inflação). A diferença é que as notas do cruzeiro recebiam um 
carimbo como os novos valores. Mil cruzeiros passaram a valer um cruzeiro novo. Em 1970, a moeda 
voltou a se chamar cruzeiro. As cédulas tinham valor muito alto, como as de 100 mil. O valor continuou 
o mesmo, sendo que um cruzeiro novo equivalia a um cruzeiro. Em 1986, há o cruzado: a inflação levou, 
novamente, o Brasil à mudança de moeda. Como a maioria das cédulas foi aproveitada, levou um carimbo 
com os novos valores. O nome “cruzado” veio de uma moeda portuguesa antiga. Mil cruzeiros passam 
a valer um cruzado. Em 1989, tem-se o cruzado novo: a inflação continuou desvalorizando o dinheiro 
brasileiro. Primeira vez em que aparece a imagem da Efígie da República, o rosto que estampa todas as 
notas de real hoje em dia. Um cruzado novo valia mil cruzados. Em 1990, pela terceira vez, volta o nome 
“cruzeiro”. Assim como aconteceu com o cruzeiro de 1970, havia notas com muitos zeros, como a de 500 
mil. Em 1993, tem-se o cruzeiro real: houve reaproveitamento de cédulas antigas e emissão de novas. 
Um cruzeiro real era o mesmo que mil cruzeiros. Em 1994, no governo de Itamar Franco, o real entrou 
em vigor. Esse é o dinheiro que o Brasil tem até hoje e que passou a controlar a temível inflação. Um real 
passou a valer 2.750 cruzeiros.
UNIDADE 2
70
A forma como nos organizamos economicamente está inexoravelmente ligada 
ao papel da moeda. Portanto, uma economia monetária só é possível a partir da 
liberdade que esse intermediário de trocas proporciona. 
Início:
o banco solicita
a impressão do 
dinheiroFabricante: é 
contratado para 
produzir o 
dinheiro
Instituição de 
custódia: é contratada 
para armazenar e fazer 
a logística do dinheiro. 
Ela recolhe as cédulas 
que não estão em 
bom estado.
Instituição �nanceira: 
recebe o dinheiro da 
instituição de custódia e 
repassa aos clientes.
Dinheiro: é no banco 
central que o 
dinheiro é emitido e 
passa a valer
Correntistas: a população 
também tem papel 
fundamental no processo 
de cuidar do dinheiro 
brasileiro e colocando as 
notas e moedas em 
circulação.
Figura 2 - O caminho do dinheiro / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a Figura 3 apresenta um cifrão amarelo e se inicia com o Banco Central do Brasil, 
que solicita a impressão do dinheiro. Saindo do Banco, segue para o fabricante. O fabricante é contratado 
para produzir o dinheiro. Depois de produzido, o dinheiro segue para a instituição de custódia. A instituição 
de custódia é contratada para armazenar e fazer a logística do dinheiro. Ela recolhe as cédulas que não 
estão em bom estado. Saindo dela, vai para a instituição financeira. Essa instituição receberá o dinheiro 
da instituição de custódia e repassará aos clientes. Finaliza com os correntistas. Os correntistas são a 
população, que também tem papel fundamental no processo de cuidar do dinheiro brasileiro, colocando 
as notas e moedas em circulação.
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71
Dicas de como cuidar bem das notas
Não deixe circular notas caso estejam sujas, 
manchadas, rasgadas, des
guradas, rabisca-
das, com marcas ou dani
cadas.
Dicas para as moedas
As moedas devem estar em circulação, 
pois é boa para a economia e para o 
meio ambiente. 
E a moeda não representa somente um meio de troca, é, também, uma unidade 
de conta. Diante da complexidade da dinâmica capitalista, principalmente, no 
que diz respeito à produção de mercadorias e serviços,dentro da lógica da di-
visão social do trabalho, faz-se fundamental um mecanismo que coordene os 
participantes desse processo. Os contratos entre os trabalhadores e as firmas são 
estabelecidos a partir das tarefas que serão desempenhadas, número de jorna-
das de trabalho, o salário monetário; os contratos entre as firmas estabelecem 
datas e entregas de insumos, o valor monetário dos pagamentos; os contratos 
entre as firmas e bancos; enfim, as relações econômicas são estabelecidas a 
partir de um padrão de medida, que é o papel de unidade de conta que a moe-
da tem. Ainda considerando que a economia, ao longo do tempo, tornou-se 
uma rede de infinitas interligações que a tornam um universo de redes que se 
alimentam em um intrincado circuito, devemos considerar que a moeda tem 
a função de reserva de valor, decorrente
UNIDADE 2
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 “ [...] da existência de amplos mercados futuros e à vista na econo-
mia. No momento em que um agente econômico recebe recursos 
na forma monetária, ele ganha o direito de reter poder de compra, 
em tese, indefinidamente sem temer perdas. A função reserva de 
valor dá ao detentor de moeda a possibilidade, de reter recursos por 
períodos longos sem que tal atitude lhe imponha qualquer custo 
(de carregamento). Contrariamente, em uma economia em estado 
hiperinflacionário, a moeda perde essa função de reserva de valor. 
Reter moeda nessa economia seria uma atitude custosa ao agen-
te detentor, pois a moeda perderia poder de compra ao longo do 
tempo. Em uma economia hiperinflacionária, riqueza em forma 
monetária perde poder de compra na mesma proporção da variação 
dos preços (CARVALHO et al., 2000, p. 4).
Até aqui, focamos na questão conceitual da moeda, suas funções, bem como a sua 
relevância para a forma como nos relacionamos economicamente. É chegado o 
momento de inseri-la no contexto mais amplo, ou seja, enquanto meio de paga-
mento, e, por assim dizer, tratar do sistema monetário. No Quadro 1, apresenta-se 
o total do meio circulante até 7 de dezembro de 2020.Em outras palavras, apre-
senta-se o total de cédulas e moedas em circulação no Brasil, o qual está em posse 
do público e dos bancos. As informações sobre o meio circulante são atualizadas 
constantemente no site do Banco Central do Brasil. 
UNICESUMAR
73
Figura 3 - Cédulas nacionais
Agora, observe, no Quadro 1, o total de cédulas disponíveis em 07/12/2020:
Descrição da Imagem: o meio circulante nacional é composto por cédulas, moedas e as cédulas e moedas 
comemorativas. A Figura 4 apresenta as cédulas de notas de um real, dois reais, cinco reais, dez reais, 
vinte reais, cinquenta reais, cem reais e duzentos reais.
UNIDADE 2
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CÉDULAS
Denominação Quantidade Valor
1,00 148.704.703 148.704.703,00
2,00 1.497.896.034 2.995.792.068,00
5,00 669.919.743 3.349.598.715,00
10,00 676.984.927 6.769.849.270,00
20,00 948.866.624 18.977.332.480,00
50,00 2.600.089.205 130.004.460.250,00
100,00 1.866.280.267 186.628.026.700,00
200,00 41.408.626 8.281.725.200,00
Total de Cédulas 8.450.150.129 357.155.489.386,00
MOEDAS
Denominação Quantidade Valor
0,01 3.191.178.998 31.911.789,98
0,05 7.057.896.615 352.894.830,75
0,10 7.321.026.199 732.102.619,90
0,25 3.208.058.047 802.014.511,75
0,50 3.227.444.816 1.613.722.408,00
1,00 3.764.347.231 3.764.347.231,00
Total 27.769.951.906 7.296.993.391,38
UNICESUMAR
75
COMEMORATIVAS
Denominação Quantidade Valor
1,00 148.704.703 148.704.703,00
2,00 1.497.896.034 2.995.792.068,00
5,00 669.919.743 3.349.598.715,00
10,00 676.984.927 6.769.849.270,00
20,00 948.866.624 18.977.332.480,00
50,00 2.600.089.205 130.004.460.250,00
100,00 1.866.280.267 186.628.026.700,00
200,00 41.408.626 8.281.725.200,00
Total de Cédulas 8.450.150.129 357.155.489.386,00
Comemorativas 967.363 3.550.474,00
Total do Meio Circulante Nacional R$ 364.456.033.251,38
Quadro 1 - Meio circulante nacional / Fonte: adaptado de Banco Central do Brasil (2020, on-line).
UNIDADE 2
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De forma mais ampla, é possível aprender com Rossetti (2008) que tratar de 
moeda também é falar de ativos financeiros. O autor nos apresenta que, diferente 
dos ativos reais (aqueles que podem proporcionar rendimentos a seus detento-
res ou, então, atender à satisfação direta de necessidades materiais, individuais e 
sociais), eles são dotados de atributos específicos. Primeiro, eles não satisfazem a 
nenhuma necessidade de forma direta: são usados como meios para aquisição de 
bens e serviços que atenderão às necessidades a que se destinam. Segundo, eles, 
geralmente, têm graus de liquidez superiores a da maior parte dos ativos reais. 
Terceiro, embora não em sua totalidade, eles podem proporcionar rendimentos 
a seus detentores — e rendimentos fixos, menos expostos aos riscos e incertezas 
que tipificam as atividades do setor real da Economia. Por fim, uma parte dos 
ativos financeiros, a moeda corrente, é a própria expressão da liquidez.
A totalidade de ativos financeiros possuídos pelo público vai além do pa-
pel-moeda (e a moeda metálica) em poder do público (PMPP), mas isso será 
abordado mais adiante. Para os ativos financeiros serem considerados meios de 
pagamento, em seu conjunto, devem ser agregados os depósitos à vista nos bancos 
comerciais (DVBC):
MP = PMPP + DVBC
Meus caros… Agora, sim!!! Chegamos a um dos pontos altos de nosso trabalho: 
os bancos! As instituições responsáveis pela moeda escritural (tipo de dinheiro 
não físico usado como meios de pagamentos)têm um papel importantíssimo na 
economia. Sabe-se da percepção generalizada de todo o mundo de que os interes-
ses dos bancos são contrários aos da sociedade, ao bem comum. Eles são, por isso, 
atores impopulares. Seriam eles os empregados que receberam cinco talentos?
Bolle (2020) confirma a noção de que, no Brasil, são cometidos inúmeros 
excessos pelo sistema bancário: juros exorbitantes e spreads muito elevados. 
Entendermos, porém, como funciona essa engrenagem do sistema bancário e a 
sua função nas questões monetárias nos possibilitará não cair em discursos que 
demonizam os bancos com argumentos pouco elaborados. Uma importante 
fonte de referência sobre essa temática é o Banco Central do Brasil, o órgão 
supervisor que tem como missão garantir a estabilidade do poder de compra 
da moeda do país, o real, e assegurar a eficiência e o bom funcionamento do 
mercado financeiro local. 
UNICESUMAR
77
Assim, temos a oportunidade de perceber que a estabilidade financeira é um 
dos fatores que pode garantir a sustentabilidade do crescimento econômico e do 
bem-estar da sociedade. Para tanto, é preciso garantir a existência de um sistema 
financeiro bem organizado e fiscalizado, de forma que os depositantes se sintam 
protegidos, e os tomadores possam ter acesso ao crédito. Assim, o cliente dos 
serviços financeiros tem a confiança de que seu patrimônio está seguro e pode 
investir no seu futuro com mais tranquilidade. É nesse contexto que estudar sobre 
o papel da moeda e suas inter-relações é fundamental. 
Agora, é mais fácil afirmar que o sistema financeiro brasileiro é movido, prin-
cipalmente, por bancos. Também, temos fundos de hedge, corretoras, gestoras de 
patrimônio, fundos de pensão, enfim várias instituições financeiras não bancárias, 
no entanto, o que estrutura todo esse sistema está concentrado nos bancos. São 
eles instituições que tomam depósitos da população e usam esses depósitos, ou 
uma parcela deles, para realizar um conjunto de operações, inclusive emprestar 
La Casa de Papel, lançado em 2017, é a série de língua espanhola mais popular da plata-
forma de streaming Netflix. Na série, um assalto à Casa da Moeda da Espanha foi orques-
trado pelo chamado Professor (Álvaro Morte) a partir de um plano dito impossível até en-
tão: imprimir milhões de euros e sair ileso. Entre tantas questões econômicas levantadas 
no trabalho, há uma cena memorável para a didática econômica, no oitavo episódio da 
segunda temporada. Quando o professor fala: 
“- No ano de 2011, o Banco Central Europeu criou, donada, 171 bilhões de 
euros, do nada. Igual ao que a gente está fazendo, só que muito mais. 185 
bilhões em 2012. 145 bilhões de euros em 2013. Sabe onde foi parar todo 
esse dinheiro? Nos bancos, direto da Casa da Moeda, para os mais ricos. 
Alguém disse que o Banco Central Europeu foi um ladrão? Não! Injeção de 
liquidez, foi o que disseram. E fizeram do nada, do nada”.
Ele mostra uma nota de 50 euros para a investigadora e pergunta:
“– O que é isso? Isso não é nada, é papel — e rasga a nota. — É papel, está vendo? É papel! 
Eu estou fazendo uma injeção de liquidez, mas não nos bancos. Eu estou fazendo aqui, 
na economia real”.
Qual é o impacto da impressão de dinheiro na economia?
Fonte: adaptado de La Casa de Papel (2017).
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 2
78
para empresas e fazer operações de tesouraria. O principal a saber, porém, é que, 
no passivo dos bancos, estão os depósitos, que são as nossas contas de poupança, as 
nossas contas correntes. Daí, uma peculiaridade dos bancos: eles têm, no seu passi-
vo, os depósitos à vista, ou seja, esses depósitos podem ser sacados diretamente na 
boca do caixa (é assim que são chamados os caixas de banco — trabalhei por vários 
anos exercendo essa função e eu gostava bastante) ou no próprio caixa eletrônico. 
Essas instituições, donas da mágica de “fazer dinheiro”, o fazem de modo simples. 
Grande parte dos depósitos feitos em dinheiro em conta são transformadas em 
empréstimos. Essa operação de pegar o dinheiro de depósito à vista transmutada 
em empréstimos — dinheiro de curto prazo em dinheiro de longo prazo — rea-
liza um mecanismo fundamental da engrenagem econômica: o multiplicador 
bancário. Galbraith e Sanvicente (1983, p. 20) demonstram até indignação com 
a forma simples, mas economicamente fértil de fazer moeda: “o processo pelo 
qual os bancos criam dinheiro é tão simples que até repugna a mente. Quando 
algo tão importante está envolvido, parece que seria apenas decente haver algum 
mistério mais profundo”. Vale a pena conceituar que:
 “ Banco é a instituição financeira especializada em intermediar o di-
nheiro entre poupadores e aqueles que precisam de empréstimos, 
além de custodiar (guardar) esse dinheiro. Ele providencia serviços 
financeiros para os clientes (saques, empréstimos, investimentos, 
entre outros).
O dinheiro tem três progenitores: casas da moeda, secretários de tesouro ou ministros 
da fazenda, sendo estes a fonte do papel - moeda; e bancos, de um tipo ou outro. Em 
sua reivindicação de precedência, os bancos surgiram logo depois das casas da moeda e 
constituem, da mesma maneira, uma ideia extremamente velha. A atividade bancária teve 
uma existência importante nos tempos do Império Romano, e depois declinou na Idade 
Média, a medida em que o comércio tornava-se mais difícil e a concessão de empréstimos 
entrava em choque com a objeção religiosa à usura.
(John Kenneth Galbraith e Antonio Zoratto Sanvicente)
PENSANDO JUNTOS
UNICESUMAR
79
Os bancos são supervisionados pelo Banco Central (BC), que traba-
lha para que as regras e regulações do Sistema Financeiro Nacional 
(SFN) sejam seguidas por eles.
A manutenção da estabilidade e da solidez do SFN e, consequen-
temente, da economia de um país, passa por um sistema bancário 
eficiente e seguidor das regras determinadas pelo regulador (BAN-
CO CENTRAL DO BRASIL, [2021a], on-line).
Pelo fato dos bancos poderem criar moeda sob a forma de depósitos à vista, 
torna-se impossível, em uma economia moderna, formular ou discutir política 
monetária sem examinar o comportamento bancário.
Avançando para além da moeda per se, é possível pensar sobre os ativos finan-
ceiros, que são os que proporcionam rendimentos considerados não monetários. 
Definem-se pelo estoque das aplicações dos agentes econômicos em títulos de 
renda fixa ou variável, de emissão do governo ou do próprio sistema financeiro, 
com os quais são captados recursos de agentes superavitários para o financiamen-
to de operações de crédito. Os rendimentos que esses ativos proporcionam corres-
pondem aos juros passivos pagos ou repassados pelos intermediários financeiros. 
NOVAS DESCOBERTAS
Assista, aqui, a uma série de vídeos do Banco Central do Brasil. Este, em par-
ticular, é um vídeo superdescontraído e de fácil compreensão sobre o que é 
um banco e para que serve.
O lucro dos bancos, de modo geral, está no spread bancário, que é a diferença entre os 
juros que os bancos pagam quando você investe seu dinheiro, por exemplo, ao colocar 
suas economias na poupança ou aplicá-las em produtos de renda fixa, e os juros que os 
bancos cobram quando você faz um empréstimo ou um financiamento para quitar dívi-
das ou adquirir bens.
EXPLORANDO IDEIAS
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6409
UNIDADE 2
80
Além de proporcionarem rendimentos, esses ativos podem, ainda, ser dotados 
de alta liquidez. Alguns são facilmente transferíveis ou resgatáveis. Praticamente, 
são quase líquidos. Consideram-se, então, quase monetários.
Essa noção de ativos que proporcionam rendimentos, bem como a percep-
ção sobre a oferta monetária (quantidade de moeda disponível na economia) 
e sua estreita relação com os bancos nos encaminham para outra importan-
te reflexão: como o governo deve coordenar as ações econômicas para que o 
país em questão, no nosso caso, o Brasil, possa atingir os objetivos econômicos 
propostos? Buscamos manter a inflação? Aumentar a tributação para que o 
governo tenha receita maior? Mexer no mercado de trabalho? Para atingir, 
portanto, o que se almeja para a nação, deve-se atuar de acordo com a política 
econômica que se adequa ao objetivo estabelecido.
No caso brasileiro, como em outros países desenvolvidos e emergentes, desde 
1999, foi adotado o regime de metas de inflação. Essa é uma forma viável e eficaz 
de monitorar e evitar flutuações excessivas do nível de atividade econômica. Além 
de que, pela história econômica do Brasil, devemos sempre zelar pela estabilidade 
da moeda e cuidar para não incorrer em crises, as quais quem vivenciou a década 
de 1980 e o começo dos anos 1990 conhece bem…
Lembro-me, por exemplo, que haviam funcionários nos supermercados que 
exerciam a função de mudar a etiqueta de preço dos produtos a todo momento. 
UNICESUMAR
81
Figura 4 - O abuso de preços nos supermercados / Fonte: Wikimedia Commons (2020, on-line).
Para ajudar a imaginar a gravidade da questão inflacionária, no início da década de 
1990, a inflação mensal atingiu valores superiores a 80%. Na prática, isso significava 
que o poder de compra dos salários se reduzia quase à metade após 30 dias. Con-
forme o Banco Central do Brasil, isso significava que: o dinheiro necessário para a 
compra de 2 kg de carne, após 30 dias, só permitia a compra de pouco mais de 1kg. 
O resultado dessa desvalorização acelerada da moeda era visto nos supermercados 
no começo de cada mês: famílias com carrinhos lotados e longas filas.
A inflação funciona como um imposto sobre a posse da 
moeda. Isso significa que, quando a inflação aumenta, 
o poder de compra diminui. A elevação do custo de 
vida provocada pela alta de preços reduz a quantidade 
de bens e serviços que o salário mínimo pode com-
prar, por exemplo, e esse fato explica porque a infla-
ção é especialmente prejudicial para as faixas mais po-
bres da população — que, geralmente, não têm como 
fazer investimentos para proteger seus recursos. Quer 
entender essa delicada relação? Ouça este podcast: “A 
inflação e a desigualdade social no Brasil”.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6408
UNIDADE 2
82
Dessa maneira, o sistema de metas tem possibilitado que a inflação fique sob 
controle em níveis relativamente baixos. A política monetária mantém, nesse sen-
tido, vínculo mais estreito com o objetivo conjuntural de estabilidade monetária.
De tal forma, dentre as políticas econômicas, a política monetária, que afeta 
a quantidade de dinheiro na economia, é a mais usada pelos governos, principal-
mente, pelo fato do objetivo ser o controle dainflação.
Instrumentos da política
econômica
Política
Cambial
Política
FiscalPolítica
Monetária
Figura 5 - Política econômica / Fonte: a autora.
A gestão da economia visa atender às necessidades de bens e serviços da socieda-
de e atingir determinados objetivos sociais e macroeconômicos, como pleno em-
prego, distribuição de riqueza, estabilidade de preços e crescimento econômico. 
Para tanto, o governo atua na economia por meio de políticas econômicas, iden-
tificadas pela política monetária, política fiscal e política cambial, principalmente.
Descrição da Imagem: a política econômica tem à sua disposição três principais instrumentos: a política 
monetária, a política fiscal e a política cambial. A imagem apresenta uma hierarquia por questão didática, 
na qual a política fiscal está acima da monetária, que, por sua vez, está acima da cambial. Contudo, a 
escolha de um ou outro instrumento não caracteriza que um seja mais ou menos importante que outro, 
é uma abordagem da autoridade econômica em atuação, embora a política monetária, normalmente, 
seja mais utilizada.
UNICESUMAR
83
Os formuladores de políticas econômicas têm à sua disposição elementos 
para agir sobre a realidade, condicionando-a aos objetivos de curto ou de longo 
prazo estabelecidos. Eles podem ser, principalmente, analisados sob o aspecto da:
 ■ Política fiscal: em que se atua sobre os fluxos de receita e despesa do 
setor público.
 ■ Política cambial: na qual a atuação se dá no nível da fixação dos valores 
entre a moeda corrente do país e as demais divisas conversíveis; controle 
de operações financeiras relacionadas às transações externas.
 ■ Política monetária: que mexerá na oferta de moeda e na taxa de juros.
Destarte, a política monetária enfatiza sua atuação sobre os meios de pagamento, 
títulos públicos e taxas de juros, modificando o custo e o nível de oferta do cré-
dito. Ela é, geralmente, executada pelo Banco Central de cada país, o qual possui 
poderes e competência próprios para controlar a quantidade de moeda na eco-
nomia. E, por falar em crédito, taxa de juros e títulos públicos, vale a pena investir 
um tempinho na visualização das instituições que devem permitir, dentro das 
melhores condições possíveis, a realização dos fluxos de fundos entre tomadores 
e poupadores de recursos na economia.
UNIDADE 2
84
Órgãos
normativos Moeda, crédito, capitais e câmbio Seguros
privados Previdência fechada
Supervisores
Operadores
CMN
Conselho Monetário Nacional
CNSP
Conselho Nacional
de Seguros
Privados
CNPC
Conselho Nacional
de Previdência 
Complementar
BCB
Banco Central do Brasil
CVM
Comissão
de Valores 
Mobiliários
Susep
Superintendência 
de Seguros 
Privados
Previc
Superintendência 
Nacional de Previdência 
Complementar
Bancos e 
caixas 
econômicas
Administradoras 
de consórcios
Bolsa de 
valores
Seguradoras e 
Resseguradores
Entidades fechadas
de previdência
complementar
(fundos de pensão)
Cooperativas 
de crédito
Corretoras e 
distribuidoras
Bolsa de 
mercadorias e 
futuros
Entidades abertas 
de previdência
Instituições 
de 
pagamento
Demais 
instituições 
não 
bancárias
Sociedades de 
capitalização
Figura 6 - Composição do Sistema Financeiro Nacional
Fonte: adaptado de Banco Central do Brasil ([2021b], on-line).
O Banco Central é uma autarquia federal ligada ao Ministério da Fazenda, que 
tem como missão garantir a estabilidade do poder de compra da moeda do país, o 
real, e assegurar a eficiência e o bom funcionamento do mercado financeiro local. 
Descrição da Imagem: o Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão superior do Sistema Financeiro 
Nacional (SFN) e tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito. Seu objetivo é a 
estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do país. Na Figura 7, apresentamos a 
composição do Sistema Financeiro Nacional. A divisão é apresentada por entidades que pertencem ao SFN 
e estão divididas entre órgãos: normativos, entidades supervisoras e operadores. Os órgãos normativos 
são constituídos por instituições que estabelecem as diretrizes e normativas gerais do SFN. A principal 
entidade é o Conselho Monetário Nacional. As entidades supervisoras são os órgãos normativos que 
estabelecem as diretrizes, as entidades supervisoras regulam e fiscalizam as atividades das entidades que 
pretendem regular. Podem, inclusive, aplicar multas e demais sanções às entidades que não atenderem 
aos determinantes regulamentares. Os operadores são todas as demais entidades que fazem parte do 
SFN e participam da intermediação financeira. 
UNICESUMAR
85
A instituição é responsável por executar a estratégia estabelecida pelo Conselho 
Monetário Nacional (CMN) para manter a inflação sob controle e atua como 
secretaria executiva deste órgão. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi 
criada, em 7 de dezembro de 1976, pela Lei 6.385/76, com o objetivo de fiscalizar, 
normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil.
Os operadores são as instituições que lidam diretamente com o público no 
papel de intermediário financeiro:
 ■ O banco é uma instituição financeira especializada em intermediar o di-
nheiro entre poupadores e aqueles que precisam de empréstimos, além 
de custodiar (guardar) esse dinheiro. Ele providencia serviços financeiros 
para os clientes (saques, empréstimos, investimentos, entre outros).
 ■ Os bancos são supervisionados pelo Banco Central (BC), que trabalha 
para que as regras e regulações do Sistema Financeiro Nacional (SFN) 
sejam seguidas por eles.
A administradora de consórcios é a pessoa jurídica, prestadora de serviços, com 
objeto social principal voltado à administração de grupos de consórcio, consti-
tuída sob a forma de sociedade limitada ou sociedade anônima.
As Bolsas de Valores têm como atividades a criação e administração de sis-
temas de negociação, compensação, liquidação, depósito e registro para todas 
as principais classes de ativos, desde ações e títulos de renda fixa corporativa até 
derivativos de moedas, operações estruturadas e taxas de juro e de commodities. 
As cooperativas de crédito correspondem a uma instituição financeira formada 
pela associação de pessoas para prestar serviços financeiros exclusivamente aos seus 
associados. Os cooperados são, ao mesmo tempo, donos e usuários da cooperativa, 
participando de sua gestão e usufruindo de seus produtos e serviços. Nas coope-
rativas de crédito, os associados encontram os principais serviços disponíveis nos 
bancos, como conta corrente, aplicações financeiras, cartão de crédito, empréstimos 
e financiamentos. Os associados têm poder igual de voto, independentemente da 
sua cota de participação no capital social da cooperativa. O cooperativismo não 
visa lucros, os direitos e deveres de todos são iguais, e a adesão é livre e voluntária.
As corretoras de títulos e valores mobiliários (CTVM) e as distribuidoras 
de títulos e valores mobiliários (DTVM) atuam nos mercados financeiro e de 
http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/primeiros_passos/Entendendo_mercado_valores.html
UNIDADE 2
86
capitais e no mercado cambial intermediando a negociação de títulos e valores 
mobiliários entre investidores e tomadores de recursos. 
As instituições de pagamentos (IP) representam pessoa jurídica que viabiliza 
serviços de compra e venda e de movimentação de recursos no âmbito de um 
arranjo de pagamento , sem a possibilidade de conceder empréstimos e financia-
mentos a seus clientes. 
No Sistema Financeiro Nacional (SFN), os bancos e as caixas econômicas não 
são a única opção para clientes e consumidores acessarem serviços financeiros, 
as instituições não bancárias são uma alternativa. Elas são consideradas “não 
bancárias” pois não recebem depósitos à vista, nem podem criar moeda (por meio 
de operações de crédito ). Elas operam com ativos não monetários como ações, 
CDBs, títulos, letras de câmbio e debêntures. 
Ainda, existe o ramo do SFN para quem busca seguros privados, contratosde capitalização e previdência complementar aberta:
 ■ Mercado de seguros privados: é o mercado que oferece serviços de pro-
teção contra riscos.
 ■ Previdência complementar aberta: é um tipo de plano para aposentadoria, 
poupança ou pensão. Funciona à parte do regime geral de previdência e 
aceita a participação do público em geral.
 ■ Contratos de capitalização: são os acordos em que o contratante deposita 
valores, podendo recebê-los de volta com juros e concorrer a prêmios.
Assaf Neto (2018) nos assegura que a necessidade de conhecimento do sistema 
financeiro é crescente ao longo do tempo, explicada pela importância que exerce 
na economia o segmento empresarial de um país, como, também, pela maior 
complexidade que suas operações vêm apresentando. É isso que nos apresenta a 
Figura 7em relação à estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Por meio 
dele, viabiliza-se a relação entre agentes carentes de recursos para investimento 
e agentes capazes de gerar poupança e, consequentemente, em condições de fi-
nanciar o crescimento da economia. Por agentes carentes de recursos, entende-se 
aqueles que assumem uma posição de tomadores no mercado, isto é, que despen-
dem, em consumo e investimento, valores mais altos que suas rendas. Os agentes 
superavitários, por seu lado, são aqueles capazes de gastar em consumo e investi-
mento menos do que a renda auferida, formando um excedente de poupança. O 
http://www.portaldoinvestidor.gov.br/menu/primeiros_passos/Entendendo_mercado_valores.html
UNICESUMAR
87
SFN é composto por um conjunto de instituições financeiras públicas e privadas, 
e seu órgão normativo máximo é o Conselho Monetário Nacional (CMN).
O CMN tem a responsabilidade de formular a política da moeda e do crédito. 
Seu objetivo é a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social 
do país. E o Banco Central (BCB), uma autarquia federal ligada ao Ministério da 
Fazenda, tem como missão garantir a estabilidade do poder de compra da moeda 
do país, o real, e assegurar a eficiência e o bom funcionamento do mercado finan-
ceiro local. A instituição é responsável por executar a estratégia estabelecida pelo 
CMN para manter a inflação sob controle e atua como secretaria executiva deste 
órgão. Na imagem, é possível observar, também, a existência da CVM (Comissão 
de Valores Mobiliários), órgão que fiscaliza, normatiza, disciplina e desenvolve o 
mercado de valores mobiliários no Brasil. As bolsas de valores e bolsa de merca-
dorias e futuros respondem à CVM. Ainda temos um importante papel desem-
penhado no sistema financeiro pelas seguradoras, sociedades de capitalização e 
previdência. Neste momento do nosso trabalho, centralizaremos nossa atenção 
para os bancos e o banco dos bancos: o Banco Central.
É, portanto, por meio desse circuito de pessoas, empresas e governo — que 
é o Sistema Financeiro Nacional —, que circulam a maior parte dos ativos, dos 
pagamento de dívidas e, por conta dele, podemos realizar investimentos. Inexo-
ravelmente, esse sistema está ligado à decisão entre consumo e investimento das 
famílias; à questão da taxa de câmbio; ao preço dos ativos; ao crédito; às expec-
tativas do mercado; a questões atreladas aos preços, que, por sua vez,são afetadas 
pela política monetária. Essa última está absolutamente relacionada às decisões 
das autoridades do assunto. Por uma questão didática, portanto, trataremos do 
entendimento sobre a política monetária e, na sequência, relacionaremos com a 
questão dos preços, mais propriamente, a inflação e as metas de inflação. 
A política monetária é, geralmente, executada pelo Banco Central de cada 
país, o qual possui poderes e competência próprios para controlar a quantidade 
de moeda na economia. O Banco Central administra essa política por intermédio 
dos seguintes instrumentos clássicos de controle monetário:
1. Compra e venda de títulos públicos, também chamadas de operações de 
mercado aberto.
2. Alteração dos percentuais de depósitos compulsórios.
3. Alterações das taxas de juros de redesconto.
UNIDADE 2
88
Examinaremos cada instrumento de política monetária para que possamos com-
preender o que são, como o governo os altera e quais os impactos das mudanças 
sobre a oferta de moeda, sobre a taxa de juros e sobre a economia.
OPERAÇÕES DE MERCADO ABERTO
As operações de mercado aberto (open market) são aquelas realizadas pela au-
toridade monetária para comprar ou vender títulos públicos emitidos pelo go-
verno. No Brasil, é o Tesouro Nacional que emite títulos da dívida pública e é o 
Banco Central o responsável pelas operações de compra e venda desses títulos, 
praticando o que se chama de operações de mercado aberto. 
A função das operações de mercado aberto é controlar a quantidade de 
moeda em circulação por meio do aumento ou da redução das vendas de tí-
tulos da dívida pública federal. Como, na maioria dos países, o governo é o 
agente mais endividado da economia, há uma quantidade enorme de títulos 
de dívida pública circulando no mercado financeiro e que foram comprados 
pelos credores da dívida pública. 
UNICESUMAR
89
O GOVERNO 
GASTA MAIS DO 
QUE ARRECADA
EMISSÃO DE 
TÍTULOS DE 
DÍVIDA POR PARTE 
DOS GOVERNOS
O GOVERNO 
PRECISA REDUZIR 
A QUANTIDADE 
DE DINHEIRO NA 
ECONOMIA
Figura 7 - A razão da emissão de títulos por parte dos governos
A razão para a emissão de títulos de dívida por parte dos governos, explica Fer-
reira (2015),se dá por duas origens distintas: uma delas é cobrir os gastos acima 
da arrecadação. Isso se dá pois o governo não pode imprimir dinheiro para pagar 
suas contas, tal caminho geraria inflação causada pelo excesso de dinheiro na 
economia. Portanto, para pagar suas despesas, o governo conta apenas com as 
receitas políticas tributárias e não tributárias e, assim como qualquer empresa 
ou família que gasta além dos seus ganhos, deve tomar emprestado o dinheiro 
que falta para fechar as contas do mês; esse endividamento é feito por meio da 
venda de títulos públicos.
A emissão e a venda de títulos para eliminar o excesso de moeda na economia 
têm como objetivo controlar a inflação provocada quando há, na economia, mais 
dinheiro que o necessário para seu bom funcionamento. Nesse caso, o governo 
emite títulos públicos e os vende aos investidores para retirar uma parte do di-
nheiro da economia. Essa retirada de dinheiro ocorre porque os investidores 
ficam com os títulos que rendem juros, e o governo, com o dinheiro deles retido. 
Descrição da Imagem: é diante do fato de que o governo gasta mais do que arrecada ou, ainda, pela 
razão de redução de dinheiro na economia, que a emissão de títulos de dívida por parte dos governos é 
emitida. Em outras palavras, é preciso financiamento para o governo por conta dessas duas razões, e a 
emissão de títulos de dívida é o caminho encontrado.
UNIDADE 2
90
Há uma quantidade correta de dinheiro para fazer 
circular a produção da economia. O governo tem 
de ajustar essa quantidade para não “sobrar” 
dinheiro. Caso isso ocorra, o dinheiro perde seu 
valor, ou seja, é preciso mais dinheiro para com-
prar as mesmas coisas. Essa é a in�ação monetária, 
provocada pelo excesso de moeda. 
O “prêmio” para os investidores em títulos públicos é a remuneração por meio 
da taxa Selic. Aprofundar-nos-emos um pouquinho nesse importante tema: o 
BC é o administrador do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, que é 
a infraestrutura do mercado financeiro. Daí, o nome Selic. Mais precisamente, 
a taxa Selic representa o percentual médio ajustado dos financiamentos diários 
apurados nesse sistema.
