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Clóvis Moura – Dialética radical do Brasil negro
Arcaico e moderno 
“O Brasil arcaico preservou os seus instrumentos de dominação, prestígio e exploração e o moderno foi absorvido pelas forças dinâmicas do imperialismo que também antecederam à Abolição na sua estratégia de dominação”. p. 152. Diante disso, infere-se que a colonialidade pressupõe a permanência das relações de poder mesmo após a descolonização ou emancipação de povos, sempre estabelecendo conceitos forjados a partir da lógica eurocêntrica, como é o caso do conceito de raça. Ou seja, a colonialidade é a forma dominante de controle de recursos, trabalho, capital e conhecimento limitados a uma relação de poder articulada pelo mercado capitalista. Dessa forma, podemos afirmar que por mais que o colonialismo tenha sido superado, a colonialidade continua presente nas mais diversas formas e, sobretudo, nos discursos reproduzidos cotidianamente em nossa sociedade? Isso porque vejo a colonialidade como a continuidade da propagação do pensamento colonial, sendo uma matriz que se expressa essencialmente em relações dominantes de poder, saber e ser. Ademais, para mim, apenas ao tomarmos posse do conceito de decolonialidade, como uma proposta para enfrentar a colonialidade e o pensamento moderno, é que podemos encontrar o caminho para resistir e desconstruir padrões, conceitos e perspectivas impostos aos povos subalternizados, sendo também um instrumento de crítica direta à modernidade e ao capitalismo (MARIANE BRASIL). Esta preocupação da relação moderno e arcaico aparece também na pergunta de Carolina e do Flávio
Teoria de dependência – superexploração do trabalho
Fazendo um paralelo entre as contribuições de Gorender e de Clóvis Moura, é possível, a partir da análise de Gorender, pensar em uma diferença estrutural entre o que Clóvis Moura chama de “escravismo pleno” e “escravismo tardio” (MOURA, 2014, p. 146) dentre aquilo que Gorender chama de escravismo colonial? Ou se trataria de diferenças conjunturais ou apenas relacionadas ao período de transição? E, pensando que Clóvis Moura trata do “capitalismo dependente” (MOURA, 2014, p. 121), talvez por filiação e influência da Teoria Marxista da Dependência, como pensar a teoria de Clóvis Moura a partir de uma leitura que não passe pelo entendimento da “supereploração do trabalho” da TMD? Tendo em vista potenciais contradições com a interpretação da forma jurídica? (MARIANNA HAUG)
 Produção ou circulação em Clóvis Moura
“Como vemos, no escravismo tardio, entrecruzam-se e superpõem-se relações escravistas e capitalistas, conforme veremos analiticamente mais adiante. Mas há uma característica particularizada e significativa, senão a preponderante: essas relações capitalistas, naquilo que elas têm de mais importante e significativo, não surgem quase nunca da nossa acumulação interna, mas foram injetadas de fora, implantadas por todo o complexo subordinado que atuava dinamicamente no polo externo, condicionando-nos econômica, social e culturalmente. Era um transplante vindo do centro para a periferia, sem contrapartida. Pelo contrário, éramos o receptor, e o centro, injetor de tudo aquilo que entendamos por modernização  no sentido do modelo capitalista”. (p .129). Professor, ao longo de sua obra o senhor faz questão de afirmar que sua leitura acerca do modo de produção em vigor no Brasil parte das relações de produção. Quer dizer, não acompanha a leitura dos “sentidos da colonização”, que olha para o país “de fora pra dentro”. Em alguns trechos, como nesse acima, tive a impressão que Clóvis Moura pensa, sem deixar reconhecer as rebeliões negras, que o capitalismo foi instaurado em função de contradições na esfera de circulação - na relação colônia-metrópole. O senhor concorda com essa leitura? Que o motor para a implementação do capitalismo no Brasil esteve nas contradições na esfera da circulação, e não da produção? (LUCAS)
 Estrutura e superestrutura a partir de Clóvis Moura
A exposição sobre o escravismo tardio, período posterior a 1850, assinalado pela proibição do tráfico de escravizados/as de África no território brasileiro, destaca a mudança pela qual a sociedade brasileira passa, do modo de produção escravista ao modo de produção capitalista. O período é marcado por uma “modernização sem mudança” (p. 85; p. 91), ou “transição sem mudança social” (p. 147), na medida em que as classes senhoriais permanecem no poder apesar das mudanças infraestruturais que ocorriam no modo de produção, não tendo a passagem da força produtiva escravizada para o trabalho livre afetado os interesses das oligarquias dominantes no modo de produção escravista (p. 92). O autor problematiza a ideia de uma revolução burguesa no Brasil no período da transição do escravismo tardio para o capitalismo (p. 152), pois com o sufocamento da indústria nacional pelo avanço dos produtos importados da Inglaterra (p. 91) não ocorre a formação de uma classe burguesa nacional capaz de assumir o comando do desenvolvimento (modernização) do Brasil (p. 87). A análise feita pelo autor parece levar à conclusão que a superação do modo de produção escravista pelo capitalista no Brasil expressa movimentos de fora para dentro (do exterior p/ o interior; de países centrais em que o capitalismo se afirmava para países periféricos, em que reinava outro modo de produção), e de cima para baixo (da superestrutura – ideológica, cultural – para a infraestrutura – relações produtivas) [entre outras passagens, diz o autor que “no último período do escravismo já funcionava uma nova ética: a ética do capitalismo” (p. 149), e que se deu a “Concomitância de relações capitalistas (de um capitalismo já subordinado ao capital monopolista) e permanência de relações escravistas” (p. 123)]. Se estiver correta essa conclusão, seria uma característica peculiar ao desenvolvimento do capitalismo dos países periféricos de histórico colonial, na Am. Latina, ou se pode verificar esses movimentos também nos países centrais? Nestes últimos, não haveria um desenvolvimento das forças produtivas (infraestrutura) que leva a determinações superestruturais, o que parece ser diferente na dinâmica latino-americana? (PEDRO PAULO). 
 Guerra do Paraguai e consciência do escravizado
Além disso, se mostra muito interessante a construção de que os escravos negros que lutaram na Guerra do Paraguai voltaram do combate com maior consciência de sua posição social e valorização de sua individualidade. Isso ajudou, inclusive, na transição para o trabalho livre acima exposta. Com efeito, ainda que a infraestrutura tenha um papel muito mais decisivo no processo descrito pelo autor, é inexorável reconhecer que a consciência social do negro escravizado apresentou sua considerável relevância no processo histórico. (VÍTOR). A partir da lógica do comportamento do escravizado no escravismo tardio como elemento para a ruptura para o futuro capitalismo a preocupação da superestrutura aparece também na pergunta de Amanda.
Lei da terra e forma estado
No tópico referente à Lei da Terra, Moura afirma que: “Em face desta problemática, surge, em 1850, a chamada Lei da Terra, pela qual o Estado abria mão do seu direito de doar e colocava as terras no mercado para a venda a quem dispusesse de dinheiro para adquiri-las. Com esta reviravolta, o Estado passa a ser mero vendedor, e não distribuidor de terras de acordo com o interesse público. No particular, escreve Emília Viotti da Costa: “No começo da colonização, a terra era vista como parte do patrimônio pessoal do rei. A fim de adquirir um lote de terra, tinha-se de solicitar uma doação pessoal. A decisão do rei para a concessão do privilégio era baseada na avaliação do pretendente, o que implicava considerar seu status social, as suas qualidades pessoais e seus serviços prestados à Coroa. Desta forma, a aquisição de terras, apesar de regulamentada pela lei, derivava do arbitrium real e não de um direito inerente ao pretendente. Por volta do século XIX, o conceito foi modificado. A terra tornou-se domínio público,patrimônio público, patrimônio da nação. De acordo com a Lei da Terra, de 1850, a única maneira de se adquirir terra era comprando-a ao governo, o qual atuaria como mediador entre o domínio público e o provável proprietário. A relação pessoal que anteriormente existia entre o rei e o pretendente transformou-se numa relação impessoal entre o Estado e o pretendente. Em vez de uma dádiva pessoal concedida pelo rei segundo as qualidades pessoais do indivíduo, a terra podia ser obtida por qualquer pessoa com capital suficiente.”. Acerca do exposto, questiona-se: é possível inferir que as disposições contidas na Lei da Terra implicam não a existência da forma política estatal em germe (à vista do que foi discutido na última aula), mas as condições prévias necessárias à constituição do Estado como sujeito de direito no bojo do capitalismo? (GRACIELE)
Forma estado e escravismo tardio
Pela leitura do texto, algumas reflexões me vieram a cabeça e a maioria delas na intenção de fazer interlocução entre as leituras anteriores da disciplina e os meus acúmulos teóricos, muito influenciados pelo coletivo DHCTEM. Nesse sentido, uma primeira chave que me chama atenção na leitura é a centralidade dada, pelo o texto, às influências do “Capital Estrangeiro”, ou, das relações internacionais que influenciam os processos nacionais, vários exemplos históricos são recuperados e a construção é de que havia, dada as relações internacionais, um modo diferente da acumulação do capitla, tendo uma fase aqui do “escravismo tardio”. Na construção do “escravismo tardio”, recupera-se, por sua vez, como as leis nacionais são dinamizadas para demonstrar como se constrói a identidade brasileira numa análise dos “grupos” que a compõe, escravizados, imigrantes e etc. Logo após isso, um discurso sobre como o “desenvolvimento nacional” não é “completo” e, por isso, há um escravismo tardio é construído. Me chamaram atenção algumas expressões mobilizadas pelo autor, como por ex: “bloqueio do desenvolvimento brasileiro”, “essa situação de alienação da nossa economia” atreladas, mais ao fim, a “branqueamento”, “papel social repressor” , “ a população se estruturava em três níveis principais...”. Estes termos me chamam atenção porque me remetem à nossa tradição dos aparelhos dos Estados, mas com falhas que essa não tem uma vez que conseguem demonstrar a especificidade do Estado porém não demonstram a “forma Estado”. O autor, portanto, parte de um vocabulário próprio da teoria burguesa que é útil para determinar a aparência do que é um Estado, como a ideia de soberania e a formação de um “povo” e um modo de governança. A deficiência diante da teoria dos aparelhos e até a materialista é que tudo isso serve para justificar que há uma “fase diferente” no capitalismo brasileiro e não, demonstrar que as contradições também condicionam as estruturas. Desse modo, pela leitura do texto percebo que falta a ideia de “momentos da produção capitalista” ao longo da análise como se não fosse por estas contradições que a institucionalidade atinge se forma seu desenvolvimento máximo. 
