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As fontes de custeio das entidades sindicais no Brasil Direito Coletivo do Trabalho I: Liberdade Sindical (DTB0533) Mariana Pereira Limeira nº USP 9841620 Raul Dias da Cruz nº USP 11265963 O atual sindicalismo brasileiro: representação, negociação coletiva e custeio ❏ A Lei nº 13.467/2017 da Reforma Trabalhista alterou duas questões estruturais: a negociação coletiva e o sistema de custeio. ❏ Negociação coletiva: ❏ Superioridade da fonte negocial perante a estatal com os arts. 611-A e 611-B CLT. ❏ Sistema de custeio: ❏ Eliminou definitivamente a obrigatoriedade da contribuição sindical com o art. 8º, IV da CRFB e art. 579 da CLT. Francesca Columbu e Túlio de Oliveira Massoni Mariana Limeira O atual sindicalismo brasileiro: representação, negociação coletiva e custeio ❏ Segundo Amauri Mascaro Nascimento, antes da Reforma era um modelo semicorporativo: ❏ a unicidade sindical; ❏ a contribuição sindical compulsória; e ❏ a categoria como único critério de agregação do interesse coletivo. ❏ O atual arranjo retirou o sustento econômico do modelo sindical e encarregou de “gerenciar negocialmente” o sistema de relações laborais. Mariana Limeira O atual sindicalismo brasileiro: representação, negociação coletiva e custeio ❏ O eixo central da regulamentação jurídico-sindical é representado pela liberdade sindical, previstas na Convenção 87 e 98 do OIT; ❏ Convergência entre os direitos civis, políticos, econômicos e sociais. ❏ Os trabalhadores apenas podem defender seus interesses de modo eficaz agrupando-se e associando-se. ❏ A lógica do sistema de custeio sindical depende da estrutura, funções, natureza jurídica e contexto político. Mariana Limeira O atual sindicalismo brasileiro: representação, negociação coletiva e custeio ❏ O caráter tributário ou parafiscal do antigo “imposto sindical” tem origem em um contexto político autoritário. ❏ Sindicato era único, delegado pelo poder público, garantindo uma representação geral da categoria e a natureza erga omnes dos instrumentos normativos. ❏ Com a Constituição de 1988 a organização sindical tinha que conciliar antigas características dessa época autoritária com uma nova época democrática. Mariana Limeira O atual sindicalismo brasileiro: representação, negociação coletiva e custeio ❏ Com a Reforma Trabalhista de 2017, esse sistema semicorporativista perde a contribuição sindical compulsória. ❏ A contribuição sindical poderá ser descontada desde que previamente e expressamente autorizada pelos integrantes da categoria econômica ou da categoria profissional. ❏ Segundo os art. 578 e 579 da CLT. ❏ Em 2018, o STF julgou constitucional a extinção da compulsoriedade da contribuição sindical no julgamento da ADI nº 5.794 de Relatoria do Ministro Edson Fachin. Mariana Limeira O atual sindicalismo brasileiro: representação, negociação coletiva e custeio ❏ As estratégias do movimento sindical para garantir o custeio da própria estrutura são: 1. suplantar a autorização “individual” e criar, em assembleias, uma “autorização coletiva”; 2. instauração de convenção coletiva prevendo que empregados que não pagassem não poderiam ser beneficiados pelo instrumento negociado; e 3. “restabelecer” a obrigatoriedade da contribuição por todos os integrantes da categoria, mesmo os que não eram sócios, por meio de previsão em norma coletiva. Mariana Limeira O atual sindicalismo brasileiro: representação, negociação coletiva e custeio ❏ O TST refutou que empregados que não pagassem a contribuição negocial não poderiam ser beneficiados. ❏ Todas as conquistas beneficiam a todos, segundo o art. 611 da CLT. ❏ O STF reafirmou ser inconstitucional a obrigatoriedade da contribuição por todos os integrantes da categoria, mesmo os que não eram sócios. Mariana Limeira O atual sindicalismo brasileiro: representação, negociação coletiva e custeio ❏ Há casos em que o financiamento da entidade sindical professional advém da entidade patronal. ❏ É visto como comprometedor da autonomia e independência sindical. ❏ Desse modo, o monopólio compulsório da representação continua, com os efeitos erga omnes da negociação coletiva. ❏ Porém, com a extinção do financiamento compulsório da atividade sindical. Mariana Limeira O atual sindicalismo brasileiro: representação, negociação coletiva e custeio ❏ Portanto, o sindicato continua exercendo uma função de interesse coletivo-geral. ❏ Todavia, agora conta com o financiamento espontâneo do grupo representando. Mariana Limeira Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (SINTUSP) ❏ Breve diálogo com Gustavo Carneiro da Silva, graduado em História e em Direito pela USP e membro da diretoria de base do SINTUSP. ❏ Perguntas: ❏ Quais as atuais fontes de custeio do SINTUSP? ❏ Como a reforma trabalhista impactou o SINTUSP? Mariana Limeira Gustavo Carneiro da Silva do SINTUSP Já antes da Reforma Trabalhista o SINTUSP tinha deliberação congressual (o Congresso é o espaço deliberativo máximo do sindicato, que ocorre de 3 em 3 anos) contra o recebimento do imposto sindical. Dessa forma, mesmo durante o período em que havia obrigatoriedade do recolhimento do imposto, o SINTUSP já não recebia. Mariana Limeira Gustavo Carneiro da Silva do SINTUSP O fundamento dessa deliberação é uma posição política que compreendia o imposto sindical como parte de uma estrutura sindical distante da base das categorias, que, por receber o imposto de maneira obrigatória, não tinha necessidade de se aproximar de suas bases e lutar para que os trabalhadores se filiassem voluntariamente aos sindicatos. Isso criava estruturas burocratizadas, com