Prévia do material em texto
Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 1 O material a seguir inclui trechos comentados de livros e aulas do 7º semestre A PSICOLOGIA HUMANISTA E A ABORDAGEM GESTÁLTICA MARISETE MALAGUTH MENDONÇA Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em português seria forma ou configuração Base é a psicofísica (estudo das sensações) Eles iniciaram seus estudos pela percepção e sensação do movimento. A percepção é a combinação da experiência e função O cérebro é um sistema dinâmico em que todos os elementos ativos interagem em determinado momento. Confronto Gestalt/Behaviorismo O Behaviorismo estuda o comportamento através da relação estímulo-resposta, procurando isolar o estímulo e desprezando os conteúdos de “consciência”. A Gestalt irá criticar essa abordagem, por considerar que o comportamento, quando estudado de maneira isolada de um contexto mais amplo, pode perder seu significado Posições diferentes diante do objeto da Psicologia: comportamento o foco da psicanálise no inconsciente e seu determinismo e o foco na observação apenas do comportamento pelo behaviorismo foram as críticas mais fortes dos novos movimentos de psicologia surgidos em meados do século 20. O homem é uma totalidade Na prática terapêutica, é preciso entender o homem como um ser inteiro, embora, como diz a fenomenologia, ele se apresente por perfis. Acreditar que existe na pessoa um potencial que ultrapassa sua existência presente, que é o impulso para o crescimento, para o processo de Psicologia Humanista Aulas apostiladas Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 2 atualização como um todo cada vez mais integrado, é a contrapartida psicológica do vir a ser existencial. Esse preceito positivo é o que move o esforço dessa abordagem. Fritz Perls utiliza as ideias da Gestalt para compreender o fenômeno psíquico, afirmando que este, em sua totalidade, não pode ser entendido pelo estudo de suas partes – rompe com tradição causalista. Importante destacar que para os gestaltistas: não é que o todo é mais importante do que as partes, e sim que o todo é diferente da soma das partes. O Behaviorismo estuda o comportamento através da relação estímulo-resposta, procurando isolar o estímulo e desprezando os conteúdos de “consciência”. Questionamento de um princípio implícito na teoria behaviorista — que há relação de causa e efeito entre o estímulo e a resposta A Gestalt irá criticar essa abordagem, por considerar que o comportamento, quando estudado de maneira isolada de um contexto mais amplo, pode perder seu significado Na visão dos gestaltistas, o comportamento deveria ser estudado nos seus aspectos mais globais, levando em consideração as condições que alteram a percepção do estímulo. A relação organismo – ambiente está em conformidade com o humanismo e com as ciências do comportamento. Então, o que diverge? Se o comportamento tiver um reforço positivo, ele tende a se manter Se o comportamento tiver um reforço negativo, ele tende a se extinguir. Teoria do isomorfismo: supõe uma unidade no universo, onde a parte está sempre relacionada ao todo Admitia o valor da consciência e criticava a tentativa de reduzi-la a elementos e átomos: o todo é diferente da soma das partes Rogers acreditava que a personalidade é constituída no presente, pela maneira como o indivíduo percebe as circunstâncias; assim, a qualidade da ambiência relacional terapêutica ganhou enorme importância. É útil informar que a psicologia humanista não é uma escola de pensamento, mas um conjunto de diversas correntes teóricas que têm em comum a convergência humanizadora da abordagem do homem. Por suas origens fenomenológico-existenciais e holísticas, a Gestalt- terapia, que se Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 3 enquadra nessa abordagem, chegou ao Brasil somente no final dos anos 1960. O espírito de contracultura dessa época foi construindo práticas alternativas no âmbito psicológico, como o movimento do potencial humano, surgido nos Estados Unidos, e outras opções diferenciadas do modus operandi vigente. Essas alternativas – entre elas a Gestalt-terapia –, chamadas de terceira força em psicologia, já bebiam da fonte do existencialismo e do humanismo. A visão fenomenológico-existencial traz um extenso modelo de ideias, em especial o valor do mundo vivido como fonte do conhecimento e da consciência e a concepção de ser humano como detentor de liberdade de escolha, processo que acontece a cada momento. A volta à experiência presente e imediata, tão cara à Gestalt-terapia, tem também sua ancoragem no preceito fenomenológico de voltar às coisas mesmas – o que, no âmbito terapêutico, se refere ao vivido pelo cliente. A Gestalt- terapia está especialmente associada ao humanismo pela sua visão holística do homem. Na autorrealização, Maslow e Rogers não estão 100% alinhados. Na lógica de Maslow, é no êxito que se “é” Na lógica de Rogers, é no fracasso e na derrota que se cresce e se “é”. Para ele, respeitar a tristeza, o choro e o fracasso do sujeito, faz parte do ser o que se é. A autonomia do espírito humano, capaz de encontrar por si mesmo a melhor alternativa para suas dificuldades, é o ponto de encontro entre o humanismo e a Gestalt- terapia. Ambos veem o homem como possuidor de um valor positivo, capaz de se autogerir e de se autorregular sem a tutela de autoridade externa, inclusive a do terapeuta. Contudo, notam-se na prática gestáltica atitudes que revelam alguns remanescentes do humanismo individualista antropocêntrico. Visão holística do humanismo: maior aproximação com a Gestalt. Crença na autonomia do homem para encontrar por si mesmo a melhor alternativa para suas dificuldades; crença na autorregulação. Sai do individualismo autocentrado. Importância da apreensão do não-dito. 2A preocupação do terapeuta com a comunidade próxima do cliente. A compreensão da experiência vivida pode se tornar inadvertidamente a aprovação de uma existência autocentrada. A ética humanista da sua abordagem obriga o terapeuta gestáltico a ultrapassar a tarefa inicial e essencial de compreender o cliente e suas razões. A profunda empatia e a compaixão para com a dor e a situação da pessoa, condição necessária ao espírito humanista do terapeuta, quando autenticamente sentidas e não meramente funcionais, compõem um modelo humano poderoso, que tende a promover no cliente um novo olhar para o outro, ampliando nessa pessoa, pela sua e Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 4 pela nossa semelhança com a condição humana comum, o despertar da sua empatia e da compreensão dos seus parceiros humanos. E quando me refiro à compreensão entre os pares não estou prescrevendo a conivência com atitudes abusivas ou aviltantes da dignidade própria. Ser consciente é saber distinguir entre a limitação psicológica atual do outro e a atitude intencionada de prejudicar, utilizar ou ignorar os demais pelo individualismo egoísta de poder ou de sucesso, tão vigente nas nossas instituições. A empatia a que me refiro assemelha-se à inclusão da dialógica buberiana. Considero-a a mais poderosa via de acesso ao conhecimento do homem. Nenhum contato racional, por mais disciplinado que seja seu método de observação, por mais refinados seus postulados teóricos ou requintados seus instrumentos investigativos, pode prescindir da empatia para ter um conhecimento real do outro. A empatia, vista como inclusão, é um conhecimento imediato, sem nenhum tipo de mediação, no qual o estado vivido por alguém é imaginado e sentido no próprio corpo do observador, de maneira tal que a evidência do que está se passando no mundo subjetivo do outro é apreendida ao vivo, como jamais poderá ser pelo processo de apreensão intelectual. Quanto ao projeto terapêutico que,a meu ver, pode ser reputado como genuinamente humanista, deve também ser guiado pelo propósito de promover duas dimensões da cura existencial: a permissão, dada pela pessoa do cliente, de deixar ser aquilo que está sendo. Na nomenclatura gestáltica, é permitir que emerjam as Gestalten que estão sendo interrompidas, não no sentido do pragmatismo imediato de fazer algo com aquilo que emergiu, mas no sentido dado pela nossa visão de awareness, como um processo vivencial da consciência em que é alterada a visão de si mesmo e do mundo próprio, na direção de uma das perspectivas possíveis de ajustamento criativo à realidade. A Gestalt que emerge é atualizada e transformada no encontro terapêutico; O acesso do cliente à capacidade de estabelecer relações de intimidade – ou dialogais – no espaço próximo da convivência. A primeira dimensão evolui necessariamente para a segunda, desde que não tenha sido uma simples simulação. Todos os nossos autores afirmam a awareness como uma experiência transformadora. A terapia da Gestalt é fenomenológica e seu objetivo é a awareness – dar-se conta; aumento a autoconsciência. Awareness é uma forma de experienciar. Estar em contato com a própria existência, com aquilo que é. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 5 AULA 25/10/2022 Na época em que psicólogos da Gestalt estudavam fenômenos da percepção, Kurt Goldstein desenvolvia sua teoria organísmica – postulado da autorregulação organísmica. (para Goldstein, o modelo hospitalocêntrico não se sustentava mais) Entre os fundadores da Gestalt-Terapia quem efetivamente estudou a Psicologia da Gestalt foi Laura Perls, esposa de Fritz Perls. A percepção visual e suas implicações na mente das pessoas. Como que as imagens se relacionam entre si e isoladas na mente humana? Os gestaltistas estavam preocupados em compreender quais os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica A organização de fatos, percepções, comportamento ou fenômenos, e não os aspectos individuais de que são compostos, que os define e lhes dá um significado específico e particular. O homem não percebe as coisas isoladas e sem relação, mas as organiza no processo perceptivo como um todo significativo. ilusão de ótica: quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade. A escolha pelo que se tornará primeiro plano: interesse (Figura) O que está em segundo plano: Fundo Enquanto há interesse a cena total parecerá organizada de modo significativo. Quando há completa falta de interesse: o lugar é visto como confusão. Homeostase A necessidade dominante do organismo, em qualquer momento, se torna figura de primeiro plano e as outras recuam, pelo menos temporariamente, para segundo plano. O primeiro plano é a necessidade que exige mais agudamente ser satisfeita, que seja, preservar a vida. Para que o indivíduo satisfaça suas necessidades, feche a Gestalt, passe para outro assunto, deve ser capaz de manipular a si próprio e ao seu meio, pois mesmo as necessidades puramente fisiológicas só podem ser satisfeitas mediante interação do organismos com o meio. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 6 Diante de 4 necessidades e apenas 1 ou 2 capacidades, somos levados a fazer escolhas e hierarquizar as prioridades. (as necessidades não precisam ser necessariamente orgânicas. Podem ser emocionais também, como a necessidade de respeito e acolhimento). Logo, quando uma necessidade assume a posição de figura, as outras se tornam fundo. Não atender uma necessidade provoca o travamento das outras. Destacar uma necessidade não significa atendê-la A percepção é o ponto de partida e tema central dessa teoria. PERCEPÇÃO – É o resultado do do processo entre o estímulo que o meio fornece e a resposta do indivíduo. COMPORTAMENTO – Deve ser estudado nos seus aspectos mais globais, levando em consideração as condições que alteram a percepção do estímulo. O que o indivíduo percebe e como percebe são dados importantes para a compreensão do comportamento humano. Esse fenômeno da percepção é norteado pela busca de fechamento, simetria e regularidade dos pontos que compõem uma figura (objeto). O comportamento é determinado pela percepção do estímulo e, portanto, estará submetido à lei da boa-forma. Ou seja, a maneira como percebemos um determinado estímulo irá desencadear nosso comportamento. Ou ainda, a percepção de um sujeito que percebe é mediada pela forma(maneira) como esse sujeito interpreta o conteúdo percebido. ESTÍMULO – Qualquer padrão de estímulo tende a ser visto de tal modo que a estrutura resultante é tão simples quanto as condições dadas permite (Arnheim, 1908:44). Quando eu vejo uma parte de um objeto, ocorre uma tendência à restauração do equilíbrio da forma, garantindo o entendimento do que estou percebendo. (boa-forma) Esse fenômeno da percepção é norteado pela busca de fechamento, simetria e regularidade dos pontos que compõem uma figura. Para alcançarmos a boa-forma e necessário que haja equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade nos elementos . FECHAMENTO: É uma capacidade da percepção humana que trata de “fechar” formas a partir de partes isoladas. SIMETRIA: O cérebro tente a procurar uma relação de simetria mesmo que o eixo dessa simetria seja inclinado. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 7 REGULARIDADE: O cérebro se fixa nos padrões visuais para criar agrupamentos e criar um ordenamento a partir desses grupos PERCEPÇÃO – Boa forma : Lei básica da percepção visual: “Qualquer padrão de estímulo tende a ser visto de tal modo que a estrutura resultante é tão simples quanto as condições dadas permitem”. A Gestalt encontra nesses fenômenos da percepção as condições para a compreensão do comportamento humano. A maneira como percebemos um determinado estímulo irá desencadear nosso comportamento. Muitas vezes, os nossos comportamentos guardam relação estreita com os estímulos físicos, e outras, eles são completamente diferentes do esperado porque “entendemos” o ambiente de uma maneira diferente da sua realidade. A nossa percepção do estímulo em determinadas condições ambientais dadas é mediada pela forma como interpretamos o conteúdo percebido. Se nos elementos percebidos não há equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade, não alcançaremos a boa-forma. É preciso considerar que o sentido da figura emerge da relação figura/fundo. Não é a figura e nem o fundo em si mesmos que determinam o significado e sim a relação entre eles. É a relação figura/fundo que dá sentido à figura. O elemento que objetivamos compreender deve ser apresentado em aspectos básicos, que permitam a sua decodificação, ou seja, a percepção da boa-forma. EQUILÍBRIO: Formas diferentes podem apresentar sensação de “peso” diferente. O ser humano é capaz de se autorregular se ele estiver satisfeito e se nenhuma necessidade se mostrar a ele. (é porque está em equilíbrio) ESTABILIDADE: Algumas formas são menos estáveis que outras, essa percepção tem relação direta com nossa experiência na gravidade do mundo que nos cerca. SIMPLICIDADE: Deduzimos formatos complexos em formas mais simples para otimização da informação no cérebro. A maneira como se distribuem os elementos que compõem as duas figuras não apresenta equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade suficientes para garantir a boa-forma, isto é, para superar a ilusão de ótica. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 8 A tendência da nossa percepção em buscar a boa forma permitirá a relação figura-fundo. O conjunto de estímulos determinantes do comportamento é denominado meio ou meio ambiental. São conhecidos dois tipos de meio: o geográfico e o comporta mental. O meio geográficoé o meio enquanto tal, o meio físico em termos objetivos. O meio comportamental é o meio resultante da interação do indivíduo com o meio físico e implica a interpretação desse meio através das forças que regem a percepção. (equilíbrio, simetria, estabilidade e simplicidade). Esta particular interpretação do meio, onde o que percebemos agora é uma “realidade” subjetiva, particular, criada pela nossa mente, é o meio comportamental. O comportamento é desencadeado pela percepção do meio comportamental. Essa tendência a “juntar” os elementos é o que a Gestalt denomina de força do campo psicológico. O campo psicológico é entendido como um campo de força que nos leva a procurar a boa- forma. Aprendizagem por Insight Insight é uma compreensão imediata. Se esqueço de tomar um remédio, posso muito bem lembrar de tomá-lo, logo após assistir uma propaganda farmacêutica, mesmo que seja sobre um remédio diferente As soluções baseiam-se em uma reestruturação perceptual do problema Terapia Aqui e Agora Objetivo da terapia: dar meios para que a pessoa resolva seus problemas atuais e qualquer outro que surja amanhã ou no próximo ano. Se a cada momento puder perceber verdadeiramente a si próprio e suas ações sejam em fantasia, verbal ou físico – pode ver como está provocando suas dificuldades, pode ver quais as dificuldades presentes e pode ajudar a si próprio a resolvê-las no presente; no aqui - agora. Terapia gestaltica é uma terapia no aqui - agora, em que pedimos ao paciente durante a sessão para voltar toda sua atenção ao que está fazendo no momento, no decorrer da sessão. Terapia da gestalt e experiencial, mas do que interpretativa ou verbal. Pedimos ao paciente para reexperenciar seus problemas e traumas. Se ele vai fechar o livro de seus problemas passados, deve fechá-los no presente. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 9 Pedimos ao paciente que dê conta de seus gestos, respiração, emoções, voz, expressões faciais, tanto quanto dos pensamentos. Quanto mais se der conta de si mesmo, mas aprenderá sobre o que é seu si - mesmo. À medida que experimenta os modos pelos quais se impede de “ser” agora; os meios por que se interrompe, começará a experienciar o si - mesmo que interrompeu. Terapeuta deve ser sensível ao que o paciente apresentará superficialmente de modo que a percepção mais ampla do terapeuta possa servir de meio que habilite o paciente a criar sua própria conscientização. Sentença básica que dizemos ao nosso paciente: “Agora percebo conscientemente”. O fato inacabado, que ainda está vivo e interrompido, espera para ser assimilado e integrado. É no aqui agora que esta assimilação deve ocorrer. O temos que fazer é perceber e lidar com os “comos” de cada interrupção, mas do que o “porque”. O NOME, A TAXONOMIA E O CAMPO DO ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO SCHMIDT, M. L. S. O nome, a taxonomia, e o campo do Aconselhamento Psicológico, In: MORATO, H.T.P. et al. (Coord.) Aconselhamento Psicológico numa perspectiva fenomenológica existencial: uma introdução. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 04/10/2022 – sala 703 O que significa aconselhar? Aconselhar: diferentes sentidos: mostrar, indicar, sugerir, recomendar, orientar, troca de opiniões sobre algum assunto. Aplicável para pessoas que estejam passando por algum conflito ou desajuste momentâneo. Quando o aconselhamento surge na psicologia, ela ainda não era regulamentada como profissão. Aos psicólogos fica destinada a tarefa do diagnóstico, enquanto aos médicos cabia o tratamento baseada na psicanálise. (disputa de território profissional – A psicoteraía não estava autorizada para os psicólogos por uma reserva de mercado feita pelos psiquiatras. Nesse sentido, restou aos psicólogos o termo “aconselhamento”. Freud traz a sua versão de por que habilitar leigos a praticarem a psicanálise, em “Cinco lições da psicanálise”) A psicologia observou que apesar dos transtornos, alguns pacientes tinham certas funções preservadas, como por exemplo, a capacidade de tomar decisões. Nessa época, a psicologia Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 10 estabelece a sua reserva de mercado com a aplicação de testes psicológicos reservada apenas para psicólogos). No início do século XX o Aconselhamento Psicológico (AP) estava relacionado às práticas de testagem, ao psicodiagnóstico, nos Centros Infanto-juvenis. Eram realizadas orientações, indicações ou mesmo conselhos a partir dos testes baseados na psicometria e na teoria do Traço e fator. Os testes eram feitos para medir e avaliar a inteligência e traços marcantes do indivíduo. Sendo a psicometria entendida pelos testes Sendo traço e fator a teoria que classifica o sujeito pelo seu traço positivo e indica o que aquele sujeito pode desempenhar de melhor. Por exemplo, o sujeito escolhe melhor a sua profissão se souber melhor sobre as suas potencialidades. (evitando aquilo que ele tiver maior dificuldade). Entre 1928 e 1940, Rogers trabalhou como psicólogo num Departamento de Prevenção de Violência contra criança em Nova York e atuou de acordo com o modelo hegemônico de Aconselhamento baseado na teoria Traço e Fator. Rogers questiona a psicometria e a teoria traço e fator e introduz o aconselhamento psicológico com um olhar humanista. (ACP). Em sua teoria, a pressuposição da existência de potencialidades humanas que se desdobram por meio de certas condições favoráveis presente na teoria do traço e fator, traduz-se em em tendência atualizante. (rompendo com a noção de transtornos mentais) (condição para se adaptar a diversas circunstâncias) Foi com Carl Rogers que o foco do aconselhamento mudou do problema para a pessoa do cliente; do instrumental de avaliação para a relação cliente-conselheiro; do resultado para o processo. Rogers se preocupa com as condições necessárias e suficientes para que a atualização da tendência a maior complexidade e integração dos organismos ocorra nos seres humanos. – Chega a equação básica segundo a qual a presença de atitudes como congruência, aceitação positiva incondicional e empatia, permitem a ocorrência da aprendizagem subjacente ao crescimento e à mudança. Esta equação básica é transposta para outros campos além do consultório a partir dos anos 70 – passagem para a Abordagem Centrada da Pessoa. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 11 Normalmente, a pessoa que procura por aconselhamento, o faz por não conseguir se autorregular. Ela vai em busca de uma direção. Rogers não vê esse caminho como positivo e percebe que a atitude de não direcionar o ser humano pode ser aplicada tanto para pessoas com transtornos como para as que não possuem transtorno nenhum. A partir de suas observações ele rompe com uma tendência de transtornos mentais e percebe que o ser humano tem uma tendência a se autoatualizar – mesmo com suas limitações e potencialidades. Entendendo atualizar por lidar com os desafios que aparecem utilizando seus próprios recursos e capacidades e não necessariamente após os resultados de uma intervenção do sujeito. A tendência é lidar com os problemas a medida em que eles aparecem, com ou sem transtornos. Por exemplo, o sujeito escolhe melhor a sua profissão se souber melhor sobre as suas potencialidades. (evitando aquilo que ele tiver maior dificuldade). Para Rogers, todo mundo tem uma tendência a se atualizar e qualquer organismo é capaz disso (inclui plantas e animais). A gente tende a sobreviver e a lidar com as mudanças que acontecem conosco e ao nosso entorno. Para ele, todos nós temos uma Tendência Atualizante: Uma tendência a lidar com os problemas a partir das condições que o indivíduo tem no momento. Se considerarmos o ajustamento criativo, as vezes a frustração pode não ser apenas um sofrimento, mastambém um caminho. Processou-se concomitantemente ao da Orientação Profissional que se constituiu como aconselhamento, num processo de assistir o indivíduo a encontrar uma profissão adequada às suas características pessoais. Os instrumentos utilizados pelo profissional, mensuravam as aptidões, inventariam ou testam os interesses e descrevem a "personalidade" do indivíduo A concepção de escolha relaciona-se ao modelo médico, que "radiografa" o indivíduo, analisa os dados coletados e sintomas, realiza um diagnóstico e propõe um prognóstico. O interessado, portanto, não decide, mas aceita ou não o conselho do orientador educacional. Teoria Traço e Fator, articulou a vertente experimental dos estudos psicométricos a um conjunto de práticas de atendimento que guardavam espécie de distância ótima em relação às Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 12 práticas médicas e ao mesmo tempo apropriava-se de uma prática costumeira do senso comum – ato de aconselhar, atribuindo-lhe aura de cientificidade. É nesta região que Rogers se instala. E ela mesma será transformada pela emergência a teoria centrada no cliente. (este campo não era a primeira preferência de Rogers, mas sim o que havia como possibilidade na época) Foi com Carl Rogers que o foco do aconselhamento mudou do problema para a pessoa do cliente; do instrumental de avaliação para a relação cliente-conselheiro; do resultado para o processo. Na época: diagnóstico funcionava como um divisor de águas. Diferenciava indivíduos que podiam se beneficiar do aconselhamento e aqueles que deveriam ir para psicoterapia por apresentarem distúrbios mais graves. Conselheiro: aparece então como ouvinte interessado e compreensivo, que por meio técnica da reflexão poderia propiciar exploração pessoal do cliente e que esta exploração se configurasse o mais próximo de suas vivências e percepções atuais e conscientes. Função do conselheiro: propor atmosfera permissiva, não autoritária no sentido de proporcionar completa liberdade para o cliente estabelecer o seu próprio andamento e direção. Objetivo de liberar o outro de suas defesas. Conselheiro tinha respostas clarificadoras e de aceitação. A função do conselheiro coloca-se no modo de acolhimento que permite explorar, com o cliente, não apenas a chamada ‘queixa’, mas também a forma mais adequada de lidar com ela. O Conselheiro, na perspectiva da Abordagem Centrada na Pessoa, é aquele profissional que recebe as demandas e que possui recursos e flexibilidade para propor alternativas de ajuda, incluindo informação, orientação, encaminhamento e psicoterapia. O aconselhamento é um processo racional que envolve tomada de decisões por ambas as partes (qual caminho seguir, a partir das minhas potencialidades, possibilidades e limitações) A psicologia observou que apesar dos transtornos, alguns pacientes tinham certas funções preservadas, como por exemplo, a capacidade de tomar decisões. Nessa época, a psicologia estabelece a sua reserva de mercado com a aplicação de testes psicológicos reservada apenas para psicólogos). Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 13 Traço e fator O conselheiro é o modelo, quem decide, aquele que detém o poder, veiculador de normas de condutas, valores sociais e hábitos de cidadania, atuando de forma diretiva. É necessário auxilio para desenvolvimento de habilidades e potencialidades. Sustenta sua prática no diagnóstico e em seus conhecimentos prévios Concebe o sentimento como um empecilho muitas vezes ao pensamento, daí a necessidade de ser controlado e mudado. "É preciso pensar bem". Se está pensando bem, está sob controle, para isso tiramos toda interferência. Diante de distúrbios, o correto encaminhamento. Crença nas potencialidades naturais do ser humano. Criação de um clima facilitador ao crescimento. Tendência atualizante de potencialidades (mudança de área ou movimento na mesmaárea). Estas formulações de Rogers, destrói as diferenças entre aconselhamento e psicoterapia. Isto permite uma liberdade para uma atuação mais ampla – atuação propriamente clínica dos psicólogos, barrada até então pela psiquiatrização da psicanálise. Outra questão posta: o lugar da aprendizagem no entendimento da psicoterapia. No livro “Psicoterapia Centrada no Cliente” define a psicoterapia como um processo de aprendizagem – aprendizagem significativa que integra dimensões afetivas e cognitivas. Conceito de aprendizagem significativa define a psicoterapia como processo de aprendizagem, sem, contudo, caracterizá-la como prática pedagógica. Os termos “potencialidade” e “limitação” eram vistos por Rogers como deterministas. Ele começa trabalhando em escolas e observa um resultado muito positivo como fruto dessa atenção dirigida (perceber o outro) As diferenças encontradas referem-se a: (a) tempo da intervenção, sendo o aconselhamento mais breve; (b) complexidade do caso e intensidade do atendimento, sendo a psicoterapia mais Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 14 profunda; (c) demanda apresentada, sendo o aconselhamento mais voltado para situações contextuais e situacionais; (d) intervenções em aconselhamento focam a ação, mais do que a reflexão, e são mais centradas na prevenção do que no tratamento; (e) o aconselhamento é mais focado na resolução de problemas. As semelhanças referem-se ao escopo do processo de ajuda, às atitudes do psicólogo e à necessidade de desenvolvimento de recursos terapêuticos para estabelecimento de uma relação que possa ser considerada efetiva e atingir os objetivos delineados. Destaca-se a necessidade de que mais pesquisas sejam desenvolvidas sobre o aconselhamento psicológico no Brasil, haja vista a farta produção científica no campo das psicoterapias. Psicoterapia breve: faz uma crítica ao modelo de psicoterapia de tempo indeterminado. Surge como um modelo alternativo à psicoterapia de tempo indeterminado, utilizada nas instituições. Maneira específica de delimitar e lidar com o tempo de atendimento; após avaliação psicodinâmica o psicoterapeuta conduz o processo em vista de atingir objetivos pré-fixados. Aconselhamento psicológico: Foco no cliente e não no seu problema; o prazo para atendimento ou número de sessões pode ser uma opção do AP, especialmente quando em instituições, a direção do processo continua sendo do cliente. A delimitação do tempo é feita com o cliente e um dado com o qual ele lidará. Acredita-se que um número pequeno de encontros com um conselheiro, ou mesmo um único encontro, já tenha uma função terapêutica e pode ser suficiente para que o cliente se organize internamente e prossiga sem ajuda. A relação do objeto com a consciência Dentro da perspectiva fenomenológica, nenhum objeto é puro. Ex.: No meio do caminho tinha uma pedra... Aquela pedra, para Drumont, não era apenas uma pedra ou uma pedra pura. Ela tinha um significado singular. O nosso olhar enquanto psicólogos, vai pautar o objeto que nós olhamos. Dentro de uma equipe interdisciplinar, por exemplo, pode haver vários profissionais diante de um mesmo paciente (é o mesmo fenômeno), mas cada um vai analisar a partir da sua perspectiva e suspendendo seus aprioris. No texto “ser o que realmente se é”, capítulo 8, Rogers contextualiza esse tema. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 15 ESPELHAMENTO QUE INVIABILIZA A RELAÇÃO ENTRE O CLIENTE E O PSICOTERAPEUTA: Quando o psicólogo não acredita na capacidade do paciente para lidar com seus problemas Quando o psicólogo acredita que as limitações do paciente o definem, baseado em suas próprias limitações AJUSTAMENTO CRIATIVO Ajustamento Criativo x Ajustamento Neurótico Ajustamento Criativo x Ajustamento Neurótico – Existencialmente O que significa, de fato, dizer que a criatividadeé um recurso fundamental para uma vida psíquica saudável? Se diante de algum acontecimento novo, desafiador ou ansiogênico, você consegue se adaptar bem e criar uma resposta funcional, houve um ajustamento criativo; quando não, acontece um ajustamento neurótico. São dois movimentos adaptativos. No curso da vida estamos sempre buscando satisfazer nossas necessidades, sejam fisiológicas ou psíquicas, para levarmos uma vida saudável e equilibrada. Num jeito de ser saudável nós conseguimos identificar nossas reais necessidades e conseguimos também mover recursos e ações para satisfazer e alcançar o que queremos. Se enquanto escrevo esse texto percebo minha boca seca, posso parar por um momento, ir buscar um copo d'água, beber e retomar a escrita. Num jeito de ser disfuncional eu poderia: a) não notar a minha boca seca ou b) conscientizar-me da minha necessidade de água, mas não saber como atendê-la. Este exemplo é pequeno e puramente ilustrativo apenas para elucidar o que acontece também nas questões emocionais pois encontramos diversos impedimentos, desconhecimentos e barreiras que vão desnutrindo nossa vida emocional. A neurose é o resultado da repetição das tentativas de evitar um conflito e manter o equilíbrio, mas que nessa fuga, o sujeito recorre a modos de ser muito antigos para agir no presente e lidar com os conflitos. O chamado ajustamento neurótico que, sendo um contraponto ao ajustamento criativo, é o que fazemos diante de um problema que não conseguimos contornar, ao recorremos à essas formas desatualizadas e congeladas do passado. Esse movimento interrompe o processo de perceber o que realmente precisamos para dar conta de alguma situação que surja. Nesse caso, a necessidade genuína não alcança seu ponto de satisfação por uma dificuldade frequente que a pessoa possa ter, por exemplo, em identificar suas reais necessidades. Mas é Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 16 importante dizer que esse modo disfuncional de agir na vida, um dia foi, sem dúvidas, um ajustamento criativo e necessário. Ficou confuso ou parecendo contraditório? Vou tentar explicar o que eu quero dizer com isso. Se em alguma situação de sua vida surgiu a necessidade de falar e se impor, por exemplo, mas você não encontrou apoio e suporte externo para agir assim ou então você tenha entendido que a situação era extremamente ameaçadora e prejudicial, escolher não atender a essa necessidade de falar, pode ter sido um ajustamento criativo para suportar e passar por essa situação. A melhor saída encontrada por você naquele momento. Você deu-se conta de sua necessidade interna (preciso falar), da realidade externa (não tenho suporte ou não é o melhor no momento) e escolheu não satisfazê-la abaixando portanto sua voz e recolhendo sua presença (reprimindo, segurando, não dando vazão o excitamento que emergiu e te fez querer falar). Esse comportamento foi necessário e criativo por questões de sobrevivência ou de manutenção de alguma relação importante. Ele também se deu da melhor forma que você poderia ter agido e de acordo com os recursos emocionais que você tinha naquele contexto. Deixar de lado algo que não te fará bem em determinado momento é um grande gesto de amor-próprio! Entretanto, se em algum momento da sua trajetória, essas situações assim começarem a tornar- se frequentes e você passar a viver suas experiências sempre contendo o excitamento que surge, acontecerá a formação de um hábito, de um jeito de ser estereotipado e baseado numa experiência passada. Aquilo que antes era criativo, pois estava em contato com o momento presente, deixou de ser quando você passa a utilizá-lo em outros contextos. "Por isso é que se diz que no ajustamento neurótico, a pessoa dá respostas antigas, a situações novas. Não há contato com o momento presente e a pessoa não consegue assimilar que aquelas respostas que serviram lá atrás, não se encaixam mais com a situação atual'. Um ajustamento desse tipo, que não satisfaz as necessidades do organismo e não transforma o meio, age na manutenção de um jeito de ser enrijecido, estereotipado e inflexível; sem criatividade. Quando somos confrontados para realizar alguma coisa que nós consideramos sem condições de fazer, entramos numa emocionalidade ansiosa e passamos a evitar, de todos os modos possíveis, nos expormos às situações que possam gerar esse desconforto. Se surge uma situação nova e você não consegue responder a ela, o atalho mais tentador é desenvolver uma tendência de buscar, através dos comportamentos padronizados, a evitação dessas experiências que possam gerar qualquer sensação de vazio e de desordem. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 17 Quando somos lançados em algumas situações que não escolhemos, como por exemplo o luto, o desemprego, o término de uma relação etc, o aspecto criativo está em criar pontes para lidar com a situação em que fomos lançados. Considerar que cada processo é diferente para cada pessoa, de acordo com a sua singularidade. É uma espécie de negociação com o ambiente onde capacidades e habilidades se manifestam no sujeito Quem cria a condição é o organismo e não o ambiente A DIVISÃO DO ACONSELHAMENTO E PSICOTERAPIA Ruth Scheeffer (1976) – diferenciação entre Aconselhamento psicológico e psicoterapia – Aconselhamento psicológico aparece como assistência à maximização dos recursos pessoais e na realização de “opções” e a psicoterapia como eliminação de psicopatologias e reestruturação da personalidade. Ênfase na peritagem – distribuição da clientela de acordo com suas reais necessidades. Psicodiagnóstico. Do lado do aconselhamento – clientes menos perturbados, com problemas específicos, menos comprometidos em sua estrutura de personalidade. Do outro lado a psicoterapia – clientes mais perturbados, portadores de psicopatologias, mais comprometidos em sua estrutura de personalidade. Aconselhamento psicológico caracterizado como prática educativa, preventiva, de apoio situacional, centralizado nos aspectos saudáveis, nas potencialidades e nas dimensões conscientes e mais “superficiais” requerendo tempo abreviado. Psicoterapia – tratamento de problemas emocionais e patologias, de caráter remediativo ou reconstrutivo, focalizando o inconsciente e as dimensões mais profundas do indivíduo, demandando tempo prolongado. Rogers - mérito de realçar a natureza do encontro pessoal e intersubjetivo como tendo prioridade sob as metodologias psicodiagnósticas, as técnicas psicoterápicas e a formação instrumental nas relações de ajuda. Isto permite enfocar a atenção, o respeito e a compreensão pela experiência do outro como fundamento da assistência psicológica. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 18 Deste angulo, acolher a insatisfação profissional ou a depressão que um cliente abre em seu sofrimento, é mais importante do que saber se ele é um caso para aconselhamento ou psicoterapia. A distinção entre psicoterapia e Aconselhamento psicológico – conveniência profissional – muitas clínicas- escola – partem da obrigatoriedade de procedimentos de psicodianóstico e triagem para depois encaminharem para tratamento. Livro de Oswaldo Barros (1982) – definições de orientação, aconselhamento e psicoterapia. Orientar: facilitar o conhecimento e análise de caminhos ou direções para a conduta, com base em referenciais sociais e pessoais. Aconselhar: processo de indicar ou prescrever caminhos, direções e procedimentos ou de criar condições para que a pessoa faça, ela mesma, o julgamento de alternativas e formule opções. Psicoterapia- tratamento de perturbações da personalidade ou da conduta através de metodos e técnicas psicológicas. A referência no caso da orientação ou aconselhamento é o próprio indivíduo e seu ambiente ou do conselheiro e seus valores; na psicoterapiasão os métodos e técnicas. O principal objetivo do aconselhamento psicológico é resolver os problemas do paciente através da capacitação emocional e intelectual dele mesmo. Em outras palavras, é habilitar o paciente a solucionar os seus incômodos a partir do conhecimento da sua personalidade e das suas experiências de vida. Para que ele seja efetivo, o paciente precisa sentir-se capaz de solucionar seus desajustamentos de conduta e os demais problemas que se espalham pelas diversas áreas de sua vida (profissional, familiar, social, amorosa). O ACONSELHAMENTO COMO PRÁTICA DE FRONTEIRAS E INVENÇÕES Facilitador – é guiado pela confiança na autodeterminação e auto-regulação de indivíduos e grupos, procurando constituir a facilitação como uma ambiência na qual a apropriação de percepções, idéias, sentimentos, mudanças, escolhas é possível e desejável. Tanto no contexto da ajuda psicológica como do ensino: Oferecimento de um tempo e espaço nos quais a elaboração da experiência do cliente e dos alunos é testemunhada e legitimada por meio da escuta e do diálogo. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 19 PSICODIAGNÓSTICO INTERVENTIVO FENOMENOLÓGICOEXISTENCIAL Marizilda Fleury Donatelli os principais aspectos deste modelo de atendimento psicológico. Durante muito tempo, o psicodiagnóstico foi entendido como um processo que se desenvolvia a partir de um levantamento de dados do cliente (queixa, história de vida pregressa e atual, funcionamento psíquico etc.), cabendo ao psicólogo analisar esses dados com base na nosologia psicopatológica e dar o encaminhamento possível para o caso. Evitavam-se, nesse processo, estabelecer vínculo com o paciente e fazer intervenção, sendo esses procedimentos delegados aos processos psicoterápicos. Ocampo e Arzeno (1981, p. 13) comentam: O psicólogo tradicionalmente sentia sua tarefa como o cumprimento de uma solicitação com as características de uma demanda a ser satisfeita, seguindo os passos e utilizando instrumentos indicados por outros (psiquiatra, psicanalista, pediatra, neurologista etc.). O objetivo fundamental de seu contato com o paciente era, então, a investigação do que este faz frente aos estímulos apresentados. Fischer, nos Estados Unidos, nos anos 1970, e M. Ancona-Lopez, no Brasil, na década de 1980, foram as precursoras na introdução do psicodiagnóstico interventivo, o qual, como indica o próprio nome, rompe com o modelo anterior, fazendo do atendimento um processo ativo e cooperativo. Não se trata apenas de um processo investigativo; ao contrário, o que fundamentalmente o caracteriza é a possibilidade de intervenção. No psicodiagnóstico interventivo fenomenológico-existencial, as questões trazidas pelos clientes são ao mesmo tempo investigadas e trabalhadas, a fim de que se possam construir, em conjunto, possíveis modos de compreendê-las. As intervenções no Psicodiagnóstico Interventivo se caracterizam por propostas devolutivas ao longo do processo, acerca do mundo interno do cliente. São assinalamentos, pontuações, clarificações, que permitem ao cliente buscar novos significados para suas experiências, apropriar-se de algo sobre si mesmo e ressignificar suas experiências anteriores. Deixar o cliente falar livremente durante a primeira sessão (o máximo que puder) Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 20 No primeiro encontro é muito importante aguardar o que se desvela. Respeitar a diferença entre as informações que queremos ou precisamos obter e aquelas que o cliente sabe, quer ou pode falar. É muito comum o psicólogo se mobilizar diante de casos complexos que o convocam a focar na emergência (como por exemplo, no plantão psicológico). O risco comum é a desconfiguração do espaço e as delimitações do psicodiagnóstico, levando o profissional a se perder do todo para focar naquela emergência. Também é comum que ele se veja “muito potente” diante da “impotência” do cliente Importância de se colocar de forma menos vertical com o cliente e se for criança, Donatelli orienta a sempre investigar se ela sabe o motivo de estar ali. A problematização dessa técnica é que na grande maioria das vezes a criança não tem capacidade de elaboração e nem conhecimento suficiente para verbalizar o problema. (principalmente se for menor de 6 anos ou estiver dentro de algum espectro) Nesse sentido, o psicólogo precisar ler as orientações postuladas nos livros de forma crítica e avaliar a possibilidade de colocar em prática todas as orientações oferecidas nele. Coautoria do saber sobre si (Evangelista) Essa perspectiva fenomenológica de intervenção, isto é, disponível para acolher a demanda tal como aparece, a partir de sua própria especificidade, exige do psicólogo uma modificação na sua postura tradicional. O psicólogo não tem como fazer isto se estiver apoiado no saber científico sobre o outro, a partir do qual elaborará conhecimentos sobre ele. Esta postura exige participação dos envolvidos, o que coloca o psicólogo na mesma condição do paciente: diante de uma situação desconhecida, aberto para o que se manifestar, tendo que destinar o que apare- cer. Ou seja, ambos estão no mesmo barco rumo à modificação da situação atual. (se colocar de forma menos vertical com o cliente) É fundamental comentar que ao longo do processo de psicodiagnóstico, são realizadas devolutivas constantes. Elas auxiliam no esclarecimento da demanda e na compreensão da situação, sendo o principal aspecto interventivo deste processo. Levando em conta que os fenômenos aparecem sempre sob um aspecto e que há infindáveis modos de aparecer, no psicodiagnóstico interventivo são demarcadas compreensões que surgem de cada encontro, a fim de que psicólogo e paciente possam conjuntamente considerar o que se apresentou. Do ponto de vista fenomenológico a compreensão já é um modo de ação, dado que abre novas possibilidades. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 21 Antes de formular as HD, é preciso suspender seus aprioris e levar em conta que por exemplo, em algumas regiões e em outras épocas, aquilo que chamamos hoje, de agressão, era apenas entendido como uma forma de se corrigir alguém Sempre levar o contexto em consideração para evitar a patologização de algo que pode ser um padrão daquela cultura. Não só as diferenças culturais precisam ser consideradas, como também a alimentação, genética etc. Para elaborar proposta de HD é preciso diferenciar queixa de demanda Ex.: a queixa pode ser abuso de álcool e a demanda pode se desvelar como a dificuldade em aceitar a sua preferência de gênero. Após ter algum conhecimento do cliente, respeitar as preferências que ele manifestou durante as primeiras sessões. Ex.: Se a criança manifestou preferência por desenhar ou pelo brincar, ela terá alguma dificuldade em dialogar. Cabe ao profissional verificar o que se desvela em seus desenhos e brincadeiras. A própria explicação das regras de um jogo já pode ser um caminho para estimular a verbalização que pode começar a aparecer durante a brincadeira Um dos aspectos principais do psicodiagnóstico interventivo é a liberdade para acompanhar o desvelamento do fenômeno que o psicólogo tem diante de si. Por isso, a abordagem psicológica mais pertinente é a fenomenologia existencial. Liberdade não quer dizer falta de delimitações. Quer dizer que se buscam constantemente modos de acesso que facilitem o desvelamento do sentido do sofri- mento apresentado. aula, 18/10/2022 – sala 703 A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE PLANTÃO PSICOLÓGICO A proposta de atendimento do plantão psicológico caracteriza-se como um espaço aberto para receber a pessoa que procura ajuda psicológica em situações de dificuldade ou crise atual, sejam elas de qualquer ordem ou motivação. As principaiscaracterísticas são: Mantem-se as atitudes básicas Rogerianas Dar atenção ao que emerge Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 22 Triagem não convencional Limitado em tempo e espaço O objetivo deste trabalho é acolher a pessoa quando ela sentiu a necessidade de buscar alguma ajuda, dar tempo para que ela possa perceber, junto com o psicólogo, que ajuda ela quer e adequar a intervenção psicológica à real necessidade do cliente. também tem por meta, que maiores camadas da população possam ser atendidas, preventivamente. - encaminhar para um serviço adequado; - aumentar a tolerância do paciente na espera de um atendimento psicológico convencional. O plantão psicológico usa como critério a emergência – aquilo que emerge... que se apresenta naquele momento. A atitude é a aceitação do que aparecerá. Em certo sentido, ele se assemelha muito a um plantão médico, já que não se sabe o que irá aparecer e no qual é necessário tomar decisões rápidas e lidar com as demandas mais variadas. Porém, diferentemente de dos plantões hospitalares, o plantão psicológico não vai classificar o cliente entre urgência e emergência. (não estabelece critérios para atendimento) – o plantão vai atender qualquer tipo de queixa ou de demanda. No plantão psicológico há uma preocupação com a eficácia para a qual nós, psicólogos em formação somos convocados. Fazendo uma analogia com a medicina, ao tomarmos um medicamento para dor de cabeça, espera-se que ele cumpra o seu papel e que a dor desapareça. O mesmo se espera de uma psicoterapia, mas nem sempre é possível entregar ao paciente esse efeito. Definição: É uma modalidade de atendimento para acolher pessoas em crise. Um plantão psicológico se caracteriza por um processo cujo início se dá no momento da procura do cliente, e que pode se estender pelo número de sessões necessárias — esta necessidade é avaliada pelo cliente e pelo plantonista — para que ele se aproprie de sua busca, ou seja, tendo o seu caminho clareado naquilo que o mobilizou em busca de ajuda. Compreendemos então que o que define o plantão não é propriamente a queixa, já que essa