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Psicologia Humanista - aulas apostiladas

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Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 1 
 
 
 
 
 
 
O material a seguir inclui trechos comentados de livros e aulas do 7º semestre 
A PSICOLOGIA HUMANISTA E A ABORDAGEM GESTÁLTICA MARISETE MALAGUTH 
MENDONÇA 
 
 Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma 
ou configuração 
 Base é a psicofísica (estudo das sensações) 
 Eles iniciaram seus estudos pela percepção e sensação do movimento. 
A percepção é a combinação da experiência e função 
O cérebro é um sistema dinâmico em que todos os elementos ativos interagem em 
determinado momento. 
 Confronto Gestalt/Behaviorismo 
O Behaviorismo estuda o comportamento através da relação estímulo-resposta, procurando 
isolar o estímulo e desprezando os conteúdos de “consciência”. 
A Gestalt irá criticar essa abordagem, por considerar que o comportamento, quando estudado 
de maneira isolada de um contexto mais amplo, pode perder seu significado 
 Posições diferentes diante do objeto da Psicologia: comportamento 
o foco da psicanálise no inconsciente e seu determinismo e o foco na observação apenas do 
comportamento pelo behaviorismo foram as críticas mais fortes dos novos movimentos de 
psicologia surgidos em meados do século 20. 
 O homem é uma totalidade 
Na prática terapêutica, é preciso entender o homem como um ser inteiro, embora, como diz a 
fenomenologia, ele se apresente por perfis. Acreditar que existe na pessoa um potencial que 
ultrapassa sua existência presente, que é o impulso para o crescimento, para o processo de 
Psicologia Humanista 
Aulas apostiladas 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 2 
atualização como um todo cada vez mais integrado, é a contrapartida psicológica do vir a ser 
existencial. Esse preceito positivo é o que move o esforço dessa abordagem. 
Fritz Perls utiliza as ideias da Gestalt para compreender o fenômeno psíquico, afirmando que 
este, em sua totalidade, não pode ser entendido pelo estudo de suas partes – rompe com 
tradição causalista. 
Importante destacar que para os gestaltistas: não é que o todo é mais importante do que as 
partes, e sim que o todo é diferente da soma das partes. 
O Behaviorismo estuda o comportamento através da relação estímulo-resposta, procurando 
isolar o estímulo e desprezando os conteúdos de “consciência”. 
Questionamento de um princípio implícito na teoria behaviorista — que há relação de causa e 
efeito entre o estímulo e a resposta 
A Gestalt irá criticar essa abordagem, por considerar que o comportamento, quando estudado 
de maneira isolada de um contexto mais amplo, pode perder seu significado 
Na visão dos gestaltistas, o comportamento deveria ser estudado nos seus aspectos mais 
globais, levando em consideração as condições que alteram a percepção do estímulo. 
 A relação organismo – ambiente está em conformidade com o humanismo e com as 
ciências do comportamento. Então, o que diverge? 
 Se o comportamento tiver um reforço positivo, ele tende a se manter 
 Se o comportamento tiver um reforço negativo, ele tende a se extinguir. 
 Teoria do isomorfismo: supõe uma unidade no universo, onde a parte está sempre relacionada 
ao todo 
 Admitia o valor da consciência e criticava a tentativa de reduzi-la a elementos e átomos: o todo 
é diferente da soma das partes 
 
Rogers acreditava que a personalidade é constituída no presente, pela maneira como o indivíduo 
percebe as circunstâncias; assim, a qualidade da ambiência relacional terapêutica ganhou enorme 
importância. 
 É útil informar que a psicologia humanista não é uma escola de pensamento, mas um conjunto 
de diversas correntes teóricas que têm em comum a convergência humanizadora da abordagem 
do homem. Por suas origens fenomenológico-existenciais e holísticas, a Gestalt- terapia, que se 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 3 
enquadra nessa abordagem, chegou ao Brasil somente no final dos anos 1960. O espírito de 
contracultura dessa época foi construindo práticas alternativas no âmbito psicológico, como o 
movimento do potencial humano, surgido nos Estados Unidos, e outras opções diferenciadas do 
modus operandi vigente. Essas alternativas – entre elas a Gestalt-terapia –, chamadas de terceira 
força em psicologia, já bebiam da fonte do existencialismo e do humanismo. A visão 
fenomenológico-existencial traz um extenso modelo de ideias, em especial o valor do mundo vivido 
como fonte do conhecimento e da consciência e a concepção de ser humano como detentor de 
liberdade de escolha, processo que acontece a cada momento. A volta à experiência presente e 
imediata, tão cara à Gestalt-terapia, tem também sua ancoragem no preceito fenomenológico de 
voltar às coisas mesmas – o que, no âmbito terapêutico, se refere ao vivido pelo cliente. A Gestalt-
terapia está especialmente associada ao humanismo pela sua visão holística do homem. 
Na autorrealização, Maslow e Rogers não estão 100% alinhados. 
 Na lógica de Maslow, é no êxito que se “é” 
 Na lógica de Rogers, é no fracasso e na derrota que se cresce e se “é”. Para ele, respeitar a 
tristeza, o choro e o fracasso do sujeito, faz parte do ser o que se é. 
A autonomia do espírito humano, capaz de encontrar por si mesmo a melhor alternativa para suas 
dificuldades, é o ponto de encontro entre o humanismo e a Gestalt- terapia. Ambos veem o homem 
como possuidor de um valor positivo, capaz de se autogerir e de se autorregular sem a tutela de 
autoridade externa, inclusive a do terapeuta. Contudo, notam-se na prática gestáltica atitudes que 
revelam alguns remanescentes do humanismo individualista antropocêntrico. Visão holística do 
humanismo: maior aproximação com a Gestalt. 
 Crença na autonomia do homem para encontrar por si mesmo a melhor alternativa para 
suas dificuldades; crença na autorregulação. 
 Sai do individualismo autocentrado. Importância da apreensão do não-dito. 
2A preocupação do terapeuta com a comunidade próxima do cliente. A compreensão da 
experiência vivida pode se tornar inadvertidamente a aprovação de uma existência autocentrada. 
A ética humanista da sua abordagem obriga o terapeuta gestáltico a ultrapassar a tarefa inicial e 
essencial de compreender o cliente e suas razões. A profunda empatia e a compaixão para com 
a dor e a situação da pessoa, condição necessária ao espírito humanista do terapeuta, quando 
autenticamente sentidas e não meramente funcionais, compõem um modelo humano poderoso, 
que tende a promover no cliente um novo olhar para o outro, ampliando nessa pessoa, pela sua e 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 4 
pela nossa semelhança com a condição humana comum, o despertar da sua empatia e da 
compreensão dos seus parceiros humanos. 
E quando me refiro à compreensão entre os pares não estou prescrevendo a conivência com 
atitudes abusivas ou aviltantes da dignidade própria. Ser consciente é saber distinguir entre a 
limitação psicológica atual do outro e a atitude intencionada de prejudicar, utilizar ou ignorar os 
demais pelo individualismo egoísta de poder ou de sucesso, tão vigente nas nossas instituições. A 
empatia a que me refiro assemelha-se à inclusão da dialógica buberiana. Considero-a a mais 
poderosa via de acesso ao conhecimento do homem. Nenhum contato racional, por mais 
disciplinado que seja seu método de observação, por mais refinados seus postulados teóricos ou 
requintados seus instrumentos investigativos, pode prescindir da empatia para ter um 
conhecimento real do outro. A empatia, vista como inclusão, é um conhecimento imediato, sem 
nenhum tipo de mediação, no qual o estado vivido por alguém é imaginado e sentido no próprio 
corpo do observador, de maneira tal que a evidência do que está se passando no mundo subjetivo 
do outro é apreendida ao vivo, como jamais poderá ser pelo processo de apreensão intelectual. 
Quanto ao projeto terapêutico que,a meu ver, pode ser reputado como genuinamente humanista, 
deve também ser guiado pelo propósito de promover duas dimensões da cura existencial: 
 a permissão, dada pela pessoa do cliente, de deixar ser aquilo que está sendo. Na 
nomenclatura gestáltica, é permitir que emerjam as Gestalten que estão sendo interrompidas, 
não no sentido do pragmatismo imediato de fazer algo com aquilo que emergiu, mas no sentido 
dado pela nossa visão de awareness, como um processo vivencial da consciência em que é 
alterada a visão de si mesmo e do mundo próprio, na direção de uma das perspectivas possíveis 
de ajustamento criativo à realidade. A Gestalt que emerge é atualizada e transformada no 
encontro terapêutico; 
 O acesso do cliente à capacidade de estabelecer relações de intimidade – ou dialogais – no 
espaço próximo da convivência. A primeira dimensão evolui necessariamente para a segunda, 
desde que não tenha sido uma simples simulação. Todos os nossos autores afirmam a 
awareness como uma experiência transformadora. 
 A terapia da Gestalt é fenomenológica e seu objetivo é a awareness – dar-se conta; aumento 
a autoconsciência. 
 Awareness é uma forma de experienciar. Estar em contato com a própria existência, com 
aquilo que é. 
 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 5 
 
