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Avaliação Mamográfica

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Avaliação da imagem mamográfica 
 
O prognóstico do câncer de mama é tão melhor quanto mais precoce é a sua detecção e tratamento. O diagnóstico de 
carcinomas não-palpáveis só é possível através da realização de mamografias minuciosas, onde cada detalhe é de extrema 
importância. Os principais fatores que determinam a qualidade dos exames de mamografia são: a qualificação de pessoal 
técnico, o tipo de equipamento utilizado, a adesão a um programa de controle de qualidade, a interpretação dos exames, a 
comunicação dos resultados e, finalmente, um protocolo para seguimentos dos casos, possibilitando a auditoria do serviço. 
O radiologista, ao interpretar o exame, deve estar apto a reconhecer possíveis problemas nas imagens e estabelecer suas 
causas. Ao avaliarmos uma mamografia, temos capacidade de analisar diversos parâmetros como posicionamento, 
compressão, qualidade da imagem, presença de artefatos e identificação dos filmes. 
A técnica de posicionamento das mamas para o exame tem melhorado com o passar dos anos. Hoje, temos maior 
conhecimento da anatomia e mobilidade mamárias e dispomos de equipamentos mais modernos. A incidência médio-lateral 
oblíqua (MLO) oferece a melhor oportunidade de mostrar toda a mama numa única imagem. Como a mama repousa sobre o 
músculo peitoral, uma grande parte deste deverá ser incluída na imagem. Este objetivo será atingido se o posicionamento do 
receptor da imagem do aparelho for paralelo ao plano muscular, expondo a máximo possível de tecido mamário e axilar. O 
músculo deverá estar presente na imagem pelo menos até a linha mamilar posterior e, segundo a literatura, isto é possível 
em 80% das pacientes. É também desejável que seja demonstrada a gordura retro-glandular para que se tenha certeza da 
exposição de todo o tecido fibroglandular. Dobras de pele podem ocorrer na axila, mas não sobre o tecido mamário, sob 
risco de obscurecer ou mimetizar uma lesão. 
A incidência crânio-caudal (CC) complementa a MLO. O seu objetivo é incluir todo o tecido póstero-medial, que com 
frequencia não está totalmente demonstrado na incidência MLO. Permite também mais compresão, uma ve que não inclui a 
axila, resultando em uma superior definição da arquitetura mamária e de lesões. A melhor maneira de verificar se a 
incidência CC inclui suficiente tecido é comparar a sua linha mamilar posterior com a da incidência MLO. A diferença entre 
estas medidas não deve ser superior a 1,0 cm. A visualização do músculo peitoral nesta incidência é desejável, mas possível 
em apenas 30% das pacientes. Outro critério na avaliação da incidência CC é a posição do mamilo, que deve estar 
localizado na linha média. 
A compressão é fator importante para uma boa mamografia. Diminuindo a espessura da mama, estamos diminuindo 
também a dose de radiação, possibilitando a adequada exposição de toda a mama numa única imagem e reduzindo a 
indefinição causada pelo movimento. O compressor utilizado deve ter o formato correto para que haja compressão 
adequada. Deverá ser explicado à paciente a importância da compressão, avisá-la quando esta será iniciada e aplicá-la 
gradualmente, até que a pele da mama esteja firme ou se atinja o limite de tolerância da paciente. A compressão inadequada 
pode causar sobreposição das estruturas da mama, exposição não uniforme do tecido mamário e imprecisão de contomos, 
dificultando a detecção de uma lesão. 
O contraste em uma mamografia permite perceber diferenças na atenuação dos tecidos que compõem a mama. É o grau de 
variação da densidade ótica entre diferentes áreas da imagem ou entre uma anormalidade e os tecidos circunjacentes. O 
aperfeiçoamento do contraste nos últimos anos deve-se ao tipo de filme, à qualidade da radiação, à exposição, ao 
processamento do filme e à redução da radiação secundária pela compressão e uso de grades nos aparelhos. Uma 
mamografia com bom contraste deverá apresentar grande diferença entre a densidade ótica e o tecido fibroglandular e da 
gordura. A gordura deverá ser de cinza escuro a preta e o tecido glandular de cinza claro a branco. 
A exposição à radiação resulta em escurecimento do filme ou aumento da densidade ótica e é proporcional ao produto da 
miliamperagem da corrente do tubo de raio X pelo tempo de exposição. Geralmente, o número de miliamperes por segundo 
tem um efeito maior na exposição e o pico de kilovoltagem tem maior efeito no contraste. Para uma exposição adequada, o 
desempenho do exposímetro ou foto-célula é fundamental. A sub-exposição é mais freqüente que a super-exposição, 
podendo resultar em exames falso-negativos. A sub-exposição é irreversível, enquanto que a superexposição pode ser 
compensada, por exemplo, com um foco de luz forte. A exposição mamográfica deve ser avaliada com correta iluminação, o 
que implica em negatoscópios específicos para mama, com alta luminescência, baixa luz ambiente e mascaramento 
adequado das mamografias. 
O ruído compromete a habilidade de discernir pequenos detalhes na mamografia, como microcalcificações, e é maior em 
filmes de alto constraste. 
A nitidez é a capacidade de um sistema mamográfico de definir uma margem ou bordo. A falta de nitidez está relacionada 
ao movimento, a fatores geométricos, com a distância entre a imagem e a fonte de RX, a filmes com dupla emulsão e 
contato inadequado entre o filme e o écran. O exame das mamografias com lente de aumento permite a identificação de 
áreas com discreta perda de nitidez. 
 
 
A. O posicionamento do receptor de imagem deverá ser paralelo ao plano do músculo 
peitoral para expor o máximo possivel de tecido mamário. 
B. Neste exame, o músulo está exposto aproximadamente até a linha mamilar posterior. 
C. No exame realizado um ano após, há maior exposição do músculo peitoral e do tecido 
mamário, possibilitando a visualização de nódulo no terço posterior da mama. 
 
Artefato é qualquer variação de densidade na imagem que não reflita as diferenças de atenuação verdadeiras da mama. Estes 
artefatos podem ser devido à falta de limpeza na câmara escura, à incorreta mani ulação do filme, à manutenção dos écrans, 
ao processamento, ao equipamento de mamografia e também à presença de objetos ou substâncias na superfície da mama no 
momento da exposição. As mamografias devem ser examinadas com uma lente de aumento para reconhecer artefatos, dos 
quais os mais comuns são poeira, fios, sujeira, arranhões e impressões digitais. 
Existem critérios para identificar as mamografias e facilitar a sua comparação entre diferentes serviços. Os itens essenciais 
para identificação são: nome do serviço, nome da paciente, incidência e lateralidade. Poderão também ser incluídos o 
endereço do serviço, a data de nascimento da paciente, a data da realização do exame, o número do chassis utilizado e as 
iniciais do técnico que realizou o exame. É recomendável que estes dados sejam impressos no filme de maneira permanente. 
A identificação da incidência e da lateralidade (direita ou esquerda) deverá sempre ser colocada próxima à axila para 
facilitar a orientação da imagem.

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