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Marcelle Pereira Raul Zibechi Pedro Pereira Leite Museologia insurgente e movimentos socias Informal Museology Studies nº 20 spring 2018 Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 2 Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 3 Ficha Técnica: Informal Museology Studies Papers on Qualitative Research Issue 1 spring /2018 Directory Pedro Pereira Leite ISSN – 2182-8962 Editor: Pedro Pereira Leite Publisher: Marca d’ Água: Publicações e Projetos Redaction: Casa Muss-amb-ike Ilha de Moçambique, 3098 Moçambique Lisbon: Passeio dos Fenícios, Lt. 4.33.01.B 5º Esq. 1990-302 Lisbon –Portugal Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 4 Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 5 Indice Museologia Insurgente e Movimentos Sociais ............................................... 7 1. Relação entre Dignidade Humana e Meio Ambiente ................................. 8 1.2. A situação dos direitos humanos e outras ligações de reconhecimento às questões ambientais como questão do Desenvolvimento Sustentável ..... 11 2. Normas de Direitos Humanos na Salvaguarda e Proteção Ambiental ........ 16 2.1. As obrigações processuais relacionadas com o ambiente ............. 16 2.2. Obrigações substantivas sobre o ambiente ................................ 19 3. Implementação da Teoria dos Direitos Humanos à Proteção Ambiental .... 24 3.1. Questões Constitucionais relacionadas com o Direito ao ambiente saudável .......................................................................................... 24 3.2. Boas práticas nos procedimentos do direito ambiental substantivo 27 3.3. Boas Práticas para proteger grupos vulneráveis em situações ambientais ....................................................................................... 30 4. Teoria Decolonial por Marcelle Pereira ........ Erro! Marcador não definido. 5. As Lutas dos Movimentos Sociais na Iberoamérica segundo Raul Zibechi Erro! Marcador não definido. 6. Estudos de Museologia Insurgente ............. Erro! Marcador não definido. Desafios para os museus em 2018 ............. Erro! Marcador não definido. Museu: De instituições a casas da poesia .... Erro! Marcador não definido. A Lei-Quadro dos Museus Portugueses Limites e Potencialidades ........ Erro! Marcador não definido. Políticas Culturais Públicas para Comunidades Urbanas Sustentáveis ... Erro! Marcador não definido. Sobre Políticas Culturais Públicas ............... Erro! Marcador não definido. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 6 Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 7 Museologia Insurgente e Movimentos Sociais Neste número dos Informal Museology Studies publicamos um conjunto de textos sobre a relação da Museologia Social com os movimentos sociais na busca do que podermos considerar uma “Museologia Insurgente”. Já num número anterior (nº 5, 2014) havíamos trabalhado questão dos movimentos socias na contemporaneidade. Agora regressamos procurando trabalhar a partir de prespetiva inovadoras. Num primeiro texto com um curso bres sobre a relação entre o ambiente na prespetiva da dignidade humana e dos movimentos sociais. De seguida apresentamos um texto seminal para a constituição duma reflexão sobre a Museologia Insurgente. Trata-se do capítulo da tese de doutoramento de Marcelle Pereira sobre “Museologia Decolonial”. De seguida apresentamos um texto sobre as lutas dos movimentos sociais na américa do sul por Raul Zibechi. É indubitável que as américas estão a produzir conhecimentos e movimentos sociais inovadores. Nos primeiros anos do milénio em vários países do continente sul americanos, concretizaram-se várias experiencias inovadoras. Temos vindo a procurar seguir esses movimentos a partir da sua conexão com os processos museológicos. Analisar os processos museológicos na sua adequação ao mundo contemporâneo. Finalmente regressamos a uma produção mais reflexiva sobre a realidade portuguesas. O texto “Estudos de Museologia Insurgente” procura trabalhar questões de atualidade portuguesa. Corrymeela, janeiro 2018 Pedro Pereira Leite. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 8 1. Relação entre Dignidade Humana e Meio Ambiente Objetivo deste curso breve consiste em relacionar as problemáticas dos Direitos Humanos com o Ambiente no âmbito dos trabalhos que temos vindo a desenvolver sobre as possibilidades de ação dos movimentos sociais no âmbito das epitemologias meridionais. Pretendemos com ele clarificar as relações entre os Direitos Humanos e o Meio Ambiente (i); Descrever brevemente a evolução da relação dos Direitos Humanos com o Ambiente (iii) Identificar os elementos constituintes das obrigações e das ações substantivas na relação entre direitos humanos e ambiente. 1.1. Proteção dos Direitos Humanos por via da problemática do ambiente De um modo geral a necessidade de dispor de um ambiente saudável ser considerada uma questão emergente no âmbito das problemáticas da dignidade humana e dos direitos humanos. Esta relação está a ser criada por duas vias: Por um lado, pela via do desenvolvimento sustentável, onde a disponibilidade de terra agrícola é essencial para combater a fome e a pobreza, pela necessidade de dispor de um ambiente saudável que permite garantir, num nível aceitável, alimentação saudável, a saúde das comunidades e o bem-estar geral das populações. Este é um nível de garantia. Numa segunda via, pelo exercício dos direitos afirmativos, como garantia dos direitos humanos, quando se exige a necessidade da participação das comunidades nos processos de decisão, nos direitos à informação e sobre o acesso aos tribunais em caso de violações dos direitos expressos nas leis, convenções e acordos, internacionais e nacionais. A questão da relação entre Direitos Humanos e Ambiente emerge na década de setenta. Em 1972, a Conferência de Estocolmo A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (em inglês United Nations Conference on the Human Environment) , a primeira reunião de chefes de estado organizada pelas Nações Unidas para tratar das questões da degradação do ambiente. Esta Conferência foi a primeira tentativa de procurar um equilíbrio nas relações do homem com o Meio Ambiente, de forma a procurar um desenvolvimento económico com redução da degradação ambiental. Foi nessa altura que surge a ecologia e se começa a difundir na sociedade a consciência dos efeitos nefastos da poluição urbana e rural, dos perigos da desflorestação e da poluição marinha. Esta relação, que hoje está presente na conceptualização do Desenvolvimento Sustentável, não está contudo explicita nos dispositivos legislativos do direito internacional público. Ela está contudo a evoluir e a surgir em diversos instrumentos, ao mesmo tempo que a jurisprudência dos tribunais de Direitos Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 9 Humanos, na sua resolução de conflitos que emergem a partir de questões ambientais, começam a tecer. De igual modo, a evolução das convenções regionais, começa a evidenciar que esta relação, entre Direitos Humanos e Ambiente, é uma relação que é mutuamente benéfica, que a afirmação dos direitos humanos contribui para a afirmação dos direitos ambientais. Finalmente, com a Carta Africana Dos Direitos Do Homem E Dos Povos, adotada em 1986 muitos dos benefícios que integram o corpo de valores dos Direitos Humanos são relacionados com as questões ambientais. Esta clarificação passa a ser usada pelos diferentesgovernos e surgem novas formas de afirmação dos direitos ambientais relacionados com direitos humanos. Direitos Humanos: Procedimentos e obrigações substantivos As questões do ambiente tem vindo a ser associadas às causas do direito à vida com qualidade, o direito á saúde e ao ambiente saudável. Nesse sentido, e na medida em que o direito à vida, enquanto direito universal e inalienável, implica que o ambiente seja adequado a essa vida, e em caso de situação ambiental de degradação para as condições básicas de vida, emerge o direito de remediação e reparação. De igual modo, o direito à alimentação adequada, a saúde e à educação, enquanto direitos humanos básicos, são concretizados num determinado contexto, onde o ambiente deve ser adequado. Desta forma os dois campos de direito encontram-se relacionados, configurando um quadro substantivo inter-relacional entre direitos e obrigações. Já no campo dos procedimentos, do qual depende a afirmação do exercício dos direitos humanos, os Estados, que são sujeitos que regulam e aplicam as normas jurídicas devem respeitar no direito do ambiente os três princípios que emergem dos direitos humanos, a saber: o direito à informação, o direito de participação, e o direito de acesso às instituições jurídicas para dirimir eventuais conflitos e exigir reparações. O acesso à informação é uma exigência e um pré-requisito da exigência de participação pública nas tomadas de decisão políticas. Está consignado deste o acordo de Aarhus (1998) estabelecido na “Convenção sobre Acesso à Informação, Participação do Público no Processo de Tomada de Decisão e Acesso à Justiça em Matéria de Ambiente . A participação do público obriga a que as pessoas que estão implicadas nos processos de decisão sejam ouvidas. Decorre também da Convenção de Aarhus. A participação e a auscultação dos interessados é um momento necessário no processo de produção legislativa. Finalmente o acesso à justiça implica que sejam criadas condições para que os cidadão, que de alguma maneira se sintam lesados por questões que decorrem da violação dos seus direitos e garantias, devem ter condições de acesso à Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 10 justiça e a serem ressarcidos dos prejuízos que decorram de situação de incúria nos deveres de salvaguarda ou violação dos direitos humanos e ambientais. O acesso à justiça querer a existência de tribunais, que funcionem de forma independente com capacidade de ouvir e respeitar as garantias processuais que cada vítima apresente e tomar decisões apropriadas para a reparação dos danos ou sua minoração. A relação Direitos Humanos Direitos do ambiente Em suma, os direitos ambientais constituem um pré requisito para a concretização dos direitos humanos. A partir da teoria dos direitos humanos é possível identificar 3 benefícios para a política do ambiente: • Uma melhor integração entre os valores humanos a proteger e os e a proteção do valores ambientais identificados • Da sua relação emergem obrigações e procedimentos substantivos que os governos e as entidades administrativas devem regular • Da relação emergem novas formas de debate nas instituições e nas problemáticas dos Direitos Humanos Da organização e os procedimentos que resulta da relação entre os Direitos Humanos e o ambiente verifica-se uma necessidade de ampliar os mecanismos de informação à comunidade, de ampliar a sua participação pública nos processos de decisão das questões que lhes dizem respeito, e dum maior acesso há justiça para reparação e minoração de danos. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 11 1.2. A situação dos direitos humanos e outras ligações de reconhecimento às questões ambientais como questão do Desenvolvimento Sustentável O objetivo deste ponto é dar uma ideia geral da ligação entre os Direitos Humanos e as questões ambientais, identificar e reconhecer essas ligações e entender que novas interfaces estão a surgir. Procura-se igualmente conhecer os instrumentos mais importantes do sistema de Direitos Humanos e identificar as normas e artigos mais importantes do corpo jurídico dos Direitos Humanos. O Sistema internacional de Direitos Humanos é constituído por um conjunto de tratados, convenções e recomendação ou compromisso, aprovados por organismos internacionais, regionais e multilaterais, que depois de transferidos para as ordens jurídicas internas dos estados, criam um conjunto de direitos e obrigações. Este conjunto de instrumentos legais têm vindo a acentuar a ligação entre os Direitos Humanos e direito do ambiente. Os tratados mais antigos não referem, de forma explícita as questões ambientais. Apelam contudo a práticas que acabam por ter relação com os problemas da degradação ambiental e dos direitos de o ambiente. Os diferentes tratados sobre Direitos Humanos, também não são explícitos em questões ambientais, mas nos documentos mais recentes, é possível encontrar e reconhecer que a ligação entre o ambiente e os direitos humanos se começa a evidenciar, constituindo-se como uma fonte para os Direitos Humanos. A Carta das Nações Unidas, escrita e aprovada em 1945 , na sequência do final da Guerra não refere explicitamente o ambiente como um objetivo das Nações Unidas. Tem como objetivo promover os Direitos Humanos, contribuir para a Manutenção da Paz e da Segurança internacional, promover o progresso económico e social e facilitar a cooperação internacional entre os povos . Por exemplo se consideramos o que está expresso no nº 3 deste artigo 1º “de realizar a cooperação internacional resolvendo os problemas internacionais de carácter económico, social, cultural ou humanitário, promovendo e estimulando o respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião” podemos verificar que não há uma referencia explícita ao ambiente, embora se saiba que muitos destes problemas internacionais estão hoje ligados a questões ambientais. Também quando em 1946 é aprovada a “Declaração Universal dos Direitos do Humanos” onde estão instituídos os direitos fundamentais, encontramos uma referência explícita aos direitos políticos e civis, como direitos universais inalienáveis, interdependentes e indivisíveis, iguais e não discriminatórios. Nesta declaração não há uma referência explícita ao Ambiente, embora se possa inferir que a concretização dos diferentes direitos que aí são consignados só se podem concretizar num contexto ambiental saudável. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 12 Cada instrumento internacional transporta na sua conceção um pouco do tempo e das preocupações duma época. A agenda do ambiente ainda não era na altura um tema de relevância. Através dos sucessivos tratados e protocolos que vão aperfeiçoando estes instrumentos, é possível identificar uma linha de evolução. Na Declaração do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em dezembro de 1966, podemos verificar que as questões do ambiente começam a ganhar relevância para os indivíduos e grupos (ou comunidades). Nesto pacto que institui o Comité das Nações Unidas para os Direitos Humanos, os Estados signatários não só se comprometem em assegurar a proteção dos direitos civis fundamentais (direito à proteção da vida por exemplo no artigo 3º), como obriga os Estado a tomar medidas para reduzir a mortalidade infantil, a malnutrição, a reduzir as epidemias e assegurar o acesso às riquezas naturais dos diferentes territórios, incluindo os que se encontravam sujeitos a dominação colonial ou a mandatos das Nações Unidas. Nele surge também os princípios dos direitos coletivos. Em 1966 no Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais , adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidasem Dezembro de 1966 institui de forma mais clara esta obrigação dos estados asseguraram a proteção dos indivíduos e dos grupos, ligando estes direitos ao direito de acesso às riquezas e recursos naturais. Ao mesmo tempo fica claro que os Estados têm a obrigação de garantir esse acesso. Em 1993, na chamada Declaração de Viena, onde na conferência Mundial dos Direitos Humanos é aprovado um Programa de Ação no seu artigo 11 refere explicitamente a ligação entre os direitos humanos e o direito ao ambiente quando afirma que “ o direito ao desenvolvimento deve ser realizado de modo a satisfazer, de forma equitativa, as necessidades de desenvolvimento e ambientais das gerações presentes e vindouras”. Nesse artigo é reconhecido os efeitos nefastos da poluição e as suas consequências para a saúde pública. Está estabelecida de forma inequívoca a relação entre Direitos Humanos e Direito ao Ambiente. No campo do Direito do Ambiente, a ligação aos Direitos Humanos também pode ser rastreada através dos sucessivos instrumentos internacionais. Em 1972, na Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo na Suécia, conhecida Conferencia de Estocolmo que institui o documento fundador do Direito Ambiental Internacional, refere, nos seu primeiro princípio que “O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e espiritualmente.” Está implícita que há uma relação entre o desenvolvimento o ambiente e os direitos humanos. O desenvolvimento, visto numa forma holística como acesso ao bem-estar, á saúde e à educação e com Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 13 direito a uma vida digna, concretiza-se num território que onde as ações ambientais devem ser ponderadas, melhorada, remediadas. Essas preocupações de relação entre os Direitos Humanos e o Ambiente surgem noutros instrumentos internacionais. Em 1992, na “Declaração do Rio Sobre Ambiente e Desenvolvimento” que se realizou no Brasil, no Rio de Janeiro em Junho de 1992 e que dá sequencia à Conferencia de Estocolmo, reafirma a profunda ligação entre o Desenvolvimento e o Ambiente considerando a natureza integral e interdependente da do planeta Terra, no âmbito do qual se concretizam os Direitos Humanos. A Conferencia do Rio reafirma no seu princípio 10 as três questões essenciais na prática dos Direitos Humanos: o direito á informação, o direito à participação nas decisões que digam diretamente respeito às pessoas e comunidades, e o direito a acesso a instituições de justiça, independentes e efetivas para dirimir conflitos e exigir reparações. Reafirma também que é aos Estados que cabe o papel de assegurar o acesso à informação, o direito de participação e o acesso à justiça. Acesso que pode ser individual ou de grupos. Esta relação entre Direitos Humanos e Direito do Ambiente fica inequivocamente estabelecida na Declaração sobre o Desenvolvimento Sustentável, aprovada em Joanesburgo em 2002 . Nesta declaração de alto Nível, o seu artigo 18 reafirma o princípio da “indivisibilidade da dignidade humana e estamos resolvidos, através de decisões sobre metas, prazos e parcerias, a rapidamente ampliar o acesso a requisitos básicos tais como água potável, saneamento, habitação adequada, energia, assistência médica, segurança alimentar e proteção da biodiversidade.” O Desenvolvimento sustentável, como surgirá em 2015 na Declaração que aprova os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e os Acordos de Paris de 2015 sobre alterações Climáticas implica uma relação estreita entre Direitos Humanos e Direitos Ambientais. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 14 1.3. Sistemas Regionais e outras instituições que intervém na relação entre Direitos Humanos e Direitos Ambientais O objetivo deste ponto é apresentar os diferentes organismos regionais de direitos humanos, os instrumentos e ferramentas disponíveis. Procura-se identificar algumas questões essenciais nesta relação. No campo dos instrumentos regionais, que mais tarde irão influenciar a agenda internacional e surgir nos acordos subsequentes, o surgimento da ligação entre os Direitos Humanos e Direitos do Ambiente decorre mais cedo. A Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos , a Carta de Banjul, assinada em 1981 com entrada em vigor em 1986, nos seus artigos 21 e 24 estabelece essa ligação de forma inequívoca. No artigo 21º afirma “Os povos têm a livre disposição das suas riquezas e dos seus recursos naturais. Este direito exerce-se no interesse exclusivo das populações. Em nenhum caso um povo pode ser privado deste direito.” (art.