pode variar muito, mas é a maneira de lidar com esta enquanto sintoma de uma demanda cujo esforço de compreensão é feito na medida em que interesse ao cliente. Um plantão pode ter uma função iniciadora de um processo maior ou reveladora/organizadora de uma problemática. Pode ser também um local no qual a angústia pode ser expressa e acolhida. Sobretudo o plantão é um Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 23 processo com começo, meio e fim. (não basta ter disponibilidade. É preciso ter capacidade para lidar com as demandas que chegam). Jurandir Costa Freire (1978) coloca como a palavra superficial é usada para definir atendimentos psicológicos em relação à prática psicanalítica, que já normatizou o que é ou não válido no campo terapêutico. Nesse sentido, o plantão questiona a prevalência da psicanálise e de outros tratamentos longos, que nos são apresentados como única forma de ajuda psicológica válida. Por isso, tivemos que constantemente reavaliar as nossas propostas e atitudes à luz dos resultados do trabalho desenvolvido. O que estamos fazendo ao escrever este texto é um exemplo de uma das questões sobre a formação do psicólogo mais difíceis sob o ponto de vista prático, mas de fácil compreensão teórica: a teoria tem de ser internalizada. Parece simples... Pensemos na premissa: “o cliente é fonte de seus próprios recursos”. Se acreditamos nisso, devemos concluir que o cliente disporá desses recursos da melhor maneira possível para ele, cabendo ao psicólogo acompanhá-lo quando solicitado a fazê-lo. Podemos informar a pessoa que nos procura sobre a possibilidade de estender o número de sessões se acharmos necessário, mas ele, o cliente, deve continuar sendo sua própria fonte de recursos. Não devemos tentar impor ou convencê-lo. A intenção é: “Facilitar a expressão do sentimento, potencializar a pessoa, liberar o indivíduo para um a escolha autônoma...”. Disso resultaria "...mais aprendizagem, mais produtividade, mais criatividade do que resulta do exercício do poder sobre a pessoa” (ROGERS, 1988, p. 13). Na maior parte das vezes, não ficamos sabendo como se desenrolou a história do paciente que nos procurou em um plantão. A questão levantada acima chama a atenção para o que se chama de “crescimento pessoal”. Conhecer a si mesmo promove crescimento pessoal, lidar com dificuldades, trabalhar em grupo, rever pontos de vista, assim como ser supervisionado. Só quem tem um conhecimento razoável de si mesmo é capaz de perceber o mundo do cliente. Fazer uma pessoa pensar em si mesma, não apenas como um diagnóstico, um número ou uma unidade de consumo, oferecer-lhe a chance de reinserir-se em sua própria história de vida, de assumir-se enquanto sujeito de seus próprios desejos, necessidades e possibilidades. “Ouvir, acolher e acompanhar o cliente. Amparados pela crença na tendência ao desenvolvimento dos potenciais inerentes a existência humana, nosso trabalho é o de estimular esta tendência, ajuda-la a encontrar caminhos para seus sofreres, dentro da sua própria experiência. O cliente é autor de sua ajuda e o plantonista seu fiel acompanhante nesta construção” (GOMES, 2012, p.24) Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 24 CARACTERIZAÇÃO DO PLANTÃO PSICOLÓGICO O objetivo primordial do plantão é o de constituir-se num serviço alternativo às psicoterapias tradicionais, especificamente voltado àqueles que por inúmeras razões não se beneficiaram de um atendimento clínico médico ou a longo prazo. Solta das amarras de um viés que atrela psicoterapia como única via de intervenção – Quanto mais longo o processo terapêutico, maior sua eficácia – Será? Exige um despojar-se de um saber apriorístico sobre o outro, sustentando o inesperado e as incertezas do encontro. recuperação do potencial criativo do outro e do si Foco é a pessoa cliente e não um problema ou doença Espaço dialógico para possibilitar uma re-significação FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O plantão psicológico no seu início baseou-se na abordagem Humanista, tendo Carl Rogers e a Abordagem Centrada na pessoa como fundamentação teórica. O método utilizado é o fenomenológico, tendo como preocupação fundamental a experiência e a vivência do cliente para solução do conflito. A abordagem Centrada na Pessoa acredita que a melhor maneira de se ajudar o cliente é tendo uma escuta empática e uma atitude de compreensão frente a experiência do outro. Diante disso, Mahfoud (1987) aponta que o Plantão Psicológico deve ser delineado a partir de três vertentes: a da instituição que oferece o serviço, a do profissional disponível para o não- planejado e a do cliente que busca auxílio para suas necessidades emergentes. O Plantão Psicológico, enfatiza Rosenberg (1987), não tem a intenção de substituir a psicoterapia e propõe cada atendimento como um universo único, ou seja, como um atendimento característico da Abordagem Centrada no Cliente, que tem como premissa a confiança no organismo para avaliar as situações externas e internas, compreender a si mesmo no seu contexto e fazer escolhas construtivas para sua vida. Plantão: acolhimento, suporte para angústia imediata, parte da queixa inicial, o tempo é pré- determinado, ficando a critério do plantonista e do cliente o encerramento do processo, não existe contra indicação de clientes. Duração : apenas 1 sessão, podendo se estender em até 4 sessões (à critério da instituição). Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 25 Não há necessidade de agendamento por se caracterizar como um serviço de atendimento emergencial; O foco não são os sintomas, mas sim a experiência vivida pela pessoa; Atitudes do plantonista durante o atendimento: Acolhimento; Escuta empática; Autenticidade; Discernimento para avaliação do encaminhamento. O objetivo é facilitar a reflexão, buscando maneiras para transpor as dificuldades que vivencia. (Facilitar a expressão dos sentimentos) Quem procura o Plantão Psicológico? Pessoas desorientadas que chegam aos prantos, que precisam de alguém naquele momento, mães desesperadas, pessoas que esperam por uma vaga para fazer psicoterapia, ou aquelas que apenas querem conversar para tirar dúvidas e receber informações de atendimento da instituição. Benefícios do Plantão Pessoas são acolhidas no momento que precisavam muito compartilhar sua angústia com alguém. Ajuda no sentido de diminuir ansiedade, permitindo uma compreensão do problema, oferecendo novas perspectivas. O ato de compreensão já é uma intervenção. Restitui ao encontro interpessoal seu caráter transformador. Aula 18/10/2022 – sala 703 PLANTÃO PSICOLÓGICO EM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO Walter Cautella Júnior in: “Aconselhamento psicológico centrado na pessoa” - Moratto CAUTELLA W, Plantão Psicológico em hospital psiquiátrico. In: MORATO, HTP. Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa: novos desafios, 1999. Trechos: A experiência nos mostra que no momento agudo a relação terapêutica é pouco eficaz devido a vários fatores, tais como: o alto grau de desorganização interna que o indivíduo apresenta; a necessidade de uma intervenção medicamentosa mais agressiva que pode influenciar a capacidade elaborativa etc. Nos momentos que precedem à alta hospitalar, a vinculação ao Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 26 processo também fica prejudicada, visto que o indivíduo encontra-se mobilizado para abandonar a instituição. Para que possamos compreender o plantão psicológico dentro do contexto hospitalar, é necessário conhecermos os conceitos de doença mental que orientam a conduta terapêutica nesta instituição. São vários os conceitos de doença que circulam pela nossa cultura e sociedade. A OMS. (Organização Mundial de Saúde, 1993) considera a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de sintomas. Se nos determos sobre esta conceituação, concordaríamos com MAURÍCIO KNOBEL (1986, p .10), que ao avaliar tal conceito em seu livro sobre psicoterapia breve afirma que a única verdade que essa definição contém é a de que a ausência de sintomas não significa saúde, pois pode haver processos não manifestos ou uma negação da doença. Se considerarmos esse conceito, chegaríamos à conclusão de que estamos todos doentes. Outro conceito utilizado pelo senso comum, e que surgiu a partir das primeiras tentativas da psiquiatria em definir seu campo de atuação, costuma definir o doente mental como alguém “anormal”. Portanto, a doença mental seria definida pelo não pertencimento a uma regra geral (normalidade). Se nos orientássemos por esse conceito popular haveria com certeza uma superlotação das instituições que tratam do doente mental. Percebemos que, nesse conceito, a “normalidade”, é portanto a saúde, seria definida pela constância na manifestação do fenômeno. A saúde seria uma faixa estatística. Se levarmos esse raciocínio às últimas consequências, poderíamos considerar normais e saudáveis manifestações evidentes da patologia social como os crimes, por exemplo, esses ocorrem com uma certa frequência e são considerados um fenômeno esperado dentro de um contexto social. O sofrimento psíquico não precisa ser sintoma de doença. Em alguns casos, a angústia ou a tristeza são sinais de saúde. Dentro de um processo psicoterápico, "o sofrimento pode significar que o sujeito está entrando em contato com questões que até então eram negadas. Em situações de luto se espera a tristeza no caminho para a elaboração da perda. Por outro lado, a ausência do sofrimento também não significa saúde. Quem já teve a oportunidade de entrar em contato com uma pessoa em quadro maníaco pôde perceber que não há evidências de sofrimento no seu discurso e na sua interação com o meio, assim como não