dirigentes sindicais distanciados da base na mesma medida em que dependiam materialmente da permanência em cargos do aparato sindical. Mariana Limeira Gustavo Carneiro da Silva do SINTUSP Diante disso, o SINTUSP sempre foi mantido exclusivamente por meio de uma contribuição associativa voluntária. Ou seja, o sindicato precisa batalhar para convencer os trabalhadores a se filiarem voluntariamente ao sindicato, e então eles contribuem todo mês com uma contribuição associativa correspondente a 1% de seus respectivos salários. Em momentos de greve, o sindicato constrói um fundo de greve paralelo que é mantido com contribuições voluntárias, doações e atividades como vendas de rifas, com o objetivo de contribuir com os trabalhadores que têm o ponto cortado. Mariana Limeira Gustavo Carneiro da Silva do SINTUSP No entanto, isso não significa que o sindicato não teve sua fonte de custeio afetada pela Reforma Trabalhista. Ainda que ela não tenha sido afetada em um primeiro momento, já que o fim do imposto sindical não representou impactos para o SINTUSP, a desmoralização da estrutura sindical de conjunto e o acúmulo de derrotas da classe trabalhadora em nível nacional tornou a tarefa de batalhar por filiações mais difícil, e o sindicato tem visto uma queda no seu número de filiados. Mariana Limeira Gustavo Carneiro da Silva do SINTUSP Contribui enormemente para isso a conjuntura da USP, com o congelamento de novas contratações de funcionários técnico-administrativos por mais de 10 anos e com o grande número de desligamentos sem reposição de trabalhadores dos níveis inferiores da carreira, que são as faixas nas quais as taxas de filiação sindical são mais elevadas. Além disso, processos trabalhistas movidos pela Reitoria contra o SINTUSP oriundos de momentos de lutas tem gerado condenações na justiça que levam a um bloqueio da receita do sindicato, o que tem se agravado nos últimos 10 anos. Mariana Limeira Central Única dos Trabalhadores (CUT) A CUT sempre se posicionou de forma contrária à contribuição sindical compulsória, o imposto sindical. “O que sempre defendemos foi o pagamento de uma contribuição sindical aprovada de forma transparente pela categoria, em assembleia”. A Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) exige a autorização expressae individual do trabalhador para que o pagamento seja feito, ao que a CUT se opõe. Posições das diferentes centrais e correntes sindicais sobre o fim da contribuição sindical compulsória Raul Dias Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) A CTB se posiciona contra o imposto sindical e seu retorno, mas defende a “instituição de uma contribuição para o custeio do movimento em contraposição ao fim do imposto sindical". Posições das diferentes centrais e correntes sindicais sobre o fim da contribuição sindical compulsória Raul Dias Unidade Classista (UC) Vinculada ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), a Unidade Classista defende a substituição do imposto sindical por uma contribuição obrigatória a ser repassada diretamente aos sindicatos e não ser recolhida pelo Estado. Defende, em conjunto com isso, que o direito de voto nas eleições sindicais seja aberto à não filiados. Posições das diferentes centrais e correntes sindicais sobre o fim da contribuição sindical compulsória Raul Dias Intersindical - Central da Classe Trabalhadora Posiciona-se contra o imposto sindical. Defende “procedimentos de financiamento estabelecidos por assembleia da categoria. Além da contribuição associativa e a taxa negocial, cabe aos sindicatos encontrar formas, em diálogo com a base, sobre formas de arrecadação alternativas, criando em cada realidade um modelo de financiamento que lhe seja adequado” No seu manifesto de fundação, informa que não faria uso do imposto sindical. Posições das diferentes centrais e correntes sindicais sobre o fim da contribuição sindical compulsória Raul Dias CSP-CONLUTAS - Central Sindical e Popular Ativamente contrária ao imposto sindical. Realizou, em 2015, uma campanha pelo seu fim e posicionou-se, desde então, de forma contrária a sua existência. O SINTUSP, entrevistado para esta apresentação, é filiado à CSP Conlutas. Posições das diferentes centrais e correntes sindicais sobre o fim da contribuição sindical compulsória Raul Dias União Geral dos Trabalhadores (UGT) Defendia, até recentemente, contribuições sindicais obrigatórias mais onerosas do que o antigo imposto sindical (6% do salário anual contra 4,5% deste). Já destacou, em notas e artigos, a “importância do imposto sindical” Vem se alinhando com o governo na não-retomada do imposto sindical e pela sua substituição por outras formas de arrecadação. Posições das diferentes centrais e correntes sindicais sobre o fim da contribuição sindical compulsória Raul Dias Força Sindical (FS) Historicamente favorável ao imposto sindical, definiu, em seu 9º Congresso (2021), a preferência por “formas de sustentação e financiamento sindical, que devem ser deliberadas nas bases, em assembleias, e pago por todos, como forma de contribuição negocial”. Posições das diferentes centrais e correntes sindicais sobre o fim da contribuição sindical compulsória Raul Dias No programa: No programa de governo divulgado em 2022, a campanha informava que “serão respeitadas também as decisões de financiamento solidário e democrático da estrutura sindical”. Atualmente: O imposto sindical não deve voltar, mas o governo diz se comprometer com uma legislação sobre o financiamento dos sindicatos. Posição do governo Lula III até então Raul Dias Obrigado!
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