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Introdução a radiologia

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INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Amanda Posnik 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, vamos explorar a história da radiologia desde sua 
descoberta, falaremos sobre os raios X e sua produção, os fundamentos da 
radiologia convencional e as práticas de proteção radiológica. 
TEMA 1 – HISTÓRIA DA RADIOLOGIA 
Quando uma pessoa busca um atendimento médico, independentemente 
da situação, sabe-se quase que intrinsecamente quais procedimentos básicos 
serão realizados. Retirando os processos burocráticos de cadastro e avaliação, 
primeiramente teremos uma consulta com um médico, que avalia sinais e 
sintomas, seguido de um ou várias solicitações de exames. Depois de 
realizados, variando o tempo conforme a urgência, há o retorno ao médico para 
um possível diagnóstico, seguido de tratamento. 
Essas etapas são tão esperadas, que quando anuladas, causa grande 
estranheza e desconfiança por parte do paciente. Afinal, como se pode chegar 
a um diagnóstico preciso sem realizar nenhum exame antes? Contudo, devemos 
recordar que para a história da medicina os exames de imagem são um 
acontecimento “recente”, e que anteriormente os médicos não possuíam 
nenhum método ou equipamento que possibilitasse uma visualização do interior 
do corpo humano. 
Por causa dessa "carência", casos de patologias internas, perfuração por 
objetos e traumas eram raramente diagnosticados corretamente, sendo que, em 
situações gravíssimas, os pacientes eram submetidos a cirurgias observatórias. 
Ressaltando que essas cirurgias eram arcaicas, comparadas com a metodologia 
atual, e existia pouco ou nenhum cuidado para evitar hemorragias ou infecções 
resultantes pela falta de higienização, que resultava na amputação e no óbito do 
paciente. 
A história da radiologia se inicia com Wilhelm Conrad Roentgen, nascido 
em 27 de março de 1845, na Alemanha, filho de comerciantes em Lennep. 
Apesar de ter tido um início conturbado na sua carreira escolar, Roentgen 
conquistou o diploma de engenheiro mecânico pela Universidade de Zurique. 
Decidiu seguir carreira acadêmica aceitando o cargo de assistente de seu antigo 
professor, que, em 1874, foi transferido para a Universidade de Estrasburgo, 
levando-o consigo. 
 
 
3 
Sua linha de estudo sempre esteve vinculada com pesquisas e aplicações 
de diferentes temperaturas em diversos materiais, mesmo trocando novamente 
de instituição em função de cargos melhores. Retornou à Universidade de 
Wurzburg, em 1888, como professor de física, pois possibilitava melhores 
condições de pesquisa devido a seus laboratórios amplamente equipados, 
sendo nomeado reitor da instituição em 1894. 
Em 8 de novembro de 1895, Roentgen estava em seu laboratório 
realizando estudos, reproduzindo as pesquisas anteriores sobre os raios 
catódicos, quando tentou observar se os raios saiam de dentro da ampola de 
Crookes (Figura 1), onde eram produzidos. Ao cobrir a ampola com um cartão 
preto no laboratório escuro, observou que uma placa de platinocianureto de bário 
brilhava ao longe, toda vez que a corrente elétrica era ligada na ampola. 
Figura 1 – Wilhelm Conrad Roentgen e a Ampola de Crookes 
 
Crédito: Sergey Kohl/Adobe Stock/Sergey Merkulov/Shutterstock. 
Roentgen repetiu o feito diversas vezes, incluindo diversos materiais e 
obstáculos entre a placa e a ampola de Crookes; contudo, todas as vezes a placa 
brilhou, exceto para platina e chumbo. Em uma das trocas de materiais, o físico 
observou que o contorno dos seus ossos da mão aparecia na placa. Crente que 
havia descoberto uma nova forma de luz, iniciou novos testes com campos 
elétricos e magnéticos, aprofundando a investigação por sete semanas. 
No dia 22 de dezembro de 1895, Anna Bertha Roentgen, esposa do 
professor, participou do estudo a pedido do marido, posicionando sua mão 
esquerda sobre uma placa fotográfica. Por aproximadamente 15 minutos 
 
