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prevalencia clausula de arbitragem

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2023.0000944756
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 
2267005-21.2023.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante 
AMAZON ENERGY LTDA., é agravado BF CAPITAL ASSESSORIA EM 
OPERAÇÕES FINANCEIRAS LTDA..
ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 16ª Câmara de Direito 
Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram 
provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra 
este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Desembargadores JOVINO DE 
SYLOS (Presidente), SIMÕES DE VERGUEIRO E MIGUEL PETRONI NETO.
São Paulo, 31 de outubro de 2023.
JOVINO DE SYLOS
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
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Agravo de Instrumento nº 2267005-21.2023.8.26.0000 -Voto nº 45392 2
VOTO Nº: 45392
AGVR.Nº: 2267005-21.2023.8.16.0000
COMARCA: SÃO PAULO
AGTE : AMAZON ENERGY LTDA
AGDO : BF CAPITAL ASSESSORIA EM OPERAÇÕES FINANCEIRAS 
LTDA
*Agravo de instrumento execução embasada em “contrato 
de prestação de serviços de assessoria financeira” - decisão 
que rejeitou a exceção de pré-executividade 
inconformismo do agravante executado que insiste na 
prevalência da cláusula de arbitragem questão já aventada 
e acolhida em anterior ação de cobrança promovida pelo 
exequente e fundamentada no mesmo contrato - pretensão 
executiva que agora encontra óbice na expressa redação do 
art. 486, § 1º, CPC/15 - obrigatoriedade da cláusula de 
arbitragem que está coberta pelo manto da coisa julgada 
formal, sendo inamissível pretender a credora ajuizar outra 
ação, a presente demanda executiva, para pleitear o mesmo 
crédito acolhimento da exceção de pré-executividade - 
extinção da execução reconhecida agravo provido.*
1. Cuida-se de agravo de instrumento 
contra o r. ato decisório de fls. 480/481, dos autos 
eletrônicos da execução de título extrajudicial no valor 
de R$208.223,59, embasada em “contrato de prestação de 
serviços de assessoria financeira” para modelagens 
econômicas e restruturação de dívidas, que rejeitou a 
exceção de pré-executividade oposta pela aqui agravante, 
porque “inviável reconhecer-se conexão entre o presente e 
os autos 1099254-51.2022.8.26.0100, que foram extintos 
sem resolução de mérito. Inviável reconhecimento da 
competência do juízo arbitral para a presente execução, 
posto não ter poder de coerção. Ainda, do próprio título 
consta que a aplicação dar-se-á nos casos de controvérsia 
e que a execução, assim como medidas cautelares e de 
urgência 'poderão ser pleiteadas, à escolha do 
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interessado, na comarca onde estejam o domicílio ou os 
bens de qualquer das Partes, ou na comarca de São Paulo, 
Estado de São Paulo'”. 
2. Nesta oportunidade, almeja a recorrente 
que “seja reconhecida a existência de cláusula arbitral 
que impede o prosseguimento da execução, amparada por 
sentença transitada em julgado, que reconhece a 
incompetência do Juízo Estatal para resolver qualquer 
controvérsia decorrente do contrato executado, devendo 
ser determinada a suspensão do processo de execução, nos 
termos do art. 921, inciso I, c/c 313, V, alínea 'a', 
ambos do CPC, tendo em vista a ausência de certeza e 
exigibilidade do título, bem como a coisa julgada 
relativa à incompetência do Juízo Estatal para julgar a 
matéria de defesa já apresentada no processo de nº 
1099254-51.2022.8.26.0100” (fls. 14).
3. Formado o instrumento, o recurso foi 
recebido e processado com suspensividade (fls. 23/24) e 
com resposta do agravado exequente, alegando, em síntese, 
que o contrato é título executivo extrajudicial e a 
cláusula arbitral é expressa quanto à exceção para 
execução, sequer comprovada a instauração do processo 
arbitral.
É o relatório.