AULA 25/10/2022 
 Na época em que psicólogos da Gestalt estudavam fenômenos da percepção, Kurt Goldstein 
desenvolvia sua teoria organísmica – postulado da autorregulação organísmica. (para 
Goldstein, o modelo hospitalocêntrico não se sustentava mais) 
 Entre os fundadores da Gestalt-Terapia quem efetivamente estudou a Psicologia da Gestalt 
foi Laura Perls, esposa de Fritz Perls. 
A percepção visual e suas implicações na mente das pessoas. 
Como que as imagens se relacionam entre si e isoladas na mente humana? 
 Os gestaltistas estavam preocupados em compreender quais os processos psicológicos 
envolvidos na ilusão de ótica 
 A organização de fatos, percepções, comportamento ou fenômenos, e não os aspectos 
individuais de que são compostos, que os define e lhes dá um significado específico e 
particular. 
 O homem não percebe as coisas isoladas e sem relação, mas as organiza no processo 
perceptivo como um todo significativo. 
 ilusão de ótica: quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da 
que ele tem na realidade. 
 A escolha pelo que se tornará primeiro plano: interesse (Figura) 
 O que está em segundo plano: Fundo 
 Enquanto há interesse a cena total parecerá organizada de modo significativo. Quando 
há completa falta de interesse: o lugar é visto como confusão. 
Homeostase 
 A necessidade dominante do organismo, em qualquer momento, se torna figura de primeiro 
plano e as outras recuam, pelo menos temporariamente, para segundo plano. O primeiro plano 
é a necessidade que exige mais agudamente ser satisfeita, que seja, preservar a vida. 
 Para que o indivíduo satisfaça suas necessidades, feche a Gestalt, passe para outro assunto, 
deve ser capaz de manipular a si próprio e ao seu meio, pois mesmo as necessidades 
puramente fisiológicas só podem ser satisfeitas mediante interação do organismos com o meio. 
 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 6 
Diante de 4 necessidades e apenas 1 ou 2 capacidades, somos levados a fazer escolhas e 
hierarquizar as prioridades. (as necessidades não precisam ser necessariamente orgânicas. 
Podem ser emocionais também, como a necessidade de respeito e acolhimento). Logo, quando 
uma necessidade assume a posição de figura, as outras se tornam fundo. 
Não atender uma necessidade provoca o travamento das outras. Destacar uma necessidade não 
significa atendê-la 
 A percepção é o ponto de partida e tema central dessa teoria. 
PERCEPÇÃO – É o resultado do do processo entre o estímulo que o meio fornece e a resposta 
do indivíduo. 
COMPORTAMENTO – Deve ser estudado nos seus aspectos mais globais, levando em 
consideração as condições que alteram a percepção do estímulo. O que o indivíduo percebe e 
como percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano. Esse 
fenômeno da percepção é norteado pela busca de fechamento, simetria e regularidade dos 
pontos que compõem uma figura (objeto). 
O comportamento é determinado pela percepção do estímulo e, portanto, estará submetido à 
lei da boa-forma. Ou seja, a maneira como percebemos um determinado estímulo irá 
desencadear nosso comportamento. Ou ainda, a percepção de um sujeito que percebe é 
mediada pela forma(maneira) como esse sujeito interpreta o conteúdo percebido. 
ESTÍMULO – Qualquer padrão de estímulo tende a ser visto de tal modo que a estrutura 
resultante é tão simples quanto as condições dadas permite (Arnheim, 1908:44). 
 Quando eu vejo uma parte de um objeto, ocorre uma tendência à restauração do 
equilíbrio da forma, garantindo o entendimento do que estou percebendo. (boa-forma) 
 Esse fenômeno da percepção é norteado pela busca de fechamento, simetria e 
regularidade dos pontos que compõem uma figura. 
 Para alcançarmos a boa-forma e necessário que haja equilíbrio, simetria, estabilidade e 
simplicidade nos elementos . 
FECHAMENTO: É uma capacidade da percepção humana que trata de “fechar” formas a partir 
de partes isoladas. 
SIMETRIA: O cérebro tente a procurar uma relação de simetria mesmo que o eixo dessa simetria 
seja inclinado. 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 7 
REGULARIDADE: O cérebro se fixa nos padrões visuais para criar agrupamentos e criar um 
ordenamento a partir desses grupos 
PERCEPÇÃO – Boa forma : Lei básica da percepção visual: 
 “Qualquer padrão de estímulo tende a ser visto de tal modo que a estrutura resultante é tão 
simples quanto as condições dadas permitem”. A Gestalt encontra nesses fenômenos da 
percepção as condições para a compreensão do comportamento humano. 
 A maneira como percebemos um determinado estímulo irá desencadear nosso 
comportamento. 
 Muitas vezes, os nossos comportamentos guardam relação estreita com os estímulos físicos, e 
outras, eles são completamente diferentes do esperado porque “entendemos” o ambiente de 
uma maneira diferente da sua realidade. 
 A nossa percepção do estímulo em determinadas condições ambientais dadas é mediada pela 
forma como interpretamos o conteúdo percebido. 
 Se nos elementos percebidos não há equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade, não 
alcançaremos a boa-forma. 
 É preciso considerar que o sentido da figura emerge da relação figura/fundo. 
 Não é a figura e nem o fundo em si mesmos que determinam o significado e sim a 
relação entre eles. É a relação figura/fundo que dá sentido à figura. 
 O elemento que objetivamos compreender deve ser apresentado em aspectos básicos, que 
permitam a sua decodificação, ou seja, a percepção da boa-forma. 
 EQUILÍBRIO: Formas diferentes podem apresentar sensação de “peso” diferente. 
O ser humano é capaz de se autorregular se ele estiver satisfeito e se nenhuma necessidade 
se mostrar a ele. (é porque está em equilíbrio) 
 ESTABILIDADE: Algumas formas são menos estáveis que outras, essa percepção tem relação 
direta com nossa experiência na gravidade do mundo que nos cerca. 
 SIMPLICIDADE: Deduzimos formatos complexos em formas mais simples para otimização da 
informação no cérebro. 
 A maneira como se distribuem os elementos que compõem as duas figuras não apresenta 
equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade suficientes para garantir a boa-forma, isto é, 
para superar a ilusão de ótica. 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 8 
 A tendência da nossa percepção em buscar a boa forma permitirá a relação figura-fundo. 
 O conjunto de estímulos determinantes do comportamento é denominado meio ou meio 
ambiental. São conhecidos dois tipos de meio: o geográfico e o comporta mental. 
 O meio geográficoé o meio enquanto tal, o meio físico em termos objetivos. 
 O meio comportamental é o meio resultante da interação do indivíduo com o meio físico 
e implica a interpretação desse meio através das forças que regem a percepção. 
(equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade). 
 Esta particular interpretação do meio, onde o que percebemos agora é uma “realidade” 
subjetiva, particular, criada pela nossa mente, é o meio comportamental. 
 O comportamento é desencadeado pela percepção do meio comportamental. 
 Essa tendência a “juntar” os elementos é o que a Gestalt denomina de força do campo 
psicológico. 
 O campo psicológico é entendido como um campo de força que nos leva a procurar a boa-
forma. 
Aprendizagem por Insight 
 Insight é uma compreensão imediata. Se esqueço de tomar um remédio, posso muito bem 
lembrar de tomá-lo, logo após assistir uma propaganda farmacêutica, mesmo que seja sobre 
um remédio diferente 
 As soluções baseiam-se em uma reestruturação perceptual do problema 
Terapia Aqui e Agora 
 Objetivo da terapia: dar meios para que a pessoa resolva seus problemas atuais e qualquer 
outro que surja amanhã ou no próximo ano. 
 Se a cada momento puder perceber verdadeiramente a si próprio e suas ações sejam em 
fantasia, verbal ou físico – pode ver como está provocando suas dificuldades, pode ver quais as 
dificuldades presentes e pode ajudar a si próprio a resolvê-las no presente; no aqui - agora. 
 Terapia gestaltica é uma terapia no aqui - agora, em que pedimos ao paciente durante a sessão 
para voltar toda sua atenção ao que está fazendo no momento, no decorrer da sessão. 
 Terapia da gestalt e experiencial, mas do que interpretativa ou verbal. Pedimos ao paciente 
para reexperenciar seus problemas e traumas. Se ele vai fechar o livro de seus problemas 
passados, deve fechá-los no presente. 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 9 
 Pedimos ao paciente que dê conta de seus gestos, respiração, emoções, voz, expressões faciais, 
tanto quanto dos pensamentos. Quanto mais se der conta de si mesmo, mas aprenderá sobre 
o que é seu si - mesmo. 
 À medida que experimenta os modos pelos quais se impede de “ser” agora; os meios por que 
se interrompe, começará a experienciar o si - mesmo que interrompeu. 
 Terapeuta deve ser sensível ao que o paciente apresentará superficialmente de modo que a 
percepção mais ampla do terapeuta possa servir de meio que habilite o paciente a criar sua 
própria conscientização. 
 Sentença básica que dizemos ao nosso paciente: “Agora percebo conscientemente”. 
 O fato inacabado, que ainda está vivo e interrompido, espera para ser assimilado e integrado. 
É no aqui agora que esta assimilação deve ocorrer. 
 O temos que fazer é perceber e lidar com os “comos” de cada interrupção, mas do que o 
“porque”. 
 
O NOME, A TAXONOMIA E O CAMPO DO ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO 
SCHMIDT, M. L. S. O nome, a taxonomia, e o campo do Aconselhamento Psicológico, In: 
MORATO, H.T.P. et al. (Coord.) Aconselhamento Psicológico numa perspectiva fenomenológica 
existencial: uma introdução. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 
04/10/2022 – sala 703 
 
O que significa aconselhar? 
Aconselhar: diferentes sentidos: mostrar, indicar, sugerir, recomendar, orientar, troca de opiniões 
sobre algum assunto. 
Aplicável para pessoas que estejam passando por algum conflito ou desajuste momentâneo. 
Quando o aconselhamento surge na psicologia, ela ainda não era regulamentada como profissão. 
 Aos psicólogos fica destinada a tarefa do diagnóstico, enquanto aos médicos cabia o 
tratamento baseada na psicanálise. (disputa de território profissional – A psicoteraía não 
estava autorizada para os psicólogos por uma reserva de mercado feita pelos psiquiatras. 
Nesse sentido, restou aos psicólogos o termo “aconselhamento”. Freud traz a sua versão de 
por que habilitar leigos a praticarem a psicanálise, em “Cinco lições da psicanálise”) 
 A psicologia observou que apesar dos transtornos, alguns pacientes tinham certas funções 
preservadas, como por exemplo, a capacidade de tomar decisões. Nessa época, a psicologia 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 10 
estabelece a sua reserva de mercado com a aplicação de testes psicológicos reservada apenas 
para psicólogos). 
 