há angústia no psicopata, no entanto, é inquestionável a existência de uma patologia. A conceituação da doença mental é um tema vasto e impreciso. Não existem leis absolutas como na física ou na matemática para a formulação de um conceito pleno. Qualquer definição de Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 27 doença mental vai sofrer influências da cultura, da linha filosófica, da linha teórica etc. daquele que conceitua. Nesse conceito, a palavra “liberdade” refere-se à capacidade de o indivíduo optar, ou seja, de criar normas próprias para se gerenciar. O doente mental seria aquele indivíduo que perdeu a capacidade de optar e passa a viver regido pelas normas ditadas pela sua patologia. Portanto, o doente mental não é mais senhor de seus atos, e, sim, escravo de sua doença. Para melhor compreender esse conceito, basta pensarmos em um indivíduo neurótico obsessivo. Os rituais obsessivos são sintomas considerados absurdos frente a uma lógica racional, porém o doente não se arrisca a não cumpri-los. As ideias obsessivas permanecem na consciência, apesar de não aceitas pelo sujeito. Percebemos uma clara regência dos sintomas sobre a racionalidade. É por esse motivo que a doença mental leva à perda da cidadania do indivíduo, pois esse não pode fazer suas escolhas livre da pressão patológica interna e, sendo assim, passa a ter a necessidade de ser protegido. Essa proteção no momento agudo de sua enfermidade tem o intuito de impedir que o indivíduo cometa atos que possam prejudicar a si e a seus próximos. Vemos nesse ponto a justificativa para a institucionalização, desde que ela seja breve e eficiente. O segundo conceito vem para complementar e aprofundar o que foi acima citado. Segundo ALFREDO MOFFATT (1983), a patologia seria uma desorganização da temporalidade e, consequentemente, da identidade. O plantonista também deve se propor a responder à demanda do cliente naquele momento. Essa proposta, aparentem ente impossível, torna-se viável quando o profissional coloca-se à disposição para acolher a experiência do cliente e não apenas seus sintomas. Adotando essa forma de conduta será possível facilitar ao cliente uma visão mais ampla de si, que poderá questionar-se e entender seus sintomas inserido em um contexto mais amplo. O que se deseja é que o cliente perceba-se inserido no mundo e passe a compreender suas questões e sintomas não mais dissociados do geral, e, sim, como parte integrante desse todo. Esse movimento vai dar um novo valor à doença para o indivíduo institucionalizado, pois essa não mais será uma entidade isolada e sim algo contextualizado. Estar em sintonia consigo mesmo facilita ao cliente identificar sua demanda e fazer uma opção comprometida com as outras modalidades terapêuticas disponíveis, inclusive a terapêutica medicamentosa. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 28 Durante o plantão psicológico, o plantonista tem a possibilidade de avaliar a capacidade do indivíduo em lidar com as intervenções, seu potencial elaborativo e sua capacidade de simbolização e, a partir desses dados, encaminhá-lo a uma enfermaria que o levará a um grupo mais condizente com seu potencial. Nesse caso, o plantão psicológico serve como um instrumento de organização estrutural do setor de psicologia. As exigências da sociedade moderna levaram os profissionais de saúde a um processo de especialização intenso que acabou gerando uma visão fragmentada do ser humano. Os profissionais se restringem às suas especialidades e esquecem de ver o indivíduo como um todo. O psicólogo não é exceção, pois muitas vezes o cliente é visto como um grande “aparelho psíquico”. O plantão psicológico é um instrumento que se propõe a facilitar o resgate de uma visão mais integrada do cliente (Psico-Bio-Social).O plantonista não deve estar atento apenas às queixas psicológicas do cliente, mas sim, no modo com o a situação conflitiva interfere nas várias esferas da vida da pessoa. Acolher a experiência global do cliente , e não orientar os rumos do encontro pela sua especialidade, coloca o plantonista em uma posição privilegiada para fazer encaminhamentos quando necessário. No hospital psiquiátrico não é diferente. Após o plantão, o ato de encaminhar para os serviços internos (terapia ocupacional, serviço social, clínico geral) ou externos tornou-se mais fácil e eficiente. Apesar da abrangência dessa modalidade terapêutica, existem alguns limites que impedem ou dificultam a relação de ajuda. Esses limites tornam-se mais evidentes no contexto hospitalar. Os quadros esquizoides onde o indivíduo tem uma exclusão sistemática da vida afetiva, ou esteja mergulhado em um profundo autismo bleuleriano, não irão poder aproveitar-se dessa abordagem. Para que haja um encontro e uma relação terapêutica eficiente é necessário que a pessoa mantenha relativamente preservada sua capacidade de interação. Quadros maníacos caracterizados por uma profunda agitação psicomotora, aceleração do pensamento e alterações da imaginação também são de ambição limitada. O máximo que pode ser feito é estabelecer limites externos para a exaltação, visto que os internos estão ausentes. Mesmo os clientes que não estejam com suas capacidades básicas prejudicadas pela doença irão beneficiar-se de maneira limitada se não tiverem disponibilidade interna para se autoconhecerem . Os limites não devem ser atribuídos apenas a lesões residuais causadas pela doença ou a indisponibilidade interna do cliente, pois dessa forma a responsabilidade do fracasso recai som ente no cliente. Muitas vezes é o plantonista que limita a potencialidade do encontro. Não é todos os dias que o plantonista sente-se apto para estabelecer uma relação empática. A relação de ajuda com pessoas em quadro psicótico exige uma disponibilidade imensa que vai depender de como o plantonista lida com seus conteúdos internos. Fatores externos à relação de ajuda também limitam sua abrangência. Questões ligadas Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 29 à organização técnica institucional, excesso de medicação, efeitos colaterais dos psicofármacos etc., são extremamente limitantes. A grande vantagem do plantão psicológico é a possibilidade de gerar uma intervenção eficiente e breve através de uma técnica versátil que permite uma ampla aplicabilidade. Tal flexibilidade só é possível porque todo o processo de intervenção fica centrado no cliente. Podemos atender a pessoa internada com grave comprometimento, a sua família, e até mesmo a instituição que a acolhe de uma forma indireta. Aula 25/10/2022 – sala 703 SCHIMIDT, M L., OSTRONOFF, V.H “Oficinas de criatividade: elementos para a explicação de propostas teórico-práticas”. IN MORATO, HTP, Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa: novos desafios, 1999 Trechos: As oficinas de criatividade caracterizam -se como espaços de elaboração da experiência pessoal e coletiva através do uso de recursos expressivos,- tais com o movimento corporal e atividades de expressão plástica e de linguagem. • Os processos criativos resultam na produção de objetos que aloja tanto a experiência pessoal como coletiva. • Os produtos constituem-se como recolhedores da experiência intragrupos e ao mesmo tempo, servem de forma significativa à sua transmissão para outros grupos sociais através de exposições, apresentações e publicações A PROPOSTA DA OFICINA DE CRIATIVIDADE É de promover a sensibilização, crescimento e o autoconhecimento de seus participantes, através de um contato profundo consigo mesmo e com outro, dando-lhes a oportunidade de tomar conhecimento, sua interioridade, vivências e de seu modo de ser-no-mundo. O PAPEL DO OFICINEIRO E A NATUREZA DE SUA INTERVENÇÃO Diferentemente de outras propostas de oficinas nas quais o papel do oficineiro é ensinar habilidades específicas e, portanto, mais direcionado, nas oficinas de criatividade, tal como praticadas pela equipe do SAFJ a função do oficineiro é a de facilitador, para quem o fundamento de sua atuação reside na atitude centrada na relação com o outro: o grupo e as pessoas que deles Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 30 participam. Colocando-se não como especialista, o facilitador é alguém que se oferece de maneira atenta, autêntica e respeitosa à convivência com o outro para que este possa, em liberdade, experienciar-se e compartilhar essa experiência. Ser facilitador é estar com, estar junto a, acompanhar. Como facilitador, o oficineiro vai acompanhando o processo criativo de pessoas que têm, no contato com os recursos expressivos no espaço/tempo das oficinas, a oportunidade de tomada de consciência e ampliação de seu potencial através de canais não-racionais e não-verbais de expressão, tão pouco experienciados hoje em dia, e acredita que essa experiência é, em si, enriquecedora e profunda. Nesse eixo realiza-se sua prática. Cabe ao oficineiro o planejamento das oficinas: a constituição de cada grupo; a escolha do tema adequado às necessidades específicas dos grupos; a determinação dos recursos — corporais, gráficos, literários ou outros — que melhor atendam à exploração do tema e dos materiais; e, finalmente, a divulgação. Está, porém, aberto a avaliar, passo a passo, a dinâmica do grupo e as experiências pessoais dos participantes, podendo fazer um replanejamento no decorrer do processo. Assim, essa organização pede flexibilidade e serve, sobretudo, como referência, como um solo organizador sobre o qual possa se construir o trabalho. Durante a realização de cada oficina propõe e coordena as atividades, cuidadosamente atento aos movimentos e possibilidades grupais e individuais, indo, dessa forma, ao encontro destes movimentos. Intervém sim, porém, apenas na medida em que sua