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Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Grá�co 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
CAMILA COELHO MOREIRA
AUTORIA
Camila Coelho Moreira
Sou formada, pós-graduada e mestre em Direito, com experiência 
técnico-pro昀椀ssional na área. Atualmente sou diretora da área de 
contencioso civil de um escritório de advocacia no qual eu sou sócia na 
cidade de Vitória/ES. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir 
minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas pro昀椀ssões. 
Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase 
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográ昀椀cas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser re昀氀etido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
A Constituição: Conceitos, classi�cações e histórico .................10
Constitucionalismo .......................................................................................................................10
Conceito e classi昀椀cações ......................................................................................................... 13
A Constituição de 1988 ...............................................................................................................16
Princípios constitucionais, direitos e garantias fundamentais . 19
Princípios Constitucionais ........................................................................................................ 19
Direitos e garantias fundamentais ...................................................................................... 21
Organização do Estado: A União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios ............................................................................................... 28
União ...................................................................................................................................................... 30
Estados-membros ..........................................................................................................................32
Municípios .............................................................................................................................................33
Distrito Federal .................................................................................................................................35
A organização e a separação dos poderes na Constituição de 
1988 ....................................................................................................................37
Poder Legislativo ............................................................................................................................ 38
Poder Executivo ............................................................................................................................. 40
Poder Judiciário ................................................................................................................................42
7
UNIDADE
02
Noções de Direito
8
INTRODUÇÃO
O direito é uma área do conhecimento de extrema relevância, a qual 
todos estamos sujeitos até o 昀椀m de nossas vidas. Além de sua importância 
no mercado de trabalho, atos cotidianos, como atravessar a rua, pegar um 
ônibus ou fazer um lanche, estão sujeitos a normas jurídicas que devem 
ser observadas e respeitadas, sob pena de sanções. Meu objetivo nessa 
unidade é proporcionar conhecimentos jurídicos básicos para que você 
possa se destacar como pro昀椀ssional e enfrentar situações do dia a dia que 
envolvam essa temática. Isso signi昀椀ca que, ao longo desta unidade letiva, 
você vai mergulhar neste universo de leis, doutrinas, jurisprudências... 
vamos nessa comigo?
Noções de Direito
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término 
desta etapa de estudos:
1. Explicar o que é o direito e sua relação com a moral e com a justiça. 
2. Explicar sobre as áreas, os ramos e as fontes do direito.
3. Identi昀椀car as espécies normativas e a diferença entre processo e 
procedimento
4. Interpretar a teoria geral do Estado e os regimes políticos.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Noções de Direito
10
A Constituição: Conceitos, classi昀椀cações 
e histórico 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
de que modo se encontra estruturada a nossa atual 
Constituição, fundamentada na evolução histórica do 
constitucionalismo e das classi昀椀cações das constituições 
ao longo dos tempos. Isto será fundamental para que você 
possa aprender os próximos conteúdos, considerando 
ser a Constituição a lei suprema de um Estado. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Constitucionalismo 
Antes de iniciarmos o estudo do Direito Constitucional e seus 
desdobramentos, é interessante que você saiba sobre o Constitucionalismo. 
De昀椀nido por alguns como um movimento social, por outros como 
uma técnica de limitação de poder, trata-se de um meio de limitar poder 
do Estado e assegurar os direitos fundamentais do povo por meio do texto 
Constitucional. 
O constitucionalismo, ao longo da história, é fruto da luta do 
povo contra regimes autoritários que vigoraram desde a Idade Antiga. 
Destacamos aqui que na Antiguidade (século V até a tomada do império 
Romano pelos bárbaros) surge o marco do Constitucionalismo, por meio 
dos hebreus e da limitação imposta aos estados teocráticos da época. 
Já na Idade Média (Século V – Século XV) um grande marco do 
Constitucionalismo foi a Magna Carta de 1215, redigida pelos nobres 
ingleses da época que estabelecia, mesmo diante dos regimes 
monarquistas da época, a proteção de alguns direitos do povo (SILVA, 
2019). A Magna Carta exigia ao Rei João sem Terra os direitos dos barões, 
como eram conhecidos os nobres da época, bem como concedeu à 
Noções de Direito
11
mulheres e crianças o direito de herdar propriedades. Além disso, o 
referido documento conferiu aos barões o direito de declarar guerra ao 
Rei caso ele não cumprisse as disposições presentes no documento. 
Figura 1 – Rei João sem Terra assinando a Magna Carta 
Fonte: Wikimedia
É na Idade Moderna (1453- 1789) que o movimento ganha forças no 
que diz respeito à proteção de direitos individuais da população. Foram 
destaques nessa época o Petition of Rights (1628), o Habeas Corpus Act 
(1679), o Bill of Rights (1689) e o Act of Settlement (1701) (LENZA, 2018).
ACESSE:
O Bill of Rights foi um grande marco para os direitos 
humanos, a partir da Revolução Gloriosa. Para relembrar 
alguns conceitos históricos, sugerimos a leitura do texto a 
seguir, da historiadora Camila Caldas Petroni, disponível aqui. 
Ainda sobrea evolução do constitucionalismo na história, o 
constitucionalismo norte-americano possui grande relevância ao ter 
estabelecido os contratos de colonização, criados pelos peregrinos que, 
Noções de Direito
12
ao chegarem nas terras norte-americanas e não encontrarem nenhum 
poder, 昀椀rmaram contratos de mútuo consenso quanto às regras que 
prevaleceriam naquelas regiões, que mais tarde seriam incorporadas 
pelos chefes de Estado da época, surgindo daí um dos pilares da 
constituição, que consiste em estabelecer e organizar o governo pelos 
próprios governados (SILVA, 2019). 
Por 昀椀m, o constitucionalismo contemporâneo (1789 até os dias 
atuais) é marcado pelas constituições escritas como forma soberana 
de limitação do poder e com o povo como titular desse poder legítimo. 
Os textos constitucionais dessa era marcam um conjunto de direito 
sociais traduzidos em palavras, o que se vê presente na Constituição 
de 1988, período em que prevalece a soberania constitucional, cujo 
constitucionalismo é globalizado, estando presente em quase todos os 
Estados do mundo.
Ainda sob a perspectiva evolutiva, doutrinadores e estudiosos 
da ciência do Direito desenvolveram uma nova relação com o 
constitucionalismo, o denominado neoconstitucionalismo. Estudiosos 
integrantes desse movimento acreditam que o constitucionalismo não 
está relacionado somente à limitação do poder pela constituição de 
um Estado, mas sim com a concretização de direitos fundamentais, de 
modo a acreditar em um caráter mais efetivo do texto constitucional e não 
meramente retórico. São pontos marcantes do neoconstitucionalismo: 
a. Estado Constitucional de Direito – a constituição não é considerada 
somente o conjunto das leis de um Estado, mas sim o centro do 
sistema estatal cujos valores encontram-se ali reunidos, de modo 
que a lei deve ser aplicada e interpretada conforme esses valores.
b. Contexto axiológico – necessidade de se fazer uma leitura moral 
do direito com base nos direitos fundamentais e na dignidade 
humana e de diferenciar as normas a partir da moral. 
Noções de Direito
13
ACESSE:
Para aprender um pouco mais sobre o neoconstitucionalismo, 
sugerimos que você assista esse vídeo: AGU Explica – 
Neoconstitucionalismo, disponível clicando aqui. 
Agora que você já sabe o que é o Constitucionalismo, vamos 
aprender um pouco mais sobre a Constituição? Vem comigo!
Conceito e classi昀椀cações 
Acho que você já percebeu como que estabelecer um conceito no 
que diz respeito às questões jurídicas é algo delicado e com a Constituição 
isso não seria diferente. 
Isso se dá, pois o direito como um todo não é uma ciência exata. 
Trata-se de um fenômeno multifacetado e cada face desse fenômeno 
contribui para uma classi昀椀cação. Feitas essas considerações, traremos 
algumas de昀椀nições do direito sob as perspectivas sociológica, política, 
jurídica e cultural, para que você possa entender bem no que consiste 
esse termo.