NOVAS DESCOBERTAS
O sistema Selic é fundamental em possíveis casos de falência ou insolvên-
cia de instituições financeiras. A liquidação em tempo real e o registro das 
transações com títulos públicos federais em seu banco de dados pode coibir 
fraudes e prevenir o contágio em outras instituições. Saiba mais no link.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6410
UNICESUMAR
91
O Banco Central do Brasil ([2021d], on-line)apresenta:
 “ A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instru-
mento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para 
controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, 
como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das 
aplicações financeiras. 
A taxa Selic refere-se à taxa de juros apurada nas operações de em-
préstimos de um dia entre as instituições financeiras que utilizam 
títulos públicos federais como garantia. O BC opera no mercado de 
títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a 
meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária 
do BC (Copom).
O Selic não custodia apenas os títulos públicos do Governo Federal, mas, como 
esses títulos são os mais seguros do mercado, eles representam a grande maioria 
“Títulos públicos federais (TPFs) são promessas de pagamento emitidas pelo governo do 
Brasil, representado pelo Tesouro Nacional. Quando emite um título, o governo torna-se 
devedor; quem compra o título financia o governo”.
“O Tesouro Nacional é como se fosse o caixa do governo. Ele recebe o di-
nheiro arrecadado pela Receita Federal e outros órgãos e faz a gestão des-
tes recursos para cumprir o orçamento público, que é um planejamento 
dos gastos do governo.
Quem faz a gestão disso é a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), órgão 
da Secretaria-Especial de Fazenda, subordinado ao Ministério da Economia.
[...]
É no Tesouro que são definidas as regras sobre como o dinheiro e o patri-
mônio públicos devem ser contabilizados pelos entes da Federação (União, 
Estados e Municípios). Além disso, é ele quem contabiliza as receitas e des-
pesas, bem como os ativos e passivos do Governo Federal (União )”. 
Fonte: Banco Central do Brasil ([2021c], on-line) e Brasil ([2021], on-line).
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 2
92
dos títulos registrados no Selic. Assim, quando o governo altera a taxa de juros 
que pagará aos compradores de seus títulos, altera a média das remunerações de 
todos os títulos do Selic, logo altera a taxa Selic.
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11,9
14,15
4,25
2,0
Figura 8 - Planilha do Banco Central do Brasil com o histórico anual da Selic de 2000 até 2020
Fonte: adaptada de Banco Central do Brasil ([2021e], on-line).
O impacto da política monetária praticada por meio das operações de mercado 
aberto ocorre em virtude da retirada de dinheiro da economia que se destinaria 
ao consumo e, também, em razão de a taxa Selic afetar a capacidade de gastos do 
governo. Quando este emite e vende títulos, quem comprou os títulos do governo 
troca o dinheiro, que é poder de compra imediato, por um título que lhe dará o 
direito de reaver seu investimento acrescido de juros em um momento futuro. 
Portanto, quem compra título público não pode usá-lo para comprar coisas. 
Descrição da Imagem: a figura 9 apresenta a planilha do Banco Central do Brasil com o histórico anual 
da Selic de 2000 até 2020. Importante frisar que o ano de 1996 representa o começo da série histórica 
para a taxa Selic. Nesse período, ela estava na casa dos 23,28% ao ano, aproximadamente. Em 1997, mais 
precisamente em julho, deflagrou-se a crise asiática; no mês de outubro do referido ano, marcam-se 
45,67% ao ano de taxa Selic. Em diante, a longa trajetória será marcada por queda. Em maio e junho de 
2003, tem-se 26,27%. Para o final de 2005, a taxa Selic foi de 18,98% a.a. Em 2008, 13,66%. No fim de 2011, 
a taxa estava em 11,9%. Ao longo de 2015, ficou em média constante de 14,15%. No começo de 2020, 
estava em 4,25% e, em agosto de 2020, apontava em 2%.
UNICESUMAR
93
Os maiores compradores de títulos públicos são os bancos. Estes convencem o 
cliente a aplicar suas sobras de renda em fundos de investimentos. Os bancos 
utilizam parte desse dinheiro para comprar títulos públicos e para fazer a base da 
rentabilidade desses fundos; a outra parte das aplicações são direcionadas pelos 
bancos para as linhas de crédito.
Ao elevar a taxa Selic, dá-se um aumento na rentabilidade dos títulos públicos. 
Os bancos, então, direcionam mais recursos para a compra desses títulos, que são 
mais seguros que emprestar dinheiro a seus clientes; assim, reduzem a quantidade 
de crédito em suas linhas e aumentam as taxas de juros para empréstimos nas 
linhas de crédito, que têm seu volume de recursos reduzido.
Desse modo, quando o governo quer vender mais títulos, basta que ele au-
mente a rentabilidade deles, pois, ao elevar a taxa Selic, maior será a parte dos 
investimentos financeiros que serão destinados à compra de títulos públicos. 
Logo, a política monetária de mercado aberto, que afeta a taxa de juros básica 
da economia, reduz o crédito na economia, afetando negativamente o consumo 
UNIDADE 2
94
das famílias e, por isso, a produção e as vendas das empresas, desaquecendo a 
economia ao reduzir a demanda de gastos privados.
Por outro lado, ao elevar a taxa de juros, o governo aumentará, no futuro, os 
gastos com o pagamento dos juros da dívida, e isso implicará na redução das 
compras de produtos e serviços de fornecedores. Como o governo é o maior com-
prador em uma economia, a queda de seus gastos reduz a produção e o emprego.
O Tesouro Direto é um programa criado pelo Tesouro Nacional, que permite que qual-
quer pessoa com um CPF possa investir em TÍTULOS PÚBLICOS, pela internet. Os títulos 
do Tesouro Direto são investimentos de renda fixa, que têm este nome exatamente por-
que você, investidor, já conhece na hora de investir, qual será a regra de rentabilidade e 
como vão ser os pagamentos dos seus juros. A renda fixa é o tipo de investimento para 
quem procura PREVISIBILIDADE e SEGURANÇA para o seu dinheiro. 
[...]
Uma vez cadastrado no programa, você realizará as negociações pela internet, no site da 
instituição financeira escolhida (caso seja agente integrado) ou diretamente do portal do 
Tesouro Direto e no Aplicativo Oficial do TD, sem a necessidade de intermediação.
[Contudo,] quanto que é preciso para começar a investir no Tesouro Direto? 
O Tesouro Direto foi criado com foco no PEQUENO INVESTIDOR. Com pouco mais de 30 
reais já é possível começar a investir.
[...]
Os títulos Tesouro Prefixado são aqueles que têm taxa de juros fixa, que você já conhece 
no momento do investimento. 
É o investimento ideal para o investidor que quer saber exatamente o valor que receberá 
no vencimento do título. 
É indicado para objetivos de médio e longo prazo, já que os títulos Tesouro Prefixado têm 
vencimentos superiores a dois anos . 
Fonte: Tesouro Direto ([2021], p. 3-5, grifos nossos).
EXPLORANDO IDEIAS
UNICESUMAR
95
Investir 
Preços e taxas dos títulos públicos para investir
Título Vencimento
Taxa de
rendimento 
(% a.a.)
Valor 
mínimo
Preço
unitário
Indexados ao IPCA
Tesouro IPCA 
+2024
15/08/2024 IPCA+3,18 R$ 55,00 R$ 2.750,28
Tesouro IPCA 
+2035
15/05/2035 IPCA+3,81 R$ 36,21 R$ 1.810,80
Tesouro IPCA 
+2045
15/05/2045 IPCA+3,72 R$ 37,74 R$ 1.258,01
Tesouro IPCA 
+com juros se-
mestrais 2026
IPCA+3,29 R$ 38,39 R$ 3.839,47
Tesouro IPCA 
+com juros se-
mestrais 2035
IPCA+3,63 R$ 41,53 R$ 4.153,75
Tesouro IPCA 
+com juros se-
mestrais 2050
IPCA+3,81 R$ 45,63 R$ 4.563,91
Prefixados
Tesouro prefixa-
do 2022
01/01/2022 6,37 R$ 34,24 R$ 856,10
Tesouro prefixa-
do 2025
01/01/2025 7,22 R$ 34,05 R$ 681,15
UNIDADE 2
96
Indexados à Taxa Selic
Tesouro Selic 
2025
01/03/2025 Selic + 0,02 R$ 101,70 R$ 10.170,17
Quadro 2 -Títulos disponíveis para investir no Tesouro Direto / Fonte: a autora.
Ao investir no Tesouro Direto, você pode escolher, dentro de uma variedade de 
títulos, aquele que mais se adapta às suas necessidades enquantoinvestidor(a). 
Assim como outros investimentos de renda fixa, ele oferece investimentos em 
títulos prefixados e pós-fixados, indexados à taxa Selic e ao índice de inflação 
IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Os nomes dos títu-
los ajudam a compreender a regra de rentabilidade de cada um. No Quadro 2, 
você pôde ver uma amostra dos títulos disponíveis no site do Tesouro Direto. 
Os títulos podem ser diferentes quando você acessá-lo, porque novos títulos 
aparecem de tempos em tempos, ok? 
O universo monetário-financeiro tem grande relevância para a construção de 
cenários. É, como vimos, nesse mercado que se dá a atuação do Banco Central, 
fixando a taxa de juros básica, a variável que comanda o comportamento de todas 
as demais taxas de juros na economia e, portanto, impacta o custo de capital para 
as empresas e o custo de crédito para os consumidores. 
Portanto, a quantidade de moeda tem impactos diretos e indiretos sobre todas 
as atividades econômicas; logo, quando o governo faz política monetária, ele pode 
estimular o crescimento da economia, favorecendo o aumento da produção, a 
Descrição da Imagem: o primeiro título do quadro é o IPCA 2024. Esse título vence em 15/08/2024 e é 
indicado para aqueles que querem realizar investimentos de longo prazo. É um título pós-fixado, uma vez 
que parte do seu rendimento acompanha a variação da taxa de inflação. Aumenta o poder de compra do 
seu dinheiro, pois o rendimento é composto por uma taxa de juros mais a variação da inflação (IPCA). É 
mais interessante para quem pode deixar o dinheiro render até o vencimento do investimento, pois não 
paga juros semestrais. Em caso de resgate antecipado, o Tesouro Nacional garante sua recompra pelo 
seu valor de mercado. Essa lógica funciona para os títulos apresentados com diferentes datas de venci-
mento e variadas taxas percentuais. O Tesouro prefixado 2022 é um título que vence em 01/01/2022 e é 
indicado para aqueles que querem realizar investimento de longo prazo. É um título prefixado, ou seja, 
no momento da compra, você já sabe exatamente quanto receberá no futuro (sempre R$ 1.000,00 por 
unidade de título mais o último pagamento de juros semestrais). É mais interessante para quem precisa 
dos seus rendimento para complementar sua renda, pois paga juros a cada semestre (cupons de juros). 
Em caso de resgate antecipado, o Tesouro Nacional garante sua recompra pelo seu valor de mercado. 
Essa informações servem como suporte para o entendimento. É imprescindível pesquisar no Tesouro 
Direto as opções de investimento que variam constantemente.
UNICESUMAR
97
geração de emprego e a renda nas 
empresas, ou, ao contrário, deses-
timular o crescimento; por exem-
plo (vide Figura 10),ao atuar por 
meio de variações na riqueza dos 
agentes econômicos, em virtude 
de alterações da taxa de juros. 
Um suposto aumento dessa, ao 
desestimular a atividade econô-
mica e o lucro das empresas, ten-
de a diminuir o preço das ações. 
Essa redução do valor da riqueza 
financeira das famílias e empre-
sas pode desestimular o consu-
mo e os planos de investimento.
A política monetária se utiliza 
das taxas de juros, destarte, para 
impactar as decisões de consumo 
e investimento. É possível, aqui, 
chamar de mecanismos de trans-
missão da política monetária. 
Conforme a Figura 10, uma eleva-
ção da taxa Selic sinaliza que as ta-
xas de juros reais também tendem 
a subir. A elevação da taxa real de 
juros, por sua vez, pode levar à di-
minuição de investimentos pelas 
empresas e à diminuição de con-
sumo por parte das famílias — o 
que, por sua vez, tende a reduzir a 
demanda por bens e serviços da 
economia, contribuindo para a 
redução da inflação.
UNIDADE 2
98
CANAIS DE TRANSMISSÃO DA
POLÍTICA MONETÁRIA 
Tendência de aumento Tendência de queda
Abaixo, cenários exempli�cativos:
CANAL DO INVESTIMENTO E CONSUMO
A Selic é referência para as demais taxas de juros da economia.
Taxa
Selic
Juros na
economia
Juros reais
Consumo e
investimentos
Poupança
Preços
CANAL DO
CRÉDITO
A Selic é referência para o custo dos bancos.
Taxa
Selic
demanda por
crédito
Consumo
Preços
bancos tendem a reduzir as taxas
de empréstimo
CANAL DO
CÂMBIO
Uma redução nos juros tende a atrair menos 
investidores estrangeiros, diminuindo o �uxo
de moeda estrangeira para o país
Taxa
Selic
Taxa de câmbio 
(desvalorização 
do Real) 
Produtos 
importados 
encarecem
CANAL DAS
EXPECTATIVAS
As taxas de juros in�uenciam as 
expectativas de famílias e empresas 
sobre atividade econômica e in�ação.
Taxa
Selic
Expectativa de 
recuperação
da atividade 
Expectativa 
de aumento 
dos preços
CANAL DA
RIQUEZA
Taxa de juros
diminui
sobe valor de bens
(casas, títulos, carros)
cresce riqueza das pessoas
aumentam os gastos das 
famílias e das empresas
A redução nos juros aumenta o valor presente
de alguns atrativos, inclusive aqueles utilizados 
como garantia em empréstimos por famílias e 
�rmas.
$
%
Figura 9 - Canais de transmissão da política monetária
Fonte: Banco Central do Brasil ([2021f], on-line).
UNICESUMAR
99
Ainda de acordo com a Figura 9, a taxa de câmbio funciona como alternativa 
de política monetária, principalmente, em economias abertas. Quando a taxa 
de juros sobe, a moeda doméstica tende a se valorizar (o dólar fica mais barato 
frente ao real), diminuindo o nível de preços dos bens comercializáveis inter-
nacionalmente, quando expressos em moeda nacional. A taxa de câmbio afeta 
a inflação por dois mecanismos. O primeiro é a diminuição dos preços de bens 
de consumo importados e de insumos utilizados na produção de bens. O outro 
efeito ocorre por meio da demanda agregada. O dólar mais barato desincentiva as 
exportações e estimula as importações. Com isso, a demanda por bens domésti-
cos cai, reduzindo a pressão sobre o nível de preços. O canal do crédito constitui, 
também, um mecanismo de transmissão da política monetária. Ao aumentar a 
taxa de juros, o Banco Central estimula que as taxas cobradas por empréstimos 
Descrição da Imagem: os mecanismos de transmissão da política monetária são os canais por meio dos 
quais mudanças na taxa Selic (o principal instrumento de política monetária à disposição do Banco Cen-
tral – BC) afetam o comportamento de outras variáveis econômicas, principalmente, preços e produtos. A 
política monetária afeta os preços da economia por meio: (i) da decisão entre consumo e investimento das 
famílias e empresas; (ii) da taxa de câmbio; (iii) do preço dos ativos; (iv) do crédito; e (v) das expectativas. 
O canal de transmissão das taxas de juros para as decisões de consumo e investimento é o canal mais 
conhecido da política monetária. Quando a taxa Selic sobe, as taxas de juros reais também tendem a subir. 
A elevação da taxa real de juros, por sua vez, pode levar à diminuição de investimentos pelas empresas e à 
diminuição de consumo por parte das famílias — o que, por sua vez, tende a reduzir a demanda por bens 
e serviços da economia, contribuindo para a redução da inflação. Outro canal importante de transmissão 
da política monetária é o da taxa de câmbio, principalmente, em economias abertas. Quando a taxa de 
juros sobe, a moeda doméstica tende a se valorizar (o dólar fica mais barato frente ao Real), diminuindo 
o nível de preços dos bens comercializáveis internacionalmente quando expressos em moeda nacional. 
A taxa de câmbio afeta a inflação por dois mecanismos. O primeiro é a diminuição dos preços de bens de 
consumo importados e de insumos utilizados na produção de bens. O outro efeito ocorre por meio da de-
manda agregada. O dólar mais barato desincentiva as exportações e estimula as importações. Com isso, a 
demanda por bens domésticos cai, reduzindo a pressão sobre o nível de preços. A política monetária atua, 
também, por meio de variações na riqueza dos agentes econômicos em virtude de alterações da taxa de 
juros. Por exemplo, um aumento nas taxas de juros, ao desestimular a atividade econômica e o lucro das 
empresas, tende a diminuir o preçodas ações. Essa redução do valor da riqueza financeira das famílias e 
empresas pode desestimular o consumo e os planos de investimento. O quarto canal de transmissão da 
política monetária é o canal de crédito. Ao aumentar a taxa de juros, o Banco Central estimula que as taxas 
cobradas por empréstimos bancários também subam, diminuindo o volume de empréstimos a pessoas e 
empresas, desestimulando o consumo e o investimento. Por fim, outro canal importante é o das expectati-
vas. Ao alterar a taxa de juros, a ação do Banco Central pode mudar as expectativas quanto à evolução da 
economia. Por exemplo, ao elevar a Selic para conter pressões inflacionárias, o Banco Central sinaliza um 
nível de atividade mais contido não apenas no presente, mas, também, para o futuro. Com isso, famílias 
e empresas passam a acreditar que a inflação, no futuro, estará mais baixa. Como resultado, os preços 
definidos hoje já tendem a aumentar menos, pois os agentes sabem que as condições econômicas futuras 
não mais darão suporte a aumentos maiores de preços. Assim, choques de custos na economia tendem a 
se propagar de forma mais limitada na economia, reduzindo seus efeitos inflacionários. Essa propagação 
é chamada, na literatura econômica, de efeitos secundários ou de segunda ordem. É fundamental um 
elevado nível de credibilidade do banco central para que esse canal opere de forma adequada. No caso 
de baixa credibilidade, ocorre o oposto: choques tendem a se amplificar, gerando uma inflação maior. 
Uma taxa de juros menor dinamiza a economia, estimulando o empreendedorismo e, por assim dizer, o 
emprego e o consumo, proporcionando uma economia mais rica, em termos teóricos.
UNIDADE 2
100
bancários também subam, diminuindo o volume de empréstimos a pessoas e 
empresas, desestimulando o consumo e o investimento.
Com o Banco Central, deve ser assim… É fundamental um elevado nível de cre-
dibilidade e, conseguinte, é possível operar de forma adequada pelo canal das 
expectativas. Ao alterar a taxa de juros, a ação do Banco Central pode mudar as 
expectativas quanto à evolução da economia. Por exemplo, ao elevar a Selic para 
conter pressões inflacionárias, o Banco Central sinaliza um nível de atividade mais 
contido não apenas no presente, mas também para o futuro. Com isso, famílias e 
empresas passam a acreditar que a inflação, no futuro, estará mais baixa. Como 
resultado, os preços definidos hoje já tendem a aumentar menos, pois os agentes 
sabem que as condições econômicas futuras não mais darão suporte a aumentos 
maiores de preços. Assim, choques de custos na economia tendem a se propagar 
de forma mais limitada na economia, reduzindo seus efeitos inflacionários.
Muito bem, querida leitora, estimado leitor, percorremos, de modo amplo, o 
universo que permeia as operações de mercado aberto. Toda essa abordagem é 
fundamental, pois discorre sobre importantes elementos do mercado monetá-
rio-financeiro. Agora, é chegado o momento de abordarmos os depósitos com-
pulsórios, enquanto mecanismo de fazer política monetária.
Os depósitos compulsórios são uma exigência que o governo faz aos bancos 
que recebem depósitos, seja a vista nas contas-correntes de seus clientes, seja a 
prazo nas aplicações financeiras deles. Uma parcela desses depósitos recebidos 
pelos bancos deve ser, obrigatoriamente, depositada em uma conta no Banco 
Central, e esse dinheiro não poderá ser usado pelo banco para alimentar suas 
linhas de crédito. Assim, quando o governo eleva ou abaixa os percentuais de 
Imagine você em uma viagem de avião. É incomum que desista de viajar por não confiar 
no piloto. Você, muitas vezes, não o conhece, mas confia no sistema. A regra é que o pilo-
to tenha estudado numa escola de aviação homologada pela ANAC (Agência Nacional de 
Aviação Civil), isso passa confiança. Então, você pisa na aeronave, acredita que chegará ao 
seu destino, entra, procura sua poltrona, afivela os cintos e tchau. Suas expectativas são 
as melhores possíveis. Dentro de determinadas condições, procura fazer a melhor viagem 
possível, não é mesmo? 
PENSANDO JUNTOS
UNICESUMAR
101
compulsórios sobre depósitos que devem ser recolhidos ao Banco Central, ele 
altera a disponibilidade de dinheiro nos bancos para operações de crédito e, com 
isso, afeta o consumo das famílias.
Trata-se de uma ferramenta técnica, talvez por esse motivo tem uma visibi-
lidade menor se comparada à taxa Selic. Fato é que esse mecanismo obrigatório, 
regulado pelo Banco Central, no dia a dia bancário, é balizador da capacidade 
de os bancos criarem moeda por meio das operações de captação de depósitos e 
concessão de crédito. Uma elevação dos percentuais de depósitos compulsórios 
reduz a quantidade de dinheiro disponível na economia, elevando a taxa de ju-
ros de crédito e reduzindo, portanto, a capacidade de consumo das famílias e de 
financiamento das empresas.
Uma redução dos compulsórios causa efeito contrário, pois aumenta a quanti-
dade de dinheiro disponível nos bancos para a concessão de crédito. Com mais 
dinheiro, os bancos tentam convencer seus clientesa tomar mais dívidas, bai-
xando os juros das linhas de crédito, o que estimula o consumo das famílias e os 
investimentos das empresas.
Outro caminho possível para atuar na política monetária é a taxa de redes-
conto, que é a taxa cobrada pelo Banco Central para emprestar dinheiro aos ban-
cos quando estes ficam sem condições de saldar suas dívidas nas compensações 
diárias, que ocorrem quando os clientes dos bancos pagam boletos, fazem com-
pras com cheques ou cartões de débitos ou fazem transferências de dinheiro de 
uma conta para outra. Todas essas operações diárias precisam ser compensadas 
para que os bancos ajustem seus créditos e débitos em função de pagamentos e 
recebimentos feitos pelos seus clientes.
A operação de redesconto é a última opção, por ser a mais cara de todas. O 
Banco Central cobra uma taxa de juros tão alta por uma noite apenas que pode 
anular a rentabilidade de um dia inteiro de operação, por isso, os bancos evitam 
ter de recorrer ao Banco Central. Para isso, deixam sempre uma boa reserva técni-
Antes mais usados na política monetária, os compulsórios são, cada vez mais, instrumen-
to para a preservação da estabilidade financeira.
PENSANDO JUNTOS
UNIDADE 2
102
ca de depósito voluntário para as compensações, a qual não 
pode ser usada para conceder créditos aos seus clientes. 
Como a taxa Selic é definida pela política monetária 
para estimular ou desestimular a sociedade a comprar tí-
tulos públicos, os bancos não têm atuação sobre o valor 
que baliza as remunerações dos fundos de investimentos. 
A política monetária afeta a base da remuneração para a 
captação de recursos que serão destinados às linhas de 
crédito. Haja vista quando a Selic sobe, os bancos sobem 
as rentabilidades das aplicações financeiras que oferecem.
Na outra ponta, as medidas de política monetária que 
alteram os percentuais de depósitos compulsórios e da taxa 
de redesconto impactam a oferta de dinheiro disponível 
para crédito; portanto as medidas nesse universo monetá-
rio têm efeitos diretos sobre a taxa de juros de mercado ao 
alterar a quantidade de dinheiro para a oferta de crédito. 
Nessa perspectiva, vale trazer à tona a questão da con-
centração bancária no Brasil, que dificulta a competição via 
taxa de juros. Conforme Ferreira (2015), a baixa concorrên-
cia no setor bancário brasileiro é um obstáculo adicional 
para um país como o nosso, que já sofre um encarecimento 
do dinheiro, que deve ser multiplicado inúmeras vezes para 
acomodar os custos de impostos (como o IOF – Imposto 
sobre Operações Financeiras, risco de crédito e lucro dos 
bancos). Isso tudo torna o custo de crédito no Brasil um 
dos mais caros do mundo, seja para o capital de giro ou 
investimento das empresas.
Esse panorama todo nos encaminha à percepção de 
que, ao praticar a política monetária, quando se alteram a 
taxa Selic e/ou as condições de oferta de dinheiro de mer-
cado, quando semodificam os percentuais de compulsó-
rios e a taxa de redesconto, o governo modifica as condi-
ções de crédito em toda a economia, e isso afeta direta ou 
indiretamente o consumo, os investimentos e os gastos do 
governo, o que interfere nos níveis do emprego e da renda.
UNICESUMAR
103
Discriminação 2006 2008 2010 2012 2014 2016
Países desenvolvidos
Alemanha 29 27 40 38 37 35
Austrália 69 74 78 80 81 80
Bélgica 84 81 75 66 66 66
Canadá 82 80 81 83 81 81
Espanha 49 51 57 62 63 65
Estados Unidos 35 38 44 45 44 43
França - 77 81 81 81 82
Holanda 84 84 82 82 86 89
Itália 26 31 40 40 41 43
Japão 45 46 46 47 51 51
Luxemburgo 29 27 31 33 32 29
Reino Unido 50 45 53 54 51 48
Suécia 79 80 78 77 77 76
Suíça 57 55 53 49 51 53
Países emergentes
Brasil 60 73 76 77 78 82
China 55 51 49 45 41 37
Coreia do Sul 61 60 61 60 59 62
Índia 40 37 35 35 35 36
México 80 78 74 70 73 70
Singapura 39 39 41 41 43 42
Tabela 1 – Razão de concentração dos cinco maiores bancos nos ativos totais
Fonte: Banco Central do Brasil (2017, p. 90)
UNIDADE 2
104
A Tabela 1 mostra a concentração bancária medida pela RC5 (Razão de Concen-
tração dos Cinco Maiores) nos ativos totais em vários países, entre 2006 e 2016. 
Embora os níveis de concentração sejam relativamente persistentes, na maioria 
dos países, a concentração aumentou após a crise global financeira de 2008. Por 
essa medida, o Brasil apresentou aumento do nível de concentração no período, 
figurando, em 2016, no grupo de países com os sistemas bancários mais concen-
trados, que inclui Austrália, Canadá, França, Holanda e Suécia.
Até aqui, foi possível compreender que a política monetária é o principal 
instrumento de política econômica em uma economia capitalista, pois é fácil e 
rápida de ser adotada e, por meio dela, o governo pode afetar direta ou indire-
tamente a taxa de juros de mercado, aumentando ou reduzindo a quantidade de 
dinheiro em uma economia.
Quando tratamos de relações em uma dimensão mais ampla, tipicamente, a 
economia de um país como um todo, atingimos o campo da chamada macroe-
conomia ou macroambiente de negócios, que é a dimensão do nosso objeto de 
estudo aqui, a política monetária. Nessa esfera, as ações isoladas de empresas e 
profissionais costumam ter impacto pequeno ou nulo, mas, ao mesmo tempo, 
mudanças nas variáveis macroeconômicas costumam ter grande potencial de in-
terferência sobre o desempenho das organizações. Assim, por exemplo, a política 
monetária constitui uma série de medidas para alterar a quantidade de moeda 
em circulação na economia, que impacta na questão inflacionária.
São, justamente, as variáveis da demanda agregada, o consumo das pessoas, 
os investimentos das empresas, os gastos do governo e as exportações que se 
relacionam à política monetária, afetando o nível geral de preços. Quando a taxa 
de juros aumenta, por exemplo, são reduzidos o consumo, os investimentos, os 
gastos do governo e as exportações. Essa redução da demanda agregada na eco-
nomia diminui, também, as pressões sobre os preços, uma vez que as elevações 
de preços da oferta resultarão em menores vendas. 
Quando o governo quer reduzir a inflação, ele pratica política monetária 
restritiva, ou seja, aumenta a taxa Selic e/ou aumenta os percentuais sobre os 
depósitos compulsórios e/ou eleva a taxa de redesconto. Essas medidas, isoladas 
ou juntas, reduzem a quantidade de dinheiro da economia e provocam a elevação 
da taxa de juros de mercado.
Esse cenário de alta da taxa de juros implica em consumidores comprando 
menos a prazo, menos investimento por parte das empresas na ampliação da 
UNICESUMAR
105
capacidade produtiva, maior juros da dívida pública, comprando menos de em-
presas. A apreciação da taxa de câmbio também se dá em um panorama como 
esse, com juros mais altos, provocando queda das exportações. Todos esses efeitos 
reduzirão as pressões sobre a oferta de mercadorias e serviços, inibindo novas 
altas de preços. A apreciação do câmbio (câmbio flutuante) ainda provoca um 
efeito adicional, pois barateia os bens importados e pressiona, ainda mais, a queda 
dos preços dos similares nacionais.
Contudo, se a inflação está muito baixa, o governo pode praticar política mo-
netária expansionista, baixando a taxa básica de juros da economia, reduzindo os 
percentuais de depósitos compulsórios e diminuindo as taxas de juros de merca-
do, elevando o consumo, os investimentos, os gastos do governo e as exportações. 
O aumento da demanda agregada provocado pela queda dos juros pressio-
nará a capacidade instalada da economia, favorecendo o aumento da produção 
até que alguns setores que não conseguem elevar rapidamente a quantidade de 
produto iniciem reajustes de preços para segurar a demanda pelo preço mais alto.
Geralmente, a política monetária expansionista não é praticada para pro-
vocar inflação — esse é um efeito colateral dela —; a queda das taxas de juros 
na economia é uma política de incentivo ao crescimento da produção, do em-
prego e da renda. Entretanto, os impactos por ela causados podem anular o 
crescimento real da economia.
Em oportunidade anterior, soubemos que o regime de metas de inflação foi 
iniciado no Brasil, em 1999, e é uma forma de estipular um alvo para a inflação. 
No Brasil, a definição da meta e das margens para a inflação é feita pelo CMN, 
que estabelece a condução da política monetária. Note que o governo adota as 
políticas restritivas quando a inflação fica acima da meta e políticas expansionis-
tas quando a inflação fica abaixo do centro da meta.
NOVAS DESCOBERTAS
O que o Copom – Comitê de Política Monetária considera em suas decisões: 
inflação, atividade econômica, contas públicas, cenário externo. O Copom 
é o órgão do Banco Central, formado pelo seu Presidente e diretores, que 
define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia — a Selic. Entenda 
mais sobre o Copom acessando o QR Code.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6411
UNIDADE 2
106
O Copom se reúne mensalmente para analisar o comportamento da inflação 
e altera, se necessário for, a condução da política monetária para promover ajustes 
da taxa de juros que reconduzam a inflação para o centro da meta. Trata-se de 
um excelente instrumento de avaliação do cenário econômico e das possíveis 
políticas do governo, pois, se a inflação se eleva muito, acima do centro da meta, 
são esperadas políticas econômicas que forcem sua redução, sendo a mais comum 
a elevação da taxa Selic, por ser uma medida fácil de implantar e com rápido 
efeito na economia.
IPCA Índice Nacional de Preços ao 
Consumidor Amplo - IBGE
Índice de referência do sistema de 
metas para a in�ação. Atualmente, 
mede o preço de uma cesta de 
consumo representativa para 
famílias com renda de 1 a 40 salários 
mínimos, em 13 áreas geográ�cas,
as quais: regiões metropolitanas de 
Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, 
Belo Horizonte, Vitória, Rio de 
Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto 
Alegre, além do Distrito Federal e 
dos municípios de Goiânia e
Campo Grande.
INPC Índice Nacional de
Preços ao Consumidor – IBGE
Mede, atualmente, o preço de 
uma cesta de consumo 
representativa para famílias
com renda de 1 a 5 salários 
mínimos, nas mesmas
13 áreas geográ�cas
abrangidas pelo IPCA.
IGP Índice Geral de 
preços – FGV
Índice abrangente de 
preços, inclui não só 
preços ao consumidor 
(IPC) mas também preços 
ao produtor (IPA) e custos 
da construção (INCC).
O IGP possui três versões 
que diferem no período
de coleta.
IPC-FIPE Índice de Preços
ao Consumidor – FIPE
Um dos mais antigos índices 
de preços ao consumidor no 
Brasil. Mede o preço de uma 
cesta de consumo representa-
tiva para famílias com renda 
de 1 a 10 salários mínimos, no 
município de São Paulo.
Figura 10 - Índices de inflação / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a Figura 11 apresenta a caracterização para os índices de inflação IPCA, INPC, 
IPC-FIPE e IGP. A primeira é do IPCA, que é o índice de referência do sistema de metas para a inflação. 
Atualmente,mede o preço de uma cesta de consumo representativa para famílias com renda de 1 a 40 
salários mínimos em 13 áreas geográficas, as quais: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, 
Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Fede-
ral e dos municípios de Goiânia e Campo Grande. A segunda é do INPC, que significa Índice Nacional de 
Preços ao Consumidor. Este mede, atualmente, o preço de uma cesta de consumo representativa para 
famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos nas mesmas 13 áreas geográficas abrangidas pelo IPCA. A 
terceira é do IPC-FIPE, Índice de Preços ao Consumidor (FIPE). Um dos mais antigos índices de preços ao 
consumidor no Brasil. Mede o preço de uma cesta de consumo representativa para famílias com renda de 
1 a 10 salários mínimos no município de São Paulo. E a quarta e última é do IGP, Índice Geral de Preços. 
É um índice abrangente de preços, inclui não só preços ao consumidor (IPC), mas também preços ao 
produtor (IPA) e custos da construção (INCC). O IGP possui três versões que diferem no período de coleta.
UNICESUMAR
107
A soma da moeda manual com a moeda escritural de uma economia é igual aos 
seus meios de pagamento:
 ■ Moeda manual: papel-moeda (e a moeda metálica) em poder do público 
(PMPP).
 ■ Moeda escritural: depósitos à vista nos bancos comerciais (DVBC). 
O sistema formado pelas instituições que podem criar moeda é chamado de sis-
tema monetário. O sistema monetário (ou sistema bancário) de uma economia 
é formado pelos seus bancos comerciais e pelo seu Banco Central. Os primeiros 
criam moeda escritural, o último cria moeda manual. As demais instituições 
financeiras não autorizadas a receber depósitos à vista, tais como bancos de de-
senvolvimento, bancos de investimento, sociedades de poupança (cadernetas de 
poupança), formam o sistema financeiro não-monetário.
Nas relações econômicas em sociedades mais primitivas, predominava a ati-
vidade agrícola. A dinâmica era relativamente simples. Do resultado da colheita, 
separava-se uma determinada parte que era destinada ao plantio do próximo 
Conceitualmente, a “inflação significa um aumento generalizado dos preços” da organiza-
ção econômica. Na prática, ela funciona como se fosse um termômetro da economia. Sua 
mensuração se dá por meio da construção de índices de preços, “que tomam uma média de 
diversos preços de modo a resumi-los em um único número”. 
“Os índices de preços podem diferir de várias maneiras, destacando-se as 
diferenças na cesta de bens e serviços tomada como referência. Por exem-
plo, pode-se construir índices de preços ao consumidor, índices de preços 
ao produtor, índices de custos de produção, etc., a depender do objetivo. 
Mesmo índices de preços ao consumidor podem diferir entre si, pois cada 
família tem sua própria cesta de consumo, e um índice pode ser desenhado 
para refletir o custo de vida para um ou outro grupo de famílias. Pode haver, 
por isso, percepções distintas entre o que o cidadão vê no seu orçamento e 
o que aparece em um dado índice”.
