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15 DICAS DE DIREITOS HUMANOS PARA O EXAME NACIONAL DA MAGISTRATURA Futuros Magistrados e Magistradas, A prova do Exame Nacional da Magistratura aproxima-se e a disciplina de Direitos Humanos é bastante relevante nesse certame. Por isso, elaborei esse pequeno material com dicas de temas relevantes para revisão na véspera da prova. Espero que auxilie na sua preparação e que logo possamos ser colegas! Boa prova! Yasmin Duarte - @yasminduarteprof 1. Conceito de Direitos Humanos e dimensões Os “direitos humanos” são aqueles que dizem respeito à própria condição humana, correspondendo a um núcleo de direitos diretamente relacionados com a dignidade. Os direitos humanos apresentam uma dimensão subjetiva e outra objetiva: > Dimensão subjetiva dos direitos humanos: analisada sob a ótica do indivíduo, titular do direito fundamental e, portanto, de uma posição jurídica subjetiva. > Dimensão objetiva: além de servirem como direito dos indivíduos, os direitos humanos constituem valores objetivos básicos que dirigem e orientam a atuação do Estado. 2. Direitos Humanos nas empresas Em decorrência da eficácia horizontal dos direitos humanos (produção de efeitos entre pessoas de mesmo nível hierárquico, distinguindo-se da eficácia vertical, que cuida, essencialmente, da relação entre Estado e particulares), desenvolve-se a relação entre direitos humanos e empresas. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) A Organização das Nações Unidas estabeleceu, em 2011, os Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos. O documento traz uma série de previsões aplicáveis à iniciativa privada. Esses princípios recebem a alcunha de Princípios Ruggie, em homenagem a John G. Ruggie, Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para Empresas e Direitos Humanos. Há um Grupo de Trabalho da ONU (formado por cinco especialistas independentes) responsável pelo tema ‘Empresas e Direitos Humanos’ que realiza o monitoramento, tendo elaborado, em 2021, um relatório de avaliação sobre o progresso dos primeiros dez anos de implantação do documento. Os Princípios Orientadores fundamentam-se: (a) No reconhecimento de obrigações existentes dos Estados de respeitar, proteger e garantir os direitos humanos e as liberdades fundamentais; (b) No papel das empresas como órgãos especializados da sociedade desempenhando funções especializadas, obrigadas a cumprir todas as leis aplicáveis e a respeitar os direitos humanos; (c) Na necessidade de que direitos e obrigações estejam relacionados a remédios adequados e eficazes quando violados. Outros temas relacionados a direitos humanos e empresas: - ESG: Sigla em inglês para meio ambiente, políticas sociais e governança corporativa (environmental, social and governance) que se refere à adoção de práticas em direitos humanos pelas empresas tanto em questões ambientais quanto sociais e também na transparência. - Bluewashing: utilização falsa dos princípios de direitos humanos apontados pela ONU. A expressão refere-se à prática corporativa na qual a empresa se autodenomina "azul" (socialmente responsável), mas efetivamente não respeita os direitos com os quais se comprometeu. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) 3. Sistema ONU de proteção de direitos humanos (ou sistema internacional ou global): A internacionalização da proteção dos direitos humanos decorreu de um movimento histórico marcado por diversos movimentos, mas que atingiu seu ápice após a Segunda Guerra Mundial. A criação da Organização das Nações Unidas ocorreu em 1945, com a assinatura da Carta das Nações Unidas - ou Carta de São Francisco. Diversos são os órgãos que compõe a ONU, destacando-se a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, a Corte Internacional de Justiça, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela e o Secretariado. Em 2006, foi criado o Conselho de Direitos Humanos, integrado por 47 Estados-membros eleitos diretamente pela Assembleia Geral e distribuídos entre todas as regiões geográficas. São competências do Conselho a promoção da educação em direitos humanos, a elaboração de revisões periódicas, a realização de recomendações à Assembleia Geral, a cooperação em matéria de Direitos humanos e a elaboração de um relatório anual, remetido à Assembleia Geral, dentre outras funções correlatas. No âmbito do sistema Global, foram editados importantes instrumentos internacionais, como a Declaração Universal de Direitos Humanos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi firmada em 1948 e introduz a universalidade dos direitos humanos e a indivisibilidade desses direitos. A DUDH apresenta como fundamento a dignidade da pessoa humana. A DUDH não é um tratado! Foi incorporada como resolução. 