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Aula 2- Adaptação e morte celular


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PATOLOGIA VETERINÁRIA 
 
 
Aula 2 – Adaptação e morte celular 
 
 
 
FLÁVIA FERREIRA ARAÚJO 
Universo - 4º período – Medicina Veterinária 
flavia.araujo@bh.universo.edu.br 
 @flaviaaraujo.carreira 
 
mailto:flavia.araujo@bh.universo.edu.br
 
Quando a capacidade de uma dada célula em se adaptar ultrapassa o seu limiar, a célula 
passa a apresentar alterações estruturais, que caracterizam a lesão reversível. 
 
Da fase de lesão reversível, a célula passará a apresentar as alterações de lesão 
irreversível, que culminarão na morte celular, mais ou menos rapidamente, dependendo do 
tipo de célula envolvida, e do tipo, duração e a intensidade do estímulo (estresse 
patológico). 
 
A lesão celular pode ser causada por: 
• Hipoxia / isquemia / reperfusão, 
• Agentes físicos, químicos, infecciosos e parasitários, 
• Reações inflamatórias e imunológicas, 
• Defeitos genéticos, 
• Distúrbios nutricionais. 
As células nos tecidos, diante dos variados estímulos (fisiológicos e 
patológicos) que recebem, buscam adaptar-se, alterando as suas estruturas, 
de modo que a função celular é estimulada ou reduzida ou não alterada, 
segundo as circunstâncias que lhe são impostas e a capacidade da célula em 
se adaptar. 
 
O equilíbrio do meio interno (homeostase) depende de vários fatores 
simultâneos, a saber: 
 
1) Integridade do genoma, 
 
2) Disponibilidade de substratos para o metabolismo celular e da integridade 
das vias de síntese (anabolismo) e degradação (catabolismo), 
 
3) Interação das células entre si e com os componentes da matriz extracelular 
(MEC) produzidos pelas células e os componenentes 
 
4) Graus de diferenciação e de especialização celulares. 
A capacidade de uma dada célula em se adaptar às condições que 
lhe são impostas depende do: 
- tipo de estímulo, 
- sua intensidade, 
- duração e dos graus de diferenciação e 
- especialização celulares. 
 
Usualmente as células adaptam-se por diferentes alterações 
celulares, que repercutem nos tecidos e órgãos, a saber, 
hiperplasia, hipoplasia, hipertrofia, hipotrofia, atrofia, metaplasia e 
acúmulos intracelulares. 
Hiperplasia: É o aumento no número de células (proliferação) em um tecido ou órgão [o qual 
também pode mostrar aumento de volume (= hipertrofia)], ou de parte do corpo. 
 
Pode ser fisiológica 
- pela ação hormonal na mama durante a lactação, e no útero durante a gravidez; 
- compensatória como a que se dá na regeneração hepática, após hepatectomia parcial; 
- a hiperplasia renal contralateral, após nefrectomia; a hiperplasia pulmonar, após retirada 
de segmentos ou lobo pulmonares, etc) 
 
Patológica 
- por excesso de estímulo hormonal ou por fatores de crescimento, como a hiperplasia 
endometrial pela ação do estrogênio; 
- a da tireoide no hipertireoidismo; 
- a das paratireoides no hiperparatireoidismo secundário; 
- a hiperplasia linfóide secundária às infecções 
 
Hiperplasia: 
Hipoplasia: É a diminuição da população celular de 
um tecido, órgão ou parte do corpo. 
 
Pode ser fisiológica 
- involução do timo na puberdade e das gônadas no 
climatério; 
- dos órgãos no envelhecimento por aumento da 
apoptose, etc.), 
 
Patológica 
- anemias hipoplásicas por hipoplasia da medula 
óssea, devido aos agentes tóxicos e infecções; 
- hipoplasias pulmonar ou renal durante a 
embriogênese; 
Hipertrofia: É o aumento do tamanho das células e, consequentemente, dos órgãos, e de 
parte do corpo. 
 
As células hipertróficas têm aumento na síntese de suas estruturas subcelulares 
(organelas, citoesqueleto, etc). 
 
