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Legislação e Regulamentação Ambiental Gestão Ambiental Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria CAROLINA GALVÃO SARZEDAS AUTORIA Carolina Galvão Sarzedas Olá! Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Ciências, com experiência técnico-profissional na área de Meio Ambiente há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou na UFRJ, local em que me apaixonei pela ciência e pela educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção de material didático para grandes empresas de educação. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Introdução à Legislação Ambiental .................................................... 10 Histórico da Legislação Ambiental Brasileira ............................................................. 10 Importância da Legislação Ambiental Brasileira ...................................................... 14 Lei de Crimes Ambientais ........................................................................ 17 Crimes Ambientais ......................................................................................................................... 17 Crimes Contra a Fauna ............................................................................................. 18 Crimes Contra a Flora ............................................................................................... 18 Crimes Contra a Administração Ambiental ............................................... 19 Poluição e Outros Crimes Ambientais .......................................................... 19 Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural ................................................................................................................................. 21 Lei de Crimes Ambientais .........................................................................................................22 Infrações Administrativas .......................................................................................23 Multas ...................................................................................................................................24 Conferências Sobre o Meio Ambiente ................................................26 Conferências Sobre o Meio Ambiente: ............................................................................26 Conferência de Estocolmo ....................................................................................27 ECO-92 ou Rio-92 ........................................................................................................28 Protocolo de Kyoto .................................................................................................... 30 RIO+10: ..................................................................................................................................32 RIO+20: ..................................................................................................................................33 Desenvolvimento Sustentável ............................................................... 35 Definição e Objetivos ................................................................................................................... 36 Princípios .............................................................................................................................................. 38 Exemplos de Desenvolvimento Sustentável ............................................................. 39 Desenvolvimento Sustentável no Brasil ........................................................................ 40 Exemplos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil ..................... 41 7 UNIDADE 02 Gestão Ambiental 8 INTRODUÇÃO Você sabia que a legislação ambiental Brasileira é uma das mais importantes do mundo? É a partir dela que o governo fiscaliza e pune os crimes ambientais e impõe regras para licenciamento ambiental de atividades potencialmente poluidoras. Isso mesmo! As discussões sobre Meio Ambiente tomaram mais forma a partir da década de 90, e o termo “desenvolvimento sustentável” passou a reforçar as relações entre economia, tecnologia, sociedade e política, tendo como princípio a preservação dos recursos naturais. Desse modo, o desenvolvimento sustentável deve levar em conta tanto a viabilidade econômica quanto a ecológica, conservando os recursos naturais não renováveis para as futuras gerações. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo! Gestão Ambiental 9 OBJETIVOS Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – Legislação e Regulamentação Ambiental. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender a legislação ambiental em vigor no Brasil. 2. Interpretar a Lei de Crimes Ambientais e suas aplicações. 3. Identificar as principais conferências sobre o Meio Ambiente e compreender sua importância para as políticas ambientais. 4. Discernir sobre a aplicabilidade do desenvolvimento sustentável e sua finalidade. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Gestão Ambiental 10 Introdução à Legislação Ambiental OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender como funciona a Legislação Ambiental no Brasil. Você vai perceber que a evolução da nossa legislação mostra também a evolução da preocupação com o uso dos recursos naturais. E, então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Histórico da Legislação Ambiental Brasileira O Brasil é considerado um país com legislação ambiental muito completa e avançada. Todas as ações, nesse sentido, têm o intuito de proteger o Meio Ambiente, de maneira a reduzir as consequências dos impactos ambientais gerados. Figura 1 - Histórico da Legislação Ambiental Brasileira Fonte: Freepik. Gestão Ambiental 11 Mas, se engana quem pensa que o cumprimento da legislação cabe somente aos órgãos públicos e às pessoas jurídicas. Nós, como sociedade, temos uma grande parcela de obrigações e deveres para com o Meio Ambiente. Nesse contexto, o nosso sistema institucional para a gestão do Meio Ambiente é complexo e passou por um processo histórico com diversos momentos políticos, sociais e econômicos, e evolui em conjunto com as definições de Meio Ambiente definido por cada época. A seguir, vamos fazer um rápido resumo dos momentos históricos que trouxeram nossa legislação ambiental até os dias de hoje.