4. Sistema Interamericano de Direitos Humanos Além do sistema global (ONU) de proteção de direitos humanos, foram organizados sistemas regionais. No âmbito das Américas, temos o Sistema Interamericano de Proteção de Direitos Humanos. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) Em 1948, foram aprovados dois importantes instrumentos: a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem. A Declaração reconhece a universalidade dos direitos humanos e enumera quais direitos fundamentais devem ser observados e assegurados pelos Estados, enquanto a Carta da OEA determina genericamente o respeito aos direitos humanos. Depois da adoção dos dois documentos, criou-se a Comissão Interamericana de Direitos Humanos como órgão especializado na promoção e proteção destes direitos (1959), inicialmente idealizada para funcionamento provisório. Com uma modificação na Carta da OEA, em 1967, a Comissão passou a integrar a estrutura permanente da OEA. Em 1969, foi adotada a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (CADH), ou Pacto de San José da Costa Rica, que entrou em vigor internacional em 1978 e reformulou o sistema interamericano de proteção de direitos humanos, criando a Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Brasil apenas ratificou a CADH em 1992, após o fim do regime militar. A CADH traz vários direitos civis e políticos. No entanto, não apresenta expressamente direitos sociais, culturais ou econômicos, que foram, objeto de um Protocolo Adicional à Convenção (o Protocolo de San Salvador, adotado em 1988 e que entrou em vigor em 1999). A CADH estabelece um aparato de monitoramento e implementação dos direitos que anuncia, integrado pela Comissão Americana de Direitos Humanos e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. 5. Comissão Interamericana de Direitos Humanos A CIDH é formada por sete membros, que podem ser nacionais de qualquer dos Estados-membros (requisitos: alta autoridade moral + reconhecido saber em matéria de Direitos Humanos), eleitos a título pessoal para mandato de quatro anos, admitida uma recondução. A brasileira Flávia Piovesan integrou a Comissão entre 2018 e 2021. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) A CIDH exerce um papel dúplice, estando vinculada tanto à OEA, devendo zelar de forma ampla pelos direitos humanos, quanto à CADH, atuando inclusive na análise de petições individuais e apresentando denúncias perante a Corte. Essa distinção é importante porque alguns Estados são membros da OEA mas ainda não ratificaram a CADH. No ponto específico sobre essas denúncias ou petições, competirá à Comissão analisar sua admissibilidade e, na sequência, solicitar informações ao Estado denunciado. São condições de admissibilidade de uma petição na CIDH: a. O esgotamento dos recursos internos (salvo se não houver um mecanismo interno, existir uma demora injustificada ou existir barreira no acesso à justiça); b. A petição ter sido apresentada no prazo de seis meses, contados do esgotamento dos recursos locais; c. Ausência de litispendênciainternacional (ou seja, a demanda não poderá ser analisada simultaneamente por dois sistemas de proteção internacional) e de coisa julgada internacional. 6. Corte Interamericana de Direitos Humanos A Corte IDH é o órgão jurisdicional do sistema americano, composta por sete juízes eleitos a título pessoal pelos Estados partes da Convenção, entre seus nacionais. É uma Instituição judicial autônoma, não sendo órgão da OEA, mas da CADH. Apresenta função consultiva, podendo ser provocada por qualquer membro da OEA para apresentar parecer em relação à interpretação de norma convencional ou mesmo no que se refere à compatibilidade da legislação doméstica em face dos instrumentos internacionais. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) A Corte apresenta ainda função jurisdicional e contenciosa, julgando os Estados-partes da Convenção que reconheçam, sua jurisdição, expressamente. O Brasil reconheceu a competência da Corte IDH em 1998. Atenção: a Corte julgada ESTADOS, não pessoas! Os juízes (sete no total) são eleitos para mandatos de seis anos, admitida uma recondução. A Corte IDH tem sua sede em San José, na Costa Rica. Apenas a Comissão Interamericana e os Estados-partes podem submeter um caso à Corte Interamericana. As vítimas de violações de direitos humanos, seus parentes ou representantes da sociedade civil, como ONGs, podem apresentar provas e argumentos à Corte, uma vez admitido o procedimento, mas NÃO podem apresentar petição diretamente à Corte. 