Pode ser fisiológica 
- como a por aumento na demanda funcional vista na hipertrofia muscular estriada 
esquelética no exercício físico; 
- a por estímulo hormonal, como a hipertrofia e a hiperplasia das fibras musculares lisas 
do útero durante a gravidez; 
- a hipertrofia secundária à hiperplasia mamária durante a lactação; 
 
Patológica 
- como a hipertrofia cardíaca devido à sobrecarga de pressão na hipertensão arterial ou 
na estenose valvar; 
- a hipertrofia do rim na hidronefrose, etc. 
Hipertrofia: 
Hipertrofia: 
Hipotrofia, Atrofia: 
É a redução quantitativa dos componentes estruturais celulares, com diminuição do volume 
das células e dos órgãos (dependendo do número de células envolvidas) ou de parte do 
corpo. 
 
Muitas vezes é também acompanhada de redução no número de células. Em geral há 
aumento da degradação das proteínas celulares. 
 
Diz-se atrofia quando a redução é acentuada. 
 
Pode ser fisiológica 
- como a que se dá no desenvolvimento embrionário (atrofia da notocorda; do ducto 
tireoglosso); 
- a redução uterina no puerpério 
Hipotrofia, Atrofia: 
 
Patológica por: 
desuso; 
desnervação (atrofia muscular); 
redução do fluxo sanguíneo (isquemia); 
desnutrição protéico-calórica acentuada (marasmo); 
hipotrofia/atrofia do timo nos animais com doenças crônicas, 
desnutrição; 
redução do estímulo hormonal; 
 
 
 
senilidade (por redução do metabolismo e da proliferação celulares); 
pressão (compressão extrínseca, e.g. a hipotrofia do endométrio por leiomioma submucoso, 
ou aumento da pressão intrínseca, e.g. hipotrofia do tecido nervoso cerebral na 
hidrocefalia; a hipotrofia do parênquima renal na hidronefrose), 
 
Hipotrofia, Atrofia: 
 
 
Metaplasia: É a alteração reversível onde um tipo de célula adulta, epitelial ou 
mesenquimal, é substituida por outro tipo de célula adulta. 
 
- ao surgimento de tecido conjuntivo cartilaginoso, ósseo, adiposo ou de células 
hematopoéticas em órgãos, que normalmente não os possuem, como o tecido adiposo 
intralinfonodos inguinais, mesentéricos e ilíacos laterais; 
 
- o tecido ósseo que surge em áreas com calcificação distrófica, como em cicatriz 
cirúrgica na derme, a observada no endométrio e a encontrada no pilomatricoma 
(neoplasia benigna da pele, que se origina de células primitivas basais da epiderme, que 
se diferenciam em células da matriz do pelo); 
 
- a metaplasia hematopoética hepática nas anemias graves, nos rins displásicos císticos. 
 
http://patologia.medicina.ufrj.br/index.php/museu-de-patologia/15-malformacao/displasia-renal/33-displasia-renal-cistica
http://patologia.medicina.ufrj.br/index.php/museu-de-patologia/15-malformacao/displasia-renal/33-displasia-renal-cistica
http://patologia.medicina.ufrj.br/index.php/museu-de-patologia/15-malformacao/displasia-renal/33-displasia-renal-cistica
http://patologia.medicina.ufrj.br/index.php/museu-de-patologia/15-malformacao/displasia-renal/33-displasia-renal-cistica
http://patologia.medicina.ufrj.br/index.php/museu-de-patologia/15-malformacao/displasia-renal/33-displasia-renal-cistica
Metaplasia: 
CAUSAS 
Mecanismos 
Mecanismos 
Mecanismos 
Mecanismos 
Mecanismos 
 
 
• Degeneração: lesão celular hipobiose alterações bioquímicas, 
fisiológicas não metaboliza os metabólitos que normalmente recebe 
acúmulo dos mesmos patologicamente no citoplasma 
 
• Infiltração: célula normal excessivo aporte de metabólitos (ultrapassa 
sua capacidade de metabolização) no citoplasma um acúmulo 
patológico destes metabólitos 
Classificação 
• Classificação 
 
• Doenças do armazenamento: alterações congênitas do metabolismo 
(deficiência de enzimas e gerando acúmulo anormal de substratos dentro da 
célula, por deficiência na metabolização) 
 
lipidoses; glicogenoses; mucopolissacaridoses. 
 
 
• Diagnóstico diferencial 
• Degenerações 
 
• Podem ser agrupados e classificados de acordo com a natureza química da 
substância que se acumula na célula e/ou interstício lesados 
Distúrbio do metabolismo Acúmulo intra celular Designações 
Hídrico celular Água Tumefação celular 
Glicílico celular Glícides Infiltração glicogênica 
Lipídico celular Lípides Esteatose e Lipoidose 
Protílico celular Prótides Transformação hialinaDegenerações 
 
As degenerações são lesões ou alterações bioquímicas, que levam ao acúmulo de 
substâncias químicas no interstício ou no interior das células, podendo ser: 
 
1. Hidrópica: água e eletrólitos; 
 
2. Hialina: material protéico e acidófilo (condensação de filamentos intermediários e 
proteínas associadas; proteínas virais; proteínas endocitadas; desintegração de 
microfilamentos; insudação de proteínas do plasma etc); 
 
3. Mucoide: glicoproteínas (mucinas) (células mucíparas dos tratos gastrointestinal e 
respiratório; síntese exagerada por células neoplásicas de adenomas e adenocarcinomas); 
 
4. Esteatose: glicerídeos (no fígado; túbulo renal; miocárdio; fibra muscular estriada 
esquelética e adrenal); 
 
http://patologia.medicina.ufrj.br/index.php/histopatologia-geral/145-adaptacao/tumefacao/5-tumefacao-degeneracao-hidropica
http://patologia.medicina.ufrj.br/index.php/histopatologia-geral/146-adaptacao/esteatose/6-esteatose-degeneracao-gordurosa
Degenerações 
 
As degenerações são lesões ou alterações bioquímicas, que levam ao acúmulo de 
substâncias químicas no interstício ou no interior das células, podendo ser: 
 
5. Erros inatos do metabolismo: lipidoses; glicogenoses; mucopolissacaridoses. 
 
 
 
• TUMEFAÇÃO CELULAR 
 
Sinonímia: Hidropsia celular, edema celular 
 
Conceito: acúmulo intracelular de água, conseqüência do desequilíbrio 
 no controle do gradiente osmótico à nível de membrana citoplasmática e 
 nos mecanismos de absorção e eliminação de água e eletrólitos 
 intracelulares 
 
 É secundária a deficiência na atividade das ATPases (bombas de Na/K) 
 da membrana celular. É reversível, desde que não muito intensa ou 
 prolongada. 
 
 
• Fígado normal 
 
 
• Degeneração vacuolar 
 
 
Características microscópicas 
-citoplasma opaco, aspecto vazio, granuloso (organelas), turvo, transparência diminuída mascarando o núcleo 
 
- aumento do volume celular, alteração na proporção citoplasma/núcleo e vacuolização citoplasmática. 
• TUMEFAÇÃO CELULAR 
 
Características macroscópicas 
- Aumento de volume e peso da víscera (tumefação, cápsula tensa, 
 consistência pastosa, superfície de corte proeminente) 
 
- Palidez (compressão vascular) 
 
- Coloração acinzentada clara 
 
• TUMEFAÇÃO CELULAR 
 
Mecanismo 
 
•TUMEFAÇÃO CELULAR 
 
 
Causas 
 
-Hipóxia 
-Infecções bacterianas e virais 
-Hipertermia 
-Intoxicações endógenas e exógenas 
• HIALINOSE INTRACELULAR 
 
Sinonímia 
Transformação hialina intracelular ou 
degeneração hialina intracelular. 
 
Conceito 
Acumulo intracelular de material de 
 natureza protéica, conferindo um 
 aspecto vítreo aos tecidos 
 acometidos. As proteínas têm 
 histologicamente aspecto homogêneo 
 e brilhante, ou refringente, que 
 lembra vidro, e cor rósea forte 
 quando coradas por hematoxilina e 
 eosina. 
 
• Hialinose Intracelulares 
 
Mecanismos 
Coagulação intracelular de proteínas celulares Penetração no citoplasma (via absorção ou 
pinocitose) de proteínas complexas, com precipitação ou coagulação 
 
Etiologia: Injúrias tóxico infecciosas subletal (leptospirose, aftosa) traumatismo, deficiência de vitamina E 
selênio. 
 
Infecções virais: acúmulo de nucleoproteínas virais e/ou de produtos da reação à infecção viral no 
citoplasma 
 
Glomerolopatias – gotículas de proteína nos tubulos contornados proximais e nas vilosidades do intestino 
delgado do recém nascido alimentado com colostro. Proteínas pinocitadas formam vesículas que se 
fundem aos lisossomos formando Gotículas de proteínas. 
 
 
• INFILTRAÇÃO CLICOGÊNICA 
 
Conceito 
 
Acúmulo anormal intracelular de glicogênio, reversível, conseqüência do 
desequilíbrio na síntese ou catabolismo do mesmo. 
 
