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Paisagismo e Arborização Urbana

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 
2 CONCEITO DE PAISAGEM ....................................................................... 3 
3 HISTÓRIA DO PAISAGISMO ..................................................................... 6 
4 A HISTÓRIA DOS JARDINS ..................................................................... 10 
5 ECOGÊNESE: UM CONCEITO DE PAISAGISMO .................................. 14 
6 ARBORIZAÇÃO URBANA: IMPORTÂNCIA PARA O BEM-ESTAR SOCIAL
 16 
7 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANA ........................ 18 
8 ARBORIZAÇÃO URBANA NO MUNDO ................................................... 19 
9 FUNÇÃO HISTÓRICA DAS ÁREAS VERDES ......................................... 20 
10 ARBORIZAÇÃO URBANA NO BRASIL .................................................... 21 
11 IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO URBANA ........................................ 22 
12 ARBORIZAÇÃO E SEUS BENEFÍCIOS ................................................... 26 
13 ELEMENTOS QUE COMPÕEM O PAISAGISMO .................................... 26 
14 ESCALAS DO PAISAGISMO .................................................................... 30 
15 SISTEMA PUBLICO DE AREAS VERDES E PAISAGISMO URBANO. ... 32 
16 ÁREAS VERDES URBANAS .................................................................... 33 
17 O JARDIM ................................................................................................. 35 
18 O JARDIM BRASILEIRO .......................................................................... 37 
19 O JARDIM NO BRASIL ............................................................................. 38 
20 ÁREAS VERDES EM AMBIENTES INDUSTRIAIS .................................. 42 
21 PAISAGEM MODIFICADA E QUALIDADE DE VIDA ............................... 43 
22 ESPAÇO GEOGRÁFICO .......................................................................... 44 
23 A PAISAGEM CONSTRUÍDA PELA SOCIEDADE ................................... 46 
24 PAISAGEM HUMANIZADA ....................................................................... 47 
25 MODIFICAÇÕES E DESCOBERTAS ....................................................... 48 
26 PAISAGEM RURAL .................................................................................. 49 
27 PAISAGEM CULTURAL E PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL ................... 52 
28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 56 
29 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 58 
 
 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
3 
2 CONCEITO DE PAISAGEM 
A paisagem, que é composta por elementos do presente e do passado, é 
dotada de aspectos naturais e culturais do mundo. (PENA, 2020) 
De acordo com estudos de PENA, 2020, existem vários elementos conceituais 
sobre os quais nós podemos melhor observar e compreender o espaço geográfico e 
suas inúmeras formas de análise. Um dos elementos mais importantes nesse ínterim 
é o conceito de paisagem, que representa um dos aspectos mais notórios e 
necessários para a compreensão do mundo em que vivemos. 
 
Fonte: mundoeducacao.uol.com.br 
Para PENA, 2020, a paisagem é, pois, os aspectos perceptíveis do espaço 
geográfico, isto é, a forma como compreendemos o mundo a partir de nossos sentidos, 
tais como a visão, o olfato, o paladar, entre outros. É claro que a visão é, geralmente, 
o mais preponderante dos sentidos quando falamos em compreensão da paisagem, 
porém não é o único, de forma que podemos perceber o espaço também pelos seus 
cheiros, sons, sabores e aspectos externos. 
A análise da paisagem permite-nos verificar as diferentes dinâmicas 
concernentes ao funcionamento das sociedades, pois ela revela ou omite 
informações, de forma a denunciar as características econômicas, políticas e culturais 
que estruturam o processo de formação e organização do espaço social. Afinal de 
 
4 
contas, o espaço geográfico é o resultado de uma complexa interação entre sociedade 
e a sua paisagem, conclui PENA, 2020. 
É interessante observar que as paisagens apresentam aspectos e elementos 
referentes ao presente e ao passado, que muitas vezes convivem em um mesmo 
espaço. Se observarmos, por exemplo, a paisagem de uma cidade histórica, podemos 
notar elementos do passado que foram conservados em conjunto com aspectos do 
presente ou que surgiram em tempos mais recentes. Assim, é possível comparar 
essas paisagens e observar ao menos algumas de suas principais características, 
como a sua arquitetura, estilos culturais e outros, ressalta PENA, 2020. 
 
Fonte: Fonte: mundoeducacao.uol.com.br 
Para PENA, 2020, a paisagem carrega consigo aspectos naturais e também 
aspectos culturais ou humanizados. Quando uma determinada área é formada apenas 
pelos elementos da natureza, falamos de uma paisagem natural, mas quando ela 
apresenta alguma intervenção humana, então falamos de paisagem cultural, também 
chamada de “paisagem humanizada” ou de “paisagem geográfica”. 
Uma área de floresta com rios, cachoeiras e animais silvestres constitui um 
exemplo de paisagem natural. Já a área de uma cidade ou um campo de 
cultivo agrícola são exemplos de paisagens culturais. Em muitos casos, é 
possível observar cenários em que os dois tipos se apresentam 
conjuntamente, o que representa, ao menos em tese, um equilíbrio entre 
natureza e sociedade. (PENA, 2020) 
 
5 
Conforme PENA, 2020, é preciso considerar que as paisagens também 
possuem seus aspectos diferenciados não tão somente pelas suas características 
físicas em si, mas também de acordo com o olhar de quem observa. É comum que 
duas pessoas diferentes observem uma mesma paisagem e possuam visões, 
impressões e opiniões distintas sobre ela, fazendo com que exista uma relação de 
identidade e subjetividade entre a paisagem e o ser humano, o que remete à ideia de 
cultura, que influencia a forma como a sociedade enxerga a sua realidade. 
Todo campo do conhecimento é caracterizado pela sua 
preocupação explicita com certo grupo de fenômenos que ele se dedica a 
identificar e ordenar de acordo com suas relações. Esses fatos são 
agrupados com base no crescente conhecimento de suas conexões; a 
atenção às suas conexões denota uma abordagem científica. SAUER 
(1925, p. 13, apud CORRÊA, 1998, p.54, apud MACIEL; LIMA, 2011) 
Conforme MACIEL; LIMA, 2011, com a evolução da categoria paisagem, na 
perspectiva de atingir a um caminho que contemple o anseio em desenvolver o 
presente artigo, pode-se dizer que a princípio, o nosso maior propósito é de se 
chegar a uma análise integradora dos elementos que compõem a paisagem, seja 
nos aspectos naturais, físicos ou humanos. A intenção não é fazer uma análise 
detalhada a respeito do tema, mas discutir e apresentar as características 
relacionadas às diferentes abordagens relativas a essacategoria, uma vez que o 
seu conceito tem sido alvo de muitas interpretações ao longo do tempo. 
De acordo com vários estudos realizados por MACIEL; LIMA, 2011 pode-se 
dizer que: 
A origem do termo paisagem é muito mais antiga do que se pode imaginar, 
sendo que o mesmo é empregado há mais de mil anos por meio da palavra 
alemã landschaft (paisagem) e desde então vem tendo uma evolução 
linguística muito significativa (TROLL, 1997, apud MACIEL; LIMA, 2011). 
No século XIX, o estudo da paisagem trabalhou a abordagem descritiva e 
morfológica que abordava a natureza do ponto de vista de sua fisionomia e 
funcionalidade. Nesse período, destacam-se grandes trabalhos precursores da 
época, como Alexander Von Humboldt e Richthofen, que tiveram um papel 
importante na orientação da geografia alemã. Conforme Christofoletti (1999, apud 
MACIEL; LIMA, 2011), essa abordagem descritiva mostra que, em sua função 
 
6 
estético-descritiva, a palavra paisagem teve seu desenvolvimento inicial relacionado 
com o paisagismo e com a arte dos jardins. A partir de então, a mesma começa a 
ganhar várias conotações nos diversos países europeus e abrange outros 
significados. 
 
Fonte: studiopepe.com.br 
3 HISTÓRIA DO PAISAGISMO 
Segundo estudos de GALINATTI, 2019, o ofício do paisagismo é uma atividade 
que nos acompanha desde as culturas antigas. Alternando entre períodos de 
valorização e desvalorização, é somente na década de 80, no Brasil, que a profissão 
ganha espaço e torna-se relevante. Se, em algum momento da história, o paisagismo 
esteve atrelado à criação de espaços unicamente de contemplação, na arquitetura 
contemporânea, o conceito é bastante amplo e complexo, envolvendo ideais que vão 
além da estética. 
Estudar a história de um ofício é entender sua evolução ao longo do tempo e 
relacioná-la com o contexto sociocultural dos diferentes momentos da 
humanidade. Embasar o exercício da profissão é fundamental para a 
qualidade dos espaços projetados, uma vez estes devem ser vistos dentro de 
um contexto, em que todas as coisas vivas são interdependentes e a 
paisagem é onde tudo se integra (WATERMAN, 2010, apud GALINATTI, 
2019). 
 
7 
O dicionário Michaelis define o termo paisagem como “extensão de território e 
de seus elementos que se alcança num lance de olhar; panorama, vista”. Quando 
ainda intocada pelo humano, é chamada de paisagem natural; após a interferência 
dos indivíduos, surge o que é denominado paisagem artificial. Já na Pré-História, os 
seres humanos alteravam a paisagem natural. Os primeiros jardins, ou estruturas que 
possam ser comparadas a um, surgem junto à agricultura no período Neolítico, em 
10000 a.C, conclui GALINATTI, 2019. 
 
Fonte: johnbraid/Shutterstock.com 
Antiguidade 
Para GALINATTI, 2019, os primeiros esboços de paisagismo mais concretos, 
no entanto, surgiram no Oriente Próximo, região geográfica que abrange países do 
Sudoeste Asiático, entre o mar Mediterrâneo e o Irã, considerada o berço das 
civilizações. A história começa na Mesopotâmia, onde as primeiras aproximações de 
paisagismo eram relacionadas à prática da agricultura, na qual pequenos muros que 
rodeavam hortas e plantações serviam como protótipos de jardins. Antes de 
interromper seus trabalhos devido à invasão árabe, o povo assírio dominava muito 
bem as técnicas de drenagem e irrigação. 
 Você já deve ter ouvido falar nos famosos “Jardins Suspensos da Babilônia”. 
Essa obra de paisagismo, considerada uma das maravilhas da humanidade, era 
descrita pelos babilônios, em textos que datam de 3000 a.C., como “jardins sagrados”, 
relata GALINATTI, 2019. 
 