7. Controle de Convencionalidade A origem da expressão “controle de convencionalidade” remonta à França, na década de 1970. No âmbito do sistema interamericano, a primeira utilização da expressão pela Corte IDH ocorreu no julgamento do caso Myrna Mack Chang vs. Guatemala, de 2003, em voto de relatoria do juiz Sergio Ramirez. O controle de convencionalidade pode ser definido como a aferição de compatibilidade das normas nacionais com os compromissos internacionais, ou seja, o parâmetro para que seja aferida a validade da norma interna é uma norma internacional que tenha sido ratificada e esteja em vigor no país. A partir do desenvolvimento do controle de convencionalidade, propõe-se uma análise das normas nacionais a partir de dois filtros: a compatibilidade com a Constituição (controle de constitucionalidade) e com os compromissos internacionais sobre direitos humanos (controle de convencionalidade). Objeto > norma nacional que terá sua compatibilidade analisada. Parâmetro > norma internacional que servirá como referência. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) A partir da formulação clássica da teoria, os órgãos internacionais realizam a interpretação das normas internas, atestando sua compatibilidade. É o denominado controle de convencionalidade de matriz internacional (externo), realizado por órgãos internacionais formados por juízes independentes. Assim, no âmbito do sistema interamericano de proteção de direitos humanos, por exemplo, a Corte Interamericana de Direitos Humanos possui competência para o controle de convencionalidade das normas internas dos países que acolheram sua jurisdição, tendo como parâmetro a Convenção Americana de Direitos Humanos. Em um segundo momento, desenvolveu-se o controle de convencionalidade de matriz nacional (interno), realizado pelos próprios juízes de um país no exercício da jurisdição nacional. Nas américas, a Corte Interamericana de Direitos Humanos passou a entender que a análise de adequação das normas domésticas (nacionais) em face da Convenção Americana de Direitos Humanos pode ser realizada pelos próprios magistrados daquele país, na análise dos casos concretos (controle de convencionalidade incidental) e também em abstrato (controle concentrado de convencionalidade).1 A Corte Interamericana afirmou que todos os poderes públicos e todos os órgãos de um Estado, incluindo os órgãos democráticos, juízes, e outros órgãos ligados à administração da justiça, em todos os níveis, devem exercer, no âmbito das suas competências, controle de convencionalidade na emissão e aplicação de normas, bem como na resolução de situações particulares e casos específicos. O Conselho Nacional de Justiça editou a Recomendação n. 123/2022: Art. 1o Recomendar aos órgãos do Poder Judiciário: I – a observância dos tratados e convenções internacionais de direitos humanos em vigor no Brasil e a utilização da jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), bem como a necessidade de controle de convencionalidade das leis internas. 1 GONÇALVES, Bernardo. Curso de Direito Constitucional. p. 1552 Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) II – a priorização do julgamento dos processos em tramitação relativos à reparação material e imaterial das vítimas de violações a direitos humanos determinadas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos em condenações envolvendo o Estado brasileiro e que estejam pendentes de cumprimento integral. Art. 2o Esta Recomendação entra em vigor na data da sua publicação. Embora a recomendação não tenha caráter vinculante, demonstra a preocupação do CNJ com a realização do controle de convencionalidade pelos juízes nacionais. No tema, destaca-se ainda a teoria do duplo controle ou crivo de direitos humanos, que reconhece que as normas devem passar simultaneamente pelo controle de constitucionalidade e pelo controle de convencionalidade internacional, e que esse controle deve ser feito de forma separada. 8. Caso Gomes Lund e outros vs Brasil (Guerrilha do Araguaia) e o controle de convencionalidade Ao julgar a ADPF 153, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a Lei de Anistia (Lei 6.683/1979) alcança os agentes da ditadura militar, tornando impossível a persecução criminal desses agentes pelas violações de direitos humanos ocorridas durante o período militar. A Corte IDH, por outro lado, entendeu pela inconvencionalidade dessa lei, exigindo, no caso Gomes Lund, que fosse feita a investigação criminal, persecução e punição dos agentes envolvidos em atos violadores de direitos humanos durante a ditadura militar, afastando a anistia. A decisão do STF manifestou-se como controle de constitucionalidade. Já a decisão da Corte ocorreu em controle de convencionalidade. À luz da teoria do duplo controle, a lei da anistia não passa pelos dois filtros - embora seja constitucional, é inconvencional. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) Não há uma relação de hierarquia! A Corte não funciona como uma instância superior. Frisa-se que a sentença do Caso Gomes Lund foi prolatada pela Corte Interamericana em 24/11/10 e o julgamento da ADPF n. 153, no STF, foi em 24/04/2010 - antes, portanto, da sentença internacional. 9. Jurisprudência do STF em Direitos Humanos Aqui, foram selecionados três casos envolvendo Direitos Humanos como apostas: Responsabilização do veículo de imprensa “1. A plena proteção constitucional à liberdade de imprensa é consagrada pelo binômio liberdade com responsabilidade, vedada qualquer espécie de censura prévia. Admite-se a possibilidade posterior de análise e responsabilização, inclusive com remoção de conteúdo, por informações comprovadamente injuriosas, difamantes, caluniosas, mentirosas, e em relação a eventuais danos materiais e morais. Isso porque os direitos à honra, intimidade, vida privada e à própria imagem formam a proteção constitucional à dignidade da pessoa humana, salvaguardando um espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas. 2. Na hipótese de publicação de entrevista em que o entrevistado imputa falsamente prática de crime a terceiro, a empresa jornalística somente poderá ser responsabilizada civilmente se: i) à época da divulgação, havia indícios concretos da falsidade da imputação; e ii) o veículo deixou de observar o dever de cuidado na verificaçãoda veracidade dos fatos e na divulgação da existência de tais indícios. STF. Plenário. RE 1.075.412/PE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2023 (Repercussão Geral – Tema 995) (Info 1120).” (retirado do Buscador Dizer o Direito) Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) Desacato No Brasil, o STJ, por maioria, já havia decidido pela constitucionalidade e convencionalidade da tipificação brasileira ao crime de desacato. O STF, ao enfrentar o tema, estabeleceu que “A norma do art. 331 do Código Penal, que tipifica o crime de desacato, foi recepcionada pela Constituição de 1988.” (STF. Plenário. ADPF 496, Rel. Roberto Barroso, julgado em 22/06/2020). Todavia, destaca-se que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos sustenta a inconvencionalidade do crime de desacato, por ser contrário à liberdade de expressão e o direito à informação. No caso Palamara Iribarne vs. Chile, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, por sua vez, decidiu em sentido similar à Comissão, entendendo que há violação à Convenção Americana de Direitos Humanos pela criminalização do desacato, conduta esta violadora da liberdade de expressão e de pensamento. Cabe apontar que no voto do Min. Barroso, relator da ADPF 496, foi realizado o controle de convencionalidade nacional, tendo o Ministro apontado que os casos enfrentados pela Corte IDH não se amoldam à figura do desacato como previsto no Brasil. Ainda, disse que a própria CADH traz disposição permitindo que a lei restrinja a liberdade de expressão em respeito à ordem e à moral públicas, e que a jurisprudência da Corte IDH é no sentido de que não se trata de um direito absoluto. Fixou, ao final, parâmetros para interpretação restritiva do desacato, sendo o voto vencedor. Judicialização das políticas públicas “1. A intervenção do Poder Judiciário em políticas públicas voltadas à realização de direitos fundamentais, em caso de ausência ou deficiência grave do serviço, não viola o princípio da separação dos Poderes; 2. A decisão judicial, como regra, em lugar de determinar medidas pontuais, deve apontar as finalidades a serem alcançadas e determinar à Administração Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) Pública que apresente um plano e/ou os meios adequados para alcançar o resultado; 3. No caso de serviços de saúde, o déficit de profissionais pode ser suprido por concurso público ou, por exemplo, pelo remanejamento de recursos humanos e pela contratação de organizações sociais (OS) e organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP).” STF. Plenário. RE 684.612/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, redator do acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 01/7/2023 (Repercussão Geral – Tema 698) (Info 1101). (retirado do Buscador Dizer o Direito) 10. Incidente de Deslocamento de Competência - IDC A Emenda Constitucional 45 acrescentou no artigo 109 o parágrafo 5º, com a seguinte redação: § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) A partir da referida disposição, é possível que casos que envolvam violação de tratados internacionais de direitos humanos possam ser deslocados para apuração nas instâncias federais. O incidente de deslocamento de competência