Sob a perspectiva social, a Constituição, para ser considerada 
legítima, deve traduzir o poder de um povo. Segundo Lassale apud Lenza, 
a Constituição seria “a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma 
sociedade” (LENZA, 2018, p. 93).
No sentido político, a constituição difere-se de lei constitucional, de 
modo que a Constituição consiste em uma decisão política fundamental, 
na qual se estabelecem a estrutura e órgãos do Estado, os direitos 
individuais de cada um, o regime democrático e as leis constitucionais 
seriam derivadas dessa decisão. 
Quanto à de昀椀nição jurídica da Constituição, pode-se dizer que é um 
dever-ser, uma norma de conduta a ser seguida por todos. A Constituição 
ocupa posição de destaque na soberania das normas, pois sua criação 
não foi sujeita à uma edição do Estado, mas sim como tradução de uma 
vontade popular. 
Noções de Direito
14
No sentido cultural, a constituição é de昀椀nida como o produto dos 
aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e 昀椀losó昀椀cos de um povo, 
que regulam a existência deste e estrutura o Estado. 
Agora que você já aprendeu o que é a constituição, partiremos para 
a classi昀椀cação constitucional sob os seguintes aspectos: origem, forma, 
extensão, elaboração, alterabilidade, sistemática e função. Vamos comigo 
nessa?
A primeira classi昀椀cação que vamos fazer será em relação à origem 
da Constituição, que se divide em outorgada e promulgada. A constituição 
outorgada é autoritária, imposta por um agente revolucionário que 
não é legitimado pelo povo para atuar. Já a constituição promulgada é 
democrática, votada e possui a iniciativa popular, através da Assembleia 
Constituinte, que é eleita pelo povo e em nome dele deve atuar. 
Quanto à forma, a constituição pode ser escrita ou costumeira 
(consuetudinária). Escrita é a constituição formada por um conjunto de 
regras que estão organizadas em um documento único, cujo conteúdo 
estabelece as normas de conduta e organização de um Estado. Já a 
constituição costumeira é aquela contrária à constituição escrita em 
um único texto. Suas previsões encontram-se em textos esparsos que 
são baseados no uso, costumes, jurisprudências e convenções. Ex.: 
constituição da Inglaterra. 
Quanto à extensão, a Constituição pode ser sintética ou analítica. 
Sintética é a constituição que carrega somente os princípios fundamentais 
de um Estado. Esse modelo constitucional tende a ser mais duradouro, 
pois abriga normas mais genéricas que devem nortear as demais normas. 
Além de tenderem a ser mais duradouras, essas constituições também 
costumam ser mais estáveis, uma vez que, por não estabelecer minúcias, 
seu poder de 昀氀exibilização e adaptação a casos concretos.
EXEMPLO: 
Um exemplo de constituição sintética é a dos Estados Unidos da 
América, com sete artigos e vinte e sete emendas constitucionais. A 
constituição original possui, ao todo, cinco páginas.
Noções de Direito
15
 Já as constituições analíticas são aquelas que abordam de 
forma mais completa os assuntos que os constituintes entendem por 
fundamentais, estabelecendo detalhes, procedimentos e buscam 
englobar em si a maior quantidade de situações possíveis. 
Quanto à forma de elaboração, as constituições dividem-se em 
dogmáticas ou históricas. Dogmáticas são aquelas que são sempre 
escritas e re昀氀etem os dogmas estruturais do Estado, elaboradas de uma 
só vez, através da Assembleia Constituinte. Já as históricas são aquelas 
que são formadas de forma lenta e contínua, ao longo do passar do 
tempo, considerando as histórias e as tradições de um povo. 
As constituições quanto à alterabilidade classi昀椀cam-se em rígidas, 
昀氀exíveis ou semi昀氀exíveis. A alterabilidade consiste na possibilidade de 
alteração de seu texto, de seu conteúdo. As constituições classi昀椀cadas 
como rígidas são aquelas que exigem um processo legislativo mais 
complexo e solene em relação à alteração das demais normas. Já as 
昀氀exíveis são aquelas que ao contrário das rígidas, não possuem um 
processo legislativo rigoroso para sua alteração em relação às normas 
infraconstitucionais. É considerada semi昀氀exível a constituição que une as 
características das duas classi昀椀cações anteriores, pois sua rigidez varia de 
acordo com o tema a ser abordado. 
Além dessas classi昀椀cações, também existem as constituições que 
são imutáveis, ou seja, que pretendem ser eternas. 
VOCÊ SABIA?
A nossa atual Constituição é considerada rígida. Tal 
determinação encontra-se em seu artigo 60, que estabelece 
um quórum especí昀椀co para sua votação, 3/5 de cada casa 
do Congresso, além de exigir dois turnos de votação para 
aprovação de qualquer Emenda Constitucional. 
Quanto à sistemática, as constituições podem ser reduzidas ou 
variadas. Reduzidas são aquelas que se materializam em um só código, 
enquanto as variadas estão espalhadas em vários textos e documentos. 
Noções de Direito
16
Em relação à função, ela pode se dividir em provisórias ou de昀椀nitivas. 
Provisórias dizem respeitoao período em que a constituição está sendo 
elaborada e encontra-se sujeita a modi昀椀cações, enquanto a constituição 
de昀椀nitiva é de昀椀nida como aquela que possui uma duração inde昀椀nida. 
Agora que você já aprendeu que existem diversas formas de 
constituição, que tal aprendermos um pouco mais sobre a nossa querida 
Constituição que se encontra em vigor no Brasil? 
A Constituição de 1988
A partir da classi昀椀cação que acabamos de aprender, a Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) pode ser classi昀椀cada 
como promulgada, escrita, analítica, dogmática, rígida, reduzida, eclética 
e de昀椀nitiva. 
A CRFB/88 é fruto da evolução histórica do Brasil, sendo a sétima 
Constituição da história do país. Denominada por Ulysses Guimarães 
como constituição cidadã, um ponto marcante foi a grande participação 
popular durante sua elaboração. A Assembleia Constituinte, que deu 
origem à nossa querida Constituição, foi integrada por 559 pessoas, teve 
duração de dezenove meses e foi promulgada com 245 artigos, sendo 
considerada uma das Constituições mais extensas da história. 
ACESSE:
Para entender um pouco mais sobre o que foi a assembleia 
constituinte, acesse este link.
Uma das principais inovações trazidas foi o sistema presidencialista, 
com eleição direta em dois turnos, a assistência social, a viabilização 
das Medidas Provisórias, o direito de voto universal, internacionalismo 
estatal e nacionalismo econômico e a ampla gama de garantias e direitos 
fundamentais (PAULO; ALEXANDRINO, 2018). 
Como um todo, uma das características da Constituição de 1988 são 
seus aspectos democráticos e liberais, que se destacaram principalmente 
Noções de Direito
17
pelo fato de que a Constituição fora promulgada após um período 
marcante da história do Brasil, o Golpe Militar de 1964, em que vários dos 
direitos e deveres dos cidadãos foram suprimidos pela força do Estado. 
Tais características estão presentes na forma de governo escolhida, 
que é a república e no sistema presidencialista e a forma de Federação do 
Estado, na instituição da capital Brasília, da inexistência de religião o昀椀cial, 
na organização dos poderes e na declaração dos direitos. 
Atualmente a Constituição conta com nove títulos: princípios 
fundamentais, direitos e garantias fundamentais, organização do Estado, 
organização dos poderes, defesa do Estado e instituições democráticas, 
tributação e orçamento, da ordem econômica e 昀椀nanceira, da ordem social 
e das disposições constitucionais gerais. Ao todo, integram a Constituição 
250 (duzentos e cinquenta) artigos. 
Figura 2 – Constituição de 1988
Fonte: Wikipedia. 
Até o mês de dezembro de 2019 foram acrescentadas 112 (cento 
e doze) emendas, sendo que 104 (cento e quatro) foram emendas 
constitucionais ordinárias, 6 (seis) emendas constitucionais de revisão e 2 
(dois) tratados internacionais. 