 No início do século XX o Aconselhamento Psicológico (AP) estava relacionado às práticas de 
testagem, ao psicodiagnóstico, nos Centros Infanto-juvenis. Eram realizadas orientações, 
indicações ou mesmo conselhos a partir dos testes baseados na psicometria e na teoria do 
Traço e fator. Os testes eram feitos para medir e avaliar a inteligência e traços marcantes do 
indivíduo. 
 Sendo a psicometria entendida pelos testes 
 Sendo traço e fator a teoria que classifica o sujeito pelo seu traço positivo e indica o que aquele 
sujeito pode desempenhar de melhor. Por exemplo, o sujeito escolhe melhor a sua profissão se 
souber melhor sobre as suas potencialidades. (evitando aquilo que ele tiver maior dificuldade). 
 Entre 1928 e 1940, Rogers trabalhou como psicólogo num Departamento de Prevenção de 
Violência contra criança em Nova York e atuou de acordo com o modelo hegemônico de 
Aconselhamento baseado na teoria Traço e Fator. 
 
Rogers questiona a psicometria e a teoria traço e fator e introduz o aconselhamento psicológico 
com um olhar humanista. (ACP). Em sua teoria, a pressuposição da existência de potencialidades 
humanas que se desdobram por meio de certas condições favoráveis presente na teoria do traço 
e fator, traduz-se em em tendência atualizante. (rompendo com a noção de transtornos mentais) 
(condição para se adaptar a diversas circunstâncias) 
 Foi com Carl Rogers que o foco do aconselhamento mudou do problema para a pessoa do 
cliente; do instrumental de avaliação para a relação cliente-conselheiro; do resultado para o 
processo. 
 Rogers se preocupa com as condições necessárias e suficientes para que a atualização da 
tendência a maior complexidade e integração dos organismos ocorra nos seres humanos. – 
Chega a equação básica segundo a qual a presença de atitudes como congruência, aceitação 
positiva incondicional e empatia, permitem a ocorrência da aprendizagem subjacente ao 
crescimento e à mudança. 
 Esta equação básica é transposta para outros campos além do consultório a partir dos anos 
70 – passagem para a Abordagem Centrada da Pessoa. 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 11 
 Normalmente, a pessoa que procura por aconselhamento, o faz por não conseguir se 
autorregular. Ela vai em busca de uma direção. Rogers não vê esse caminho como positivo e 
percebe que a atitude de não direcionar o ser humano pode ser aplicada tanto para pessoas 
com transtornos como para as que não possuem transtorno nenhum. 
 A partir de suas observações ele rompe com uma tendência de transtornos mentais e percebe 
que o ser humano tem uma tendência a se autoatualizar – mesmo com suas limitações e 
potencialidades. 
 Entendendo atualizar por lidar com os desafios que aparecem utilizando seus próprios 
recursos e capacidades e não necessariamente após os resultados de uma intervenção do 
sujeito. A tendência é lidar com os problemas a medida em que eles aparecem, com ou sem 
transtornos. 
 Por exemplo, o sujeito escolhe melhor a sua profissão se souber melhor sobre as suas 
potencialidades. (evitando aquilo que ele tiver maior dificuldade). 
 Para Rogers, todo mundo tem uma tendência a se atualizar e qualquer organismo é capaz 
disso (inclui plantas e animais). A gente tende a sobreviver e a lidar com as mudanças que 
acontecem conosco e ao nosso entorno. Para ele, todos nós temos uma Tendência Atualizante: 
Uma tendência a lidar com os problemas a partir das condições que o indivíduo tem no 
momento. 
 Se considerarmos o ajustamento criativo, as vezes a frustração pode não ser apenas um 
sofrimento, mastambém um caminho. 
 
 Processou-se concomitantemente ao da Orientação Profissional que se constituiu como 
aconselhamento, num processo de assistir o indivíduo a encontrar uma profissão adequada às 
suas características pessoais. 
 Os instrumentos utilizados pelo profissional, mensuravam as aptidões, inventariam ou testam 
os interesses e descrevem a "personalidade" do indivíduo 
 A concepção de escolha relaciona-se ao modelo médico, que "radiografa" o indivíduo, analisa 
os dados coletados e sintomas, realiza um diagnóstico e propõe um prognóstico. O interessado, 
portanto, não decide, mas aceita ou não o conselho do orientador educacional. 
 Teoria Traço e Fator, articulou a vertente experimental dos estudos psicométricos a um 
conjunto de práticas de atendimento que guardavam espécie de distância ótima em relação às 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 12 
práticas médicas e ao mesmo tempo apropriava-se de uma prática costumeira do senso 
comum – ato de aconselhar, atribuindo-lhe aura de cientificidade. 
 É nesta região que Rogers se instala. E ela mesma será transformada pela emergência a teoria 
centrada no cliente. (este campo não era a primeira preferência de Rogers, mas sim o que havia 
como possibilidade na época) 
 Foi com Carl Rogers que o foco do aconselhamento mudou do problema para a pessoa do 
cliente; do instrumental de avaliação para a relação cliente-conselheiro; do resultado para o 
processo. 
 Na época: diagnóstico funcionava como um divisor de águas. Diferenciava indivíduos que 
podiam se beneficiar do aconselhamento e aqueles que deveriam ir para psicoterapia por 
apresentarem distúrbios mais graves. 
 Conselheiro: aparece então como ouvinte interessado e compreensivo, que por meio técnica 
da reflexão poderia propiciar exploração pessoal do cliente e que esta exploração se 
configurasse o mais próximo de suas vivências e percepções atuais e conscientes. 
 Função do conselheiro: propor atmosfera permissiva, não autoritária no sentido de 
proporcionar completa liberdade para o cliente estabelecer o seu próprio andamento e 
direção. Objetivo de liberar o outro de suas defesas. Conselheiro tinha respostas clarificadoras 
e de aceitação. 
 A função do conselheiro coloca-se no modo de acolhimento que permite explorar, com o 
cliente, não apenas a chamada ‘queixa’, mas também a forma mais adequada de lidar com ela. 
 O Conselheiro, na perspectiva da Abordagem Centrada na Pessoa, é aquele profissional que 
recebe as demandas e que possui recursos e flexibilidade para propor alternativas de ajuda, 
incluindo informação, orientação, encaminhamento e psicoterapia. 
 O aconselhamento é um processo racional que envolve tomada de decisões por ambas as 
partes (qual caminho seguir, a partir das minhas potencialidades, possibilidades e limitações) 
 A psicologia observou que apesar dos transtornos, alguns pacientes tinham certas funções 
preservadas, como por exemplo, a capacidade de tomar decisões. Nessa época, a psicologia 
estabelece a sua reserva de mercado com a aplicação de testes psicológicos reservada apenas 
para psicólogos). 
 
 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 13 
Traço e fator 
 O conselheiro é o modelo, quem decide, aquele que detém o poder, veiculador de normas de 
condutas, valores sociais e hábitos de cidadania, atuando de forma diretiva. 
 É necessário auxilio para desenvolvimento de habilidades e potencialidades. 
 Sustenta sua prática no diagnóstico e em seus conhecimentos prévios 
 Concebe o sentimento como um empecilho muitas vezes ao pensamento, daí a necessidade de 
ser controlado e mudado. 
 "É preciso pensar bem". Se está pensando bem, está sob controle, para isso tiramos toda 
interferência. 
 Diante de distúrbios, o correto encaminhamento. 
 Crença nas potencialidades naturais do ser humano. 
 Criação de um clima facilitador ao crescimento. 
 Tendência atualizante de potencialidades (mudança de área ou movimento na mesmaárea). 
 Estas formulações de Rogers, destrói as diferenças entre aconselhamento e psicoterapia. Isto 
permite uma liberdade para uma atuação mais ampla – atuação propriamente clínica dos 
psicólogos, barrada até então pela psiquiatrização da psicanálise. 
 Outra questão posta: o lugar da aprendizagem no entendimento da psicoterapia. No livro 
“Psicoterapia Centrada no Cliente” define a psicoterapia como um processo de aprendizagem 
– aprendizagem significativa que integra dimensões afetivas e cognitivas. 
 Conceito de aprendizagem significativa define a psicoterapia como processo de aprendizagem, 
sem, contudo, caracterizá-la como prática pedagógica. 
 Os termos “potencialidade” e “limitação” eram vistos por Rogers como deterministas. Ele 
começa trabalhando em escolas e observa um resultado muito positivo como fruto dessa 
atenção dirigida (perceber o outro) 
 