é uma medida processual, com previsão constitucional, que autoriza que o Procurador-Geral da República solicite ao Superior Tribunal de Justiça que uma investigação ou ação inicialmente de competência da justiça Estadual seja deslocada para a justiça Federal. Esse instituto foi criado a partir de uma visão internacionalista da proteção de direitos humanos. Isso porque, no plano internacional, qualquer que seja o ente Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) federativo responsável pela violação de direitos humanos (União, Estado da federação, municípios), a responsabilização recairá sobre o Estado federal. É importante frisar que as causas que autorizam a propositura de um incidente de deslocamento de competência não precisam ser criminais! Causas de natureza cível e inquéritos civis que tratem de grave violação de direitos humanos também podem ser objeto do pedido. Classicamente, o Superior Tribunal de Justiça, órgão responsável pelo julgamento dos IDCs, aponta TRÊS requisitos para o IDC: 1) que se trate de um caso de grave violação de direitos humanos; 2) que haja a necessidade de se assegurar o cumprimento, pelo Brasil, de obrigações decorrentes de tratados internacionais; 3) que exista uma incapacidade - oriunda de inércia, omissão, ineficácia, negligência, falta de vontade política, de condições pessoais e/ou materiais etc. - de o Estado-Membro, por suas instituições e autoridades, levar a cabo, em toda a sua extensão, a persecução penal. No julgamento das ADI 3486 e 3493, em que se discutia a inconstitucionalidade do IDC, o Min. Dias Toffoli, relator, proferiu voto no qual expressamente refuta a existência do terceiro requisito apontado. Consignou o Ministro: “Com a devida vênia, ao contrário do que vem entendendo o STJ, em meu sentir, não se deve ter como pressuposto do IDC a suposta ineficiência ou a inação das autoridades estaduais.” A partir da decisão, portanto, o Supremo Tribunal Federal elenca apenas dois requisitos para o IDC: grave violação de direitos humanos + finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais. Dentro desse segundo requisito, contudo (finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações internacionais), exige-se a demonstração de risco de descumprimento das obrigações internacionais. Esse risco pode resultar da inércia, negligência ou omissão dos órgãos estaduais ou não! Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) 11. Status dos tratados sobre direitos humanos Em resumo, esse é o trâmite para incorporação de um tratado internacional: - Fase de Negociações (âmbito internacional) - Assinatura (âmbito internacional) - Aprovação pelo Congresso Nacional e edição do Decreto Legislativo (interno) - Ratificação (vigor internacional) - Promulgação (por meio de Decreto Executivo) (validade interna) Uma vez incorporado o tratado internacional, questiona-se: qual será sua hierarquia normativa? A Constituição Federal não traz norma específica sobre esse tema. Todavia, o Supremo Tribunal Federal, a partir de uma interpretação de diversos dispositivos, estabeleceu que os tratados internacionais possuem - em regra! - status normativo de lei ordinária federal. Os tratados internacionais em geral são, portanto, recepcionadas como leis ordinárias, sendo a ela equivalentes. Essa é a regra. Temos duas exceções: o status normativo dos tratados sobre direitos humanos incorporados por meio do rito ordinário, e os tratados incorporados na forma especial prevista no parágrafo 3 do artigo 5º da Constituição Federal. O tema é bastante extenso, mas objetivando resumir (tendo em vista que esse material destina-se a uma revisão de véspera): - Tratados incorporados pelo rito ordinário e que versem sobre DIREITOS HUMANOS possuem status supralegal, de acordo com a posição que prevaleceu no STF a partir de 2009 (julgamento envolvendo a prisão do depositário infiel). Assim, a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, por exemplo, possui status supralegal. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) - Tratados sobre direitos humanos que forem incorporados no rito do parágrafo terceiro assumem status constitucional,equivalente a emenda constitucional e, por isso, integram o bloco de constitucionalidade. Confira o rito: § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) A tese do duplo estatuto, por exemplo, possibilita o reconhecimento de dois estatutos aos tratados sobre direitos humanos: > Tratados sobre Direitos Humanos incorporados nos termos do art. 5º, §3: status constitucional > Tratados sobre Direitos Humanos incorporados da forma ordinária: status supralegal > Tratados sobre outras matérias incorporados da forma ordinária: permanecem com status equivalente ao de lei ordinária. Cabe apontar que parte da doutrina defendia que os tratados anteriores à EC 45 deveriam ser recepcionados como emenda à Constituição. Essa posição não Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art1 prevaleceu. O STF decidiu que o status supralegal é aplicável aos tratados sobre direitos humanos incorporados na forma ordinária antes ou após a aprovação da EC 45. 