4. Cuida-se de exceção de pré-
executividade apresentada nos autos da execução de título 
extrajudicial n. 1005154-70.2023.8.26.0100 no valor de 
R$208.223,59, embasada em “contrato de prestação de 
serviços de assessoria financeira”, sustentando a 
agravante a prevalência da cláusula de arbitragem, 
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inclusive matéria também arguida em defesa e acolhida na 
anterior ação n. 1099254-51.2022.8.26.0100, que assim 
fundamentou seu pedido de cobrança no valor de 
R$212.853,62: 
“5. Ao que pese a Autora ter cumprido as 
obrigações contratuais de forma regular, 
conforme se infere dos e-mails exemplificativos 
juntados à presente (Doc. 04), fato é que, em 
15.03.2022, a Ré informou que gostaria de 
rescindir o contrato, sem que ocorressem 
quaisquer das hipóteses contratuais previstas 
para tanto, ou seja, sem justa causa (Doc. 05).
6. Obviamente, a Autora não se opôs, porém 
requereu o pagamento das parcelas fixas mensais 
que até então estavam em aberto, quais sejam, 
aquelas vencidas a partir de29/10/2021 até a 
efetiva rescisão, considerado o aviso prévio.
7. Como não houve a quitação de forma amigável 
e, novamente, nos termos do contrato firmado 
entre as partes, especificamente, na cláusula 
10.4., a Autora enviou notificação 
extrajudicial tanto aos e-mails ali indicados, 
quanto por correios (Doc. 06), sem qualquer 
retorno.”
6. Por sua vez, a sentença proferida na 
ação de cobrança reconheceu a prevalência da 
obrigatoriedade da cláusula de arbitragem, extinguindo o 
feito no temos do art. 485, VII, do CPC/15: “Forçoso o 
reconhecimento da cláusula arbitral, que torna 
incompetente este Juízo. De fato, o contrato de prestação 
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de serviços acostado aos autos às fls. 24 e ss, 
especificamente em sua cláusula 9, estabelece que 
qualquer controvérsia decorrente do contrato, inclusive 
no que se refere ao cumprimento, execução e interpretação 
de seus termos, será resolvida por meio de arbitragem, 
elegendo-se a Câmara de Mediação e Arbitragem de São 
Paulo CIESP/FIESP. Portanto, ao contrário do que diz a 
autora, uma vez que se discute na presente demanda o 
cumprimento do contrato, cabe às partes se socorrer da 
arbitragem. Diante do exposto, julgo EXTINTO o feito, nos 
termos do artigo 485, VII, do CPC. Em virtude da 
sucumbência, a autora arcará com as custas processuais e 
honorários advocatícios da parte adversa que arbitro em 
10% do valor da causa.” 
7. A r. sentença de fls. 217/218, 
transitou em julgado em 08.12.2022 (fls. 232 dos autos n. 
1099254-51.2022.8.26.0100).
8. Nesse contexto, a pretensão executiva 
embasada no mesmo contrato encontra óbice na expressa 
redação do art. 486, CPC/15: “O pronunciamento judicial 
que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha 
de novo a ação. § 1º - No caso de extinção em razão de 
litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do 
art. 485, a propositura da nova ação depende da correção 
do vício que levou à sentença sem resolução do mérito. § 
2º - A petição inicial, todavia, não será despachada sem 
a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos 
honorários de advogado. § 3º - Se o autor der causa, por 
3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, 
não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo 
objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a 
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possibilidade de alegar em defesa o seu direito.”
9. Ora, ainda que se trate de extinção sem 
resolução do mérito, a questão da obrigatoriedade ou não 
da cláusula de arbitragem está coberta pelo manto da 
coisa julgada formal, sendo inamissível pretender a 
credora ajuizaroutra ação, ainda que executiva, para 
pleitear o mesmo crédito representado pelo referido 
“contrato de prestação de serviços de assessoria 
financeira”. 
10. Basta ver a redação da inicial da 
execução para se constatar que seus fundamentos são 
exatamente aqueles expostos na inicial da ação de 
cobrança n. 1099254-51.2022.8.26.0100, “ipsis litteris”.
11. Ante o exposto, acolhe-se a exceção de 
pré-executividade para determinar a extinção da execução 
n. 1005154-70.2023.8.26.0100, com base no reconhecimento 
da coisa julgada já produzida nos autos da ação n. 
1099254-51.2022.8.26.0100, que analisou e reconheceu como 
prevalente a cláusula de arbitragem, arcando a exequente 
com o pagamento da integralidade das custas e honorários 
advocatícios fixados em 10% sobre o valor atualizado da 
execução. 
12. Com esses fundamentos, dá-se 
provimento ao agravo.
JOVINO DE SYLOS
Relator
ag:js
		2023-10-31T08:20:56-0300
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