As diferenças encontradas referem-se a: (a) tempo da intervenção, sendo o aconselhamento mais 
breve; (b) complexidade do caso e intensidade do atendimento, sendo a psicoterapia mais 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 14 
profunda; (c) demanda apresentada, sendo o aconselhamento mais voltado para situações 
contextuais e situacionais; (d) intervenções em aconselhamento focam a ação, mais do que a 
reflexão, e são mais centradas na prevenção do que no tratamento; (e) o aconselhamento é mais 
focado na resolução de problemas. As semelhanças referem-se ao escopo do processo de ajuda, 
às atitudes do psicólogo e à necessidade de desenvolvimento de recursos terapêuticos para 
estabelecimento de uma relação que possa ser considerada efetiva e atingir os objetivos 
delineados. Destaca-se a necessidade de que mais pesquisas sejam desenvolvidas sobre o 
aconselhamento psicológico no Brasil, haja vista a farta produção científica no campo das 
psicoterapias. 
Psicoterapia breve: faz uma crítica ao modelo de psicoterapia de tempo indeterminado. Surge 
como um modelo alternativo à psicoterapia de tempo indeterminado, utilizada nas instituições. 
Maneira específica de delimitar e lidar com o tempo de atendimento; após avaliação 
psicodinâmica o psicoterapeuta conduz o processo em vista de atingir objetivos pré-fixados. 
Aconselhamento psicológico: Foco no cliente e não no seu problema; o prazo para atendimento 
ou número de sessões pode ser uma opção do AP, especialmente quando em instituições, a 
direção do processo continua sendo do cliente. 
A delimitação do tempo é feita com o cliente e um dado com o qual ele lidará. 
Acredita-se que um número pequeno de encontros com um conselheiro, ou mesmo um único 
encontro, já tenha uma função terapêutica e pode ser suficiente para que o cliente se organize 
internamente e prossiga sem ajuda. 
A relação do objeto com a consciência 
Dentro da perspectiva fenomenológica, nenhum objeto é puro. 
Ex.: No meio do caminho tinha uma pedra... Aquela pedra, para Drumont, não era apenas uma 
pedra ou uma pedra pura. Ela tinha um significado singular. O nosso olhar enquanto psicólogos, 
vai pautar o objeto que nós olhamos. Dentro de uma equipe interdisciplinar, por exemplo, pode 
haver vários profissionais diante de um mesmo paciente (é o mesmo fenômeno), mas cada um vai 
analisar a partir da sua perspectiva e suspendendo seus aprioris. 
No texto “ser o que realmente se é”, capítulo 8, Rogers contextualiza esse tema. 
 
 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 15 
ESPELHAMENTO QUE INVIABILIZA A RELAÇÃO ENTRE O CLIENTE E O PSICOTERAPEUTA: 
 Quando o psicólogo não acredita na capacidade do paciente para lidar com seus problemas 
 Quando o psicólogo acredita que as limitações do paciente o definem, baseado em suas 
próprias limitações 
AJUSTAMENTO CRIATIVO 
 
Ajustamento Criativo x Ajustamento Neurótico Ajustamento Criativo x Ajustamento Neurótico – 
Existencialmente 
O que significa, de fato, dizer que a criatividadeé um recurso fundamental para uma vida psíquica 
saudável? Se diante de algum acontecimento novo, desafiador ou ansiogênico, você consegue se 
adaptar bem e criar uma resposta funcional, houve um ajustamento criativo; quando não, 
acontece um ajustamento neurótico. São dois movimentos adaptativos. 
No curso da vida estamos sempre buscando satisfazer nossas necessidades, sejam fisiológicas ou 
psíquicas, para levarmos uma vida saudável e equilibrada. Num jeito de ser saudável nós 
conseguimos identificar nossas reais necessidades e conseguimos também mover recursos e 
ações para satisfazer e alcançar o que queremos. Se enquanto escrevo esse texto percebo minha 
boca seca, posso parar por um momento, ir buscar um copo d'água, beber e retomar a escrita. 
Num jeito de ser disfuncional eu poderia: a) não notar a minha boca seca ou b) conscientizar-me 
da minha necessidade de água, mas não saber como atendê-la. 
Este exemplo é pequeno e puramente ilustrativo apenas para elucidar o que acontece também 
nas questões emocionais pois encontramos diversos impedimentos, desconhecimentos e barreiras 
que vão desnutrindo nossa vida emocional. 
A neurose é o resultado da repetição das tentativas de evitar um conflito e manter o equilíbrio, 
mas que nessa fuga, o sujeito recorre a modos de ser muito antigos para agir no presente e lidar 
com os conflitos. O chamado ajustamento neurótico que, sendo um contraponto ao ajustamento 
criativo, é o que fazemos diante de um problema que não conseguimos contornar, ao recorremos 
à essas formas desatualizadas e congeladas do passado. Esse movimento interrompe o processo 
de perceber o que realmente precisamos para dar conta de alguma situação que surja. 
Nesse caso, a necessidade genuína não alcança seu ponto de satisfação por uma dificuldade 
frequente que a pessoa possa ter, por exemplo, em identificar suas reais necessidades. Mas é 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 16 
importante dizer que esse modo disfuncional de agir na vida, um dia foi, sem dúvidas, um 
ajustamento criativo e necessário. 
Ficou confuso ou parecendo contraditório? Vou tentar explicar o que eu quero dizer com isso. 
Se em alguma situação de sua vida surgiu a necessidade de falar e se impor, por exemplo, mas 
você não encontrou apoio e suporte externo para agir assim ou então você tenha entendido que a 
situação era extremamente ameaçadora e prejudicial, escolher não atender a essa necessidade 
de falar, pode ter sido um ajustamento criativo para suportar e passar por essa situação. A melhor 
saída encontrada por você naquele momento. 
Você deu-se conta de sua necessidade interna (preciso falar), da realidade externa (não tenho 
suporte ou não é o melhor no momento) e escolheu não satisfazê-la abaixando portanto sua voz 
e recolhendo sua presença (reprimindo, segurando, não dando vazão o excitamento que emergiu 
e te fez querer falar). 
Esse comportamento foi necessário e criativo por questões de sobrevivência ou de manutenção 
de alguma relação importante. Ele também se deu da melhor forma que você poderia ter agido e 
de acordo com os recursos emocionais que você tinha naquele contexto. Deixar de lado algo que 
não te fará bem em determinado momento é um grande gesto de amor-próprio! 
Entretanto, se em algum momento da sua trajetória, essas situações assim começarem a tornar-
se frequentes e você passar a viver suas experiências sempre contendo o excitamento que surge, 
acontecerá a formação de um hábito, de um jeito de ser estereotipado e baseado numa 
experiência passada. Aquilo que antes era criativo, pois estava em contato com o momento 
presente, deixou de ser quando você passa a utilizá-lo em outros contextos. "Por isso é que se diz 
que no ajustamento neurótico, a pessoa dá respostas antigas, a situações novas. Não há contato 
com o momento presente e a pessoa não consegue assimilar que aquelas respostas que serviram 
lá atrás, não se encaixam mais com a situação atual'. 
Um ajustamento desse tipo, que não satisfaz as necessidades do organismo e não transforma o 
meio, age na manutenção de um jeito de ser enrijecido, estereotipado e inflexível; sem criatividade. 
Quando somos confrontados para realizar alguma coisa que nós consideramos sem condições de 
fazer, entramos numa emocionalidade ansiosa e passamos a evitar, de todos os modos possíveis, 
nos expormos às situações que possam gerar esse desconforto. Se surge uma situação nova e 
você não consegue responder a ela, o atalho mais tentador é desenvolver uma tendência de 
buscar, através dos comportamentos padronizados, a evitação dessas experiências que possam 
gerar qualquer sensação de vazio e de desordem. 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 17 
Quando somos lançados em algumas situações que não escolhemos, como por exemplo o luto, o 
desemprego, o término de uma relação etc, o aspecto criativo está em criar pontes para lidar com 
a situação em que fomos lançados. 
 Considerar que cada processo é diferente para cada pessoa, de acordo com a sua 
singularidade. 
 É uma espécie de negociação com o ambiente onde capacidades e habilidades se 
manifestam no sujeito 
 Quem cria a condição é o organismo e não o ambiente 
 
A DIVISÃO DO ACONSELHAMENTO E PSICOTERAPIA 
 
 Ruth Scheeffer (1976) – diferenciação entre Aconselhamento psicológico e psicoterapia – 
Aconselhamento psicológico aparece como assistência à maximização dos recursos pessoais 
e na realização de “opções” e a psicoterapia como eliminação de psicopatologias e 
reestruturação da personalidade. 
 Ênfase na peritagem – distribuição da clientela de acordo com suas reais necessidades. 
Psicodiagnóstico. 
 Do lado do aconselhamento – clientes menos perturbados, com problemas específicos, menos 
comprometidos em sua estrutura de personalidade. Do outro lado a psicoterapia – clientes 
mais perturbados, portadores de psicopatologias, mais comprometidos em sua estrutura de 
personalidade. 
 Aconselhamento psicológico caracterizado como prática educativa, preventiva, de apoio 
situacional, centralizado nos aspectos saudáveis, nas potencialidades e nas dimensões 
conscientes e mais “superficiais” requerendo tempo abreviado. 
 Psicoterapia – tratamento de problemas emocionais e patologias, de caráter remediativo ou 
reconstrutivo, focalizando o inconsciente e as dimensões mais profundas do indivíduo, 
demandando tempo prolongado. 
 Rogers - mérito de realçar a natureza do encontro pessoal e intersubjetivo como tendo 
prioridade sob as metodologias psicodiagnósticas, as técnicas psicoterápicas e a formação 
instrumental nas relações de ajuda. Isto permite enfocar a atenção, o respeito e a 
compreensão pela experiência do outro como fundamento da assistência psicológica. 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 18 
 Deste angulo, acolher a insatisfação profissional ou a depressão que um cliente abre em seu 
sofrimento, é mais importante do que saber se ele é um caso para aconselhamento ou 
psicoterapia. 
 A distinção entre psicoterapia e Aconselhamento psicológico – conveniência profissional – 
muitas clínicas- escola – partem da obrigatoriedade de procedimentos de psicodianóstico e 
triagem para depois encaminharem para tratamento. 
 Livro de Oswaldo Barros (1982) – definições de orientação, aconselhamento e psicoterapia. 
 Orientar: facilitar o conhecimento e análise de caminhos ou direções para a conduta, com base 
em referenciais sociais e pessoais. 
 Aconselhar: processo de indicar ou prescrever caminhos, direções e procedimentos ou de criar 
condições para que a pessoa faça, ela mesma, o julgamento de alternativas e formule opções. 
 Psicoterapia- tratamento de perturbações da personalidade ou da conduta através de 
metodos e técnicas psicológicas. 
 A referência no caso da orientação ou aconselhamento é o próprio indivíduo e seu ambiente 
ou do conselheiro e seus valores; na psicoterapiasão os métodos e técnicas. 
 O principal objetivo do aconselhamento psicológico é resolver os problemas do paciente 
através da capacitação emocional e intelectual dele mesmo. Em outras palavras, é habilitar o 
paciente a solucionar os seus incômodos a partir do conhecimento da sua personalidade e das 
suas experiências de vida. 
 Para que ele seja efetivo, o paciente precisa sentir-se capaz de solucionar seus 
desajustamentos de conduta e os demais problemas que se espalham pelas diversas áreas de 
sua vida (profissional, familiar, social, amorosa). 
 