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 De acordo com GALINATTI, 2019, no Egito, os jardins apresentavam simetria 
rigorosa e eram implantados de acordo com os quatro pontos cardeais. A introdução 
de espécies floríferas foi uma contribuição da civilização persa para o paisagismo, que 
passou a ser estimado pelo valor decorativo. Ao contrário dos jardins egípcios, os 
jardins gregos fugiam do rigor e da simetria, possuindo características naturais, talvez 
em razão da topografia acidentada da região. Neles, eram cultivadas plantas frutíferas 
e inseridos elementos decorativos, como esculturas humanas e de animais Em Roma, 
as mesmas características puderam ser observadas, com a diferença de que, aqui, os 
jardins eram mais grandiosos e pomposos. 
 
Fonte: Page Light Studios/Shutterstock.com 
Idade Média 
Conforme relata GALINATTI, 2019, o período da Idade Média, entre os séculos 
XV e XVI, marcou um retorno à simplicidade, de modo que a grandiosidade e o luxo 
deram espaço a novos valores. Áreas verdades eram encontradas com maior 
dificuldade, e os jardins possuíam estilo gótico e retratavam o símbolo da religião 
dominante. 
Como caracteriza GALINATTI, 2019, no período da Idade Média, observou-se 
dois estilos básicos de jardins: 
Jardins monacais: opunham-se à tradição romana e eram compostos por 
quatro partes principais: horta, pomar, plantas medicinais e flores. 
Jardins mouriscos: de pequenas dimensões e sem ostentação, os 
chamados “jardins da sensibilidade” se caracterizavam pela água, a cor e o 
 
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perfume. Além do aspecto ornamental, a água era utilizada para amenizar o 
calor e irrigar. 
Renascimento 
Na opinião de GALINATTI, 2019, no Renascimento, há o ressurgimento da 
cultura como um todo. A natureza é redescoberta, levando à criação dos primeiros 
jardins botânicos de plantas exóticas. A artificialidade e a organização marcaram os 
jardins renascentistas. 
Na Itália, houve influência dos jardins romanos, com estátuas e fontes 
monumentais, sendo a vegetação secundária. Já os jardins franceses eram inspirados 
nos jardins medievais, com muitos canteiros de flores e ervas medicinais. A axialidade, 
a simetria e a perspectiva eram características presentes nos jardins da França, cujo 
principal representante é o jardim do Palácio de Versalhes, relata GALINATTI, 2019. 
Ainda de acordo com GALINATTI, 2019, com a decadência do estilo francês, 
que buscava forma e simetria de maneira exagerada, os jardins passaram a 
apresentar características mais informais e próximas à natureza. O traçado livre, 
irregular e sinuoso aparece com grande expressão nos jardins ingleses 
Século XIX 
É nesse período que aparecem os primeiros parques urbanos públicos, 
proveniente da necessidade de criação de espaços de lazer, educação e hábitos de 
higiene. Um dos exemplos mais relevantes, e pioneiro desse tipo de parque, é o 
Central Park, na cidade de Nova Iorque, conclui GALINATTI, 2019. 
 
Fonte: Eric (2019, documento on-line). 
 
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4 A HISTÓRIA DOS JARDINS 
A própria palavra jardim vem da junção do hebreu “gan” (proteger, defender) 
e “éden” (prazer, delícia) e expressa de certa forma a imagem de um pequeno 
mundo ideal, perfeito e… privativo. Portanto, os grandes jardins da história 
são como um vocabulário do desenho idealizado da paisagem, como cada 
civilização desejava que ela fosse. É sobre essa tradição que se assentam 
nossas práticas e posturas em relação à paisagem. (INSERRA, 2016) 
De acordo com estudos de INSERRA, 2016, desde a mais remota antiguidade, 
o homem observa e admira as plantas, e as organiza de acordo com a disponibilidade, 
clima, solo e topografia, resultando nas mais variadas formas de jardins, muitos deles 
tornando-se verdadeiras obras de arte. 
 
Fonte: aventurasnahistoria.uol.com.br 
Como já citado acima, os mais antigos jardins que se tem notícia, são os 
Jardins Suspensos da Babilônia e uma das maravilhas relatadas sobre a qual menos 
se sabe. Muito se especula sobre suas possíveis formas e dimensões, mas nenhuma 
descrição detalhada ou vestígio arqueológico foi encontrada, exceto um poço fora do 
comum que parece ter sido usado para bombear água. Tradicionalmente, acredita-se 
que tenha sido construído na antiga cidade da Babilônia, próximo de onde atualmente 
se localiza a cidade de Hillah, no Iraque,relata INSERRA, 2016. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jardins_Suspensos_da_Babil%C3%B3nia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jardins_Suspensos_da_Babil%C3%B3nia
 
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Conforme caracteriza INSERRA, 2016, no geral, foram em regiões áridas como 
Pérsia, China e Egito onde se tem notícia dos jardins das mais antigas civilizações 
conhecidas, Água sempre foi um recurso fundamental, e a irrigação uma palavra 
mágica. Num clima quente e seco, sombra e água fresca são tudo o que se quer, e 
assim os primeiros jardins incluiam tanques, canais de irrigação e árvores para 
sombra. O desenho e as plantas utilizadas tinham a agricultura como referência: 
árvores frutíferas, condimentos, plantas de uso ritual e muita linha reta, onde o Lótus 
e o papiro eram muito utilizados. 
INSERRA, 2016 relata que no Egito, o religioso era um traço marcante nos 
jardins dos faraós, com plantas sagradas como o lótus, o papiro e a tamareira. Eram 
influenciados pela crença desse povo em Astrologia, ocupavam grandes traçados às 
margens do Rio Nilo, e tinham grandes traçados geométricos. 
Para INSERRA, 2016, os jardins dos antigos Persas estavam condicionados a 
influencias externas devido as constantes guerras e revelavam elementos retirados 
de vários jardins, principalmente dos gregos e egípcios. Um estilo MISTO, que se 
caracterizava pela presença de dois canais principais em cruz dividindo o jardim em 
quatro zonas: agua, terra, fogo e ar. 
 
Fonte: casavogue.globo.com 
 Conforme INSERRA, 2016, introduziram as árvores e arbustos de flores 
perfumadas. A introdução destas criou um novo conceito, passando a vegetação a ser 
estimada pelo valor decorativo das flores, sempre perfumadas, com espelhos d´água 
 
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em meio às alamedas. O jardim persa era cercado por altos muros, era um lugar ao 
retiro privado, destinado ao prazer, o amor á saúde e ao luxo do morador. 
 Mas sem dúvida, um dos jardins orientais mais famosos é o do Taj Mahal, 
na Índia. (INSERRA, 2016) 
 
Fonte: casavogue.globo.com 
Conforme estudos realizados por INSERRA, 2016, a partir do renascimento, 
durante o século XVI, surgiram três estilos de jardins europeus que influenciaram toda 
a jardinagem, o italiano, inglês e francês, mas pode-se considerar que existem pelo 
menos 5 estilos básicos de jardins, todos eles influenciados pelos antigos estilos e 
que sofreram evolução: 
Jardim Clássico ou formal, se caracteriza por apresentar linhas geométricas e 
simetria do traçado, círculos, retângulos, triângulos e semi-circulos, combinam-se para 
compor uma paisagem desenhada com régua e compasso. Um dos jardins clássicos 
mais conhecidos é o de Versailles, relata INSERRA, 2016. 
 
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Fonte: www.infoescola.com 
Para INSERRA, 2016, o Oriental ou Japonês, é cheio de simbolismo, tem como 
um de seus principais fundamentos o culto à Natureza. A presença de pedras, e água 
formando pequenos lagos, riachos ou cascatas assim como uma lamparina de pedra 
são características presentes neste estilo. 
De acordo com INSERRA, 2016, Jardim Tropical tenta criar um ambiente 
paradisíaco de uma ilha tropical, com a presença de muito verde e muitas flores. Neste 
estilo é fundamental um gramado, uma área sombreada e talvez uma cascata ou uma 
lâmina d’agua. 
Contemporâneo é o mais aplicado atualmente. É um estilo livre e se aproxima 
mais do estilo inglês. Busca-se no mesmo, alcançar uma integração entre o jardim e 
a arquitetura local, não havendo rígidez quanto a sua composição, finaliza INSERRA, 
2016. 
 
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Fonte: www.infoescola.com 
5 ECOGÊNESE: UM CONCEITO DE PAISAGISMO 
Pode-se mesmo dizer que em nenhum ponto do Globo subsiste a paisagem 
natural resultante apenas do jogo das forças da natureza ao longo das eras 
geológicas. O que resta ainda são paisagens aproximadamente naturais, 
como ora dizemos em termos geológicos. Porém, o homem não é apenas um 
destruidor e modificador das paisagens. Ele também a cria e tem a 
capacidade de realizar paisagens construídas de alto valor estético e também 
biológico. (MELLO FILHO, 1998, p. 62, apud DIAS, 2018) 
Segundo Panzini (2013, p. 639 – 640, apud DIAS, 2018), “o tema da recriação 
de uma paisagem natural em ambientes transformados pelas atividades humanas 
através de processos mais ou menos dirigidos de ecogênese atravessou todo o século 
XX”. 
Para DIAS, 2018, nesse sentido, o referido autor italiano identifica a origem 
dessa abordagem nos seguintes personagens: o paisagista alemão Willy Lange (1864 
–1941), cuja ação em prol de espécies nativas foi relacionada ao viés nacionalista e à 
teoria da raça ariana difundidas pelo Partido Nacional Socialista na década de 1930; 
o professor e pioneiro da ecologia holandês Jacobus Pieter Thijsse (1865 – 1945) que 
defendia a ideia de criação jardins com agrupamentos vegetais correspondentes aos 
encontrados nos habitats de origem; e a dupla formada pelo arquiteto da paisagem 
Christian Broerse (1902– 1995) e o botânico Koos Landwehr (1911 – 1996), que 
desenvolveram a proposta de “parques selvagens” e criaram o primeiro parque público 
 
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explicitamente ecológico: o Thijsseepark, em Amstelveen, ao sul de Amsterdã, 
concluído em 1972. 
Em sua revisão Panzini relaciona à ideia de ecogênese: as temáticas 
ecológicas elaboradas pelo francês Gilles Clément; na Alemanha, o trabalho de Peter 
Latz e do Grün Berlin Park und Garten; e, no Brasil, “o trabalho do eminente paisagista 
Fernando Magalhães Chacel”, conclui DIAS, 2018. 
 
