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Técnicas, instrumentos e procedimentos de Investigação e Diagnóstico institucional – parte I O diagnóstico psicopedagógico na perspectiva de Weiss (2011) O fracasso escolar seria uma resposta insuficiente a uma exigência ou demanda da escola. Temos 3 perspectivas, quando se fala de fracasso escolar: a da sociedade, a da escola e a do aluno. A da sociedade é a mais ampla, pois engloba a escola e o aluno, leva em conta, além da escola e aluno, a cultura, condições políticas, sociais e econômicas, a realidade e o contexto em que o aluno está inserido. Onde essa escola está instalada? Qual a realidade social de seu entorno? Qual a história de vida das pessoas ao redor? Quais são os meios econômicos daquela população? O fracasso escolar deve ser percebido a partir de uma visão muito ampla considerando quem é o aluno, onde está, seu contexto social, o significado da escola e do fracasso escolar para esse aluno. A escola não deve trabalhar de forma isolada, fora da realidade, sem atender às necessidades e demandas da comunidade onde a escola está inserida. Requer preocupação, inclusive, com os conteúdos: como tal conteúdo chegará ao aluno? Esse conteúdo atende às necessidades dos alunos? Por exemplo: não posso falar de damasco para alunos que só têm acesso a bananas. O fracasso escolar, muitas vezes, começa na escola, pois essa quer tratar de realidade distante da realidade do aluno. O aluno pode ser apresentado ao damasco, mas primeiro, trabalhar com bananas. Todo diagnóstico psicopedagógico é, em si, uma investigação, é uma pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação à uma conduta esperada. A queixa me fala de um esclarecimento que devo trazer para o problema do aluno. De quem parte a queixa? Da escola? Do aluno? Da família? Qual a queixa? Pode ser não aprender, aprender com dificuldade ou lentamente, do não revelar o que aprendeu, do fugir de situações de possível aprendizagem. Todas essas situações podem ser interpretadas como queixa. Quais os sintomas que apresenta? Toda queixa tem sintoma: o que é percebido pelo próprio indivíduo, que emerge da personalidade em interação com o sistema social. Por exemplo: percebe que todos aprendem multiplicação e ele não, todos aprendem conjugação verbal e ele não. O diagnóstico psicopedagógico pode se dar de forma horizontal ou vertical. Na horizontal trabalha-se a visão do presente, qual a queixa, qual o sintoma e na vertical o histórico do sujeito, a visão do passado e da construção do sujeito. Modelo de sequência diagnóstica proposto por Weiss (2010): · Entrevista familiar · Entrevista de anamnese · Sessões lúdicas centradas na aprendizagem · Complementação com provas e testes quando necessário · Síntese diagnóstica · Entrevista de devolução e encaminhamento. Elementos do diagnóstico psicopedagógico: · Encaminhamento · Entrevista · Observação · Devolução da informação do diagnóstico. O sucesso de um diagnóstico não reside no grande número de instrumentos utilizados, mas na competência e sensibilidade do terapeuta em explorar a multiplicidade de aspectos revelados em cada situação. Não deve, ainda, ser instrumento para rótulo. Os primeiros encontros são determinantes no processo diagnóstico. É quando deve ocorrer uma interação mais direta com o sujeito ou instituição e com a finalidade de conhecer mais profundamente sua história. Deve ser direcionador para intervenção.