Fonte: adaptado de Banco Central do Brasil ([2021g], on-line).
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 2
108
ciclo produtivo. Em outras palavras, o investimento na renovação e ampliação 
da produção consistia em poupar parte do produto.
Em economias modernas de mercado, a abordagem é mais sofisticada. Em 
um primeiro momento, é necessário dizer que a lógica é imutável: para que eco-
nomias possam se desenvolver, é necessário que haja investimento, isto é, parte 
do produto gerado pela sociedade em determinado tempo deve ser disponibi-
lizado à acumulação de meios de produção de forma a aumentar a capacidade 
produtiva por meio do investimento. A tecnologia financeira, no sentido mais 
amplo, permite que transações sejam feitas rotineiramente e em grande escala.
O Estado, enquanto importante agente econômico, apresenta-se com um pa-
pel inovador nesse ínterim. A ele, cabe fazer uso da política monetária enquanto 
ferramenta para estabilizar a economia por conta dos diversos cenários econô-
micos possíveis. Manter a inflação ao redor da meta é o objetivo a ser buscado 
por meio de uma instituição que execute a política monetária: o Banco Central.
A razão para buscar esse fim é que o valor do dinheiro é preservado pela 
estabilidade dos preços, que mantém o poder de compra da moeda. Destarte, a 
decisão a ser tomada diante dos cenários econômicos perpassa o entendimento 
do custo do dinheiro (taxa de juros) e a quantidade de dinheiro (condições de 
liquidez) na economia. Caro(a) aluno(a), ao tomar decisões no contexto econô-
mico-financeiro, é fundamental ter conhecimento de dados e informações estru-
turadas na análise do comportamento inflacionário. Vale estar constantemente 
informado sobre as deliberações das autoridades monetárias — o acesso ao site 
do Banco Central do Brasil é uma boa pedida.
109
AGORA É COM VOCÊ
Caro(a) aluno(a), vimos que a política monetária é aquela que afeta, direta ou indireta-
mente, a quantidade de moeda disponível para as atividades econômicas em um país e 
que o Banco Central é o responsável pela condução da política monetária por meio de 
três instrumentos: operação de mercado aberto, percentuais de depósitos compulsórios 
e taxas de redesconto. Também, demonstramos que a política monetária executada 
pelo Banco Central afeta a base da rentabilidade de juros da economia ao definir a taxa 
Selic, e que esta é a base das demais taxas de juros de mercado para as operações de 
captação e concessão de crédito. Vimos, ainda, que a taxa de juros afeta tanto o nível de 
atividade produtiva interna como a taxa de câmbio. Usando os termos sublinhados como 
palavras-chave, desenhe um mapa conceitual para aprimorar seus conhecimentos.
Palavras-chave: taxa de juros; requerimentos compulsórios; taxa de redesconto; crédito; 
moeda; nível de preços.
110
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
O aluno terá que desenhar algo semelhante a este esquema:
 
Fonte: a autora.
MEU ESPAÇO
MEU ESPAÇO
3Política Fiscal e 
a Economia 
Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
Objetos de aprendizagem: Você será apresentado(a) às duas vias da 
política fiscal: os gastos públicos e a arrecadação pública. A arrecada-
ção de tributos diretos e indiretos e demais receitas não tributárias são 
apresentadas enquanto mecanismos para pagamento de fornecedo-
res e serviços públicos, bem como dos juros aos detentores de títulos 
da dívida pública. Esses gastos não acontecem de forma leviana — em 
tese. Eles dependem de aprovação orçamentária prévia.
UNIDADE 3
114
Você conhece algum Adam na história da economia? Vale a pena saber sobre essa 
história. Para conhecer o menino Adam, é preciso voltar no tempo quase três sécu-
los, mais precisamente, para 1723. Imagine que ele vivia no tempo da busca inces-
sante por pedras preciosas, período das Grandes Navegações, capitalismo mercantil, 
com reis e toda a nobreza saqueando as Américas para levar o ouro para a Europa.
Adam nasceu numa cidade industrial e portuária chamada Kirkcaldy, na Escó-
cia. Seu pai, fiscal da alfândega, morreu antes de seu nascimento. O menino foi ama-
do e cuidado pela mãe, Margaret Douglas Smith. Morou com ela até esta vir a falecer, 
em 1784, aos 90 anos. Adam estudou em bons colégios, era dedicado. Com apenas 
28 anos, já ocupava a cadeira de Filosofia Moral na Glasgow College. Estreitou rela-
ções importantes com intelectuais da sua época e marcou história na humanidade.
Esse menino se tornou um dos mais conhecidos economistas de todos os 
tempos: Adam Smith. Com a publicação do livro A riqueza das nações, ganhou 
prestígio e notoriedade. Esse trabalho é considerado a obra fundadora da ciência 
econômica. Publicado em 1776, o clássico gerou uma série de mudanças nas po-
líticas econômicas. O livro aborda temas como o acúmulo de riqueza, divisão do 
trabalho, sistemas de economia e, até hoje, é grande referência entre os estudiosos 
de todo o mundo. Nosso pensador é consideradoo pai da ciência econômica.
UNICESUMAR
115
O Iluminismo foi o período intelectual que serviu de panorama para o 
pensamento de Smith. Esse movimento intelectual geral da sua época se er-
gueu sob dois pilares: a habilidade de raciocínio das pessoas e o conceito de 
ordem natural. Outra influência importante para Smith foi a dos fisiocratas. 
O ataque dos fisiocratas ao mercantilismo e suas propostas para remover as 
barreiras comerciais ganharam sua admiração. A partir desses pensadores, ele 
descreveu o tema da riqueza como “os bens de consumo produzidos anual-
mente pelo trabalho da sociedade” (SMITH, 2017, p. 336), a desejável interfe-
rência mínima do governo na economia e o conceito do processo circular de 
produção e distribuição.
Nosso pensador quis saber como as ações de indivíduos livres resultavam 
em um mercado ordenado e estável, em que se pudesse fazer, comprar e vender 
o que quisesse. Nesse sentido, Smith ressaltou que os participantes da econo-
mia tendem a ir atrás de seus interesses pessoais. Ele apresentou a questão do 
“egoísmo natural” na economia, pois entendia que “não é da benevolência do 
açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso jantar”, mas “da 
consideração que eles têm pelo seu próprio interesse” (SMITH, 2017, p. 44). 
Portanto, é uma questão de vantagens. 
Com ele, a organização econômica rompe com o modelo mercantilista, ou 
seja, de Estado Forte. É tentador rotular nosso menino como um exímio defen-
sor de um livre mercado, ao considerar que ele era avesso ao envolvimento do 
governo na economia. Ele apresentou, sim, para o Estado, funções importantes, 
como a proteção da sociedade ao ataque estrangeiro, o estabelecimento da ad-
ministração e da justiça e, ainda, uma espécie de regulação da competitividade 
ao defender a elevação e manutenção dos trabalhos e instituições públicas a fim 
de que os empresários privados não obtivessem lucros excessivos.
De modo geral, para Smith, em vez da necessidade de um poder externo 
coercitivo do Estado, havia, no próprio mecanismo de mercado, uma força muito 
mais poderosa que orientaria o egoísmo de cada indivíduo ao bem-estar geral 
da sociedade: o poder da “mão invisível”. Desse modo, o livre mercado, com sua 
oferta e demanda (mão invisível), promoveria um estado de bem-estar para toda 
a sociedade. Tais ideias ganharam, imediatamente, um caráter revolucionário em 
um contexto que predominava o poder crescente de um Estado absolutista, e a 
nova classe burguesa lutava e almejava mais liberdade para desenvolver novas 
formas de busca de riqueza: o comércio e a indústria nascentes, ou seja, a acumu-
UNIDADE 3
116
lação de capital. Essas ideias eram frontalmente contrárias à defesa da intervenção 
do Estado na atividade econômica preconizada pelos ideais mercantilistas.
Passaram-se quase 300 anos da magnum opus — expressão em latim que 
remete à “grande obra”, trata-se da mais popular ou renomada obra de um artista 
ou pensador. Da época referenciada até os tempos atuais, muita coisa mudou. E a 
transformação é, em boa parte, reverberação do fenômeno da Revolução Indus-
trial, que era o cenário que permeou a vida do nosso pensador. 
Agora, pergunto: e para você? Qual é o papel do Estado na economia? Ele 
apresenta funções importantes? Qual é a relação dele com a economia? Como o 
Estado pode impactar a atividade econômica?
O tema da intervenção do Estado na economia divide opiniões e é bastante 
polêmico. Será motivo de mais debate na Unidade 5. No mundo contemporâneo, 
é difícil pensar em uma economia que não sofra o impacto do Estado em diver-
sas esferas. Apresentamos, aqui, duas situações que nos ajudam a refletir sobre 
a relação do Estado na economia: a primeira delas se trata da emissão da dívida 
pública federal. Aqui, tratamos da emissão pelo Tesouro Nacional para financiar 
déficit orçamentário do Governo Federal, ou seja, para pagar despesas que ficam 
acima da arrecadação com impostos e tributos. 
Nesse sentido, as emissões da dívida pública federal somaram R$ 173,26 bi-
lhões em outubro de 2020, o que foi o maior volume da série histórica, iniciada 
em 2006. O nível elevado de colocações tem por objetivo suprir a necessidade de 
financiamento do Governo frente à pandemia, mas também garantir a manuten-
ção do caixa acima do limite prudencial, de acordo com o Tesouro Nacional. Em 
outubro, a dívida pública subiu 2,47% e chegou a R$ 4,64 trilhões.
Os quatro primeiros meses de 2021 representam um período no qual as 
“contas a pagar” do Governo ultrapassam R$ 650 bilhões. O coordenador de 
operações da dívida pública, Roberto Lobarinhas, em publicação da Agência 
Brasil (MÁXIMO, 2020a, on-line), afirmou que, até o final de 2020, o Tesouro terá 
caixa em patamar suficiente para fazer frente a esses compromissos. Esses dados 
apresentados nos levam a pensar sobre a relação do Estado com a economia. 
Outra situação interessante se passou nos Estados Unidos. No final de 2020, 
vivenciamos a transição da presidência dos Estados Unidos da América: de Do-
nald Trump para Joe Biden. Dentro dessa temática, em março de 2018, o então 
presidente Donald Trump protagonizou uma situação que representou uma forte 
participação do Estado na economia. O episódio foi a cobrança de tributos sobre 
UNICESUMAR
117
a importação de aço e alumínio no país, visando proteger a indústria nacional, o 
que prejudicou o Brasil, um dos principais exportadores desses bens. 
Essa atuação na economia ocorre porque, sem a intervenção do Estado, tor-
na-se mais complexa a dinâmica da reprodução e expansão da poupança e in-
vestimento privados e, portanto, do próprio setor privado.
Um casal que estabelece uma relação afetiva passa por diversas situações 
que podem suscitar o que, informalmente, chamamos de DR: discutir a relação, 
encontrar um caminho de se relacionar melhor com o outro e consigo mesmo. 
É uma boa ideia! Na economia, bem como na política, também é importante 
debater, discutir para encontrar um acordo, um bom caminho. Isso nem de longe 
implica briga ou perda de tempo. “E quem discute isso?”, você pode estar se per-
guntando. É o Estado e o povo. O voto para eleger os representantes simboliza a 
escolha por uma corrente ou outra de pensamento. 
É importante dizer que defendemos que o diálogo para debater ideias, e 
não pessoas, é uma importante ferramenta para buscar alternativas que solu-
cionem situações complicadas do dia a dia. No caso da economia, é fato que 
o(a) polêmico(a) Estado mínimo ou intervenção estatal tem uma importância 
significativa. Nesse sentido, propomos uma dinâmica para que possamos co-
nhecer vários pontos de vista e buscar um denominador comum para agregar 
valor ao debate econômico.
Peça a amigos, colegas ou alguns de seus familiares para participarem com 
você de uma experiência que chamaremos de “palavra do especialista”! A discus-
são será sobre o agente econômico chamado Estado. Portanto, os participantes 
devem ter alguma afinidade com essa temática, com aquela energia boa para 
discutir, debater, refletir economia e política! É assim: cada participante recebe 
uma folha de papel, um lápis ou uma caneta. Uma parte do grupo deve escrever e 
defender a importância do Estado privatizar empresas. Outra parte do grupo deve 
escrever e defender sobre a estabilidade macroeconômica por parte do governo.
Peça para que todos os participantes sejam o mais sincero possível ao escrever. 
Após terminarem, o grupo que escreveu sobre a estabilidade macroeconômica 
lerá o texto sobre a importância do Estado privatizar empresas. E vice-versa. 
Após a leitura, as dificuldades, facilidades, diferenças de pontos de vista e outros 
aspectos poderão ser temas para uma calorosa e saudável discussão. Os temas 
econômicos, assim como tantos aspectos que envolvem nosso cotidiano, são 
complexos e repletos de diversas abordagens. Isso não significa que haja uma 
UNIDADE 3
118
verdade absoluta. O fundamental é discutir no sentido etimológico da palavra, 
que é examinar, buscar detalhes.Boa experiência!
Adam Smith defendia a ideia de que a intervenção do Estado nos assuntos 
econômicos e no mercado em geral deveria ser a menor possível. De tal forma, 
não haveria necessidade da intervenção do governo nos mercados, seja como 
influenciador ou manipulador. Contudo, defendia a intervenção do Estado no 
mercado quando os indivíduos violavam as leis e a justiça e quando iam em busca 
de seus próprios interesses a qualquer custo. Veja que um dos grandes pensadores 
do liberalismo também pensou sobre a relevância do Estado enquanto agente 
que atua na relação com os direitos de propriedade privada. Desfrute do Diário 
de Bordo e realize suas anotações!
DIÁRIO DE BORDO
UNICESUMAR
119
À medida em que o homem tomou conhecimento do funcionamento dos pa-
drões da natureza, ele pôde sair da condição de nômade e passar ao sedentarismo, 
fixando-se em pontos específicos do globo terrestre. Esse fenômeno possibilitou 
um aumento populacional, tornando a sociedade mais complexa. 
Considerando o ponto de vista econômico, por exemplo, numa economia de 
mercado, seu funcionamento se dá por meio do escambo (sem moeda) se houver 
apenas dois trocadores. Caso haja mais pessoas, a questão se complica. Veja, Sin-
ger (1983) nos apresenta o exemplo de duas tribos, em que uma fabrica cerâmica, 
e a outra pesca. Apenas isso: só se troca cerâmica por peixe, não é preciso ter 
moeda. Esse é um ponto! Contudo, no mercado, existem muitas mercadorias e 
muitas pessoas. Cada uma leva o seu produto, desejando, em troca da sua merca-
doria, outra ou várias outras muito específicas. Não existe um equivalente geral, 
uma mercadoria que serve só para trocar as outras. A organização dessas trocas, 
então, fica praticamente impossível. 
Diante dessa complexidade, numerosas economias de mercado surgiram na 
Europa, na África, na Ásia e na América, e se verificou que, depois de algum tem-
po, com o desenvolvimento da divisão social do trabalho, com a multiplicação 
dos produtos que são levados ao mercado, de uma maneira ou de outra, surge 
uma mercadoria, de modo geral, a que mais frequentemente se produz e se troca, 
que passa a ser aceita, não para ser consumida, mas para ser, por sua vez, trocada 
novamente, conforme afirmam Galbraith e Sanvicente (1983). Quem atua no 
mercado de carros sabe bem que alguns veículos são comprados pela “liquidez” 
que possuem, não necessariamente por atenderem ao perfil de seus motoristas 
e, sim, por ter aceitação ampla no mercado. É fácil de ser vendido!
UNIDADE 3
120
Isto posto, trata-se, então, da primeira 
forma histórica da moeda, chamada 
moeda-mercadoria, isto é, uma moe-
da que, na realidade, é uma merca-
doria com funções de dinheiro, com 
funções de meio de troca. Multiplica-
ram-se, então, os mercados, cada um 
com seu dinheiro específico. Quase 
tudo já serviu como moeda: o gado 
(e, por isso, temos, em português, a 
palavra “pecuniário”, que vem de pe-
cus, que é latim e quer dizer “gado”), 
o sal (a nossa palavra “salário” vem de 
sal, pois pagava-se o trabalho com sal, 
sal era moeda) etc. Enfim, é impossível 
imaginar algum tipo de mercadoria que, em algum momento, em algum lugar, 
não tenha servido de intermediário de trocas. 
À medida que diferentes economias de mercado começaram a se comunicar, 
porém, estabeleceram trocas entre si. Se, num mercado, a mercadoria-moeda era, 
por exemplo, o gado e, no outro, era o sal, criava-se um problema de câmbio. Quer 
dizer, o preço, em um mercado, era medido em cabeças de gado e, no outro, em 
baldes de sal. Para haver intercâmbio, era preciso fazer a conversão, e nem sempre 
a moeda de um mercado era aceita como moeda no outro. Além disso, muitas 
moedas apresentavam uma série de dificuldades. Por exemplo, eram perecíveis. 
Uma coisa importante na mercadoria-moeda é poder guardá-la para que se possa 
vender sem precisar comprar imediatamente. 
Nessa altura de nossa viagem histórica, o tempo não era o mesmo “tempo” de 
hoje. As coisas aconteciam numa velocidade diferente. Nosso vendedor levaria a 
moeda “gado” para casa. Somente depois (sabe-se lá quanto tempo!), voltaria para 
gastá-la. E se a negociação envolvesse muitos bois? Era o suficiente para se tornar 
complexo levar esse boi para casa, alimentá-lo para, depois, voltar a negociá-lo. 
Portanto, se a receita monetária tem a forma de uma manada, há que se alimentar 
os animais, que podem morrer ou ficar doentes. Assim, guardar moedas desse 
tipo implica despesas e riscos. Isso em qualquer período histórico!
UNICESUMAR
121
Diante desse cenário, a moeda-mercadoria mais interessante era a que fosse 
pouco perecível. Além disso, é interessante que ela pudesse ser dividida homo-
geneamente. Pense no gado… Como dar troco para uma transação dita “fracio-
nária”? Uma boa moeda-mercadoria é, portanto, aquela que seja não perecível, 
durável, que seja divisível homogeneamente e, além disso, de fácil transporte. O 
sal, por exemplo, costuma ser muito barato. Quem quisesse fazer uma compra 
grande, precisava levar uma carroça e encher de sal. Isso custa muito dinheiro, 
ao passo que uma moeda-mercadoria que concentra valor em pequeno volume 
e peso pode facilmente ser levada ao mercado para os pagamentos. 
Dadas essas condições que tornam, em função da prática, uma moeda-mer-
cadoria mais adequada do que outra, formou-se uma espécie de consenso geral, 
ao longo da história — e isso levou séculos e séculos —, em quase todo o mundo, 
de que a moeda-mercadoria deveria ser de metal precioso, basicamente, ouro e 
prata. Utilizam-se como moeda, também, outros metais, como o cobre — hoje, a 
palavra cobre é sinônimo de dinheiro — e o níquel — que também é sinônimo 
de moeda. Enfim, houve moedas de todo tipo de materiais, de metais e ligas de 
metal, mas a principal moeda-mercadoria que se conhece e que prevaleceu, por 
muitos séculos, até hoje, foi o ouro ou a prata, algumas vezes, juntamente, outras 
vezes, predominando mais a prata ou o ouro, como atualmente (SINGER, 1983).
Mas a moeda, ou o dinheiro, não é só um intermediário de trocas. À medida 
que a sociedade se tornou mais complexa, as trocas foram acompanhando essas 
transformações. Aí, o dinheiro, ou moeda, passa a desempenhar outra função que, 
em uma economia de escambo, não seria possível: passa-se a usar moeda para 
fazer pagamentos e, com isso, pode-se separar, no tempo, a transação comercial 
e a sua liquidação. Quer dizer, compra-se a prazo, inclusive, a força de trabalho: o 
empregado, em geral, trabalha por mês e, só no fim desse período, recebe o salário. 
Considerando um salto histórico, na era pós-industrial, um construto social 
se apresenta em termos de história da moeda: o crédito! Habitualmente, realiza-
mos compras a prazo. Destarte, a existência da moeda abre caminho para o surgi-
mento do crédito. Este, como se vê, é crença e fé no devedor. Em outras palavras, o 
credor que empresta o dinheiro ou adianta a mercadoria acredita no devedor, que 
ele vá, realmente, no prazo convencionado, pagar, e, assim, estabelece-se o crédito.
Para que essa crença não seja só subjetiva, o credor pode exigir garantias. 
Singer (1983) afirma que, ainda em uma economia de escambo, em princípio, 
UNIDADE 3
122
também podia haver crédito. Alguém podia entregar uvas e, depois de um mês, 
receber outra coisa em pagamento, mas a contabilização disso era um tanto quan-
to complicada. Ao passo que, com a moeda-mercadoria, a concessão de crédito 
se torna não apenas muito mais fácil, mas transferível. Essa característica de por-
tabilidade representa um grande avanço no mundo financeiro. 
O risco, a incerteza e a complexidade, enquanto características do modelo 
econômico, político e social, reverberam na função creditícia. O crédito, geral-
mente, é implementado por meio de um instrumento de crédito, que é um papel 
em que o devedor declara a sua dívida e assina embaixo. Suponhamos que nosso 
personagem que queria comprar uvas faça, ao vendedor de uvas, uma declara-
ção, por escrito e assinada, de que lhe deve“x” moedas, que pagará no dia 31 de 
dezembro. Isso seria uma letra de câmbio ou uma nota promissória. Quando a 
dívida é feita em moeda, o credor pode, por sua vez, usar esse papel para pedir 
dinheiro ou mercadorias adiantadas de um terceiro. O devedor, em vez de pagar 
a quem lhe vendeu as uvas, pagará a um outro, que vendeu, digamos, frango ao 
credor original. Então, o crédito circula, isto é, o instrumento de crédito circula 
pelo endosso, quando é nominal, ou quando é feito ao portador, pela simples 
transferência do papel. 
UNICESUMAR
123
A partir da possibilidade de expandir o crédito, ocorre uma série de desen-
volvimentos importantes. Com o surgimento da moeda feita com metal precioso, 
que é fácil de transportar, surge também o perigo de a moeda ser perdida ou 
roubada. Durante muito tempo, o comércio se fazia a longa distância. Os merca-
dores, geralmente, deslocavam-se em caravanas e, para se protegerem, tinham de 
contratar guardas, o que era bastante caro. Quanto maior era a caravana, maior era 
a segurança, mais atraía a atenção dos assaltantes, os quais eram não só bandidos, 
mas também senhores feudais que viviam de assaltar mercadores. Para evitar 
esse tipo de perda, o crédito permite que se substitua a moeda-mercadoria por 
instrumentos de crédito (SINGER, 1983).
Nesse ponto, é importante resgatar o importante papel histórico da Liga Han-
seática enquanto um eixo relevante para o comércio, a qual surgiu no final do 
século XII. Essa organização criou e organizou um sistema de leis marítimas e 
comerciais, as quais influenciaram, diretamente, o sistema econômico europeu 
da época, sendo propiciada pelo desenvolvimento do comércio e das cidades 
(Renascimento Urbano-Comercial), abertura e surgimento de novas rotas co-
merciais. Seus membros constituíam-se, principalmente, por comerciantes e 
estavam pautados no sistema de monopólio comercial, da mesma forma que 
compartilhavam interesses em comum, além de todos os privilégios mercantis, 
desde os direitos de entradas e saída de mercadorias até segurança. Outro eixo era 
o mediterrânico, que era controlado pelas cidades italianas de Gênova e Veneza. 
Entre ambos eixos, havia um longo caminho, que atravessava rios e monta-
nhas, com uma porção de castelos de senhores feudais que, quando não cobravam 
tributos de passagem, assaltavam as caravanas. Para evitar levar ouro em grande 
quantidade, com chance de perdê-lo ou de ter de pagar um pequeno exército para 
Keynes (s.d. apud CARVALHO et al., 2000) escreveu que a construção de um sistema de 
contratos em moeda, pelos quais se transferem recursos de um agente para outro e se 
definem as obrigações de cada parte, é o que separa a civilização moderna de formas 
mais primitivas e menos eficientes do ponto de vista produtivo de organização social.
PENSANDO JUNTOS
UNIDADE 3
124
protegê-lo, o comerciante que saía de Veneza, levando mercadorias, as vendia 
em Hamburgo (pertencente à Liga Hanseática), mas, em vez de cobrar em ouro, 
recebia uma letra de câmbio, quer dizer, uma confissão da dívida contraída pelo 
comprador de Hamburgo. Se a letra de câmbio caísse em mãos de assaltantes, eles 
não teriam meios de convertê-la em moeda. Quando, mais tarde, mercadores de 
Hamburgo vinham vender seus produtos em Veneza, o comerciante lhes pagava 
com a letra de câmbio, e eles retornavam à sua cidade, onde o devedor convertia 
a sua letra de câmbio em ouro, ou seja, a resgatava. Em suma, o papel passa a cir-
cular no lugar do ouro. Desta maneira, cria-se uma segunda moeda, que é uma 
representação da primeira, uma moeda-símbolo. 
Destarte, o desenvolvimento comercial impulsionou a utilização de moedas 
e, por conveniência, o crédito, enquanto resultado do desenvolvimento do co-
mércio, bem como de uma classe social que passou a rivalizar com a nobreza: a 
burguesia! O enriquecimento dessa classe levou os comerciantes a terem cada vez 
mais influência sobre as regiões onde estavam instalados. Os burgueses passaram, 
gradativamente, a influenciar as cidades e até os reinos europeus.
Além da abordagem do crédito enquanto medida relativa à conveniência, 
outra coisa importante era o fato de que as moedas de metal precioso tendiam 
a ser falsificadas. É essencial lembrar isso, pois essa informação nos remete ao 
aspecto inflacionário, abordado na Unidade 2. Numa época, por exemplo, tran-
sacionava-se com barras de ouro, que eram medidas por peso. Ora, uma forma 
bastante esperta de enganar os outros era tirar o ouro do meio da barra, deixando 
só uma camada fina e superficial e enchê-la de chumbo. Chumbo é muito mais 
barato e muito mais pesado do que o ouro. Quando a camada externa do ouro se 
desgastava, o seu possuidor descobria que a alma da barra não era de ouro, mas 
de chumbo. Para evitar isso, as barras eram cortadas em rodelinhas, daí a forma 
da moeda atual. Mesmo assim, ainda era possível falsificar moedas de ouro, que 
tinham grande valor: os mais espertos e engenhosos cortavam a moeda bem no 
meio, raspavam o ouro de dentro e a enchiam de chumbo. Para tornar mais difícil 
esse tipo de falsificação, o governo passou a cunhar as moedas e passou a fazer 
o “dentadinho” no contorno, que você ainda encontra em moedas mais antigas. 
Costumava-se, também, morder a moeda para verificar se ela não era falsificada.
UNICESUMAR
125
Travava-se, pois, uma grande luta pelo uso da moeda e contra a sua falsificação, 
o que não é interessante apenas por ser uma curiosidade para explicar a forma 
da moeda, mas, principalmente, porque, a partir de um certo momento, a moeda 
passa a ser protegida pelo Estado por meio da sua cunhagem. E, aqui, vamos nos 
aproximando de nossa temática de forma mais objetiva: a relação do Estado com 
a moeda. A política fiscal! Ainda, porém, é necessário estarmos juntos nessa via-
gem histórica para deixar bem clara a complexidade desse assunto na atualidade.
Em épocas diferentes, nos vários países, o rei, o imperador ou o príncipe cria-
ram uma fundição real, para onde as pessoas levavam o ouro a ser transformado 
em moeda, ostentando, em um lado, o selo real e, no outro, a efígie do soberano. 
Esses símbolos constituíam uma garantia de que aquela moeda tinha, ou deveria 
ter, tantos gramas de ouro ou de prata. Quando a cunhagem se torna obrigatória, 
a emissão da moeda passa a ser um monopólio do Estado. Inicialmente, a cunha-
gem era optativa: quem queria levava o ouro para essa fundição, recebia de volta 
as moedas cunhadas, pagava uma taxa e tinha um tipo de moeda que merecia 
mais confiança, porque tinha o selo do rei. Depois, o Estado a tornou obrigatória: 
quem quisesse pagar as dívidas tinha de fazê-lo em moedas cunhadas pelo Estado.
126
UNIDADE 3
Convém recordar que, quando o devedor deixa de pagar, 
o credor recorre aos tribunais, que se encarregam de cobrar a 
dívida. Isso quer dizer que o Estado tem como uma das suas 
funções mais importantes, em uma economia de mercado 
(sobretudo, na capitalista), impor o cumprimento das obri-
gações assumidas em contratos privados. Em virtude disso, 
porém, ele também tem o direito de especificar em que moe-
da as dívidas devem ser pagas, conferindo a certas moedas 
curso forçado. Esse conceito é fundamental para se entender 
como funciona o sistema monetário. No Brasil, o Governo 
confere “curso forçado” ao real. Você pode contrair dívidas 
em euros ou dólares, por exemplo, mas, se o devedor deixar 
de pagar essa dívida, é levado às barras de um tribunal, o 
qual converterá a dívida em reais, e o credor terá de aceitar 
os reais como pagamento. Isso garante, ao governo, ao Estado, 
o monopólio da emissão de moeda, quer dizer, ele constitui a 
única entidade que pode criar moeda.
A economista Monica de Bolle (2020) nos lembra que o 
lastro da moeda é sempre a capacidade de pagamento do go-
verno, entendendo-se por lastro a confiança que essa moeda 
gera. Se houver razões para se duvidar da capacidade do go-
verno de ressarcir o valor impresso na nota, isso naturalmente 
gerará um repúdio à moeda, eesse repúdio pode levar a um 
processo inflacionário. No entanto, se houver razões para se 
confiar que aquele valor impresso será ressarcido, implicita-
mente se acredita na capacidade de pagamento do governo, 
vale dizer, no respaldo fiscal, no lastro fiscal daquela moeda. 
A confiança é algo concreto, não nasce do ar, sobretudo 
ao tratar de moeda fiduciária, que não tem valor intrínseco. 
Sem valor intrínseco, a confiança tem que vir de algum lugar, 
depende do lastro fiscal, da solidez fiscal de longo prazo ou da 
percepção de solidez, da confiança das pessoas na capacidade 
do governo de honrar o valor daquela nota. É por isso que a po-
lítica monetária e a política fiscal estão diretamente entrelaça-
das. De uma forma ou de outra, elas estão sempre interligadas.
UNICESUMAR
127
O Estado começou a emitir moeda e precisava arrecadar impostos para cobrir 
os custos e despesas que uma instituição dessa ordem realiza. Daí o fato de as 
políticas monetária e fiscal andarem juntas. Relacionar o Estado com as políticas 
econômicas parece coisa pronta, mas essa viagem histórica foi proposital para 
dirimir a noção do Estado na Economia.
Um olhar atento à história permitirá a compreensão de que o Estado está en-
redado num contexto capitalista, no qual, à medida que o panorama financeiro 
Os Estados Nacionais surgiram, primeiramente, com as Cidades-Estado italianas, como 
Florença, Gênova e Veneza, que detinham monopólio de poder para garantir o comércio, 
imprimir moeda e recolher impostos para financiar as guerras. O conceito clássico de 
Estado-Nação, porém, apareceu em 1948, com a assinatura do Tratado de Westfália, que 
determina que um Estado, para ser considerado como tal, deve ter território, população e 
governo (soberania) enquanto atributos.
EXPLORANDO IDEIAS
Reunir ferramentas importantes como a política fis-
cal e monetária oferece robustez às decisões econô-
micas complexas como as que estamos vivenciando a 
partir do contexto da pandemia! Ao invés de focar ex-
clusivamente na política orçamentária, é importante 
viabilizar financiamentos considerando os aspectos 
orçamentários. Um jogo difícil de jogar, em que os 
mais estrategistas e dedicados participantes encaminham a sociedade como um 
todo a ganhar. O texto de Roberta Costa, economista e coordenadora de mercados 
internacionais para o Jornal Valor Econômico, nos agrega conhecimento ao trazer 
a fala de Christine Lagarde, no plenário do Parlamento Europeu. Uma mulher que 
lida diretamente com a tomada de decisões em diferentes cenários econômicos, 
ao presidir o Banco Central Europeu, afirma essa ideia de que entrelaçar as duas 
ferramentas econômicas para atingir o objetivo de bem-estar social será importan-
te e possibilitará a recuperação da economia europeia nos níveis pré-pandemia. 
Portanto, a temática que conecta política fiscal, monetária e o papel das mulheres 
na economia é o que você terá a oportunidade de ouvir neste podcast. 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6535
UNIDADE 3
128
global se complexificou, a relação política e econômica se tornou cada vez mais 
intrincada. Quanto mais se expande o capitalismo, mais atividades a serem de-
sempenhadas podem ser realizadas por esse agente econômico. Isso porque o 
mercado não funciona de modo perfeito e automático. Essas falhas justificam o 
papel do Estado. As funções do Estado podem ser pensadas diante de três funções 
clássicas: função alocativa, função estabilizadora e função distributiva. 
O mecanismo de preços do mercado atua razoavelmente e assegura a oferta 
de uma série de produtos no mercado. Contudo, esse mecanismo de mercado não 
é capaz de alocar eficientemente todos recursos da economia, havendo, portanto, 
a necessidade da intervenção governamental, a fim de que se obtenha a mais 
eficiente alocação dos recursos.
A alocação dos recursos por parte do governo tem como objetivo principal 
a oferta de bens e serviços necessários e desejados pela sociedade e que não são 
providos pelo sistema privado. Assim, o governo, utilizando os recursos e os ins-
trumentos de políticas a ele disponíveis, alocará recursos visando à complemen-
tação dos bens não disponibilizados pelo setor privado ou de acesso excludente. 
Esse conjunto de bens se refere aos “bens públicos puros”, “bens sociais ou quase 
públicos” e/ou, também, “bens econômicos”.
A alocação dos recursos na oferta dos “bens públicos puros” só ocorrerá 
por meio da interferência governamental. A característica da indivisibilidade 
desses bens inviabiliza sua oferta pelo setor privado, que seguramente não 
conseguiria vendê-los no mercado. Dessa forma, sendo eles necessários e de-
sejados pela sociedade, sua oferta poderá ser viabilizada com a oferta direta 
do governo ou por meio de mecanismos de incentivos à alocação dos recursos 
na sua oferta pelo setor privado.
A função de estabilização do governo utiliza instrumentos macroeconômicos 
para manter certo nível de utilização de recursos e estabilizar o valor da moeda. 
Assim, essa função surge para assegurar um desejável nível de pleno emprego e 
estabilidade dos preços, que não são automaticamente controlados pelo sistema 
de mercado. Assim, quando a economia está num período de desemprego e/ou 
inflação, a função de estabilização do governo atua no sentido de minimizar esses 
problemas, procurando manter um nível tolerável de emprego e de estabilidade 
nos níveis de preços.
UNICESUMAR
129
Quando o desemprego prevalece, o governo aumenta o nível de demanda no 
mercado, elevando seus gastos ou diminuindo seus tributos, recolocando a pro-
dução no pleno emprego. Por outro lado, se há inflação, o governo poder reduzir 
o nível da demanda no mercado, ajustando seus gastos e tributos, reduzindo, 
assim, o nível da demanda e os preços.
Fatores como oportunidade educacional, mobilidade social, habilidade indivi-
dual, mercado de trabalho, propriedades dos fatores de produção etc. levam, dentro 
de uma economia de livre mercado, a desigualdades na apropriação da renda e da 
riqueza gerada pelo sistema econômico. Assim, uma vez mais, o governo poderá 
utilizar seus diversos instrumentos para interferir nesse processo, melhorando a 
distribuição da renda e da riqueza e criando oportunidade de ascensão social. 