Noções de Direito
18
SAIBA MAIS:
Que tal se aprofundar nesse tema? Acesse a Constituição 
e veja tudo o que comentamos neste capítulo. O conteúdo 
encontra-se disponível clicando aqui. 
RESUMINDO:
E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você iniciou 
esse capítulo aprendendo o que o constitucionalismo 
é porque ele é classi昀椀cado por uns como um momento 
social e por outros como uma técnica de limitação de 
poder. Aprendemos sobre a origem do Constitucionalismo, 
como fruto da luta do povo contra as desigualdades que se 
iniciou desde a Idade Média, passando pela Idade Moderna, 
o exemplo do Constitucionalismo Norte-americano até 
chegarmos no Constitucionalismo Contemporâneo e o 
Neoconstitucionalismo. Aprendemos também o conceito 
de constituição sob as perspectivas social, política, jurídica 
e cultural, além das classi昀椀cações quanto à origem, forma, 
extensão, elaboração, alterabilidade, sistemática e função. 
Por 昀椀m, você pode conhecer um pouco mais sobre a nossa 
atual (e querida) Constituição de 1988 e um pouco do seu 
conteúdo dissolvido em seus nove títulos e duzentos e 
cinquenta artigos, que aprenderemos um pouco mais 
sobre eles a seguir. Vamos continuar nessa jornada incrível 
em busca do conhecimento junto comigo? 
Noções de Direito
19
Princípios constitucionais, direitos e 
garantias fundamentais 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você conhecerá os direitos e 
garantias fundamentais presentes na Constituição. Isto 
será fundamental para o seu aprendizado nessa disciplina. 
E então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá. Avante!
Princípios Constitucionais 
Os princípios consistem em uma espécie de norma jurídica e 
servem como apoio ao operador do direito no sentido de nortear a 
interpretação da regra, bem como de limite para o poder do jurista. Os 
princípios constitucionais encontram-se elencados nos artigos 1º ao 4º da 
Constituição. 
Os princípios fundamentais são aqueles que estão presentes no 
artigo 1º da CRFB/88, que consistem nos fundamentos da República 
Federativa do Brasil. São eles a soberania, a cidadania, a dignidade da 
pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o 
pluralismo político. 
Entre os princípios acima elencados, destacamos o da dignidade 
da pessoa humana, muito utilizado para a argumentação, implementação 
e efetivação de políticas públicas que visem a salvaguarda dos direitos 
humanos. O princípio da dignidade da pessoa humana consiste em 
resguardar de forma intrínseca a cada ser o humano seu respeito e a 
consideração do Estado e da sociedade em relação à personalidade de 
cada indivíduo, no 昀椀m de reconhecer cada indivíduo como sujeito de 
direitos e deveres fundamentais atribuídos pelo Estado, sem distinção de 
qualquer natureza. 
Noções de Direito
20
Além disso, o mesmo artigo elenca, em seu parágrafo único, o 
seu caráter democrático, o que chamamos de Estado Democrático 
de Direito, ao aduzir que “todo o poder emana do povo, que o exerce 
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta 
Constituição” (BRASIL, 1988).
Seguindo o texto Constitucional, no artigo 2º da Carta Magna 
encontra-se a tripartição dos poderes “são Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário” (BRASIL, 1988).
Integrando os princípios constitucionais, o artigo 3º da Carta Magna 
elenca os objetivos da República Federativa do Brasil, que são eles: 
construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento 
nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação 
(BRASIL, 1988). 
Por 昀椀m, sob a ótica principiológica, o artigo 4º da Carta Magna 
elenca os princípios que regem as relações internacionais do Brasil, 
sendo elas: independência nacional; prevalência dos direitos humanos; 
autodeterminação dos povos; não intervenção; igualdade entre os Estados; 
defesa da paz; solução pací昀椀ca dos con昀氀itos; repúdio ao terrorismo e ao 
racismo; cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e 
concessão de asilo político. Vale ressaltar que muitos desses princípios 
são fruto de tratados e convenções coletivas assinados pelo Brasil. 
Noções de Direito
21
Figura 3 – Princípios básicos das relações internacionais do Brasil 
Fonte: Freepik
VOCÊ SABIA?
Que existem temas que jamais poderão ser alterados na 
Constituição? Dispostos no art. 60 §4 e denominados de 
cláusulas pétreas, são eles: a forma federativa de Estado, o 
voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos 
Poderes e os direitos e garantias individuais.
Direitos e garantias fundamentais
Os direitos e garantias fundamentais do indivíduo são classi昀椀cados 
pela doutrina conforme sua geração ou dimensão. A primeira ideia de 
direitos e garantias fundamentaissurgiram na Europa, no século XVIII, 
com a passagem do estado autoritário para o estado de direito. 
Marcada pela Revolução Industrial e Independência dos Estados 
Unidos, a primeira dimensão de direitos a ser protegida foi a liberdade do 
indivíduo voltada para proteção de direitos políticos e civis. Esses direitos 
só puderam ser conquistados a partir de uma abstenção do Estado, no 
sentido de não mais exercer um controle sobre os indivíduos e permitir 
Noções de Direito
22
que, através da liberdade de expressão, questionassem ou discordassem 
da forma de governo (ALEXY, 2008). 
EXEMPLOS: 
São marcos dessa geração a Magna Carta de 1215 assinada pelo Rei 
João Sem Terra, a Paz de Westfalia, o Habeas Corpus Act, o Bill of 
Rights e as Declarações de Direito Americana (1776) e Francesa (1789).
 
Figura 4 – Revolução Industrial e os direitos da primeira dimensão 
 
Fonte: Pixabay
A segunda dimensão dos direitos humanos é marcada pela 
igualdade, por meio da 昀椀xação dos direitos sociais, culturais, econômicos 
e coletivos. Essa fase surge após a Primeira Guerra Mundial, quando 
ocorre uma concepção mundial de Estado de Bem-Estar Social. Essa 
segunda dimensão de direitos impõe ao Estado obrigações que devem 
ser materializadas por meio das normas constitucionais no sentido de 
assegurar aos indivíduos, sob a tutela do Estado, apoio econômico por 
meio dos setores públicos. 
Noções de Direito
23
VOCÊ SABIA?
No Brasil, os direitos sociais característicos da segunda 
dimensão aparecem no artigo 6º da Constituição e são 
eles: “a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência 
aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 
1988, art. 6).
A terceira dimensão dos direitos fundamentais é marcada pela 
alteração da sociedade internacional, pelo desenvolvimento da tecnologia 
e da ciência e pela mudança das relações econômico-sociais, marcadas 
pela desigualdade, consumo, mudanças climáticas e aquecimento global. 
A terceira fase é marcada pelas novas preocupações e problemas 
que surgiram a partir do crescimento das cidades e da globalização, 
como, por exemplo, a preservação ambiental e a proteção do direito 
do consumidor. Nesse sentido, essa fase diz respeito à fraternidade 
e se traduz por meio dos direitos ao desenvolvimento, à paz, ao meio 
ambiente, a propriedade (na ideia de patrimônio comum da humanidade) 
e na comunicação (LENZA, 2018; ALEXY 2008). 
Figura 5 – Terceira dimensão dos direitos humanos: fraternidade
Fonte: Pixabay
Noções de Direito
24
Há ainda quem acredite que existem direitos de quarta geração, 
mas isso ainda não representa a grande maioria da doutrina. Para quem 
acredita nos direitos fundamentais da quarta geração, eles seriam 
direitos relacionados à bioética e informática, visando proteger assuntos 
relacionados a suicídio, aborto, eutanásia, transexualidade, reprodução 
arti昀椀cial e manipulação de DNA – no campo da bioética – e a proteção 
de dados, direitos relacionado à comunicação, privacidade, propriedade 
intelectual e industrial – no campo da informática. 
Os direitos fundamentais não se confundem com as garantias 
fundamentais. Apesar de ambos os conceitos estarem relacionados, os 
direitos fundamentais consistem em bens e vantagens presentes nas 
normas constitucionais na medida que as garantias fundamentais dizem 
respeito à proteção desses direitos ou formas de reparação quando da 
violação de um direito (LENZA, 2018).