Forma estado e escravismo tardio
Dado isso, lembrando às leituras de Gorender que desde logo pontua que a estratégia metodológica de se partir pelas influências internacionais na economia nacional é um ganho para teoria da história, e reconhecendo de fato a contribuição de analisar estas relações para compreensão do desenvolvimento do modo de produção capitalista, observo que há um entrave na compreensão da forma estado como derivada da forma jurídica, ou seja, só se considera, para estes teóricos, como Estado capitalista o que é espelho do Estado burguês, sendo burguês a imagem de uma classe específica europeia. Não há compreensão de que o “pleno” desenvolvimento dos aparelhos é condição própria da composição do “centro” do capitalismo. Ao mesmo tempo, não há compreensão de que a institucionalização jurídica da “equidade” parte da regulamentação da personalidade jurídica não sendo essa personalidade jurídica universal, ainda que se diga que o seja. De modo geral, portanto, parece que os “erros teóricos” são próprios de confusões causadas pela falta de compreensão da luta de classe na história e do concreto como a síntese de múltiplas determinações. Eu sinto essa falta “metodológica/teórica” bem comum, mas sempre identificava como um problema de “hoje”, das faculdades de direito e sociais que frequentei. Quando isso é refletido em autores clássicos, como o Clóvis Moura, minha dificuldade é sempre determinar as minhas respostas à crítica. Por isso, minha pergunta para esta aula é como demonstrar que há realmente momentos da produção capitalista relevantes, com composições de relações que refletem na acomodação do capital, como os trazidos no texto, mas que estes são modos da produção, não uma sequência de fases lógicas que levariam a um fim. A minha dificuldade é sempre determinar como colocarmos tudo isso no papel, determinando as essencialidades para o que temos de Estado brasileiro hoje, sem demarcar uma origem ou um ponto de origem. Como determinar especialidades sem fazer contrastes aparentes reais e fictícios (como a ideia de uma “burguesia brasileira/nacional”) mas pelas contradições do concreto advindo, também, dessas aparências reais e fictícias. (ODARA)
IDEOLOGIA RACIAL DO CONTRATO
MODELO II - SUGERIDO A PARTIR DE MARX/ PACHUKANIS/ EDELMAN COM O USO DA SOBREDETERMINAÇÃO DE ALTHUSSER PARA ANÁLISE DO CAPITALISMO BRASILEIRO EM GERAL
FORMA MERCADORIA
FORMA ESTADO – direito público e direito privado
FORMA JURÍDICA
FORMA IDENTIDADE
Forma Sujeito de direito – direito subjetivo e direito objetivo
FORMA SOCIEDADE CIVIL
FORMA DINHEIRO
FORMA PREÇO
FORMA SALÁRIO
Forma política pública
IDEOLOGIA RELIGIOSA (PATRIARCAL ESCRAVISTA) – VIOLÊNCIA DIRETA
MODELO III - SUGERIDO A PARTIR DE MARX/ PACHUKANIS/ EDELMAN COM O USO DA SOBREDETERMINAÇÃO DE ALTHUSSER PARA ANÁLISE DO ESCRAVISMO COLONIAL NO BRASIL
FORMA PLANTAGEM/FORMA ESCRAVIZADO (FORMA ESCRAVISTA COLONIAL) 
FORMA PATRIARCADO COLONIAL
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO PATRIARCADO COLONIAL
FORMA FAMÍLIA PATRIARCAL COLONIAL

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