De maneira geral, os instrumentos de política fiscal são mais apropriados 
para tratarem dessa questão de forma mais eficaz. Contribuem para melhoria na 
apropriação da renda um sistema de tributação com cargas mais elevadas para as 
camadas mais ricas da sociedade, um mecanismo adequado de transferências de 
renda pessoal e regional, subsídios e incentivos que diminuem o custo de acesso 
a certos bens e serviços, leis regulatórias de proteção a um salário mínimo de 
subsistência, proteção tarifária, além dos gastos públicos em atividades que per-
NOVAS DESCOBERTAS
O Estado é mais novo que a economia. Na verdade, como o conhece-
mos hoje, não foi sempre assim. Contudo, a economia moderna, ou 
melhor, a partir do capitalismo comercial, Estado e economia passa-
ram a interagir constantemente. Em alguns momentos da história, 
mais, em outros, menos. A economia é filha do seu tempo. Portanto, 
tornou-se mais complexa diante da mudança das relações sociais, políticas 
etc. Independentemente do debate acerca da intervenção estatal ser boa ou 
não para a economia, o Estado cumpre uma função importante de agente 
econômico. Entre suas várias funções, ele é o ator preponderante na econo-
mia nas atividades fiscais, relacionadas à captação de recursos para efetuar 
gastos públicos, como as despesas associadas à educação, à saúde, à segu-
rança pública etc. Para você saber mais sobre essa temática, a sugestão é a 
leitura do livro Economia do Setor Público: uma análise crítica, da doutora em 
Políticas Públicas Ludmila Andrzejewski Culpi .
130
UNIDADE 3
mitam a utilização dos 
bens e serviços por uma 
camada da sociedade 
carente de recursos para 
obter esses bens no mer-
cado privado.
O mercado funcio-
nando livremente, sem 
a interferênciado gover-
no, não se preocupará 
com a concentração da 
renda e da riqueza, uma 
vez que as atividades 
econômicas alcancem 
seus objetivos, atingin-
do frações segmentadas 
da sociedade, deten-
toras de recursos para 
suas compras. Assim, a 
possibilidade espontâ-
nea da desconcentração 
da renda se torna ilu-
sória. Dessa forma, um 
melhor ajustamento na 
distribuição da renda e 
da riqueza na socieda-
de só poderia ser feito 
por intermédio da par-
ticipação do governo, já 
que somente ele pode 
compulsoriamente es-
tabelecer mecanismos 
que, de maneira efetiva, 
contribuam para o com-
bate às desigualdades.
UNICESUMAR
131
Figura 1 - Funções clássicas do Estado / Fonte: a autora.
Na Figura 1, é possível verificar que a função alocativa está associada à necessidade 
de oferecer ao mercado determinados serviços e produtos que o setor privado, por 
algum motivo, não consegue garantir. Portanto, o Estado desempenha seu papel de 
alocador, oferecendo a quantidade necessária desses serviços e mercadorias para 
atender à demanda de uma sociedade. A função estabilizadora se refere tanto às 
políticas de incentivo ao crescimento quanto ao controle de preços da economia, 
Descrição da Imagem: a Figura 1 apresenta três imagens com seus significados. A primeira imagem é a 
função alocativa do Estado. Com a transposição do Rio São Francisco como exemplo, a ideia é apresentar 
que essa função visa a assegurar o necessário ajustamento da alocação dos recursos no mercado. Ela oferta 
bens e serviços que não são oferecidos pelo setor privado. Na segunda imagem, tem-se o desenho de um 
homem se equilibrando sobre uma roda, que, no caso, representa o dinheiro, a função estabilizadora que 
concentra seus esforços na manutenção de um alto nível de utilização de recursos e de um valor estável da 
moeda. Consiste na promoção do crescimento econômico sustentado, com baixo desemprego e estabilidade 
de preço, como, por exemplo, as políticas econômicas adotadas nas décadas de 1980 e 1990. E, por último, 
na terceira imagem, com a logo do Programa Bolsa Família — a qual consiste em uma casa sobre o mapa 
do Brasil, ambos na cor verde, com a ilustração de uma família (pai, mãe e três filhos) na frente —, refere-
-se à função distributiva, que é voltada para a necessidade do governo em intervir na economia, visando à 
correção da desigualdade existente na distribuição da renda nacional que, normalmente, não é igualitária, 
como, por exemplo, o programa Bolsa Família e os recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
UNIDADE 3
132
evitando altos índices de inflação. Para desempenhar esse papel de estabilizador de 
preços e promotor do crescimento econômico, o Estado deve adotar mecanismos 
de política econômica. A função distributiva é uma função central, já que garante 
que as pessoas terão melhor condição de atender às suas necessidades mais básicas. 
Nessa perspectiva, a contribuição de Culpi (2019) é relevante ao esclarecer 
que a renda de uma pessoa depende das oportunidades que existem nas na-
ções, ou seja, se uma economia está em crescimento e consegue oferecer salários 
médios a altos, a maioria da população terá boas condições de vida. Contudo, 
algumas economias têm desigualdade social mais acentuada que outras ou outros 
problemas econômicos graves, então o governo deve cumprir a função de redis-
tribuir a renda gerada na economia entre os diversos setores, visando à redução 
das disparidades e à promoção da equidade.
Sabe-se que o papel do gestor é tomar decisões em ambiente complexo. Do 
ponto de vista econômico, o posicionamento do profissional ao deliberar é ter 
em mente que o Estado está cada vez mais imbricado no contexto econômico. 
Diante do amadurecimento do sistema capitalista ao longo do tempo, a história 
nos revelou que essa relação é factual e de extrema importância diante dos pro-
pósitos da gestão financeira.
Essa ideia se confirma à medida que passamos a perceber que, na atualidade, 
a função estabilizadora do Governo se revela pela manipulação dos agregados 
macroeconômicos, tais como juros, dívida pública, emprego, inflação e investi-
mento público. O caminho posto para administrar essas variáveis complexas é 
por meio do orçamento público. Esse instrumento de planejamento, diante da 
utilização do dinheiro arrecadado com os tributos (impostos, taxas, contribuições 
de melhoria, entre outros), é essencial para oferecer serviços públicos adequados, 
além de especificar gastos e investimentos que foram priorizados pelos poderes 
(funções do Governo), portanto, conforme Culpi (2019), é uma ferramenta cen-
tral para assegurar o impacto do Estado sobre a economia.
Diante do orçamento público, as autoridades econômicas podem usar as 
políticas econômicas de formas diversas. Em cenários de desemprego, deve-se 
expandir os gastos e aumentar a demanda da economia por meio de transferência 
de renda, redução de impostos, entre outras medidas — ações expansionistas. Por 
outro lado, quando existe inflação na economia, o Estado deve reduzir gastos 
e conter a demanda mediante aumento dos juros para expandir a poupança e 
limitar o crédito na economia — ações restritivas.
UNICESUMAR
133
Figura 2 – Fluxo do orçamento da receita / Fonte: Brasil ([2021a], on-line).
É na busca por assegurar a estabilidade econômica e promover o crescimento 
econômico, bem como o controle de preços que o Estado adota várias medidas de 
política econômica, utilizando instrumentos de política fiscal, monetária, cambial, 
de comércio exterior, políticas setoriais e de rendas, entre outros. 
Uma vez que conversamos sobre política monetária na Unidade 2 e que as 
questões de comércio internacional serão abordadas na Unidade 4, nos é, agora, 
oportunizado tratar do funcionamento da política fiscal. Entender sua função na 
Descrição da Imagem: os indivíduos são membros de um Estado. Dessa maneira, usufruem de direitos 
civis e políticos garantidos por este. Por sua vez, aqueles devem cumprir com seus deveres, como o paga-
mento de impostos, por exemplo. O Governo Federal, a partir da receita adquirida pelos cidadãos, oferecerá 
serviços públicos para a sociedade.
UNIDADE 3
134
economia e de que forma ela interfere na capacidade de consumo das famílias, 
de investimento e crescimento das empresas e gastos do governo.
O gestor financeiro é aquele que elabora relatórios analíticos para acompa-
nhamento dos resultados financeiros das empresas; elabora indicadores quanti-
tativos para tomada de decisões; coleta, organiza e analisa informações gerenciais 
para construção de orçamento empresarial. Agora, imagine isso ao gerir uma 
instituição com mais de 200 milhões de habitantes! Se já é difícil planejar e con-
trolar os gastos em nossa casa, imagine a complexidade de planejar as prioridades 
de um país do tamanho do Brasil. 
É por essa (e outras!) que o governo é o principal agente econômico indi-
vidual de uma economia e, também, o mais influente. Suas decisões de gastos 
e de arrecadação impactam todas as famílias e as empresas do país. As funções 
desse agente, apresentadas anteriormente, iniciam um conceito importante para 
o entendimento das políticas fiscais do governo, a saber: o orçamento público.
Você sabe o que é orçamento público? Como todo orçamento, é uma rela-
ção de gastos que o governo pretende fazer em determinado ano com base nas 
previsões de receitas a serem arrecadadas naquele ano. O orçamento faz parte 
do planejamento das contas do governo, que precisa antecipar os gastos orça-
mentários que serão executados. Isso possibilita a obtenção de transparência 
e maior controle das contas públicas, seja por parte dos gestores públicos, seja 
por parte da sociedade.
Ferreira (2015) nos apresenta o orçamento público no Bra-
sil em três principais abordagens: orçamento fiscal, orçamen-
to de investimentos de estatais e orçamento da seguridade 
social. Essa divisão direciona a gestão dos recursos, seja por 
fonte de arrecadação, seja por função social do Estado.
No orçamento fiscal,são definidos os gastos com a 
administração pública, como saúde, educação, seguran-
ça, defesa, justiça, entre outras funções do Estado, bem 
como os gastos das autarquias públicas, como os ins-
titutos, as fundações e 
as agências de 
regulação. São 
autarquias: 
UNICESUMAR
135
o Banco Central do Brasil (BCB), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a Agência Nacional de Teleco-
municações (Anatel), entre outras.
Os gastos comprometidos no orçamento fiscal devem ser feitos com os recur-
sos do Tesouro Nacional, das Secretarias de Fazenda Estaduais e das Secretarias 
Municipais de Finanças; logo, são receitas tributárias e não tributárias recolhidas 
pelas três esferas administrativas, com a arrecadação de impostos, as cobranças de 
taxas por serviços, as receitas de lucros em participações de empresas públicas ou 
de capital misto, as vendas de títulos públicos e/ou os recebimentos de doações.
No orçamento de investimento das empresas estatais, como estas são empre-
sas, o objetivo é expor o plano de investimentos para expansão da organização 
e da oferta de produtos ou serviços ao longo do tempo. A fonte de recursos para 
os investimentos das empresas estatais é sua receita operacional obtida com as 
vendas de seus produtos ou serviços no mercado, com suas receitas financeiras 
obtidas de aplicações de sobras de caixa ou de participações em outros empreen-
dimentos, com suas dívidas contratadas com o sistema financeiro ou por meio 
da venda de títulos privados de dívida, como as debêntures.
Em 2019, segundo dados da Controladoria Geral da União, havia 46 empresas 
das quais o Governo Federal do Brasil detinha controle direto ou que eram to-
talmente públicas. 
Debêntures são títulos de crédito, representativos de um empréstimo que uma compa-
nhia realiza junto a terceiros e que assegura a seus detentores direito contra a emisso-
ra, estabelecidos na escritura de emissão. Consiste em um instrumento de captação de 
recursos no mercado de capitais, os quais as empresas (públicas e/ou privadas) utilizam 
para financiar seus projetos. Os debenturistas são credores da empresa e esperam re-
ceber juros periódicos e pagamento do principal — correspondente ao valor unitário da 
debênture. É uma forma, também, de melhor gerenciar suas dívidas. Em alguns aspectos, 
seu funcionamento lembra o dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto. Só que, 
em vez de financiar o governo, quem compra debêntures empresta dinheiro para uma 
empresa construir uma nova fábrica, expandir as operações no exterior ou fazer qualquer 
outro grande investimento.
EXPLORANDO IDEIAS
136
UNIDADE 3
Empresas Estatais Federais - Controle Acionário Direto e Indireto. 
Número de
subsidiárias: 
Dependentes do
Tesouro Nacional 
Não dependentes
do tesouro Nacional
GRUPO
69
49
26
5
2
19 27
42
subsidiárias
sediadas no
exterior
151
Controle
indireto
197
 EMPRESAS
ESTATAIS
FEDERAIS
46
Controle
direto
Figura 3- Empresas públicas / Fonte: adaptada de Brasil (2020a).
Descrição da Imagem: a imagem apresenta o título Empresas Estatais Federais — Controle Acionário Direto 
e Indireto. Embaixo, segue um fluxograma que apresenta um círculo maior, cuja borda representa um gráfico 
de pizza nas cores verde clara e escura. No círculo, insere-se a inscrição: 197 empresas estatais federais. 
Ao lado, indicando a porção mais escura do gráfico, segue um traço e outro círculo, no qual está inscrito 46 
empresas de controle direto (veja o Quadro 1). Embaixo, indica-se uma subdivisão com dois losangos. Em 
um, está inscrito o número 19 e, abaixo, o texto “Dependentes do Tesouro Nacional”, e, no outro, o número 
27 e, abaixo, o texto “Não dependentes do Tesouro Nacional”. Do círculo maior, segue um outro menor, 
fazendo referência à parte clara do gráfico de pizza, indicando 151 empresas de controle indireto. Ao lado 
direito, indica-se um texto referente ao número 151: o número de subsidiárias, que são 69 subsidiárias da 
Eletrobras, 49 da Petrobras, 26 subsidiárias do Banco do Brasil (empresas como a BB Seguros exemplificam 
esse número), 5 subsidiárias da Caixa Econômica Federal e 2 relativas ao BNDES. Do lado esquerdo, um 
círculo menor apresenta a inscrição 42 subsidiárias sediadas no exterior.
UNICESUMAR
137
EMPRESAS ESTATAIS
ABGF
Agência Brasileira Gestora de 
Fundos Garantidores e Garan-
tias S.A.
EPE
Empresa de Pesquisa 
Energética
AMAZUL
Amazônia Azul Tecnologias de 
Defesa S.A.
EPL
Empresa de Planejamento 
e Logística S.A.
BASA Banco da Amazônia S.A. FINEP
Financiadora de Estudos e 
Projetos
BB
Banco do Brasil S.A. Banco do 
Nordeste do Brasil S.A.
GHC
Hospital Nossa Senhora da 
Conceição S.A.
BNB
Banco do Nordeste do Brasil 
S.A.
HCPA
Hospital de Clínicas de 
Porto Alegre
BNDES
Banco Nacional de Desenvolvi-
mento Econômico e Social
HEMO-
BRAS
Empresa Brasileira de 
Hemoderivados e Biotec-
nologia
CBTU
Companhia Brasileira de Trens 
Urbanos
IMBEL
Indústria de Material Bélico 
do Brasil
CDC Companhia Docas do Ceará INB
Indústrias Nucleares do 
Brasil S.A.
CDP Companhia Docas do Pará INFRAERO
Empresa Brasileira de In-
fraestrutura Aeroportuária
CDRJ
Companhia Docas do Rio de 
Janeiro
NUCLEP
Nuclebrás Equipamentos 
Pesados S.A.
Você sabe quais empresas são públicas no Brasil? 
A seguir, uma relação delas. Vale a pena conhecer, pesquisar e entender sobre cada uma 
delas. É inviável apresentar cada uma, mas fica o convite para que você busque saber 
mais. É muito importante lembrarmos que as empresas estatais federais são patrimônio 
dos cidadãos brasileiros. Observe o quadro 1.
Ainda vale destacar que tratamos, aqui, da esfera federal. Poderíamos pesquisar as em-
presas pertencentes aos governos estaduais. É um trabalho interessante. Por ora, temos 
que pensar sobre os aspectos sociais. 
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 3
138
CEAGESP
Companhia de Entrepostos e 
Armazéns
Gerais de São Paulo 
PETRO-
BRAS
Petróleo Brasileiro S.A.
CEASA-
MINAS
Centrais de Abastecimento de 
Minas Gerais S.A.
PPSA
Empresa Brasileira de 
Administração de Petróleo 
e Gás Natural S.A. - Pré-Sal 
Petróleo S.A.
CEF Caixa Econômica Federal SERPRO
Serviço Federal de Proces-
samento de Dados
CEITEC
Centro Nacional de Tecnologia 
Eletrônica Avançada S.A.
SPA
Santos Port Authority 
(Codesp)
CMB Casa da Moeda do Brasil TELEBRAS
Telecomunicações Brasilei-
ras S.A.
CODEBA
Companhia das Docas do Esta-
do da Bahia
TREN-
SURB
Empresa de Trens Urbanos 
de Porto Alegre S.A.
CODERN
Companhia Docas do Rio Gran-
de do Norte 
VALEC
Engenharia, Construções E 
Ferrovias S.A.
CODESA
Companhia Docas do Espírito 
Santo
EBC
Empresa Brasil de Comuni-
cação S.A.
CODE-
VASF
Companhia de Desenvolvimen-
to dos Vales do São Francisco e 
do Parnaíba
EBSERH
Empresa Brasileira de Servi-
ços Hospitalares
CONAB
Companhia Nacional de Abaste-
cimento
ECT
Empresa Brasileira de Cor-
reios e Telégrafos
CPRM
 Companhia de Pesquisa de 
Recursos Minerais
ELETRO-
BRAS
Centrais Elétricas Brasilei-
ras S.A.
DATA-
PREV
Empresa de Tecnologia e Infor-
mações da Previdência Social
EMBRAPA
Empresa Brasileira de Pes-
quisa Agropecuária
EMGE-
PRON
Empresa Gerencial de Projetos 
Navais
EMGEA Empresa Gestora de Ativos
Quadro 1 - Empresas estatais / Fonte: adaptado de Brasil (2020a).
UNICESUMAR
139
Nesse panorama, apresenta-se o orçamento da seguridade social. Ele detalha 
tantos os gastos como as despesas vinculadas à saúde, à previdência e à assistência 
social. Seu financiamento é realizado conjuntamente pelo governo, empregadores 
e empregados. O legislador constituinte atribuiu à sociedade em geral o finan-
ciamento da seguridade social, conforme previsto no art. 195 da Constituição 
Federal, o qual determina que ela será financiada por toda a sociedade, de forma 
direta e indireta, mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal, dos Municípios e das contribuições sociais (BRASIL, 1988).
Inicialmente,é dever da União suprir as insuficiências financeiras no paga-
mento dos benefícios de prestação continuada a cargo da Previdência Social na 
forma de lei orçamentária anual. O Governo obtém, também, receitas associadas 
às contribuições sociais, como a contribuição ao Instituto Nacional de Seguridade 
Social (INSS) das empresas e as receitas orçamentárias dos órgãos de governos 
responsáveis pela saúde e assistência social. Da mesma forma, o Tesouro Nacional 
deve repassar, mensalmente, os recursos provenientes das contribuições inci-
dentes sobre o faturamento e o lucro das empresas (CSLL – Contribuição sobre 
o Lucro Líquido) e sobre a arrecadação feita pela Receita Federal por meio de 
concursos de prognósticos (loterias etc.). É uma forma indireta de contribuição, 
na hipótese dos recursos por fonte própria serem insuficientes para a cobertura 
necessária (BARROS, 2018).
A contribuição social dos empregadores urbanos incide sobre a folha de pa-
gamentos, o faturamento e o lucro das empresas. Salvo algumas exceções, na 
contribuição sobre a folha de salários, será cobrado 20% sobre todas as remune-
rações pagas a qualquer título, no decorrer do mês, a todos que prestem serviços 
remunerados. Na contribuição sobre o faturamento, chamada de COFINS, o 
percentual de 2% é cobrado sobre a receita bruta de qualquer natureza. Ressalto 
que há INSS patronal superior a 20% e, também, inferior a 20%.
O acompanhamento das contas de receita e despesas da Seguridade Social se transfor-
mou em um poderoso instrumento articulador do debate e uma arma importante para os 
movimentos sociais, pesquisadores e todos aqueles que defendem o modelo criado pelo 
constituinte de 1988. 
PENSANDO JUNTOS
UNIDADE 3
140
De acordo com o enquadramento tributário, a contribuição social sobre o 
lucro pode ser cobrada no percentual de 8% para as empresas e em 18% para as 
instituições financeiras. Ressalta-se o fato de que, não havendo lucro, não há como 
exigir essa contribuição, portanto entidades sem fins lucrativos estão isentas dela.
Não podemos deixar de citar o empregador rural, pessoa física que pagará 
2,5% da receita bruta proveniente da comercialização de sua produção, mais 0,1% 
sobre a mesma base de cálculo para o financiamento das prestações de acidente 
de trabalho. Do mesmo modo, o empregador doméstico paga 12% do salário de 
contribuição, independentemente do valor do salário pago ao doméstico. Cabe 
frisar que existem algumas contribuições cobradas conforme risco de acidente 
de trabalho e gênero de atividade da empresa empregadora
Por fim, a contribuição do empregado é calculada sobre o salário de contri-
buição que serve como base de incidência das alíquotas. É utilizado para o traba-
lhador urbano, rural, temporário, doméstico e avulso. O salário de contribuição é 
compreendido pela totalidade dos rendimentos ganhos, devidos ou creditados, a 
qualquer título pelo empregado durante o mês, incluindo-se gorjetas, comissões, 
diárias, abonos e gratificações, conforme determina a Lei nº 8.212/90 em seu 
artigo 28, incisos I a III (BRASIL, 1990).
A contribuição do empregado está dividida em faixas de alíquotas variáveis 
da seguinte maneira:
Salário-Contribuição Alíquota
Até um salário mínimo (R$ 1.045,00 ) 7,5%
De R$ 1.045,01 a R$ 2.089,60 9%
De R$ 2.089, 61 a R$ 3.134, 40 12%
De R$ 31134, 41 a R$ 6.101, 06 14%
Fonte: Oliveira (2020, on-line).
Conforme Verdélio (2020, on-line), a arrecadação de impostos federais em 2019 
totalizou R$ 1,537 trilhão, um crescimento real de 1,69% em comparação ao 
ano anterior. Corrigido pela inflação, o valor chegou a R$ 1,568 trilhão, o maior 
volume desde 2014, de R$ 1,598 trilhão.
UNICESUMAR
141
Você viu que o Governo precisa 
gastar para cumprir suas funções so-
ciais, sejam as prioritárias, como pro-
ver saúde, educação, segurança, justiça e 
defesa nacional, sejam todas as demais, 
as quais ele assume em função de op-
ções políticas ou de necessidade social. 
Agora, vejamos a origem e os tipos de 
receitas públicas, bem como a forma 
como o governo gasta suas receitas para 
obter a melhor relação entre o custo e o 
benefício social.
Já vimos que o governo é o respon-
sável pela oferta de serviços públicos à 
sociedade, mas ninguém trabalha ou 
fornece produtos e serviços ao Go-
verno de graça. Para prestar serviços 
públicos, o governo deve remunerar 
os funcionários públicos, pagar pelos 
produtos e serviços que compra das 
empresas, como materiais hospitalares, 
livros didáticos, equipamentos para as 
polícias, entre tantas outras compras 
que o governo realiza para cumprir as 
funções de Estado.
Para obter os recursos necessários, o 
governo conta com as receitas públicas, 
formadas pelos montantes arrecadados 
pelos governos em determinado período 
de duas fontes distintas: as receitas tribu-
tárias e as receitas não tributárias. 
As receitas tributárias são aquelas 
recebidas pelo Estado em função do pa-
gamento dos impostos que a sociedade 
UNIDADE 3
142
paga. Elas podem ser classificadas conforme o tipo de tributo; os tributos diretos ge-
ram receitas tributárias diretas, e os tributos indiretos, as receitas tributárias indiretas. 
Os tributos diretos são todos aqueles que incidem sobre a renda e a proprieda-
de. Os principais tributos diretos são o Imposto de Renda (IR), o Imposto Predial 
e Territorial Urbano (IPTU), o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automo-
tores (IPVA) e o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). A tributação 
direta reduz diretamente a disponibilidade de renda das pessoas a consumir, mas 
têm a vantagem de ser progressiva, ou seja, quanto mais renda e propriedade as 
pessoas tiverem, mais impostos pagarão, mesmo que as alíquotas não sejam dis-
tintas entre as rendas ou as propriedades dos mais ricos e dos mais pobres.
Os tributos indiretos são todos aqueles que incidem sobre as atividades 
econômicas e oneram os custos dos produtos e dos serviços. Os mais impor-
tantes são o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), 
o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre Operações 
Financeiras (IOF), o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e o 
Imposto sobre Importação (II).
A tributação direta incide ao longo da cadeia produtiva, que, a cada etapa de 
produção, agrega os impostos incidentes aos custos, encarecendo os produtos que 
chegam aos consumidores. Logo, todos os produtos e serviços consumidos pelas 
famílias têm, em seus preços, uma parcela de custo, que são os tributos indiretos. Em 
alguns casos, como os combustíveis, mais da metade do preço do produto é imposto.
Os tributos indiretos atingem indiscriminadamente todos os produtos e ser-
viços, os consumidos pelos ricos e pelos pobres, encarecendo-os. A tributação 
indireta, ao deixar os produtos mais caros, reduz o poder de compra da renda das 
famílias. Esse consumo menor representa menor produção nas empresas, menor 
geração de emprego e renda na economia. Além disso, os tributos indiretos, ao 
encarecerem os preços de produtos nacionais, provocam a perda de competitivi-
dade do produto nacional diante dos produtos importados, reduzindo ainda mais 
a capacidade de elevar a produção, como a geração de emprego e renda no país.
As receitas não tributárias que o governo obtém para fazer compor o total 
das receitas públicas são todas aquelas que não têm origem nas cobranças de 
impostos. São diversas fontes de receitas não tributárias que um governo pode 
arrecadar, entre as quais estão, principalmente:
UNICESUMAR
143
As contribuições compulsórias são quase como tributos, pois são recolhidas das 
empresas e das famílias como uma obrigatoriedade e, ao contrário dos tributos, 
não sofrem a partilha federativa, ou seja, a esfera de Governo (Federal, Estadual 
ou Municipal) que a impõe não precisa dividir a arrecadação com as demais. As 
principais contribuições compulsórias são:
a) Ao instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
b) Aos programas de Integração Social e de Formação doPatrimônio do 
Servidor Público (PIS/PASEP).
c) À Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (CO-
FINS).
d) À Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
e) À Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).
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UNIDADE 3
144
Impostos
Aumentam ou 
diminuem o consumo 
e a renda da 
população
Incentivam ou desestimulam 
a atividade das empresas
Aumentam ou reduzem as
importações ou as exportações
Qualquer de�nição sobre
o sistema tributário impactará os indicadores 
macroeconômicos da economia de modo geral 
(in�ação, PIB, juros, câmbio, emprego, etc.)
e poderá contribuir para o crescimento
da economia ou, ao contrário,
para agravar a sua recessão
Figura 4 - O impacto do aumento ou diminuição dos impostos / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: a imagem representa uma série de círculos espiralados que indicam os efeitos do 
termo central: impostos. Segue uma flecha para o texto: aumentam ou diminuem o consumo e a renda da 
população, que se refere a um aumento de impostos, que impacta negativamente na renda da população 
e, por conseguinte, desestimula o consumo, bem como a oferta de produtos e serviços. A segunda flecha 
indica um nível superior e se refere ao texto: incentivam ou desestimulam a atividade das empresas. A 
terceira flecha indica que o aumento de impostos pode reduzir ou aumentar as exportações e importações. 
A quarta flecha indica o texto: qualquer definição sobre o sistema tributário impactará os indicadores ma-
croeconômicos da economia de modo geral (inflação, PIB, juros, câmbio, emprego etc.) e poderá contribuir 
para o crescimento da economia ou, ao contrário, para agravar a sua recessão.
UNICESUMAR
145
Portanto, um aumento de impostos é, pois, uma medida restritiva de política eco-
nômica, já que incide negativamente sobre o gasto agregado e sobre a produção. 
Uma redução de impostos, ao contrário, constitui uma medida reativadora, pois 
aumenta a renda disponível e desloca para cima a função de consumo e o gasto 
total, além de aumentar a renda de equilíbrio. Definitivamente, a possibilidade 
de alterar os impostos constitui um instrumento de controle do gasto agregado 
quase tão poderoso quanto uma mudança nos gastos do setor público.
Dentro desse contexto do setor público e de orçamento, permita-me com-
partilhar uma vivência... Tive a feliz experiência de atuar, por quase 10 anos, em 
uma instituição financeira. Era um trabalho muito dinâmico, o qual me trouxe 
muito aprendizado sobre o mercado financeiro (e outros tantos!). Era a época 
do governo Fernando Henrique Cardoso, ano de 2002, e eu atuava como caixa 
de banco no extinto HSBC Bank Brasil S.A.
O assunto de recursos para saúde e custeio social estava em pauta no Brasil, e, 
a partir dessa justificativa, FHC prorrogou a Contribuição Provisória sobre Movi-
mentação Financeira (CPMF), criada (com outro nome à época) em 1993. O fato 
é que a CPMF ganhou o apelido de “imposto do cheque”. Na época, as transações 
com cartão, ou meios de pagamento virtuais, eram diferentes dos dias atuais, em 
que a internet está disseminada. O Wi-Fi nem existia na região em que eu atuava. 
Portanto, o uso de talão de cheques como forma de pagamento era elevado. A 
alíquota adotada era de 0,38%. A cobrança incidia sobre todas as movimentações 
bancárias — exceto nas negociações de ações na Bolsa, saques de aposentadorias, 
seguro-desemprego, salários e transferências entre contas correntes de mesma 
titularidade. Então, um prestador de serviço, por exemplo, recebia um pagamento 
em cheque; ao descontar essa ordem de pagamento, tinha de pagar 0,38% sobre 
o valor de emissão do documento enquanto contribuição. 
Na prática bancária, havia muito trabalho com cheques depositados e de-
volvidos por erro formal (motivo 31, cheque com irregularidade — sem data 
de emissão, com o mês grafado numericamente, ausência de assinatura ou não 
registro do valor por extenso), no qual não havia data. Eram vários desse tipo 
no dia a dia. Uma das razões recorrentes era a de que esse documento, que, em 
teoria, era uma ordem de pagamento à vista, era emitido sem apresentar a data 
diante da prática de repassá-lo adiante como forma de pagamento para outrem, 
por tentar escapar da movimentação bancária e ter que honrar com a incidência 
de 0,38% do valor em questão. 
UNIDADE 3
146
Imagine, caro(a) aluno(a), que você, ao comprar uma casa no valor de R$ 
500.000,00, teria de pagar o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI 
— varia, conforme a localidade, entre 2% a 3%) recolhido pela prefeitura. E, ain-
da, teria de contribuir com R$ 1.900,00, no caso citado, de CPMF. Digamos que 
até seria razoável, caso a motivação inicial para essa contribuição se realizasse. 
Contudo, ao longo dos 11 anos que vigorou, essa “grana” toda não foi destinada à 
saúde como deveria, conforme nos informa o Senado Notícias (BRASIL, [2021b], 
on-line). De 1997 a 2007, a CPMF arrecadou R$ 223 bilhões. Em 2007, último ano 
de vigência da contribuição, foram recolhidos R$ 37,2 bilhões, segundo balanço 
divulgado pela Receita Federal. O crescimento da receita gerada pela CPMF, entre 
1998 e 2006, foi de 216,1%, enquanto o montante de tributos administrados pela 
Receita Federal evoluiu 78,4% no mesmo período, em termos reais.
Apesar de ter sido criada para financiar a saúde, não havia essa obrigação na 
lei, e R$ 33,5 bilhões foram usados para financiar outros setores.
Figura 5 - Arrecadação e destinação dos recursos da CPMF / Fonte: Brasil ([2021b], on-line).
Descrição da Imagem: no gráfico apresentado, para os anos de 1997 a 2007, período em que vigorou a 
CPMF, pode ser observado o destino planejado para os recursos arrecadados por meio do imposto. Não se 
atingiu, como deveria, o objetivo proposto para a área da saúde. No ano de 1997, com uma alíquota de 0,20%, 
os recursos foram, em sua grande maioria, para a área da saúde (em vermelho), sendo que uma pequena 
parte foi destinada ao Caixa do Tesouro Nacional (em azul). Em 1999, observa-se parte do montante sendo 
destinada à Previdência Socias (em verde escuro), e outra parte, à saúde. No começo da década de 2000, 
a parte destinada à saúde perde a vez para a Previdência Social e para o fundo de combate e erradicação 
da pobreza (em azul marinho). No ano de 2007, de um valor que ultrapassa 35 bilhões, apenas 15 bilhões 
foram destinados ao objetivo inicialmente proposto. 
UNICESUMAR
147
Pois bem! Ainda que análises criteriosas devam ser reali-
zadas, as taxas cobradas pelo Governo, na administração 
direta ou em autarquias, destinam-se ao custeio das ativi-
dades específicas de Estado relacionadas a uma prestação 
direta ao cidadão. Embora sejam muitas as taxas cobradas 
por serviços públicos, as principais estão relacionadas às 
seguintes atividades:
 ■ Emissão de documentos públicos (carteira de iden-
tidade, passaporte, carteira de motorista, alvará de 
funcionamento etc.).
 ■ Inscrições em concursos públicos.
 ■ Iluminação pública.
 ■ Limpeza pública e coleta de lixo.
 ■ Fiscalização (Defesa Sanitária, Corpo de Bombeiros).
Outra fonte de receita não tributária é o lucro das empresas 
estatais, que pertencem ao seu dono, o Estado, que tem o 
direito a uma parte dos lucros dessas organizações, como 
Petrobras, Infraero, Eletrobras e Caixa Econômica Federal. 
Perceba que esses lucros podem ser reinvestidos nas pró-
prias empresas ou retirados pelo Governo para compor as 
receitas que ajudarão a pagar as contas públicas.
Algumas instituições públicas recebem doações, que 
podem ser de pessoas físicas, jurídicas e até mesmo de 
estrangeiros. Essas doações também são consideradas 
receitas públicas não tributárias. É considerada receita 
pública não tributária o dinheiro obtido pelo governo 
com a emissão e venda de títulos públicos. As receitas de 
venda de títulos da dívida pública servem paracobrir os 
pagamentos acima das receitas, assim como acontece em 
uma empresa e em uma família. Quando falta dinheiro 
para pagar todas as contas, toma-se dinheiro emprestado, 
mas, no caso do governo, emitem-se e vendem-se títulos 
públicos (FERREIRA, 2015).
148
UNIDADE 3
Figura 6 - Carga Tributária Bruta por esfera de governo no Brasil — Anual — % do PIB — de 
2010 a 2019 / Fonte: Brasil (2020b, on-line).
Os impostos têm impacto direto sobre a economia, principalmente, sobre o con-
sumo das famílias, pois os impostos retiram poder de compra das pessoas, seja 
diretamente, quando incidem sobre a renda e a propriedade, seja indiretamente, 
quando incidem sobre a produção e circulação de mercadorias e serviços. Perceba 
que os impactos dos tributos diretos e indiretos são diferentes sobre o consumo, 
mas ambos os tipos de tributação afetam igualmente a quantidade de coisas que 
as famílias podem comprar.