Não há o que se confundir, porém, garantias fundamentais com 
remédios constitucionais. Os remédios constitucionais consistem em 
uma espécie do gênero garantias, mas, para além dos remédios, as 
garantias podem estar presentes na mesma norma que assegura o direito 
(LENZA, 2018). 
Os remédios constitucionais são os mecanismos garantidos pela 
própria Constituição para serem utilizados nos casos em que o Estado 
não cumpre na sua função de salvaguardar os direitos fundamentais do 
cidadão. São espécies de remédios constitucionais o Habeas corpus, 
Habeas data, o Mandado de Segurança, o Mandado de Injunção e a Ação 
Popular.
O Habeas corpus, apesar do nome em latim, possui origem na 
Inglaterra e pode ser utilizado por qualquer pessoa para garantir seu 
direito de liberdade e locomoção, com o 昀椀m de evitar qualquer tipo de 
prisão ilegal ou arbitrária e abuso de poder. 
Noções de Direito
25
Figura 6 – Habeas corpus e o direito de liberdade
Fonte: Pixabay
O Habeas data, por sua vez, consiste em um remédio constitucional 
que garante ao cidadão o direito de acesso a informações pessoas, bem 
como a reti昀椀cação, ou seja, a alteração de seus dados. O Habeas corpus 
tem base no direito constitucional à inviolabilidade do sigilo de dados, 
presente no artigo 5º inciso XII da Constituição Federal. 
O Mandado de Segurança consiste em uma espécie de remédio 
constitucional que visa resguardar direito líquido e certo de alguém, 
violado pelo Estado. Um exemplo de aplicação do Mandado de Segurança 
é nos casos de concurso público, no qual são previstas cinco vagas e o 
ocupante de quarta vaga não é chamado, por razão única e arbitrária do 
Estado. Nesse sentido, considerando o direito líquido e certo do cidadão 
de ser nomeado, caberá apelar para o remédio constitucional do Mandado 
de Segurança. 
O Mandado de Injunção consiste no remédio constitucional utilizado 
nos casos em que há necessidade de que o Poder Judiciário leve ao Poder 
Legislativo a ciência sobre a ausência de norma regulamentadora sobre 
determinado tema capaz de inviabilizar o exercício dos direitos e garantias 
fundamentais previstos na Constituição. 
Por 昀椀m, a Ação Popular consiste em uma espécie de remédio 
constitucional que garante ao cidadão o poder de 昀椀scalização de um bem 
comum do povo. 
Noções de Direito
26
Além dos direitos fundamentais, é importante que você saiba que 
existem deveres fundamentais, pois muitas vezes o direito de alguém 
depende do dever do outro e, nessa estrutura, os deveres fundamentais 
são oponíveis ao Estado e aos indivíduos. Entre esses deveres, destacam-
se o dever de realizar os direitos pelo Estado, do Estado indenizar o 
indivíduo por erro do judiciário, o serviço militar obrigatório, entre outros. 
Nesse momento é comum que você esteja se perguntando: quem 
faz jus a esses direitos e garantias fundamentais? Qualquer pessoa? 
Mesmo quem cometeu um crime? E quem não mora no Brasil? 
Para responder sua pergunta, usaremos o que se encontra tipi昀椀cado 
no artigo 5º caput da Constituição, que diz que “todos são iguais perante 
a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Desse modo, independente de 
classe social, religião, sexo ou do comportamento moral, todos devem ter 
seus direitos e suas garantias asseguradas (BRASIL, 1988). 
Ainda no artigo 5º, o legislador vai além e no próprio texto 
constitucional elenca espécies de direitos invioláveis “garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (BRASIL, 
1988). 
Em síntese, com base na CRFB/88, podemos classi昀椀car os direitos 
fundamentais em cinco grupos: direitos individuais (art. 5º); direitos coletivos 
(art. 5º); direitos sociais (arts. 6º e 193 e ss.); direitos à nacionalidade (art. 12) 
e direitos políticos (arts. 14 a 17). 
Ainda sobre o artigo 5º da Constituição, ele divide-se em setenta e 
oito incisos, o que não nos permite aqui citar um por um, mas destacam-
se a igualdade entre homens e mulheres; a vedação da tortura; a livre 
manifestação do pensamento e expressão; a liberdade religiosa; o acesso 
à informação; a função social da propriedade; a defesa do consumidor; o 
acesso à justiça; a irretroatividade das decisões; a presunção de inocência; 
a proibição de penas cruéis e penas de morte; a integridade física e moraldos presos; a assistência social do Estado; a gratuidade da justiça para os 
pobres na forma da lei (BRASIL, 1988). 
Noções de Direito
27
SAIBA MAIS:
Para aprender um pouco mais sobre a dignidade da pessoa 
humana, sugerimos o vídeo que traz a fala do Ministro Luiz Fux, 
durante uma sessão, disponível aqui. 
Caso deseje aprender um pouco mais sobre os remédios 
constitucionais, sugerimos que você assista um vídeo sobre 
esse tema, disponibilizado pelo portal da Advocacia Geral da 
União, disponível aqui. 
Após o acesso desses materiais, caso você se interesse muito 
sobre esses assuntos, sugiro que você leia um pouco mais 
sobre o ativismo judicial, você sabe o que é? Acesse o artigo a 
seguir para entender um pouco mais. BARROSO, Luís Roberto. 
Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática, 
disponível aqui. 
RESUMINDO:
E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você iniciou 
esse capítulo aprendendo que os princípios constitucionais são 
normas jurídicas e servem como apoio na interpretação das leis. 
Além disso, vimos que os princípios da Constituição de 1988 
encontram-se tipi昀椀cados no artigo 1º e são eles a soberania, 
a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. 
Aprendemos também que o Brasil é um Estado Democrático 
de Direito pois o poder emana do povo. Além disso, vimos que 
os objetivos da república se encontram tipi昀椀cados no artigo 3o 
e no artigo 4o aprendemos sobre os princípios que regem as 
relações internacionais do Brasil. Juntos, vimos nesse capítulo 
o que são os direitos e garantias fundamentais, bem como 
acompanhamos o desenvolvimento dos direitos de primeira, 
segunda e terceira geração, além de comentarmos sobre 
uma quarta dimensão dos direitos humanos citada por alguns 
doutrinadores. Tivemos ainda a possibilidade de conhecer o 
artigo 5o da Constituição, um dos artigos mais importantes em 
vigor hoje no Brasil.
Noções de Direito
28
Organização do Estado: A União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você entenderá como o Estado 
se organiza, bem como terá a oportunidade de conhecer 
um pouco mais sobre os entes federativos que compõem 
a República Federativa do Brasil. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
São componentes constitutivos de um Estado a soberania, o 
povo e o território, sendo que a soberania consiste em um poder único 
concentrado, o povo, que representa sua politicidade, e o território, que 
consiste na área limitada de atuação desse Estado. 
No Brasil, tais requisitos encontram-se presentes na própria 
Constituição, além da organização e estrutura da forma de Estado, que 
analisaremos a partir de três perspectivas, a forma de Governo, o sistema 
de Governo e a forma de Estado. A forma de Governo que vigora no Brasil 
é a república, o sistema de governo é o presidencialismo e a forma de 
Estado é a Federação. 
A previsão da forma federativa de Estado pela CRFB/88 encontra-
se prevista no artigo 1º, “A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito” (BRASIL, 1988). Nesse sentido, 
podemos concluir que são componentes da República Federativa do 
Brasil a União, os Estados e o Distrito Federal e Territórios. 
Além de determinar os componentes do Estado, o artigo 1º da Carta 
Magna traz, em seus incisos, os fundamentos da República, que são eles: 
a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais 
do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político (BRASIL, 1988). 
O texto constitucional, de forma muito acertada, ocupou-se de 
estabelecer objetivos fundamentais a serem perseguidos pela República 
Noções de Direito
29
Federativa do Brasil. Tais objetivos não devem ser confundidos com os 
fundamentos, pois os fundamentos fazem parte do Estado, enquanto os 
objetivos consistem um algo a ser perseguido, alcançado. São objetivos 
da República Federativa do Brasil: construir uma sociedade livre, justa e 
solidária, garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a 
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover 
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação (BRASIL, 1998).