 
4 
Roentgen expôs a mão de Anna aos raios misteriosos, sendo ao final observável 
na placa os ossos de sua mão e a sombra do anel que usava, realizando, assim, 
a primeira imagem “interna” do corpo humano. 
Com o objetivo de nomear o fenômeno posteriormente, depois de mais 
estudos, batizou os raios com a incógnita matemática X, porém, quando divulgou 
sua pesquisa provisória para a Universidade de Wurzburg e seu trabalho ganhou 
destaque, o nome se popularizou e ficou conhecido como raios X. A comunidade 
médica ficou tão impressionada que a descoberta se alastrou pela Europa como 
pólvora, sendo propagada para o resto do mundo por telégrafo a partir de 
Londres. 
Roentgen realizou diversas “radiografias” em público nos meses 
seguintes. Não patenteou a descoberta, mas ganhou diversos prêmios e 
condecorações, sendo o mais importante o Nobel de física, em 1901, doando o 
dinheiro para a universidade em que era reitor. Faleceu no dia 10 de fevereiro 
de 1923, em Munique, onde foi cremado juntamente a seus objetos pessoais, 
comparecendo à cerimônia diversos cientistas e estudiosos da Europa. 
A popularização dos raios X permitiu novas vertentes de pesquisa, alguns 
estudos foram direcionados a novos diagnósticos, outros para tratamentos de 
neoplasia das mamas e feridas na pele. Um ano após sua descoberta, já eram 
amplamente incorporados na rotina de atendimento médico, sendo construídos 
"laboratórios de raios X” em hospitais que atualmente seriam o setor de 
radiologia e imaginológicos das instituições. 
Em terras brasileiras, os raios X chegaram formalmente um ano após a 
sua descoberta, sendo relatado em uma tese de doutorado em medicina no Rio 
de Janeiro apresentada por Adolpho Carlos Lindenberg. Contudo, contrariando 
a linha de desenvolvimento no Brasil, o primeiro equipamento de radiologia foi 
instalado em Minas Gerais, na cidade de Formiga. 
O equipamento da Siemens foi comprado pelo médico brasileiro José 
Carlos Ferreira Pires, em 1897, e instalado no hospital da cidade que não 
possuía rede elétrica; desse modo, o equipamento teve que ser adaptado a um 
sistema de gerador a gasolina para operar. Esse fato revela uma gigante 
desvantagem dos equipamentos à época, a rede elétrica precária afetava 
diretamente o tempo de exame, sendo que levava aproximadamente 30 minutos 
para uma radiografia de tórax. 
 
 
5 
Um dos grandes destaques na radiologia no Brasil foi o médico Manoel 
Dias de Abreu, que auxiliou no combate à tuberculose, doença que assolou o 
país dos anos 1930 a 1940, com alta mortalidade, por meio da criação de um 
equipamento de radiografia que permitia exames em massa da população, 
ficando conhecida com abreugrafia. 
Os profissionais que operavam os equipamentos de radiologia sempre 
foram ensinados na prática, com pouco ou nenhum conhecimento além da boca 
a boca da rotina de atendimento. Para realizar o trabalho era somente necessário 
o equivalente ao ensino fundamental atual, e o "técnico" atual ensinava a 
profissão. Já a especialização médica foi formalizada nos anos 1950, engajada 
principalmente pelo médico Nicola Casal Caminha que realizava aulas 
semanalmente em seu consultório para alunos e médicos iniciantes (Francisco, 
2016). 
TEMA 2 – RAIOS X 
Os raios X são uma forma de radiação eletromagnética de alta energia, 
não sendo percebidos por nenhum sentido humano, pois são propagados além 
da nossa capacidade de observação. Essa radiação possui comprimentos de 
onda entre 0,01 e 10 nanômetros (Figura 2) e frequências superiores às 
radiações ultravioleta, ou seja, acima de 1018 Hertz. 
Figura 2 – Espectro das radiações 
 
Fonte: Polina Kudelkina/Shutterstock. 
 
 
6 
Essas características trazem às radiações eletromagnéticas e, por 
consequência, aos raios X, algumas propriedades únicas: 
• não possuem massa ou peso, pois são constituídos de energia; 
• não possuem carga elétrica, positiva ou negativa; desse modo, não 
interagem com campos elétricos ou magnéticos; 
• propagam-se no vácuo na velocidadeda luz (300.000 Km/ s), porém em 
qualquer outro meio ocorre a perda de energia variando conforme a 
espessura e o peso atômico do meio; 
• propagam-se em toda e qualquer direção, contudo, sempre em trajetória 
reta, sem curvas; 
• possuem comportamento e propriedades de onda e partículas, sendo 
difratados como ondas, mas também podem ser detectados como 
partículas individuais (fótons); 
• apresentam a capacidade de ionizar átomos, ou seja, podem remover 
elétrons de um átomo criando íons, sendo assim chamadas de radiação 
ionizante; 
• podem causar danos aos sistemas biológicos, alterando o metabolismo 
celular e promovendo quebras cromossômicas; 
• são capazes de tornar alguns materiais fluorescentes e provocar 
alterações químicas em outras, formando imagens; 
• conseguem penetrar em corpos opacos à luz, podendo ser absorvidos de 
diferentes formas de acordo com o material, essa característica possibilita 
a formação de imagens radiográficas. 
TEMA 3 – RADIOLOGIA CONVENCIONAL 
A mais antiga das modalidades da radiologia que emprega raios X obtém 
imagens do corpo humano por meio da atenuação da radiação, sendo um 
procedimento rápido e de baixo custo, indicado para avaliação de diversas 
patologias, como fraturas ósseas, luxações, artroses, doenças pulmonares, 
tumores, entre outras. 
Esse exame consiste no posicionamento do paciente entre uma fonte de 
raios X e um detector de imagens, sendo necessário que o feixe de radiação 
penetre e atravesse a região estudada chegando ao detector. Desse modo, os 
raios X interagem com os tecidos internos do corpo sendo atenuados de 
 
 
7 
diferentes formas, o detector capta os sinais distintos e os transforma em uma 
imagem bidimensional em tons de cinza (Bontrager; Lampignano, 2015). 
3.1 Equipamento de radiologia convencional fixo 
Diariamente o equipamento fixo de raios X é um dos mais empregados na 
rotina médica para diagnóstico devido à sua qualidade de imagem, rapidez e 
baixo custo. São por conceito instalados em uma sala de exames (Figura 3), 
específica e preparada, para sua utilização com segurança e o máximo de 
mobilidade possível. 
O equipamento fixo é o que possui mais componentes, quando 
comparado com os outros aparelhos de radiografia convencional. Todas as 
peças funcionam em conjunto para oferecer maior mobilidade, para facilitar a 
realização de exames em todas as regiões do corpo humano em diferentes 
posições. 
Independentemente da marca ou modelo do equipamento, todos 
possuem uma variação básica dos componentes que serão descritos a seguir 
(Bontrager; Lampignano, 2015). 
• Ampola de raios X: localizada dentro da cúpula do equipamento, é 
fabricada em vidro temperado, resistente a altas temperaturas, e fechada 
a vácuo. Contém em seu interior dois eletrodos: o cátodo e o ânodo, 
responsáveis pela geração de radiação; 
• Cúpula: estrutura de chumbo que barra parte da radiação gerada dentro 
da ampola e auxilia no resfriamento dos componentes. Em sua parte 
inferior, possui uma janela de vidro para a passagem do feixe de radiação 
e seu direcionamento; 
• Colimadores: acoplado perto da janela de saída está o sistema de 
colimação que limita o feixe de radiação para uma área específica do 
corpo ou objeto sendo examinado. Isso ajuda a reduzir a exposição 
desnecessária à radiação; 
• Estativa: estrutura metálica que possibilita a movimentação da cúpula e 
da ampola de raios X, em diferentes direções; 
• Gerador de alta tensão: dispositivo responsável por alimentar e controlar 
a tensão necessária para gerar radiação; 
 
 
8 
• Mesa: local que permite posicionar e alinhar o paciente em exames 
realizados em decúbito (deitado); 
• Mural (bucky): possui as mesmas funções que a mesa, porém em exames 
em ortostase (em pé); 
• Painel de comando: permite a seleção dos parâmetros básicos de controle 
e acionamento da radiação. É instalado longe do equipamento, tendo 
sempre uma barreira de blindagem para proteger o profissional da 
radiação; 
• Detector de radiação: variando conforme o tipo de sistema de formação 
de imagem, esse componente é responsável por detectar a radiação 
incidente e transformá-la em sinais elétricos para produzir a imagem; 
• Computador/software: processam os sinais elétricos enviados pelos 
detectores, produzindo uma imagem radiográfica da estrutura ou objeto a 
que foi exposto à radiação. 
Figura 3 – Equipamento fixo em uma sala de exames 
 
Legenda: 1 – Cúpula; 2 – Colimadores; 3 – Estativa; 4 -Mesa; 5 – Mural; 6 – Painel de comando 
e biombo de proteção. 
Crédito: Tyler Olson/Shutterstock. 
3 
1 
2 
6 
4 
5 
 
 
9 
3.2 Equipamento de radiologia convencional móvel 
Existe também um equipamento de raios X móvel (Figura 4) empregado 
quando o paciente se encontra em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) ou 
em leitos hospitalares, e que devido à sua condição clínica não pode ser 
transportado até o setor de radiologia. Equipado somente com a fonte de 
radiação e detector de imagem, é movimentado por meio de um sistema de 
rodas, juntamente a uma carcaça metálica leve. 
Figura 4 – Equipamento de raios X móvel 
 
Crédito: BigTunaOnline/Shutterstock. 
Por apresentar elementos básicos para a geração de uma imagem 
radiográfica, o equipamento móvel produz um exame de qualidade inferior 
quando comparado a um equipamento fixo de sala. Desse modo, mesmo sendo 
um aparelho de menor custo por lei, ele não pode substituir o equipamento fixo. 
3.3 Equipamento de radiologia convencional portátil 
No mercado de equipamentos radiológicos existe também o equipamento 
de raios X portátil (Figura 5), que possui, aproximadamente, 9 a 12 kg, e o 
tamanho de uma valise. Apresenta baixa capacidade de produção de radiação, 
 
 
10 
normalmente com até 100 mA de corrente elétrica. Devido ao seu tamanho 
muito menor e mais leve, de fácil transporte, pode ser levado para qualquer lugar, 
podendo ser utilizado em situações de urgência em locais de difícil acesso, onde 
não há energia elétrica. Contudo, é amplamente empregado na radiologia 
veterinária nas regiões da cabeça, pescoço e membros de grandes animais, e 
para qualquer parte nos animais pequenos. 
Figura 5 – Equipamento de raios X portátil 
 
Crédito: Ivan Babydov/Shutterstock. 
TEMA 4 – PRODUÇÃO DE RAIOS X 
Para entender como são produzidos os raios X, precisamos relembrar 
como é a estrutura e o funcionamento de um átomo. Qualquer coisa que ocupe 
um lugar no espaço, independentemente de tamanho ou de estado físico, é 
considerada matéria; e se é matéria, é constituída por átomos, sendo sempre o 
átomo a menor parte que compõe a matéria. 
O átomo é composto por um núcleo central, que contém prótons e 
nêutrons, cercado por elétrons que orbitam em torno do núcleo (eletrosfera). Os 
prótons são partículas com carga positiva (+), enquanto os elétrons têm carga 
negativa (-) e os nêutrons não têm carga elétrica. A carga positiva do núcleo é 
 
 
11 
equilibrada pela carga negativa dos elétrons, o que mantém o átomo neutro 
(Nouailhetas, 2012). 
O número de prótons determina o número atômico do elemento, que, por 
sua vez, determina as suas propriedades químicas. O número de nêutrons pode 
variar dentro de um mesmo elemento, gerando isótopos diferentes com 
propriedades físicas distintas para um mesmo elemento. Já o número de elétrons 
varia, podendo ganhar ou perder conforme o meio e as reações ao redor, 
contudo, se o número de elétrons for diferente do de prótons, o átomo não será 
mais eletricamente neutro. 
Na eletrosfera de um átomo, os elétrons orbitam em torno do núcleo 
devido à atração da força eletromagnética, mas também são repelidos pelas 
cargas negativas de outros elétrons que ocupam as mesmas camadas de 
orbitais. Os elétrons podem ocupar sete camada distintas (K, L, M, N, O, P e Q) 
que correspondem à energia que cada elétron tem, sempre que, quanto mais 
externa for a camada, mais energia os elétrons presentestêm (Okuno; 
Yoshimura, 2010). 
Se um elétron absorve energia suficiente, ele pode saltar para uma 
camada de maior energia, ficando em um estado excitado. No entanto, esse 
estado é instável, e o elétron tende a voltar para o seu estado original, liberando 
energia na forma de luz ou calor. Os raios X se originam na eletrosfera a partir 
de dois fenômenos físicos fundamentais, a radiação característica e a radiação 
de freamento, que veremos a seguir. 
4.1 Radiação característica 
A radiação característica (Figura 6) é gerada quando uma fonte externa 
de energia interage com um elétron de um dos orbitais mais internos do átomo 
(camada K), que, por sua vez, é ejetado, deixando um “buraco” na camada 
eletrônica. Para preencher essa lacuna, e estabilizar o átomo, um elétron de uma 
camada mais externa ocupa esse espaço, liberando energia na forma de um 
fóton de radiação eletromagnética. 
 
 
 
 
 
 
12 
Figura 6 – Ilustração demonstrando os raios X característicos 
 
Crédito: KarinR/Adobe Stock. 
Esse fóton liberado tem uma energia igual à diferença entre as energias 
dos orbitais inicial e final. A energia dos fótons de radiação característica é 
específica para cada elemento químico, o que significa que a radiação pode ser 
usada para identificar o elemento que a emitiu; além disso, a intensidade da 
radiação é proporcional ao número de átomos que emite radiação característica, 
permitindo a quantificação de determinado elemento presente em uma amostra 
(Okuno; Yoshimura, 2010). 
4.2 Radiação de freamento 
A radiação de Bremsstrahlung ou freamento (Figura 7), ou também 
chamada de radiação de frenagem, ocorre quando um elétron (-) passa próximo 
a um núcleo atômico, ele é atraído pelo campo elétrico positivo do núcleo. Isso 
faz com que o elétron mude sua trajetória, desacelerando e perdendo energia 
cinética. De acordo com a lei da conservação da energia, esta energia perdida 
pelo elétron deve ser emitida na forma de radiação eletromagnética. 
A energia da radiação emitida é diretamente proporcional à energia 
cinética perdida pelo elétron. Portanto, elétrons que são desacelerados com 
maior intensidade (ou seja, que perdem mais energia cinética) emitem fótons 
com energias maiores. O elétron que sofreu alteração continuará em uma nova 
trajetória, podendo sofrer outras interações atômicas, gerando outros fótons até 
perder totalmente sua energia inicial. 
 
 
 
13 
Figura 7 – Raios X de freamento 
 
Crédito: KarinR/Adobe Stock. 
4.3 Produção de raios X dentro do equipamento 
Todos os equipamentos eletrônicos que tenham como finalidade produzir 
raios X, independentemente de sua finalidade, geram essa radiação ionizante 
sempre da mesma maneira. Dentro desses aparelhos encontra-se uma ampola, 
ou também chamada tubo de raios X, gera radiação a partir do processo de 
emissão de elétrons. 
A ampola (Figura 8) contém um filamento (cátodo) de tungstênio 
aquecido, que libera elétrons quando uma corrente elétrica é aplicada. Esses 
elétrons são acelerados por meio de uma diferença de potencial (d.d.p) em 
direção a um alvo (ânodo) de metal pesado, como o tungstênio ou o molibdênio. 
Quando esses elétrons atingem o alvo, eles são desacelerados abruptamente, o 
que resulta na emissão de fótons de alta energia, ou raios X. 
 
 
 
14 
Figura 8 – Ampola de raios X 
 
Crédito: ScientificStock/Adobe Stock. 
Para produzir raios X de diferentes energias, é possível ajustar a tensão 
aplicada à ampola (kV) e à corrente elétrica (mAs), além de ser possível 
adicionar filtros para remover a radiação de baixa energia para melhorar a 
qualidade da imagem. No entanto, a produção de radiação gera calor excessivo, 
já que no impacto dos elétrons com o ânodo 1% da energia é transformada em 
raios X e 99% gera calor. 
Todo equipamento é fabricado com materiais resistentes a altas 
temperaturas, sendo que ao redor do tubo de raios X existe um sistema de 
refrigeração, geralmente composto de óleo mineral que barra a radiação de fuga 
e auxilia no resfriamento da ampola, suportando temperaturas superiores a 
1200°C evitando danos. Os raios X são emitidos em todas as direções a partir 
do alvo, mas apenas aqueles que passam por meio de uma janela de saída na 
ampola podem ser utilizados, mantendo a segurança do operador e melhorando 
a capacidade do equipamento. 
 
 
15 
TEMA 5 – PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 
Os benefícios e aplicações dos raios X eram tão abundantes para a 
medicina que os envolvidos nas suas práticas possuíam dificuldade para 
entender seus riscos. Em 1896, Elihu Thompson acabou induzindo uma 
queimadura por radiação em seus dedos da mão; em 1904, Clarence Dally 
morreu devido a uma série de complicações causadas por amputações e 
queimaduras. 
Com o tempo, jornais e folhetins divulgavam cada vez mais a morte dos 
profissionais pioneiros da manipulação dos raios X; contudo, a comunidade 
ainda era bem descrente de seus malefícios. Somente em 1928, com a criação 
da Comissão Internacional de Proteção Radiológica – ICRP (International 
Commission on Radiological Protection), foram estabelecidos os primeiros 
padrões de proteção contra a radiação, sendo ainda responsável pelas 
pesquisas e desenvolvimento que baseiam grande parte das normativas e leis 
internacionais até hoje. 
Foi durante a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento de 
bombas atômicas e a explosão em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945, 
que a população mundial percebeu o potencial de destruição da radiação e os 
perigos que traziam aos seres humanos. Desse modo, intensificou-se a 
necessidade de compreender e controlar os efeitos da radiação, para que ainda 
pudéssemos aproveitar seus benefícios. 
É a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), criada em 1956, que 
mantém no Brasil as diretrizes e normas sobre o uso de materiais radioativos e 
de equipamentos emissores de radiação ionizante; porém, é a Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (Anvissa) que regulariza e fiscaliza a proteção radiológica 
em serviços de radiodiagnóstico médico e odontológico, bem como em outros 
setores que lidam com radiações ionizantes. 
Entre as principais medidas de proteção radiológica, destacam-se o uso 
adequado dos equipamentos de radiodiagnóstico, a otimização da dose de 
radiação recebida pelos pacientes e profissionais envolvidos, a qualificação dos 
profissionais responsáveis pelos procedimentos radiológicos, a adoção de 
medidas de segurança para prevenir a exposição acidental ou ocupacional à 
radiação e a implementação de medidas de gestão e controle de qualidade em 
radiodiagnóstico. 
 
 
16 
Além disso, a normativa da Anvisa determina que os serviços de 
radiodiagnóstico devem possuir um Plano de Proteção Radiológica, que 
contempla medidas de proteção radiológica para pacientes, profissionais e 
ambiente, bem como ações de gerenciamento de resíduos radioativos e de 
emergências radiológicas. Estabelece critérios para a dosimetria individual dos 
profissionais expostos à radiação e para o registro e monitoramento das doses 
de radiação recebidas pelos pacientes submetidos a procedimentos 
radiológicos. 
Atualmente, a proteção radiológica é cientificamente estabelecida com o 
objetivo de proteger os seres humanos e o meio ambiente dos efeitos nocivos 
das radiações ionizantes, sem perder suas vantagens. Ela se baseia em três 
principais princípios fundadores: 
• justificação: qualquer exposição à radiação ionizante deve possuir um 
benefício maior que equivale aos riscos que ela gera; 
• otimização: todas as exposições devem ser realizadas mantendo as 
doses de radiação menores possíveis sem prejudicar os resultados, 
seguindo o princípio Alara: As Low As Reasonably Achievable; 
• limitação de dose: a dose de radiação não deve exceder os limites 
recomendados pelas normativas, excluindo-se as exposições médicas de 
pacientes. 
Que a radiação ionizante causa danos aos seres humanos, todosjá 
sabem, mas como isso acontece? Toda vez que uma pessoa é exposta a alguma 
forma de radiação ionizante, a primeira interação é sempre no nível atômico, pois 
a energia dos raios X pode excitar os elétrons presentes nos átomos do corpo 
humano, provocando a quebra de moléculas importantes para o funcionamento 
das células. 
Nos seres vivos, as células executam funções específicas de forma 
organizada, quando uma molécula danificada pela radiação atua, a função 
celular é prejudicada, podendo funcionar incorretamente ou parar de funcionar, 
resultando em desajustes funcionais ou na morte daquela célula. Mesmo que o 
organismo humano possua diversos tipos de células, a grande maioria 
compartilha os mesmos componentes celulares, como núcleo, citoplasma, 
membrana plasmática e organelas. A parte mais importante da célula é o núcleo, 
 
 
17 
pois é nele que se concentra o DNA, responsável por toda informação hereditária 
(Okuno; Yoshimura, 2010). 
Quando necessário, a célula entra em processo de divisão celular, o DNA 
presente em seu núcleo fica mais exposto; se nesse momento ocorrer exposição 
à radiação, o DNA, que é uma molécula, pode não transferir corretamente o 
material genético dessa célula, causando um erro genético. A probabilidade de 
lesão é muito baixa, porém os erros podem se concentrar em diversas células 
sem nenhuma função prejudicada ou sintoma imediato. 
Entretanto, se o erro genético não for corrigido pelo organismo, ele se 
perpetua nas gerações celulares seguintes podendo prejudicar seu 
funcionamento, sendo essa a primeira etapa para a formação de um câncer. 
Diversos estudos comprovam que hábitos de vida influenciam muito mais no 
desenvolvimento de uma neoplasia, mas observa-se que a probabilidade de uma 
célula irradiada desenvolver câncer é maior que o de uma célula não irradiada 
(Okuno; Yoshimura, 2010). 
As células do corpo humano têm diferentes sensibilidades à radiação, 
com as células mais sensíveis sendo aquelas que se dividem com mais 
frequência, como as células do sangue, do trato gastrointestinal e dos folículos 
pilosos. Não são todas as mutações radioinduzidas que evoluem 
automaticamente para câncer. O corpo humano possui, graças ao processo 
evolutivo, um sistema enzimático responsável pela análise e reparo das 
moléculas do DNA; desse modo, nem todas as alterações introduzidas pela ação 
das radiações progridem para um dano biológico no corpo exposto. Os efeitos 
biológicos que um ser humano desenvolve após ser exposto à radiação ionizante 
podem ser classificados diferentemente dependendo de alguns fatores. Se a 
dose de radiação ionizante variar, podemos classificar em efeitos determinísticos 
e estocásticos. Os determinísticos são causados por altas doses de radiação em 
pouco tempo, sempre aumentando a gravidade e levando à morte celular. São 
exemplos: eritema, descamação, bolhas e necrose. Já os estocásticos são 
criados por pequenas doses de radiação, conforme mais exposições o indivíduo 
sofre maior é a chance de ele desenvolver algum efeito, destacando-se o câncer. 
Podemos classificar também pelo tempo que o organismo vai demonstrar 
sinais ou sintomas depois de uma exposição à radiação. Efeitos imediatos 
ocorrem após altas doses de radiação, sendo a manifestação depois de horas 
 