º 21, nº 1) e atribui ao Estado o compromisso de defender o património ambiental: “Os Estados Partes na presente Carta comprometem-se, tanto individual como coletivamente, a exercer o direito de livre disposição das suas riquezas e dos seus recursos naturais com vista a reforçar a unidade e a solidariedade africanas. (art.º 21 nº 4) Esse direito ao ambiente é reforçado pelo artigo 24º que diz: “Todos os povos têm direito a um meio ambiente satisfatório e global, propicio ao seu desenvolvimento.” Acentua o direito ao ambiente e como condição de concretização do direito ao desenvolvimento, no âmbito do qual se concretizam os Direitos Humanos. Na sequência destas disposições ficou famoso o estabelecimento do direito á reparação de danos ambientais nas terras dos Ogani. O Caso “oganiland” é usado como exemplo (2001) . Um outro caso que é também muito citado para defender o direito das minorias à terra e à qualidade ambiental, é o caso “Endroise Case” (2009) que dirime o conflito entre essa empresa o Quénia . Na Europa, as relações entre direitos Humanos e Direito do Ambiente emerge nos instrumentos regionais. A Carta Europeia dos Direitos Humanos e as disposições dos seus protocolos adicionais revelam essa evolução. A Carta, aprovada em 1950, tal como a Declaração Universal de 1946. Está muito centrada nos direitos políticos e civis. Mas alguns dos protocolos adicionais vão acentuar a relação entre Direitos humanos e Ambiente, ao referir que a degradação ambiental pode interferir com o bem-estar e a proteção dos direitos humanos A Carta Social Europeia de 1999 , adotada em 1996, estabelece que a qualidade do ambiente está relacionada com a implementação efetiva dos diversos Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 15 direitos sociais (assistência social à infância e população idosa, saúde, educação e trabalho. Também aqui a jurisprudência tem vindo a reforçar estas ligações, suprimindo através das suas decisões, as referencia efetivas da ligação entre os Direitos Humanos e o Ambiente. O Caso Oneryildz do contra a Turquia mostra o papel que os estados devem assumir na proteção ambiental. Neste caso o Estado turco foi condenado a pagar uma indemnização aos familiares de dois membros duma família falecidos numa explosão de gás metano em Istanbul, em 1993. A decisão é tomada com base no artigo 2ª da convenção em que a convenção é usada como um instrumento para a proteção dos direitos humanos básicos, responsabilizando aqueles que devem tomar as medidas adequadas para a sua salvaguarda efetiva. O artigo 2º afirma, no seu nº 1 que o direito á vida é protegido por Lei. A Convenção Americana dos Direitos Humanos , aprovada em 1969 também refere algumas disposições que permitem abrir processos e criar ações de reparação por danos ambientais sofrido por cidadão ou comunidades sul- americanas. A proteção individual dos Direitos Humanos pode incluir, em certas situações, a proteção contra danos provocados por desastras ambientais. Em 1988 o Protocolo adicional de San Salvador , no seu artigo 11º. Onde se refere ao “Direito a um meioambiente sadio” refere-se que todas as pessoas têm o direito a viver em meio ambiente sadio e a contar com os serviços públicos básicos (1), bem como cabe ao Estado a promoção, preservação e melhorias do meio ambiente(2). Também nos mais de 100 estados do mundo, que assinaram as diferentes disposições sobre direitos Humanos e direito do Ambiente existe diferentes disposições que efetuam a ligação entre o ambiente e a afirmação dos Direitos humanos, seja no campo da saúde, da educação da assistência social. Os governos são, não só os principais agentes de produção legislativa nesta matéria, como se constituem como os principais atores que implementam soluções que compatibilizam o ambiente e os direitos humanos Em síntese. Vale a pena reforçar três ideias na relação entre direitos humanos e ambiente, nos diferentes instrumentos regionais e nacionais. A Carta Africana dos direitos Humanos e Direitos dos Povos contém diversas disposições que ligam os Direitos Humanos com o Direito do ambiente. Na Carta europeia dos direitos Humanos, apesar de essa ligação não ser linear, a relação entre a degradação ambiental e o papel dos estados na sua salvaguarda, tende a constituir-se com sujeito da lei. O mesmo sucede na America Latina. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 16 2. Normas de Direitos Humanos na Salvaguarda e Proteção Ambiental No próximo ponto abordamos as questões bases da aplicação dos direitos Humanos e as normas substantivas das obrigações em relação ao Ambiente. No final deverá ser possível identificar os procedimentos e obrigações dos Estados para a salvaguarda do Ambiente e as ações para aplicação dos Direitos Humanos. Deverá ainda ser possível explicar a base normativa das obrigações. 2.1. As obrigações processuais relacionadas com o ambiente A degradação do ambiente pode integrar um conjunto vasto de questões que afetam os Direitos Humanos. As questões climáticas, a saúde pública global, a segurança alimentar, o acesso à água, o direito à habitação. São obrigações dos Estados para salvaguardar os Direitos Humanos e proteger o ambiente: a) Identificar as ameaças ambientais e preparar ações de informação ao público b) Facilitar a participação pública sobre as decisões de projetos que afetam o ambiente c) Promover a remediação dos efeitos das alterações ambientais que implicam ou possam implicar a violação dos Direitos Humanos. Os titulares dos Direitos Humanos são portadores de direitos a: • Beneficiarem de ações de informação; • Participarem nas decisões; • Terem acesso a indemnizações justas. As obrigações de prestar informações sobre os riscos ambientais e fornecer informação ao público implica que os titulares dos direitos tenham não só acesso às informações pertinente, como tenham direito a partilhar essas informações, incluindo o direito à liberdade de expressão . O Estado tem o dever de providenciar o acesso à informação para proteger os Direitos Humanos e os riscos e implicações ambientais das ações e projetos em curso ou realizados . O Estado tem deveres de facilitar ações afirmativas para providenciar informações sobre os impactos potenciais e os riscos das propostas e projetos, com implicações no território e ambiente, sobretudo naqueles em que potencialmente haja interferência com o gozo e usufruto dos direitos Humanos. Por exemplo, o Compromisso de Acesso à água, que é referido na Declaração do Comité Económico e Social e dos Direitos Culturais da ONU , de 2003, refere que devem ser dados a todos os indivíduos todas a informação relativa ao uso da água e do ambiente. Afirma ainda que as obrigações de informar os Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 17 impactos sobre o ambiente estão expressas na Declaração do Rio (1992) e na Convenção de Roterdão relativa ao Procedimento de Prévia Informação e Consentimento para determinados Produtos Químicos e Pesticidas Perigosos no Comércio Internacional (2004) , onde se torna necessário que seja obtido o consentimento prévio para exportação de um produto químico proibido ou severamente restringido (incluídos no anexo III). Implica que essa informação de perigosidade deve ser dada ao importador, implicando ainda intercâmbio de informações entre as partes sobre os produtos químicos potencialmente perigosos passíveis de serem exportados Este conjunto articulado de disposições da Convenção de Aarhaus, as Orientações de Bali, a que se junta mais recentemente o Acordo de Paris sobre Alterações Climáticas (2015) , são constitutivas dos três princípios básicos da relação entre Direitos Humanos e Salvaguarda Ambiental: Direito à informação, participação e acesso á justiça para reparação. Estas disposições aplicam e concretizam o princípio 1º da Declaração do Rio. As diversas convenções regionais adotam os modelos das Disposições das Nações Unidas. Por exemplo, a União Europeia assinou com a ONU o Protocolo de Registo e emissão de Poluentes (PRTR - Protocolo on Pollutant Release and Transfer Registers) , no qual são claramente adotados os princípios da Convenção de Aarhus. Noutros estados são adotadas leis específicas que dão acesso à informação. Por exemplo, na Noruega e na África do Sul, a obrigação de informação implica informação relevante sobre questões trans territoriais. Finalmente, o Banco Mundial estabeleceu como exigência do financiamento de projetos internacionais estudos sobre impactos ambientais. Onde se gera a obrigação substantiva dos Estados prestarem informação e favorecer a participação pública: Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, no artigo 21 está expresso o Direito à Participação Pública. Na Convenção Internacional dos Diretos Civis e Políticos, no seu artigo 25º também. Por outro lado os estados devem tomar medidas para evitar a liberdade de expressão e associação, devem tomar medidas para proteger a vida, a liberdade e a segurança dos indivíduos e o gozo desses direitos. Para além disso, os trabalhadores que exerçam funções nas áreas dos recursos naturais e ligados às atividades de natureza enfrentam importantes desafios, que o Estado assume o dever de prevenir e informar. Todos os