O ACONSELHAMENTO COMO PRÁTICA DE FRONTEIRAS E INVENÇÕES 
 Facilitador – é guiado pela confiança na autodeterminação e auto-regulação de indivíduos e 
grupos, procurando constituir a facilitação como uma ambiência na qual a apropriação de 
percepções, idéias, sentimentos, mudanças, escolhas é possível e desejável. 
 Tanto no contexto da ajuda psicológica como do ensino: Oferecimento de um tempo e espaço 
nos quais a elaboração da experiência do cliente e dos alunos é testemunhada e legitimada por 
meio da escuta e do diálogo. 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 19 
 
PSICODIAGNÓSTICO INTERVENTIVO FENOMENOLÓGICOEXISTENCIAL 
Marizilda Fleury Donatelli 
os principais aspectos deste modelo de atendimento psicológico. 
Durante muito tempo, o psicodiagnóstico foi entendido como um processo que se desenvolvia a 
partir de um levantamento de dados do cliente (queixa, história de vida pregressa e atual, 
funcionamento psíquico etc.), cabendo ao psicólogo analisar esses dados com base na nosologia 
psicopatológica e dar o encaminhamento possível para o caso. Evitavam-se, nesse processo, 
estabelecer vínculo com o paciente e fazer intervenção, sendo esses procedimentos delegados aos 
processos psicoterápicos. 
Ocampo e Arzeno (1981, p. 13) comentam: 
 O psicólogo tradicionalmente sentia sua tarefa como o cumprimento de uma solicitação com 
as características de uma demanda a ser satisfeita, seguindo os passos e utilizando 
instrumentos indicados por outros (psiquiatra, psicanalista, pediatra, neurologista etc.). 
 O objetivo fundamental de seu contato com o paciente era, então, a investigação do que este 
faz frente aos estímulos apresentados. 
Fischer, nos Estados Unidos, nos anos 1970, e M. Ancona-Lopez, no Brasil, na década de 1980, 
foram as precursoras na introdução do psicodiagnóstico interventivo, o qual, como indica o próprio 
nome, rompe com o modelo anterior, fazendo do atendimento um processo ativo e cooperativo. 
Não se trata apenas de um processo investigativo; ao contrário, o que fundamentalmente o 
caracteriza é a possibilidade de intervenção. 
No psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial, as questões trazidas pelos clientes 
são ao mesmo tempo investigadas e trabalhadas, a fim de que se possam construir, em conjunto, 
possíveis modos de compreendê-las. As intervenções no Psicodiagnóstico Interventivo se 
caracterizam por propostas devolutivas ao longo do processo, acerca do mundo interno do cliente. 
São assinalamentos, pontuações, clarificações, que permitem ao cliente buscar novos significados 
para suas experiências, apropriar-se de algo sobre si mesmo e ressignificar suas experiências 
anteriores. 
 
 Deixar o cliente falar livremente durante a primeira sessão (o máximo que puder) 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 20 
 No primeiro encontro é muito importante aguardar o que se desvela. Respeitar a diferença 
entre as informações que queremos ou precisamos obter e aquelas que o cliente sabe, quer ou 
pode falar. 
 É muito comum o psicólogo se mobilizar diante de casos complexos que o convocam a 
focar na emergência (como por exemplo, no plantão psicológico). O risco comum é a 
desconfiguração do espaço e as delimitações do psicodiagnóstico, levando o profissional 
a se perder do todo para focar naquela emergência. 
 Também é comum que ele se veja “muito potente” diante da “impotência” do cliente 
 Importância de se colocar de forma menos vertical com o cliente e se for criança, Donatelli 
orienta a sempre investigar se ela sabe o motivo de estar ali. 
 A problematização dessa técnica é que na grande maioria das vezes a criança não tem 
capacidade de elaboração e nem conhecimento suficiente para verbalizar o problema. 
(principalmente se for menor de 6 anos ou estiver dentro de algum espectro) 
 Nesse sentido, o psicólogo precisar ler as orientações postuladas nos livros de forma 
crítica e avaliar a possibilidade de colocar em prática todas as orientações oferecidas 
nele. 
Coautoria do saber sobre si (Evangelista) 
 Essa perspectiva fenomenológica de intervenção, isto é, disponível para acolher a demanda tal 
como aparece, a partir de sua própria especificidade, exige do psicólogo uma modificação na 
sua postura tradicional. O psicólogo não tem como fazer isto se estiver apoiado no saber 
científico sobre o outro, a partir do qual elaborará conhecimentos sobre ele. Esta postura exige 
participação dos envolvidos, o que coloca o psicólogo na mesma condição do paciente: diante 
de uma situação desconhecida, aberto para o que se manifestar, tendo que destinar o que 
apare- cer. Ou seja, ambos estão no mesmo barco rumo à modificação da situação atual. (se 
colocar de forma menos vertical com o cliente) 
 É fundamental comentar que ao longo do processo de psicodiagnóstico, são realizadas 
devolutivas constantes. Elas auxiliam no esclarecimento da demanda e na compreensão da 
situação, sendo o principal aspecto interventivo deste processo. Levando em conta que os 
fenômenos aparecem sempre sob um aspecto e que há infindáveis modos de aparecer, no 
psicodiagnóstico interventivo são demarcadas compreensões que surgem de cada encontro, a 
fim de que psicólogo e paciente possam conjuntamente considerar o que se apresentou. Do 
ponto de vista fenomenológico a compreensão já é um modo de ação, dado que abre novas 
possibilidades. 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 21 
 Antes de formular as HD, é preciso suspender seus aprioris e levar em conta que por exemplo, 
em algumas regiões e em outras épocas, aquilo que chamamos hoje, de agressão, era apenas 
entendido como uma forma de se corrigir alguém 
 Sempre levar o contexto em consideração para evitar a patologização de algo que pode ser um 
padrão daquela cultura. Não só as diferenças culturais precisam ser consideradas, como 
também a alimentação, genética etc. 
 