Fonte: uffpaisagismo.wordpress.com 
Os caminhos do paisagismo brasileiro que conduziram à concretização dos 
métodos de regeneração ambiental paisagística da ecogênese foram pavimentados 
principalmente pelas ideias e ações de três personalidades: dois botânicos que tinham 
em comum o sobrenome Mello – Luiz Emygdio de Mello Filho e Henrique Lahmeyer 
de Mello Barreto - e o paisagista Roberto Burle Marx, relata DIAS, 2018. 
Em texto-epígrafe do livro Paisagismo e Ecogênese (CHACEL, 2001, p.3, apud 
DIAS, 2018) Luiz Emygdio de Mello Filho, situou cronologicamente o surgimento da 
noção de ecogênese na década de 1940, no Rio de Janeiro. O botânico informou 
ainda que o termo “foi proposto por colegas do Museu Nacional e ajustou-se 
perfeitamente à realidade socioambiental do país” ao propor a criação de 
ecossistemas antrópicos de substituição, em áreas onde os ecossistemas originais 
foram degradados ou perdidos pela ação humana. 
Curado (2007, apud DIAS, 2018) afirma que, 
 
16 
Sincronicamente, em Belo Horizonte, o botânico Henrique Lahmeyer de Mello 
Barreto ocupava-se de ideias de reconstituição ecogenética, embora não 
empregasse a palavra ecogênese. (DIAS, 2018) 
6 ARBORIZAÇÃO URBANA: IMPORTÂNCIA PARA O BEM-ESTAR SOCIAL 
A arborização urbana proporciona às cidades inúmeros benefícios 
relacionados à estabilidade do clima, ao conforto ambiental, na melhoria da 
qualidade do ar, bem como na saúde física e mental da população, além de 
influenciar na redução da poluição sonora, visual e auxiliar na conservação 
do ambiente. (LIMA; PANDOLFI; COIMBRA, 2017) 
Identifica-se assim, a importância em se ter um planejamento adequado da 
arborização urbana e os benefícios que ela traz com relação ao bem-estar social, 
relata LIMA; PANDOLFI; COIMBRA, 2017. 
 
Fonte: digicade.com.br 
Do ponto de vista de LIMA; PANDOLFI; COIMBRA, 2017, arborização urbana é 
uma necessidade das cidades, não apenas pelas questões estéticas, junto a esse 
benefício, é preciso pensar no bem-estar e na qualidade do ar oferecido para a vida 
humana, consequentemente refletindo na qualidade de vida. Cortinas vegetais são 
capazes de diminuir cerca de 10% o teor de poeira do ar, elementos climáticos como 
a intensidade de radiação solar, a temperatura, a umidade relativa do ar, a 
precipitação e a circulação do ar. A gestão pública tem um papel importante no 
crescimento e desenvolvimento sustentável com uma intensiva prática urbana, tendo 
 
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em menteque muitos impactos ambientais resultam dessa ausência e que culmina 
com alterações no ambiente. Dentro desse contexto, a população não deve estar 
isenta, nem tão pouco alheia a tais necessidades e deveres. 
A arborização urbana no Brasil tem sido uma preocupação dos ambientalistas, 
uma vez que observa- se os benefícios dessa ação para a sociedade. Avalia-se que 
diante de uma sociedade informatizada, onde qualquer notícia percorre o mundo em 
segundos, as questões ambientais estão em um segundo plano para nossa 
população. Contudo, ações pouco refinadas, mas com muita técnica e conhecimento 
específicos, transfere diversos benefícios para qualquer indivíduo que recebe, seja 
em praças ou ruas, avenidas e bosques, uns projetos de arborização (SABADINI 
2017, apud LIMA; PANDOLFI; COIMBRA, 2017). 
Com o desenvolvimento das cidades em um curto espaço de tempo confirma-
se que existe uma lacuna entre a sustentabilidade e o papel de cada cidadão 
na sociedade. Observa-se que em todos os sentidos, as pessoas esquecem 
ou não se importam quando o assunto é algum trabalho ecológico e 
voluntário. Desta forma, podemos ressaltar o quanto o capitalismo influencia 
na tomada de decisões de cada cidadão em um mundo globalizado. 
(MILANO,1987, RIBEIRO,2009, apud LIMA; PANDOLFI; COIMBRA, 2017). 
Um desequilíbrio vem sendo causado pelo crescimento desordenado das 
cidades, onde as arvores e qualquer tipo de vegetação são trocados por vias, ruas, 
construções, nos quais trazem para o planeta poluição sonora e visual. Um projeto de 
arborização urbana é de extrema importância neste meio urbano, onde se define as 
características de determinadas espécies a serem plantadas, como altura, raízes, 
época de plantio, manejo e implantação. (RODRIGUES,2010, P.48, apud LIMA; 
PANDOLFI; COIMBRA, 2017). 
É válido lembrar que a eficiência e sucesso de um projeto desenvolvido se dão 
pela preparação da sociedade próxima com palestras, cursos e orientações, sendo 
elas preparadas e por pessoas treinadas e capacitadas para execução do mesmo, 
relata LIMA; PANDOLFI; COIMBRA, 2017. 
 Para Gonçalves (1999, apud LIMA; PANDOLFI; COIMBRA, 2017), a arborização 
não pode ser realizada de forma amadorística, pois as necessidades urbanas a serem 
mitigadas envolvem avaliações estética, ecológica, psicológica, social, econômica e 
política. Mesmo as cidades que tiveram a sua arborização planejada podem 
necessitar de correções futuras. 
 
18 
7 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARBORIZAÇÃO URBANA 
Apesar de muito da história das áreas verdes urbanas ter se perdido no tempo, 
é possível traçar um perfil de sua evolução. Partindo do seu caráter mítico-religioso, o 
paraíso prometido no livro do Gênesis da Bíblia, passando por mitos e lendas, 
estudando os jardins suspensos da Babilônia e chegando aos jardins modernos, 
observa-se a importância de cada momento histórico cultural desses espaços 
formadores da estrutura urbana (LOBATO et al. 2005, apud RESENDE, 2011). 
 
Fonte: revistanews.com.br 
A história da Arborização Urbana e sua evolução teve seu início e 
desenvolvimento por volta do século XV na Europa, sendo que sua prática se tornou 
comum a partir do século XVII. Nesta época, na Europa, foram criados os passeios 
com muitas flores, eram calçadas, e em volta destas muitas flores, conhecidas como 
“passeio ajardinado” (SEGAWA, 1996, apud RESENDE, 2011). 
Conforme relata (LORENZI, 2002, apud RESENDE, 2011), no Brasil esta história 
está intimamente relacionada ao próprio desenvolvimento econômico e social do país, 
ou seja, as plantas arbóreas nativas estão ligadas a esse processo. A relação mais 
relevante e antiga deste processo é com o próprio nome da nação “Brasil” que foi 
emprestado da árvore conhecida popularmente como “pau-brasil” e denominada 
cientificamente como “Caesalpinia echinata Lam” 
 
19 
O processo de urbanização no Brasil é um reflexo das transformações 
estruturais de ordem política, econômica e social, pelo qual o país tem se 
desenvolvido principalmente no início das décadas de 60 e 70, quando se 
iniciou um processo de ordenamento e integração social do país voltado à 
política de desenvolvimento econômico-social com base no crescimento das 
cidades (LIMA NETO et al., 2007). 
8 ARBORIZAÇÃO URBANA NO MUNDO 
O desenvolvimento urbano na Europa iniciou-se na metade do século XV e o 
aparecimento da vegetação em espaços públicos ocorreu no século XVII 
(Segawa,1996, apud (KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
O estilo francês destacou-se no século XVII, o inglês, no século XVIII, ambos 
evidenciando árvores (Farah,1999, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012). Aléias são 
caminhos ladeados por árvores, que têm a sua gênese nos jardins renascentistas 
italianos (Farah,1999, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
 
Fonte: maringa.com 
A partir do século XVII, várias cidades da Europa construíram seu passeio 
ajardinado. Assim, Berlim teve, em 1647, a " Unter den Linden", alameda arborizada 
ligando a cidade ao parque de caça; Dublin teve o "Beaux Walk" e o "Gardener's Mall"; 
Amsterdam aproveitou um charco, transformando-o na "Nieuwe Plantage"; Bordeaux 
ganhou o Jardim Royal e Nancy; Viena, Munique, São Petersburgo, Madrid e Lisboa 
implantaram passeios públicos arborizados (Segawa,1996, apud KOCHI; CLEMENTE, 
2012). 
 