anos, várias centenas de ativistas de Direitos Ambientais foram alvo de violência em todo o mundo. Em 2014 foram contabilizadas 900 assassinatos de ativistas ambientais, cerca do dobro das ocorrências em relação a 2004. O direito humano e o direito ao ambiente estão ligados. Em síntese, cabe aos Estados promover e acompanhar os estudos de impacto ambiental e neles propor medidas de informação e participação ao público . Os Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 18 Estados devem facilitar os processos de promoção da participação pública das questões ambientais. Os Estados devem providências acesso a processo de reparação e remediação de danos: através da promulgação de leis adequadas e acesso a sistemas de remediação para a violação de Direitos Humanos. Em alguns tratados sobre o ambiente podem encontrar-se disposições que obrigam o Estado a assumir a reparação dos danos ambientais. O princípio 10 da Declaração do Rio defende acesso à justa remediação. Os Princípios de Bali afirmam que os procedimentos devem ser abertos, jutos, transparentes, equitativos e financeiramente acessíveis; b) providenciar uma efetiva remediação; c) com decisões tomadas em tempo razoável; e d) o público deve ter uma informação adequada. Em síntese, são 3 as obrigações dos Estados 1. Estabelecer um sistema de informação ambiental, apresentar ações de informação para o público; 2. Facilitar a participação pública, e; 3. Providenciar remediação para violações de direitos humanos. Os princípios do Rio servem de suporte às Orientações de Bali. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 19 2.2. Obrigaçõessubstantivas sobre o ambiente Neste ponto constitui objetivo: a) explicitar as obrigações substantivas a adotar pelos vários instrumentos legais para proteção e resposta a situações e processos de degradação ambiental, na sua relação com os Direitos Humanos; b) analisar e descrever os processos de decisão que os Estados devem desenvolver para encontrar um equilíbrio e limites entre a salvaguarda do ambiente e as obrigações sociais; e c) ilustrar como os Direitos Humanos se constituem como obrigações sustentáveis nos Estados para proteger contra acidentes ambientais. A questão do pepel do estado para proteger contra acidentes ambientais que podem afetar a vida e o bem-estar das pessoas e comunidades. Quando os acidentes ambientais interferem com o gozo dos direitos protegidos por instrumentos internacionais, como é o caso dos Direitos Humanos e de outros instrumentos sobre direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais, os Estado tem obrigações em relação à reposição desses direitos e à sua remediação. Devem assegurar que eles se concretizem e desenvolver atividades tendentes à sua resolução. Aos tribunais compete administrar as situações de regulação dos direitos Humanos. Por exemplo, o Tribunal Europeu dos direitos do Homem considera que cada estado dever regular com normas administrativas que assegurem o usufruto dos direitos humanos e a continuidade das atividades económicas. Isto significa, que a legislação a desenvolver pelos estados membro devem ter limites na base da compatibilização entre as necessidades de proteção ambiental, as questões sociais e direitos humanos e as questões de relevância social, como é por exemplo a atividade económica. Este balanço tem que ser razoável, não pode resultar em situações injustificadas, injustas que afetem o gozo dos direitos humanos. No processo de decisão do Estado sobre o balanço justo entre Direitos Humanos devem ter em conta os seguintes fatores: a) que as leias ambientais resultem de processo de participação pública que cumpram os requisitos fundamentais de acesso a informação relevante e tempo de consulta; b) que estejam de acordo com as leis e disposições internacionais e com os padrões de saúde global aceites; c) que não sejam regressivas; d) que não promovam ações discriminatórias; e e) sejam efetivamente implementadas. Também a Comissão Inter americana para os Direitos Humanos defende obrigação dos Estados de proteger agentes e atores com função na área do ambiente. O direito à saúde e em particular, as disposições e procedimentos sobre Saúde Global, são dos mais importantes indicadores a ter em conta nas medidas de proteção. Deles resulta a obrigação de proteger de forma especial, todos os atores envolvido, sejam eles do estado ou não. A Decisão do Representante Especial do Secretário-geral das Nações Unidade para os Direitos Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 20 Humanos afirma que os Estados têm o dever de proteger contra abusos de atores não estatais dentro do regime de direitos humanos. Esse dever obriga a regular e a relatar internacionalmente os abusos e riscos provocados pelas empresas nas suas obrigações ambientais (A/HRC/4, p 18). O dever de proteção de riscos contra terceiras partes que o Estado deve assumir implica o dever de prevenir e remediar . Por exemplo, no acesso à água, o estado de tomar medidas para prevenir os efeitos de poluição por terceiros com base no direito á água . Não se trata de encerrar atividades potencialmente danosas para o ambiente, mas executar essa prevenção com base no balanço entre proteger o ambiente, os direitos humanos e outros direitos económicos. Essas decisões devem ser razoáveis e tomas com base na Teoria dos Direitos Humanos. Em suma, as medidas a tomar pelos estados devem preceder de decisões que foram tomadas com base em procedimentos de informação relevante e processos participativos, estarem de acordo com as leis gera, com os direitos humanos e com as normas de saúde pública e ambiental, não serem discriminativas e ser eficaz na implementação. As obrigações resultantes das ameaças ambientais transfronteiriças é uma outra questão a que os Estados devem estar a tentos e desenvolver medidas de prevenção e remediação. As áreas transfronteiriças são áreas de maior vulnerabilidade. Uma ameaça ambiental numa zona de fronteira limita por um lado as possibilidades das ações dos estados, na medida em que não podem atuar diretamente em outros territórios, e implica o desenvolvimento de ações transfronteiriças de negociação e cooperação em situações de diferentes tradições e instrumentos legislativos. Os princípios de proteção dos cidadãos é um princípio fundador da ação que já se encontra presente em mutis das convenções e instrumentos internacionais, como por exemplo a Convenção Internacional dos Direitos humanos e a Carta African dos direitos dos Povos e Direitos Humanos. Outro caso, por exemplo o artigo 2º do ICESCR A Convenção Internacional dos direitos Económicos, Sociais e Culturais, define as bases das jurisdições nacionais e estabelece os limites para a sua aplicação a terceiros, incluindo membros de outros estados a atuar nos territórios nacionais. Outras Convenções, como a Convenção opara os Direitos da Crianças, a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, ou a Convenção Inter americana dos Direitos Humanos estende das medidas aos indivíduos às influências de ações realizadas em outro estados, mas deixa pouco claras as ações que sendo realizadas nos estados, influencia processos ambientais em outros estados. Em conclusão, a obrigação substantiva dos Estados em Matéria ambiental é um processo complexo e em evolução. É todavia claro que os Estados devem proteger os seus cidadãos com base na teoria dos direitos humanos, nos seus Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 21 territórios e proteger de forma ativa contra ações de partes terceira, incluindo as ações das empresas. A obrigação de proteger os Direitos Humanos dos riscos ambientais implica a necessidade de limitar as atividades que implicam a degradação ambiental com destaque para a saúde público e direitos humanos. Essa ação de regulação dos estados deve resultar de um balanço entre a relevância social da atividade de os direitos humanos. A base da regulação é que uma ação no ambiente não pode resultar em danos para os Direitos humanos. Quando isso sucede, devem ser tomadas medidas de remediação e contenção de danos, presentes e futuros. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 22 2.3. Obrigações dos Estado para com os marginalizados e as situações mais vulneráveis Neste ponto procura-se explicitar os princípios de equidade e não descriminação nos direitos que os mais vulneráveis dispõem e atividades e ações ambientais de que podem resultar prejuízo para os seus direitos humanos. Identificar as obrigações dos estados para com os sectores da população mais marginalizados ou em situação vulnerável. E finalmente compreender quais as obrigações para com estes grupos, mais desfavorecidos e vulneráveis, bem como a necessidade de desenvolver ações de melhoria dos direitos à igualdade e não discriminação. Na base da Lei dos Direitos Humanos está o princípio da Igualdade e não Descriminação. É o Estado que cabe assegurar o cumprimento da Lei, através de legislação e ações de informação dos cidadãos. Quando a lei é violada, devem existir mecanismos de remediação. Trata-se dum direito universal e inalienável. Dos sete princípios do Direito nas Nações Unidas (prestação de contas, equidade, não discriminação, participação, transferência, empoderamento, sustentabilidade e cooperação internacional) os princípios da equidade e da não discriminação são constitutivos da teoria dos Direitos Humanos. Isso significa, que na abordagem dos direitos humanos,embora estes princípios ganhem relevância como ponto de análise, os vários princípios devem-se concretizar em conjunto. No contexto das políticas públicas ambientais dos Estados a introdução da teoria