Descrição da Imagem: na imagem, temos que, em 2019, a Carga Tributária Bruta (CTB) do Governo geral 
(Governo central, Estados e Municípios) alcançou 33,17% do PIB, permanecendo praticamente estável em 
relação a 2018, com aumento de 0,02 pontos percentuais do PIB. Na decomposição por esfera de governo, 
a CTB dos Governos Estaduais apresentou crescimento de 0,15 p.p. do PIB; dos Governos Municipais, houve 
aumento de 0,08 p.p. do PIB; e do Governo Central, houve redução de 0,20 p.p. do PIB.
UNICESUMAR
149
Figura 7 - Estrutura da Carga Tributária Bruta — Governo Geral — Brasil — Anual — % do PIB 
— de 2010 a 2019 / Fonte: Brasil (2020b, on-line).
Para ficar mais evidente o impacto fiscal na economia, considere que o governo 
resolva arrecadar mais receitas públicas e eleve os impostos sobre a renda (IR) e 
sobre produtos industrializados (IPI), deixando as alíquotas dos demais impostos 
inalteradas. A elevação do IR reduzirá a renda disponível para o consumo, pois 
uma parte maior dela agora será repassada para os cofres do Tesouro Nacional. 
Descrição da Imagem: a estrutura tributária brasileira é uma das que mais se apoia na tributação sobre 
o consumo (bens e serviços), a qual alcançou 14,25% do PIB em 2019. Os impostos sobre renda, lucros e 
ganhos de capital atingiram 7,41% do PIB. Os impostos sobre propriedade atingiram o ínfimo de 1,62% do 
PIB. Demais impostos ficaram em 1,21%, e as contribuições sociais representaram, para o referido ano, 
o percentual de 8,68 do PIB. Essa trajetória sofreu poucas alterações ao longo dos anos de 2010 a 2019.
UNIDADE 3
150
Com menos renda, as famílias comprarão uma quantidade menor de mercado-
rias e serviços. Quanto ao aumento do IPI, observe que isso elevará os custos 
de produção dos produtos industrializados, logo as empresas repassarão essa 
elevação de custos para os preços finais dos produtos industrializados, o que 
também resultará em redução de consumo, pois as famílias com a mesma renda 
terão de comprar quantidades menores ou excluirão alguns bens do orçamento.
Assim, uma política tributária que eleve a carga tributária na economia tem 
como impacto esperado a redução do consumo das famílias e, quando nós compra-
mos menos, forçamos uma redução da produção das empresas e das importações. A 
redução da produção nacional, dependendo da intensidade, pode provocar a eleva-
ção do desemprego, e, com menos pessoas empregadas, estas também reduzirão o 
seu consumo, ampliando ainda mais a queda da produção e da geração de empregos.
A queda nas importações causada pela redução da renda disponível das em-
presas provoca uma queda na demanda por dólares; consequentemente, há uma 
sobra de dólares no mercado nacional — a moeda estrangeira fica mais barata, 
e a nacional, mais cara. No Brasil, o real ficaria apreciado, e todos os produtos 
nacionais exportados ficariam mais caros em dólares, gerando perda de compe-
titividade das empresas brasileiras e redução das exportações.
Perceba que a política tributária restritiva eleva a carga tributária, mesmo que 
não atinja diretamente os produtos exportados, mas pode provocar impactos 
negativos sobre as atividades exportadoras, ao apreciar a taxa de câmbio, e até 
desemprego nessas atividades.
Quando o Governo reduz os impostos, ele aumenta a renda disponível das 
famílias, que podem comprar mais produtos e serviços; logo, aumenta o ritmo da 
produção nacional e das importações. O aumento da produção nas empresas para 
dar conta do crescimento do consumo aumenta emprego e renda; com mais gente 
empregada e mais renda gerada, o consumo aumenta novamente, provocando 
um ciclo virtuoso de crescimento.
A elevação das importações eleva a demanda por dólares e deprecia o real, o que 
estimula a competitividade do produto nacional no exterior e eleva a produção para 
exportação, aumentando os níveis de emprego e renda nas atividades de exportação.
Agora, você deve estar se perguntando: por que o Governo não reduz os im-
postos sempre? Por dois motivos, basicamente: primeiro, porque estimular muito 
a demanda pode esbarrar na capacidade de produzir e ofertar das empresas, e isso 
UNICESUMAR
151
provocaria inflação; segundo, porque o Governo precisa manter uma arrecadação 
compatível com sua necessidade de gastos para a oferta de serviços públicos.
Figura 8 - Política fiscal contracionista e expansionista / Fonte: a autora.
Descrição da Imagem: o aumento dos impostos restringe o poder de compra dos consumidores, impac-
tando em queda da renda disponível. A consequência direta é a redução do consumo das famílias. Por sua 
vez, reduz a produção nacional e, também, as importações. Por fim, reduz o emprego da renda e consumo 
da população, valorizando o câmbio e refletindo em queda das exportações. Já uma política econômica 
expansionista com vistas à redução dos impostos eleva a renda disponível, gerando aumento do consumo 
das famílias. Eleva a produção nacional, aumentando, também, as importações. Dá-se o crescimento do 
emprego, da renda e do consumo, bem como a desvalorização do câmbio e elevação das exportações.
UNIDADE 3
152
A segunda forma de praticar política fiscal é por meio dos gastos públicos (do 
Governo), que é a soma das despesas dos Municípios, dos Estados e da União. São 
considerados os maiores gastos em uma economia. Nenhuma empresa ou família 
isoladamente compra tantos produtos e serviços; portanto, os gastos públicos po-
dem afetar direta ou indiretamente a produção e a geração de rendas em um país.
Quando o Governo eleva ou reduz seus gastos na economia, ele altera a quan-
tidade de produtos e serviços que compra das empresas que fornecem ao Estado; 
logo, as elevações dos gastos do Governo provocam um efeito positivo sobre a 
produção das empresas, que, para elevarem a produção e darem conta das vendas 
para o setor público, contratam mais e pagam mais salários.
A elevação da produção, do emprego e da renda nas atividades que vendem 
para o Governo estimula o consumo das famílias por produtos de outros seto-
res, provocando, também, uma elevação da produção e da renda em diferentes 
setores da economia que não foram inicialmente afetados com a elevação das 
compras governamentais.
Perceba que esse forte impacto sobre a economia também ocorre quando 
o governo resolve reduzir seus gastos. Nesse caso, a redução das compras de 
produtos e serviços de milhares de empresas pode gerar desemprego e queda da 
renda de milhões de famílias, as quais se obrigarão a diminuir seu consumo, o 
que afetará as vendas de milhares de outras empresas, que também reduzirão sua 
produção e o emprego, deprimindo ainda mais a demanda agregada da economia.
Por que o Governo não aumenta os gastos sempre e continuadamente, uma 
vez que isso é bom para a geração de emprego e renda? Os gastos públicos pre-
cisam ser comedidos para não ultrapassarem a arrecadação do Estado. Se forem 
maiores que as receitas públicas, provocarão o aumento da dívida pública, e, no 
futuro, o Governo terá mais juros para pagar, o que reduzirá sua capacidade de 
gastar com a oferta de serviços públicos. 
Casoo Governo resolva elevar a carga tributária para manter crescente seus 
gastos, esse crescimento dos impostos reduzirá a renda disponível das famílias, 
que consumirão menos, e isso impactará negativamente a produção das empresas 
e a geração de emprego e renda. O efeito do aumento dos impostos pode causar 
até recessão na economia e queda na arrecadação de impostos mais à frente, pois, 
com produção e renda menores, as empresas e as pessoas pagarão menos impostos. 
UNICESUMAR
153
Então, quando a elevação dos gastos do Governo é benéfica à economia? Ge-
ralmente, quando ocorre o crescimento econômico e a arrecadação se eleva em 
função do aumento da produção e da renda na economia, pois, nesse caso, há 
receitas extras para o crescimento dos gastos públicos. Também, é benéfico elevar 
os gastos públicos, embora temporariamente, quando a economia sofre uma grave 
crise. Nesse caso, as empresas perdem compradores privados muito rapidamente, 
e a redução das vendas gera redução da produção nas empresas; além disso, para 
produzir menos, é necessária uma quantidade menor de pessoas empregadas.
Dessa forma, ao elevar os gastos em um momento de crise, o Governo ga-
rante uma parte das vendas das empresas para ele, e isso pode evitar uma parte 
das demissões, o que reduz os riscos de uma forte crise com graves impactos 
sobre o emprego e a renda. No caso de crises econômicas, a política de gastos 
pode, também, ser reforçada pela baixa dos impostos e pela redução das taxas 
de juros. Esse conjunto de políticas foi usado no Brasil no final de 2008, após 
a grande crise financeira mundial, e foi capaz de evitar uma grave crise econô-
mica no Brasil em 2009.
Ao considerar o ponto de vista metodológico, vale apresentar que a relação 
dívida-PIB é um indicador de capacidade financeira do Governo, pois as receitas 
públicas são arrecadadas em função da geração do PIB. Quando não há variação 
das alíquotas de impostos que alterem o nível da carga tributária na economia, 
a variação da arrecadação do Governo acompanha a variação do PIB. Quando 
o PIB aumenta, a arrecadação aumenta, e quando o PIB cai, a arrecadação cai.
A elevação da dívida pública em um ritmo maior que o crescimento do PIB 
revela que o Governo compromete, no futuro, uma parcela maior do orçamento 
público para o pagamento de juros da dívida. Como é o mesmo orçamento que 
paga os fornecedores do Estado, os funcionários públicos e os juros da dívida pú-
blica, quando a relação dívida-PIB aumentar, o Governo deverá optar por reduzir 
os gastos ou deixar de pagar os juros da dívida, o que significa declarar moratória. 
Quanto maior a relação dívida-PIB, maior o risco de calote da dívida pública; 
é por isso que esse indicador é muito importante para o risco-país.
Conforme Máximo (2020b), o país passa por um desafio histórico diante da 
pandemia do SarsCOV2, o coronavírus. Os gastos extras para o enfrentamento 
da doença levarão a um desafio fiscal para os próximos anos.
UNIDADE 3
154
 “ A dívida bruta do governo geral (DBGG), principal indicador usado 
nas comparações internacionais, encerrará 2020, em 96% do Produ-
to Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), 
divulgou hoje (30) a Secretaria Especial de Fazenda do Ministério 
da Economia. 
Isso representa crescimento de 20,2 pontos percentuais em rela-
ção a 2019, quando a DBGG encerrou o ano em 75,8% do PIB. O 
endividamento também aumentou em relação à projeção anterior, 
divulgada no fim de setembro, quando a equipe econômica previa 
que a dívida bruta terminaria 2020 em 93,9% do PIB (MÁXIMO, 
2020b, on-line).
A DBGG é o principal indicador usado nas comparações internacionais de en-
dividamento. A Secretaria Especial de Fazenda afirma que o Brasil pode encerrar 
o ano de 2020 com dívida bruta próxima da Argentina (98,1% do PIB), que tem 
nota CCC+ atribuída pelas agências de classificação de risco. Entre países de 
economia média, o Brasil está mais endividado que a África do Sul, que deverá 
encerrar 2020 com dívida bruta de 82,8% do PIB. Os dois países têm nota BB- das 
agências de classificação de risco e estão enquadrados numa categoria melhor 
que a Argentina (MÁXIMO, 2020b).
As projeções para a dívida pública levaram em conta as estimativas das insti-
tuições financeiras. Um encolhimento de 5% do PIB neste ano, inflação de 2,6% 
pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e déficit primário 
de 12,7% do PIB em 2020. A taxa Selic (juros básicos da economia) começaria 
2021 em 2% ao ano e subiria, gradualmente, para 6% ao ano até 2024.
Por meio da dívida pública, o Governo pega dinheiro emprestado dos in-
vestidores para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver, no 
UNICESUMAR
155
vencimento dos títulos, o dinheiro com alguma correção, que pode seguir os juros 
básicos, a inflação, o câmbio ou ser prefixada. Por conta da pandemia, o Governo 
aumentou as emissões de títulos públicos para fazer frente a gastos como o auxílio 
emergencial e o pacote de ajuda aos estados e municípios.
Eu e você percorremos uma intrigante trajetória para entender o Governo 
como principal comprador de uma economia. Portanto, um importante agente 
econômico. Logo, é merecido que uma significativa parte do nosso trabalho seja 
dedicado a ele, haja vista sua influência na tomada de decisões nos cenários eco-
nômicos pelos quais o gestor financeiro se depara.
O papel do Estado é representativo no contexto econômico. Diante da tra-
jetória que eu e você percorremos, tivemos a oportunidade de perceber que ele 
e a economia estão imbricados numa relação complexa e necessária. O Estado 
precisa da economia e vice-versa. De forma alguma essa afirmativa implica na 
polêmica discussão sobre a intervenção do Estado. Adentrar nessa seara é como 
discutir religião, time de futebol ou, de fato, política. 
É absolutamente válido pensar que o Estado tem um papel relevante no as-
pecto econômico e que pode influenciar a economia, bem como é igualmente 
viável pensar num Estado que deixe a economia andar com autonomia, haja vista 
quanto mais desenvolvida e rica for uma nação, menos “trabalho” o Estado tem 
que executar. Contudo, essa discussão pode não levar muito longe no quesito 
tomada de decisões. 
É fundamental que o(a) gestor(a) compreenda essa relação e se posicione de 
forma a possibilitar a maximização de resultado a partir da configuração pública 
dada. Não obstante, o(a) gestor(a) pode objetivar uma eficiência social mais ade-
quada para o seu negócio, ampliando o debate e as discussões necessárias, mas 
sem perder de vista o impacto fiscal que ele revela na economia.
156
AGORA É COM VOCÊ
1. O Governo é o principal comprador de uma economia; logo sua capacidade de gastar 
afeta diretamente a capacidade de produzir das empresas, pois suas compras fazem 
parte da demanda agregada. Por outro lado, o Governo também é o maior emprega-
dor, e a massa de salários paga e os benefícios que repassa à sociedade compõem 
uma parte da Renda Nacional para o consumo. Por fim, os investimentos do governo 
têm papel fundamental para ampliar e melhorar o provimento de serviços públicos à 
sociedade. Explique de que forma o Governo obtém recursos para realizar seus gastos.
2. “No que tange à gestão das finanças públicas, ou seja, às várias categorias de receitas 
e de dispêndios das diferentes esferas de governo. As receitas dos governos provêm 
de tributos que incidem sobre diferentes fatos econômicos: a produção e a circu-
lação de mercadorias, a geração de rendas, as transferências de propriedades, as 
heranças, as operações financeiras e as transações internacionais. As despesas são 
com custeio da máquina burocrática, investimentos em infra-estrutura econômica 
e social, subsídios e transferências de renda à sociedade. Efetivamente, cada uma 
dessas categorias de receitas e despesas exercem diferentes efeitos sobre cada um 
dos objetivos da política econômica”. 
ROSSETI, J. P. Introdução à Economia. 19 ed. São Paulo: Atlas, 2002. p. 84.
O fragmentoapresenta uma forma de política econômica a partir de elementos como 
os gastos, arrecadação e orçamento do governo. Portanto, é possível afirmar que o 
texto em questão trata da política:
a) Fiscal.
b) Cambial.
c) Monetária.
d) Inflacionária.
e) Orçamentária.
157
AGORA É COM VOCÊ
3. A diferença entre as receitas não financeiras e os gastos não financeiros representam 
o déficit ou superávit primário. Se o Governo gastou mais do que arrecadou, ele tem 
déficit, e se ele gastou menos do que arrecadou, ele tem superávit. Esse resultado 
reflete a condução da política fiscal executada pelo Governo. 
Adaptado de: BOECHAT, A. M. da F. Economia e sociedade. Maringá: Unicesumar, 2018. 
Considerando a informação anterior, concernente à política fiscal, avalie as asserções 
a seguir e a relação proposta entre elas.
I - Quando o Governo tem superávit em suas contas, significa que ele arrecadou 
mais do que gastou, e, embora pareça estranho, isso pode ser chamado de 
política contracionista. 
PORQUE
II - Ao receber mais impostos e taxas da população, o Governo está arrecadando 
mais dinheiro do que gastando. Isso implica em menor rotatividade de dinheiro 
na economia, gerando menos emprego e crescimento. 
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. 
b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa 
correta da I. 
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
e) As asserções I e II são proposições falsas.
158
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
1. Para atender às necessidades da sociedade, o Governo precisa prestar serviços e rea-
lizar obras — o que exige gastos. Receita pública é o dinheiro que o Governo dispõe 
para manter sua estrutura e oferecer bens e serviços à sociedade, como hospitais, 
escolas, iluminação, saneamento etc. Para poder fazer isso, o Governo precisa arreca-
dar dinheiro e faz isso de diversas maneiras. Essa arrecadação vem de impostos, de 
aluguéis e venda de bens, prestação de alguns serviços, venda de títulos do Tesouro 
Nacional, recebimento de indenizações.
2. A. A temática que envolve orçamento e arrecadação está relacionada à política fiscal.
3. A. Quando o Governo tem superávit em suas contas, significa que ele arrecadou 
mais do que gastou, e, embora pareça estranho, isso pode ser chamado de política 
contracionista, devido ao recebimento excedente de impostos e taxas da população. 
Assim, o Governo está arrecadando mais dinheiro do que gastando. Isso implica em 
menor rotatividade de dinheiro na economia, gerando menos emprego e crescimento.
4Economia 
Internacional e 
Crescimento dos 
Países
Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
A ampliação de mercado e o comércio entre as nações são dinâmicas 
tão antigas quanto o próprio comércio doméstico. Contudo, a econo-
mia internacional, propriamente, em termos teórico e prático, como 
conheceremos nesta unidade, coincide com a era do capitalismo in-
dustrial e se estende até a atualidade, obedecendo as particularidades 
de cada tempo. A partir do século XVIII, o sucesso da máquina diante 
do sistema artesão, apoiado pelo laissez-faire (expressão francesa 
para liberalismo econômico) britânico, comprovou superioridade das 
políticas de mercado livre e de livre-comércio. Nossa aventura será 
realizar uma breve análise econômica, mostrando quem se beneficia 
e quem perde com as ações governamentais voltadas às regras da 
política de comércio internacional, como as quotas sobre as impor-
tações e subsídios às exportações.
160
UNIDADE 4
Encontraram-se na estrada 
Um cão e um lobo. 
E este disse: 
“Que sorte amaldiçoada! 
Feliz seria, se um ida 
Como te vejo me visse. 
Andas gordo e bem tratado, 
Vendes saúde e alegria: 
Ando triste e arrepiado, 
Sem ter onde cair morto! 
Gozas de todo o conforto, 
E estás cada vez mais moço; 
E eu, para matar a fome, 
Nem acho às vezes um osso! 
Esta vida me consome... 
Dize-me tu, companheiro: 
Onde achas tanto dinheiro?”
Disse-lhe o cão: 
“Lobo amigo! 
Serás feliz, se quiseres 
Deixar tudo e vir comigo; 
Vives assim porque queres... 
Terás comida à vontade, 
Terás afeto e carinho, 
Mimos e felicidade, 
Na boa casa em que vivo!”
Foram-se os dois. em caminho,
UNICESUMAR
161
Disse o lobo, interessado: 
“Que é isto? Por que motivo 
Tens o pescoço esfolado”
“É que, às vezes, amarrado 
Me deixam durante o dia...”
“Amarrado? Adeus amigo! 
(Disse o lobo) Não te sigo! 
Muito bem me parecia 
Que era demais a riqueza... 
Adeus! inveja não sinto: 
Quero viver como vivo! 
Deixa-me, com a pobreza! 
— Antes livre, mas faminto, 
Do que gordo, mas cativo!”
(ESOPO, [2021] apud HEIDEMANN, 2009, p. 19-20).
Depois de ler essa narrativa atribuída a Esopo, é possível se perguntar sobre o custo 
da liberdade. Você deve estar se perguntando o motivo dessa narrativa. Bom, cada 
nação soberana é livre para escolher suas próprias políticas econômicas, certo? A 
economia mundial, ao exercer a integração, depara-se com políticas econômicas 
divergentes, por razões óbvias: cada nação tem suas particularidades. As ações go-
vernamentais conjecturadas para cada país implicam em afetar outros países. O 
comércio internacional é essencial, especialmente, para países em desenvolvimento, 
mas qual é o custo da liberdade comercial? Quais são os obstáculos para a liberdade 
comercial? Onde, porém, chegaremos com tais questionamentos?
A atribuição das autoridades econômicas de decidir as políticas pertinentes 
para atingir o bem-estar social, claramente, não é uma tarefa fácil! Dependendo 
da estratégia a ser implementada, para proteger a indústria nacional da concor-
rência internacional, os governos podem imporlimites às importações.Esse dis-
positivo pode obstruir o chamado livre-comércio. Portanto, o custo da liberdade 
de comercializar entre as nações pode ser o mercado interno, entre outras razões. 
Quotas, subsídios, tarifas, barreiras não tarifárias são alguns dos instrumentos 
de política comercial que sustentam o intervencionismo. Vamos a um caso real.
Certamente, você pode ter acompanhado pelas mídias, recentemente, a in-
vasão,por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, ao Capitólio dos Estados 
UNIDADE 4
162
Unidos da América, enquanto forma de protesto diante da derrota de Trump para 
Joe Biden. Um episódio e tanto, que revela a instabilidade dos ânimos na socie-
dade. No caso, na sociedade americana, mas o mundo todo está muito abalado 
com os eventos recentes, de ordem da saúde e, também, da economia, que, por 
sua vez, estão impreterivelmente relacionados com a pandemia atual. Joe Biden 
é a maior autoridade do país que, ainda, representa a maior economia mundial. 
Digo ainda pois, também, é instável o cenário das diversas economias do mundo. 
Os EUA continuarão sendo a maior? Não arrisco afirmar. 
A Primeira Guerra Mundial deslocou o poderio econômico da Europa para 
os EUA. A pandemia, também, pode transformar a configuração econômica 
mundial.A palavra incerteza é a moda agora. A partir da pandemia, a economia 
internacional sofre grandes modificações, e não é possível contar uma história 
concreta diante do fenômeno que o mundo está vivenciando. É um cenário tão 
maluco que é impossível pensar como estará o mundo, caro(a) aluno(a), no mo-
mento em que você ler este material. Como está a dinâmica da vacinação? Acabou 
a pandemia? Muito difícil conjecturar o seu momento atual.
Trabalhamos com fatos, então: o ex-presidente americano, Donald Trump, 
por várias vezes, foi acusado de ser protecionista, inclusive, alguns economistas 
o trataram por mercantilista, sem hesitar em remontar ao século XVII para en-
contrar as influências de sua política econômica. “Do ponto de vista comercial, 
sim, sua visão é mercantilista, mas um mercantilismo recondicionado”, explica 
à AFP (2017, on-line, tradução nossa) James Galbraith,professor de Economia 
da Universidade do Texas, referindo-se à ambição de Trump de reequilibrar a 
balança comercial de seu país.O protecionismo é contrário ao livre-comércio. 
Não é possível saber, ainda, como Joe Biden tratará efetivamente a maior potência 
mundial. É fato, também, que a política externa adotada por Trump deixou os 
EUA fora do maior e mais novo bloco comercial do mundo: a Parceria Econômica 
Global Abrangente (RCEP – Regional Comprehensive Economic Partnership).
A proposta que nos acompanhará nesta parte de nossa jornada é a de analisar 
as interações concomitantes entre o político e o econômico, de tal forma que 
essa noção coadune com o nacional e o internacional, para conhecer o grau de 
diversificação e sofisticação das exportações que um país pode ter. Se não fosse a 
pandemia, quanto tempo mais demoraria um tipo de negociação tão importante? 
Pensar no custo da liberdade exige cuidadosa análise.
UNICESUMAR
163
A história do cão e do lobo revela a força da liberdade. No sentido mais amplo 
que se possa ter, na historinha, ela custa um preço. Se os dois personagens entras-
sem em um acordo, seria uma boa opção, concorda, cara aluna, caro aluno? À luz 
do cão e do lobo, dá para se pensar que o melhor comércio internacional — ou 
seja, do mundo ideal — encontra-se na coordenação das políticas de comércio 
por meio de acordos internacionais e que tais acordos possam, de fato, fazer a 
diferença. As parcerias podem fortalecer todos os envolvidos. O sistema atual de 
comércio internacional está construído ao redor de uma série de acordos inter-
nacionais. Contudo, no mundo real, existem muitos países e muitas gradações 
de política de comércio entre o livre-comércio e a proteção total contra impor-
tações. O mundo real e o mundo ideal entram em conflito ao buscar sobreviver 
no mercado internacional?Como realizar bons acordos? Como tomar decisões 
ao conjecturar guerras comerciais destrutivas? Agarre-sea essa oportunidade de 
reflexão e utilize seu Diário de Bordo.
DIÁRIO DE BORDO
UNIDADE 4
164
É necessário realizar uma caracterização adequada do ambiente atual para 
apreendermos o impacto das tendências em curso, dos elementos de ruptura e 
a dinâmica inerente à construção de cenários. Essa tarefa inclui a preocupação 
com as relações econômicas entre as nações. Em outras palavras, tomar decisões 
financeiras requer, indiscutivelmente, a análise de cenários econômicos. Essa, 
por sua vez, perpassa a técnica e, além disso, requer habilidade e sensibilidade de 
percepção sobre a dinâmica mundial. É fundamental, portanto, entender sobre 
economia internacional. 
A RCEP – Regional Comprehensive Economic Partnership (Parceria Econô-
mica Global Abrangente), citada anteriormente, é um acordo de livre-comércio 
entre 15 países da região Ásia-Pacífico: 
1. Austrália.
2. Brunei.
3. Camboja.
4. China.
5. Cingapura.
6. Coréia do Sul.
7. Filipinas.
https://www.fazcomex.com.br/blog/exportacoes-para-cingapura/
https://www.fazcomex.com.br/blog/importacoes-da-coreia-do-sul/
UNICESUMAR
165
8. Indonésia.
9. Japão.
10. Laos.
11. Malásia.
12. Myanmar.
13. Nova Zelândia.
14. Tailândia.
15. Vietnã.
Esse novo bloco econômico corresponde a mais de 30% do PIB mundial e quase 
1/3 da população do planeta. O objetivo do acordo é trazer novas oportunida-
des mercadológicas a partir da ampliação e do aprimoramento das disposições 
e obrigações cobertas pelo Asean Plus (que incorpora os países-membros da 
Asean: China, Japão e Coreia do Sul). De modo diferente, a RCEP inclui capítulos 
específicos para as compras governamentais, a facilitação comercial nas fronteiras 
e o desenvolvimento de micro, pequenas e médias empresas a partir da inova-
ção. Esses itens complementam os compromissos de integração entre os países 
asiáticos, impulsionam as cadeias de valor regional e aumentam a complexidade 
competitiva de forma sustentável e construtiva.
Após mais de trinta rodadas de negociações, iniciadas no final de 2011, quando 
foi introduzida a ideia da RCEP, o acordo foi finalmente assinado em 15 de novem-
bro de 2020, por meio de uma videoconferência baseada em Hanói, no Vietnã. A 
RCEP é vista como um aumento da influência da China na região e visa à redução 
progressiva das tarifas de importação entre os países nos próximos anos.
E quanto ao Brasil? Imagina-se que ele não será muito afetado, haja vista que 
os benefícios do acordo que colocam os países da RCEPem vantagem não afetam 
diretamente as exportações brasileiras.
É possível afirmar, com razoável segurança, que a pandemia de Covid-19 e seu 
abalo na economia mundial colaboraram decisivamente para que as negociações 
fossem finalmente concluídas após quase dez anos. O novo bloco de livre-co-
mércio será maior do que o acordo EUA-México-Canadá e a União Europeia.
https://www.fazcomex.com.br/blog/importacoes-do-japao/
https://www.fazcomex.com.br/blog/importacoes-da-malasia/
https://www.fazcomex.com.br/blog/importacoes-da-tailandia/
https://www.fazcomex.com.br/blog/exportacoes-para-o-vietna/
https://www.fazcomex.com.br/blog/brasil-e-uniao-europeia-exportacao-e-importacao/
166
UNIDADE 4
Reinventar-se é o caminho a ser realizado desde os primórdios.Na história pri-
mitiva, toda invenção tinha de ser refeita diariamente e em cada lugar, de modo 
independente. A permanência das forças produtivas, para Karl Marx(2010), obti-
das dessa forma, só foi assegurada a partir do momento em que o comércio, tendo 
como base a grande indústria, tornou-se mundial, com todos os países entrando 
no conflito concorrencial. Para o autor, foi a manufaturaque estimulou a relação 
de concorrência entre as diversas nações:
 “ Com a manufatura, as diversas nações entraram em relação de 
concorrência, deram início a lutas comerciais por meio de guerras, 
direitos alfandegários protecionistas e proibições, ao contrário do 
que se dava anteriormente quando as nações estabeleciam relações 
inofensivas de trocas. A partir daí, comércio passa a ter uma signi-
ficação política (MARX, 2010, p. 90).
UNICESUMAR
167
O aspecto histórico foge ao escopo deste trabalho, contudo é inegável sua rele-
vância para entender que, concomitante ao capitalismo industrial, a economia 
internacional se desenvolverá dentro dos moldes da teoria econômica, como a 
conhecemos na atualidade. Explico: nesse ínterim, a escola clássica da economia 
rejeitava qualquer tentativa do governo de restringir o livre-comércio, por exem-
plo, por meio de protecionismo ou regulamentação. O mundo estava superando 
o mercantilismo — do qual já falamos sobre em outras unidades. 
A discussão sobre a importância do comércio externo para o crescimento e 
desenvolvimento econômico existe desde o século XVII, quando Adam Smith 
publicou seu livro Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das 
nações, em 1776. Nesse livro, que orientou a política econômica por quase um 
século após seu lançamento, Smith aponta que o comércio exterior permite que 
os ganhos de produtividade, decorrente da especialização das economias, sejam 
convertidos em renda, a qual pode ser usada para comprar de outros países aquilo 
de não se produz ou que se produz em menor quantidade.
Depois de Adam Smith, o comércio começou a ser considerado uma fonte de 
melhoria das condições de competitividade dos países, que poderiam se dedicar 
à produção de coisas em quefossem mais competitivos e comprar do exterior 
aquelas em que tivessem baixa produtividade. A competitividade entre os países, 
então, definiria os fluxos de trocas.
Então, David Ricardo (1772-1823)desenvolveu uma nova teoria do comércio 
internacional, conhecida como Teoria da Vantagem Comparativa, fortalecen-
do ainda mais o argumento em prol do livre-comércio. Atente-se para a nova 
palavra! É que Adam Smith já havia tratado das vantagens absolutas. 
UNIDADE 4
168
MERCANTILISTAS
Os mercantilistas acreditavam que uma nação somente 
pode ganhar com o comércio a custa das outras. Essa 
doutrina econômica defendia as restrições a 
importações,incentivos a exportações e rigorosa 
regulamentação do governo.
ADAM SMITH
Quando uma nação se especializa na produção de uma 
commodity e troca pela produção da qual tem 
desvantagem absoluta bene�cia a ambas uma vez que 
ambas tendem a consumir mais. Portanto, para o 
pensador escocês o comércio se baseia em vantagens 
absolutas e bene�cia ambas as nações.
DAVID RICARDO
A nação menos e�ciente deve se especializar na 
exportação na qual a sua desvantagem absoluta for 
menor. Base para um comércio mutuamente bené�co - 
lei das vantagens comparativas.
Figura 1 - Lei das Vantagens / Fonte: a autora.
Para David Ricardo, a maximização de resultados por meio do comércio entre 
dois países acontecia mesmo quando um país não era capaz de produzir uma 
mercadoria mais barata que o outro. Era, portanto, o livre-comércio entre as na-
ções, por meio da especialização de cada país ao exportar produtos, que conferia 
vantagem comparativa. O aspecto crucial da Teoria das Vantagens Comparativas 
repousa sobre a quantidade relativa de horas de trabalho para a produção das 
mercadorias, objeto do comércio.Nas palavras de Ricardo (1982, p. 98):
Descrição da Imagem: a Figura 1 apresenta as Leis das Vantagens Absolutas pelos mercantilistas, Adam 
Smith e David Ricardo. De baixo para cima, apresentamos David Ricardo, que acreditava que a nação que 
fosse menos eficientedeveria se especializar na exportação em que a sua desvantagem absoluta fosse 
menor, mais base para um comércio mutuamente benéfico —Lei das Vantagens Comparativas. Na segun-
da linha,tem-se Adam Smith, que acreditava que, quando uma nação se especializa na produção de uma 
commodity e a troca pela produção daquela em que tem desvantagem absoluta, beneficiam-se ambas, 
uma vez que as duas tendem a consumir mais. Portanto, para o pensador escocês, o comércio se baseia 
em vantagens absolutas e benefício para ambas nações. E, por último, os mercantilistas, que acreditavam 
que uma nação somente poderia ganhar com o comércio à custa das outras. Essa doutrina econômica de-
fendia as restrições a importações, os incentivos às exportações e a rigorosa regulamentação do governo.
UNICESUMAR
169
 “ [...] em Portugal, a produção de vinho pode requerer somente o 
trabalho de 80 homens por ano, enquanto a fabricação de tecido 
necessita do emprego de 90 homens durante o mesmo tempo. Será, 
portanto, vantajoso para Portugal exportar vinho em troca de te-
cidos. Essa troca poderia ocorrer mesmo que a mercadoria impor-
tada pelos portugueses fosse produzida em seu país com menor 
quantidade de trabalho que na Inglaterra. Embora Portugal pudesse 
fabricar tecidos com o trabalho de 90 homens, deveria ainda assim 
importá-los de um país onde fosse necessário o emprego de 100 
homens, porque lhe seria mais vantajoso aplicar seu capital na pro-
dução de vinho, pelo qual poderia obter mais tecido da Inglaterra 
do que se desviasse parte de seu capital do cultivo da uva para a 
manufatura daquele produto.
A teoria de Ricardo (1982) sobre vantagem comparativa, para Chang (2015), 
ainda que limitada, por ser uma teoria estática que considera como um dado fixo 
as tecnologias de determinado país, continua como uma das melhores teorias 
de comércio internacional. Para o autor, é mais realista que a versão neoclássica, 
conhecida como teoria de Heckscher-Ohlin-Samuelson (portanto, HOS), hoje, 
a versão predominante. 
 “ Na HOS presume-se que todos os países têm capacidade tecnoló-
gica e organizacional para produzir tudo. Eles optam por especia-
lizar-se em produtos diferentes apenas porque diferentes produtos 
usam diferentes combinações de capital e trabalho, cuja distribuição 
relativa difere entre os vários países. esse pressuposto leva a conclu-
sões irrealistas: se a Guatemala não está produzindo coisas como 
BMWs, não é porque ela não pode, mas porque não é econômico 
fazê-lo, já que a produção desse carro utiliza muito capital e pouco 
trabalho, quando a Guatemala tem muita mão de obra e pouco ca-
pital (CHANG, 2015, p. 114).
Ficou evidente, até aqui, que as relações entre países são tão antigas quanto o 
comércio de modo geral. Contudo, a Revolução Industrial provocou substancial 
modificação nos fluxos do comércio internacional. As trocas entre países, até o 
UNIDADE 4
170
século XV, comportavam o velho comércio de especiarias com o Oriente, ao qual 
se acrescentou, conforme Saes e Saes (2013), o comércio com a América (por 
exemplo, açúcar, fumo, couros, peles) e o tráfico de escravos (sim! O escravo, até 
pouco tempo, era uma mercadoria importante na economia internacional da épo-
ca). Além disso, havia o comércio intra-europeu, em que predominavam as ma-
nufaturas, em especial, os tecidos, além de algumas matérias-primas e alimentos. 