20 
9 FUNÇÃO HISTÓRICA DAS ÁREAS VERDES 
Apesar de muito da história das áreas verdes urbanas (representada a princípio 
pelos jardins) ter se perdido no tempo, é possível traçar um perfil de sua evolução. 
Partindo do seu caráter mítico-religioso, o paraíso prometido no livro do Gênesis da 
Bíblia, passando por mitos e lendas, estudando os jardins suspensos da Babilônia e 
chegando aos jardins modernos, observa-se a importância de cada momento histórico 
cultural desses espaços formadores da estrutura urbana (LOBATO et al. 2005, apud 
KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
Carlos (2004, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012), afirma que a inserção de áreas 
verdes já fazia parte da estrutura organizacional de cidades desde a antiguidade. 
Esses espaços arborizados destinavam-se essencialmente, ao uso e prazer dos 
imperadores e sacerdotes. Na Grécia, tais espaços foram aplicados, não só para 
passeios, mas também para encontros e discussões filosóficas. Em Roma, as áreas 
arborizadas eram destinadas ao prazer dos mais afortunados (SILVA, 1997, apud 
KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
 
Fonte: tripadvisor.com.br 
 Na Idade Média, as áreas verdes são formadas no "interior das quadras" e 
depois desaparecem com as edificações em decorrência do crescimento das cidades. 
No Renascimento "transformam-se em gigantescas cenografias, evoluindo, no 
 
21 
Romantismo, como parques urbanos e lugares de repouso e distração dos citadinos" 
(SILVA, 1997, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
Com o surgimento das indústrias e aumento das cidades, os espaços verdes 
deixaram de ter função apenas de lazer, mas passou a ser uma necessidade 
urbanística, de higiene, de recreação e de preservação do meio ambiente 
urbano (SILVA, 1997, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
 De acordo com (SILVA, 1997, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012), a carta de 
Atena, citada por Le Corbusier, exigiu que "todo bairro residencial deve contar com a 
superfície verde necessária para a ordenação dos jogos e desporto dos meninos, dos 
adolescentes e dos adultos", e que as "novas superfícies verdes devem destinar-se a 
fins claramente definidos: devem conter parques infantis, escolas, centros juvenis ou 
construções de uso comunitário, vinculados intimamente a vivencia" 
10 ARBORIZAÇÃO URBANA NO BRASIL 
 
Fonte:brasilambientalconsultoria.com.br 
De acordo com Terra (2000, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012), é escasso o 
material histórico brasileiro, mas destacam-se alguns paisagistas, como Auguste 
François Marie Glaziou, que veio ao Brasil a convite de D. Pedro II para ocupar o cargo 
de diretor geral de matas e jardins e permaneceu no Brasil por 39 anos, de 1858 a 
 
22 
1897, sendo autor de muitas produções de jardinsno exterior e no Brasil, porém com 
influência européia, como o passeio público do Rio de Janeiro. 
No Brasil, a história da arborização de vias públicas se confunde com a própria 
história do país. No ano de 1637, Maurício de Nassau tentou reproduzir em Recife 
uma cidade semelhante às europeias; esse é considerado o marco inicial da utilização 
da vegetação na composição do espaço urbano no Brasil. No início, privilegiava-se 
exclusivamente a função estética, mas existem inúmeras outras funções que a árvore 
desempenha no ambiente urbano e que trazem benefícios diretos para os habitantes 
desse meio, conclui KOCHI; CLEMENTE, 2012. 
11 IMPORTÂNCIA DA ARBORIZAÇÃO URBANA 
Microclima 
No caso do ambiente urbano, verifica-se que o acelerado crescimento 
demográfico, conjugado a outras variáveis do espaço urbano, contribuem de 
forma significativa nas alterações dos elementos climáticos. A cidade imprime 
modificações nos parâmetros de superfície e da atmosfera que, por sua vez, 
conduzem a uma alteração no balanço de energia (Lombardo,1990, apud 
KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
Para Furtado & Melo Filho (1999, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012), todos os 
elementos paisagísticos devem ser cuidadosamente tratados a fim de trazer 
benefícios que interferirão no projeto integrado, visando a melhoria da qualidade do 
ar, o sombreamento da edificação e adjacências, o controle da ventilação e da 
umidade. A maior parte da carga térmica de uma edificação provém da radiação solar 
e da temperatura do ar exterior, sendo necessário um rigoroso controle dos elementos 
microclimáticos para eliminar um excesso de energia que tornaria inóspito o ambiente 
construído. 
De acordo com Lima (1993, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012), as áreas urbanas 
constituem um ambiente artificial, pois possuem grande concentração de áreas 
construídas e pavimentadas que favorecem a absorção da radiação solar de dia e 
reflexão durante a noite. Denominado ilha de calor, este fenômeno pode ter um 
diferencial térmico bastante significativo em relação a locais mais vegetados. As 
árvores interceptam, refletem, absorvem e transmitem a radiação solar. Uma 
 
23 
adequada arborização e uma boa ventilação constituem dois elementos fundamentais 
para a obtenção do conforto térmico para o clima tropical úmido. 
 
Fonte: patosnoticias.com.br 
O conjunto arbóreo colocado a uma distância mais apropriada possível da 
edificação fornecerá um bom sombreamento nas fachadas, compondo um entorno 
mais favorável (Furtado & Melo Filho, 1999, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012) 
Saúde 
A área verde tem função de se constituir em um espaço "social e coletivo", 
sendo importante para a manutenção da qualidade de vida. Por facilitar o acesso de 
todos, independentemente da classe social, promove integração entre os homens 
(Martins Júnior, 1996, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as cidades tenham, 
no mínimo, 12 metros quadrados de área verde por habitante (Lang, 2000, apud 
KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
As árvores podem ser consideradas agentes antimicrobianos. As árvores agem 
ainda contra a poluição atmosférica, sonora e visual (Pedrosa, 1983, KOCHI; 
CLEMENTE, 2012). 
No ambiente urbano, têm considerável potencial de remoção de partículas e 
gases poluentes da atmosfera. Cortinas vegetais experimentais foram capazes 13 de 
 
24 
diminuir em 10% o teor de poeira do ar (Pedrosa, 1983, apud KOCHI; CLEMENTE, 
2012). 
Conforme (Milano,1984, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012), o excessivo som 
urbano proveniente do tráfego, equipamentos, indústrias e construções interfere na 
comunicação, lazer e descanso das pessoas podendo afetá-las psicológica ou 
fisiologicamente. 
É possível fazer o uso de árvores como complementação para o atenuamento 
do ruído, já que os vegetais diminuem a reverberação do som. É preciso ressaltar que 
o efeito protetor varia de acordo com a frequência dos sons, com a posição das 
árvores em relação à fonte emissora e com a estrutura e composição do plantio 
(Milano,1984, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
 
Ecossistemas urbanos 
De acordo KOCHI; CLEMENTE, 2012, a uniformização da vegetação nos centros 
urbanos constitui um dos maiores perigos para o equilíbrio ecológico da Terra e deve 
ser evitada. A diversidade das espécies vegetais é condição básica para a 
sobrevivência da fauna e o equilíbrio ecológico. 
 
Fonte: a12.com/redacaoa12 
As cidades que não diversificarem sua vegetação poderão se transformar em 
desertos verdes. Cada cidade deveria dar prioridade ás espécies nativas da região. 
Quando isso acontecer, os turistas terão maior prazer ao visitá-las, pois elas 
 
25 
apresentarão aspectos distintos e típicos de sua vegetação, conclui KOCHI; 
CLEMENTE, 2012. 
 
Situação das árvores públicas 
Conforme estudos de KOCHI; CLEMENTE, 2012, embora sejam inúmeros os 
benefícios proporcionados pelas árvores, o reconhecimento histórico destes pela 
população brasileira tem deixado a desejar. Mesmo atualmente, as árvores das ruas 
e avenidas continuam sendo danificadas, mutiladas, ou mesmo, eliminadas, quando 
se trata de reformas urbanas como alargamento de vias, conserto de encanamentos, 
manutenção 14 da rede elétrica, construção e reforma de edificações residenciais, 
comerciais e mesmo institucionais. 
 
Fonte: sitiodamata.com.br 
 As árvores podadas têm seu aspecto original alterado e jamais satisfarão as 
exigências impostas pela estética e ciência, embora possam satisfazer às exigências 
que lhes são feitas pela salubridade pública. Portanto, é bom que tenhamos árvores 
com seu porte natural, e para tê-las, é necessário que lhes proporcionemos o espaço 
correspondente à sua natureza (Hoehne,1944, apud KOCHI; CLEMENTE, 2012). 
 
 
 
 
 
26 
12 ARBORIZAÇÃO E SEUS BENEFÍCIOS 
A arborização colabora de forma significativa para a melhoria do conforto 
urbano. É elemento de contemplação, fornecedora de flores e frutos atrativos, e centro 
de configuração paisagística, como ponto de referência para orientação e 
identificação, possibilitando a proximidade e convivência do homem com a natureza 
no espaço construído (PORTO; BRASIL, 2013). 
Dessa forma, este contexto demanda ao meio urbano inevitavelmente de criar 
condições que venham melhorar a convivência dentro de um ambiente cada vez mais 
contrário e perigoso, com uma variedade de atividades que nesses lugares se 
desenvolvem. O regime de chuva e a temperatura podem sofrer alterações, devido à 
atividade humana desenvolvida, a qual tem causado profundas mudanças no clima 
local (GONÇALVES et al.,4 2012) 
As árvores representam um elemento essencial para promover uma adequação 
ambiental quanto às exigências de conforto térmico. A vegetação é de fundamental 
importância para melhoria da qualidade de vida, pois tem função na melhoria e 
estabilidade microclimática, devido à redução das amplitudes térmicas, ampliação das 
taxas de transpiração, redução da insolação direta, dentre outros benefícios (MILANO; 
DALCIN, 2000). 
13 ELEMENTOS QUE COMPÕEM O PAISAGISMO 
Como caracteriza GALINATTI, 2019, os projetos de paisagismo são compostos 
pela conjunção de elementos vegetais com elementos não vegetais. Estes últimos 
podem ser tanto produzidos pelo homem, como o mobiliário urbano e os diferentes 
tipos de piso, quanto naturais, como as rochas. 
Segundo Abbud (2006, p. 16, apud GALINATTI, 2019), essa conjunção confere 
ao paisagismo a condição de “[...] única expressão artística em que participam os 
cinco sentidos humanos [...]”. Diferente da pintura, em que a visão é predominante, 
ou até mesmo da escultura, em que se pode incluir o tato, o paisagismo, por trabalhar 
com elementos vivos, têm a capacidade de estimular todos os sentidos. Imagine que 
você está caminhando em um jardim e começa a ouvir o canto dos pássaros em uma 
árvore; ao se aproximar um pouco mais, você sente o aroma vindo de um arbusto 
 
27 
plantado ao pé daquelaárvore; quando você toca nesse arbusto, encontra frutas 
comestíveis. 
 
Elementos vegetais 
Para GALINATTI, 2019, quando pensamos em paisagismo, a primeira imagem 
que vem à mente é a de vegetação. As plantas são, certamente, um dos aspectos 
definidores do paisagismo. 
 
Fonte: vivadecora.com.br 
De acordo com GALINATTI, 2019, os elementos vegetais podem ser 
classificados em três categorias: árvores, os elementos mais altos; arbustos, com 
altura média; e forrações, que ficam junto ao solo. 
 