• Década de 30: durante a Era Vargas, ocorreu intensificação da industrialização do país e, com isso, maior preocupação com o uso dos recursos naturais. Em 1934, foi realizada a Primeira Conferência Brasileira de Proteção da Natureza, representando um primeiro movimento contra o uso desenfreado dos recursos naturais. Mesmo com a criação de alguns códigos de proteção ambiental, não havia setores dos governos para gerir as questões ambientais. • 1967: Criação do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), responsável por aplicar o Código Florestal e a Lei de Proteção à Fauna (Lei n° 5197/67). Embora vejamos uma evolução na legislação ambiental Brasileira, havia ainda muitas contradições dentro dos códigos e leis, o que gerava problemas ambientais. EXEMPLO: Durante esse período, muitas mineradoras foram instaladas em áreas consideradas unidades de conservação pelo IBDF. Aqui no Brasil, na década de 70, o pensamento era de que se a poluição é o preço a pagar para o desenvolvimento, então o país receberá de braços abertos as indústrias poluidoras (SÁNCHEZ, 2008). Gestão Ambiental 12 Enquanto isso, no resto do mundo, as questões ambientais já se tornavam compromisso entre as nações, com a Conferência de Estocolmo (1972). Inclusive, nos EUA, a National Environmental Policy Act (NEPA), em vigor desde a década de 70, já estabelecia amplos objetivos para a política ambiental norte americana, determinando a exigência de avaliações de impactos ambientais por agências federais quando as ações pudessem causar danos ambientais relevantes. Porém, aos poucos, a preocupação internacional com o Meio Ambiente, foi influenciando o pensamento dos representantes Brasileiros. Em 1973, foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), vinculada ao Ministério do Interior e responsável por desenvolver a legislação Brasileira. • 1975: um decreto do governo federal regulamentou políticas de controle de poluição industrial (Decreto-Lei nº 1.413), estimulando que estados e municípios começassem a criar suas próprias leis e decretos de controle da poluição. • 1979: criação da lei que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano (Lei nº 6.766/79). Essa lei estabelece regras para loteamentos urbanos, os quais são proibidos em áreas de preservação ecológicas, naquelas onde a poluição representa perigo à saúde e em terrenos alagadiços. • 1981: marco da legislação Brasileira com a instituição da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA- Lei nº 6.938/81) e, posteriormente, a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), gerido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Falaremos mais sobre a PNMA ao longo desta aula. • 1985: ocorreu a Convenção de Viena e seu reflexo tornou a Avaliação do Impacto Ambiental (AIA) obrigatória para a implantação de projetos possivelmente nocivos ao Meio Ambiente. • 1986: criada a Resolução nº 001/86 do CONAMA, que regulamenta a realização de Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). • 1988: a Constituição Federal regulamenta a obrigatoriedade do Licenciamento Ambiental para todas as atividades utilizadoras de Gestão Ambiental 13 recursos naturais, sendo o SISNAMA o responsável pelo controle e adequação das licenças ambientais. • 1989: estruturação dos demais órgãos públicos responsáveis pela questão ambiental com a criação de um único órgão: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais (IBAMA). • 1997: criação da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH- Lei no 9433/97), que passa a definir a água como recurso natural limitado e dotado de valor econômico, prevendo a criação do Sistema Nacional para a coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos. • 1998: também considerada um marco na nossa legislação, a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) institui punições e multas às atividades lesivas ao Meio Ambiente. Essa lei concede aos órgãos ambientais, ao Ministério Público e à sociedade mecanismos de punição para os causadores de danos ambientais. • 2000: instituição do Sistema Nacional de Unidade de Conservação (SNUC- Lei nº 9.985/00) com o objetivo de conservar a nossa variedade de espécies biológicas e de recursos genéticos, de modo a preservar e restaurar a diversidade dos ecossistemas naturais, promovendo o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais. • 2006: criação da Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei nº 11.284/06), com a instituição do Serviço Florestal Brasileiro (órgão regulador) e do Fundo do Desenvolvimento Florestal, com o objetivo de normalizar o sistema de gestão florestal em áreas públicas. • 2007: estabelecimento da Política Nacional do Saneamento Básico (Lei nº 11.445/07) em todos os setores do saneamento como drenagem urbana, abastecimento de água, resíduos sólidos e esgotamento sanitário. • 2010: instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei nº 12.305/10), responsável por estabelecer diretrizes à gestão integrada e ao gerenciamento ambiental adequado dos resíduos sólidos. Passa a compartilhar a responsabilidade pelo Gestão Ambiental 14 cumprimento de seus objetivos entre a sociedade, as empresas e o governo, definindo o processamento adequado dos resíduos antes da destinação final e sujeitando o infrator a penas passivas pelo descumprimento da legislação. • 2012: revogação do Código Florestal Brasileiro de 1965 e instituição de um Novo Código (Lei nº 12.651/12) com a definição de que a responsabilidade pelo Meio Ambiente natural é obrigação do proprietário mediante a manutenção de espaços protegidos de propriedade privada, divididos entre Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL). NOTA: É preciso, também, que cada estado tenha sua legislação específica e, ao seguir as normas estabelecidas pela legislação federal ou estadual, sempre é aconselhável optar pelas mais restritivas para não correr o risco de sofrer punições. Precisamos ter em mente que as nossas leis ambientais, com suas infrações e normas, devem ser conhecidas e entendidas, pois só assim haverá uma mudança de comportamento nas empresas e na sociedade. A preocupação não pode estar relacionada apenas a penalidades legais, e sim à adoção de uma postura de responsabilidade perante nossos recursos naturais, seu uso e preservação. Importância