A Revolução Industrial exigiu novos fluxos comerciais pela própria natureza 
de sua produção; paralelamente, o aumento populacional ampliou a demanda por 
alimentos de modo a alterar as formas tradicionais de suprimento desses bens. 
Em suma, ao longo do século XIX, o comércio internacional sofreu profundas 
mudanças tanto em relação às principais mercadorias que o compunham como 
em relação aos países ou regiões produtoras envolvidas nesse comércio. 
Na elaboração de cenários econômicos, a abordagem teórica que rege a eco-
nomia internacional é importante, pois permite a percepção da relevância do 
setor externo para o sistema capitalista, bem como as estratégias que permitem 
que as empresas e os países cresçam por meio da intensificação das relações 
econômicas com outros países. Nos últimos tempos, é também válidoressaltar 
a relevância dos blocos econômicos para fortalecer mercados regionais e en-
frentar a competição global.
UNICESUMAR
171
Foi com o fim da Segunda Guerra Mundial que surgiu a questão da formação 
de blocos econômicos. Na oportunidade, os EUA se tornaram uma grande potên-
cia mundial (ainda, é indiscutível sua força econômica!). Mais precisamente com 
o fim da Guerra Fria, novos blocos econômicos foram criados para enfrentar a 
competitividade do que passou a ser chamado de globalização. Cada perspectiva 
temporal renova essa configuração dos blocos. 
Competitividade! Palavra forte que teve grande destaque nos livros dos últi-
mos tempos sobre gestão de todas as ordens e que deve constar neste texto mais 
de trinta vezes!E, ao suscitar essa abordagem, Krugman, Obstfeld e Melitz (2015) 
apresentamvários temas da economia internacional que se entrelaçam para que 
seja possível ordenar o conhecimento e possibilitar uma tomada de decisão mais 
fundamentada, são eles: ganhos decorrentes do comércio internacional, padrão 
de comércio, protecionismo, equilíbrio dos pagamentos, determinação da taxa 
de câmbio, coordenação da política internacional e mercado de capitais interna-
cional. Vamos juntos para o cenário internacional?
É por meio das relações comerciais e financeiras entre países, principalmen-
te, que paira a capacidade de ampliação e crescimento das economias. Ferreira 
(2015) afirma que o crescimento econômico depende muito da intensidade do 
comércio externo de um país. É óbvio, mas importante afirmar que a relação entre 
ospaíses é benéfica, contudo a variedade de circunstâncias em que o comércio 
internacional é positivo é muito mais ampla do que se possa imaginar. Para tanto, 
ainda que de forma sucinta, abordaremos os temas apresentados no intuito de 
apreender que as vantagens do comércio internacional não se limitam ao comér-
cio de bens tangíveis. A contribuição de Krugman, Obstfeld e Melitz (2015) será 
importante ao longo dessa temática, haja vista ser um material que constitui base 
teórica para a maior parte conceitual desse aprendizado.
Se você já teve a oportunidade de ler as unidades anteriores,possivelmente, 
percebeu que tratamos de partes da teoria econômicaque envolvem a busca por 
crescimento e desenvolvimento, moeda, as questões fiscais, enfim as relações 
de indivíduos enquanto agentes econômicos, empresas e governo. A economia 
internacional faz uso dos métodosfundamentais de análise, bem como outros 
ramos da economia pelo simples motivo de que o comportamento dos indivíduos 
é o mesmo nos negócios internacionais se comparados às transações domésticas.
O comércio exterior é fundamental para qualquer país, pois nenhuma so-
ciedade é autossuficiente em todas as suas necessidades de alimentos, minérios, 
UNIDADE 4
172
tecnologias, conhecimentos e tantas outras. Logo, aquilo que falta a um país, por 
meio do comércio externo, pode ser obtido ao se comprar de outros, e aquilo 
que é abundantepode ser vendido. No entanto, para mensurar, é difícil deter-
minar, de forma absoluta, o número de países que há no mundo. Cada país tem 
sua singularidade, contudo é possível generalizar a ideia de que todas as nações 
buscam o crescimento e o desenvolvimento econômico como estruturante para 
o bem-estar social de seus povos.
Até aqui, é possível que já esteja convencido(a) da importância do setor ex-
terno enquanto valioso agente econômico e da questão teórica que abarca nosso 
assunto. Afinal, como quase todos os países não dispõem, em seu território, de 
todos os produtos dos quais precisam, seja porque os recursos naturais estão 
desigualmente distribuídos entre os países, seja porque não detêm as tecnologias 
de produção, a escassez ou a inexistência de certos produtos e serviços pode pre-
judicar seu crescimento econômico. Por isso, o comércio exterior é fundamental 
para que os países obtenham aquilo que não podem produzir ou aquilo que é 
mais caro produzir internamente.
Ainda que os dados do comércio exterior sejam bastante dinâmicos, a se-
guir,tem-se a última atualização, de 2018, para o Brasil, obtidos pelo Atlas de 
Complexidade Econômica.Para o caso brasileiro por exemplo, soja em grão 
ou farelo, carne de frango e boi, açúcar e minério são alguns dos principais 
produtos exportados pelo Brasil.
UNICESUMAR
173
Viagens,
turismo: 
2,20 %
Transportes: 
2,18 %
Seguros e
�nanças: 
0,49 % 
Materiais têxteis
como algodão cru, 
calçados: 
0,56 %
 
Agricultura:
11,71%
Pedras preciosas,
�bras de vidro:
0,98 % 
Minerais como petróleo 
cru: 8,99 %
Ferro e outros:
8,07 %
Metais como ligas de ferro:
1,13 % 
Produtos 
químicos como 
óxido de 
alumínio:
16,75 % 
Veículos:
1,96 % 
Máquinas como 
escavadeiras
e rolos 
compactadores: 
0,78 % 
Eletrônicos como 
motores elétricos
e geradores:
0,16 % 
Outros:
1,90 %
Figura 2 - O que o Brasil exportou em 2018? 
Fonte: adaptada de Atlas of Economic Complexity ([2021], on-line)¹.
Conforme a descrição da Figura 2, o setor amarelo, referente à agricultura, é 
o “carro-chefe” da pauta de exportações brasileira. São os indicadores percen-
tuais do que foi exportado, considerando os produtos. Só para destacar alguns 
(produção bruta): 
 ■ Grão de soja: 11,71%.
 ■ Celulose química: 3,09%.
 ■ Aves: 2,14%.
 ■ Carne congelada: 1,62%.
 ■ Milho: 1,53%.
 ■ Cana e sacarose: 2,35%.
Para o caso dos minerais, o destaque vai para o petróleo cru, com 8,99%, e miné-
rios de ouro e concentrados, com 8,07%. Observe na Figura 3 a seguir:
Descrição da Imagem: a Figura 2 apresenta o que o Brasil exportou e sua porcentagem em 2018. Os 
produtos e serviços são apresentados com cores: na cor púrpura, são os serviços como viagens, turismo 
(2,20%), transportes (2,18%), seguros e finanças(0,49%); na cor verde, são os materiais têxteis como algo-
dão cru, calçados(0,56%); na cor amarela, agricultura(11,71%); na cor bege, pedras preciosas, fibras de vi-
dro(0,98%); na cor marrom, os minerais como petróleo cru(8,99%), ferro e outros(8,07%); na cor vermelha, 
metais como ligas de ferro(1,13%); na cor lilás, produtos químicos como óxido de alumínio(16,75%); na cor 
roxa, veículos(1,96%); na cor azul-claro,máquinas como escavadeiras e rolos compactadores(0,78%); na cor 
verde-claro, eletrônicos como motores elétricos e geradores (0,16%); e, na cor verde-escuro, outros: 1,90%.
UNIDADE 4
174
Itens não
especi�cados: 
11,20 %
Serviços como 
viagens, turismo: 
7,39 %
Transportes:
4,87 %
Serviços de
tecnologia
da
informação
e
comunicação: 
3,33 % Commodities 
sem identi�cação 
especí�ca:
4,39 %
Óleos de petróleo 
re�nados:
4,34 %
Partes de 
veículos 
motorizados: 
2,66 %
Carros:
1,45 %
Circuitos 
integrados 
eletrônicos: 
1,56 %Medicamentos
embalados:
1,24 %
Figura 3 - O que o Brasil importou em 2018?
Fonte: adaptada de Atlas of Economic Complexity ([2021], on-line)².
Para o caso das importações realizadas, é possível verificar claramente que a im-
portação no Brasil, em 2018, em maior parte, deu-se de forma diversa no setor de 
serviços, no campo dos medicamentos embalados, inseticidas, enfim no campo 
da indústria química. Na sequência desse ranking, estão os eletrônicos.
Esses dados nos abrem uma série de possibilidades para análises diversas, 
como, por exemplo, verificar que há diversificação, há mudança para a fabrica-
ção de produtos próximos, entre outras.O desígnio do nosso trabalho é suscitar 
pontos principais relativos à economia internacional, portanto fica a sugestão 
para adentrar nesse importante universo que é a complexidade econômica como 
instrumental para a tomada de decisões.
Descrição da Imagem: a Figura 3 apresenta as importações do Brasil em 2018. Os produtos e serviços são 
apresentados com cores: na cor púrpura, são os itens não especificados (11,20%), serviços como viagens, 
turismo (7,39%), transportes (4,87%) e serviços de tecnologia da informação e comunicação (3,33%); na 
cor verde-escuro, as commodities sem identificação específica (4,39%); na cor marrom, os óleos de pe-
tróleo refinados representam 4,34% da pauta de importação em 2018; na cor roxo, as partes de veículos 
motorizados (2,66%) e carros (1,45%); na cor verde-claro, os circuitos integrados eletrônicos (1,56%); na 
cor lilás, os medicamentos embalados representaram 1,24% da importação; entre outros itens diversos 
que podem ser consultados direto na fonte.
UNICESUMAR
175
Aqueles países que têm disponibilidade de recursos para produzir além das suas 
necessidades e a preços competitivos em relação a outras economias podem ex-
plorar as atividades mais produtivas para gerar receitas no comércio internacio-
nal, que permitem comprar de outros países aquilo de que precisam, seja porque 
não podem produzir, seja porque, internamente, é mais custoso. Aqui, podemos 
tratar dos ganhos da negociação apresentados por Krugman, Obstfeld e Melitz 
(2015) e que se referem a um ponto de destaque na nossa análise. É possível que 
o comércio internacional possa prejudicar grupos específicos dentro das nações 
— em outras palavras, esse comércio internacional terá fortes efeitos sobre a 
distribuição de renda. 
 “ Os efeitos do comércio sobre a distribuição de renda são há muito 
tempo uma preocupação dos teóricos de comércio internacional, 
que enfatizam que: O comércio internacional pode afetar adver-
samente os proprietários de recursos que são “específicos” de in-
dústrias que competem com importações, ou seja, não podem 
Os países apresentam divergências nos seus níveis de renda. A estrutura produtiva de 
um país é um objeto explicativo para essa questão. Por isso, a ideia de complexidade 
econômica. Essa é uma abordagem que, no Brasil, encontra grande contribuição do eco-
nomista Paulo Gala (FGV/EESP) com a discussão do projeto desenvolvido em conjunto 
entre pesquisadores da universidade de Harvard e do MIT, com destaque para os pro-
fessores Ricardo Hausmann (HAUSMANN; HWANG; RODRIK, 2007) e César Hidalgo. Eles 
desenvolveram uma medida de sofisticação da estrutura produtiva de um país. Trata-se 
de um método de comparabilidade entre países em uma parceria entre o Media Lab do 
MIT e a Kennedy School de Harvard (http://atlas.media.mit.edu/). A partir da análise da 
pauta exportadora de um determinado país, são capazes de medir, de forma indireta, a 
sofisticação tecnológica de seu tecido produtivo ou sua “complexidade econômica”.
EXPLORANDO IDEIAS
UNIDADE 4
176
“Não existe almoço grátis”
Milton Friedman, em1975
PENSANDO JUNTOS
encontrar emprego alternativo em outras indústrias. Os exemplos 
incluem os maquinários especializados, como os teares manuais 
que se tornaram menos valiosos por causa das importações de te-
cidos, e os trabalhadores com habilidades especializadas, como os 
pescadores que têm o valor de sua pesca reduzido pelos frutos do 
mar importados. O comércio também pode alterar a distribuição 
de renda entre grupos amplos, como os trabalhadores e os donos do 
capital. (KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015, p.4).
Essa abordagem nos traz luz à reflexão do custo da liberdade de comércio. Afi-
nal, vale a máxima de Robert A. Heinlein (1966, [s.p.], tradução nossa), popu-
larizada pelo economista Milton Friedman em 1975: “não existe almoço grátis”. 
Há ganhos na negociação, mas um certo impacto deve ser avaliado dentro das 
singularidades de cada país.
No que se refere ao padrão de comércio, vale a abordagem teórica que fize-
mos anteriormente (David Ricardo e HOS). Afinal, os economistas não podem 
discutir os efeitos do comércio internacional ou recomendar mudanças nas 
políticas governamentais dirigidas ao comércio com alguma confiança, a me-
nos que eles saibam que sua teoria é boa o suficiente para explicar o comércio 
internacional que é observado na realidade. Como resultado, tentativas para 
explicar o padrão de comércio internacional — quem vende o que para quem 
— têm sido uma preocupação maior dos economistas internacionais.
Certo da noção dos ganhos de comércio e de que há um fundamento teórico 
para a elaboração de estratégias governamentais diante das tomadas de decisões 
relacionadas ao setor externo, o aparente eterno debate sobre protecionismo ou 
não, quanto de comércio deve ser permitido, é o aspecto político mais importante. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_A._Heinlein
UNICESUMAR
177
Desde os tempos mercantilistas, os governos têm se preocupado com o efeito 
da competição internacional sobre a prosperidade das indústrias domésticas e 
têm tentado proteger as indústrias da competição estrangeira, colocando limites 
nas importações ou tentando ajudá-las na competição global, subsidiando as 
exportações. Lembre-se de que a proposta dos mercantilistas era de que a balan-
ça comercial (exportações menos importações) fosse sempre a mais favorável 
possível. Isso porque, para eles, exportar mais que importar representaria uma 
compensação em ouro e prata.Essa doutrina econômicaprevaleceu até o início 
do século XVII, quando ocorreu uma reação contra os excessos absolutistas e as 
regulamentações. Portanto, foram justamente esses excessos que promoveram a 
forte ideia da escola clássica, objetivando o livre-comércio. 
Para Krugman, Obstfeld e Melitz (2015), a única missão mais consistente 
da economia internacional tem sido analisar os efeitos dessas, assim chamadas, 
políticas protecionistas — e, geralmente, embora nem sempre, criticar o prote-
cionismo e mostrar as vantagens do comércio internacional mais livre. 
 “ O debate sobre quanto comércio deve ser permitido levou a uma 
nova orientação nos anos 1990. Após a Segunda Guerra Mundial, 
as democracias avançadas, conduzidas pelos Estados Unidos, ado-
taram uma ampla política de remover barreiras para o comércio 
internacional; essa política refletia a visão de que o livre comércio 
era uma força não apenas para a prosperidade, mas também para 
promover a paz mundial. Na primeira metade dos anos 1990, foram 
negociados vários acordos importantes de livre comércio. O mais 
notável foi o Acordo de Livre Comércio Norte-Americano (NAFTA, 
do termo em inglês North American Free Trade Agreement) entre 
Estados Unidos, Canadá e México, aprovado em 1993, e o acordo 
chamado de Rodada do Uruguai, que estabeleceu a Organização 
Mundial de Comércio, em 1994. Desde aquela época, contudo, um 
movimento político internacional opondo-se à globalização ob-
teve muitas adesões. O movimento ganhou notoriedade em 1999, 
quando expositores representando uma mistura de protecionistas 
UNIDADE 4
178
tradicionais e novas ideologias perturbaram um importante encon-
tro internacional de comércio em Seattle. Se não por mais nada, o 
movimento antiglobalização forçou os defensores do livre comércio 
a procurarem novos caminhos para explicar seus pontos de vista 
(KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ, 2015, p. 5).
Cerca de um quarto da obra de Krugman, Obstfeld e Melitz (2015) é dedicada às 
questões do protecionismo. Haja vista que, no decorrer dos anos, os economis-
tas internacionais desenvolveram um quadro analítico simples, mas poderoso 
para determinar os efeitos das políticas governamentais que afetam o comércio 
internacional. Esse quadro ajuda a predizer os efeitos das políticas de comércio — 
embora, também, permita a análise custo-benefício e critérios definitórios — para 
determinar quando a intervenção do governo é boa para a economia. 
Lembro, aqui, de Nicholas Taleb (2018), na sua obra Arriscando a própria 
pele, que realiza um destaque para a relação prática e teoria, em que não dá para 
confundir o conjunto pela agregação linear de seus componentes — isto é, o 
mundo real é bem mais complexo que o teórico (e esse é o grande desafio do 
profissional!). Portanto, os governos não necessariamente fazem o que a análise 
custo-benefício dos economistas dizem. Contudo, por favor, que eu me faça com-
preender: isso não significa que a análise é inútil. A análise econômica pode ajudar 
a dar sentido às regras da política de comércio internacional, mostrando quem 
se beneficia e quem perde com tais ações governamentais, como quotas sobre as 
importações e subsídios às exportações. “A principal reflexão dessa análise é que 
os conflitos de interesse dentro das nações são geralmente mais importantes na 
determinação da política de comércio do que os conflitos de interesse entre as 
nações” (KRUGMAN;OBSTFELD; MELITZ, 2015, p. 27). 
Por outro lado, é por meio das trocas internacionais que os países podem 
ampliar os mercados para seus produtos, exportando aquilo que têm mais 
competência para produzir e, ao exportarem, produzem mais, geram mais em-
pregos e renda para a economia. A China entendeu que, para crescer utilizando 
o mercado externo como fonte de demanda para seus produtos, precisava 
também importar, principalmente, aquilo de que não dispunha internamente. 
Assim, o país tornou- se o maior exportador do mundo e o segundo maior 
importador. Inclusive, aFazcomexapresentou, em janeiro de 2021, a lista dos 
maiores exportadores mundiais:
UNICESUMAR
179
1. China;
2. Estados Unidos;
3. Alemanha;
4. Japão;
5. Coreia do Sul;
6. Holanda;
7. Hong Kong;
8. França;
9. Itália; e
10. Reino Unido (BUENO, 2021, on-line).
Com pequenas alterações na lista, os maiores exportadores também compõem 
a lista dos maiores importadores do mundo.
Outro elemento que deve ser analisado, economicamente, é o balanço de 
pagamentos. Ele surge em uma variedade de contextos específicos: ao discutir 
investimento direto externo pelas corporações multinacionais, ao relatar transa-
ções internacionais para uma contabilidade de renda nacional e ao discutir vir-
tualmente cada aspecto da política monetária internacional. Krugman, Obstfeld 
e Melitz (2015) destacam que a balança de pagamentos se tornou questão central 
para ser discutida, assim como a questão do protecionismo:
 “ Em setembro de 2010, o então ministro da fazendo do Brasil, Gui-
do Mantega, ganhou as manchetes dos jornais ao declarar que o 
mundo estava no “meio de uma guerra cambial internacional”. A 
ocasião para seus comentários foi um forte aumento no valor da 
moeda do Brasil, o real, que valia menos de centavos de dólar no iní-
cio de 2009, mas tinha aumentado para quase 60 centavos quando 
ele fez essa declaração ( e aumentaria para 65 centavos durante os 
próximos meses). Mantega acusou os países ricos - os Estados Uni-
dos em particular - de engendrar esse aumento, que foi devastador 
aos exportadores brasileiros. Contudo, o aumento de valor do real 
mostrou vida curta, a moeda começoua cair no meio de 2011, e até 
o verão de 2013 ela tinha voltado a somente 45 centavos de dólar 
(KRUGMAN; OBSTFELD; MELITZ,, 2015, p. 27).
UNIDADE 4
180
Trata-se de um método, portanto, de contabilidade nacional, que tem por intuito 
evidenciar o comércio entre a nação e outros países com os quais se estabelece 
uma relação comercial.Esse registro é feito pela autoridade monetária do país em 
transações em que há trocas entre residentes e não residentes da nação em um 
certo período de tempo.
O balanço de pagamentos é utilizado para analisar a economia como um 
todo quando o assunto é a capacidade de um país fazer comércio com o resto do 
mundo. Além do mais,pode auxiliar o Banco Central do Brasil quando é preciso 
intervir nas taxas de câmbio, por exemplo. Segue sua composição:
a) BALANÇA COMERCIAL
 ■ Importações FOB (free on board) (débito).
 ■ Exportações FOB (crédito).
b) SERVIÇOS (Balanço de Serviços)
 ■ Serviços de manufatura.
 ■ Serviços de manutenção e reparo.
 ■ Transportes (fretes).
 ■ Viagens internacionais (turismo, negócios).
 ■ Construção.
 ■ Seguros.
 ■ Serviços financeiros.
 ■ Serviços de propriedade intelectual.
 ■ Telecomunicação, computação e informações.
 ■ Aluguel de equipamento.
 ■ Outros serviços de negócio.
 ■ Serviços culturais, pessoais e recreativos.
 ■ Serviços governamentais.
c) RENDA PRIMÁRIA
 ■ Remuneração de trabalhadores.
 ■ Renda do investimento.
 ■ Investimento direto.
 ■ Lucros e dividendos.
 ■ Juros.
UNICESUMAR
181
 ■ Investimento em carteira.
 ■ Outros ativos.
 ■ Ativos de reserva.
d) RENDA SECUNDÁRIA (TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS 
CORRENTES)
e) TRANSAÇÕES CORRENTES (ou SALDO EM CONTA CORREN-
TE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS)
 (Resultado líquido de A + B + C+D)
f) CONTA CAPITAL (operacional)
 ■ Conta capitais autônomos (conta capital e financeira).
g) CONTA CAPITAL
 ■ Transferências de capital.
h) CONTA FINANCEIRA
 ■ Investimento direto no exterior.
 ■ Participação no capital e cotas em fundos.
 ■ Investimento em carteiras — ativos.
 ■ Ações e cotas em fundos.
 ■ Títulos de renda fixa.
 ■ Investimento em carteira — passivos.
 ■ Títulos de renda fixa.
 ■ Derivativos — ativos.
 ■ Derivativos — passivo.
 ■ Outros investimentos — passivos.
 ■ Moedas e depósitos.
 ■ Empréstimos.
 ■ Créditos comerciais e adiantamentos.
 ■ Demais.
 ■ Ativos de reservas.
Saldo da conta de capital (G+H)
UNIDADE 4
182
i) ERROS E OMISSÕES
j) SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (resultado líquido de 
E + F + I)
É por singularidades da história que a taxa de câmbio é assunto relativamen-
te recente na economia internacional. A determinação da taxa de câmbio, em 
grande período da história moderna, era fixada por ação governamental. O ouro 
era o lastro (padrão-ouro). Depois da Segunda Guerra Mundial, os valores das 
principais moedas passaram a ser atrelados ao dólar americano.
No que diz respeito à coordenação da política internacional, é preciso dizer que as na-
ções soberanas são livres para escolher suas políticas econômicas. Contudo, uma decisão 
afeta a outra nação. É quase como pensar em uma família: se a pessoa que provém a casa 
com mais recursos financeiros decide pedir demissão, por exemplo, impacta no restante 
da família que faz uso desse dinheiro, ou seja, a decisão de um impacta na vida do outro. 
Por fim, mas não menos importante para essa macroanálise da economia 
internacional, vale trazer à tona a questão do mercado de capitais internacional. 
Tratamos, aqui, do conjunto de ambientes de troca de valores, como as ações, 
moedas e mercadorias. Diante da sofisticação do setor financeiro com a tecno-
logia, esse contexto requer cada vez mais atenção diante da tomada de decisões.
Agora, já fica mais claro que as empresas de uma nação, ao promover o comér-
cio com outros países, protagonizam o comércio internacional. Para que esse pa-
norama seja próspero, a chave do sucesso é ser competitivo, seja produzindo mais 
barato, seja produzindo produ-
tos melhores ou exclusivos. As-
sim, as pautas de importação e 
exportação dos países, formadas 
pelos itens que podem exportar 
e pelos que precisam importar, 
são definidas pela competitivi-
dade relativa entre países. Ven-
de-se ao exterior aquilo que 
pode ser oferecido a um preço 
igual ou inferior ao de produtos 
similares aos de seus concorren-
tes internacionais.
UNICESUMAR
183
Logo, a competitividade entre os países é o elemento-chave para o suces-
so de uma estratégia de crescimento das exportações, e esse sucesso também 
produz efeitos sobre o crescimento da renda e do emprego internamente. Na 
sequência, analisaremos o que determina a competitividade externa de um país 
no comércio exterior.
Note que limitar o comércio externo, embora, muitas vezes, pareça lógico 
para proteger os mercados e os empregos em um país, no longo prazo, impacta 
negativamente, pois, quando as compras no exterior são limitadas ou proibidas, 
a oferta de muitos produtos internamente será prejudicada, elevando preços e 
prejudicando a evolução tecnológica pela falta de concorrência entre os melhores 
produtos importados e os similares nacionais. 
Por outro lado, quando os produtos proibidos para importação são insu-
mos que, externamente, são mais baratos que os similares nacionais, a utilização 
do insumo nacional mais caro para abastecer as cadeias produtivas encarece os 
produtos finais e reduz a competitividade desses produtos, tanto no mercado 
nacional como no externo.
Quando a limitação ou a proibição ocorre sobre as exportações, ao ficarem 
restritas ao mercado interno, as empresas investem menos, produzem menos do 
que poderiam e, portanto, geram menos empregos e renda para a economia. A 
limitação das exportações é uma medida correta, por tempo limitado, quando 
houver ameaça à segurança alimentar de uma população por escassez de produ-
ção interna de alimentos ou por esforços de guerra.
É importante observar que a competitividade de um país no comércio exte-
rior depende da capacidade de produzir mercadorias e serviços a preços iguais 
ou menores que os produzidos em outros países, logo podemos concluir que não 
é o país que é competitivo — são as empresas desses países que competem com 
as empresas de outros países.
Ferreira (2015) alerta que, entre os fatores essenciais para determinar a com-
petitividade, está a disponibilidade de recursos produtivos, que pode favorecer 
um país na oferta de certos produtos, enquanto o desfavorece na produção de 
outros. Esses recursos podem ser naturais, como no caso do Brasil, ou podem 
ser capital e tecnologia, como no caso do Japão, ou podem, ainda, ser recursos 
humanos, como na China.
Perceba que a competitividade das empresas de um país no comércio in-
ternacional pode ter origem na disponibilidade de recursos naturais ou em 
184
UNIDADE 4
decorrência do tamanho de sua população, porém é possível construir estru-
turalmente fontes de competitividade duradouras, como aquelas derivadas da 
tecnologia e do conhecimento.
Outra fonte de competitividade externa, mas que não tem fundamento nas 
condições estruturais de uma economia, é a taxa de câmbio. O governo de um 
país pode manter um câmbio fixo e depreciado para baratear em moeda estran-
geira suas exportações e conseguir vender produtos no mercado externo que, em 
condições de câmbio normal, não seriam competitivos.
A competitividade obtida artificialmente por meio da depreciação do câm-
bio, também chamada competitividade espúria, é extremamente danosa aos 
concorrentes externos que perdem mercado, mesmo tendo melhores condições 
estruturais de competitividade. Entretanto, também é prejudicial aos países que 
implantam a depreciação do câmbio como política competitiva, uma vez que ba-
rateiam, em moeda internacional, suas importações, mas encarecem, em moeda 
nacional, suas importações.
UNICESUMAR
185
Assim, os países que decidirem por pesquisa e desenvolvimento enquanto 
política econômica, ou seja, quando os demais países continuam a investir para 
melhorar a produtividade, a fim de elevar a qualidadedos produtos e/ou reduzir 
seus custos de produção, um dia, terão preços mais competitivos que aqueles 
que apenas usaram o câmbio e não investiram para melhorar a produtividade.
Podemos concluir, então, que o país que confiou toda a sua competitividade 
no câmbio perderá o mercado conquistado quando for forçado a mudar a política 
de câmbio depreciado e, talvez, esteja tecnologicamente tão atrasado que jamais 
venha a reconquistar seus mercados.
É a competitividade de um país, logo a competitividade das empresas; de tal 
forma, os fatores que impactaram a competitividade das empresas são aqueles 
que proporcionarão ao país a possibilidade de competir com vantagem no co-
mércio exterior, e as principais fontes de competitividade são aquelas que afetam 
os custos ou a diferenciação dos produtos.
Nesse sentido, Ferreira (2015) afirma que, para conquistar uma posição de 
liderança em custos no comércio internacional, na venda de certos produtos ou 
serviços, o país deve direcionar os esforços para reunir as condições necessárias 
para alcançar o barateamento dos custos ao longo de suas cadeias produtivas. Essa 
estratégia pode ficar restrita às cadeias produtivas para a exportação, contudo os 
ganhos de competitividade são maiores quando afetam todos os custos da eco-
nomia. Entre os principais custos que incidem sobre os processos produtivos e 
que podem ser alvos de estratégias para redução, estão os custos do trabalho, de 
transporte, de energia, tributários e financeiros.
A abundância de fatores de produção pode representar um ponto de partida 
para a exploração da competitividade em custos, uma vez que a abundância de 
recursos torna sua exploração menos dispendiosa, assim podemos pensar que um 
país com grandes jazidas de minério de ferro teria custos menores de exploração 
que países com poucas reservas.
O caso da China, destacado por Ferreira (2015), é revelador: um país com 
mais de 1,5 bilhão de habitantes tem uma abundância de trabalhadores e, em sua 
maioria, com bom nível de educação. A China pode, portanto, praticar baixos 
salários médios e obter vantagens competitivas em uma grande variedade de 
produtos fabricados com o uso intensivo de trabalho.
Contudo, perceba que a abundância de um tipo de fator produtivo não ga-
rante baixos preços dos bens exportáveis e vantagens de custos no comércio 
UNIDADE 4
186
externo. Isso porque as condições internas de produção, como custos de salários, 
de transporte, de tributação e de financiamento das atividades produtivas, podem 
ser mais elevadas que em outros países e reduzir ou eliminar as vantagens naturais 
de abundância de recursos.
Ao aliar a abundância de fatores de produção aos investimentos para redu-
zir os custos indiretos de logística, tributação e financiamento, os países podem 
obter vantagens competitivas estruturais no comércio exterior e são capazes de 
impor preços muito baixos aos concorrentes e ganhar grandes fatias de mercado.
Os baixos custos de produção elevam a participação no mercado mundial, e, 
globalmente, aumenta-se a escala de operação das empresas exportadoras, pro-
porcionando-lhes economias de escala, o que favorece ainda mais a queda dos 
custos de produção e a redução dos preços no mercado internacional.
Ao olhar para a competitividade em diferenciação, é de muita valia a con-
tribuição do autor Michael Porter, professor da Harvard Business School, autor 
do livro A vantagem competitiva das nações. O título da obra é uma alusão ao 
conceito clássico de David Ricardo, referente às vantagens comparativas. O autor 
afirma que, em todo o mundo, as empresas que conquistaram a liderança interna-
cional adotam estratégias que diferem entre si sob todos os aspectos, ou seja, cada 
um percorre seu caminho, que é único. Ainda que toda empresa bem-sucedida 
siga a própria estratégia específica, os modos de operação subjacentes — sua 
natureza e trajetória — são fundamentalmente idênticos.
 “ As empresas atingem a vantagem competitiva através das iniciativas 
de inovação. Elas abordam a inovação no seu sentido mais amplo, 
abrangendo novas tecnologias e novas maneiras de fazer as coisas. 
Elas percebem uma nova base para a competição ou encontram 
melhores meios para competir à moda antiga. A inovação se ma-
nifesta no novo desenho do produto, no novo processo de produ-
ção, na nova abordagem de marketing ou nos novos métodos de 
treinamento. Boa parte das inovações são triviais e incrementais, 
dependendo mais da acumulação de pequenos insights e melhorias 
do que de um único e grande avanço tecnológico revolucionário 
(PORTER, 1999, p. 174).
Porter (1999) sugere que a inovação e a mudança tecem uma trama inextricá-
vel. As empresas bem-sucedidas são capazes de suplantar as grandes barreiras 
UNICESUMAR
187
à mudança e à inovação. Elas buscam, com obstinação, a melhoria constante, 
procurando fontes cada vez mais sofisticadas de vantagem competitiva. Daí o 
célebre modelo do “Diamante de Porter”. 
Existem quatro amplos atributos de um país que, para Porter, lapidam o “dia-
mante” da vantagem nacional. Cada ponto, de forma sistêmica, contribui para o 
sucesso competitivo internacional. São eles:
Casualidade /
Oportunidades
Condições de fatores: A posição do país 
quanto aos fatores de produção, como 
mão-de-obra quali�cada e infra-estrutura, 
necessários para competir num 
determinado setor.
Setores correlatos e de apoio:
A presença ou ausência, no país, de 
setores fornecedores e outros 
correlatos, que sejam 
internacionalmente competitivos.
Condições da demanda:
A natureza da demanda do 
mercado interno para os 
produtos ou serviços do setor.
Estratégia, estrutura e rivalidade das 
empresas: As condições predominantes 
no país, que determinam como as 
empresas são constituídas, organizadas 
e gerenciadas, assim como a natureza 
da rivalidade no mercado interno.
Governo
1
2
3
4
Figura 4 - Fluxograma do diamante de Porter / Fonte: a autora.
Esses determinantes constituem o ambiente nacional em que as empresas nascem 
e aprendem a competir. Destarte, ao possibilitar e apoiar a acumulação mais rápi-
da de ativos e habilidades especializadas, como políticas de governo, promove-se 
a vantagem competitiva. É, portanto, a reunião de elementos-chave, como inves-
Descrição da Imagem: a Figura 4 apresenta um fluxograma do diamante de Porter. A figura contém 
quatro contribuições para o sucesso competitivo internacional. São eles:no número 1, na cor vermelha, as 
condições de fatores — a posição do país quanto aos fatores de produção, como mão-de-obra qualificada 
e infraestrutura, necessários para competir num determinado setor. No número 2, na cor amarela, os 
setores correlatos e de apoio — a presença ou ausência, no país, de setores fornecedores e outros corre-
latos que sejam internacionalmente competitivos. Na cor verde,no número 3, com a estratégia, estrutura 
e rivalidade das empresas — as condições predominantes no país que determinam como as empresas 
são constituídas, organizadas e gerenciadas, assim como a natureza da rivalidade no mercado interno. 
E, no número 4, em azul, as condições da demanda — a natureza da demanda do mercado interno para 
os produtos ou serviços do setor. Todos as quatros contribuições têm setas que vão e voltam, formando 
um losango, que lembra um diamante.
188
UNIDADE 4
timento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), em 
educação para elevar a qualificação da população e, 
podemos colocar aqui, o próprio investimento em 
marketing para desenvolver marcas e grifes.
Quando analisamos a pauta de exportação dos 
países de alto desenvolvimento humano, percebe-
mos que esses países orientam suas exportações para 
produtos de alto valor agregado, logo não dependem 
de abundância de recursos naturais nem de políticas 
de câmbio depreciado para promover a competitivi-
dade externa de seus países. Como a competição por 
diferenciação pressupõe altos investimentos em P&D, 
as empresas desses países competem pela liderança 
tecnológica. Os custos de produção eos preços baratos 
não são determinantes do sucesso nos mercados ex-
ternos, mas sim a capacidade de vender produtos tec-
nologicamente avançados que poucos países podem 
oferecer. Note que as empresas desses países incorrem 
em altos custos de desenvolvimento de novas tecno-
logias, mas o resultado desses investimentos em pro-
dutos inovadores e que poucas (ou nenhuma outra) 
conseguem produzir confere a elas uma capacidade 
competitiva segura, consistente e de longo prazo.