A Constituição prevê ainda que o idioma o昀椀cial do Brasil é a Língua 
Portuguesa, mas permite a utilização de línguas maternas indígenas no 
processo de aprendizagem dessas comunidades (art. 13, caput, c/c art. 
210 CRFB/88). Os símbolos da república são a bandeira, o hino, as armas 
e os selos nacionais e há previsão constitucional para que os estados, 
distrito e municípios tenham seus próprios símbolos. 
VOCÊ SABIA?
Os símbolos brasileiros são tão importantes que existe 
uma contravenção penal para quem violá-los, bem como 
constitui infração aos militares que o 昀椀zerem, por força do 
artigo 161 do Código Penal Militar.
O artigo 18 §1º da CRFB/88 estabelece que Brasília é a capital federal 
do Brasil e o artigo 19 também da Constituição estabelece vedações, ou 
seja, proibições aos integrantes da República. Segundo esse artigo, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-
los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com 
eles ou seus representantes relações de dependência 
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de 
interesse público;
II – recusar fé aos documentos públicos;
III – criar distinções entre brasileiros ou preferências entre 
si (BRASIL, 1988).
Noções de Direito
30
É importante destacarmos que a Constituição não estabelece 
qualquer hierarquia entre os entes federativos, de modo que todos são 
autônomos e regidos pela Carta Magna. A repartição da competência de 
cada ente encontra-se tipi昀椀cada no capítulo II da Constituição, entre os 
artigos 22 e 24. A seguir, trataremos de forma mais individualizada sobre 
cada integrante da República bem como suas funções. 
União 
Os estados-membros reunidos compõem a Federação. Esse 
conjunto é denominado de União Federal. A União, portanto, consiste na 
união federativa de partes do Estado (os estados-membros), por meio do 
pacto federativo. Tal conceito não deve ser confundido com o conceito 
de República Federativa do Brasil, que é formada pelo conjunto da União, 
Estados-membros, Distritos e Municípios. 
IMPORTANTE:
A República Federativa do Brasil possui soberania no plano 
internacional, conforme previsão do art. 1º, I da Constituição, 
porém os entes federativos são autônomos entre si, 
respeitada a competência de cada um determinada pela 
Carta Magna. 
A União possui dupla personalidade, uma vez que suas funções 
internas e externas se distinguem. Internamente podemos classi昀椀car a 
União como pessoa jurídica de direito público interno autônoma, capaz 
de se auto organizar, autogovernar, auto legislar e auto administrar, de 
modo que a União internamente possui autonomia 昀椀nanceira, jurídica e 
administrativa (LENZA, 2018). 
Já externamente, ou seja, internacionalmente, a União representa a 
República Federativa perante os outros Estados do mundo, representado 
o Brasil como um todo. Dessa forma, a União pode, ao mesmo tempo, agir 
para si em prol de si mesma e em nome de toda a República. 
Noções de Direito
31
A Constituição estabelece, em seu conteúdo, a competência 
legislativa e não legislativa de cada ente federativo ao longo de seus 
artigos. Quanto à União, as competências extralegislativas estão 
relacionadas com as funções governamentais, que podem ser exclusivas 
ou compartilhadas com outros entes federativos, que é o que chamamos 
de competências concorrentes. 
As competênciasexclusivas da União encontram-se tipi昀椀cadas no 
artigo 21 da CRFB/88 e as competências concorrentes encontram-se 
tipi昀椀cadas no artigo 23 também do texto constitucional. 
Sobre a competência concorrente, ressaltamos que se a Federação 
é a união dos entes federativos, cabe a eles colaborarem e agirem entre 
si para alcançar os objetivos da República. 
Quanto às competências concorrentes, ressaltamos algumas delas 
como a proteção das paisagens naturais, proteção do meio ambiente, 
combate à poluição e preservação das 昀氀orestas, fauna e 昀氀ora. 
ACESSE:
Para conhecer os assuntos de competência privativa da 
União, acesse o conteúdo do artigo 21 por meio deste link. 
Quanto à competência legislativa da União, ela também se divide 
em privativa e concorrente. As competências privativas estão descritas 
no artigo 22 da Constituição. O parágrafo primeiro do mesmo dispositivo 
legal permite que a União, por meio de Lei Complementar, autorize os 
Estados-membros legislarem sobre questões especí昀椀cas.
Já em relação à competência legislativa concorrente, encontra-
se especi昀椀cada no artigo 24 da Constituição Federal. É importante 
ressaltarmos que, nesse caso, cabe à União estabelecer normas gerais 
e a cada estado-membro legislar de acordo com suas particularidades. 
Noções de Direito
32
IMPORTANTE:
Caso a União seja inerte e não dite normas gerais sobre 
determinado assunto de sua competência, poderá o estado 
fazê-la. Se, porém, a União crie essas normas gerais, a lei 
elaborada pelo Estado terá sua e昀椀cácia suspensa no que 
for contrária à Lei Federal.
Estados-membros
Os Estados-membros federados constituem pessoa jurídica de 
direito público autônoma, com capacidade de autogestão, autogoverno 
e autoadministração interna. Os estados-membros deverão se organizar e 
serem regidos pelas leis e constituições que adotarem, dentro da permissão 
constitucional. Atualmente o Brasil possui 26 (vinte e seis) estados. 
De um modo geral, os estados contarão com um poder legislativo, 
por meio das Assembleias Legislativas, um poder executivo, por meio do 
Governador do estado e com um poder Judiciário, por meio dos Tribunais 
e juízes. 
Assim como a União, os estados possuem competências legislativas 
e não legislativas. As competências não legislativas podem ser comuns 
aos quatro entes ou residuais, ou seja, de competência somente dos 
estados-membro.
Já a competência legislativa dos estados divide-se em expressa, 
residual, delegada pela União, concorrente e suplementar. Expressa 
é a competência legislativa que a Constituição estabelece que seja do 
estado, sendo as constantes do artigo 25 da Constituição. A competência 
legislativa residual é aquela que não é de competência nem da União e 
nem dos Municípios, de modo que resta aos estados-membros legislar 
sobre elas. 
Quanto à competência legislativa concorrente ocorre nos casos em 
que cabe à União legislar sobre as normas gerais e aos estados redigirem 
normas especí昀椀cas. A competência suplementar, por sua vez, ocorre nos 
Noções de Direito
33
casos em que cabe à União legislar sobre determinado assunto e ela se 
mostra inerte, cabendo aos estados suplementarem a lacuna deixada 
pela União. 
Ainda sobre a competência legislativa dos estados-membros, 
é importante mencionar as regiões metropolitanas. As regiões 
metropolitanas consistem em um conjunto de municípios distintos que 
possuem uma continuidade urbana em torno de um município polo. A 
Constituição determina ser de competência dos Estados a instituição 
das regiões metropolitanas, por meio de lei complementar que deve ser 
aprovada pela Assembleia Legislativa (art. 25§3º da CRFB/88). 
VOCÊ SABIA?
Vitória, capital do Espírito Santo, é um município polo 
integrante da Região Metropolitana da Grande Vitória, 
juntamente com os municípios de Cariacica, Serra, Vila 
Velha, Fundão, Guarapari e Viana. 
Municípios
Os municípios constituem entes federativos classi昀椀cados como 
pessoas jurídicas de direito público, com autonomia interna. Antes da 
promulgação da Constituição de 1988, muito se questionava se os 
municípios poderiam ser considerados ou não entes federados, mas tal 
controvérsia restou esclarecida pelo conteúdo dos artigos constitucionais 
que garantem a autonomia desses entes. 
Os municípios, ao contrário da União e dos Estados-membros, 
não possuem Constituição própria, mas organizam-se por meio de 
suas Leis-orgânicas, que exercem basicamente a mesma função. Tal lei 
deve ser aprovada em dois turnos por dois terços da Câmara Municipal 
e devem seguir as regras estabelecidas no artigo 29 da Constituição, 
especi昀椀camente dos incisos I a XIV. O município é administrado pelos 
Prefeitos e Vice-Prefeitos e Vereadores. 