da Legislação Ambiental Brasileira Sabemos que o Brasil tem dimensões continentais e que possuímos a maior biodiversidade do planeta distribuída em seis biomas: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal. E, ainda, aqui estão presentes 9,5% de todas as espécies de flora e fauna registradas no mundo, sendo considerado o país mais rico em peixes de água doce, anfíbios, mamíferos e plantas do planeta. Temos Gestão Ambiental 15 uma extensão marítima de 3,5 milhões de km2, com 10.800 km de costas e reentrâncias. O que isso quer dizer? Esse contexto significa que é um imenso desafio conferir proteção legal a todo o nosso patrimônio natural. Diante disso, a nossa evolução legislativa mostra que, na década de 80, as normas e leis estavam relacionadas à organização institucional, ao controle da poluição, ao fortalecimento dos mecanismos de participação popular no processo de controle dos impactos ambientais e, principalmente, ao controle da degradação ambiental ocasionada pela implantação de atividades e empreendimentos econômicos. A Constituição Federal teve grande importância no nosso controle ambiental, pois, em seu artigo 225, dispõe: Todos têm direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e de preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988, p. 131) Isto é, o Estado passou a sujeitar sançõespenais e administrativas a pessoas físicas e jurídicas que praticassem atos nocivos ao Meio Ambiente, além de reparar os danos ambientais causados. Paralelamente à legislação de proteção ambiental específica, houve uma evolução também nas normas relativas ao desenvolvimento regional, de modo a melhorar o ordenamento urbano. Além disso, percebemos também um grande aumento na preocupação com o Meio Ambiente advindo da iniciativa privada, uma vez que as empresas vêm adotando Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) certificados por organismos creditadores (Ex.: NBR ISO 14.001/2015) como diferencial de mercado. Além disso, bancos vêm condicionando a liberação de créditos para empresas quando elas já têm licença ambiental para o empreendimento a ser desenvolvido. Podemos, assim, concluir a importância da legislação ambiental para o direcionamento do Poder Público e a iniciativa privada à uma Gestão Ambiental 16 gestão eficiente, com o intuito de prevenir e minimizar a ocorrência de danos causados ao Meio Ambiente, melhorando assim, a qualidade de vida de todos. SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto, recomendamos a leitura da Legislação Ambiental Básica, do Ministério do Meio Ambiente. Você pode acessá-la clicando aqui. RESUMINDO: E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o Brasil é considerado um país com legislação ambiental muito completa e avançada, cujas ações têm o intuito de proteger o Meio Ambiente, de modo a reduzir as consequências dos impactos ambientais gerados. O nosso sistema institucional passou por um processo histórico com diversos momentos políticos, sociais e econômicos, e vem evoluindo em conjunto com as definições de Meio Ambiente definidos por cada época. Muitas leis ambientais foram criadas e modernizadas para se adaptarem às necessidades atuais, de modo a ampliar a discussão acerca do tema e compartilhar a responsabilidade do seu funcionamento entre sociedade, empresas e Poder Público. Diante disso, é importante reiterar que precisamos assumir nossa parcela de responsabilidade perante o uso dos recursos naturais e devemos cobrar a aplicação correta da legislação ambiental. Gestão Ambiental https://www.mma.gov.br/estruturas/secex_conjur/_arquivos/108_12082008084425.pdf 17 Lei de Crimes Ambientais OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender a Lei de Crimes Ambientais. Porém, antes, precisamos identificar o que é um crime ambiental e seu impacto causado ao Meio Ambiente. E, então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Crimes Ambientais Começamos apresentando uma definição genérica de crime: é uma violação ao direito. Sendo assim, um crime ambiental é um prejuízo ou dano causado aos elementos que compõem o Meio Ambiente, sejam eles, recursos naturais, flora, fauna ou patrimônio cultural. Qualquer violação de direito é passível de uma penalização regulada por lei e com o Meio Ambiente não seria diferente, a lei que determina as sanções penais e administrativas aplicadas em caso de danos ao Meio Ambiente é chamada de Lei de Crimes Ambientais. Figura 2 - Lei de Crimes Ambientais Fonte: Wikipedia. Gestão Ambiental 18 Crimes Contra a Fauna São ações prejudiciais cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória, como caçar, pescar, matar, perseguir, apanhar, utilizar, vender, expor, exportar, adquirir, impedir a procriação, maltratar, propiciar ou negligenciar doenças dolorosas ou cruéis com animais quando existe outro meio, mesmo que para fins didáticos ou científicos, transportar, manter em cativeiro ou depósito, espécimes, ovos ou larvas sem autorização ambiental ou em desacordo com essa. Ou ainda, modificar, danificar ou destruir ninho, abrigo ou criadouro natural. Da mesma forma, a introdução de espécime animal estrangeira no Brasil sem a devida autorização também é considerada crime ambiental, assim como o perecimento de espécimes devido à poluição. Crimes Contra a Flora São ações que visem destruir ou danificar a floresta permanente, mesmo que ela esteja em formação, utilizá-la em desacordo com as normas de proteção, assim como usar as vegetações fixadoras de dunas ou protetoras de mangues. Causar danos diretos ou indiretos às unidades de conservação, provocar incêndio em mata ou floresta, bem como fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em qualquer área. Promover extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo com a Lei 9.605 de 1998. Extrair de florestas de domínio público ou de preservação permanente: pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral, de modo a impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer forma de vegetação. Assim como destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia, além de comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização. Gestão Ambiental 19 Em caso da degradação da flora, provocar mudanças climáticas ou alterações de corpos hídricos e erosão, a pena é aumentada de um sexto a um terço. Figura 3 – Crime ambiental Fonte: Pixabay. Crimes Contra a Administração Ambiental Esse tipo de crime é atribuído à afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou autorização ambiental, assim como a concessão de licenças ou autorizações em desacordo com as normas ambientais. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental; dificultar ou obstar a ação fiscalizadora do Poder Público. Poluição e Outros Crimes Ambientais A poluição acima dos limites estabelecidos, por lei, é considerada crime ambiental, assim como a poluição que provoque ou possa provocar Gestão Ambiental 20 danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição significativa da flora. Também é crime a poluição que torne locais impróprios para uso ou ocupação humana, a poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público e a não adoção de medidas preventivas em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. Outros crimes ambientais são a pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem autorização ou em desacordo com a obtida e a não-recuperação da área explorada. A produção, processamento, embalagem, importação, exportação, comercialização, fornecimento, transporte, armazenamento, guarda, abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde humana ou em desacordo com as leis também são configurações de crime. Além disso, mais algumas atitudes criminosas são construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental ou em desacordo com a legislação. E, ainda, é crime ambiental a disseminação de doenças, pragas ou espécies que possam causar danos à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas. Figura 4 – Crime ambiental: poluição Fonte: Freepik. Gestão Ambiental 21 Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural É considerado crime destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto ou estrutura sem devida autorização, pichar ou grafitar bem, edificação ou local especialmente protegido por lei. Danificar registros, documentos, museus, bibliotecas e qualquer outra estrutura, edificação ou local protegidos seja por seu valor paisagístico, histórico, cultural, religioso ou arqueológico. E construir em solo não edificável (por exemplo, áreas de preservação), ou no seu entorno, sem autorização ou em desacordocom a autorização concedida também é considerado crime ambiental. IMPORTANTE: O que mais vemos no Brasil são episódios trágicos envolvendo crimes ambientais, que exemplificam a importância da adoção e efetiva aplicação das leis ambientais e das penalidades relacionadas a esse tipo de crime. Figura 5 – Crime ambiental: pichação Fonte: Wikipedia. Gestão Ambiental 22 Lei de Crimes Ambientais Como dito anteriormente, crime ambiental é todo e qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o ambiente: flora, fauna, recursos naturais e patrimônio cultural. Antes da existência da Lei de Crimes Ambientais, a proteção ao Meio Ambiente era um grande desafio, pois as leis eram vagas e sem muita aplicabilidade. EXEMPLO: As praias são de domínio público e de livre acesso, porém não havia punição criminal para quem impedisse seu acesso. Antes, maus tratos a animais e desmatamento eram considerados contravenções, com aplicação de multas como punição, mas matar um animal da fauna silvestre para própria alimentação era considerado crime inafiançável. Com a instituição da Lei, as pessoas jurídicas passam a ser responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, sem excluir a pessoa física, autora e coautora. A pessoa jurídica pode ter a suspensão parcial ou total das atividades, interdição do estabelecimento, obra ou atividade, proibição de contrato com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. A lei passa a centralizar a proteção ao Meio Ambiente, com as infrações claramente definidas, uniformização das penas e gradação adequadas, de acordo com: I - A gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o Meio Ambiente. II - Os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental. III - A situação econômica do infrator, no caso de multa. As penas são aplicadas conforme a gravidade da situação, podendo variar entre: Gestão Ambiental 23 • Privação de liberdade (prisão). • Restrição de direitos. • Prestação de serviços à comunidade. • Interdição temporária de direitos. • Suspensão de atividades. • Prestação pecuniária e recolhimento domiciliar. • Multa. Empreendimentos sem a devida licença ambiental, mesmo que não tenham causado dano ambiental, cometem crime ambiental, pois essa situação configura desobediência da legislação ambiental e é passível de punição com multa e até detenção. O Poder Público tem o poder fiscalizador e indica a multa prevista para a conduta ou as demais sanções estabelecidas no decreto, ao lavrar o auto de infração e de apreensão, de maneira a analisar a gravidade dos fatos, a situação econômica do infrator e seus antecedentes. NOTA: A aplicação de sanções administrativas não impede a penalização por crimes ambientais, se também forem aplicáveis ao caso. Infrações Administrativas Infração administrativa ambiental é toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do Meio Ambiente. Qualquer pessoa, ao tomar conhecimento de alguma infração ambiental, poderá apresentar representação às autoridades integrantes do SISNAMA e, a partir de então, a autoridade ambiental não tem escolha, Gestão Ambiental 24 ou seja, precisa apurar imediatamente a infração ambiental sob pena de corresponsabilidade. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções: I – Advertência. II - Multa simples. III - Multa diária. IV - Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração. V - Destruição ou inutilização do produto. VI - Suspensão de venda e fabricação do produto. VII - Embargo de obra ou atividade. VIII - Demolição de obra. IX - Suspensão parcial ou total de atividades. X - Restritiva de direitos. Multas Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, Fundo Naval, fundos estaduais ou municipais de Meio Ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado e será fixada, além de corrigida periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação, sendo o mínimo de R$ 50,00 e o máximo de R$ 50.000.000,00. Gestão Ambiental 25 SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto e saber mais sobre crimes ambientais, analise a Lei nº 9605/98 clicando aqui. RESUMINDO: E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Aprendemos que crime é uma violação de direito, sendo assim, crime ambiental é violar ou causar prejuízo ao Meio Ambiente e seus elementos: flora, fauna, recursos naturais e patrimônio cultural. A Lei de Crimes Ambientais(Lei no 9605/98) passa a centralizar a legislação ambiental no que diz respeito à proteção do Meio Ambiente, de modo que as punições passam a ser uniformes e gradativas de acordo com a gravidade da infração cometida. A lei passa a determinar a responsabilidade das pessoas jurídicas, permitindo que grandes empresas sejam penalizadas e paguem multas pelos danos ambientais causados por seus empreendimentos. Dessa forma, qualquer cidadão pode apresentar representação às autoridades do SISNAMA se tomar conhecimento de infrações ambientais e, uma vez ciente, o órgão não tem escolha senão apurar os fatos sob pena de corresponsabilidade. Gestão Ambiental http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.html 26 Conferências Sobre o Meio Ambiente OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de entender as conferências ambientais realizadas no intuito de unir os países em prol do desenvolvimento sustentável. E, então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Conferências Sobre o Meio Ambiente: As discussões acerca do Meio Ambiente e do desenvolvimento sustentável são realizadas em conferências ambientais que reúnem líderes de diversos países. Após a Segunda Guerra Mundial, com a intensificação da indústria e a introdução de técnicas inovadoras no meio rural, os encontros entre líderes se tornaram de suma importância, uma vez que houve um aumento na exploração de recursos naturais. A tentativa de desenvolver estratégias visando ao desenvolvimento socioeconômico atrelado ao uso consciente dos recursos naturais e à preservação ambiental fizeram com que as conferências ambientais se tornassem reuniões de grande importância para a conservação do planeta. Neste capítulo, discutiremos sobre as mais importantes conferências e suas implicações no comportamento dos países envolvidos. Figura 6 – Principais conferências mundiais sobre o Meio Ambiente Fonte: Pixabay. Gestão Ambiental 27 Conferência de Estocolmo Foi realizada em 1972 na Suécia Conhecida como Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, é considerada um importante marco para as conferências ambientais. Reuniu 250 organizações internacionais, com 113 líderes. Foi uma reunião grandiosa, porém qual foi seu real impacto nas políticas mundiais em relação ao Meio Ambiente? 1. A constatação da existência de problemas ambientais. 2. A extrema necessidade de conter esses problemas. Entre as questões abordadas na Conferência estão a preservação da fauna e da flora como atitudes essenciais, a redução do uso de resíduos tóxicos e, o ponto principal, o financiamento do desenvolvimento para que países subdesenvolvidos atinjam o progresso esperado. NOTA: O apoio a países subdesenvolvidos foi um ponto importante pois, segundo a Declaração de Estocolmo, a melhor maneira de barrar a degradação ambiental é por meio da promoção do desenvolvimentodos países. A Conferência teve como resultado a Declaração de Estocolmo e o Plano de Ação para o Meio Ambiente. Na Declaração de Estocolmo, foram colocadas 27 questões principais e 26 princípios referentes às responsabilidades dos países com a preservação do Meio Ambiente. O Plano de Ação para o Meio Ambiente contempla 109 recomendações. Entre eles, a convocação para que os países e as organizações internacionais busquem soluções e alternativas para os problemas ambientais. Gestão Ambiental 28 A partir dessa conferência, começaram a surgir políticas de gerenciamento ambiental que envolviam a união de países na tentativa de diminuir os impactos ambientais negativos gerados. IMPORTANTE: A Conferência também impulsionou a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), nova instituição da Organização das Nações Unidas (ONU) para tratar de assuntos ambientais, como forma de dar continuidade aos debates sobre o Meio Ambiente. ECO-92 ou Rio-92 Também conhecida por Conferência das Nações Unidas, foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. Reuniu 172 países e cerca de 1400 organizações não governamentais (ONGs). Essa Conferência retomou alguns pontos que já haviam sido abordados na Declaração de Estocolmo e constatou que problemas que antes tinham abrangência local, agora eram globais. O modelo até então adotado, que sempre foi a exploração máxima dos recursos naturais para obtenção de lucro, não poderia ser mais sustentado, devido à escassez de recursos naturais. Alguns importantes documentos foram originados dessa reunião, entre eles: • Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente de Desenvolvimento. • Declaração de Princípios sobre Floresta de todo o tipo. • Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC). • Convenção sobre diversidade biológica. • Agenda 21. Gestão Ambiental 29 Esses documentos tiveram como objetivo operar uma mudança nos padrões de consumo estabelecidos até então, de maneira a alcançar o desenvolvimento sustentável. Ficou acertado que em 10 anos seria realizada uma nova conferência para discutir os resultados obtidos a partir das propostas apresentadas na ECO-92. Principais resultados da ECO-92: • Cooperação dos países desenvolvidos para acelerar o desenvolvimento sustentável dos países em desenvolvimento. • Combate à pobreza. • Mudança nos padrões de consumo. • Combate ao desflorestamento. • Conservação da diversidade biológica. Agenda 21: Um dos resultados da Declaração do Rio foi a Agenda 21, que é um documento com o objetivo de desenvolver uma proposta para o desenvolvimento sustentável. Em sua composição, temos a base para que cada um dos 179 países elabore sua própria Agenda 21, com um novo padrão de desenvolvimento, o qual concilie proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. É um documento composto por 40 capítulos em que estão presentes algumas propostas de alternativas para um novo modelo de desenvolvimento, com valores de cooperação, igualdade de direitos e fortalecimento dos grupos socialmente vulneráveis, democracia, participação e sustentabilidade. Segundo o MMA, pode ser definida como um “instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica”. Gestão Ambiental 