Vejamos o caso dos Estados Unidos da América na 
Figura 5: 
O diamante de Porter, referido como a Teoria do Diaman-
te de Porter da Vantagem Nacional, é um modelo proje-
tado para ajudar a compreender a vantagem competiti-
va das nações e explicar como os governos podem agir 
como catalisadores para melhorar a posição de um país 
em um ambiente econômico globalmente competitivo.
EXPLORANDO IDEIAS
UNICESUMAR
189
Serviços como 
viagens,
turismo:
8,64 %, 
Itens não 
especi�cados: 
8,41 %
Serviços de 
tecnologia da 
informação e 
comunicação: 
7,28 %
Seguros e 
�nanças: 
5,21% 
Transportes:
3,74 %
commodities 
sem 
identi�cação 
especí�ca: 
6,43 %
Óleos de 
petróleo 
re�nados 
representando 
3,78 %
Carros:
1,97 %
outros
itens
Figura 5 - O que os Estados Unidos da América exportaram em 2018?
Fonte: adaptada de Atlas of Economic Complexity ([2021], on-line)³.
Reunindo as ideias apresentadas até aqui, é notável que inovação, mudança, am-
bientecom condição de fatores, como qualificação de mão de obra, podem ser 
vistos no cenário americano. Em 2018, eles exportaram serviços (turismo, viagens, 
serviços de comunicação), máquinas (computadores, turbinas de gás etc.), indús-
tria química (medicamentos, tampas de embalagens), enfim uma diversificação 
Descrição da Imagem: a Figura 5 apresenta os produtos que os EUA exportaram em 2018. Os produtos 
e serviços são apresentados com cores: na cor púrpura, serviços como viagens, turismo (8,64%),itens 
não especificados(8,41%), serviços de tecnologia da informação e comunicação(7,28%), seguros e finan-
ças(5,21%), transportes(3,74%). Na cor verde-escuro, commodities sem identificação específica(6,43%); 
na cor marrom, óleos de petróleo refinados representam 3,78% da pauta exportadora em 2018; na cor 
roxa, os carros(1,97%); entre outros itens.
NOVAS DESCOBERTAS
Uma informação interessante sobre os EUA é que o país que recebeu o maior 
volume de exportação deles foi o Canadá, com 17,93%, e ,em segundo lugar, 
o México com 15,98%. Na sequência, os países asiáticos: China, com 7,27%; 
depois, Japão, recebendo 4,52% do volume exportado pelos americanos; e 
Coreia do Sul(3,41%). A Inglaterra, nesse ranking, recebeu 3,95% da exportação america-
na, e a Alemanha, 3,5%.O Brasil, para constar, está com 2,36% dessa lista, superando os 
vizinhos da América do Sul. Vale a pena consultar a fonte. Você certamente obterá dados 
relevantes para o seu conhecimento da complexidade econômica.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6606
UNIDADE 4
190
produtiva baseada em inovação tecnológica. A imagem corrobora a noção de que 
a complexidade econômica, ou seja, a densidade da estrutura produtiva confirma 
a diferença entre um país dito rico e um país em desenvolvimento, como o caso 
brasileiro (compare com as Figuras 2 e 3).
Muitos países são reconhecidos por dominar tecnologias em alguns ramos 
de atividades, como é o caso da Suíça na fabricação de equipamentos de precisão, 
sendo seus relógios os mais famosos; dos alemães, na química e na mecânica; dos 
italianos,no design e nos carros superesportivos; dos franceses,na alta costura e nos 
vinhos finos; e dos norte-americanos,na informática e na indústria aeroespacial.
Serviços de 
tecnologia da 
informação e 
comunicação
7,74 % 
Itens não 
especi�cados: 
7,29 % 
Seguros e 
�nanças: 
6,77 % 
Serviços como
viagens, turismo:
3,95 % 
Transportes:
3,05 % 
Medicamentos 
embalados:
9,59 %
Soros e 
vacinas: 
5,22 %
Ouro:
13,99 %
Relógios:
3,17 %
Figura 6 - O que a Suíça exportou em 2018?
Fonte: adaptada de Atlas of Economic Complexity ([2021], on-line)⁴.
A Alemanha, China e França, respectivamente, em 2018, foram os parceiros co-
merciais mais representativos para um país altamente competitivo, graças ao 
setor de serviços, como é o caso da economia suíça (Figura 6).Assim, afirmamos 
que a base da competitividade em diferenciação é a educação. Perceba que os 
Descrição da Imagem: a Figura 6 apresenta os produtos que a Suíça exportou em 2018. Os produtos e 
serviços são apresentados com cores: na cor púrpura, serviços de tecnologia da informação e comuni-
cação(7,74%), os itens não especificados(7,29%), seguros e finanças (6,77%) (aqui, os dados evidenciam a 
historinha famosa das contas na Suíça, né?!), serviços como viagens, turismo(3,95%), transportes(3,05%). 
Na cor roxa, os medicamentos embalados com 9,59%, os soros e vacinas representados por 5,22%do 
volume exportado. Os dados referentes ao ouro são 13,99% na cor dourada e corroboram as informações 
da força da indústria relojoeira suíça,bem como os relógios, com 3,17%, na cor azul.
UNICESUMAR
191
países que investiram para elevar o nível geral da educação de sua população e 
desenvolver conhecimento científico de ponta foram capazes de, em longo prazo, 
constituir empresas sustentadas em inovações, e grandes marcas e foram capazes 
de se diferenciar no mercado internacional.
Logo, investir em educação é uma estratégia para aumentar a competitividade 
externa. Países como Japão e Coréia do Sul fizeram isso e mudaram o perfil de 
suas economias —são economias direcionadas para a exportação de produtos 
de alto valor agregado e sustentadas por marcas fortes, tais como Sony ©, Honda 
©, Toyota ©, Samsung ©, LG © e Hyundai ©.
Vimos que o comércio externo favorece o crescimento econômico pelas duas 
vias, seja pela importação de produtos necessários aos processos produtivos in-
ternos ou para o abastecimento do mercado interno naquilo que é inviável pro-
duzir internamente, seja pela via das exportações, ao permitir que as vantagens 
de custos e de diferenciação ampliem o potencial de crescimento das empresas 
nacionais, gerando emprego e renda internamente.
Não há respostas prontas e objetivas para países mais ricos e mais pobres. 
É preciso considerar a singularidade de cada nação em análise. De modo geral, 
contudo, os países mais ricos são aqueles com as maiores rendas per capita, são os 
países com maior grau de abertura econômica e com menores restrições à entrada 
de produtos estrangeiros para competir internamente com os produtores nacio-
nais.Isso porque a concorrência externa força os produtores internos a melhorar 
tanto em custos como em diferenciação para enfrentar os competidores de fora. 
Essa concorrência prepara as empresas do país para enfrentar seus concorrentes 
no mercado mundial.
É fácil pensar que os países com menor abertura econômica protegem suas 
empresas, as quais, protegidas da concorrência externa, não terão motivação para 
aumentar a competitividade em custo ou diferenciação, impondo aos consumido-
res nacionais produtos mais caros e de qualidade inferior àquela oferecida no resto 
do mundo. É uma simplificação da realidade, mas podemos pensar nesses termos.
A abertura comercial é, portanto, um mecanismo eficiente para preparar um 
país para crescer sobre bases sustentáveis no longo prazo, pois impõe, aos sistemas 
produtivos nacionais, a lógica da competição de mercado, forçando as empresas 
a investirem para desenvolver produtos melhores e mais baratos. Essa lógica de 
concorrência exige trabalhadores com alta qualificação e, em contrapartida, re-
sulta em uma população mais bem formada e remunerada. Se pudéssemos tirar 
UNIDADE 4
192
uma exclusiva conclusão, seria que investimento em educação, em conhecimento, 
em tecnologia é o caminho certo, inconteste.
Outro aspecto relevante no contexto mundial é o fluxo financeiro entre países. 
É a oportunidade que o mercado financeiro internacional oferece aos que buscam 
oportunidadesde ganhos de lucros, sejam os que almejam rentabilidade de juros ou 
ganhos de capital nesse ambiente. Há dois tipos de fluxos internacionais de capital: 
 ■ Fluxos de investimentos produtivos.
 ■ Fluxos de investimentos financeiros.
Eles trazem vantagens e desvantagens aos países. Por isso, saber como usar os 
recursos externos é fundamental para fomentar o crescimento dos países.
Há três formas de rentabilizar o capital, aqui, entendido como as sobras de 
recursos de pessoas e empresas. A primeira forma é investi-lo em capacidade 
produtiva para gerar um produto ou serviço que será vendido ao mercado; com 
a receita das vendas, cobrem-se os custos, e apura-se o lucro, o qual faz o patri-
mônio dos empresários crescer.
A segunda forma é emprestar esse capital a outras pessoas, empresas ou 
governos que dele precisem. No futuro, o tomador do empréstimo devolve ao 
dono do capital o total emprestado acrescido de juros. Logo, o patrimônio dos 
rentistas aumenta ao somar os ganhos de juros ao capital inicial.
Por último, a terceira forma é comprar algo por um preço e, em algum 
momento depois, vendê-lo por um preço maior, apurando um ganho de capital. 
Da mesma forma, o ganho de capital, que é a diferença positiva entre o preço de 
venda e o de compra, representa o próprio aumento de patrimônio.
Essas três formas de rentabilizar o capital (lucros, juros e ganhos de 
capital) também podem ser realizadas em âmbito mundial, por meio da alo-
cação de capital entre diversas economias mundo afora. Examinaremos esses 
fluxos de investimentos, os fatores que os atraem e os benefícios e prejuízos que 
provocam nas economias.
O Investimento Externo Direto (IED) é aquele capital que ingressa nas 
economias com o objetivo de gerar lucros, ou seja, os donos desses capitais, ao 
UNICESUMAR
193
decidirem onde realizarão seus investimentos, visam às oportunidades de mon-
tar novas unidades de produção ou comprar empresas já estabelecidas.Esse tipo 
de investimento é de longo prazo, pois constituir negócios em um país, ganhar 
mercado e obter faturamento que cubra os custos e que gere lucros demora muito 
tempo — leva-se anos ou até décadas para que o investimento dê retorno. Você 
pode concluir, portanto, que, para esse tipo de capital entrar em um país, deve 
haver um ambiente social, político e econômico confiável e estável.
Além de boas oportunidades de negócios, para atraírem IED, os países devem 
proporcionar segurança institucional, leis e instituições que garantam a proprie-
dade privada e seus ganhos. Obviamente, nenhuma empresa estrangeira investirá 
para constituir filiais ou subsidiárias em países que não lhe ofereçam a garantia 
sobre a propriedade do capital investido em terrenos, edifícios, máquinas, equi-
pamentos e recursos financeiros.
Logo, os países com melhores chances de atrair empresas estrangeiras são 
aqueles com sistemas políticos consolidados, com um sistema legal e jurídico 
eficiente, capazes de garantir a propriedade privada independentemente dos go-
vernos ao longo do tempo. Todas as melhorias nas leis e instituições que ampliem 
a segurança jurídica dos investimentos produtivos são benéficas para atrair esse 
tipo de capital para o país.
UNIDADE 4
194
Por outro lado, os fluxos de IED são menores ou até inexistentes naquelas eco-
nomias com sistemas políticos frágeis, sujeitos a intervenções diretas do governo 
sobre a propriedade privada e sobre as regras de mercado, pois, nessas economias, 
há elevados riscos de perda dos investimentos, com a estatização de empresas ou 
com a perda ou redução dos lucros esperados nas operações.
Quando uma empresa estrangeira se instala em um país, leva, para ele, tecnologias 
de produção e conhecimentos técnicos e tecnológicos que, talvez, as empresas 
nacionais não tivessem. Esses conhecimentos se disseminarão por entre os tra-
balhadores das empresas estrangeiras e, em pouco tempo, serão disseminados, 
também, para outras empresas de mesmo ramo ou de ramo diferente. O IED é, 
então, importante para irradiar novas tecnologias de produção e de gestão de 
empresas, bem como para forçar as empresas nacionais a competirem e melho-
rarem seus produtos e seus preços. 
A questão que você deve ter feito é: qual é a vantagem de atrair o capital estrangeiro para 
investir produtivamente no país? Muitos acreditam que as empresas estrangeiras são um 
problema para as economias, não uma solução; contudo, assim como é importante que 
os países abram seus mercados para impor às empresas nacionais uma competição acir-
rada com as empresas estrangeiras, também é importante que elas possam adentrar o 
país para competir com empresas nacionais nele instaladas.
PENSANDO JUNTOS
Recentemente, a empresa Ford, aquela que pôs o 
mundo sobre rodas e revolucionou a indústria, deci-
diu interromper os ciclos de investimentos no Brasil. A 
pandemia, a desvalorização cambial, a reestruturação 
impulsionada por novas e emergentes tecnologias em 
serviços conectados, eletrificação e veículos autôno-
mos são possíveis elementos que contribuíram para 
essa decisão. Sindicatos estimam que cinco mil profis-
sionais perderão o emprego. Essa notícia nos revela 
o impacto dos investimentos estrangeiros diretos en-
quanto propulsor de uma cadeia produtiva. 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6536
UNICESUMAR
195
Perceba que, em alguns casos, as empresas estrangeiras se instalam em países 
nos quais não existem similares dos produtos e serviços que serão produzidos e 
ofertados. Nesse caso, o capital produtivo de fora proporcionará a oferta inter-
na de produtos que só seriam obtidos mediante importações, e isso economiza 
recursos para o país. Ao mesmo tempo, serão gerados empregos e renda para 
produzi-los internamente.
Veja que as vantagens de atrair o capital externo para produzir internamente 
estão associadas à geração de emprego e renda no país, à fabricação de produ-
tos que, anteriormente,só eram feitos no exterior, bem como à intensificação da 
concorrência interna, que pressiona as empresas nacionais a reduzirem preços e 
aumentarem a qualidade de seus produtos ou serviços. Por outro lado, observe 
que, produzindo, vendendo e lucrando internamente, as empresas estrangeiras 
têm direito a repatriar, parcial ou integralmente, os lucros aos países de origem 
dos investimentos. Caso haja uma parcela grande da estrutura produtiva de um 
país composta por capital estrangeiro, haverá muita saída de lucros do país, e esses 
lucros que saem não formam a poupança interna que sustenta maiores níveis de 
investimentos para o crescimento do país.
Portanto, as vantagens da entrada de IED podem ser neutralizadas e, até mes-
mo, converter-se em desvantagens, caso o país dependa demais desse tipo de 
capital para gerar seu PIB (Produto Interno Bruto). Em virtude disso, gera um 
crescente fluxo de remessa de lucros ao exterior que inviabilize ampliação dos 
investimentos para o crescimento do país.
Sobre os investimentos em carteira, enquanto elemento relevante no mercado 
financeiro internacional, são aplicações financeiras que instituições financeiras 
de um país fazem em outros países. Esses investimentos visam aos ganhos com 
juros e ganhos de capital; logo, são direcionados para a compra de títulos públicos 
ou privados de dívida ou para fundos de investimentos em renda fixa. Os países 
com maior capacidade de atrair esse tipo de capital financeiro são aqueles que 
apresentam a melhor relação entre risco e retorno. Os riscos estão associados às 
garantias do direito à propriedade privada, mas também se associam aos riscos 
do mercado que podem impor aos investidores perdas de rentabilidade do capital 
investido ou, até mesmo, perdas de capital por depreciação de ativos.
As vantagens de atrair o capital financeiro de curto prazo para o país estão 
associadas ao aumento da oferta de capitais no sistema financeiro. Isso permite re-
duzir os custos do financiamento às empresas e ao governo, bem como aumentar 
196
UNIDADE 4
os recursos que podem ser utilizadospara elevar a oferta de crédito ao consumo. 
Perceba que o capital de investimento em carteira, que ingressa no país para fi-
nanciar a custos mais baixos o investimento produtivo, será pago com o retorno 
das atividades produtivas financiadas, mas aquele capital que entra para financiar 
a dívida pública do governo será pago com os impostos recolhidos pelo Estado. 
A desvantagem da entrada de capitais especulativos que buscam apenas a 
rentabilidade de juros ou o simples ganho de capital em suas operações é que, 
para atraírem esses capitais, os países devem oferecer uma taxa de juros superior à 
média das taxas pagas em países que oferecem o mesmo risco. Contudo,se orisco 
do paísfor maior,ataxa dejuros deverá,consequentemente, ser maior. Você pode 
concluir que um país que paga taxas de juros anuais, cinco ou seis vezes superio-
res à média das taxas de juros dos países desenvolvidos, é capaz de atrair muito 
capital especulativo se o risco desse país for duas ou três vezes maior que o risco 
dos países desenvolvidos. Entretanto, quanto mais alta a taxa de juros e maior a 
quantidade de capital estrangeiro aplicada para ganhar juros em um país, maior 
a quantidade de juros que o país pagará aos investidores.
A entrada de grandes quantias de capital em carteira também produz impac-
tos sobre a taxa de câmbio do país, pois aumenta a oferta de moeda estrangeira 
no mercado de câmbio, e, se a demanda não aumentar também, haverá um ex-
cesso de oferta de divisas estrangeiras, causando a depreciação da moeda externa 
e a apreciação da moeda nacional, que prejudicam as exportações do país. O 
investimento em carteira é um capital de curto prazo que reage muito rápido 
às variações nas condições de risco que possam gerar perdas de capitais. Assim, 
quando ocorrem distúrbios internos ou externos, de natureza política, econômica 
ou social, que elevem as condições de risco, esse é o primeiro tipo de capital a sair 
do país. A saída rápida, em grandes volumes, de investimentos em carteira, nas 
situações de aumento de riscos e incerteza, acontece em virtude da sua natureza 
puramente financeira. Esse capital tem rápida reconversão em moeda estrangeira, 
e sua saída não implica perda de participações de mercados, como é o caso dos 
investimentos externos diretos.
Outro ponto estratégico do nosso trabalho é a taxa de câmbio. Uma rela-
ção de troca entre duas moedas; logo, é um preço de uma moeda cotada em 
outra moeda. Quando falamos que a taxa de câmbio reais por dólares é 2,00, 
UNICESUMAR
197
estamos dizendo que um dólar tem o preço de dois reais (US$ 1,00 = R$ 2,00). 
Note que a taxa de câmbio quase sempre é divulgada entre a moeda nacional 
e poucas outras; no caso do Brasil, entre o real e o dólar ou entre o real e o 
euro. Contudo, há uma relação de troca entre todas as moedas negociadas no 
mundo, e, quase sempre, essas taxas de câmbio não são feitas diretamente, mas 
por meio do dólar ou do euro. 
Podemos fazer uma taxa de câmbio entre o real e o iene japonês, utilizando 
as taxas de câmbio entre o dólar, possível para as duas moedas. Considere que 
o preço de um dólar em real seja de R$ 2,30 e que, para comprar um dólar, os 
japoneses gastam 105 ienes. Logo, a taxa de câmbio R$/US$ é 2,30, e a taxa de 
iene/US$ é 105. Dividindo as duas taxas, chegaremos à do R$/iene (2,30 / 105), 
que é de R$ 0,022 para cada iene japonês.
198
UNIDADE 4
Atualmente, existem muitos portais de internet que disponibilizam as cota-
ções entre moedas do mundo todo, bastando, para isso, que se escolham as duas 
moedas. Poucas dessas cotações entre moedas são feitas diretamente; a maioria 
é feita por meio de uma divisa internacional como referência de preço para as 
demais. As divisas internacionais, atualmente, são o dólar ou o euro. São consi-
deradas divisas porque são mundialmente aceitas nos pagamentos de transações 
comerciais e financeiras entre os países. Antes da existência de moedas nacionais 
como divisas internacionais, os países utilizavam o ouro.
A máxima histórica da taxa de câmbio (R$/US$) no Brasil, desde a implantação 
do Plano Real, ocorreu no mês de outubro de 2002, no auge das intenções de 
votos de Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições do ano de 2003. A estabiliza-
ção das condições políticas, econômicas e sociais após a eleição de Lula apreciou 
paulatinamente a taxa de câmbio, até que, em 2008, às vésperas da crise financeira 
mundial, chegou a 1,59 e, com a eclosão da crise em outubro, saltou para 2,39 já 
no mês de dezembro. Sob o regime de câmbio, foi registrado, no mês de julho de 
2011, quando a taxa chegou a 1,56. Contudo, taxas de câmbio tão baixas quanto 
as registradas em 2011 (de 1,56) representam uma depreciação do real perante 
o dólar de apenas 56% desde 1995, mas a inflação brasileira para o período todo 
superou os 350%. Logo, essa diferença tão grande entre a depreciação do câmbio 
e a inflação interna provoca, na economia brasileira, os mesmos efeitos de uma 
apreciação cambial, reduzindo a competitividade das exportações brasileiras e 
aumentando as compras de produtos importados.
O regime de taxa de câmbio flutuante é aquele no qual o preço das moedas es-
trangeiras é definido no mercado de câmbio, mediante as interações entre as forças 
As reservas internacionais são os ativos do Brasil em moeda estrangeira e funcionam 
como uma espécie de seguro para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e 
a choques de natureza externa, tais como crises cambiais e interrupções nos fluxos de 
capital para o país.
Esse colchão de segurança ajuda a manter a funcionalidade do mercado de câmbio de 
forma a atenuar oscilações bruscas da moeda local — o real — perante o dólar, dando 
maior previsibilidade e segurança para os agentes do mercado.
EXPLORANDO IDEIAS
UNICESUMAR
199
de oferta e de demanda por moeda estrangeira. 
Logo, nesse regime, o preço das moedas estran-
geiras é livre. Note, então, que, para entender a 
formação da taxa de câmbio num regime de livre 
flutuação das moedas estrangeiras, é fundamen-
tal compreender o que determina a demanda 
por divisas internacionais e, também, os deter-
minantes da sua oferta. A demanda por moeda 
estrangeira depende da necessidade de fazer pa-
gamentos ao exterior, uma vez que, fora do país, a 
moeda nacional da maioria dos países, incluindo 
o Brasil, não é aceita como divisa internacional. 
As empresas, as famílias e o governo dos países 
se obrigam a comprar divisas internacionais para 
realizar pagamentos ao exterior.
Ao entendermos quais são os pagamentos 
que os países fazem ao exterior e os motivos 
para a saída de capital, podemos compreender 
as pressões de compra de divisas no merca-
do de câmbio e, assim, entendemos o lado da 
demanda do mercado. Estudante, conheça, 
aqui, os principais motivos para a compra de 
divisas internacionais:
a) Pagamentos de importações.
b) Pagamentos de juros, lucros, aluguéis e 
outras rendas por trabalho ou serviços 
prestados por estrangeiros.
c) Pagamentos de amortizações de em-
préstimos tomados no exterior.
d) Saída do país de aplicações de estran-
geiros.
e) Saída de capitais nacionais para investir 
produtivamente ou aplicar no mercado 
financeiro de outros países.
200
UNIDADE 4
f) Concessão de empréstimos de instituições financeiras nacionais a gover-
nos, empresas ou famílias de outros países.
g) Saída do país de doações a pessoas ou organizações estrangeiras.
Perceba que são muitos os motivos para a compra de moeda estrangeira, desde 
o pagamento por bens importados, passando pelo pagamento de rendas e ser-
viços, amortizações de empréstimos internacionais, concessões de empréstimos, 
aplicações ou investimentos no exterior e doações. Quando um ou mais desses 
pagamentos ou saídas de capital aumentam, há um aumento na demanda por 
divisas no mercado de câmbio; e, quando a demanda aumenta e os níveis de oferta 
permanecem constantes, ocorre a elevação do preço de mercado, nesse caso, da 
taxa de câmbio. Uma elevação da taxa de câmbio sinaliza quea divisa internacio-
nal está mais cara para ser comprada com moeda nacional. Logo, precisa de mais 
moeda nacional para comprar a mesma quantidade de divisas internacionais, o 
que leva à depreciação. 
Há o movimento contrário: quando o total dos pagamentos em moeda es-
trangeira cai, a demanda por divisas internacionais cai também, e, mantida a 
mesma quantidade de oferta no mercado de câmbio, haverá uma queda no preço 
das divisas internacionais, o que levará a uma apreciação da moeda nacional. O 
outro lado do mercado de câmbio é a oferta de divisas internacionais, dependente 
de recebimento de vendas, recebimentos de rendas ou doações ou aplicações de 
recursos estrangeiros no país.
O ponto de vista econômico que considera o setor externo é muito vasto e 
requer minuciosa análise nas diversas tomadas de decisão. Neste material, por 
uma questão didática, fizemos uma abordagem simplificada na engenhosa e in-
trincada rede de variáveis que envolvem a relação com o setor estrangeiro.
UNICESUMAR
201
Com início no meio da década de 1980, diversos países em desenvolvimento 
passaram para taxas de tarifa menores, suprimiram quotas de importação, entre 
outras restrições no comércio. Essa mudança dos países em desenvolvimento em 
direção a um comércio mais livre é a grande história da política de comércio dos 
últimos tempos. A história, porém, é dinâmica, e somos produto dela!
Escrevo isso em 11 de fevereiro de 2021, quando a humanidade perdeu 
2.351.972 vidas. Tempo triste, indiscutivelmente, é um cenário instável que 
dificulta a noção de qual caminho tomará a economia internacional. O con-
texto da pandemia do coronavírus ainda protagoniza o assunto mundial de 
tal forma que ele não desafia apenas o comércio internacional, mas também 
expõe as realidades das economias mais vulneráveis. Ainda assim, há indícios 
que apostam num futuro direcionado a uma geopolítica de produção por meio 
da nacionalização e regionalização, contudo é uma suposição! Ainda estamos 
no centro dos acontecimentos! 
Na tentativa de delinear uma dinâmica para a tomada de decisões nas di-
versas conjunturas, é preciso buscar informações estruturadas. A Secretaria de 
Assuntos Econômicos Internacionais – Sain é um órgão singular do Ministério 
da Economia, subordinado à Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos 
Internacionais, bem como ao Ministro de Estado da Economia, para tratar de 
questões envolvendo a economia brasileira no seu relacionamento com os demais 
países, blocos econômicos e organismos internacionais.
A Sain presta assessoria técnica especializada em assuntos relativos à eco-
nomia internacional com o objetivo de defender os interesses econômicos e 
financeiros do Brasil, fortalecendo sua participação nos processos decisórios 
internacionais, de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentável do País. 
202
AGORA É COM VOCÊ
1. Em uma economia aberta, os agentes econômicos residentes em um determinado 
país realizam, cotidianamente, um amplo conjunto de transações com nãoresidentes 
que estão localizados em outros países. Uma parcela crescente da renda das econo-
mias nacionais está diretamente vinculada ao comércio internacional e às operações 
financeiras internacionais. Por conta disso, é de suma importância saber avaliar a 
magnitude dessas transações e os seus impactos sobre a economia doméstica. 
Sobre a estrutura das contas externas e a análise das relações entre essas e a con-
tabilidade nacional, analise as afirmativas a seguir.
I - O Balanço de Pagamentos, por se tratar de agregação das contas nacionais, não 
considera as relações comerciais com o resto do mundo. Dessa maneira, não 
são considerados os bens que são exportados e importados.
II - A Balança Comercial registra o comércio internacional de mercadorias, que são os 
bens tangíveis. As vendas externas (exportações) geram lançamentos em crédito, 
ao passo que as compras externas (importações) produzem débitos.
III - Os registros contábeis do balanço de pagamentos seguem o método das partidas 
dobradas, em que toda e qualquer transação entre dois agentes é registrada 
como dois fluxos em sentidos contrários (crédito e débito). Enquanto um registro 
representa a natureza econômica da transação, o outro expressa sua contrapar-
tida monetária ou financeira.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
203
AGORA É COM VOCÊ
2. Os pagamentos internacionais são liquidados em termos monetários. Como os países 
possuem “moedas diferentes”, a liquidação dos contratos depende da taxa de conver-
são entre elas. Neste contexto, a taxa de câmbio nada mais é do que o valor de con-
versão entre duas moedas distintas. Sobre a taxa de câmbio, analise as afirmativas.
I - No regime de câmbio fixo, o Banco do Brasil fixa, antecipadamente, a taxa de 
câmbio, com a qual o mercado deve operar. Pelas regras fixadas pelo sistema 
financeiro internacional, se um país fixa sua taxa de câmbio, ele se obriga a 
disponibilizar as reservas para o mercado quando requisitadas (seja pelos ex-
portadores, turistas ou saídas de capital financeiro).
II - No regime de câmbio flutuante (flexível), a taxa de câmbio é determinada pelo 
mercado de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira. Dife-
rentemente do sistema de câmbio fixo, o Banco Central não é obrigado a dispo-
nibilizar suas reservas cambiais.
III - Diz-se que houve uma depreciação cambial ou desvalorização cambial quando 
se necessita mais unidades da moeda nacional para adquirir uma unidade da 
divisa de referência. 
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
204
AGORA É COM VOCÊ
3. Quando um turista brasileiro viaja para o exterior e precisa de moeda estrangeira, 
o agente autorizado pelo Banco Central a operar no mercado de câmbio recebe 
do turista brasileiro a moeda nacional e lhe entrega (vende) a moeda estrangeira. 
Quando um turista estrangeiro quer converter moeda estrangeira em reais, o agente 
autorizado a operar no mercado de câmbio compra a moeda estrangeira do turista 
estrangeiro, entregando-lhe os reais correspondentes. Essa troca de moeda de um 
país pela moeda de outro país se refere a uma operação de câmbio. 
Sobre o setor externo, analise as afirmativas a seguir:
I - O Banco Central é a instituição responsável pela definição do regime cambial no 
Brasil, de suas metas e de sua gestão.
II - No regime de câmbio flutuante (flexível), a taxa de câmbio é determinada pelo 
mercado de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira. Dife-
rentemente do sistema de câmbio fixo, o Banco Central não é obrigado a dispo-
nibilizar suas reservas cambiais.
III - O Banco Central executa a política cambial definida pelo Conselho Monetário 
Nacional. Para tanto, regulamenta o mercado de câmbio e autoriza as instituições 
que nele operam. Além disso, o Banco Central pode atuar diretamente no mer-
cado, comprando e vendendo moeda estrangeira de forma ocasional e limitada, 
com o objetivo de conter movimentos desordenados da taxa de câmbio.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
205
CONFIRA SUAS RESPOSTAS
1. D.
I. É incorreto afirmar que, no balanço de pagamentos, não se consideram as relações 
comerciais com o resto do mundo. E, no balanço, são consideradas todas as operações 
internas e externas. A balança comercial obedece à seguinte composição:
Balança Comercial
• Importações FOB (free on board) (débito).
• Exportações FOB (crédito).
Portanto, considera exportações e importações. 
O feedback da alternativa I é válido para a alternativa II,em que
II. A balança comercial obedece à seguinte composição:
Balança Comercial
• Importações FOB (free on board) (débito).
• Exportações FOB (crédito).
Portanto, considera exportações e importações. 
III. É verdade que os registros contábeis do balanço de pagamentosseguem o método 
das partidas dobradas, em que toda e qualquer transação entre dois agentes é regis-
trada como dois fluxos em sentidos contrários (crédito e débito). Enquanto um registro 
representa a natureza econômica da transação, o outro expressa sua contrapartida 
monetária ou financeira.
2. D. A afirmativa I está incorreta ao afirmar que o Banco do Brasil fixa o câmbio. É o 
Banco Central do Brasil.É verdade que, no regime de câmbio flutuante (flexível), a taxa 
de câmbio é determinada pelo mercado de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de 
moeda estrangeira. Diferentemente do sistema de câmbio fixo, o Banco Central não é 
obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais.É fato,como demonstrado no texto, 
que uma elevação da taxa de câmbio sinaliza que a divisa internacional está mais cara 
para ser comprada com moeda nacional. Logo, é preciso mais moeda nacional para 
comprar a mesma quantidade de divisas internacionais, o que leva à depreciação. 
3. E. Quando um brasileiro viaja ao exterior e adquire dinheiro para usar no seu destino 
— por exemplo, o dólar, no caso dos Estados Unidos, e o iene, no caso do Japão —, 
essa aquisição é uma operação de câmbio. Da mesma forma, importadores brasileiros 
realizam operações de câmbio para trocar reais pela moeda do seu parceiro comer-
cial a fim de pagar pelos itens que adquiriram.Essas trocas de moedas acontecem 
no mercado de câmbio, portanto, de forma livre, não é o governo que define. São as 
forças de oferta e demanda por divisas.Nele, turistas, comerciantes, empresas e insti-
tuições financeiras compram e vendem moeda estrangeira (divisas) sob a regulação e 
supervisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do Banco Central (BC).Portanto, 
as alternativas I, II e III estão corretas.
MEU ESPAÇO
5O Papel da 
Regulação do 
Estado
Me. Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori
O Estado pode ser visto como um conjunto de instituições jurídicas 
com poder coercitivo sobre a sociedade, bem como um aparelho ou 
organização que formula políticas, aprova leis e as executa. Nesta 
oportunidade de trabalho, veremos que o governo pode utilizar o 
seu poder de coerção de forma contínua para afetar o processo de 
decisão de agentes econômicos em setores diversos, caracterizados 
por estruturas de mercado nas quais esses agentes possuem poder 
de mercado significativo. 
UNIDADE 5
208
A empresa SIM SA é uma loja especializada em artigos de marcenaria, como chapas 
de MDF, compensados para fabricação de móveis, fitas de borda, perfis decorati-
vos, corrediças, trilhos, rodízios, roldanas, aramados, dobradiças, fechos, trincos, 
suportes, vernizes, thinners, seladoras, lacas, tingidores, tintas, portas de alumínio, 
portas de vidro, entre outros. A empresa começou em uma garagem, na cidade 
de Maringá, no estado do Paraná, abrigando algumas chapas de compensado de 
madeira. Hoje, a empresa tem mais de 10.000 funcionários. Muitas das pessoas que 
lá trabalham são estranhas umas às outras. Esses estranhos cooperam de maneira 
eficaz e contribuem na cadeia produtiva de móveis da região de forma significativa.
Como é possível afirmar que a empresa SIM existe? Há um estoque amplo de 
chapas, fitas, aramados, puxadores, mas os produtos não constituem a empresa. 
Se um incêndio acometesse a estrutura de 12.000 m2, inclusive as máquinas que 
oferecem plano de corte, SIM ainda existiria. Com uma boa estratégia, a direção 
reconduziria as negociações, com empréstimos, uma reconstrução e avante. Logo, 
a SIM se reconfiguraria! A empresa possui várias lojas, caminhões, showrooms, 
máquinas, secretários, vendedores, analistas de crédito, mas tudo isso junto não 
constitui o empreendimento. A empresa é uma SA, possui gestores e acionistas, 
mas eles também não constituem a empresa. Todos os gestores poderiam ser 
demitidos, e todas as suas ações, vendidas; mas a empresa propriamente dita 
permaneceria intacta. Além da questão tangível, o que poderia fazê-la funcio-
nar? Seria a SIM SA imortal, algo incólume? Há, unicamente, um fato que faria 
desaparecer a SIM. Qual seria? 
Se um juiz (funcionário revestido da qualidade de administrador da justiça 
do Estado) ordenasse a dissolução da empresa, neste caso, as lojas, caminhões, 
showrooms, máquinas permaneceriam de pé, secretários, vendedores, analistas de 
crédito continuariam a viver — mas a empresa SIM desapareceria imediatamente. 