Árvores 
De acordo com GALINATTI, 2019, por serem elementos de grandes dimensões, 
as árvores demandam algumas características específicas do terreno. Normalmente, 
o condicionante do terreno define nem qual é o padrão de arborização possível. 
Quanto à sua copa, as árvores podem ter copas horizontais ou verticais. As primeiras 
apresentam o diâmetro da copa similar ou maior do que a sua altura, enquanto as 
segundas são mais altas do que largas. 
 Segundo Abbud (2006, apud GALINATTI, 2019), as árvores de copa horizontal 
“formam um teto, uma sombra, um lugar aconchegante”. Portanto, podem ser 
 
28 
utilizadas como uma transição entre o espaço aberto e o espaço fechado quando 
plantadas junto à varanda de uma edificação. 
Já as árvores de copa alta podem ser utilizadas como elementos focais em uma 
composição paisagística. Elas também podem ser agrupadas com certa proximidade 
para criar bloqueios visuais de vento, de modo a melhorar a habitabilidade de um 
jardim, relata GALINATTI, 2019. 
 
Arbustos 
Por seu tamanho reduzido quando comparado ao das árvores, os arbustos são 
uma ótima opção para composições em espaços menores. Contudo, não devem ser 
negligenciados em grandes projetos, uma vez que o equilíbrio entre elementos 
vegetais grandes e pequenos é uma das características do bom projeto de 
paisagismo. 
Segundo estudos realizados por GALINATTI, 2019, os arbustos podem ser 
compostos de modo a definir espaços em um jardim. Como são quase totalmente 
cobertos de folhas, eles têm a característica de um sólido vegetal. Assim, quando 
plantados lado a lado, os arbustos dão origem a verdadeiros muros verdes. 
Para Abbud (2006, p. 91, apud GALINATTI, 2019), essa é uma das 
características mais marcantes desse tipo de vegetação: “[...] o principal papel dos 
arbustos é vedar e ajudar na definição de escalas e lugares aconchegantes [...]”. 
 
Forrações 
As forrações são plantas que se desenvolvem junto ao chão (forrações de 
solo) ou junto a elementos naturais ou construídos (espécies conhecidas 
como “trepadeiras”). As primeiras são indicadas para o plantio direto no solo, 
na horizontal, enquanto as segundas podem crescer junto a superfícies 
verticais ou inclinadas. (GALINATTI, 2019) 
Para GALINATTI, 2019, as forrações de solo são divididas entre aquelas que 
suportam o pisoteio, como as gramas, e aquelas que não podem ser pisadas, como 
as plantas rasteiras. 
Essas plantas são ótimas para composições ornamentais, por apresentarem 
cores variadas e florações que permitem compor tapetes vegetais complexos. Para 
garantir que a composição se mantenha ao longo do tempo, é necessária a previsão 
 
29 
de elementos de contenção vegetal, como muretas ou anteparos plásticos, conclui 
GALINATTI, 2019. 
Elementos não vegetais 
No dizer de GALINATTI, 2019, um jardim composto só de vegetação não está 
completo. Para um jardim dar conta de um uso contínuo, precisa ter elementos não 
vegetais, como rochas e mobiliário urbano. Dessa maneira, o jardim pode ser 
aproveitado em todo o seu potencial, trazendo espaços de contemplação e descanso, 
além de facilitar a locomoção dos visitantes. 
 
Fonte: lanternadepedra.com.br 
Rochas 
Segundo GALINATTI, 2019, as rochas estiveram ao lado da vegetação nos 
projetos paisagísticos desde os primeiros assentamentos humanos. O uso mais 
comum das pedras no paisagismo é o de elementos de piso. Grandes pedaços de 
rocha podem ser assentados diretamente na terra, por exemplo. 
Há também outros usos, como no caso dos paralelepípedos das cidades 
portuguesas e espanholas e dos pisos do tipo pedra portuguesa, herança colonial que 
foi ressignificada pelos paisagistas modernos brasileiros, com destaque para Roberto 
Burle Marx. Atualmente, são utilizadas placas de pedra produzidas industrialmente 
com espessuras muito pequenas, relata GALINATTI, 2019. 
 
30 
 Esse material é comumente utilizado em jardins sobre lajes com o sistema de 
piso elevado, que facilita a manutenção e dispensa ralos aparentes, conclui 
GALINATTI, 2019. 
Madeiras 
Os elementos de madeira podem ser utilizados no paisagismo tanto em sua 
forma bruta, como toras de madeira roliça, quanto em sua forma 
industrializada, como barras de madeira laminada, relata GALINATTI, 2019. 
Para GALINATTI, 2019, esse material é muito utilizado em bancos, degraus, 
decks, muretas e pérgolas, além de portões e cercas. Por ser um produto natural 
proveniente de árvores, a sua composição com a vegetação gera efeitos muito 
interessantes. As toras ou mourões brutos devem receber tratamento anticupim e 
antiapodrecimento para garantir a sua durabilidade. Atualmente, existem técnicas 
eficientes que aumentam a vida útil desses materiais. 
14 ESCALAS DO PAISAGISMO 
Como caracteriza GALINATTI, 2019, desde a Revolução Industrial, no século 
XVIII, a população tem se deslocado do campo para as cidades. Com o crescimento 
da população urbana, tornou- -se necessário que as cidades tivessem planos de 
arborização e previsão de espaços abertos para que as pessoas pudessem ter contato 
com a natureza. Esse fenômeno levou à criação dos parques urbanos, grandes 
glebas, localizadas geralmente no coração das cidades, onde não são permitidos o 
loteamento e a venda de terrenos e onde as únicas edificações permitidas são aquelas 
que atendem ao próprio parque, como museus e auditórios. 
Para Waterman (2010, apud GALINATTI, 2019), a criação de parques nacionais 
e jardins urbanos e a necessidade de planejamento urbano de larga escala geraram 
muitas oportunidades para os paisagistas 
Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, a população tem se deslocado 
do campo para as cidades. Com o crescimento da população urbana, tornou- -se 
necessário que as cidades tivessem planos de arborização e previsão de espaços 
abertos para que as pessoas pudessem ter contato com a natureza. Esse fenômeno 
levou à criação dos parques urbanos, grandes glebas, localizadas geralmente no 
coração das cidades, onde não são permitidos o loteamento e a venda de terrenos e 
 
31 
onde as únicas edificações permitidas são aquelas que atendem ao próprio parque, 
como museus e auditórios. Para Waterman (2010, apud GALINATTI, 2019), a criação 
de parques nacionais e jardins urbanos e a necessidade de planejamento urbano de 
larga escala geraram muitas oportunidades para os paisagistas 
De acordo com GALINATTI, 2019, um dos parques urbanos mais conhecidos é 
o Central Park, que fica na ilha de Manhattan, em Nova Iorque. O parque foi proposto 
na primeira metade do século XIX, período no qual a população de Nova Iorque 
quadruplicou. Durante esse período, já havia sido aprovado o projeto de traçado 
urbano da ilha, conhecido como Plano do Comissário, que dividiu toda a extensão 
ainda não ocupada de Manhattan em uma grelha de quarteirões medindo 274 × 80 m. 
No Brasil, destaca-se o Parque Ibirapuera, em São Paulo. Ele foi planejado 
desde o início do século XX — período de maior crescimento demográfico da capital 
paulista — e executado finalmente nos anos 1950, relata GALINATTI, 2019. 
 
Fonte: parqueibirapuera.org 
Conforme GALINATTI, 2019, o Ibirapuera contempla, além do projeto 
paisagístico de Roberto Burle Marx, com lagos e vegetação abundantes, um conjunto 
edificado projetado por Oscar Niemeyer. Tal conjunto é unido por uma generosa 
marquise que serve como espaço de sombra e ponto de referência para os visitantes, 
mostrandoo potencial da união entre arquitetura e paisagismo. 
 
 
32 
15 SISTEMA PUBLICO DE AREAS VERDES E PAISAGISMO URBANO. 
Como enfatiza BARGOS; MATIAS, 2011, a busca pelo desenvolvimento de novas 
práticas e reflexões relacionadas ao planejamento urbano tem sido evidenciada no 
Brasil e no mundo pelo elevado número de pesquisas e estudos técnicos e científicos 
realizados nos últimos anos. 
 
Fonte: infoescola.com 
Muitos desses estudos apontam a vegetação intraurbana como importante 
indicador da qualidade ambiental nas cidades devido às funções ecológicas, estéticas 
e de lazer que ela pode exercer. Neste contexto, a vegetação urbana recebe diferentes 
nomenclaturas que são utilizadas indistintamente como sinônimos do termo áreas 
verdes, quando na realidade, em muitos casos, não o são, relata BARGOS; MATIAS, 
2011. 
Para BARGOS; MATIAS, 2011, desde a década de 1970 as cidades brasileiras 
têm sofrido as mais intensas transformações. A busca pela compreensão da 
diversidade dos aspectos do espaço urbano, relacionados às suas dimensões 
socioambientais, tornou-se uma preocupação cada vez mais presente para o 
planejamento e a gestão urbana. Os temas relacionados à qualidade ambiental das 
áreas urbanas vêm sendo debatidos por diversos pesquisadores nos níveis técnicos 
e científicos. 
 