30 Precisamos deixar claro que o objetivo a ser atingido não se restringe à preservação do Meio Ambiente, e, sim, ao desenvolvimento sustentável, de modo ampliado e progressivo. A principal questão passa a ser a discussão do equilíbrio entre crescimento econômico, equidade social e preservação ambiental. SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto e saber mais sobre a Agenda 21 Brasileira, você pode clicar aqui. : Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD): É um tratado da ONU (Organização das Nações Unidas) também estabelecido durante a ECO-92, o qual se tornou um dos mais importantes instrumentos internacionais relacionados ao Meio Ambiente. Foi um acordo assinado por mais de 160 países e está estruturado em 3 bases: • Conservação da diversidade biológica (espécies). • Uso sustentável da biodiversidade (ecossistema). • Repartição justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos (recursos genéticos). Para que os objetivos de conservação sejam alcançados, é preciso haver uma aliança envolvendo as esferas federal, estadual e municipal, além dos setores científico, acadêmico, não governamental e empresarial. Protocolo de Kyoto O Protocolo de Kyoto foi realizado em 1997 no Japão como Conferência das Partes 3 ou COP-3. Gestão Ambiental https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-Brasileira.html 31 Representou um tratado complementar à CQNUMC com compromissos rigorosos a respeito do aquecimento global, estabelecendo metas para que os países reduzissem a emissão de gases de efeito estufa. Entrou em vigor em 2005, ratificado por 55 países responsáveis pela maior parte da emissão de gases do efeito estufa no mundo. NOTA: Os Estados Unidos negaram-se a assinar o protocolo, justificando que os compromissos iriam prejudicar a economia estadunidense. As metas de redução são diferenciadas entre as partes em consonância com dois princípios fundamentais: • Responsabilidades comuns, porém diferenciadas: estabelecem compromissos distintos para cada grupo de países, baseando-se na ideia de que países com melhores condições socioeconômicas (e mais poluidores) devem ser alvo de ações mais radicais e imediatas para o problema. • Abordagem abrangente: redução para todos os gases, não só o CO2. O protocolo surge como uma oportunidade para que os países em desenvolvimento busquem o desenvolvimento sustentável, de maneira a estimular a produção de energia limpa para a redução das emissões de gases do efeito estufa ou aumento da remoção de CO2. Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL): É o único mecanismo proposto pelo Protocolo de Kyoto que permite a participação de países em desenvolvimento em cooperação com países desenvolvidos. Surge da ideia dos países desenvolvidos ajudarem os subdesenvolvidos a seguirem um caminho de desenvolvimento mais eficiente, de modo a diminuir a utilização de energia convencional. Gestão Ambiental 32 SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto e saber mais informações sobre o MDL Brasileiro, você pode clicar aqui. : RIO+10: Ocorreu em 2002. Também é conhecida como Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável e foi realizada em Joanesburgo, na África do Sul. Reuniu 189 países e centenas de ONGs, tendo como resultado a Declaração de Joanesburgo. Nessa conferência, foram debatidas questões sobre Meio Ambiente e sobre a pobreza, pois, entre os problemas associados à globalização, estão miséria e fome. A seguir, veja alguns dos pontos discutidos na Declaração de Joanesburgo: • Necessidade de proteger a biodiversidade. • Necessidade de promover o acesso à água potável. • Melhoria do saneamento básico para atender às populações. • Acesso à energia e à saúde. • Combate à fome, aos conflitos armados, ao narcotráfico e ao crime organizado. Um dos principais pontos positivos da conferência está relacionado à concordância dos países em reduzir pela metade (até 2015) o número de pessoas que não tem acesso à água potável. Porém, a RIO+10 não obteve outros resultados significativos, uma vez que os países desenvolvidos não concordaram em cancelar as dívidas dos países mais pobres e não houve assinatura do acordo que tinha como meta o uso de apenas 10% das fontes energéticas renováveis. Gestão Ambiental https://www.mma.gov.br/component/k2/item/11678-mecanismo-de-desenvolvimento-limpo-mdl 33 RIO+20: Também conhecida como Conferência das Nações Unidas sobre o DesenvolvimentoSustentável, foi realizada no Rio de Janeiro em 2012. Houve participação de 193 países membros da ONU, com maior cobertura da mídia, pois o objetivo foi reforçar o compromisso dos nações com a sustentabilidade. Algumas questões foram retomadas e refletiu-se sobre ações adotadas desde a ECO-92, de maneira a identificar aquelas que pudessem servir de orientação para o desenvolvimento sustentável nos próximos 20 anos. O seguinte questionamento foi levantado pela ONU: “Qual o futuro que queremos?” Desse modo, o resultado da conferência foi um documento denominado “O futuro que queremos”. O texto mostra a criação de objetivos de desenvolvimento sustentável, com um plano de 10 anos para o consumo e a produção sustentáveis, além da importância de questões relacionadas à gênero, ao direito, à comida e à água. E a questão mais importante que continua em pauta: o combate à pobreza. SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto, recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento, intitulada Declaração Final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20). Você pode acessá-la clicando aqui. Gestão Ambiental http://www2.mma.gov.br/port/conama/processos/61AA3835/O-Futuro-que-queremos1.pdf 34 RESUMINDO: E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. O avanço do capitalismo e do uso dos recursos naturais para o desenvolvimento das sociedades foi, aos poucos, despertando uma consciência ecológica, de que era preciso preservar para “não acabar”. Com isso, alguns países, começaram a promover formas de desenvolvimento que pudessem integrar crescimento econômico com preservação dos recursos naturais. Assim, nasceram as conferências sobre o Meio Ambiente, com o objetivo de discutir ações, metas e estratégias pautadas em evitar a degradação ambiental. Temos como principais conferências ambientais internacionais: Conferência de Estocolmo (1972), a ECO-92 (1992), a RIO+10 (2002) e a RIO+20 (2012). Os temas discutidos não abrangem somente problemas ambientais, mas também problemas sociais e educacionais que dificultam o avanço de medidas de proteção e conservação. Gestão Ambiental 35 Desenvolvimento Sustentável OBJETIVO: Ao término deste capítulo, você será capaz de definir o desenvolvimento sustentável e suas consequências para o futuro do mundo. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Figura 7 – Desenvolvimento sustentável Fonte: Freepik. Gestão Ambiental 36 Definição e Objetivos A definição de desenvolvimento sustentável partiu de uma pergunta: é possível manter o crescimento econômico eficiente (sustentado) no longo prazo, com acompanhamento da melhoria das condições sociais e a partir do respeito ao Meio Ambiente? Daí, surgiu, em 1983 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o conceito clássico: “desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações” (ONU, 1983, on-line). Embora os termos desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e sustentável sejam corriqueiros na literatura científica e nas políticas públicas e privadas, não existe um consenso sobre o conceito, então trabalharemos com o conceito exposto anteriormente. Os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) foram definidos em 2015 com o dever de orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional até 2030. Dos objetivos definidos, 17 estão citados a seguir: • Erradicar a pobreza. • Erradicar a fome. • Saúde de qualidade. • Educação de qualidade. • Igualdade de gênero. • Água potável e saneamento. • Energias renováveis e acessíveis. • Trabalho digno e crescimento econômico. • Indústrias, inovação e infraestruturas. • Redução das desigualdades. • Cidades e comunidades sustentáveis. Gestão Ambiental 37 • Consumo e produção responsáveis. • Ação contra a mudança global do clima. • Vida na água. • Vida terrestre. • Paz, justiça e instituições eficazes. • Parcerias e meios de implementação. Figura 8 – Desenvolvimento sustentável Fonte: Freepik. Gestão Ambiental 38 Princípios Como mencionamos anteriormente, o desenvolvimento sustentável tem 3 princípios básicos: • Desenvolvimento econômico. • Desenvolvimento social. • Conservação ambiental. Isto é, o desenvolvimento sustentável tem por objetivos promover o crescimento econômico, reduzir as desigualdades sociais e evitar a degradação ambiental pelo uso descontrolado dos recursos naturais. O suprimento das necessidades da sociedade não pode comprometer o desenvolvimento das gerações futuras. Em razão disso, é fundamental que os recursos naturais sejam repostos de modo a impactar o mínimo possível o Meio Ambiente. O nosso modelo econômico e de desenvolvimento visa a obtenção de lucro pela exploração dos recursos naturais, e isso não é compatível com modelos de desenvolvimento sustentável. O crescimento econômico eficiente não é condição suficiente para elevar o bem-estar humano. Isso porque são necessárias políticas públicas específicas para evitar que o crescimento beneficie apenas uma minoria. Ademais, o mesmo crescimento econômico afeta negativamente o equilíbrio ecológico, de maneira limitante e a longo prazo. É preciso que as políticas de proteção ao Meio Ambiente estimulem o aumento da eficiência ecológica, de modo a reduzir o risco de danos ambientais potencialmente negativos. Diante disso, para que se inicie uma política ambiental eficiente, é preciso uma regulação ambiental agressiva, a fim de evitar a escassez de recursos naturais no futuro. Além disso, é necessário diminuir ou acabar com os incentivos econômicos em atividades que utilizem combustíveis fósseis, como transportes e geração de energia. Gestão Ambiental 39 O ideal seria criar, para os agentes econômicos, um equilíbrio entre os custos do controle ambiental e os custos dos impactos ambientais causados pelas atividades poluidoras, de modo a forçar esses indivíduos e/ou instituições a pagar taxas correspondentes ao uso dos recursos naturais. Aí sim, os empreendedores começariam a minimizar o uso dos recursos, pois pagariam uma taxa proporcional à degradação causada. Exemplos de Desenvolvimento Sustentável Vimos, até agora, definições, princípios e objetivos, mas efetivamente, como se aplica o Desenvolvimento Sustentável? A seguir, vamos citar alguns países como Noruega, Suécia e Dinamarca, que adotaram medidas de sucesso e são campeões no ranking das melhores práticas. Suécia: • Campeã em reciclagem. • Apenas 1% dos resíduos produzidos vai para lixões, outros 99% são reciclados, reutilizados ou incinerados para produção de energia. • A lei exige que TODOS façam coletas seletivas. • As empresas são obrigadas a recolher os resíduos dos seus produtos. IMPORTANTE: 2 milhões de toneladas de lixo viram energia todos os anos, evitando o consumo de 670 mil toneladas de petróleo e outros combustíveis fosseis. Dinamarca: • A luta contra o desperdício de alimentos é única. • Há incentivos financeiros, por parte do governo, para projetos que defendem as causas ambientais. Gestão Ambiental 40 • Supermercados fazem suas próprias campanhas de reaproveitamento. • Foi desenvolvido um aplicativo para celular que mostra estabelecimentos prestes a fechar, caso alguém queira ficar com as sobras. Noruega: • Melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo. • Oslo (capital) tem iluminação que se ajusta, de maneira inteligente, às condições meteorológicas e do tráfego. • Investimento massivo em energia renovável. • Até 2020, comporta o maior parque eólico terrestre da Europa. • Temsistema de educação gratuito para a maior parte da população. O ranking das 20 melhores posições, além de Suécia, Dinamarca e Noruega, inclui: Finlândia, Suíça, Alemanha, Áustria, Holanda, Islândia, Reino Unido, França, Bélgica, Canadá, Irlanda, República Tcheca, Luxemburgo, Eslovênia, Japão, Singapura e Austrália. O Brasil ocupa a 52ª posição no ranking. SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o estudo completo clicando aqui. Desenvolvimento Sustentável no Brasil Vimos que o desenvolvimento sustentável é composto por uma grande variedade de fatores determinantes, porém o que está em jogo é a capacidade humana de cooperação e a maneira como nós fazemos uso dos ecossistemas aos quais somos dependentes. Gestão Ambiental https://www.sdgindex.org/ 41 O Brasil luta bravamente