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Tópicos Especiais
em TI
Professor Me. Cleber Jose Semensate Santos
EduFatecie
E D I T O R A
Reitor
Prof Ms. 
Diretor de Ensino 
Prof Ms. 
Diretor Financeiro
Prof
Diretor Administrativo 
Secretário Acadêmico 
Prof
Coordenação Adjunta de Ensino 
Prof a
Coordenação Adjunta de 
Pesquisa 
Prof
Coordenação Adjunta de 
Extensão 
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação a Distância 
Web Designer
Revisão Textual
e Diagramação
UNIFATECIE Unidade 1 
UNIFATECIE Unidade 2 
(
UNIFATECIE Unidade 3 
UNIFATECIE Unidade 4 
www.unifatecie.edu.br/site/
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir 
dos sites ShutterStock e 
Burst.
20 by Editora EduFatecie 
Copyright do Texto © 20 Os autores 
Copyright © Edição 20 Editora EduFatecie
o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a 
EQUIPE EXECUTIVA
Editora-Chefe 
Prof
 Sbardeloto
Tatiane Viturino de
Oliveira
André Dudatt
www.unifatecie.edu.br/
editora-edufatecie
edufatecie@fatecie.edu.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
S237t Santos, Cleber Jose Semensate 
 Tópicos especiais em TI / Cleber Jose Semensate Santos. 
 Paranavaí: EduFatecie, 2021. 
 144 p. : il. Color. 
 ISBN 978-65-87911-50-2 
1. Sistemas de informação. 2. Política de informática e
automação. 3. Gestão da qualidade total. I. Centro Universitário
UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III.Título.
CDD : 23 ed. 658.4012 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
AUTOR
Prof. Me. Cleber Jose Semensate Santos
Mestre em Desenvolvimento de Tecnologias, Especialista em Programação Orien-
tada a Objetos e Analista de Sistemas para Internet. Criador do SGA – Sistema de Gestão 
de Aprendizes do Instituto INAMARE de Maringá (www.inamare.org.br/sga). Por 10 anos 
foi Analista de Sistemas do PROE – Programa de Estágio (www.proe.org.br), vinculado às 
ACEs – Associações Comerciais e a FACIAP – Federações das Associações Comerciais 
do Paraná. Atualmente é Diretor da CVC Software, empresa dedicada a desenvolvimento 
de Sistemas para Internet. Atualmente está como Professor dos Cursos de Tecnologia na 
modalidade Graduação EAD e Presencial da UniFCV.
INFORMAÇÕES RELEVANTES:
● Tecnólogo em Processamento de Dados (UNICESUMAR)
● Especialista em Programação Orientada a Objetos (UNICESUMAR)
● Especialista em Gestão de Projetos Sociais (UNIFCV)
● Mestre em Desenvolvimento de Tecnologias (LACTEC/UFPR)
● Coordenador dos Cursos ADS e GTI EaD
● Proprietário da Empresa CVC Softwares
● Desenvolvimento de Software e MKT Digital
● http://lattes.cnpq.br/7950356175153672
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
SEJA BEM-VINDO(A)!
Veremos	na	Unidade	I	que	s	novas	tecnologias	vêm	redefinindo	o	mundo,	alterando	
a forma como as pessoas vivem, se relacionam, produzem e consomem. Em um processo 
cada vez mais acelerado e intenso, o emprego combinado de novas abordagens tecnológi-
cas vem criando e oferecendo novas possibilidades ao ser humano contemporâneo, de tal 
forma que o hábito de vida de gerações anteriores é transformado por completo no espaço 
de apenas uma nova geração atual.
Na Unidade II entenderemos que a tecnologia da informação é tão revolucionária no 
que diz respeito ao aprimoramento de todas as demais tecnologias, às novas formas como 
as organizações se estruturam e produzem e às próprias disrupções sociais, entendidas 
como mudanças radicais no comportamento e hábitos das pessoas, é inevitável que a TI 
sirva de plataforma essencial para um sem número de possibilidades referentes ao mundo 
das	pessoas	com	deficiência	(PcD).
Na sequência de nossa Unidade III, veremos que hoje, o que diferencia os seres 
humanos dos robôs é que são as pessoas que possuem a capacidade de inovação, de 
empatia, e mesmo de improvisação diante de qual- quer circunstância. É nisso que se 
fundamentam os que, com razão, reconhecem o trabalho mais mecanizado, tendendo a 
substituir	 trabalhadores	humanos	por	sistemas	artificiais,	e	 imaginam,	ao	mesmo	tempo,	
haver uma garantia de longo termo de que as funções criativas sempre serão cumpridas 
por pessoas, e não por máquinas.
Finalizando, na Unidade IV, veremos que existe uma crescente pressão na indústria 
em geral para que as organizações consigam desempenhar modelos mais sustentáveis 
de	negócio,	sendo	a	sustentabilidade	definida	por	um	tripé	de	resultados	satisfatórios	nos	
aspectos econômico, social e ambiental. Como qualquer tripé, bastaria uma dessas susten-
tações ser comprometida para o negócio como um todo não prosperar.