Noções de Direito
34
Atualmente no Brasil existem 5.470 (cinco mil quatrocentos e 
setenta) municípios, divididos nos 26 estados. A competência legislativa 
dos municípios segue a mesma ordem dos demais entes federativos, 
dividindo-se em não legislativas e legislativas. 
As competências não legislativas dividem-se em comum e 
privativa. As competências não legislativas comuns são aquelas que 
são concorrentes, compartilhadas com os demais entes federativos 
e encontram-se previstas no artigo 23 da Constituição Federal. Já as 
competências não legislativas privativas estão previstas no artigo 30 do 
Texto Constitucional e são elas: 
I – legislar sobre assuntos de interesse local;
II – suplementar a legislação federal e a estadual no que 
couber;
III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência, 
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da 
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes 
nos prazos 昀椀xados em lei;
IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a 
legislação estadual;
V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de 
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse 
local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter 
essencial;
VI – manter, com a cooperação técnica e 昀椀nanceira da 
União e do Estado, programas de educação pré-escolar e 
de ensino fundamental;
VI – manter, com a cooperação técnica e 昀椀nanceira da 
União e do Estado, programas de educação infantil e 
de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006)
VII – prestar, com a cooperação técnica e 昀椀nanceira da 
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da 
população;
VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento 
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do 
parcelamento e da ocupação do solo urbano;
Noções de Direito
35
IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural 
local, observada a legislação e a ação 昀椀scalizadora federal 
e estadual. (BRASIL, 1988)
Distrito Federal 
O Distrito Federal, antes de receber essa classi昀椀cação, era 
denominado de Município Neutro, capital da União, cuja sede 昀椀cava 
localizada no Rio de Janeiro. Com a entrada em vigor da Constituição 
de 1988, o Distrito Federal passou a ser em Brasília, deixando de ser 
uma autarquia do governo e tornando-se um ente federativo com 
personalidade jurídica de direito público. 
O Distrito Federal foi construído no Centro-Oeste brasileiro com a 
昀椀nalidade de ocupar as terras despovoadas daquela região. Brasília foi 
construída em 41 meses, durante o governo de Juscelino Kubitsheck. A 
capital federal foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960. 
Atualmente o Distrito Federal é uma unidade federativa autônoma, 
com capacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e 
auto legislação, assim como os demais entes federativos.
O artigo 32, caput da Constituição, veda a divisão do Distrito Federal 
em municípios, ao contrário do que acontece com os Estados-membros 
e territórios, de modo que o Distrito Federal é dividido em 31 (trinta e 
uma) microrregiões administrativas. O mesmo dispositivo constitucional, 
em seu parágrafo 4º, declara não existir polícia civil, militare corpo de 
bombeiros pertencentes ao Distrito Federal, pois tais instituições, embora 
subordinadas ao Governador Distrital, são organizadas e mantidas pela 
União. O mesmo se aplica ao Poder Judiciário, Ministério Público e 
Defensoria Pública. 
A competência do Distrito Federal divide-se em não legislativa 
e legislativa. Na categoria não legislativa, ao contrário dos demais 
entes, o Distrito Federal possui somente a competência comum, ou 
seja, compartilhada com os demais entes federativos. Já em relação 
às competências legislativas, essas se dividem em expressa, residual, 
delegada, concorrente e suplementar, assim como as dos municípios e 
estados. 
Noções de Direito
36
Um dos símbolos de Brasília é a praça dos três poderes, sendo esse 
inclusive o assunto do nosso próximo capítulo! Continua aqui comigo!
SAIBA MAIS:
Que tal se aprofundar nesse tema? Acesse o vídeo a seguir 
e con昀椀ra uma explicação sobre o assunto abordado nesse 
capítulo. O conteúdo encontra-se disponível aqui. 
RESUMINDO:
E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema de 
estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você iniciou esse capítulo aprendendo conhecendo os 
entes federativos que compõem a República Federativa do 
Brasil. Começamos entendendo em que consiste o pacto 
federativo e os objetivos da República Federativa do Brasil, 
que são construir uma sociedade livre, justa e solidária, 
garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza 
e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação. Além disso, aprendemos sobre a língua 
o昀椀cial, os símbolos, bandeira e armas do Brasil previstos no 
texto constitucional. Conhecemos também os três entes 
federativos mais a fundo, a União, os Estados e o Distrito 
Federal, suas competências legislativas e não legislativas e 
sua autonomia perante os demais entes.
Noções de Direito
37
A organização e a separação dos poderes 
na Constituição de 1988
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você aprenderá sobre a 
organização e separação dos poderes, incluindo a 
organização e 昀椀nalidade dos poderes Legislativo, Executivo 
e Judiciário dentro da estrutura do Estado. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Proposta por Montesquieu, a denominada teoria da tripartição dos 
poderes, ou como utilizada por alguns autores como tripartição de órgãos, 
consiste na separação das funções executivas, legislativas e judiciárias de 
um Estado. 
Essa separação tem o objetivo de impor uma colaboração e bom 
senso entre os órgãos na tomada de decisões, estabelecendo mecanismos 
de 昀椀scalização e responsabilidade recíprocas, de uns para com os outros, 
a partir do sistema de freios e contrapesos. De forma ilustrada, funcionaria 
como se todos os poderes estivessem sob uma balança e devessem 
juntos buscar o equilíbrio. 
As funções exercidas pelos órgãos, via de regra, funcionam da 
seguinte forma: 
a. Função legislativa – está relacionada com a edição de leis. 
b. Função executiva – está relacionada com a execução das leis 
editadas pelo legislativo.
c. Função jurisdicional – relacionada à aplicação das leis ao caso 
concreto. 
Nesse sentido, quero que você tenha em mente que ao mesmo 
tempo que esses três poderes possuem funções típicas, eles possuem 
funções atípicas. As funções típicas são aquelas que são inerentes a 
própria função, de modo que cabe ao legislativo, legislar; ao executivo, 
Noções de Direito
38
executar; e ao judiciário, julgar. Já as funções atípicas são aquelas que 
não são inerentes a sua função, mas que são exercidas dentro de suas 
atribuições.
EXPLICANDO MELHOR:
É atividade típica do judiciário a função jurisdicional, ou 
seja, julgar. Ocorre que cabe ao judiciário, como atividade 
atípica, legislar sobre o regimento interno dos tribunais (art. 
96, I, “a” da CRFB/88). 
Apesar desse sistema ser chamado de tripartição dos poderes, é 
importante que você tenha em mente que tais poderes são indivisíveis, 
indelegáveis e unos. 
Portanto, mesmo que no exercício de suas funções atípicas, 
um poder jamais poderá interferir ou substituir o outro sem que 
haja uma determinação constitucional que permita, sob pena de 
inconstitucionalidade. 
EXEMPLO: 
O Presidente da República não pode criar uma lei ordinária (que 
é atribuição do legislativo), pois a única função atípica que lhe é 
permitida é a criação de Medidas Provisórias (art. 62 da CRFB/88).
Bom, agora que você já sabe em que consiste a tripartição dos 
poderes, que tal conhecer cada um deles mais de perto? Vamos nessa?
Poder Legislativo
Até esse ponto, você aprendeu que o Poder Legislativo é o 
responsável pela elaboração das leis, mas a partir de agora veremos que 
não somente por isso. 
A primeira coisa que é importante que você saiba é que o Legislativo 
está presente em todas as esferas, ou seja, no âmbito federal, estadual, 
municipal e distrital. 
Noções de Direito
39
No Brasil, atualmente, vigora o bicameralismo federativo 
somente no âmbito federal, ou seja, nessa esfera federativa existem 
duas casas, a Câmara e o Senado, de modo que a primeira é formada 
pelos representantes eleitos pelo povo (deputados) e a segunda pelos 
representantes dos estados-membros e Distrito Federal (senadores), de 
modo que juntas integram o Congresso Nacional. Já no âmbito estadual, 
municipal e distrital vigora o unicameralismo, ou seja, o Poder Legislativo 
é composto por uma única casa. 