33 
Na opinião de BARGOS; MATIAS, 2011, embora a vegetação seja considerada 
por diversos pesquisadores como um importante indicador de qualidade ambiental 
urbana é possível notar divergências conceituais entre aqueles que estudam o tema, 
pois termos como áreas verdes, espaços livres, áreas de lazer, por exemplo, são 
utilizados indistintamente como sinônimos para referência à presença de áreas 
verdes, quando na realidade não o são necessariamente sinônimos para referência à 
presença de áreas verdes, quando na realidade não o são necessariamente. 
16 ÁREAS VERDES URBANAS 
Conforme Nucci (2001, apud BARGOS; MATIAS, 2011), um atributo muito 
importante, porém negligenciado no desenvolvimento das cidades, é o da cobertura 
vegetal, pois além de todas as necessidades que o ser humano tem em relação à 
vegetação é importante lembrar que as cidades estão cada vez mais poluídas, e esta 
poluição, principalmente no ar e nos rios, pode ser reduzida substancialmente 
preservando-se a vegetação local. 
Os termos áreas verdes, espaços/áreas livres, arborização urbana, verde 
urbano, têm sido frequentemente utilizados no meio científico com o mesmo 
significado para designar a vegetação intraurbana. No entanto, pode-se considerar 
que a maioria deles não são sinônimos, e tampouco se referem aos mesmos 
elementos. (Nucci 2001, apud BARGOS; MATIAS, 2011) 
Lima et al. (1994, apud BARGOS; MATIAS, 2011) consideram que é necessário 
um esforço para que os termos utilizados para classificação da vegetação urbana 
sejam discutidos de forma convergente. Para eles, espaço livre é um termo mais 
abrangente que áreas verdes, e admitem que entre os espaços livres tem-se: 
Área verde: onde há o predomínio de vegetação arbórea. Devem ser 
consideradas as praças, os jardins públicos e os parques urbanos, além dos canteiros 
centrais e trevos de vias públicas, que tem apenas funções estéticas e ecológicas. 
Porém, as árvores que acompanham o leito das vias públicas não se incluem nesta 
categoria. Os autores apontam que as áreas verdes, assim como todo espaço livre, 
devem também ser hierarquizadas, segundo sua tipologia (privadas, potencialmente 
coletivas ou públicas) e categorias. (MATIAS, 2011) 
 
34 
 Parque Urbano: são áreas verdes, maiores que as praças e jardins, com 
função ecológica, estética e de lazer. (MATIAS, 2011) 
 Praça: pode não ser considerada uma área verde caso não tenha vegetação 
e seja impermeabilizada. Quando apresenta vegetação é considerada jardim, e como 
área verde sua função principal é de lazer. (MATIAS, 2011) 
 Arborização Urbana: são os elementos vegetais de porte arbóreo tais como 
árvores no ambiente urbano. As árvores plantadas em calçadas fazem parte da 
Arborização Urbana, no entanto, não integram o Sistema de Áreas Verdes. (MATIAS, 
2011) 
O sistema de áreas verdes é entendido como integrante do sistema de espaços 
livres. Esta ideia é sustentada também por Nucci (2001, apud BARGOS; MATIAS, 2011) 
que denomina estas áreas como um subsistema do sistema de espaços livres e que 
devem fornecer possibilidade de lazer à população. 
Oliveira (1996, apud BARGOS; MATIAS, 2011) já havia considerado a questão 
da permeabilidade do solo nas áreas verdes. Para ele o conceito de áreas verdes, 
para ser completo, necessita descrever suas estruturas e enfatizar, sobretudo, a 
importância que elas têm em termos de suas funções (ecológicas, estéticas, 
econômicas e sociais) 
 
Funções das áreas verdes 
 
Para Milano (1990, apud VIEIRA, 2004, apud BARGOS; MATIAS, 2011) a 
principal função do sistema de áreas verdes urbanas não deve ser apenas a criação 
de refúgios para que as pessoas possam “escapar” da cidade. Além disso, essas 
áreas devem possibilitar à população momentos de lazer e recreação em convívio 
com a natureza, respeitando sua vivência urbana e contato com outras pessoas. 
Oliveira (1996, p. 11, apud BARGOS; MATIAS, 2011) argumenta que: 
O “[...] estilo de vida urbano e a estrutura cultural das cidades são elementos 
associados à tendência ao sedentarismo, aumentando a demanda por áreas 
verdes e espaços para recreação”. 
 
35 
Vieira (2004, apud BARGOS; MATIAS, 2011) admite que as áreas verdes tendem 
a assumir diferentes papéis na sociedade e suas funções devem estar 
interrelacionadas no ambiente urbano, de acordo com o tipo de uso a que se destinam. 
Como caracteriza BARGOS; MATIAS, 2011, as funções destas áreas estariam 
relacionadas à: 
 Função Social: possibilidade de lazer que essas áreas oferecem à população. 
Com relação a este aspecto, deve-se considerar a necessidade de hierarquização. 
(MATIAS, 2011) 
 Função Estética: diversificação da paisagem construída e embelezamento da 
cidade. Relacionada a este aspecto deve ser ressaltada a importância da vegetação. 
(MATIAS, 2011) 
 Função ecológica: provimento de melhorias no clima da cidade e na 
qualidade do ar, água e solo, resultando no bem-estar dos habitantes, devido à 
presença da vegetação, do solo não impermeabilizado e de uma fauna mais 
diversificada nessas áreas. (MATIAS, 2011) 
Função Educativa: possibilidade oferecida por tais espaços como ambiente 
para o desenvolvimento de atividades educativas, extraclasse e de programas de 
educação ambiental. (MATIAS, 2011) 
Função Psicológica: possibilidade de realização de exercícios, de lazer e de 
recreação que funcionam como atividades “antiestresse” e relaxamento, uma vez que 
as pessoas entram em contato com os elementos naturais dessas áreas. (MATIAS, 
2011) 
Como indicador de qualidade ambiental as áreas verdes precisam ser 
consideradas ainda conforme sua distribuição e dimensão espacial para que o 
planejamento urbano e ambiental supra as necessidades da sociedade e não apenas 
seja conduzido à valorização e preservação da vegetação no meio urbano por uma 
questão meramente preservacionista, finaliza BARGOS; MATIAS, 2011. 
17 O JARDIM 
Jardim é uma figura que perpassa a história humana, um espaço de deleite 
de monarcas e nobres que, a partir do século XVIII, é introduzido, ainda de 
forma não estrutural, no espaço da cidade europeia, tornando-se, a partir do 
 
36 
século XIX, uma forma estrutural de qualificação do espaço urbano 
(Macedo,2014). 
 
Fonte: br.freepik.com 
Pode-se dizer que o ajardinamento é uma forma de tratamento paisagístico do 
espaço livre urbano, podendo ser originado de um projeto paisagístico ou de uma ação 
vernacular que objetiva romper com a rigidez da estrutura edificada típica de cidade, 
relata Macedo, 2014. 
De acordo com Macedo, 2014, devido à própria natureza, o jardim é um 
elemento urbano extremamentefrágil, pois, na medida em que é estruturado 
basicamente por seres vivos – árvores, arbustos, forrações –, exige manutenção 
constante para manter-se íntegro, assim como é suscetível às ações de diferentes 
proprietários e mantenedores, que, frequentemente e pelos mais diversos motivos, 
fazem alterações radicais em sua estrutura morfológica. 
Na visão de Macedo, 2014, o jardim significa movimento, transformação, 
maturação e efemeridade, pois lida com seres vivos, que nascem, crescem e morrem. 
O projeto, as concepções de um jardim podem partir do princípio da vegetação 
madura, adulta, e do tempo que demora para alcançar tal maturidade, ou, ainda, do 
entendimento das diversas configurações que pode assumir durante o tempo – e é 
com uma dessas imagens que se identificam e se valorizam um jardim e o seu 
significado em um determinado momento cultural. 
 
37 
Conforme Macedo, 2014, um jardim não é só vegetação e depende 
estruturalmente do parcelamento de uma área em canteiros e caminhos, estares e 
pátios, que recebem, além do plantio, a inserção da água nas suas mais diversas 
formas como fontes, tanques, lagos e canais; pequenos elementos construídos, como 
quiosques, caramanchões, colunatas, pórticos, estufas, coretos e gazebos; esculturas 
dos mais diversos portes, bancos, vasos, luminárias, pavimentos simples, rústicos e 
sofisticados, sendo fundamental o tipo de sítio em que está inserido, ou, ainda, a que 
tipo de modelagem o terreno foi submetido e as formas de uso e apropriação pelo 
usuário – proprietário ou população – e por animais diversos, aves e pequenos 
mamíferos em especial. 
Macedo,2014 já afirmou que inventariar jardins é um procedimento que tem 
caráter praticamente emergencial em um país em que a tradição de preservação 
desse tipo de espaço ainda é pequena. Poucos serão conservados ou preservados, 
sendo fundamental a criação de um centro de documentação nacional dos jardins para 
a conservação da cultura paisagística brasileira. 
18 O JARDIM BRASILEIRO 
 
Fonte: centraldenoticias.radio.br 
 
 
38 
A constituição do jardim no Brasil está intimamente ligada às dinâmicas 
ecológicas e climáticas, à variabilidade vegetal encontrada no território nacional, à sua 
tropicalidade, à rusticidade do interior do Nordeste e do Cerrado e também às 
influências formais do estrangeiro, que, desde sua gestação no país, direcionaram 
sua constituição – no caso, a influência europeia, e, depois, a americana, que foram 
e são extremamente fortes, atesta Macedo,2014. 
Para Macedo,2014, essas influências vieram e vêm das elites, que introduziram 
o jardim no país, e foram remodeladas e solidificadas pela ação vernacular de 
inúmeros profissionais jardineiros – a maioria de origem europeia –, e, depois, por 
profissionais locais, tanto jardineiros como paisagistas. Praticamente não houve 
grande influência de outros países latino-americanos no paisagismo, na sua 
conformação e no jardim brasileiro. 
 Restringiu-se a poucas incursões de profissionais brasileiros pelas Américas 
do Sul e Central, sem, de fato, haver grandes trocas de experiências, tanto pelas 
poucas oportunidades de trabalho, como pela distância cultural, segundo 
Macedo,2014. 
De acordo com Macedo,2014, a partir das últimas três décadas do século XX, 
será expressiva a influência da indústria produtora de mudas e equipamentos para 
jardim – que direcionará extremamente a escolha de materiais e espécies vegetais – 
na constituição formal do jardim brasileiro contemporâneo. 
A vegetação utilizada será a mais disponível no mercado, pelo menos na média 
dos jardins públicos e privados. Somente em certos casos, como em espaços 
projetados para palácios, parques e jardins particulares de alto padrão, e em alguns 
espaços públicos de alta visibilidade, cujo projeto foi encomendado para algum 
paisagista de renome, haverá seleções sofisticadas de espécies vegetais – e mesmo 
de materiais de acabamento e mobiliário urbano, conclui Macedo,2014. 
19 O JARDIM NO BRASIL 
O jardim tem sua constituição atrelada à história da urbanização nacional, 
sendo típico do processo de urbanização e reurbanização pelas quais passou 
o Brasil no século XIX. (Macedo,2014) 
De acordo com Macedo,2014, até então, a cidade brasileira era pequena, e 
mesmo os grandes centros não passavam de pequenas cidades, entrepostos 
 
39 
comerciais a intermediarem a colônia com o reino português. Com a constituição do 
“país Brasil”, suas cidades principais, litorâneas em geral, passam por drásticas 
transformações, que as direcionam a configurações urbanísticas e paisagísticas de 
caráter europeu, alinhando o país e suas cidades às grandes capitais do velho 
continente. 
 