intervenção facilita a explicitação dos modos de criar de cada um. Seu olhar para os produtos não é psicologicamente interpretativo, mas compreensivo: a partir do significado que cada pessoa atribui a seu produto, ajuda na percepção das dimensões de seu fazer criativo, suas formas de se dar e de ser facilitado. O TEMPO E O ESPAÇO No processo criativo, o tempo e o espaço podem ser radicalmente subjetivados, pois tanto a cronologia do chamado tempo objetivo, quanto os contornos materiais de um determinado espaço são usados e transformados por este processo em direções quase sempre imprevisíveis. As imagens de um tempo que flui, estanca, voa, escoa ou de um espaço que se expande, se fragmenta, se integra dão uma pálida ideia dos estados de espírito ou humores que, durante a criação, abrem as dimensões espaço-temporais em infinitas possibilidades. Por esta razão, as disposições espaço-temporais podem ser consideradas, pelo oficineiro, como uma espécie de matéria-prima que será metabolizada pelos participantes de uma oficina de criatividade. Isto significa dizer que a reflexão em torno do tempo e do espaço em que e no qual Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 31 acontecem as oficinas não é meramente subsidiária ao planejamento ou proposição de um trabalho, mas aspecto cuja consideração mostra-se fundamental para a obtenção de condições favoráveis ao processo criativo. E possível afirmar, a partir da prática continuada na condução de oficinas, que duas horas têm se mostrado um tempo adequado para a duração de uma sessão grupai. E também possível afirmar que a existência de uma sala ampla, confortável e ventilada é desejável. Porém, estas constatações não funcionam como regras e nem sequer parecem se apresentar como condições necessárias e suficientes para a promoção de um tempo e um espaço que sirvam como referência e suporte para o trabalho de criação.O que, então, seria prioritário no manejo do tempo e do espaço nas oficinas de criatividade? Em primeiro lugar, e como base para o trabalho com diferentes grupos, impõese a noção de que compete aos propositores de uma oficina prover, de início, um tempo e um espaço, em alguma medida estruturados, que possam ser usados como um ponto estável e confiável para a aventura criativa que, justamente, como foi dito antes, implica, muitas vezes, operações “demolidoras” do sentido de tempo e espaço “objetivos” ou, se quisermos, rotineiramente compartilhados. Entende- se, portanto, que cabe ao oficineiro definir, a priori, um tempo e um espaço para os trabalhos que julgue adequados para a proposta que tem em mente. Disto deriva que nem as duas horas como duração padrão, nem a sala isolada com boas condições climáticas devem ser tomadas como regras fixas, mas, sim, a necessidade de estruturar um tempo e um espaço. No que diz respeito ao tempo, sua estruturação inclui, também, a previsão de divisões que permitam contemplar um momento de aquecimento, um período para a realização do trabalho propriamente dito e, finalmente, um para o fechamento. A estruturação que se refere à definição de uma duração, tanto da oficina completa, quanto de cada etapa, embora necessária, não dispensa a consideração de outros dois elementos que, no limite, tendem a flexibilizá-la e modulá-la. São eles a observação e a interação com o tempo ou tempos subjetivos do grupo. A possibilidade de se realizarem oficinas numa única sessão ou num conjunto de sessões também suscita a reflexão sobre a influência destas alternativas na definição do tema e do material a ser trabalhado, bem como sobre a conveniência de cuidados diferenciados quanto ao acompanhamento do processo e seu fechamento. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 32 Recursos e materiais Planejar as atividades que serão propostas e os materiais a serem utilizados é, em si, uma prática que pode propiciar ao oficineiro a descoberta e a ampliação de sua própria criatividade. Independentemente das qualidades intrínsecas de cada material, os modos de combinação entre eles e sua utilização em diferentes temas e grupos são muito variados: dependem da imaginação e da sensibilidade, do grau de intimidade com suas propriedades e do interesse em pesquisar novos materiais ou novas formas de uso para os já conhecidos. Faz-se, a seguir, a apresentação de alguns materiais e recursos que têm sido usados, suas qualidades e possibilidades de utilização. Recursos corporais Nas oficinas, o corpo deixa de ser o locus do gesto automatizado e dos movimentos rotineiros e inconscientes. A o contrário, as atividades corporais favorecem a sensibilização, conscientização e expressão de modo que a pessoa redescubra e amplie o contato com seu corpo enquanto lugar de sensações de relaxamento e tensão, prazer e desprazer, experiencie gestos, ritmos e movimentos novos ou perceba os já usuais, dando-lhes sentido, o que não só enriquece, mas, sobretudo, traz um sentimento de inteireza e consistência, permitindo modos criativos de abertura para o corpo. Alongamento e várias formas de relaxamento têm sido propostos como preparação para outra atividade; expressão corporal e dança vêm sendo usadas tanto como aquecimento para a expressão plástica, quanto como atividades em si mesmas. Sensibilização sensorial (R e)conhecer as qualidades de uma laranja, de olhos fechados, através do tato, olfato e paladar é um exemplo de sensibilização sensorial. Esse recurso possibilita a abertura de canais de conhecimento do mundo pouco experimentados, criativamente, numa sociedade eminentemente visual. Música Por suas qualidades estéticas e infinitas combinações sonoras, rítmicas e de movimento, a música é uma linguagem que atinge as pessoas sensorial e afetivamente. Ela suscita climas emocionais, diminui a ansiedade, facilita o relaxamento e a expressão livre de julgamentos racionais, solta os movimentos corporais, conduz o gesto e possibilita a fantasia e a imaginação criadoras. A música Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 33 — da étnica ao jazz, da erudita ao new age — é usada para acompanhar as atividades corporais e plásticas, favorecendo a expressão de ritmo, movimento, fantasia e emoção. Recursos plásticos Essencialmente, o uso de recursos plásticos tem como objetivo a concretização material da experiência pessoal. Transformando-a num produto palpável e visível, possibilita que a pessoa a exteriorize e expresse criativamente, de modo a, mais facilmente, apropriar-se dela, não permanecendo na solidão inerente aos processos de contato interior, ao mesmo tempo em que facilita o com partilhar com o grupo, criando condições para a pertença social. No processo de criação e expressão, tais recursos oferecem amplas possibilidades de experienciação, tais como: contato com o belo; flexibilização da crítica; abertura para a imaginação; descoberta do novo; sentimentos de expansão e recolhimento, fluidez ou concentração, de realização. O contexto institucional O exame das dimensões institucionais das oficinas de criatividade inclui, inicialmente, um aspecto essencial: a constituição do grupo de participantes. A singularidade dos grupos pode ser abordada através da diferenciação de duas modalidades: a) grupos institucionais — constituídos, fundamentalmente, por participantes que formam uma equipe de trabalho em instituições de saúde ou educação e b) coletivos formados a partir da divulgação das oficinas num determinado circuito (comunidade, bairro ou mesmo instituição). Na primeira modalidade, é comum e recomendável que as oficinas aconteçam em decorrência da explicitação de uma demanda por parte das equipes. Este caso requer dos oficineiros a discussão e a clarificação desta demanda junto às equipes, bem como o estabelecimento de uma região comum de objetivos e intenções. O processo de clarificação da demanda é de extrema importância, pois dele deriva a avaliação que permite decidir se a oficina de criatividade é a resposta mais adequada para as expectativas do grupo naquele momento, ou se convém buscar algum outro tipo de proposição. Esta clarificação implica, por um lado, o questionamento em torno das motivações, expectativas e objetivos, bem como uma apreensão do grau de integração e estruturação do grupo enquanto equipe de trabalho, por outro, um esclarecimento sobre as oficinas de criatividade que permita visualizar, minimamente, seus objetivos, limites e alcances. Resumo NP2 Humanista– Valdirene Oliveira - 09/08/2022 – Pág. 34 De um modo geral, equipes mais integradas e estruturadas que buscam um aperfeiçoamento profissional e uma melhoria de sua capacidade de promover saúde e educação são mais afeitas às propostas de oficinas de criatividade e tendem, também, a tirar maior proveito do trabalho. Equipes com problemas de relacionamento profissional, enfrentando desagregação e fragmentação, tenderiam a precisar de outros tipos de intervenção que as ajudassem a transpor as dificuldades encontradas na tarefa de se constituírem como equipes. O motivo para este cuidado reside, basicamente, no fato de que nas oficinas o foco não são os conflitos e a angústia que perpassam a ação institucional nas equipes, mas a facilitação do florescimento das potencialidades criativas dos participantes. E claro que o processo criativo — e sua ocorrência num contexto grupal — esbarra no conflito e na angústia, assim como é verdade que a elaboração de conflitos e a sustentação da angústia que permitem a configuração de uma equipe exigem a ativação de potencialidades criativas. Porém, aqui se quer enfatizar que um certo grau de consistência das equipes é condição necessária para a proposição das oficinas porque a “maturidade” do grupo permitirá uma focalização mais direta dos processos criativos.