O poder legislativo estadual é composto pela Assembleia 
Legislativa, integrada pelos Deputados Estaduais. O mandato dos 
Deputados Estaduais é de 4 (quatro) anos e a quantidade de deputados 
corresponderá ao triplo da representação de Deputados Estaduais na 
Câmara. 
O poder legislativo municipal, por sua vez, é composto pela Câmara 
Municipal, integrada pelos Vereadores. A quantidade de vereadores é 
proporcional ao quantitativo populacional do estado e o mandato dos 
vereadores é de 4 (quatro) anos. A competência legislativa dos vereadores 
municipais é residual, ou seja, via de regra cabe à Câmara Municipal 
legislar sobre o que não é de competência federal ou estadual. 
Já o Poder Legislativo Federal é dividido em Senado e Câmara dos 
Deputados, que juntas integram o Congresso Nacional. 
A Câmara dos Deputados é composta pelo povo, por meio dos 
seus representantes, os Deputados Federais, eleitos para defenderem os 
interesses dos cidadãos. O número de Deputados Federais é proporcional 
ao quantitativo populacional de cada estado, de modo que não pode haver 
na Câmara menos de sete e mais de setenta Deputados representando 
um mesmo estado (BRASIL, 1988). 
O mandato dos Deputados Federais é de 4 (quatro) anos, permitida 
a reeleição. A competência da Câmara dos Deputados encontra-se no 
artigo 51 da CRFB/88, que além de estarem relacionadas com a criação 
de leis, envolvem a instauração de processo contra o Presidente, seu Vice 
ou Ministros de Estados, além de 昀椀scalizar suas contas. 
Noções de Direito
40
O Senado Federal é composto por representantes dos estados e do 
Distrito Federal. Ao contrário dos Deputados, o quantitativo de Senadores 
não está proporcionalmente relacionado com a quantitativo populacional 
de cada estado e a regra para todos os estados brasileiros é a mesma: 
devem ser eleitos três senadores 昀椀xos e dois senadores suplentes. 
O mandato de um Senador tem duração de oito anos e as eleições 
para renovação serão feitas sempre de quatro em quatro anos. A 
competência do Senado encontra-se prevista no art. 52 da CRFB. 
VOCÊ SABIA?
A renovação dos Senadores é sempre dada na proporção 
de 1/3 e 2/3. Por exemplo: existem três cargos no Senado, A, 
B e C. Digamos que houveram eleições no ano 2000, essas 
eleições serão para substituir os ocupantes dos cargosA 
e B e na eleição seguinte, ou seja, em 2004, será apenas 
para o cargo C, de modo que sempre há três senadores e 
eleições de quatro em quatro anos.
Tanto Deputados Federais quanto Senadores, para se elegerem, 
não precisam necessariamente serem brasileiros natos, ou seja, terem 
nascido no Brasil, sendo tal condição indispensável para ocupar a 
presidência de uma das casas (Câmara ou Senado). 
A idade mínima para ser Deputado Federal é de 21 (vinte e um) anos, 
sendo que só poderá assumir a presidência da casa aquele que for maior 
de 35 (trinta e cinco anos). Já em relação aos Senadores, existe previsão 
constitucional que determina que para serem eleitos, precisam contar 
com mais de 35 (trinta e cinco) anos. 
Poder Executivo 
Em suas funções típicas, o Poder Executivo é o responsável pelos 
atos de che昀椀a do Estado, do governo e atos da administração. O sistema 
legislativo adotado pelo Brasil é o presidencialista e por esse motivo 
as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo. A Constituição 
Noções de Direito
41
estabelece, em seu artigo 76, que o Poder Executivo no Brasil é exercido 
pelo Presidente da República auxiliado pelos Ministros de Estado. 
O Poder Executivo em âmbito estadual é exercido pelo Governador 
de Estado e Vice-Governador e auxiliado pelos Secretários de Estado. 
O Governador é escolhido por meio de eleições diretas e o mandato do 
governador é de quatro anos. A mesma regra vale para o Governador 
Distrital. 
No âmbito municipal, o Poder Executivo é exercido por meio 
dos Prefeitos e Vice-Prefeitos. Os Prefeitos são escolhidos por meio de 
eleições diretas e o mandato dos prefeitos também é de quatro anos.
Sobre o Executivo Federal, o art. 84 da CRFB/88 estabelece as 
competências privativas do Presidente da República, tanto as de natureza 
de Chefe de Estado (representação nas relações internacionais) quanto as 
de natureza de Chefe de Governo (atos de administração e política interna). 
O rol de atribuições do art. 84 é meramente exempli昀椀cativo e é possível 
que o Presidente da República delegue algumas de suas funções para os 
Ministros de Estado, o Procurador Geral ou ao Advogado-Geral da União. 
Para ser eleito presidente hoje no Brasil, é necessário que o 
candidato reúna as seguintes características: ser brasileiro nato, estar no 
pleno exercício de seus direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio 
eleitoral no Brasil, 昀椀liação partidária, idade mínima de 35 anos, não ser 
analfabeto e não ser inelegível. 
Como Chefe de Governo e Estado, é possível que em determinadas 
situações haja impedimentos do Presidente e do Vice na hipótese de 
se ausentarem do país. Neste caso, conforme do art. 80 da CRFB/88, 
caberá a representação na seguinte ordem: Presidente da Câmara dos 
Deputados, seguido do Presidente do Senado Federal e, em último caso, 
o Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). 
EXEMPLO: 
Em setembro de 2018, o Presidente do Brasil à época Michel Temer 
precisou viajar para Nova York, para a abertura da 73ª Assembleia 
Geral das Nações Unidas e os Presidentes da Câmara e Senado 
Noções de Direito
42
estavam concorrendo às eleições da época, de modo que o 
Presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias To昀昀oli, assumiu, de 
forma provisória, a Presidência do Brasil.
Em âmbito estadual e municipal, na ausência do Governador e 
Vice, deve assumir o Presidente da Assembleia Legislativa e o Presidente 
do Tribunal de Justiça. Já no âmbito municipal, na ausência do Prefeito, 
deverá assumir o Presidente da câmara municipal. 
Os Ministros do Estado, que integram o Poder Executivo, possuem 
função de auxiliar o Presidente no exercício do Poder Executivo, por meio 
da direção dos ministérios. Os Ministros do Estado são escolhidos pelo 
Presidente da República que os nomeia e pode os exonerar, não havendo 
qualquer tipo de estabilidade. Para ser um Ministro de Estado é necessário 
apenas ser brasileiro nato ou naturalizado (o cargo de Ministro da Defesa 
exige somente brasileiros natos), ser maior de 21 (vinte e um anos) e estar 
no exercício dos direitos políticos. 
Poder Judiciário
O Poder Judiciário tem como função típica o exercício da atividade 
jurisdicional do Estado. Já a função atípica desse poder (ou órgão) está 
relacionada com as atividades executivas e legislativas internas, dentro 
das atribuições estabelecidas pela própria Constituição Federal, como a 
elaboração do regimento interno dos tribunais (legislativo) ou até mesmo 
a organização das secretarias, concessão de licenças e férias a seus 
servidores (executivo). 
A Emenda Constitucional 45/2004 (EC 45/2004) é um importante 
marco na história do Judiciário, pois se trata da aprovação de uma 
importante Reforma. Algumas signi昀椀cativas alterações foram trazidas pela 
Reforma através da EC 45/2004, abaixo elencaremos algumas: 
a. Razoável duração do processo e meios que garantam a celeridade 
de tramitação. 
b. Cumprimento do acesso à justiça, com a justiça itinerante e 
autonomia da Defensoria Pública.
Noções de Direito
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c. A constitucionalização dos Tratados sobre Direitos Humanos. 
d. A criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho 
Nacional do Ministério Público (CNMP).
e. Ampliação da garantia de imparcialidade dos magistrados e 
promotores de justiça.
f. Extinção dos Tribunais de Alçada. 
g. Criação da Súmula Vinculante. 