Para elaborar proposta de HD é preciso diferenciar queixa de demanda 
 Ex.: a queixa pode ser abuso de álcool e a demanda pode se desvelar como a dificuldade 
em aceitar a sua preferência de gênero. 
 Após ter algum conhecimento do cliente, respeitar as preferências que ele manifestou durante 
as primeiras sessões. 
 Ex.: Se a criança manifestou preferência por desenhar ou pelo brincar, ela terá alguma 
dificuldade em dialogar. Cabe ao profissional verificar o que se desvela em seus 
desenhos e brincadeiras. 
 A própria explicação das regras de um jogo já pode ser um caminho para estimular a 
verbalização que pode começar a aparecer durante a brincadeira 
Um dos aspectos principais do psicodiagnóstico interventivo é a liberdade para acompanhar o 
desvelamento do fenômeno que o psicólogo tem diante de si. Por isso, a abordagem psicológica 
mais pertinente é a fenomenologia existencial. Liberdade não quer dizer falta de delimitações. 
Quer dizer que se buscam constantemente modos de acesso que facilitem o desvelamento do 
sentido do sofri- mento apresentado. 
aula, 18/10/2022 – sala 703 
A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE PLANTÃO PSICOLÓGICO 
A proposta de atendimento do plantão psicológico caracteriza-se como um espaço aberto para 
receber a pessoa que procura ajuda psicológica em situações de dificuldade ou crise atual, sejam 
elas de qualquer ordem ou motivação. 
As principaiscaracterísticas são: 
 Mantem-se as atitudes básicas Rogerianas 
 Dar atenção ao que emerge 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 22 
 Triagem não convencional 
 Limitado em tempo e espaço 
O objetivo deste trabalho é acolher a pessoa quando ela sentiu a necessidade de buscar alguma 
ajuda, dar tempo para que ela possa perceber, junto com o psicólogo, que ajuda ela quer e adequar 
a intervenção psicológica à real necessidade do cliente. também tem por meta, que maiores 
camadas da população possam ser atendidas, preventivamente. 
- encaminhar para um serviço adequado; 
- aumentar a tolerância do paciente na espera de um atendimento psicológico convencional. 
O plantão psicológico usa como critério a emergência – aquilo que emerge... que se apresenta 
naquele momento. A atitude é a aceitação do que aparecerá. 
Em certo sentido, ele se assemelha muito a um plantão médico, já que não se sabe o que irá 
aparecer e no qual é necessário tomar decisões rápidas e lidar com as demandas mais variadas. 
Porém, diferentemente de dos plantões hospitalares, o plantão psicológico não vai classificar o 
cliente entre urgência e emergência. (não estabelece critérios para atendimento) – o plantão vai 
atender qualquer tipo de queixa ou de demanda. 
No plantão psicológico há uma preocupação com a eficácia para a qual nós, psicólogos em 
formação somos convocados. 
Fazendo uma analogia com a medicina, ao tomarmos um medicamento para dor de cabeça, 
espera-se que ele cumpra o seu papel e que a dor desapareça. O mesmo se espera de uma 
psicoterapia, mas nem sempre é possível entregar ao paciente esse efeito. 
Definição: É uma modalidade de atendimento para acolher pessoas em crise. Um plantão 
psicológico se caracteriza por um processo cujo início se dá no momento da procura do cliente, e 
que pode se estender pelo número de sessões necessárias — esta necessidade é avaliada pelo 
cliente e pelo plantonista — para que ele se aproprie de sua busca, ou seja, tendo o seu caminho 
clareado naquilo que o mobilizou em busca de ajuda. 
Compreendemos então que o que define o plantão não é propriamente a queixa, já que essa pode 
variar muito, mas é a maneira de lidar com esta enquanto sintoma de uma demanda cujo esforço 
de compreensão é feito na medida em que interesse ao cliente. Um plantão pode ter uma função 
iniciadora de um processo maior ou reveladora/organizadora de uma problemática. Pode ser 
também um local no qual a angústia pode ser expressa e acolhida. Sobretudo o plantão é um 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 23 
processo com começo, meio e fim. (não basta ter disponibilidade. É preciso ter capacidade para 
lidar com as demandas que chegam). 
Jurandir Costa Freire (1978) coloca como a palavra superficial é usada para definir atendimentos 
psicológicos em relação à prática psicanalítica, que já normatizou o que é ou não válido no campo 
terapêutico. Nesse sentido, o plantão questiona a prevalência da psicanálise e de outros 
tratamentos longos, que nos são apresentados como única forma de ajuda psicológica válida. Por 
isso, tivemos que constantemente reavaliar as nossas propostas e atitudes à luz dos resultados do 
trabalho desenvolvido. 
O que estamos fazendo ao escrever este texto é um exemplo de uma das questões sobre a 
formação do psicólogo mais difíceis sob o ponto de vista prático, mas de fácil compreensão teórica: 
a teoria tem de ser internalizada. Parece simples... Pensemos na premissa: “o cliente é fonte de 
seus próprios recursos”. Se acreditamos nisso, devemos concluir que o cliente disporá desses 
recursos da melhor maneira possível para ele, cabendo ao psicólogo acompanhá-lo quando 
solicitado a fazê-lo. Podemos informar a pessoa que nos procura sobre a possibilidade de estender 
o número de sessões se acharmos necessário, mas ele, o cliente, deve continuar sendo sua própria 
fonte de recursos. Não devemos tentar impor ou convencê-lo. A intenção é: “Facilitar a expressão 
do sentimento, potencializar a pessoa, liberar o indivíduo para um a escolha autônoma...”. Disso 
resultaria "...mais aprendizagem, mais produtividade, mais criatividade do que resulta do exercício 
do poder sobre a pessoa” (ROGERS, 1988, p. 13). Na maior parte das vezes, não ficamos sabendo 
como se desenrolou a história do paciente que nos procurou em um plantão. 
A questão levantada acima chama a atenção para o que se chama de “crescimento pessoal”. 
Conhecer a si mesmo promove crescimento pessoal, lidar com dificuldades, trabalhar em grupo, 
rever pontos de vista, assim como ser supervisionado. Só quem tem um conhecimento razoável de 
si mesmo é capaz de perceber o mundo do cliente. 
Fazer uma pessoa pensar em si mesma, não apenas como um diagnóstico, um número ou uma 
unidade de consumo, oferecer-lhe a chance de reinserir-se em sua própria história de vida, de 
assumir-se enquanto sujeito de seus próprios desejos, necessidades e possibilidades. 
“Ouvir, acolher e acompanhar o cliente. Amparados pela crença na tendência ao desenvolvimento 
dos potenciais inerentes a existência humana, nosso trabalho é o de estimular esta tendência, 
ajuda-la a encontrar caminhos para seus sofreres, dentro da sua própria experiência. O cliente é 
autor de sua ajuda e o plantonista seu fiel acompanhante nesta construção” (GOMES, 2012, p.24) 
 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 24 
CARACTERIZAÇÃO DO PLANTÃO PSICOLÓGICO 
O objetivo primordial do plantão é o de constituir-se num serviço alternativo às psicoterapias 
tradicionais, especificamente voltado àqueles que por inúmeras razões não se beneficiaram de um 
atendimento clínico médico ou a longo prazo. 
 Solta das amarras de um viés que atrela psicoterapia como única via de intervenção – Quanto 
mais longo o processo terapêutico, maior sua eficácia – Será? 
 Exige um despojar-se de um saber apriorístico sobre o outro, sustentando o inesperado e as 
incertezas do encontro. 
 recuperação do potencial criativo do outro e do si 
 Foco é a pessoa cliente e não um problema ou doença 
 Espaço dialógico para possibilitar uma re-significação 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 O plantão psicológico no seu início baseou-se na abordagem Humanista, tendo Carl Rogers e 
a Abordagem Centrada na pessoa como fundamentação teórica. 
 O método utilizado é o fenomenológico, tendo como preocupação fundamental a experiência 
e a vivência do cliente para solução do conflito. 
 A abordagem Centrada na Pessoa acredita que a melhor maneira de se ajudar o cliente é 
tendo uma escuta empática e uma atitude de compreensão frente a experiência do outro. 
 Diante disso, Mahfoud (1987) aponta que o Plantão Psicológico deve ser delineado a partir de 
três vertentes: a da instituição que oferece o serviço, a do profissional disponível para o não-
planejado e a do cliente que busca auxílio para suas necessidades emergentes. 
 O Plantão Psicológico, enfatiza Rosenberg (1987), não tem a intenção de substituir a 
psicoterapia e propõe cada atendimento como um universo único, ou seja, como um 
atendimento característico da Abordagem Centrada no Cliente, que tem como premissa a 
confiança no organismo para avaliar as situações externas e internas, compreender a si 
mesmo no seu contexto e fazer escolhas construtivas para sua vida. 
 Plantão: acolhimento, suporte para angústia imediata, parte da queixa inicial, o tempo é pré-
determinado, ficando a critério do plantonista e do cliente o encerramento do processo, não 
existe contra indicação de clientes. 
 Duração : apenas 1 sessão, podendo se estender em até 4 sessões (à critério da instituição). 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 25 
 Não há necessidade de agendamento por se caracterizar como um serviço de atendimento 
emergencial; 
O foco não são os sintomas, mas sim a experiência vivida pela pessoa; 
Atitudes do plantonista durante o atendimento: 
Acolhimento; Escuta empática; Autenticidade; Discernimento para avaliação do 
encaminhamento. 
 O objetivo é facilitar a reflexão, buscando maneiras para transpor as dificuldades que vivencia. 
(Facilitar a expressão dos sentimentos) 
Quem procura o Plantão Psicológico? 
Pessoas desorientadas que chegam aos prantos, que precisam de alguém naquele momento, 
mães desesperadas, pessoas que esperam por uma vaga para fazer psicoterapia, ou aquelas que 
apenas querem conversar para tirar dúvidas e receber informações de atendimento da instituição. 
Benefícios do Plantão 
 Pessoas são acolhidas no momento que precisavam muito compartilhar sua angústia com 
alguém. 
 Ajuda no sentido de diminuir ansiedade, permitindo uma compreensão do problema, 
oferecendo novas perspectivas. 
 O ato de compreensão já é uma intervenção. Restitui ao encontro interpessoal seu caráter 
transformador. 
 