para a diminuição da pobreza, porém persistem ainda as formas mais graves de desigualdades que são o acesso à educação, à moradia, a condições urbanas dignas, à justiça e à segurança. A legislação Brasileira voltada para o Meio Ambiente não tem poder suficiente para conter os nossos padrões de consumo, que são apoiados em processos de degradação ambiental. Porém, muitos avanços têm sido vistos nos últimos anos, sendo 2009 um ano de virada decisiva na postura do Brasil diante das mudanças climáticas. Isso porque, até então, o Protocolo de Kyoto não estabelecia obrigação nesse sentido. Contudo, em 2009, o país assumiu, de maneira voluntária, o compromisso de reduzir suas emissões de gases até 2020, sendo a diminuição da devastação florestal na Amazônia grande responsável por essa redução. Exemplos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil Além da redução de gases, Brasil se destaca com outros exemplos de desenvolvimento sustentável como: Água de reuso: algumas empresas fazem uso da água proveniente de esgotos para atividades industriais. É uma medida rentável e uma prática sustentável, pois seu custo é até 40% menor do que a água potável. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o reuso pode ocorrer de forma direta ou indireta, por meio de ações planejadas ou não. • Reuso direto: é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados para certas finalidades como uso industrial, irrigação, recarga de aquífero e água potável. • Reuso indireto: ocorre quando a água já utilizada, uma ou mais vezes para uso doméstico e industrial, é descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas e utilizada novamente de forma diluída. Gestão Ambiental 42 • Reciclagem interna: é o reuso da água internamente às instalações industriais, tendo como objetivo a economia de água e o controle de poluição. SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto e saber mais informações sobre o reuso da água, leia o artigo Reuso de água: tipos processos específicos e contaminantes clicando aqui. Figura 9 – Energia solar Fonte: Freepik. Uso de fontes renováveis para geração de energia: é utilizada com cada vez mais frequência, sendo considerado um excelente exemplo de desenvolvimento sustentável. Entre alguns tipos, podemos citar: • Solar: é o aproveitamento da radiação do Sol. Além de inesgotável, é muito potente, devido à emissão diária de luz solar. A grande Gestão Ambiental https://www.tratamentodeagua.com.br/artigo/reuso-de-agua-tipos-processos-especificos-e-contaminantes/ 43 questão quanto ao uso, ainda são as formas de captar a luz para geração de energia. • Eólica: é o processo pelo qual o vento é transformado em energia cinética e depois, em eletricidade. • Hidrelétrica: é considerado um dos processos mais eficientes e menos poluidores, porém o seu processo de instalação requer devastação de grandes áreas e a fase de construção causa inconvenientes. Reflorestamento: apesar de vermos diariamente notícias sobre a degradação das matas Brasileiras, o reflorestamento tem sido um compromisso do governo e das empresas. E isso tem gerado grandes áreas reflorestadas no território Brasileiro. Nesse sentido, em diversos níveis e com diversas finalidades, algumas empresas têm se interessado na atividade com intenção de realizar reparos ambientais e outras com intenção de participar do mercado mundial de carbono. IMPORTANTE: Em 11 anos, o reflorestamento da Mata Atlântica absorveu cerca de 1,2 milhão de toneladas de CO2. Reciclagem: é um assunto muito presente na vida de todos e que merece ganhar cada vez mais importância. Atualmente, sabe-se que apenas 18% dos resíduos gerados nas cidades das regiões Sul e Sudeste do país são reciclados. No Brasil, 30% dos resíduos sólidos gerados têm potencial para ser reciclado, porém apenas 3% são efetivamente reciclados. O maior índice de reciclagem no Brasil diz respeito ao alumínio (97,9%), seguido pelo papel (63,4%), ao passo que o vidro alcança um índice de reciclagem em torno de 45%. É pouco, perto do potencial que poderia ser alcançado. Gestão Ambiental 44 SAIBA MAIS: Caso queira se aprofundar no assunto, leia o artigo intitulado Reciclagem no Brasil: panorama atual e desafios para o futuro, clicando aqui. RESUMINDO: E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. O termo “desenvolvimento sustentável” tem muitas definições e não é uma unanimidade entre autores, porém uma das mais utilizadas é esta: “Desenvolvimento Sustentável é a capacidade de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”. Isso significa que seus objetivos são promover o crescimento econômico, reduzindo as desigualdades sociais, de modo a priorizar a conservação ambiental e o uso desenfreado de recursos naturais. E, para mostrar que poder econômico pode caminhar junto à preocupação ambiental, temos Noruega, Suécia e Dinamarca como exemplos de países que adotaram medidas de sucesso e são campeões no ranking das melhores práticas ambientais. O Brasil ocupa a 52ª posição nesse ranking, porém vem desenvolvendo medidas sustentáveis ao longo dos anos, como reciclagem de resíduos, uso de fontes alternativas para geração de energia, reuso da água, entre outras. Gestão Ambiental https://portal.fmu.br/reciclagem-no-Brasil-panorama-atual-e-desafios-para-o-futuro/ 45 REFERÊNCIAS 20 PAÍSES com melhor desenvolvimento sustentável. Juntos pela Água, 2016. Disponível em: “https://www.juntospelaagua.com. br/2016/10/06/20-paises-desenvolvimento-sustentavel. Acesso em: 27 nov. 2019. BRASIL. 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Gestão Ambiental _Hlk25851159 Introdução à Legislação Ambiental Histórico da Legislação Ambiental Brasileira Importância da Legislação Ambiental Brasileira Lei de Crimes Ambientais Crimes Ambientais Crimes Contra a Fauna Crimes Contra a Flora Crimes Contra a Administração Ambiental Poluição e Outros Crimes Ambientais Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural Lei de Crimes Ambientais Infrações Administrativas Multas Conferências Sobre o Meio Ambiente Conferências Sobre o Meio Ambiente: Conferência de Estocolmo ECO-92 ou Rio-92 Protocolo de Kyoto RIO+10: RIO+20: Desenvolvimento Sustentável Definição e Objetivos Princípios Exemplos de Desenvolvimento Sustentável Desenvolvimento Sustentável no Brasil Exemplos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil