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Epidemiologia das Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) Prof Ana Cris,na Abraão Introdução • As doenças e agravos não transmissíveis (DANT) abrangem um grupo amplo e heterogêneo de doenças com grande importância para a saúde pública. • Podem-se destacar os seguintes subgrupos: a) Doenças crônicas não transmissíveis cuja caracterís5ca principal é a ausência de infecção e/ou contágio. São exemplos doenças cardíacas, diabetes, hipertensão arterial; b) Doenças mentais como depressão, síndrome do pânico, dependência química; c) Doenças gené5cas; d) Agravos causados por acidentes e violências que levam a lesões Jsicas e/ou emocionais e ao ônus social. . Caracterís)cas das DANT • História natural prolongada, • Mul2plicidade de fatores de risco complexos, • Interação de fatores e2ológicos conhecidos e desconhecidos, • Ausência de par2cipação de microrganismos entre os determinantes, • Longo prazo de latência, • Curso clínico assintomá2co, prolongado e permanente, • Manifestações clínicas com períodos de remissão e exacerbação, • Lesões celulares irreversíveis, evolução para incapacidade ou morte. Modelo epidemiológico das DANT: 1. Biologia humana: compreende as caracterís7cas imutáveis do indivíduo. Destacam-se idade, sexo, etnia, patrimônio gené7co, processo de envelhecimento, mecanismos de defesa do indivíduo. 2. Es7lo de vida: inclui hábitos e comportamentos autodeterminados, adquiridos social ou culturalmente, de modo individual ou em grupo como tabagismo, alcoolismo, preferências dieté7cas, sedentarismo, não u7lização de serviços de saúde ou de equipamentos de segurança ocupacional. 3. Fator ambiental: abrange eventos externos ao corpo sobre os quais o sujeito tem pouco ou nenhum controle. Pode ser dividido em três dimensões: Osica que envolve toda geoOsica, social que inclui nível socioeconômico, escolaridade, riscos ocupacionais processo de urbanização, absorção de novas tecnologias e psicológica que compreende estresse e tensões sociais. 4. Organização do Sistema de Saúde Curso clínico das Doenças Não Transmissíveis A história natural das doenças não transmissíveis pode se perpetuar por toda ou quase toda uma existência, como por exemplo, as doenças decorrentes de erros inatos do metabolismo. O mesmo pode ocorrer com o curso clínico das DNT, como por exemplo, no caso da diabetes mellitus insulinodependente iniciado nos primeiros anos de vida. Algumas vezes, as DNT podem apresentar historia natural com período pré-patogênico muito longo e curso clínico muito curto, como por exemplo, episódios agudos de doenças cerebrovasculares, de infarto agudo do miocárdio entre outros. História natural da doença nas doenças não transmissíveis O modelo de história natural das doenças não transmissíveis apresenta períodos de pré-patogênese e de patogênese. No período de pré-patogênese os fatores de risco presentes, quando são subme2dos a esOmulos, sofrem interações complexas que resultam em alterações celulares irreversíveis, dando início ao período de patogênese e a longo período de latência. O período de latência diferencia-se do período de incubação das doenças infecciosas por serem desconhecidos os momentos exatos do seu início e do seu término, embora não haja dúvidas de que ele seja longo. Nesta fase pré-clínica a doença tem curso insidioso e assintomá2co até alcançar o horizonte clínico, quando então se expressa por sintomas e/ou sinais, evoluindo de modo lento para recuperação, para a cronicidade, com graus variados de severidade/incapacidade, para invalidez ou para a morte. Vamos exemplificar História natural da doença DNT Relações Transição demográfica e epidemiológica A composição da população reflete sua dinâmica ao longo do tempo. Nos anos de 1940, o processo de transição demográfica foi descrito referindo-se aos efeitos que as mudanças nos níveis de fecundidade, natalidade e mortalidade provocam sobre o ritmo de crescimento populacional e sobre a estrutura por idade e sexo. Inicialmente, a população sofre a incidência sobre a queda da mortalidade que resultará no ganho de vidas humanas em todas as idades, podendo não alterar a estrutura etária da população. Neste contexto, o fator fundamental para o envelhecimento da população é a queda da fecundidade, isto é, a diminuição relaQva de conQngentes populacionais nas faixas etárias mais jovens e ampliação da população nas faixas etárias mais idosas. A transição demográfica apresenta-se em quatro estágios: Estágio I ou pré-industrial, primi6va ou pré-moderna - há um equilíbrio populacional, cujas taxas de natalidade e mortalidade, principalmente infan2l, são elevadas. Como consequência deste equilíbrio, há uma grande população jovem. No Brasil essa fase já foi ultrapassada, mas ainda é a fase de vários países da África; Estágio II ou Estágio intermediário ou moderno - as taxas de natalidade permanecem altas enquanto decrescem as taxas de mortalidade. Neste estágio, o ritmo de crescimento populacional aumenta, caracterizando o que se chama de “explosão populacional”. Um exemplo de país da fase II é a China: a mortalidade caiu, mas a natalidade ainda não; A transição demográfica apresenta-se em quatro estágios: Estágio III ou industrial madura, – a taxa de natalidade diminui em ritmo mais acelerado que a taxa de mortalidade, cujo efeito mais notável é um rápido “envelhecimento” da população. O Brasil está no ciclo final dessa fase, já próximo da seguinte; Estágio IV ou pós-industrial - as taxas de natalidade e mortalidade são baixas e a taxa de fecundidade fica abaixo da taxa de reposição populacional. Há três