Desejo uma ótima leitura, vamos nesta!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Introdução à Tecnologia
UNIDADE II ................................................................................................... 36
Integração Contínua
UNIDADE III .................................................................................................. 72
Capacidade de Inovação e Novos Modelos de Negócios
UNIDADE IV ................................................................................................ 105
TI Sustentável e TI na Educação
3
Plano de Estudo:
● Introdução a novas tecnologias
● A tecnologia ao longo do tempo
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer Ciência, tecnologia e inovação em TI.
● Prospectar cenários em tecnologia.
● Entender a transformação digital.
● Ver qual será a próxima revolução industrial.
UNIDADE I
Introdução à Tecnologia
Professor Me. Cleber Semensate
4UNIDADE I Introdução à Tecnologia
INTRODUÇÃO
Prezados alunos(as)!
As	novas	tecnologias	vêm	redefinindo	o	mundo,	alterando	a	forma	como	as	pessoas	
vivem, se relacionam, produzem e consomem. Em um processo cada vez mais acelerado e 
intenso, o emprego combinado de novas abordagens tecnológicas vem criando e oferecendo 
novas possibilidades ao ser humano contemporâneo, de tal forma que o hábito de vida de ge-
rações anteriores é transformado por completo no espaço de apenas uma nova geração atual.
A compreensão dessa dinâmica, portanto, parece imprescindível para que o pro-
cesso de gestão tecnológica possa ser guiado aos melhores resultados possíveis. O que se 
procura,	enfim,	é	o	aumento	da	qualidade	de	vida	das	pessoas,	possibilitando	um	mundo	
cada vez melhor. Aplicações tecnológicas cumprem um especial papel nesse sentido. Do-
minar	tecnologias	é	competência	central	para	profissionais	e	organizações	deste	início	de	
século XXI. Naturalmente, o domínio da tecnologia passa, primeiro, pela apreensão concei-
tual	dos	termos	e	definições	inerentes.	Conforme	é	descrito	neste	capítulo,	tecnologia	tem	
um	significado	muito	mais	amplo	do	que	aquilo	que	normalmente	se	associa	a	essa	palavra.
Quando os ancestrais humanos descobriram que um osso ou um galho poderiam servir 
de arma, uma pedra poderia ser útil para partir um coco, cavar um buraco ou mesmo para ra-
biscar algo, nasciam os primeiros conhecimentos sobre a técnica: como empregar coisas para 
produzir	algo,	realizar	alguma	tarefa,	solucionar	algum	desafio	ou	problema.	As	ferramentas	
foram acompanhando a evolução humana, evoluindo também para máquina e equipamentos 
cada vez mais úteis e indispensáveis na rotina do dia a dia, de forma que a tecnologia foi 
aprimorando as primeiras técnicas desenvolvidas pelo homem até chegar ao ponto em que a 
engenhosidade humana começou a empregar a informação como insumo produtivo.
A partir de então, a curva de evolução tecnológica deixa de ser linear e passa 
a ser exponencial, com igual efeito no desenvolvimento das organizações, dos negócios 
e da sociedade como um todo. Acompanhar a evolução da tecnologia, entendida como 
conhecimento aplicado, ao longo do tempo é um fascinante exercício de compreensão da 
capacidade humana de transformar o mundo.
Venha comigo transformar!
5UNIDADE I Introdução à Tecnologia
1. INTRODUÇÃO A NOVAS TECNOLOGIAS
1.1 Ciência, tecnologiae inovação em TI
Ciência, tecnologia e inovação	são	três	termos	muito	próximos,	embora	de	signifi-
cados fundamentalmente distintos. Convém um rápido embasamento conceitual, pois isso 
proporciona um efeito prático bastante apreciável: expande a visão das coisas. Quem tem 
a	definição	desses	conceitos	de	forma	muito	clara	acaba	por	melhor	transitar	em	meio	aos	
processos tecnológicos, entende melhor, interage melhor, produz melhor. E isso é válido 
tanto	para	o	perfil	acadêmico	quanto	industrial.
Entende-se por ciência o conhecimento, tão puro quanto possa ser concebido. É o 
saber teórico fundamental, ainda despreocupado com aplicações práticas ou uso imediato. 
Aqui residem as fórmulas, teoremas e teorias. Na ciência, estão estabelecidas as relações 
de causa e efeito, procurando, essencialmente, explicar os mecanismos atuantes sobre o 
mundo. Portanto, ciência é conhecimento, mas não exatamente qualquer tipo de conhe-
cimento:	 se	 é	 científico,	 é	 porque	 se	 trata	 de	 conhecimento	 formal.	 Essa	 formalização,	
um verdadeiro rigor que se aplica para garantir a veracidade do saber, é o que diferencia, 
enfim,	 aquilo	 que	 se	 sabe daquilo que se acredita – por mais convicção que se tenha 
nessa crença. Portanto, a fé e a ciência, que de forma alguma precisam ser elementos 
antagônicos, distinguem-se precisamente neste aspecto: a ciência não é para acreditar. É 
para conhecer.