12. Bloco de Constitucionalidade A expressão decorre do direito francês, que entende como parte integrante da Constituição de 1958 (atual) o Preâmbulo da Constituição de 1946 (Constituição anterior) e a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de 1979. Ainda, em 2005, a Carta do Meio Ambiente também foi alçada ao posto de parte do bloco de constitucionalidade. A relevância da criação de um bloco de constitucionalidade é poder utilizá-lo como paradigma (parâmetro) para aferição da constitucionalidade das normas infraconstitucionais. No Brasil, há uma discussão doutrinária sobre a adoção de um bloco de constitucionalidade amplo ou restrito. Aqueles que sustentam a previsão de um bloco de constitucionalidade em sentido amplo advogam que o art. 5º, §2º, da CF permite reconhecer que os direitos previstos em tratados sobre direitos humanos teriam a força de normas constitucionais. Essa não é a visão do STF nem da doutrina majoritária. A tese majoritária e também adotada pelo STF é a de um bloco de constitucionalidade em sentido restrito, formado pelas normas da Constituição e também por aqueles tratados internacionais sobre direitos humanos que forem incorporados por meio do rito especial previsto no art. 5º, §3º, da CF. Portanto, o Brasil adota o conceito restrito de bloco de constitucionalidade, sendo que os tratados incorporados na forma do rito especial equivalentes a emendas constitucionais passam a integrar a Constituição em sentido material. São quatro os tratados incorporados por meio do rito especial: Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) 1) Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Convenção de Nova York) 2) Protocolo facultativo à Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 3) Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoa Cegas, com Deficiência Visual ou com outras Dificuldades para ter Acesso ao Texto Impresso (ou apenas Tratado de Marraqueche) 4) Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância. Esses quatro tratados passam a compor o chamado ‘bloco de constitucionalidade’. 13. Princípio pro homine ou pro persona O princípio pro persona (antigamente também chamado de pro homine) defende que, no conflito entre normas, prevaleça aquela que seja mais favorável à proteção dos direitos humanos e à dignidade da pessoa humana. Adota-se, portanto, uma norma de interpretação que determina a aplicação das regras que maximizem a proteção dos direitos humanos. Assim, se uma norma interna é mais protetiva que um tratado internacional, por exemplo, deve-se buscar a sua aplicação nos casos concretos. 14. Convenção 169 OIT O reconhecimento e estudo dos direitos dos povos originários passou por profunda e recente evolução. Inicialmente, estudava-se o direito dos povos originários a partir de uma perspectiva assimilacionista, que entendia os povos indígenas como uma categoria social transitória, prevendo e buscando a sua incorporação à cultura da sociedade circundante, da sociedade em geral. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) Nesse sentido, a Convenção n. 107 da OIT, de 1957, apresentava esse caráter integracionista, trazendo inclusive previsão expressa de que competia aos Estados promover a integração progressiva dos indígenas na vida dos respectivos países. Essas disposições são bastante criticáveis, tendo em vista que hierarquizam culturas e partem da suposição de que a cultura não indígena é mais evoluída, sendo um objetivo a ser buscado pelas populações tradicionais. No mesmo sentido, o ‘Estatuto do Índio’ - Lei n. 6.001/1973 fundamenta-se na busca pela integração ‘do índio à comunhão nacional’. A Convenção 169 da OIT foi adotada pela Organização em 1989, entrando em vigor internacional em 1991. Não obstante, o Brasil somente ratificou-a em 2002 e incorporou internamente em 2004 (Decreto n. 5.051), tendo caráter vinculante e status supralegal. A Convenção n. 169 é bastante abrangente e trata sobre política indigenista em geral, questões afetas a terras, contratação e condições de emprego de indígenas, indústrias rurais, seguridade social e saúde, educação e meios de comunicação, contatos e cooperação através de fronteiras. Da sua introdução, colhe-se: “Reconhecendo as aspirações desses povos a assumir o controle de suas próprias instituições e formas de vida e