consequências para a população a parQr deste fenômeno, são eles: aumento da proporção de idosos; encolhimento da população e necessidade de imigrantes para trabalhar nos empregos de mais baixo salário. É uma situação bastante comum em países da Europa como Itália e Portugal. No Brasil, a cidade de São Paulo é o exemplo `pico dessa situação. Projeção Populacional • O envelhecimento populacional é a mudança importante que ocorre em consequência da transição demográfica. • Na primeira fase, como a taxa de mortalidade de crianças e adultos jovens diminui, mais pessoas passam a viver mais tempo, ampliando o con7ngente daqueles que irão envelhecer. Na fase seguinte, quando a natalidade diminui, o envelhecimento é acelerado porque há uma redução rela7va no con7ngente de crianças. • As pirâmides etárias representadas na figura mostram a dinâmica populacional no Brasil na década de 1980 e de 2015 e a projeção para o ano de 2050. Transição Epidemiológica • A transição de padrão cuja expecta2va de vida é baixa, apresentando altas taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias, principalmente em faixas etárias precoces para padrão cuja sobrevida aumenta na direção das pessoas com idades mais avançadas encontra-se diretamente relacionada com o desenvolvimento e as melhorias nas condições sociais, econômicas e de saúde. • O processo de transição epidemiológica engloba três mudanças básicas: • I. Subs2tuição das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e causas externas; II. Deslocamento das taxas de morbidade e de mortalidade dos grupos mais jovens para os grupos mais idosos; III. Transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante. Influência na queda da mortalidade Entre os fatores que determinaram as quedas de mortalidade a par,r do século XVIII nos países desenvolvidos estão: • desenvolvimento agrícola a par,r da mecanização neste setor da economia, • inovações técnicas, meios de transporte e comunicação, • desenvolvimento comercial, a industrialização, • aumento da idade mínima para o trabalho da criança e da mulher, • avanços na medicina e na saúde pública, legislação sanitária, legislação referente às habitaçõesinsalubres, • melhoria do ambiente de trabalho, saneamento básico, purificação da água através de filtros de areia (século XIX) e cloração (início do século XX). Entendendo as mudanças das doenças na população AS POPULAÇÕES PODEM SER CLASSIFICADAS DE ACORDO COM O ESTÁGIO DE TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA SE ENCONTRAM. ESTA CLASSIFICAÇÃO TEM COMO PRECEITOS: A MORTALIDADE E A FECUNDIDADE SÃO AS FORÇAS MAIS IMPORTANTES DA DINÂMICA POPULACIONAL. A PRIMEIRA ESTABELECE INICIALMENTE A TENDÊNCIA E O RITMO DAS MUDANÇAS NA MAIORIA DAS SOCIEDADES E A SEGUNDA ASSUME DIREÇÃO/RITMO QUANDO A MORTALIDADE JÁ ATINGIU NÍVEIS BAIXOS. DURANTE A TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA OCORREM MUDANÇAS LENTAS E DE LONGA DURAÇÃO NOS PADRÕES DE MORTALIDADE E MORBIDADE, HAVENDO A SUBSTITUIÇÃO GRADUAL DE PANDEMIAS DE DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS E DA DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL PELAS DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS E AQUELAS PROVOCADAS PELO HOMEM COMO PRINCIPAIS CAUSAS DE DOENÇA E DE MORTE. Correlação transição epidemiológica e demográfica Mudanças na mortalidade, nos padrões de causas de morbidade e mortalidade e na fecundidade dis6nguem quatro principais estágios da transição epidemiológica, com um quinto estágio potencial. 1 Estágio 1 – período das pragas e da fome: níveis de mortalidade e de fecundidade elevados, predominância de doenças infecciosas e parasitárias, desnutrição, problemas de saúde reproduava, crescimento populacional lento, esperança de vida oscilando entre 20 e 40 anos com taxas de natalidade moderada ou alta 2 Estágio 2 – período do desaparecimento das pandemias, mortalidade em declínio, acompanhada por queda da fecundidade, com variações no tempo e no espaço. 3 Estágio 3 – período das doenças degeneraavas e provocadas pelo homem, mortalidade e fecundidade baixas. 4 Estágio 4 – período de declínio da mortalidade por doenças cardiovasculares, envelhecimento populacional, modificações no esalo de vida, doenças emergentes e ressurgimento de doenças. 5 Estágio 5 – período de longevidade paradoxal, emergência de doenças enigmáacas e capacitação tecnológica para a sobrevivência do inapto. Estudo dirigido 1) As doenças e agravos não transmissíveis (DANT) abrange um grupo amplo e heterogêneo de doenças com grande importância para a saúde pública. Qual das alterna7vas pode ser exemplo de DANT? a) Tuberculose. b) Escabiose. c) Sífilis. d) Leucemia. e) Leishmaniose. 2) O modelo epidemiológico para as DANT apresenta quatro elementos: biologia humana, es7lo de vida, ambiente e organização do sistema de atenção à saúde. Qual é a alterna7va que representa CORRETAMENTE o elemento biologia humana? a) Sedentarismo. b) Tabagismo. c) Patrimônio gené7co. d) Classe social. e) Nível econômico. 3) A transição demográfica apresenta quatro estágios. No ____________ há um equilíbrio populacional, cujas taxas de natalidade e mortalidade, principalmente infan2l, são elevadas. Como consequência deste equilíbr io, há uma grande população jovem. No Brasil essa fase já foi ultrapassada, mas ainda é a fase de vários países da África. Marque a alterna2va que complete CORRETAMENTE a lacuna. a) Estágio I ou pré-industrial. b) Estágio II ou Estágio intermediário. c) Estágio III ou industrial madura. d) Estágio IV ou pós-industrial. e) Estágio V ou moderno.
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