Fonte: jardim-dos-sonhos-landscaper.negocio.site 
Conforme Macedo,2014, não surgem em local especial, mas de modo 
simultâneo, pelos mais diversos pontos – da capital, no Rio de Janeiro, a Recife, 
Salvador; pelas cidades do interior, em São Paulo; na nova capital de Minas Gerais, 
Belo Horizonte; em Campinas, Fortaleza, Manaus, Belém do Pará e em muitas outras 
cidades. 
O jardim é um dos símbolos de modernidade urbana no Brasil do século XIX, 
assim como os bulevares, os palacetes isolados no lote, a arborização de rua, 
as avenidas monumentais, os passeios à beira-mar, as praças ajardinadas e 
os parques urbanos, elementos que, associados à moderna arquitetura 
eclética – que substitui a velha arquitetura colonial – e aos novos costumes 
sociais constituem a imagem urbana da época. (Macedo,2014) 
Para Macedo,2014, a partir desse século consolida-se como uma forma de 
qualificação do espaço urbano, e permanece como elemento fundamental de 
tratamento de muitos dos espaços urbanos, parques, praças, largos, calçadões, 
mirantes, terraços, praias e orlas fluviais. 
Do ponto de vista de Macedo,2014, durante o século XX, sua configuração e 
sua forma de tratamento paisagístico básica são alteradas, tanto em função dos novos 
 
40 
padrões estéticos em voga, como pelas novas formas de uso do espaço urbano, com 
o advento do uso massivo do automóvel e das novas formas de recreação ao ar livre. 
Como caracteriza Macedo,2014; o paisagismo brasileiro divide-se em três 
períodos: 
1. Ecletismo – de 1783, com a inauguração do Passeio Público do Rio de 
Janeiro, até 1938, com o projeto dos jardins do Ministério da Educação e 
Saúde (MES), no Rio de Janeiro, por Roberto Burle Marx. 
2. Moderno – de 1938 até os anos 1990, com os projetos do Jardim Botânico 
de Curitiba (1991) e o projeto da praça Itália em Porto Alegre (1992). 
3. Contemporâneo – 1992 em diante. 
Ecletismo – significa, para o paisagismo, e, portanto, para o jardim, mistura, 
diversidade formal, reprodução de padrões diversos de padrões jardinísticos europeus 
de projeto e agenciamento espacial, derivados de duas tradições muito fortes: a 
clássica, cuja origem se perde nos tempos, e a romântica, formatada na Inglaterra a 
partir do século XVII, enfatiza Macedo,2014. 
No Brasil, a tradição do jardim remonta ao início da colonização, aos famosos 
jardins da corte de Nassau (Recife), aos hortos coloniais, aos pátios de conventos 
tratados e aos pequenos jardins das casas senhoriais. Destes, praticamente tudo se 
perdeu e quase nada se sabe, a não ser pela descrição de cronistas da época, 
pinturas e desenhos de viajantes, relata Macedo,2014. 
Para Macedo,2014, no século XIX, com a formação da nação, o jardim se torna 
um elemento urbano significativo na corte e nas principais cidades do país, e é nesse 
século que surgem, em quantidades importantes, exemplos de espaços ajardinados, 
nos palácios, junto a mansões senhoriais, nos palacetes, nas fazendas, conventos e 
espaços públicos. 
Como relata Macedo,2014, esse jardim é caracterizado pelo que denominamos 
tríade clássica: 
• caminhos ortogonais, ou predominantemente ortogonais entre si; 
• caminhos periféricos definidos; 
• elemento focal situado no meio do logradouro,no cruzamento dos caminhos 
principais, ou, ainda, elementos dispostos ao longo dos principais eixos, mas 
sempre no cruzamento de dois áxis (Macedo,2014) 
Moderno – cuja denominação também provém da arquitetura, indicando, no 
caso, a ruptura formal e funcional no projeto paisagístico, ruptura esta que 
acompanhou as passadas pela arquitetura brasileira dos anos 1930-1940 (durando 
dos anos 1930 até o início dos anos 1990), observa Macedo,2014. 
 
41 
Segundo Macedo,2014, na construção do jardim, equivale ao abandono da 
cenarização, em busca das paisagens brasileiras, da valorização das plantas nativas 
e tropicais, do abandono das regras compositivas dos manuais europeus, da ruptura 
com a axis no traçado dos pisos e com as formas tradicionais das águas –, durante 
todo o período anterior baseadas em ícones palacianos europeus. 
De acordo com Macedo,2014, na adoção da tropicalidade nacional, em um 
flagrante espelhamento dos movimentos nacionalistas da primeira metade do século 
XX. 
O jardim moderno é gerado com a arquitetura moderna e é visto como 
continuidade do interior do edifício, cujos pisos devem interagir entre si, 
sempre procurando a continuidade de materiais e visual. (Macedo,2014) 
Como descrito por Macedo,2014, no espaço público, o uso dos pisos de formas 
diversas – ora geométricos, ora sinuosos, ora mistos, modelados por materiais 
coloridos e plásticos, como o mosaico português e a ardósia – passa a ser comum, 
permeando por jardins majoritariamente constituídos de vegetação tropical. 
Nestes, são dispostos equipamentos de recreação, quadras e playgrounds no 
espaço público, e piscinas nas residências particulares, conclui Macedo,2014. 
Contemporâneo – significa pluralidade e diversidade, o abandono completo 
de padrões estéticos definidos, de regras acadêmicas, tanto do passado recente como 
dos padrões românticos e clássicos do passado distante, relata Macedo,2014. 
Conforme Macedo,2014, caracteriza-se por: 
• extrema diversidade de soluções formais, muitas vezes releituras de soluções 
do passado; (Macedo,2014) 
• abandono parcial da utilização das plantas exclusivamente tropicais nas 
soluções projetuais, sendo comum a utilização de plantas de todas as origens, 
inclusive da América do Norte e da Europa. Existe uma volta da utilização de espécies 
sazonais, especialmente em jardins particulares ou rotatórias e canteiros centrais, 
utilização está apoiada e incentivada por uma indústria de produção de mudas;( 
Macedo,2014) 
• em certos casos, com forte apelo ecológico de alguns projetos, com a 
valorização dos jardins rústicos, quase imitações da natureza, a introdução de 
passarelas sobre charcos e árvores e a valorização dos restos de mata nativa. 
(Macedo,2014) 
 
42 
20 ÁREAS VERDES EM AMBIENTES INDUSTRIAIS 
O trabalhador tem sido, ao longo dos anos, confinado para desenvolver suas 
tarefas em ambientes fechados, áridos, e até insalubres. Inicialmente o espaço de 
trabalho era pensado como um conjunto de lugares delimitados onde deviam afixar-
se os trabalhadores para executarem suas tarefas, concepção similar à utilizada no 
modelo “taylorista-fordista” de produção fabril (TALMASKI e SANTOS, 1998, apud 
BAILON; CALDAS, 2013). 
A partir do século XXI, diminuiu-se o esforço físico reduzindo o cansaço ou 
fadiga muscular, porém aumentou-se o esforço mental, a vigilância e o trabalho de 
precisão. Houve o fim da era da “mão-de-obra” e o início da era do “cérebro-de-obra” 
(ABRANTES, 2010, apud BAILON; CALDAS, 2013). 
Ao longo dos anos, arquitetos, engenheiros e médicos vêm tentando aliviar os 
prejuízos causados para a saúde física e mental dos trabalhadores, consequência 
desta ruptura com o nosso ambiente natural (PILOTTO, 1997, apud BAILON; 
CALDAS, 2013). 
Segundo Iida (2005, apud BAILON; CALDAS, 2013), "a ergonomia é o estudo 
da adaptação do trabalho ao homem", e esta abrange não apenas as máquinas e 
instrumentos utilizados pelo trabalhador, mas também "toda a situação em que ocorre 
o relacionamento entre o homem e seu trabalho, inclusive o ambiente físico". 
O artigo 225 da Constituição Federal dispõe que “todos têm o direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado”, sendo este o resultado da união de quatro 
espécies de ambiente: 
a) Meio Ambiente Natural (art. 225, caput, § 1º, I a VII) – Composto pelo solo, 
água, ar, fauna, flora e “demais elementos naturais responsáveis pelo equilíbrio 
dinâmico entre os seres vivos e o meio em que vivem, inclusive os ecossistemas”; 
b) Meio Ambiente Cultural (art. 225 e 226) – Representado pelos bens materiais 
e imateriais que definem a identidade e a tradição dos diferentes grupos integrantes 
da sociedade, tais como o patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, 
turístico e científico; 
c) Meio Ambiente Artificial1 (arts. 21, XX, 182 a 191, e 225) – Formado pelo 
conjunto de edificações, equipamentos, estradas e demais elementos que compõem 
o espaço construído, urbano ou rural; 
 
43 
d) Meio Ambiente do Trabalho (arts. 7°, XXXIII, e 200, VIII) – É o conjunto de 
bens, condições e instrumentos existentes no local de trabalho. 
O meio ambiente do trabalho representa uma parte do meio ambiente geral e, 
por isso, é assegurado ao trabalhador por norma constitucional, contribuindo para a 
“sadia qualidade de vida” deste, garantindo não apenas proteção à vida, mas a 
garantia de uma vida saudável e de um ambiente de trabalho sadio e de boa qualidade 
(LEITE, 2003, apud BAILON; CALDAS, 2013). 
21 PAISAGEM MODIFICADA E QUALIDADE DE VIDA 
 
Fonte: meioambiente.culturamix.com 
Segundo Minaki e Amorim (2007, apud BAILON; CALDAS, 2013), verificada 
principalmente após o surgimento da sociedade moderna, o conceito de qualidade 
ambiental, integra um conceito maior definido como qualidade de vida, que por sua 
vez, é o diagnóstico da existência ou não de condições saudáveis do meio, em termos 
humanos, sociais, ecológico-ambientais, econômicos, dentre outros, obtidos em 
conjunto num determinado local. 
Desta forma entende-se que a saúde do homem trabalhador depende tanto da 
forma como conduz a sua vida quanto pela forma como o ambiente de trabalho 
interfere na sua saúde (ABRANTES, 2010, apud BAILON; CALDAS, 2013). 
 