ACESSE:
A partir da entrada em vigor da Emenda Constitucional 
45/2004, os órgãos do Poder Judiciário passaram a 
catalogar o quantitativo de processos que tramitam no 
poder judiciário brasileiro. Ficou curioso? Acesse aqui por 
esse link.
O Poder Judiciário possui garantias que asseguram sua 
independência, de modo que permite a seus operadores agirem de forma 
imparcial, sem sofrer pressões ou serem coagidos por outros poderes. 
Essas garantias são classi昀椀cadas como institucionais e funcionais. 
As garantias institucionais são aquelas relacionadas à autonomia 
orçamentária e administrativa do órgão e as garantias funcionais estão 
relacionadas com a independência e imparcialidade dos membros do 
Poder Judiciário. As garantias de independência dos órgãos do Poder 
Judiciário estão relacionadas com os membros e os magistrados e 
dividem-se em três: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade 
salarial. 
Prevista no art. 95, I da CRFB/88, a vitaliciedade garante ao 
magistrado a permanência contínua no cargo, que será perdido somente 
com sentença judicial transitada em julgado, ou seja, se o magistrado 
nunca cometer alguma infração grave, passível de uma ação judicial, 
ele permanecerá no cargo até o 昀椀m de sua vida. Aos demais servidores 
do Poder Judiciário não se aplica essa regra e seus cargos são estáveis, 
Noções de Direito
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mas não vitalícios, de modo que é possível que percam seus cargos por 
processo administrativo. 
Já a inamovibilidade consiste na garantia constitucional prevista 
pelo art. 95, II que garante aos magistrados a impossibilidade de remoção 
de um local para o outro sem o seu consentimento. Essa garantia não é 
absoluta, pois a própria constituição prevê a possibilidade de remoção por 
conta do interesse público (art. 93, VIII) (BRASIL, 1988). 
Quanto à irredutibilidade de subsídios consiste em uma garantia que 
impede que a remuneração dos magistrados seja reduzida. Tal garantia 
não impede que os magistrados e membros do Poder Judiciário sofram 
com questões in昀氀acionárias (PAULO; ALEXANDRINO, 2018). 
As garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários estão 
relacionadas com as vedações presentes no art. 95 da CRFB/1988, ou 
seja, atos que os membros do judiciário estão impedidos de praticarem, 
entre elas: 
a. Exercer outro cargo ou função, exceto de magistério.
b. Receber a qualquer título custas ou participação em processo. 
c. Dedicar-se à vida político-partidária. 
d. Receber auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades 
públicas ou privadas, ressalvadasexceções.
e. Exercer advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou antes de 
decorridos três anos no cargo, por aposentadoria ou exoneração. 
O artigo 94 da CRFB/1988 estabelece que 1/5 (20%) dos lugares nos 
Tribunais Regionais Federais, Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, 
deve ser composto de membros do Ministério Público e Advogados, 
além dos magistrados. Os membros do Ministério Público e da Advocacia 
devem ter mais dez anos de atuação e em especial os advogados devem 
possuir efetividade pro昀椀ssional e notório saber jurídico, além de reputação 
ilibada. Essa destinação é denominada de quinto constitucional (BRASIL, 
1988). Em sede de estrutura, poderemos observar na 昀椀gura a seguir a 
organização do Poder Judiciário. 
Noções de Direito
45
Figura 7 – Organização do Poder Judiciário
SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL
STJ
TJ
Juízes de 
direito
TRF
Juízes 
federais
TST
TRT
Juízes do 
trabalho
Juízes 
eleitorais
TSE
TRE
STM
Juízes 
militares
Fonte: Elaborada pela autora (2021).
Buscando viabilizar a atividade jurisdicional do Estado, a Constituição 
institucionalizou atividades consideradas essenciais ao exercício da justiça, 
que são elas: o Ministério Público, a Advocacia Pública, a Advocacia e a 
Defensoria Pública, estabelecendo suas regras nos artigos 127 a 135 da 
CRFB/88.
O Ministério Público é o órgão que não faz parte de nenhum dos 
três poderes (legislativo, executivo e judiciário), mas está relacionado com 
todos eles. O Ministério Público consiste em uma instituição do Estado 
cujo 昀椀m é manter a ordem jurídica e 昀椀scalizar o poder público, a partir de 
todas as suas esferas.
A Constituição possui um importante papel na história do Ministério 
Público ao consolidar a atuação de controle dos atos do Estado. Uma das 
características do Ministério Público é sua independência. O Ministério 
Público divide-se em: 
Noções de Direito
46
a. Ministério Público Federal. 
b. Ministério Público do Trabalho. 
c. Ministério Público Militar.
d. Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. 
A Advocacia Geral da União consiste no órgão responsável por 
representar, 昀椀scalizar e controlar os atos da União, bem como por zelar 
pelos bens da União em relação a terceiros. Além de ter essas funções 
internas, cabe à advocacia geral a função de representar o Brasil 
internacionalmente, perante a justiça de outros países, na atuação da 
jurisdição internacional. A instituição é che昀椀ada pelo Advogado Geral da 
União, nomeado pelo Presidente da República, e seu ocupante possui o 
mesmo status que um ministro de Estado. 
A advocacia por sua vez, regulamentada pelo artigo 133 da Constituição, 
estipula que “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo 
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da pro昀椀ssão, nos limites 
da lei”. Nesse sentido, cabe ao advogado defender o interesse de uma das 
partes e sua ausência acarreta em nulidade processual. 
A Defensoria Pública, por sua vez, visa garantir o acesso à justiça 
as pessoas que não possuem condições de arcar com o custo de um 
advogado. Para que você possa entender a função da Defensoria Pública, 
basta pensar: se o advogado é essencial ao acesso à justiça, conforme 
tratamos no parágrafo anterior, como que devem proceder as pessoas 
que não possuem condições 昀椀nanceiras de arcar com os honorários de 
um advogado? Deverão seguir sem defesa? Pensando nessas e outras 
questões que a Constituição Cidadã previu a existência de um órgão 
composto por advogados, custeado pelo Estado, para atender a população 
desfavorável economicamente. O Defensor Público é advogado aprovado 
no concurso público para a defensoria. 
Atualmente, tendo em vista o aumento da população 
economicamente pobre, a Defensoria Pública trabalha com um número 
reduzido de servidores e muitos municípios do país não possuem acesso 
ao Defensor Público, 昀椀cando tal função encarregada a advogados 
nomeados pelo juiz da comarca, os denominados advogados dativos. 
Noções de Direito
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SAIBA MAIS:
Que tal se aprofundar sobre a separação dos poderes 
na Constituição? Acesse o vídeo a seguir e con昀椀ra uma 
explicação sobre o assunto abordado nesse capítulo. O 
conteúdo encontra-se disponível aqui. 
RESUMINDO:
E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema de 
estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Aprendemos sobre a teoria da separação dos poderes 
de Montesquieu e o sistema de freios e contrapesos 
que integram a tripartição dos poderes, adotada pela 
Constituição de 1988, através dos poderes Legislativo, 
Executivo e Judiciário, os quais analisamos suas funções 
separadamente. Você pode aprender que o poder 
legislativo não se resume em criar leis, você pode aprender 
sobre sua atuação em cada esfera da federação, além 
de aprender sobre a diferença entre o unicameralismo 
e bicameralismo federativo, que acontece somente em 
relação ao poder legislativo federal. Vimos também quem 
compõe o executivo no âmbito municipal, estadual e 
federal, suas funções e atribuições. Por 昀椀m, detalhamos a 
atuação do poder judiciário e as garantias constitucionais 
que os representantes desse poder possuem.
Noções de Direito
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REFERÊNCIAS
ALEXY, R. Teoria dos direitos fundamentais. São Paulo: Malheiros, 
2008.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 
[1988]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm Acesso em: 20 jan. 2021.
LENZA, P. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: 
Editora Saraiva, 2018.
PAULO, V.; ALEXANDRINO, M. Direito Constitucional Descomplicado. 
São Paulo: Método, 2018.
SILVA, J.A. da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: 
Malheiros, 2019.
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