Aula 18/10/2022 – sala 703 
PLANTÃO PSICOLÓGICO EM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO 
Walter Cautella Júnior in: “Aconselhamento psicológico centrado na pessoa” - Moratto 
CAUTELLA W, Plantão Psicológico em hospital psiquiátrico. In: MORATO, HTP. 
Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa: novos desafios, 1999. 
Trechos: 
A experiência nos mostra que no momento agudo a relação terapêutica é pouco eficaz devido a 
vários fatores, tais como: o alto grau de desorganização interna que o indivíduo apresenta; a 
necessidade de uma intervenção medicamentosa mais agressiva que pode influenciar a 
capacidade elaborativa etc. Nos momentos que precedem à alta hospitalar, a vinculação ao 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 26 
processo também fica prejudicada, visto que o indivíduo encontra-se mobilizado para abandonar 
a instituição. 
Para que possamos compreender o plantão psicológico dentro do contexto hospitalar, é 
necessário conhecermos os conceitos de doença mental que orientam a conduta terapêutica 
nesta instituição. São vários os conceitos de doença que circulam pela nossa cultura e sociedade. 
A OMS. (Organização Mundial de Saúde, 1993) considera a saúde como um estado de completo 
bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de sintomas. Se nos determos sobre 
esta conceituação, concordaríamos com MAURÍCIO KNOBEL (1986, p .10), que ao avaliar tal 
conceito em seu livro sobre psicoterapia breve afirma que a única verdade que essa definição 
contém é a de que a ausência de sintomas não significa saúde, pois pode haver processos não 
manifestos ou uma negação da doença. Se considerarmos esse conceito, chegaríamos à 
conclusão de que estamos todos doentes. 
Outro conceito utilizado pelo senso comum, e que surgiu a partir das primeiras tentativas da 
psiquiatria em definir seu campo de atuação, costuma definir o doente mental como alguém 
“anormal”. Portanto, a doença mental seria definida pelo não pertencimento a uma regra geral 
(normalidade). Se nos orientássemos por esse conceito popular haveria com certeza uma 
superlotação das instituições que tratam do doente mental. 
Percebemos que, nesse conceito, a “normalidade”, é portanto a saúde, seria definida pela 
constância na manifestação do fenômeno. A saúde seria uma faixa estatística. Se levarmos esse 
raciocínio às últimas consequências, poderíamos considerar normais e saudáveis manifestações 
evidentes da patologia social como os crimes, por exemplo, esses ocorrem com uma certa 
frequência e são considerados um fenômeno esperado dentro de um contexto social. 
O sofrimento psíquico não precisa ser sintoma de doença. Em alguns casos, a angústia ou a 
tristeza são sinais de saúde. Dentro de um processo psicoterápico, "o sofrimento pode significar 
que o sujeito está entrando em contato com questões que até então eram negadas. Em situações 
de luto se espera a tristeza no caminho para a elaboração da perda. Por outro lado, a ausência do 
sofrimento também não significa saúde. Quem já teve a oportunidade de entrar em contato com 
uma pessoa em quadro maníaco pôde perceber que não há evidências de sofrimento no seu 
discurso e na sua interação com o meio, assim como não há angústia no psicopata, no entanto, é 
inquestionável a existência de uma patologia. 
A conceituação da doença mental é um tema vasto e impreciso. Não existem leis absolutas como 
na física ou na matemática para a formulação de um conceito pleno. Qualquer definição de 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 27 
doença mental vai sofrer influências da cultura, da linha filosófica, da linha teórica etc. daquele 
que conceitua. 
Nesse conceito, a palavra “liberdade” refere-se à capacidade de o indivíduo optar, ou seja, de criar 
normas próprias para se gerenciar. O doente mental seria aquele indivíduo que perdeu a 
capacidade de optar e passa a viver regido pelas normas ditadas pela sua patologia. Portanto, o 
doente mental não é mais senhor de seus atos, e, sim, escravo de sua doença. Para melhor 
compreender esse conceito, basta pensarmos em um indivíduo neurótico obsessivo. Os rituais 
obsessivos são sintomas considerados absurdos frente a uma lógica racional, porém o doente não 
se arrisca a não cumpri-los. As ideias obsessivas permanecem na consciência, apesar de não 
aceitas pelo sujeito. 
Percebemos uma clara regência dos sintomas sobre a racionalidade. É por esse motivo que a 
doença mental leva à perda da cidadania do indivíduo, pois esse não pode fazer suas escolhas livre 
da pressão patológica interna e, sendo assim, passa a ter a necessidade de ser protegido. Essa 
proteção no momento agudo de sua enfermidade tem o intuito de impedir que o indivíduo cometa 
atos que possam prejudicar a si e a seus próximos. Vemos nesse ponto a justificativa para a 
institucionalização, desde que ela seja breve e eficiente. 
O segundo conceito vem para complementar e aprofundar o que foi acima citado. Segundo 
ALFREDO MOFFATT (1983), a patologia seria uma desorganização da temporalidade e, 
consequentemente, da identidade. 
O plantonista também deve se propor a responder à demanda do cliente naquele momento. Essa 
proposta, aparentem ente impossível, torna-se viável quando o profissional coloca-se à disposição 
para acolher a experiência do cliente e não apenas seus sintomas. Adotando essa forma de 
conduta será possível facilitar ao cliente uma visão mais ampla de si, que poderá questionar-se e 
entender seus sintomas inserido em um contexto mais amplo. O que se deseja é que o cliente 
perceba-se inserido no mundo e passe a compreender suas questões e sintomas não mais 
dissociados do geral, e, sim, como parte integrante desse todo. Esse movimento vai dar um novo 
valor à doença para o indivíduo institucionalizado, pois essa não mais será uma entidade isolada 
e sim algo contextualizado. 
Estar em sintonia consigo mesmo facilita ao cliente identificar sua demanda e fazer uma opção 
comprometida com as outras modalidades terapêuticas disponíveis, inclusive a terapêutica 
medicamentosa. 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 28 
Durante o plantão psicológico, o plantonista tem a possibilidade de avaliar a capacidade do 
indivíduo em lidar com as intervenções, seu potencial elaborativo e sua capacidade de 
simbolização e, a partir desses dados, encaminhá-lo a uma enfermaria que o levará a um grupo 
mais condizente com seu potencial. Nesse caso, o plantão psicológico serve como um instrumento 
de organização estrutural do setor de psicologia. As exigências da sociedade moderna levaram os 
profissionais de saúde a um processo de especialização intenso que acabou gerando uma visão 
fragmentada do ser humano. Os profissionais se restringem às suas especialidades e esquecem 
de ver o indivíduo como um todo. O psicólogo não é exceção, pois muitas vezes o cliente é visto 
como um grande “aparelho psíquico”. O plantão psicológico é um instrumento que se propõe a 
facilitar o resgate de uma visão mais integrada do cliente (Psico-Bio-Social).O plantonista não 
deve estar atento apenas às queixas psicológicas do cliente, mas sim, no modo com o a situação 
conflitiva interfere nas várias esferas da vida da pessoa. Acolher a experiência global do cliente , e 
não orientar os rumos do encontro pela sua especialidade, coloca o plantonista em uma posição 
privilegiada para fazer encaminhamentos quando necessário. No hospital psiquiátrico não é 
diferente. Após o plantão, o ato de encaminhar para os serviços internos (terapia ocupacional, 
serviço social, clínico geral) ou externos tornou-se mais fácil e eficiente. Apesar da abrangência 
dessa modalidade terapêutica, existem alguns limites que impedem ou dificultam a relação de 
ajuda. Esses limites tornam-se mais evidentes no contexto hospitalar. Os quadros esquizoides 
onde o indivíduo tem uma exclusão sistemática da vida afetiva, ou esteja mergulhado em um 
profundo autismo bleuleriano, não irão poder aproveitar-se dessa abordagem. Para que haja um 
encontro e uma relação terapêutica eficiente é necessário que a pessoa mantenha relativamente 
preservada sua capacidade de interação. Quadros maníacos caracterizados por uma profunda 
agitação psicomotora, aceleração do pensamento e alterações da imaginação também são de 
ambição limitada. O máximo que pode ser feito é estabelecer limites externos para a exaltação, 
visto que os internos estão ausentes. Mesmo os clientes que não estejam com suas capacidades 
básicas prejudicadas pela doença irão beneficiar-se de maneira limitada se não tiverem 
disponibilidade interna para se autoconhecerem . Os limites não devem ser atribuídos apenas a 
lesões residuais causadas pela doença ou a indisponibilidade interna do cliente, pois dessa forma 
a responsabilidade do fracasso recai som ente no cliente. Muitas vezes é o plantonista que limita 
a potencialidade do encontro. Não é todos os dias que o plantonista sente-se apto para 
estabelecer uma relação empática. A relação de ajuda com pessoas em quadro psicótico exige 
uma disponibilidade imensa que vai depender de como o plantonista lida com seus conteúdos 
internos. Fatores externos à relação de ajuda também limitam sua abrangência. Questões ligadas 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 29 
à organização técnica institucional, excesso de medicação, efeitos colaterais dos psicofármacos 
etc., são extremamente limitantes. 
A grande vantagem do plantão psicológico é a possibilidade de gerar uma intervenção eficiente e 
breve através de uma técnica versátil que permite uma ampla aplicabilidade. Tal flexibilidade só é 
possível porque todo o processo de intervenção fica centrado no cliente. Podemos atender a 
pessoa internada com grave comprometimento, a sua família, e até mesmo a instituição que a 
acolhe de uma forma indireta. 
Aula 25/10/2022 – sala 703 
SCHIMIDT, M L., OSTRONOFF, V.H “Oficinas de criatividade: elementos para a explicação de 
propostas teórico-práticas”. IN MORATO, HTP, Aconselhamento Psicológico Centrado na 
Pessoa: novos desafios, 1999 
Trechos: 
As oficinas de criatividade caracterizam -se como espaços de elaboração da experiência pessoal 
e coletiva através do uso de recursos expressivos,- tais com o movimento corporal e atividades de 
expressão plástica e de linguagem. 
• Os processos criativos resultam na produção de objetos que aloja tanto a experiência 
pessoal como coletiva. 
• Os produtos constituem-se como recolhedores da experiência intragrupos e ao mesmo 
tempo, servem de forma significativa à sua transmissão para outros grupos sociais através 
de exposições, apresentações e publicações 
A PROPOSTA DA OFICINA DE CRIATIVIDADE 
É de promover a sensibilização, crescimento e o autoconhecimento de seus participantes, através 
de um contato profundo consigo mesmo e com outro, dando-lhes a oportunidade de tomar 
conhecimento, sua interioridade, vivências e de seu modo de ser-no-mundo. 
 