dos Direitos Humanos aumentam as obrigações dos estados para com os marginalizados e aqueles que vivem situações vulneráveis, de forma a assegurar as suas obrigações para melhorar o direitos à igualdade e à não discriminação. Os processos de discriminação são multifacetados. Acontece não apenas na sociedade, mas também nas estruturas pública e nas políticas públicas. A discriminação afeta o modo como as pessoas são tratadas (por exemplo no acesso á educação, acesso à saúde, aos serviços sociais, á habitação, à administração da justiça, ao sistema fiscal e às questões ambientais. Em muitos estados, mesmo em situações de emergência, os Estado estão obrigados a manter a obrigação de não discriminar Que Instrumentos existem para atuar na não discriminação de minorias e grupos sociais desfavorecidos? A Convenção contra todas a Forma de Descriminação contra as Mulheres (CEDAW) (1979) identifica varias situações ambientais que podem afetar os direitos das mulheres. Por exemplo no artigo 14ª referem a necessidade de “De beneficiar de condições de vida convenientes, nomeadamente no que diz respeito a alojamento, saneamento, fornecimento de eletricidade e de água, transportes e comunicações”, questões que podem ser afetas pelas alterações Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 23 climática, pela contaminação dos solos e da água ou mesmo em situações de calamidade nuclear. A CEDW recomenda que os Estados membros da convenção reforcem a suas obrigações para com as mulheres, promovendo pontos focais para observação de atividades de descriminação e desigualdade de acesso a), e criar unidades especiais de promoção da informação sobre danos e promoção da reparação de situações de violação de direitos. Também nas ações relativas às Crianças estabelecidas na Convenção dos Direitos das Crianças (1989) se defende que os direitos das crianças podem ser particularmente afetados pela degradação ambiental. Nesse sentido, todas as ações relativas às crianças, nomeadamente aquelas ações tomadas pelas autoridades administrativas e corpos legislativos devem ter em atenção os melhores interesses das crianças em primeiro lugar. Medidas adequadas à idade e género da criança. Os povos indígenas, por outro lado, são comunidades que se encontram em grande risco de degradação ambiental nos seus territórios originários, na medida em que, por um lado os territórios são vistos como espaços de exploração de matérias-primas, onde a propriedade e os seus direitos são pouco reconhecidos, ao mesmo tempo, que por razões da sua proporia situação, dispõem de poucas capacidades afirmativa dos seus direitos, em grande medida por desconhecimento dos mecanismos de atuação das leis nos Estados nacionais. São comunidades espacialmente vulneráveis, devido á sua dependência dos recursos ambientais para a sua vida económica, social e cultural. Em síntese, os Estados devem: a) reforçar a suas obrigações de aplicar os princípios de equidade e não descriminação em todas as políticas; b) no contexto da formação das políticas ambientais os estados devem estender e reforçar as suas obrigações para com os mais desfavorecidos, os marginalizados e mais vulneráveis; c) assegurar que no seu direito interna não existem legislações que colidem com os princípios da não discriminação e equidade; d) que mesmo em situações de emergência, os princípios de equidade e não descriminação, não sejam derrogados e as obrigações sejam mantidas. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 24 3. Implementação da Teoria dos Direitos Humanos à Proteção Ambiental Nestes próximos pontos abordamos a forma como o direito constitucional tem vindo a incorporar o direito à saúde ambiental, as boas práticas e os procedimentos substantivos para a proteção ambiental. 3.1. Questões Constitucionais relacionadas com o Direito ao ambiente saudável Direito Constitucional e Saúde ambiental: É objetivo deste ponto explicitar os valores a adaptar no campo do direito à saúde ambiental. Distinguir entre o direito explícito à saúde ambiental e o direito implícito ou derivado da saúde global, bem como outros instrumentos constitucionais, tais como o direito à vida e à saúde. Como incluir o Direito Ambiental nos níveis constitucionais pode contribuir para fortalecer o ambiente em diversos países? O direito constitucional exprime um valor simbólico. Aumenta a perceção do valor do bem a proteger. Dessa forma, a expressão dum direito constitucional facilita a sua regulamentação e normatização no direito comum e aumentar a perceção do seu valor na comunidade. A conversão dos direitos ambientais no direito interno dos Estados e Regiões melhora o acesso ao direito pelo público. A presença do direito ambiental na arquitetura jurídica dos estados, melhora a performance do ambienta no âmbito do desenvolvimento sustentável. Apesar de não existir um acordo internacional que exprima os princípios do Direito ambiental, ele já hoje está presente em mais de 90 constituições em diferentes estados. Isso significa que é hoje reconhecimento como um direito. Em alguns casos, como por exemplo nos EUA, embora o direito ambiental não esteja expresso na sua constituição, ele surge nos textos de alguns Estado (como por exemplo Havai, Ilinóis, Massachusetts, Montana, Pensilvânia). O Direito ambiental, expresso através de instrumentos legislativos, atinge vários objetivos: • Explicita os direitos expressos nas constituições; • Permite ações implícitas relacionadas com outros direitos fundamentais, como o direito à vida e à saúde. • Adicionalmente, a formulação legislativa dos direitos ambientais, admite implicitamente o direito à informação e á participação e acesso à justiça Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 25 Por exemplo Portugal, em 1976, foi o primeiro país do mundo a formular no seu direito constitucional o direito ao ambiente (artigo 66º da CRP ). De 1976 a 2016 mais de 90 estados adotaram o direito ambiental nas suas constituições. Dois exemplos, Costa Rica e França: A costa Rica, em 1994, através do artigo 50º define que todas as pessoas têm direito à saúde ambiental, incluindo o direito à informação e à participação nas decisões sobre o ambiente. Em França, a aprovação da Carta do Ambiente, em 2004, que tem o mesmo estatuto da Declaração de 1789 sobre os Direitos dos cidadãos e da introdução à constituição de 1946), coloca o Direito Ambiental ao mesmo nível dos Direitos Civis e Políticos. Como é que o Direito constitucional pode aumentar o Direitos ao ambiente: Quando o direito é implícito de um outro direito constitucional, ele acaba por assumir, por derivação, a força de direito constitucional. Mais de 20 países incluíram no seu direito constitucional o direito implícito ao ambiente. É o caso, por exemplo da Índia e do Nepal: Na Índia o Supremo Tribunal decidiu, no caso “Subhas vs Estado do Bihan”, que o direito ao ambiente é fundamental de acordo com o artigo 21º da constituição e afirma que a vida livre de poluição, de água e ar, é fundamental para completo gozo da vida; No Nepal, o Tribunal Supremo diz que a Saúde ambiental e um ambiente limpo são indispensáveis à vida humana. A relevância do Direito ambiental, face a outros direitos A Organização Mundial de Saúde defende por seu lado, que o ambiente é o que resulta de “todos os fatos físicos, químicos e biológicos”, necessários à vida das pessoas e que se relacionam com os seus comportamentos. Como tal, em muitos tribunais, encontram nessa disposição, um fundamento para o Direito ao ambiente. A constituição italiana, por exemplo no seu art.º 32,refere que o Direito à Saúde é um direito fundamental. Na sequência, uma decisão do Supremo Tribunal, de 1990, decide-se que as questões do ambiente tomam relevância face às questões económicas Há também vária jurisprudência de tribunais em que se defende o direito implícito ao ambiente é exclusivo do direito à vida e á saúde. Há por exemplo decisões em que se defende que ambos os direitos, ao ambiente e á vida e saúde, devem ser aplicados em simultâneo. Na Colômbia, por exemplo, o Tribunal Constitucional aforma que o Direito ao ambiente é inerente à vida e não pode ser separado deste direito fundamental. Para além disso, muitas disposições constitucionais, aplicada a grupos vulneráveis (mulheres, crianças, dependentes, trabalhadores migrantes, povos indígenas), reconhecem implicitamente que os direitos à vida e à saúde devem ser aplicados em conjunto com o direito ao ambiente. Por exemplo, na África do Sul, esses direitos é reconhecido às mulheres. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 26 As crianças na medida em que o seu desenvolvimento ainda não está completo, e por isso estão mais vulneráveis aos riscos ambientais e poluição. Em el Salvador a constituição reforça a proteção das crianças. Os trabalhadores migrantes são também um grupo mais protegido, por via da sua condição de migrante, onde os trabalhos que lhes estão atribuídos são geralmente de maior exposição ao ambiente e aos seus riscos- Os deficientes, por seu lado, podem ser afetados de forma mais elevada por riscos ambientais. Seja as deficiências motoras, seja por via das deficiências cognitivas, que levam a uma menor capacidade de reação ou avaliação a adversidades ambientais. Os Povos Indígenas têm pela sua natureza de proximidade às terras originais, uma relação de maior dependência em relação ao ambiente e aos problemas ambientais, ao mesmo tempo, que esses territórios, sendo alvo de procura para matérias-primas, são mais vulneráveis a uma exploração sem atender a regras de mitigação de impactos ambientais negativos. Por essa razão, na Bolívia, por exemplo, é estabelecido o direito dos povos indígenas de poderem dar consentimento prévio e informado a projetos que tenham impacto ambiental. Também no Equador, no seu artigo 57 da constituição, estabelece a necessidade de obtenção de consentimento prévio num tempo razoável, para propostas de atividades e projetos em territórios indígenas. Em síntese: Em mais de 90 países o direito constitucional reconhece o alguns dos direitos a um ambiente saudável. A introdução do direito ao ambiente pode contribuir para dar uma maior visibilidade às questões do direito ambiental. Essa maior visibilidade aumenta a importância atribuída socialmente e institucionalmente às questões ambientais e a sua relação com as questões económicas. A presença do direito ao ambiente, explícito ou implícito, permite reforça o estudo das questões ambientais, e ao mesmo tempo que melhor se conhecem os impactos, melhores instrumentos para proteção de pessoas e bens são possíveis de criar. As oportunidades de ter um melhor acesso às questões do direito ambiental, permite também um melhor acesso jurídico das pessoas e das comunidades, seja na prevenção, seja na remediação. Todos esses elementos contribuem para aumentar a performance ambiental dos diferentes países. A Introdução da questão do ambiente no Direito Constitucional atinge dois objetivos: aumenta a visibilidade explícita nas instituições. Introduz implicitamente o direito ambiental na sua relação com outras formas de direito e com as atividades dos tribunais na suas decisões de relacionamento das questões ambientais com o direito à saúde e à vida. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 27 3.2. Boas práticas nos procedimentos do direito ambiental substantivo É objetivo deste ponto dar exemplos de leis nacionais e políticas públicas de salvaguarda, de facilitação e de criação de direito à informação, do direito á participação pública, à liberdade de expressão e associação no contexto ambiental. Dar exemplos de práticas internacionais de leis nacionais e de políticas públicas relacionadas com os grupos vulneráveis, individual ou dos povos indígenas, relacionadas com a pobreza extrema, de mulheres, crianças e outros grupos marginalizados. Não há uma definição de boas-práticas nos procedimentos sobre Direito Ambiental. Nas Nações Unidas usa-se a seguinte definição: • Estar de acordo com os direitos humanos, suas leis e princípios;~ • Provar a sua efetividade ativa na produção de resultados, obter resultados justos e inputs positivos; • Contribuir para a aplicação dos Direitos Humanos e para a liberdade • Ter potencial de sucesso para ser adaptado e replicado noutros contextos. Como critérios Gerais dos princípios de boas práticas considera-se a) Respeitar a integração nos princípios dos direitos humanos b) Impacto de eficácia c) Sustentabilidade d) Replicação e) Relevância f) Eficiência Para avaliar a consistência dos critérios, deve-se ter em atenção, no primeiro item - “a integração nos princípios dos direitos humanos” considera-se que deve integrar a questão da equidade e não descriminação, a participação global e explícita, a transparência e deve ser medido o impacto e favorecer o empoderamento. No critério do impacto de eficácia, deverá mostrar impactos positivos em relação aos seus objetivos. No critério da sustentabilidade. Deverá resultar de fatores culturais, ser economicamente viável e ambientalmente sustentável a longo termo. No critério da replicação, a sua prática deve ter elementos que favoreçam o seu sucesso e sua replicação em outros contextos e noutros tempos ou ainda em outros grupos alvos. Em relação ao critério da relevância, deverá ter uma medida de extensão que permita que a atividade contribua para a formação de políticas públicas em relação a grupos alvo. Em relação ao critério da eficiência, deverá resultar em medidas traduzidas em políticas públicas em termos de tempo e progresso. São exemplos de boas práticas: Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 28 I) A Convenção de Aarhus. Cria mecanismos reguladores que favorecem o direito à informação, participação e acesso à justiça. Devem ser definidos por lei os modos de acesso e o direito interno deve conter obrigações para as autoridades públicas. II) direito à participação. O direito a participar deve ser usado para medir o grão do impacto ambiental, de acordo com o princípio 17 da Declaração do Rio, de 1992, que define os princípios, nomeadamente a obrigatoriedade de fazer Estudos de Impacto Ambiental (EIA). Por exemplo, a lei da India para os EIA, são definidos os princípios dos Estudos de Impacto Ambiental que consiste: • Num período de consulta pública por um tempo razoável onde deve ser recolhido de forma escrita as preocupações da comunidade e do público em geral. • Deve providenciar um espaço para que as comunidades possam apresentar propostas criadas a partir dos interesses da comunidade que sejam levadas em linha de conta pelo órgão administrativo de tomada de decisão; III) - O direito a ação justa e remediação. Por exemplo em 2006 a CDH da ONU recebeu uma queixa contra a uma companhia de Açúcar a operar na Tailândia, por práticas contra os Direitos Humanos. As alegações incluíam práticas contra o ambiente (contra a biodiversidade) trabalho forçado e intimidação e perda de segurança alimentar da comunidade) A Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas decidiu, no caso da companhia Konh Kong Sugar, que as atividades da companhia apresentavam indícios muito fortes contrários à prática dos direitos humanos. A implementação dos direitos ambientais constitucionais como prática de afirmação dos direitos substantivos é um instrumento de ação afirmativa a que as comunidadespodem recorrer. Por exemplo no caso Mendoza Beatriz e Outros, Vs. O Governo da Argentina, em 2008, em que os habitantes dos campos de Buenos Aires se queixaram contra o governo e várias companhias por violação dos Direitos de Saúde ambiental. Na sua decisão, o tribunal identificou 3 grandes justificações para remediar prejuízo regular o diferendo: aumentar a qualidade de vida dos habitantes, e contribuir para a remediação de toda a bacia hidrográfica. Isso contribui para a formulação e recuperação de boas práticas ambientais. A Jurisprudência dos Tribunais Constitucionais, também tem vindo a aumentar o contributo para as boas práticas ambientais. Por exemplo em 1995, o Tribunal constitucional da Costa Rica, abordou dois casos com base no Direito Ambiental: Considerou que é necessária a proteção de bens transcendentes contra outros direitos económicos que afetam a qualidade ambiental. Este tribunal, em cerca de 82 casos que lhe foram presentes, considerou Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 29 inconstitucionais cerca de 42 situações. Por exemplo, considera que as disposições primárias da componente ambiental podem ser transcendente. Isto é, que devem ser tomadas em conta em projetos de natureza económica, turísticas, agrícola ou de outras atividades. O Caso institui o princípio “in dúbio pro natura”, que significa que em caso de dúvida sobre se uma atividade possa ser prejudicial ou apresentar danos para o ambiente, ou que apresente alguma dúvida que não possa ser claramente esclarecida, o governo deve abster-se de desenvolver ou licenciar essas atividades. Alguns casos têm apresentado alguma inovação na implementação dos direitos ambientais. Por exemplo, no Caso da Finlândia, a sua constituição tem uma disposição sobre a natureza e a biodiversidade. Afirma que a natureza e a biodiversidade é uma herança nacional que é responsabilidade de todos. Em 2014 o Ministro do ambiente promoveu uma reflexão nacional para definir o que se queria para o ambiente. Um desafio lançado a um especto muito largo de atores. Foi apresentado um inquérito “on line” para recolher opiniões e propostas, que deu origem a um documento guia para desenvolver e regular os interesses. O documento apresenta diversos exemplos de como podem ser desenvolvidas boas práticas e como podem ser desenvolvidos esforços para compatibilizar interesses e promover o bem-estar e aumentar a transparência das decisões. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 30 3.3. Boas Práticas para proteger grupos vulneráveis em situações ambientais É objetivo deste ponto dar bons exemplos a partir das políticas para grupos particularmente vulneráveis, incluindo os povos indígenas, os pobres, as mulheres, as crianças e os grupos migrantes. No final será possível identificar os mecanismos necessários para desenhar, projetar e implementar este tipo de projetos e políticas. O conhecimento de boas práticas e a sua difusão pode constituir uma ferramenta importante para ações afirmativas. Boas práticas de projetos de pesquisa ação para grupos com base em questões de género. O guia das Nações Unidas para Ações Climáticas com base em Questões de Género apresenta uma introdução a estas questões e é uma boa introdução a estas questões e a criação de ferramentas para enquadrar as questões do género nos projetos de investigação e implementar programas de construção de resiliência social e adaptação, com base em questões de género. O orçamento responsável com base me questões de género é uma das ferramentas que podem ser usadas para assegurar que os projetos e ações reconheças as especificidades das mulheres e dos homens, e que a distribuição dos recursos sociais devem ter em consideração essa situação. Por exemplo, num projeto de pesquisa ação nas Filipinas (o Fórum do da Ásia e Pacífico) foi criado um manual de boas-práticas para empoderamento das mulheres e para incrementar a sua participação na construção de políticas públicas em projetos de ações climáticas Nas Filipinas, por exemplo, numa comunidade de pescadores, depois de analisados as pescas locais e os processos de degradação da sua biodiversidade, o projeto de pesquisa ação desenvolveu ações de gestão dos recursos, com a participação da comunidade, que envolveu a criação de cédulas profissionais e a definição de regras pela comunidade em relação às pescas e aos efetivos a pescar. Isso implica a construção de bons projetos de pesquisa ação, envolvendo. a) a identificação dos problemas b) a formulação do projeto c) a valoração das ações d) a sua implementação e) a monitorização f) A avaliação g) E análise de impacto e lições aprendidas Nas boas Práticas em relação às Crianças a UNICEF tem desenvolvido várias ações em vários países para estudar e tomar ações para reduzir os impactos das alterações climáticas e da degradação ambiental nas crianças, sobretudo no que se relaciona com a esfera dos direitos das crianças na sua relação com o ambiente. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 31 Por exemplo, no Burundi a UNICEF implementou um projeto que incentiva o uso de bicicletas geradores de energia, que permite, não só aumentar a mobilidade, como produzir e acumular energia, suficiente para alimentar as lâmpadas LED para iluminação caseira durante 10 dias Num outro projeto, desenvolvido por Organizações Não-governamentais, é organizado um concurso para incentivar as crianças a descobrirem e a desenvolverem boas práticas ambientais. Esses projetos, por exemplo, envolvem na Bélgica a análise da qualidade do ar nas escolas e o uso de equipamento. No Tadjiquistão, por outro lado, foi feita uma análise das escolas para verificar como podiam reduzir a produção de lixo, pensar o usa de água limpa e o uso de casa de banho com tratamento de efluente. Como resultado do projeto, a diminuição das diarreias permite uma poupança de custos sociais que podem ser aplicados na reciclagem. Nas boas Práticas em relação aos Povos Indígenas. Trata-se de grupos vulneráveis. Na noruega, por exemplo, forma desenvolvidos projetos para os Povos SAMI o FIN ACT de 2005 em que o objetivo do compromisso é fazer com que os recursos naturais da terra FIN possam ser geridos de forma sustentável. Isso implica um balanço entre o conhecimento dos recursos, o bem-estar de todos com base na cultura SAMI, para que os espaços possam ser usados para lazer, atividade económica e vida social. Na Austrália o Conselho Nacional dos Indígenas para as alterações Climáticas (NICC) desenvolve desde 2008 um projeto de Fórum Participativo, que envolve os representantes de empresas povos indígenas e outros protagonistas sobre questões ambientais e os seus impactos, bem como discutir sobre novas riscos e oportunidades do mercado do carbono. Em relação aos Migrantes e à necessidade de proteção de deslocados, internos e externo, tem vindo a ser desenvolvidas boas-praticas em questões ambientais e climáticas. Torna-se por exemplo necessário que na legislação interna dos diferentes estados e nas diferentes políticas nacionais sejam incluídas disposições em relação às populações vulneráveis e á necessidade de monitorizar os impactos das alterações ambientais e dos efeitos da degradação ambiental sobre as populações migrantes e deslocadas. É necessário monitorizar os riscos e as situações a que essas populações sejam postas. Num projeto, na Guatemala Projeto Petém inclui no seu questionário sobre saúde e demografia, desde 1999, questões em relação à mobilidade e deslocação de populações. Questões como migração histórica, experiencias e prespetiva futuras, projetos familiares e forma de subsistência, hábitos alimentares, bem como atitudes face ao ambiente. Em conclusão. As Boas-praticas são formas de conhecimento e intervenção na sociedade, que permitem tornar relevantesas questões ambientais na sua Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 32 relação com os direitos humanos, e, ao mesmo tempo constituem ferramentas de investigação-ação. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 33 Bibliografia a) Sobre a Relação Direitos Humanos Ambiente • Division of Environmental Law and Conventions, UNEP. Human Rights and the Environment, Background: http://www.unep.org/delc/HumanRightsandTheEnvironment/tabid/ 54409/Default.aspx o Artigo sobre os direitos humanos e o meio ambiente, incluindo uma descrição dos antecedentes, uma visão geral das questões legais e uma breve apresentação do trabalho do UNEP, do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e do Relator Especial da ONU sobre os direitos humanos e o meio ambiente. • Division of Environmental Law and Conventions, UNEP (06.2015). Linkages between human rights and the environment: http://www.unep.org/delc/Portals/119/documents/factsheet- human-rights-environment.pdf o Folha de dados que apresenta as relações entre os direitos humanos e o meio ambiente e se concentra em a) Direitos substantivos, b) Direitos processuais e 3) Implementação de uma abordagem baseada em direitos (RBA- Rights-Based Approach) para proteção ambiental • Global Witness (April 2014). Deadly Environment - A rising death toll on our environmental frontiers is escaping international attention: https://www.globalwitness.org/en/campaigns/environmental- activists/deadly-environment/ o Este relatório esclarece a competição pelo acesso aos recursos naturais que se intensifica em um pano de fundo de extrema desigualdade global, enquanto a humanidade já atravessou vários limites ambientais vitais do planeta, mostra igualmente como as comunidades se encontram na primeira linha na defesa do seu meio ambiente dos abusos das grandes corporações ou pelos estado e desenvolvem forma de exploração ambientalmente insustentáveis • International Justice Resource Center. What Are Human Rights?: http://www.ijrcenter.org/ihr-reading-room/overview-of-the- human-rights-framework/ Article offering an overview of the human rights framework, giving a definition of human rights, before explaining the international human rights framework, human rights bodies’ functions, and the cross- fertilization and competing jurisdiction. • Knox John, Special Rapporteur on human rights and the environment (2015). Introduction: http://www.ohchr.org/EN/Issues/Environment/SREnvironment/Pag es/SRenvironmentIndex.aspx Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 34 Special Rapporteur on human rights and the environment (former Independent Expert on human rights and the environment)’ page. • OHCHR. The Core International Human Rights Instruments and their monitoring bodies: http://www.ohchr.org/EN/ProfessionalInterest/Pages/CoreInstrum ents.aspx The core international human rights instruments and their monitoring bodies’ page. • OHCHR. What are the treaty bodies: http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/Pages/TreatyBodies.aspx The page of the human rights treaty bodies, which are the committees of independent experts that monitor implementation of the core international human rights treaties. • The Guardian. Sustainable development goals - all you need to know: http://www.theguardian.com/global- development/2015/jan/19/sustainable-development-goals-united- nations Find out more about the 17 initiatives that could transform the world by 2030 with this article, from the reason why we need another set of goals to how the goals will be measured and funded. • UN. History of the Universal Declaration of Human Rights: http://www.un.org/en/sections/universal-declaration/history- document/ and http://www.un.org/en/universal-declaration- human-rights/ The full text of the Universal Declaration of Human Rights (UDHR), milestone document in the history of human rights, and its history. • UNDESA, Sustainable Development, Knowledge Platform. SDGs: https://sustainabledevelopment.un.org/sdgs The detailed 17 Sustainable Development Goals (SDGs). • UNDESA, Sustainable Development, Knowledge Platform. Transforming our world - the 2030 Agenda for Sustainable Development: https://sustainabledevelopment.un.org/post2015/transformingour world The full text of the Resolution 70/1 adopted by the General Assembly on 25 September 2015, also known as the 2030 Agenda for Sustainable Development, that contains the SDGs. • UNDP. What are the Sustainable Development Goals?: http://www.undp.org/content/undp/en/home/sdgoverview/post- 2015-development-agenda.html The 17 Sustainable Development Goals (SDGs) explained by the UNDP. • UNEP (19.07.2013). Embedding the Environment in Sustainable Development Goals: https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/972em bedding-environments-in-SDGs-v2.pdf Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 35 Publication of the UNEP that provides advice and guidance on how environmental sustainability can be incorporated in the SDGs. It is intended to stimulate a dialogue on environmental sustainability and the SDGs rather than be the last word on the subject. • UNEP (12.2015). Climate Change and Human Rights: http://apps.unep.org/publications/index.php?option=com_pub&tas k=download&file=011917_en Publication developed by UNEP in cooperation with the Sabin Center for Climate Change Law at Columbia University in the City of New York. This report describes how governments and other actors may address climate change in a manner consistent with their obligations to respect, protect, promote and fulfill human rights. • UNFPA. There are seven core international human rights treaties: http://www.unfpa.org/resources/core-international-human-rights- instruments List of the core international human rights treaties