44 
No momento em que a civilização se organizou em estruturas sociais e políticas 
mais definidas, tornou-se mais incisiva a interferência do homem sobre a superfície 
natural. A geração de alimento e energia, a produção de bens e serviços, a disposição 
de resíduos e a utilização do espaço, tudo se sustenta no ciclo participativo com o 
ambiente natural. O sistema natural encontra-se, desde então como um competidor 
passivo, pressionado e perdedor diante da expansão das cidades e áreas 
metropolitanas, sem capacidade de absorver essas estruturas e os resíduos gerados 
por elas (PILOTTO, 1997; COPQUE et al, 2009, apud BAILON; CALDAS, 2013). 
O ambiente construído nasceu a partir da interação do homem com o ambiente 
natural, pela necessidade de proteção em relação às adversidades climáticas. Com a 
urbanização o desenvolvimento humano não priorizou a qualidade natural dos 
habitats, mas a busca de artifícios que projetam o bem-estar pessoal. Essa procura 
desenfreada por "progresso", associada ao aumento da densidade populacional, 
contribui a cada dia para que a vida se torne menos natural nas grandes cidades, onde 
os fatores determinantes da manutenção da salubridade ambiental, muitas vezes, não 
são considerados (SANCHOTENE, 1985; PILOTTO, 1997; MINAKI e AMORIM, 2007; 
ZAMBRANO, 2008, apud BAILON; CALDAS, 2013). 
22 ESPAÇO GEOGRÁFICO 
De acordo BRANCO, 2020, se fossemos consultar num dicionário a palavra 
espaço, constataríamos que há uma grande quantidade de significados. Para 
geografia o espaço são as paisagens, as relações que se estabelecem entre as 
pessoas (sociais, econômicas, políticas, etc.), as relações entre as pessoas e a 
natureza, e as própriaspessoas. Esse espaço é chamado de espaço geográfico. 
 
 
45 
 
Fonte: brasilescola.uol.com.br 
Como caracteriza PENA, 2020, o espaço geográfico é o meio utilizado e 
transformado pelas atividades humanas. Em termos gerais, ele se difere do espaço 
natural, em função do fato de o último não sofrer diretamente as consequências das 
práticas econômicas, sociais, culturais e cotidianas presentes nas sociedades e 
envolvendo tanto o meio rural quanto o meio urbano. 
Conforme PENA, 2020, existem vários conceitos de espaço geográfico, 
variando conforme a abordagem e a corrente de pensamento empregada. Em alguns 
casos, ele é visto como um “receptáculo”, um palco das atividades humanas; em 
outros, ele é concebido como uma conjunção de elementos da natureza, sendo 
também conceituado como reflexo e condicionante das práticas sociais. 
De acordo com estudos realizados por PENA, 2020, o espaço geográfico 
constrói-se a partir da transformação dos elementos naturais pelas práticas 
antrópicas. Por isso, ele guarda consigo as marcas históricas das civilizações e suas 
transformações ao longo do tempo, haja vista que novas construções e reconstruções 
estão sempre acontecendo, porém não de forma igualitária ao longo da extensão das 
sociedades. 
É importante, porém, que não se confunda o conceito de espaço geográfico 
com o de paisagem. Afinal, as paisagens também se diferenciam entre as naturais e 
as geográficas, pois elas formam a expressão externa do espaço. Basicamente, 
 
46 
podemos entender que a paisagem é o espaço apreendido pelos nossos sentidos 
(visão, olfato, tato, audição e paladar), relata PENA, 2020 
Além da paisagem, outro conceito que também é relevante para a 
compreensão do espaço é o de território. Esse, por sua vez, também possui várias 
definições, sendo a mais empregada aquela que se refere às relações de poder. 
Assim, o território é visto, grosso modo, como uma porção do espaço delimitada pela 
propriedade ou pelo exercício de um determinado poder ou soberania. A exemplo do 
território do Brasil, do qual o Estado brasileiro é soberano, ou o território dos 
traficantes, em que cada área é considerada o domínio de um determinado indivíduo. 
Para BRANCO, 2020, a noção de espaço geográfico é mais ampla que a de 
paisagem. Ao pensarmos no espaço geográfico estamos pensando nos elementos e 
aspectos que existem nas paisagens, mas também nas diversas ações que as 
pessoas realizam nas paisagens. Essas ações correspondem aos variados tipos de 
atividades humanas: trabalho, estudo, lazer. Envolvem, portanto, relações 
econômicas, sociais e políticas. Trata-se de algo bastante dinâmico. 
23 A PAISAGEM CONSTRUÍDA PELA SOCIEDADE 
Esteja no campo, ou na cidade, você observará elementos que podem ser 
naturais ou construídos pelos seres humanos, enfatiza BRANCO, 2020. 
 
Fonte: anitadimarco.com 
 
47 
Os elementos naturais numa paisagem são, por exemplo: as árvores (e outros 
tipos de plantas que não foram cultivadas pelas pessoas), os rios, o solo, os morros, 
o mar. Há paisagens nas quais existem muitos elementos naturais, como as que 
podemos observar em florestas (a Amazônica, por exemplo, que vem sofrendo com o 
desmatamento acelerado nos últimos anos), conforme BRANCO, 2020. 
Já os elementos da paisagem que foram construídos pelos seres humanos, 
pelas mulheres e homens, são chamados de humanizados, culturais ou mesmo 
artificiais. São as casas, os edifícios, as ruas, os viadutos, as plantações (cultivos), as 
pastagens formadas pelas pessoas. Esses elementos são um resultado da ação 
humana, do trabalho de mulheres e homens, argumenta BRANCO, 2020. 
De acordo com BRANCO, 2020, nas paisagens também existem outros aspectos 
percebidos pelos nossos sentidos: os sons, os cheiros, os movimentos - a circulação 
de pessoas e de veículos. 
24 PAISAGEM HUMANIZADA 
 
Fonte: paisagens.home 
Para BRANCO, 2020, considerando os movimentos nas paisagens, pode-se 
perceber que elas mudam de um momento para outro. Por isso, afirma-se que elas 
são dinâmicas, estão sendo constantemente modificadas. Elas podem ser 
 
48 
modificadas também: quando casas ou prédios são derrubados, e outros são 
construídos; quando uma área de floresta é desmatada; quando ocorre uma colheita 
numa área cultivada, por exemplo, com arroz; quando ruas, viadutos, pontes, 
rodovias, são construídos, etc. 
No mundo atual praticamente não existe paisagem natural; são muito restritas 
as áreas onde existem apenas elementos naturais. Os oceanos, por exemplo, são 
constantemente atravessados por navios de todo tipo, seus recursos são explorados 
(inclusive de seu subsolo), em seus leitos há milhares de quilômetros de cabos 
submarinos feitos de cobre ou fibra óptica, que possibilitam as comunicações entre 
milhões de pessoas de diferentes continentes, diariamente. Em diversos trechos da 
floresta Amazônica são desenvolvidas pesquisas, atividades de exploração, muitas 
delas prejudiciais ao ambiente, relata BRANCO, 2020. 
A paisagem humanizada (artificial ou cultural) é a que está presente nos mais 
vastos recantos do planeta. Nela coexistem elementos naturais e artificiais, 
havendo uma predominância destes últimos. (BRANCO, 2020) 
Segundo estudos de BRANCO, 2020, é preciso considerar que mesmo muitas 
plantas que existem nas paisagens bastante humanizadas, como as das grandes 
cidades, não apareceram e cresceram naturalmente, elas foram plantadas pelas 
pessoas. A sua existência, portanto, naquele determinado local, é resultado da ação 
humana. 
25 MODIFICAÇÕES E DESCOBERTAS 
Como caracteriza BRANCO, 2020, nas paisagens também se encontra 
elementos que foram construídos em diferentes épocas. Muitas vezes, em áreas onde 
a ocupação humana é antiga e contínua, verifica-se a presença de construções de 
diferentes períodos históricos. Em relação a isso, pode-se pensar, por exemplo, em 
regiões da Índia e da Itália. Mas pode-se também considerar algumas cidades 
brasileiras que foram fundadas no primeiro século da presença dos portugueses no 
Brasil: Olinda, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, entre outras. Nessas cidades e 
em muitas outras coexistem o velho e o novo, o antigo e o moderno. 
 
49 
 
Fonte: mundoeducacao.uol.com.br 
As modificações nas paisagens também estão relacionadas com as novas 
descobertas que os seres humanos vão realizando, em termos tecnológicos, que 
fazem surgir novos modos de se produzir, novas mercadorias e novas formas 
arquitetônicas, entre outros. Por outro lado, há mudanças nas paisagens que são 
resultado de fatores naturais como a alternância entre o dia e a noite, e entre as 
estações do ano (quando podem ser percebidas, dependendo da localização); ou até 
de terremotos, conclui BRANCO, 2020. 
26 PAISAGEM RURAL 
Conforme estudos desenvolvidos por PETRY, 2014, a maior parte das 
paisagens brasileiras ainda está no meio rural, e a sua fisionomia vai depender do 
desenvolvimento agrícola regional, das características culturais de seus habitantes, 
do zoneamento agroclimático (quais culturas podem se desenvolver ali), dos recursos 
naturais e da aptidão ecológica, do levantamento das unidades de mapeamento dos 
solos e sua classificação de uso, bem como a topografia, em seus aspectos físicos. 
Como fatores sociais, tem-se as diferentes formas e origens da colonização 
e das sucessivas ocupações, bem como os fatores culturais dos povos que a 
colonizaram. Como aspectos políticos, tem-se as políticas agrícolas adotadas 
ao longo de sua evolução e o acesso à comercialização dos seus produtos. 
PETRY, 2014) 
 
50 
 
Fonte: olhares.com 
Para PETRY, 2014, ao se pensar a paisagem rural, convém ser 
conservacionista, vislumbrando a região, como um todo, como bacias (ou 
microbacias) hidrográficas, tratando as propriedades como unidades integralizadoras 
dessas bacias, a fim de garantir a conservação dos recursos hídricos, do solo e da 
sustentabilidade da produção. 
Para

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