seu desenvolvimento econômico, e manter e fortalecer suas identidades, línguas e religiões, dentro do âmbito dos Estados onde moram”. A resolução é, portanto, marcada pelo reconhecimento da autodeterminação dos povos indígenas e da autonomia para a definição dos rumos daquela comunidade. Em interessante disposição, que inclusive fundamentará diversas resoluções do Conselho Nacional de Justiça, a Convenção traz, em seu artigo 9, a seguinte previsão: Na medida em que isso for compatível com o sistema jurídico nacional e com os direitos humanos internacionalmente reconhecidos, deverão ser respeitados os métodos aos quais os povos interessados recorrem tradicionalmente para a repressão dos delitos cometidos pelos seus membros. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) A Convenção ainda prevê que, sempre que possível, deve-se priorizar outras formas de punição além do encarceramento. Uma parte da Convenção é destinada à abordagem acerca das terras indígenas. O vínculo dos povos indígenas com seu território é bastante peculiar. Utilizado para rituais, sobrevivência e questões espirituais, a terra tem um valor muito importante para os povos originários. O artigo 14 trata das terras de ocupação tradicional: “Dever-se-á reconhecer aos povos interessados os direitos de propriedade e de posse sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Além disso, nos casos apropriados, deverão ser adotadas medidas para salvaguardar o direito dos povos interessados de utilizar terras que não estejam exclusivamente ocupadas por eles, mas às quais, tradicionalmente, tenham tido acesso para suas atividades tradicionais e de subsistência. Nesse particular, deverá ser dada especial atenção à situação dos povos nômades e dos agricultores itinerantes.” A Convenção expressamente elenca que os povos interessados não deverão ser transladados das terras que ocupam. Todavia, em situações excepcionais, esse translado (transferência) pode ser considerado necessário, mas demandará consentimento livre e informado do povo indígenaou, quando não for possível obter o seu consentimento, “após a conclusão de procedimentos adequados estabelecidos pela legislação nacional, inclusive enquetes públicas”. Ainda, prevê que “Sempre que for possível, esses povos deverão ter o direito de voltar a suas terras tradicionais assim que deixarem de existir as causas que motivaram seu translado e reassentamento.” A Redação do art. 231 da Constituição Federal está em conformidade com a normativa internacional. O art. 31 assim estabelece: Deverão ser adotadas medidas de caráter educativo em todos os setores da comunidade nacional, e especialmente naqueles que estejam em contato mais Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) direto com os povos interessados, com o objetivo de se eliminar os preconceitos que poderiam ter com relação a esses povos. Para esse fim, deverão ser realizados esforços para assegurar que os livros de História e demais materiais didáticos ofereçam uma descrição equitativa, exata e instrutiva das sociedades e culturas dos povos interessados. A Convenção também prevê normas assecuratórias de direitos sociais como saúde, educação e trabalho, sempre determinando que seja respeitada a autonomia do povo indígena, mas assegurada igualdade de condições com aqueles não indígenas. 15. Resolução n. 287/2019 Essa resolução traz procedimentos relacionados ao tratamento das pessoas indígenas acusadas, rés, condenadas ou privadas de liberdade, tratando sobre especificidades dessa população no âmbito criminal. Entre seus considerandos, a Resolução n 287 explicita a excepcionalidade do encarceramento indígena, nos termos da Convenção n. 169 da OIT. O reconhecimento como indígena manifesta-se por meio da autodeclaração. A autodeclaração pode ocorrer na audiência de custódia ou em qualquer fase do processo criminal e, havendo indícios de que a pessoa apresentada seja indígena, a própria autoridade judicial (você no futuro!) deverá cientificá-la sobre a possibilidade de autodeclaração e informar sobre as garantias previstas na Resolução em comento. A resolução prevê que a partir do momento da identificação da pessoa como indígena, as cópias dos autos do processo deverão ser encaminhadas à Funai mais próxima em até 48 horas. Preste atenção nesse artigo, que traz uma obrigação do magistrado! Uma vez identificada como indígena, as informações sobre essa classificação, a etnia e a língua falada devem estar no registro de todos os atos processuais - na ata da audiência de custódia, em especial. O art. 5º da Resolução assim dispõe: Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) Art. 5º A autoridade judicial buscará garantir a presença de intérprete, preferencialmente