O PAPEL DO OFICINEIRO E A NATUREZA DE SUA INTERVENÇÃO 
Diferentemente de outras propostas de oficinas nas quais o papel do oficineiro é ensinar 
habilidades específicas e, portanto, mais direcionado, nas oficinas de criatividade, tal como 
praticadas pela equipe do SAFJ a função do oficineiro é a de facilitador, para quem o fundamento 
de sua atuação reside na atitude centrada na relação com o outro: o grupo e as pessoas que deles 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 30 
participam. Colocando-se não como especialista, o facilitador é alguém que se oferece de maneira 
atenta, autêntica e respeitosa à convivência com o outro para que este possa, em liberdade, 
experienciar-se e compartilhar essa experiência. Ser facilitador é estar com, estar junto a, 
acompanhar. 
Como facilitador, o oficineiro vai acompanhando o processo criativo de pessoas que têm, no 
contato com os recursos expressivos no espaço/tempo das oficinas, a oportunidade de tomada de 
consciência e ampliação de seu potencial através de canais não-racionais e não-verbais de 
expressão, tão pouco experienciados hoje em dia, e acredita que essa experiência é, em si, 
enriquecedora e profunda. Nesse eixo realiza-se sua prática. Cabe ao oficineiro o planejamento 
das oficinas: a constituição de cada grupo; a escolha do tema adequado às necessidades 
específicas dos grupos; a determinação dos recursos — corporais, gráficos, literários ou outros — 
que melhor atendam à exploração do tema e dos materiais; e, finalmente, a divulgação. 
Está, porém, aberto a avaliar, passo a passo, a dinâmica do grupo e as experiências pessoais dos 
participantes, podendo fazer um replanejamento no decorrer do processo. Assim, essa 
organização pede flexibilidade e serve, sobretudo, como referência, como um solo organizador 
sobre o qual possa se construir o trabalho. Durante a realização de cada oficina propõe e coordena 
as atividades, cuidadosamente atento aos movimentos e possibilidades grupais e individuais, indo, 
dessa forma, ao encontro destes movimentos. Intervém sim, porém, apenas na medida em que 
sua intervenção facilita a explicitação dos modos de criar de cada um. Seu olhar para os produtos 
não é psicologicamente interpretativo, mas compreensivo: a partir do significado que cada pessoa 
atribui a seu produto, ajuda na percepção das dimensões de seu fazer criativo, suas formas de se 
dar e de ser facilitado. 
O TEMPO E O ESPAÇO 
No processo criativo, o tempo e o espaço podem ser radicalmente subjetivados, pois tanto a 
cronologia do chamado tempo objetivo, quanto os contornos materiais de um determinado espaço 
são usados e transformados por este processo em direções quase sempre imprevisíveis. As 
imagens de um tempo que flui, estanca, voa, escoa ou de um espaço que se expande, se fragmenta, 
se integra dão uma pálida ideia dos estados de espírito ou humores que, durante a criação, abrem 
as dimensões espaço-temporais em infinitas possibilidades. 
Por esta razão, as disposições espaço-temporais podem ser consideradas, pelo oficineiro, como 
uma espécie de matéria-prima que será metabolizada pelos participantes de uma oficina de 
criatividade. Isto significa dizer que a reflexão em torno do tempo e do espaço em que e no qual 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 31 
acontecem as oficinas não é meramente subsidiária ao planejamento ou proposição de um 
trabalho, mas aspecto cuja consideração mostra-se fundamental para a obtenção de condições 
favoráveis ao processo criativo. 
E possível afirmar, a partir da prática continuada na condução de oficinas, que duas horas têm se 
mostrado um tempo adequado para a duração de uma sessão grupai. E também possível afirmar 
que a existência de uma sala ampla, confortável e ventilada é desejável. Porém, estas constatações 
não funcionam como regras e nem sequer parecem se apresentar como condições necessárias e 
suficientes para a promoção de um tempo e um espaço que sirvam como referência e suporte 
para o trabalho de criação.O que, então, seria prioritário no manejo do tempo e do espaço nas 
oficinas de criatividade? 
Em primeiro lugar, e como base para o trabalho com diferentes grupos, impõese a noção de que 
compete aos propositores de uma oficina prover, de início, um tempo e um espaço, em alguma 
medida estruturados, que possam ser usados como um ponto estável e confiável para a aventura 
criativa que, justamente, como foi dito antes, implica, muitas vezes, operações “demolidoras” do 
sentido de tempo e espaço “objetivos” ou, se quisermos, rotineiramente compartilhados. Entende-
se, portanto, que cabe ao oficineiro definir, a priori, um tempo e um espaço para os trabalhos que 
julgue adequados para a proposta que tem em mente. Disto deriva que nem as duas horas como 
duração padrão, nem a sala isolada com boas condições climáticas devem ser tomadas como 
regras fixas, mas, sim, a necessidade de estruturar um tempo e um espaço. No que diz respeito ao 
tempo, sua estruturação inclui, também, a previsão de divisões que permitam contemplar um 
momento de aquecimento, um período para a realização do trabalho propriamente dito e, 
finalmente, um para o fechamento. A estruturação que se refere à definição de uma duração, 
tanto da oficina completa, quanto de cada etapa, embora necessária, não dispensa a consideração 
de outros dois elementos que, no limite, tendem a flexibilizá-la e modulá-la. São eles a observação 
e a interação com o tempo ou tempos subjetivos do grupo. A possibilidade de se realizarem oficinas 
numa única sessão ou num conjunto de sessões também suscita a reflexão sobre a influência 
destas alternativas na definição do tema e do material a ser trabalhado, bem como sobre a 
conveniência de cuidados diferenciados quanto ao acompanhamento do processo e seu 
fechamento. 
 
 
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 32 
Recursos e materiais 
Planejar as atividades que serão propostas e os materiais a serem utilizados é, em si, uma prática 
que pode propiciar ao oficineiro a descoberta e a ampliação de sua própria criatividade. 
Independentemente das qualidades intrínsecas de cada material, os modos de combinação entre 
eles e sua utilização em diferentes temas e grupos são muito variados: dependem da imaginação 
e da sensibilidade, do grau de intimidade com suas propriedades e do interesse em pesquisar 
novos materiais ou novas formas de uso para os já conhecidos. 
Faz-se, a seguir, a apresentação de alguns materiais e recursos que têm sido usados, suas 
qualidades e possibilidades de utilização. 
Recursos corporais 
Nas oficinas, o corpo deixa de ser o locus do gesto automatizado e dos movimentos rotineiros e 
inconscientes. A o contrário, as atividades corporais favorecem a sensibilização, conscientização 
e expressão de modo que a pessoa redescubra e amplie o contato com seu corpo enquanto lugar 
de sensações de relaxamento e tensão, prazer e desprazer, experiencie gestos, ritmos e 
movimentos novos ou perceba os já usuais, dando-lhes sentido, o que não só enriquece, mas, 
sobretudo, traz um sentimento de inteireza e consistência, permitindo modos criativos de abertura 
para o corpo. 
Alongamento e várias formas de relaxamento têm sido propostos como preparação para outra 
atividade; expressão corporal e dança vêm sendo usadas tanto como aquecimento para a 
expressão plástica, quanto como atividades em si mesmas. 
Sensibilização sensorial 
(R e)conhecer as qualidades de uma laranja, de olhos fechados, através do tato, olfato e paladar 
é um exemplo de sensibilização sensorial. Esse recurso possibilita a abertura de canais de 
conhecimento do mundo pouco experimentados, criativamente, numa sociedade eminentemente 
visual. 
Música 
Por suas qualidades estéticas e infinitas combinações sonoras, rítmicas e de movimento, a música 
é uma linguagem que atinge as pessoas sensorial e afetivamente. Ela suscita climas emocionais, 
diminui a ansiedade, facilita o relaxamento e a expressão livre de julgamentos racionais, solta os 
movimentos corporais, conduz o gesto e possibilita a fantasia e a imaginação criadoras. A música 
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— da étnica ao jazz, da erudita ao new age — é usada para acompanhar as atividades corporais e 
plásticas, favorecendo a expressão de ritmo, movimento, fantasia e emoção. 
Recursos plásticos 
Essencialmente, o uso de recursos plásticos tem como objetivo a concretização material da 
experiência pessoal. Transformando-a num produto palpável e visível, possibilita que a pessoa a 
exteriorize e expresse criativamente, de modo a, mais facilmente, apropriar-se dela, não 
permanecendo na solidão inerente aos processos de contato interior, ao mesmo tempo em que 
facilita o com partilhar com o grupo, criando condições para a pertença social. No processo de 
criação e expressão, tais recursos oferecem amplas possibilidades de experienciação, tais como: 
contato com o belo; flexibilização da crítica; abertura para a imaginação; descoberta do novo; 
sentimentos de expansão e recolhimento, fluidez ou concentração, de realização. 
O contexto institucional 
O exame das dimensões institucionais das oficinas de criatividade inclui, inicialmente, um aspecto 
essencial: a constituição do grupo de participantes. A singularidade dos grupos pode ser abordada 
através da diferenciação de duas modalidades: 
a) grupos institucionais — constituídos, fundamentalmente, por participantes que formam 
uma equipe de trabalho em instituições de saúde ou educação e 
b) coletivos formados a partir da divulgação das oficinas num determinado circuito 
(comunidade, bairro ou mesmo instituição). 
Na primeira modalidade, é comum e recomendável que as oficinas aconteçam em decorrência da 
explicitação de uma demanda por parte das equipes. Este caso requer dos oficineiros a discussão 
e a clarificação desta demanda junto às equipes, bem como o estabelecimento de uma região 
comum de objetivos e intenções. 
O processo de clarificação da demanda é de extrema importância, pois dele deriva a avaliação 
que permite decidir se a oficina de criatividade é a resposta mais adequada para as expectativas 
do grupo naquele momento, ou se convém buscar algum outro tipo de proposição. Esta 
clarificação implica, por um lado, o questionamento em torno das motivações, expectativas e 
objetivos, bem como uma apreensão do grau de integração e estruturação do grupo enquanto 
equipe de trabalho, por outro, um esclarecimento sobre as oficinas de criatividade que permita 
visualizar, minimamente, seus objetivos, limites e alcances. 
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De um modo geral, equipes mais integradas e estruturadas que buscam um aperfeiçoamento 
profissional e uma melhoria de sua capacidade de promover saúde e educação são mais afeitas 
às propostas de oficinas de criatividade e tendem, também, a tirar maior proveito do trabalho. 
Equipes com problemas de relacionamento profissional, enfrentando desagregação e 
fragmentação, tenderiam a precisar de outros tipos de intervenção que as ajudassem a transpor 
as dificuldades encontradas na tarefa de se constituírem como equipes. 
O motivo para este cuidado reside, basicamente, no fato de que nas oficinas o foco não são os 
conflitos e a angústia que perpassam a ação institucional nas equipes, mas a facilitação do 
florescimento das potencialidades criativas dos participantes. E claro que o processo criativo — e 
sua ocorrência num contexto grupal — esbarra no conflito e na angústia, assim como é verdade 
que a elaboração de conflitos e a sustentação da angústia que permitem a configuração de uma 
equipe exigem a ativação de potencialidades criativas. Porém, aqui se quer enfatizar que um certo 
grau de consistência das equipes é condição necessária para a proposição das oficinas porque a 
“maturidade” do grupo permitirá uma focalização mais direta dos processos criativos.

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