Características macroscópicas 
 
Pouco significativas. Sem lesão aparente e um discreto aumento de volume e 
palidez 
 
 
• INFILTRAÇÃO CLICOGÊNICA 
 
 
 
• INFILTRAÇÃO CLICOGÊNICA 
Em HE: vacúolos citoplasmáticos semelhantes aos da Degeneração hidrópica ou vacuolar e/ou da esteatose. 
 
• INFILTRAÇÃO CLICOGÊNICA 
 
 
Causas 
 
Degenerações: acompanhando a tumefação celular (degeneração hidrópica). São 
 menos comuns que a infiltração glicogênica e as glicogenóses. 
 
b) Infiltração glicogênica: vista nas hiperglicemias: alimentares, por lesão no SNC 
 por narcóticos, adrenalina ou glucagon, por hiperadrenocorticismo ou por diabete 
melito. 
 
 
 
• INFILTRAÇÃO GLICOGÊNICA 
 
Mecanismo 
Diabete e demais hiperglicemias 
 
 insulina glicemia glicosúria reabsorção tubular de glicose 
aporte excessivo de glicose à célula acúmulo de glicogênio . 
Glicogenoses: defeito na síntese ou na degradação do glicogênio determinando: 
- Forma anormal de glicogênio sintetizada não consegue ser metabolizada. 
 - Falta de uma ou mais enzimas que metabolizem o glicogênio normal. 
• ESTEATOSE 
 
Sinonímia 
Metamorfose gordurosa, deposição ou transformação gordurosa, degeneração e infiltração gordurosa, 
adipose degenerativa, lipofanerose ou lipose celular 
 
Conceito 
 
Acúmulo anormal e reversível de lípides no citoplasma de células parenquimatosas, formando vacúolos 
 (principalmente de túbulos renais, hepatócitos e fibras do miocárdio – células que normalmente 
 metabolizam muita gordura) onde normalmente lípides não seriam evidenciados, em conseqüência de 
 desequilíbrios na síntese, utilização ou mobilização). 
 
 
• ESTEATOSE 
 
Os lípides são quase sempre triglicérides (TG). 
 
Como o fígado é o órgão diretamente relacionado com o metabolismo lipídico, é nele que vamos 
 encontrar mais comumente a esteatose. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADgado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Metabolismo
• ESTEATOSE 
 
 
• ESTEATOSE 
 
 
• ESTEATOSE 
 
Características macroscópicas 
 
 volume e peso, 
 consistência (órgão mais pastoso) 
 friabilidade e amarelamento, 
 gordura emulsificada na faca ao corte 
 
 
Nos rins: de volume, palidez e amarelamento 
 
 
• ESTEATOSE 
 
Características macroscópicas 
 
No fígado: volume e peso 
 bordas abauladas 
 consistência amolecida, 
 coloração amarelada 
 superfície externa lisa e brilhante e superfície sem 
marcação lobular. 
 
No coração: listas amareladas (coração tigrado) quando focal. Todo 
amarelado e flácido quando difusa. 
 
• ESTEATOSE 
 
Características microscópicas 
 
a) Vacuolização citoplasmática que deve ser 
diferenciada da degeneração hidrópica 
vacuolar através de colorações especiais. 
 
b) Nos hepatócitos: vacúolos pequenos e 
múltiplos (fase mais precoce) que podem 
se coalescer formando um único e 
volumoso, deslocando o núcleo para 
periferia (célula em anel de sinete) 
podendo levar a ruptura (cistos 
gordurosos). 
• ESTEATOSE 
 
 
Etiopatogenia 
 
Esteatose miocárdica: Intoxicações, leucemias, anemia aplástica, difteria 
 
Esteatose renal: Hiperlipemia, intoxicação por tetracloretos de carbono e plantas tóxicas 
 
Esteatose hepática : 
- Interferência com a dispersão micelar das gorduras intracitoplasmáticas 
(deficiência de fosfolípedes e/ou proteínas, intoxicação por tetracloreto de carbono, deficiência de aa. 
 (colina, B12, ácido fólico, inusitol), hipóxia, excesso de colesterol. 
• ESTEATOSE 
 
Etiopatogenia 
 
Esteatose hepática : 
- Aumento quantitativo da gordura intracelular sem aumento correspondente de fosfolípides e 
proteínas: 
 
- - Bloqueio na utilização de lípides (interferência na conversão de ac. Graxos em fosfolipídeos 
(desacoplamento de ribossomos) e/ou síntese de proteínas aceptoras de lípides

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