membro da própria comunidade indígena, em todas as etapas do processo em que a pessoa indígena figure como parte: I - se a língua falada não for a portuguesa; II - se houver dúvida sobre o domínio e entendimento do vernáculo, inclusive em relação ao significado dos atos processuais e às manifestações da pessoa indígena; III - mediante solicitação da defesa ou da Funai; ou IV - a pedido de pessoa interessada. O art. 6º assegura ao magistrado a possibilidade de, ao receber a denúncia ou queixa em desfavor de pessoa indígena, determinar, de ofício ou a requerimento das partes, a realização de perícia antropológica. Essa perícia, caso realizada, fornecerá subsídios para o exame da responsabilidade criminal da pessoa acusada. O laudo será elaborado por antropólogo, cientista social ou profissional com conhecimento específico da matéria. Quando o juiz com competência criminal analisar processo criminal envolvendo pessoa indígena, deverá considerar os mecanismos existentes na comunidade indígena a que pertence aquela pessoa. Atenção à previsão do art. 7º, Parágrafo único, da Resolução: Parágrafo único. A autoridade judicial poderá adotar ou homologar práticas de resolução de conflitos e de responsabilização em conformidade com costumes e normas da própria comunidade indígena, nos termos do art. 57 da Lei nº 6.001/73 (Estatuto do Índio). A imposição de medidas cautelares diversas da prisão também deve ser realizada de forma adaptada às condições da comunidade, garantindo-se compatibilidade com os costumes, local de residência e tradições da pessoa indígena. Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) Sendo caso de fixação de pena em desfavor de pessoa indígena, a Resolução determina que “a autoridade judicial deverá considerar as características culturais, sociais e econômicas, suas declarações e a perícia antropológica. Não sendo possível a autoridade judicial deve aplicar, sempre que possível e mediante consulta (prévia) à comunidade indígena, o regime especial de semiliberdade quando for o caso de condenação a pena de reclusão ou de detenção. Caso fixada prisão domiciliar, o domicílio da pessoa indígena será o território da comunidade, quando compatível e mediante consulta prévia à comunidade. Tratando-se de mulher indígena, deve-se prestigiar a prisão domiciliar às mães, gestantes ou responsáveis por crianças ou pessoas com deficiência, nos termos do art. 318-A do CPP. A resolução determina, na parte final, a promoção de cursos destinados à qualificação dos magistrados da área criminal, bem como a elaboração de manual voltado à orientação dos tribunais e magistrados sobre as medidas desta resolução. 16. Resolução n. 454/2022 A Resolução n. 454/2022 estabelece diretrizes para efetivar a garantia do direito ao acesso ao Judiciário de pessoas e povos indígenas. A resolução subdivide-se em três capítulos: “disposições gerais”, “das especificidades do acesso à justiça dos povos indígenas”, “dos direitos das crianças indígenas” e “disposições finais”. O artigo 2º apresenta um rol de princípios que devem ser considerados: Art. 2o Esta Resolução é regida pelos seguintes princípios: I – autoidentificação dos povos; II – diálogo interétnico e intercultural; III – territorialidade indígena; Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof) IV – reconhecimento da organização social e das formas próprias de cada povo indígena para resolução de conflitos; V – vedação da aplicação do regime tutelar; e VI – autodeterminação dos povos indígenas, especialmente dos povos em isolamento voluntário. A Resolução pauta-se, assim, no reconhecimento da autonomia dos povos indígenas, reafirmando inclusive quanto à identificação do indivíduo como pertencente ao grupo. Para a auto identificação da pessoa como indígena, são necessários dois elementos: a pessoa entender-se como pertencente a um povo indígena e a própria comunidade reconhecer aquele indivíduo como indígena. Outro artigo importante: Art. 3o Para garantir o pleno exercício dos direitos dos povos indígenas, compete aos órgãos do Poder Judiciário: I – assegurar a autoidentificação em qualquer fase do processo judicial, esclarecendo sobre seu cabimento e suas consequências jurídicas, em linguagem clara e acessível; II – buscar a especificação do povo, do idioma falado e do conhecimento da língua portuguesa; III – registrar as informações decorrentes da autoidentificação em seus sistemas informatizados; IV – assegurar ao indígena que assim se identifique completa compreensão dos atos processuais, mediante a nomeação de intérprete, escolhido preferencialmente dentre os membros de sua comunidade; Material distribuído gratuitamente e elaborado por Yasmin Duarte (@yasminduarteprof)