and of the other international conference documents and meetings relevant to UNFPA’s work. • UN rights experts (25.12.2015). Brazilian mine disaster - “This is not the time for defensive posturing”: http://www.ohchr.org/EN/NewsEvents/Pages/DisplayNews.aspx? NewsID=16803&LangID=E#sthash.fD5JRT6n.dpuf Article on the call of two United Nations independent experts on environment and toxic waste on the Government of Brazil and relevant businesses to take immediate action to protect the environment and health of communities at risk of exposure to toxic chemicals in the wake of the catastrophic collapse of a tailing dam on 5 November 2015. b) Sobre Normas e Normativas Processuais sobre o ambiente • European Environment Agency (EEA) (15.01.2016). Safeguarding people from environmental risks to health: http://www.eea.europa.eu/soer-2015/synthesis/report/5- riskstohealth The European environment — state and outlook 2015 (SOER 2015) provides a comprehensive assessment of the European environment’s state, trends and prospects, and places it in a global context. Its section 5 describes hoy human health and well-being are intimately linked to the state of the environment. • GDRC (08.03.2016). The Rio Summit's Principle 10 and its Implications: http://www.gdrc.org/decision/principle-10.html Short article focusing on Rio Summit's Principle 10 with links to the multilateral agreements aiming to advance national level implementation of Principle 10 in member countries. • Knox John, Special Rapporteur on human rights and the environment (14.06.2015). Greening Human rights: Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 36 https://www.opendemocracy.net/openglobalrights/john- knox/greening-human-rights Article on how the protection of human rights and a healthy environment are mutually reinforcing. • Knox John (30.12.2013). Report of the IndependentExpert on the issue of human rights obligations relating to the enjoyment of a safe, clean, healthy and sustainable environment: http://www.ohchr.org/EN/HRBodies/HRC/RegularSessions/Session 25/Documents/A-HRC-25-53_en.doc This report maps human rights obligations relating to the environment, on the basis of an extensive review of global and regional sources. The Independent Expert describes procedural obligations of States to assess environmental impacts on human rights and to make environmental information public, to facilitate participation in environmental decision- making, and to provide access to remedies for environmental harm. He describes States’ substantive obligations to adopt legal and institutional frameworks that protect against environmental harm that interferes with the enjoyment of human rights, including harm caused by private actors. Finally, he outlines obligations relating to the protection of members of groups in vulnerable situations, including women, children and indigenous peoples. • Knox John, (06.11.2014). The Development of Environmental Human Rights: http://www.ohchr.org/en/NewsEvents/Pages/DisplayNews.aspx?Ne wsID=15274&LangID=E Statement about the development of human rights and the environment made by John Knox at the fourth meeting of the focal points appointed by the Governments of the signatory countries of the Declaration on the application of Principle 10 of the Rio Declaration on Environment and Development in Latin America and the Caribbean. • Knox John (06.2015). What obligations does human rights law place on States with respect to environmental protection?: http://srenvironment.org/best-practices/ Q&A on the UN mandate on human rights and the environment and on the obligations placed on States. • Prieur Michel (2013). Non-regression in environmental law: https://sapiens.revues.org/1405 Article on why environmental policies, if they reflect progress, should ban any regression, i.e. why the new rule should continue to contribute to environmental and health protection, and not worsen pollution or loss of biodiversity. • Rio Declaration (1992): http://www.unep.org/Documents.Multilingual/Default.asp?Docume ntID=78&ArticleID=1163 Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 37 Full text of the Rio Declaration on Environment and Development of 1992. • Shelton Dinah L. (2010). Developing substantive environmental rights: http://scholarship.law.gwu.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2049& context=faculty_publications Article published in the Journal of Human Rights and the Environment in 2010. The author explores how the human rights tribunals facing claims of violations stemming from environmental degradation are increasingly incorporating and applying national and international environmental standards to assess whether or not the government in question has complied with its legal obligations. • The Access Initiative (TAI) (03.08.2016). Ensuring that citizens have the right and ability to influence decisions about their natural resources: http://www.wri.org/our-work/project/access-initiative- tai Web page dedicated to the Access Initiative, which is the largest network in the world dedicated to ensuring that citizens have the right and ability to influence decisions about the natural resources that sustain their communities. • UN rights experts (22 October 2015). UN experts urge Latin America and the Caribbean to adopt trend-setting agreement on environmental democracy: http://www.ohchr.org/EN/NewsEvents/Pages/DisplayNews.aspx?N ewsID=16638&LangID=E#sthash.XP6tZVuM.dpuf Press release on a statement made by a group of United Nations human rights experts in which they have expressed their strong support for the efforts by governments in Latin America and the Caribbean to agree on a regional legal instrument on rights of access to information, participation, and justice in environmental matters. • UNEP (03.08.2016). Categories of Good Practices: http://www.ohchr.org/EN/Issues/Environment/SREnvironment/Pag es/GoodPracticesCategories.aspx List of Good Practices prepared by the Special Rapporteur on human rights and the environment, from the Procedural Obligations, to the Substantive Obligations. • UNEP. Environment and Vulnerability: http://www.gdrc.org/uem/disasters/disenvi/environment- vulnerability.pdf Discussion paper aiming to address the complexity of risk between environment and human societies and pointing out that both the underlying causes of human vulnerability to hazards, and the role of environmental conditions in exacerbating those hazards should be taken into account. Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 38 • UNEP. Principle 10 and the Bali Guidelines: http://web.unep.org/about/majorgroups/partnership/participation- information Article focusing on Rio Summit's Principle 10 and the guidelines, declarations and conventions governments adopted in order to catalyze and to accelerate action in terms of implementing the latter. • UNEP (2015). Putting Rio Principle 10 Into Action: An Implementation Guide: http://www.unep.org/delc/Portals/119/publications/rio- principle10.pdf Practical tool prepared by UNEP to help countries develop and enhance the national legislation and institutions required to deliver Rio Principle 10. This guide includes examples of best practice, analyses each of the elements, provides case studies on implementation and outlines potential implications for institutional arrangements. • UNEP (26 - 27 July 2013). Regional consultation on the relationship between environmental protection and groups in vulnerable situations in Latin America and the Caribbean: http://www.ohchr.org/Documents/Issues/Environment/Consultatio nReportPanamaJuly2013.pdf This report summarizes the outcomes of the regional consultation on the relationship between environmental protection and groups in vulnerable situations in Latin America and the Caribbean, which took place in Panama City on 26 and 27 July 2013. Each consultation seeks to address a particular thematic issue with the objectives of clarifying human rights obligations relating to the enjoyment of a safe, healthy, secure, and sustainable environment, and of identifying, promoting and exchanging views on good practices in the use of rights-based approaches to environmental issues. • World Bank (09.03.2016). Safeguard Policies: http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/PROJECTS/EXTPOLI CIES/EXTSAFEPOL/0,,menuPK:584441~pagePK:64168427~piPK:6 4168435~theSitePK:584435,00.html The World Bank projects and activities are governed by Operational Policies, which are designed to ensure that the projects are economically, financially, socially and environmentally sound. Among the key types of policies are the safeguard policies, which include Environmental Assessments and policies designed to prevent unintended adverse effects on third parties and the environment. Specific safeguard policies address natural habitats, pest management, cultural property, involuntary resettlement, indigenous peoples, safety of dams, projects on international waterways and projects in disputed areas. c) Implementação da Teoria dos Direitos Humanos na Proteção ambiental Informal Museology Studies, 19, spring - 2018 39 • Loyd David R. (07-08.2012). The Constitutional Right to a Healthy Environment: http://www.environmentmagazine.org/Archives/Back%20Issues/2 012/July-August%202012/constitutional-rights-full.html Article published in 2012 in the Environment magazine and written by Dr. David R. Boyd, one of Canada's leading experts in environmental law and policy, on the concept of a human right to a healthy environment widely recognized in international
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