Nesse sentido, a empresa é um produto do que vem a ser a ficção jurídica. Não se 
trata de um objeto físico, mas uma entidade jurídica. Você e eu estamos submeti-
dos às leis que o Brasil nos coloca. As pessoas físicas e jurídicas são subordinadas 
à legislação que vigora em seus países. 
A organização SIM possui contas bancárias, é proprietária de uma frota de 
caminhões e imóveis, paga impostos diversos e pode ser processada, indepen-
dente de seus donos ou das pessoas que trabalham para ela. Trata-se de uma 
particularidade da empresa em questão. Ela pertence à ficção jurídica chamada 
“empresas de responsabilidade limitada”. Essa dinâmica atribui uma característica 
UNICESUMAR
209
de independência das pessoas que fundam a empresa, das que investem dinheiro 
ou, até, das que gerenciam as obrigações referentes, propriamente, à empresa. 
Pois bem, todo esse processo jurídico é possível por conta da existência do 
Estado. Ele é o ente político soberano. Organização que detém o poder de legis-
lar e tributar a respectiva sociedade. É nessa qualidade que o Estado moderno 
desempenha o papel econômico fundamental de institucionalizar os mercados 
e, mais amplamente, de promover o desenvolvimento econômico do país e a 
segurança econômica de cada um de seus cidadãos. O Estado é, portanto, uma 
organização com poder extroverso sobre a sociedade, que lhe dá origem e legi-
timidade, e o sistema jurídico dotado de coercibilidade sobre todos os membros 
desse Estado nacional. 
O Estado é o instrumento de ação coletiva por excelência da sociedade. É a 
forma pela qual a sociedade busca alcançar seus objetivos políticos fundamentais: 
a ordem ou estabilidade social, a liberdade, o bem-estar e a justiça social. Dos qua-
tro objetivos políticos das sociedades modernas citados, o desenvolvimento eco-
nômico ou a busca do bem-estar material é o objetivo econômico a ser atingido. 
A partir da Revolução Industrial, o investimento e o reinvestimento, incor-
porando progresso técnico, tornaram-se uma condição de sobrevivência dos 
empresários, de modo a promover o desenvolvimento econômico. Sabendo que 
a economia de uma nação é composta pelas suas empresas e que, em uma socie-
dade democrática, cuja ordem econômica é baseada na livre iniciativa, a liber-
dade de empreender é um direito da cidadania, escreva, pelo menos, três causas 
possíveis para que o Estado utilize o seu poder coercitivo de forma a limitar o 
processo de escolha dos agentes econômicos.
O Ocidente criou uma estrutura engenhosa de pessoas jurídicas adaptadas, 
especificamente, a captar recursos ociosos e transformá-los em atividades lucra-
tivas e geradoras de empregos: as sociedades empresárias. Entre elas, destacam-se, 
no Brasil, as sociedades limitadas e as sociedades anônimas; cada uma delas se 
mostra mais adequada a determinados tipos de atividade empresarial. No caso 
das sociedades anônimas abertas, naturalmente, gera-se a necessidade de um 
mercado de capitais que precisa ser fiscalizado para evitar prejuízos aos investi-
dores e consumidores. Portanto, a prerrogativa de empreender é do setor privado; 
ao Estado, cabe proteger os consumidores, os investidores e a livre concorrência. 
Por meio dessa oportunidade, registre, aqui, a relação do empreendedor com o 
poder regulador do Estado. 
UNIDADE 5
210
Boas instituições e políticas econômicas que promovam o desenvolvimento 
são sinal de que temos um bom Estado. São sinais, também, de que a nação e seu 
Estado contam, provavelmente, com um bom governo, ou seja, com um grupo 
de políticos, altos servidores públicos e representantes informais da sociedadecivil que os dirigem com competência. Aqui, vale refletir que o Estado-nação 
(ou país, ou Estado nacional, ou nação) é a instituição soberana que serve de 
base para o Sistema Global em que vivemos. Dentro de cada Estado-nação, te-
mos sempre uma sociedade, um Estado, inclusive, suas instituições com poder 
coercivo e o respectivo território. É preciso, portanto, não confundir o Estado-
-nação com o Estado. Perceba que o Estado é uma instituição capaz de promo-
ver a estratégia do desenvolvimento, esta, por sua vez, quase invariavelmente, é 
fruto de uma estratégia nacional. Anote, aqui, como você analisa essa diferença 
para o caso da nação brasileira.
DIÁRIO DE BORDO
UNICESUMAR
211
Escrevo essas páginas em 2021! Passou o ano que não passará nunca. O ano de 
2020 cravou sua marca na história econômica por conta da crise advinda da 
pandemia da Covid-19. O gasto público dos países estourou no ano do corona! 
Governos em todo o mundo saíram correndo para socorrer empresas e empre-
gos. Desigualdades se exacerbaram, e o debate em torno do papel do Estado na 
economia, como acontece de tempos em tempos, foi ressuscitado. “Nunca foi 
tão importante quanto atualmente questionar o papel do Estado na economia” 
(MAZZUCATO, 2014, p. 23): é o que afirma a economista Mariana Mazzucato, 
autora do livro O Estado empreendedor. 
Uma pandemia é, por definição, um fenômeno global. E só pode ser superada 
globalmente, como afirma António Guterres, secretário geral das Nações Unidas:
 “ Estamos todos juntos nesta situação [...] Mais do que nunca, os go-
vernos devem cooperar para revitalizar as economias... expandir o 
investimento público... impulsionar o comércio... e garantir apoio 
direcionado às pessoas e grupos mais afetados pela doença ou mais 
vulneráveis aos impactos econômicos negativos - incluindo mulhe-
res que frequentemente suportam um fardo desproporcional de 
trabalho assistencial (ANTÓNIO..., 2020, on-line). 
“Nossa sociedade é o que fazemos dela”, afirmou o economista Milton Friedman 
(FRIEDMAN; FRIEDMAN, 2019, p. 68). Os autores ainda sustentam que nada 
UNIDADE 5
212
nos impede, enquanto sociedade, de nos construirmos fundamentados “essen-
cialmente na cooperação voluntária para organizar tanto a atividade econômica 
quanto outras atividades, uma sociedade que preserva a liberdade humana [...]” 
(FRIEDMAN; FRIEDMAN, 2019, p. 69). A cooperação voluntária que move as 
cadeias produtivas para o pensador é questão central na discussão do papel do 
Estado na economia. Expoente da Escola Econômica de Chicago, Milton Fried-
man (1912-2006) questionou o papel do Estado, entre outras análises, ao longo do 
seu trabalho. Extemporâneo da economista Mariana Mazzucato, ambos refletem 
os limites do Estado.
Figura 1 - O real e a real / Fonte: André Azevedo ([2021], on-line)¹.
Descrição da Imagem: a Figura 1 apresenta uma charge com dois quadros, em que podemos observar, à 
esquerda, um rapaz falando sobre a situação econômica e sobre um ano expressivo para a nossa moeda. À 
direita, a efígie (que está representada em todas as notas de real) está com uma expressão assustada, com 
a mão na boca e com uma gota de suor escorrendo, simbolizando um susto ao ouvir a notícia. Na parte 
superior dos quadrinhos, está escrito “O real” e “A real”, indicando a diferença entre a notícia e a realidade.
UNICESUMAR
213
Estimada aluna, caro aluno, você percebeu, ao longo desse material, que a política, 
bem como o Estado, é agente econômico de fundamental importância. Essa afir-
mativa não significa uma defesa da autora, em termos de intervenção pública, da 
“mão invisível” do mercado. A retórica está voltada ao fato da imbricada relação 
entre economia e política que o mundo tem vivenciado, principalmente, após as 
crises econômicas capitalistas. Assim, assimilar a atribuição do Estado, na pers-
pectiva econômica, envolve a compreensão filosófica e histórica, considerando a 
interdependência e interconexão de fenômenos sociais, não simplesmente a li-
nearidade dos fatos. Explico: para refletir o liberalismo versus o intervencionismo 
estatal, é fundamental analisar os diversos aspectos que conduziram a história 
econômica para o momento atual. E já fizemos isso insistentemente ao longo 
deste material didático. Até porque o envolvimento do Estado com a economia 
nem sempre foi organizado da forma como está atualmente. E, ao tratar de polí-
tica monetária, política fiscal e economia entre as nações, apresentamos facetas 
ou prismas do papel governamental. É chegada a hora de olhar de frente para ele.
Você já sabe que é dentro dos moldes do sistema capitalista que nosso objeto 
de estudo se encontra. Pelo simples fato de o planeta inteiro operar segundo os 
mesmos princípios econômicos — produção organizada com vistas ao lucro, 
ao uso de mão de obra assalariada livre, ao capital majoritariamente privado, à 
coordenação descentralizada. De tal forma, foge ao nosso propósito tratar das 
atribuições de Governo relacionadas a sistemas econômicos diversos. O caso da 
China, por exemplo, é chamado por Branko Milanović (2020) de Capitalismo 
Político, haja vista que o país opera nessa configuração capitalista.
Pergunto: como é o Estado no século XXI? Trata-se de um importante agente 
econômico que, entre várias funções, é ator preponderante nas despesas rela-
cionadas à saúde, educação, segurança pública, emissão de dinheiro e controle 
da inflação. Nenhuma grande novidade até aqui, não é mesmo? A Unidade 3 é 
bastante contributiva para a compreensão inicial do nosso objeto de estudo. Ela 
direciona a questão para os aspectos fiscais, ou seja, a relação da arrecadação e 
gastos por parte do Governo. Você verá que ampliaremos nossa análise! 
É importante resgatar que, ainda que a história, sob o ponto de vista crono-
lógico, seja linear, o entendimento sobre o processo social é dinâmico. Vários 
fatores se interconectam para explicar nossa proposta. Para não fugir do escopo 
do material, começamos pela contribuição de Culpi (2019), que afirma ter sido a 
primeira função econômica do Estado, ao longo da história, a questão das guer-
UNIDADE 5
214
ras. Em razão do monopólio do uso da força, os gastos para esse fim passaram a 
exigir que os agentes públicos arrecadassem tributos para financiar as despesas 
com armamentos e exércitos.
A escola clássica apresenta como marco o ano de 1776, quando Adam Smith 
publicou seu trabalho Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza 
das nações (amplamente conhecido como A Riqueza das Nações). Isso você já 
viu, é verdade! Também viu que isso se deu a partir do Iluminismo…
Figura 2 – O Iluminismo / Fonte: a autora.
Fato é que essa perspectiva de pensamento econômico “termina” em 1871, quando 
W. Stanley Jevons, Carl Menger e Leon Walras publicaram, independentemente, 
Descrição da Imagem: a figura apresenta um quadro antigo e, dentro, a frase: “O Iluminismo foi um mo-
vimento intelectual, também conhecido como Século das Luzes, iniciado no século XVIII, e que se ergueu 
sobre dois pilares: a habilidade de raciocínio das pessoas e o conceito de ordem natural”.
UNICESUMAR
215
trabalhos expondo as teorias 
neoclássicas: era a Revolução 
Marginalista. É Walras que nos 
ajudará com a questão do equi-
líbrio geral. Oferta e demanda 
apresentam uma situação de 
equilíbrio geral. 
O processo e o grau de in-
terferência do setor público 
na geração de bens e serviços 
poderiam ser residuais, caso 
existisse uma perfeita aloca-
ção dos recursos na economia. 
Denomina-se Teoria do Equi-
líbrio Geral a situação na qual 
os bens e os recursos são aloca-
dos perfeitamente, obtendo-se, 
como consequência, a situação 
ótima do mercado, com os in-
divíduos tendo todas as suas 
necessidades e desejos satisfei-
tos e conciliados por meio da 
oferta e demanda.
A teoria era baseada no 
conceito marginalista e no conceito de utilidade: 
 “ A ideia de margem surgiu como uma tentativa de resolver questões 
que a análise da utilidade deixava indefinida, como o problemada 
satisfação do agente econômico. Margem é o ponto no qual a utili-
dade se transmuta em desutilidade, ou o ponto onde o lucro passa a 
ser prejuízo. Os valores são positivos num dos lados do ponto ou da 
linha, sendo negativos do outro lado. A análise marginalista estuda 
o último item consumido ou o último item produzido antes que 
essa linha seja cruzada; esse último item parece claro e determinado 
(BROCKWAY, 1995, p. 305).
Descrição da Imagem: a Figura 3 apresenta uma foto 
preta e branca do perfil do sociólogo e economista italia-
no Vilfredo Pareto, um senhor na faixa etária de 50 anos. 
É calvo na testa, com cabelos brancos e barba. Está vestin-
do terno escuro, com camisa clara e uma gravata escura.
Figura 3 - O sociólogo e economista italiano 
Vilfredo Pareto (1848-1923) / Fonte: Wikimedia 
([2021a], on-line).
216
UNIDADE 5
Mais tarde, Vilfredo Pareto (1848-1923) desenvolveu o modelo do equilíbrio geral, 
considerando os pressupostos da concorrência perfeita, cujos principais pontos são:
a) Muitos compradores e muitos vendedores na indústria, seja no mercado 
de fatores ou de produtos.
b) Perfeito conhecimento do mercado por parte dos compradores e dos ven-
dedores no que se refere ao mercado de produtos e de fatores.
c) Perfeita mobilidade dos recursos produtivos.
d) Busca da maximização do lucro por parte das firmas e da maximização 
da utilidade por parte dos consumidores.
O conceito ótimo de Pareto e do equilíbrio geral são desenvolvidos por 
meio de alguns pressupostos lógicos embutidos dentro do modelo de mercado 
perfeito, no qual curvas de indiferença, taxas marginais de substituição, máxima 
utilidade e curva de possibilidade de produção são termos microeconômicos 
que ajudam a explanar a sua matemática. É inviável expor nesse contexto, mas 
é válido contar que é quando a Matemática e Estatística se tornam ferramentas 
indissociáveis do economista para se fazer uma análise consistente. Voltando ao 
“modelinho”, o que se tem por trás do estabelecimento do equilíbrio geral é uma 
situação na qual se obtém o máximo de produção, satisfazendo às demandas e 
às necessidades dos consumidores a fim de que eles maximizem seu bem-estar. 
Muitas críticas vieram, bem como o tempo passou.
Até 1930, o Governo tinha uma participação residual nas atividades econômicas. 
O desenvolvimento do sistema capitalista e suas crises encaminharam para um 
cenário de incapacidade, por parte da iniciativa privada, de atender aos interesses 
coletivos da sociedade, gerando “falhas” no sistema de mercado, cujas caracte-
rísticas mostram a possibilidade de correção ou de minimização de seus efeitos 
negativos por meio de ações e interferência do Estado (RIANI, 2016).
NOVAS DESCOBERTAS
Estudante, leia este artigo de Tiago Reis, o qual mostra as eficiências dos 
mercados em relação ao conceito macroeconômico de ótimo de Pareto. 
Como esse conceito pode beneficiar um agente desse mercado? Leia mais 
sobre assunto 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6612
UNICESUMAR
217
No mundo real, existem características que dificultariam ou, até mesmo, impos-
sibilitariam a obtenção da produção ótima por meio do setor privado. O governo 
emerge como um elemento capaz de intervir na alocação de recursos e atua para-
lelamente ao setor privado, procurando estabelecer a produção ótima dos bens e 
serviços que satisfaçam às necessidades da sociedade. É oportuno apresentar que 
o processo de mercado é tema que marca as obras de grande parte dos autores da 
escola austríaca. Sendo o desígnio do nosso trabalho reconhecer os cenários econô-
micos, é apropriado entender que a economia recorre a diversas formas de pensar. 
E, ao tratar das questões da economia de mercado e da economia como um todo, é 
profícuo, estimada aluna, estimado aluno, recorrer “aos ombros de gigantes”, como 
Ronald Coase, Douglas North, Oliver Williamson, Geoffrey Hodgson, Joseph Alois 
Schumpeter, Friedrich Hayek, Paul Krugman, Amartya Sen — não houve qualquer 
ordem para apresentar esses nomes —, entre outros tantos nomes relevantes que 
não estão citados aqui, mas que não são menos importantes.
Joseph Schumpeter
(1883-1950)
Friedrich Hayek
(1899-1992)
Ronald Coase
(1910-2013)
Douglass North
(1920-2015)
Oliver Williamson
(1932-2020) 
Amartya Sen
(1933)
Geo�rey Hodgson
(1946)
Paul Krugman
(1953)
Figura 4 - Grandes economistas / Fonte: adaptada de Wikipédia ([2021a]; [2021b]; [2021c]; 
[2021d]; [2021e]; [2021f]; [2021g], on-line) e Wikimedia ([2021b], on-line).
Descrição da Imagem: a Figura 4 apresenta um quadro com oito fotografias dos grandes nomes da 
economia mundial. Da direita para a esquerda, são eles Joseph Schumpeter (1883-1950), Friedrich Ha-
yek (1899-1992), Ronald Coase (1910-2013), Douglass North (1920-2015), Oliver Williamson (1932-2020), 
Amartya Sen (1933), Geoffrey Hodgson (1946), Paul Krugman (1953).
UNIDADE 5
218
Riani (2016) elenca quatro pontos que podem ser considerados como falhas do 
mecanismo de mercado para atender às necessidades da sociedade. Observe, a 
seguir, na Figura 5:
FALHAS DO SISTEMA DE MERCADO
INVISIBILIDADE
DO PRODUTO
EXTERNALIDADES
CUSTOS DE 
PRODUÇÃO 
DECRESCENTES E 
MERCADOS 
IMPERFEITOS
RISCOS E
INCERTEZAS NA 
OFERTA DE BENS
Figura 5 - Falhas do Sistema de Mercado / Fonte: a autora.
1. Indivisibilidade do produto: os bens indivisíveis são aqueles cujos 
benefícios não podem ser individualizados, tornando ineficaz o esta-
belecimento dos preços via sistema de mercado. Esses bens têm como 
características principais a não exclusividade e a não rivalidade. A defesa 
nacional é um exemplo. É indiscutível a necessidade de o país ter um apa-
rato bélico que dê segurança à sua população e mantenha a sua soberania. 
Para esse serviço, porém, não haveria a possibilidade de serem estabele-
cidos preços no mercado, porque, com a universalização do benefício, 
parte da população poderia não estar disposta a pagar por ele, embora 
usufruísse do seu benefício.
Descrição da Imagem: a Figura 5 apresenta as quatro falhas do sistema de mercado: da direita para a 
esquerda, a invisibilidade do produto, as externalidades, os custos de produção decrescentes e mercados 
imperfeitos e os riscos e as incertezas na oferta de bens.
UNICESUMAR
219
2. Externalidades: as ações de determinada unidade poderão acusar perdas 
ou ganhos nas ações de outras unidades. Esses são os efeitos externos que 
podem existir tanto nas unidades de consumo quanto na de produção 
e podem ser negativos ou positivos. Um exemplo clássico é a poluição. 
Embora a externalidade possa surgir em termos de perdas ou ganhos, no 
caso da poluição, seu efeito sobre o consumo é frequentemente negativo. 
O governo poderá, também, por meio dos mecanismos de incentivo e de 
gasto, contribuir para a diminuição das externalidades negativas e criar 
um grupo de atividades que propicie à sociedade uma série de externa-
lidades positivas. Investimentos feitos, por exemplo, na área de educação 
trarão à sociedade, como um todo, maiores benefícios, que, por sua vez, 
causarão externalidades positivas à medida que se tem uma sociedade 
mais educada, instruída e com melhores opções de emprego. 
3. Custos de produção decrescentes e mercados imperfeitos: a partici-
pação do governo no sentido de prover à sociedade aqueles bens desejá-
veis que as empresas privadas não seriam capazes de oferecer lucrativa-
mente já era defendida há tempos pelos economistas. Esses tipos de bens 
são, por natureza, essencialmente de custos decrescentes. O alto nível tec-
nológico associado à especialização e à divisibilidade produz economias 
de grande escala de produção em muitas firmas. Esse desenvolvimento 
tecnológico traz consigo a concentração de mercado com algumas fir-
mas, dominando alguns mercados regionais e nacionais. Assim, tem-se 
que o alto nível tecnológico causa economias de escala que, por sua vez, 
trazem o decréscimo do custo de produção, tendo como consequência 
a concentração do mercado. Isso causa uma situação de imperfeição nomercado, que será composto por poucos vendedores, quebrando, assim, 
uma das condições básicas do mercado de concorrência perfeita e, por 
conseguinte, o equilíbrio geral.
4. Riscos e incertezas na oferta de bens: a falta de conhecimento perfeito 
por parte dos vendedores e dos compradores relacionada com os riscos do 
mercado, a falta da perfeita mobilidade dos recursos, a incerteza quanto à 
maximização dos lucros por parte das firmas e a escassez de determinados 
recursos produtivos, particularmente, os recursos naturais são caracte-
UNIDADE 5
220
rísticas do mundo real que mostram a inviabilidade do atendimento de 
alguns dos pressupostos requeridos para se atingir a produção ótima de 
todos os bens econômicos necessários e desejados pela sociedade. A falta 
de conhecimento perfeito do mercado poderia fazer com que um bem 
econômico (necessário e desejado) não fosse produzido pelo mercado; 
o risco e a incerteza poderiam resultar na inexistência de determinadas 
atividades, embora elas fossem necessárias e desejáveis. A incerteza sobre 
a lucratividade de determinadas atividades é uma forma de revelar o não 
perfeito conhecimento do mercado e, por conseguinte, a dificuldade de 
se obter alocação ótima de acordo com as preferências da sociedade e os 
interesses dos produtores. Em outros casos, os investimentos necessários 
envolvem volumosos montantes financeiros não disponíveis ao setor 
privado, e há situações nas quais são longos os períodos de maturação 
do projeto. Existem determinadas atividades que são indispensáveis ao 
desenvolvimento do País ou ao bem-estar da sociedade, que, pelas ra-
zões apresentadas anteriormente, não seriam oferecidas no mercado se 
não houvesse a intervenção do governo. Isso não significa que somente 
o governo deve produzir esses recursos diretamente, já que, por meio de 
outros mecanismos, tais como incentivos, subsídios etc., ele pode fazer 
com que recursos privados sejam alocados nessas atividades, a fim de 
que haja uma melhora no bem-estar da sociedade. Assim, os riscos e as 
incertezas são características que violam os pressupostos da concorrência 
perfeita, justificando, portanto, a participação do governo na alocação dos 
recursos na economia ou na sociedade.
Você pode estar lendo este material de forma sequencial ou lendo por uma ordem 
escolhida de forma personalizada para o seu melhor aproveitamento. Não fará 
diferença no resultado final, que é o conhecimento para tomar decisões diante 
dos cenários econômicos. Fato é que, nesse ponto, você interliga as outras uni-
dades ao perceber que política monetária, política fiscal e política cambial são 
instrumentos utilizados pelas autoridades do país para encarar esses obstáculos 
que surgem a partir da forma como nos organizamos economicamente. As falhas 
descritas anteriormente constituem, destarte, as principais barreiras à obtenção 
da alocação ótima dos recursos por intermédio do sistema de mercado, justifi-
cando, portanto, a intervenção do governo. 
UNICESUMAR
221
Para contextualizar a política fiscal no nosso aprendizado, na Unidade 3, já 
antecipamos as funções que podem ser exercidas pelo Estado no intuito de cor-
rigir ou minimizar as falhas ocorridas no sistema de mercado, buscando atender, 
de forma mais universalizada, às demandas que compõem o conjunto de bens e 
serviços da sociedade. São elas:
A alocação dos recursos 
por parte do governo tem 
como objetivo principal a 
oferta de bens e serviços 
necessários e desejados 
pela sociedade e que não 
são providos pelo sistema 
privado.
O ajustamento na distribuição da 
renda e da riqueza traz fatores 
como oportunidade educacional, 
mobilidade social, habilidade 
individual, mercado de trabalho, 
propriedades dos fatores de 
produção etc. levam, dentro de 
uma economia de livre mercado, à 
desigualdade na apropriação da 
renda e da riqueza gerada pelo 
sistema econômico.
A função de estabilização do 
governo utiliza instrumentos 
macroeconômicos para 
manter certo nível de 
utilização de recursos e 
estabilizar o valor da moeda.
Figura 6 - Elementos que compõem o conjunto de bens e sociedade / Fonte: a autora.
Caso o mundo pudesse ser completamente descrito pelas hipóteses do modelo de 
concorrência perfeita, não haveria nenhum motivo para que o governo utilizasse o 
seu poder coercitivo de forma a limitar o universo de escolha dos agentes. Os teo-
remas do bem-estar garantiriam que a ação dos agentes econômicos geraria uma 
situação em que seria impossível elevar o bem-estar de um agente sem reduzir o 
bem-estar de outro, situação conhecida como ótimo de Pareto. A alocação dos recur-
sos, o ajustamento na distribuição da renda e da riqueza, bem como a estabilização 
Descrição da Imagem: a Figura 6 apresenta três elementos que compõem o conjunto de bens e socieda-
de. São eles: alocação dos recursos, ajustamento na distribuição da renda e da riqueza e estabilização do 
governo. Da esquerda para a direita, iniciemos com a alocação dos recursos por parte do governo, que 
tem como objetivo principal a oferta de bens e serviços necessários e desejados pela sociedade e que 
não são providos pelo sistema privado. Depois, vem o ajustamento na distribuição da renda e da riqueza, 
o qual traz fatores como oportunidade educacional, mobilidade social, habilidade individual, mercado 
de trabalho, propriedades dos fatores de produção etc., que levam, dentro de uma economia de livre 
mercado, à desigualdade na apropriação da renda e da riqueza gerada pelo sistema econômico. E, por 
último, a função de estabilização do governo, que utiliza instrumentos macroeconômicos para manter 
certo nível de utilização de recursos e estabilizar o valor da moeda.
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do governo são as funções atribuídas ao governo, visando corrigir ou minimizar as 
falhas ocorridas no sistema de mercado, buscando atender, de forma mais univer-
salizada, às demandas que compõem o conjunto de bens e serviços da sociedade. 
Barrionuevo Filho e Lucinda (2004) assinalam que, em uma sociedade de-
mocrática, cuja ordem econômica é baseada na livre iniciativa, é um direito da 
cidadania a liberdade de empreender. Consequentemente, o Estado só deve li-
mitar esse direito tendo em vista outros imperativos. Nesse sentido, a perspectiva 
econômica se dá sobre a regulação enquanto preventiva para o abuso de poder 
econômico, em setores nos quais características técnico-econômicas dificultam 
a existência de concorrência, seja ela efetiva, de outras empresas já estabelecidas 
ou, mesmo, potencial, de empresas que poderiam entrar no mercado.
Assim, para evitar que a situação de domínio de mercado propicie o abuso 
contra o direito de outros, seja de consumidores, seja de empreendedores que gos-
tariam de prestar esses serviços, o Estado intervém. Colocado esse fundamento 
básico da regulação, discute-se, agora, a visão econômica da regulação.
O papel regulador dos mercados, por meio do Estado, que, por sua vez, se 
dá pelas leis, órgãos fiscalizadores e das agências reguladoras, deve melhorar as 
condições de oferta de bens e serviços aos consumidores e assegurar condições 
justas de concorrência às empresas.
Trilharemos, cara aluna, caro aluno, pelos mercados em que há poucas empresas 
concorrendo, em que é alto o risco da ocorrência de acordos ilegais entre os pro-
dutores que desfavorecem as condições de qualidade e preço, os chamados cartéis. 
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Verificaremos se os mercados bem regulados oferecem mais segurança para os 
investimentos das empresas. Refletiremos, também, se mercados mais seguros 
para os investimentos crescem mais, geram mais empregos, mais renda e tributos 
de forma contributiva para o crescimento da economia como um todo.
Você sabia que não é em todos os mercados que pode haver concorrência e 
que, em alguns, é bem melhor que existam poucos produtores oferecendo um 
produto ou um serviço do que milhares de ofertantes? Isso acontece porque a 
eficiência na operação de certas atividades eleva a produtividade, faz cairos pre-
ços e só ocorre com uma escala mínima de operação; em alguns casos, essa escala 
mínima eficiente só acontece com uma empresa, por isso, duas ou mais empresas 
tornariam os produtos mais caros do que apenas uma.
Quando a escala mínima de operação é muito grande e o mercado comprador 
não é tão grande assim, mais de um ofertante gera perda de eficiência operacional e 
eleva os custos médios de produção, causando um aumento no preço de venda dos 
produtos para garantir margens mínimas de lucros que deem viabilidade econômi-
ca à produção. Perceba, então, que a concorrência nem sempre é vantajosa em todos 
os mercados, pois alguns deles exigem grandes estruturas produtivas para atingir 
escalas mínimas de produção. Logo, a existência de mercados com uma, duas ou 
três empresas produzindo para abastecer o mercado não é rara, e, em alguns casos, 
é preferível a muitas empresas pequenas, pois reduz os preços de oferta.
Quando ocorre uma alta concentração da oferta em uma ou poucas empresas 
e, principalmente, quando os produtos ou serviços são essenciais à população, 
ocorre a necessidade de regulação desses mercados concentrados. Assim, cabe 
ao Estado o papel de protetor dos interesses dos compradores, garantindo preços 
compatíveis com os custos de produção e qualidade compatível com os padrões 
mínimos estabelecidos.
Existe, no mundo, desde 1960, o Cartel da Opep (Organização dos Países Exportadores de 
Petróleo) para negociar, em grupo, diante dos grandes compradores mundiais do produ-
to e evitar pressões para a queda de preços por parte dos compradores. Seus membros 
atuam em conjunto para definir a quantidade de petróleo que deve ser produzida e, em 
virtude da grande participação na produção de petróleo consumido no mundo, definem, 
também, o preço de mercado para o mundo.
EXPLORANDO IDEIAS
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Repare que o Estado tem um papel fundamental para a regulação dos merca-
dos e para a garantia de condições eficientes de concorrência e, para isso, deve 
constituir uma estrutura de regulação e fiscalização da concorrência. No Brasil, o 
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e as agências de regulação 
setorial são os principais responsáveis por definir normas concorrenciais, execu-
tar a legislação e punir as empresas que infringem as leis e normas que regulam 
a atuação delas no mercado.
 “ É antiga e célebre a noção segundo a qual todo poder deve ser limita-
do nas sociedades democráticas. O Estado de Direito e a separação de 
poderes se constroem com base nessa premissa, em lógica normativa 
que se estende também às relações econômicas (BRASIL, 2013, p. 13).
Em uma economia cada vez mais aberta e dinâmica, as autoridades de defesa 
da concorrência precisam ser ágeis para regular os mercados. Ferreira (2015) 
sinaliza o mercado como uma instituição econômica formada pela existência de 
oferta e de demanda por um produto ou serviço. Para o estabelecimento de um 
mercado, é necessário, portanto, que algo exista e que seja útil para satisfazer as 
necessidades de alguma pessoa.
É dentro da perspectiva da utilidade — lembre-se da revolução marginalista — 
do bem a ser ofertado que se gera um fluxo de demanda compatível com o preço 
que os ofertantes desejam receber para vende-lo, e esse preço está associado ao custo 
de produzi-lo e aos lucros esperados com sua venda. Logo, o preço de mercado é 
aquele que satisfaz os interesses de lucros dos ofertantes e as necessidades dos com-
pradores. Assim, quando é definido no mercado, o preço estabelece um equilíbrio de 
interesses entre os vendedores e os compradores em relação às quantidades de oferta 
e de demanda. Contudo, quando só existe um vendedor de um produto essencial, 
ele não poderia abusar do seu poder de mercado para obter vantagens indevidas?
NOVAS DESCOBERTAS
Estudante, conheça o site do Conselho Administrativo de Defesa Econômi-
ca (Cade) e explore, pelo menu de acesso, várias informações que constam 
nessa página. Sei que você terá muito interesse para conhecer um pouco 
mais sobre esse conselho. Acesse o QR Code.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6478
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Sim, os monopólios, que são os únicos ofertantes em um mercado, geralmente, 
estabelecem preços que favorecem maiores lucros para as empresas, causando 
prejuízos econômicos aos compradores. Perceba que nem mesmo em mercados 
com muitos ofertantes o preço de mercado representa um equilíbrio justo de 
forças, pois podem ocorrer acordos entre os produtores para determinar o preço 
mínimo que estes devem praticar para garantir margens maiores para todos. Esses 
acordos são chamados cartéis e são ilegais, mas sua prática geralmente se disfarça 
em associações ou organizações.
Assim, perceba que o livre mercado permite que compradores e vendedores 
confrontem seus interesses, ou seja, há uma interação entre oferta e demanda. 
Essa relação estabelecida no mercado é formadora do preço. Contudo, essa di-
NOVAS DESCOBERTAS
No final do ano de 2020, procuradores de dez estados norte-americanos 
entraram com uma ação contra o Google por abuso de monopólio em anún-
cios on-line. A coalizão multiestadual alega que a gigante de tecnologia su-
perfaturou anúncios e “derrotou” rivais que tentaram desafiar o domínio da 
empresa. Veja a matéria na íntegra.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/6480
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nâmica muda para cada estrutura de mercado. Caso não haja um desequilíbrio 
de forças, o preço de mercado será o preço mais justo para ambas as partes. Con-
tudo, quando há um desequilíbrio de forças entre compradores e vendedores, o 
preço de mercado não reflete justiça e gera um ganho exagerado para um lado 
do mercado à custa de prejuízos ao outro lado.
Algumas estruturas de mercado favorecem a concorrência e reduzem as si-
tuações de abuso de poder econômico; ao contrário, outras mais concentradas 
favorecem o exercício do poder de controlar preços e condições de oferta. Como 
se dá essa correlação de forças entre o poder econômico dos vendedores em cada 
uma dessas estruturas?
É possível definir estrutura de mercado, a partir de Mendes (2009, p. 103), 
como “as características organizacionais de um mercado, ou seja: grau de concen-
tração, grau de diferenciação do produto, grau de dificuldade ou barreira à entra-
da”. Estrutura de mercado, portanto, é como chamamos a formação da oferta e da 
demanda no mercado. A oferta pode ser formada por um vendedor, por grupos 
de vendedores ou até milhares de pequenas empresas. Para cada mercado, haverá, 
então, uma estrutura diferente, seja porque existem diferentes quantidades de 
ofertantes, seja porque a participação de mercado de cada um é diferente também.
São três as estruturas básicas de mercado: concorrência perfeita, mono-
pólio e oligopólio. No entanto, existem outras! Essas estruturas refletem uma 
diferença na quantidade de 
vendedores no mercado, 
com implicações, também, 
no nível de concorrência en-
tre as empresas que vendem 
produtos iguais ou parecidos 
e na capacidade de controle 
ou manipulação do preço 
por parte das empresas que 
detêm maiores participações 
no mercado. 
Especificaremos, primei-
ramente, a concorrência 
perfeita.
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Trata-se da estrutura mercadológica na qual existem tantos vendedores e 
compradores que nenhum pode afetar o preço do mercado. É um ideal econômi-
co basicamente para fins didáticos, uma vez que são tantos os fatores de igualdade 
a serem respeitados para que realmente exista a concorrência perfeita que os 
casos reais de mercado mais se caracterizam como a concorrência competitiva. 
Os parâmetros dessa igualdade de condições entre compradores e vendedores 
da concorrência perfeita permitem entender como a perda ou redução no nível 
de um deles reduz a concorrência no mercado.
a) Grande número de vendedores e de compradores: nenhum deles deve 
ter a capacidade de alterar os preços do mercado ao alterar seus níveis de 
oferta ou de demanda.
b) O produto ou serviço ofertado no mercado deve ser idêntico para

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