 
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ou dias, são exemplos radiodermite e alopecia. Efeitos tardio demoram anos a 
aparecer e são gerados por baixas doses, um exemplo é o câncer. 
A classificação em função de nível de dano varia conforme o tipo de célula 
exposto à radiação. Sendo somáticos, os efeitos gerados por danos provocados 
a quaisquer células do organismo, manifestando-se no indivíduo que recebeu a 
radiação. Alguns exemplos desse efeito são o câncer e a catarata. E os efeitos 
genéticos são aqueles provocados nas células germinativas (óvulos ou 
espermatozoides). Nesse caso, o efeito atinge os descendentes (filhos) do 
indivíduo irradiado. Os principais exemplos são as mutações genéticas e as 
malformações. 
Deve ser ressaltado que mesmo que duas pessoas recebam a mesma 
dose de radiação, não vão apresentar os mesmos efeitos, pois a idade, o sexo 
e o estado físico do indivíduo influenciam da reparação biológica dos tecidos do 
corpo humano. Claro que se o indivíduo não se expor desnecessariamente, 
seguir as regras e normativas e utilizar corretamente os equipamentos de 
proteção não há motivos para temer a radiação ionizante. 
NA PRÁTICA 
Dos muitos exames realizados na rotina hospitalar a radiografia de tórax 
tem seu destaque, pois possibilita um amplo diagnóstico e um acompanhamento 
da evolução clínica do paciente. Porém, quando um paciente da UTI não pode 
ser movido até o setor de radiologia com segurança, ele não realiza o exame? 
Nessa situação, o profissional de radiologia se descola até a UTI e realiza o 
exame no paciente utilizando o equipamento de raios X móvel do setor. 
FINALIZANDO 
A utilização dos raios X na medicina foi um marco para o diagnóstico e 
tratamento de diversas patologias desde 1895 até hoje, pois revolucionou o 
modo de ver o corpo humano. Atualmente, é uma ferramenta tão fundamental 
para a tomada de decisões médicas que é inconcebível não utilizá-la no dia a 
dia de atendimento. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BONTRAGER, K. L.; LAMPIGNANO, J. P. Tratado de Posicionamento 
Radiográfico e Anatomia Associada. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 
BUSHONG, S. Ciência Radiológica: Física. Biologia e Proteção. 9. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2010. 
FRANCISCO, F. C. et al. História da radiologia no Brasil. Revista Imagem, v. 
28, n. 1, p. 63-66, 2006. Disponível em: 
<http://www.imaginologia.com.br/dow/upload%20historia/A-Hist%C3%B3ria-da-
Radiologia-Brasileira.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2023. 
FRANCISCO, F. C. et al. Radiologia: 110 anos de história. Revista Imagem, v. 
27, n. 4, p. 281-286, 2005. Disponível em: 
<http://www.imaginologia.com.br/dow/upload%20historia/Radiologia-110-anos-
de-Historia.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2023. 
JUNIOR. A. C. Posicionamento Radiográfico. São Paulo: Rideel, 2012. 
MOURÃO, A. P. Fundamentos da Radiologia e Imagem. São Caetano do Sul: 
Difusão Editora, 2009. 
NOUAILHETAS, Y. et al. Radiações Ionizantes e a vida. 1. ed. Rio de Janeiro: 
CNEN, 2012. 
OKUNO, E; YOSHIMURA, E. M. Física das radiações. São Paulo: Oficina de 
Textos, 2010. 
SPR. Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. História da 
Radiologia. 2020. Disponível em: <https://www.spr.org.br/a-spr/historia-da-
radiologia>. Acesso em: 23 mar. 2023. 
	Conversa inicial
	TEMA 2 – RAIOS X
	TEMA 3 – RADIOLOGIA CONVENCIONAL
	3.1 Equipamento de radiologia convencional fixo
	3.2 Equipamento de radiologia convencional móvel
	3.3 Equipamento de radiologia convencional portátil
	4.1 Radiação característica
	4.2 Radiação de freamento
	4.3 Produção de raios X dentro do equipamento
	Na prática
	FINALIZANDO

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