6UNIDADE I Introdução à Tecnologia
O rigor em questão diz respeito à forma como o conhecimento é produzido, para 
que	 possa	 ser	 atestado	 como	 científico.	 Não	 é	 por	 qualquer	 meio	 que	 se	 propõe	 que	
determinado efeito advém de uma tal causa, mas apenas por aquilo que se denomina 
como	método	científico	de	produzir	conhecimento.	Na	ciência,	não	se	aceita	o	“ouvi	dizer”	
ou	 “li	 em	 algum	 lugar”:	 é	 preciso	 provar.	 Pesquisadores	 cientistas	 devem	 compreender	
como determinado conhecimento foi produzido, conhecer as etapas que foram percorridas, 
sendo	que	eles	mesmos	podem	seguir	esses	passos,	para	confirmar	–	ou	refutar	–	aquelas	
conclusões. Portanto, há embasamento quando se produz ciência, e é por isso que ela é o 
conhecimento	verdadeiro	devidamente	justificado.
Tecnologia também é conhecimento, contudo, diferente de ciência, trata-se de 
conhecimento aplicado. A aplicação é o uso daquele conhecimento para resolver algum 
problema do mundo real. O mundo carece de soluções para um sem-número de questões. 
Uma vez que se saiba que tal conhecimento serve para a consecução de determinado 
objetivo, e conhecendo ainda como aplicar da melhor forma possível tal conhecimento na 
prática, é dito que se domina uma tecnologia. Usualmente, no mundo das organizações 
empresariais, a tecnologia é direcionada à produção: como fazer para que determinada 
empresa	consiga	fabricar	aquele	produto,	ou	prestar	um	serviço	em	específico?	
Como	se	organizar?	Quais	técnicas	aplicar?	Como	selecionar	e	empregar	um	con-
junto	de	conhecimentos	que	servem	para	fazer	uma	empresa	cumprir	sua	função?
É importante frisar que o conceito de tecnologia é muito mais amplo do que normal-
mente se consegue supor. Um exercício simples que comprova a limitação que costuma 
imperar a respeito desse entendimento é utilizar uma dessas ferramentas de buscas on-line 
de imagens, como, por exemplo, o Google Imagens. Ao se digitar o termo tecnologia ou tech-
nology no buscador, as respostas, invariavelmente, são imagens que remetem à informática, 
à	internet,	à	microeletrônica,	redes	sociais	digitais	e	afins.	Isso	também	é	tecnologia,	mas	
tecnologia não se limita a esse aspecto. Do ponto de vista de conceito, é como se tratasse 
da ponta do iceberg. Dominar conhecimentos úteis para resolver um problema prático pode 
envolver, conceber e produzir um poderoso computador de última geração – mas também 
é tecnologia o que se emprega para produzir um bolo de fubá. Levar o homem a explorar a 
Lua	envolve	um	alto	grau	de	sofisticação	tecnológica	–	contudo,	fazer	um	suco	de	laranja	
também envolve determinado domínio da técnica, que é pensado e sistematizado pela 
tecnologia. Os saberes orientados à prática são, por certo, das mais variadas naturezas e 
níveis de complexidade. Tecnologia da informação (TI) é uma dimensão de tecnologia. Ao 
7UNIDADE I Introdução à Tecnologia
mesmo tempo, é interessante reconhecer que Gestão (Administração) também é tecnolo-
gia: Tecnologia de Gestão – que não pode ser confundida com Gestão de Tecnologia.
A tecnologia da informação, por sinal, é a aplicação da ciência da informação para 
atender demandas reais, práticas – muitas vezes, industriais, que envolvem informação 
com insumo, como agente de transformação e como elemento de agregação de valor. É 
certo	que,	em	muitas	circunstâncias,	 fica	difícil	 separar	 claramente	onde	se	 termina	um	
conhecimento puro, de base, e onde começa um conhecimento em processo de aplicação, 
de utilidade concreta. E há que se concordar com Reis (2008): de fato, pouco importa tal 
delimitação. Na prática, dado esse entrelaçamento tão típico e tão forte entre ciência e tec-
nologia, ambos os termos costumam ser referenciados como um binômio (C&T – Ciência & 
Tecnologia), quase como se fosse um único elemento.
Um dos mais relevantes aspectos práticos a respeito de C&T é o fato de que o co-
nhecimento puro é, para todo efeito, público e, portanto, gratuito. Contudo, com tecnologia é o 
oposto: o conhecimento aplicado pode ter dono. Não se pode cobrar royalties de alguém que 
venha a explorar a lei da gravitação universal ou o teorema de Pitágoras. Contudo, o princípio 
ativo	de	um	remédio	específico	pode	ser	patenteado	(protegido	contra	o	uso	comercial	por	
parte de terceiros). A tecnologia pode, dessa forma, ser propriedade particular de uma pessoa 
ou de uma organização. Isso tem sua explicação: recompensar o investimento em pesquisa 
e desenvolvimento. Alguns processos de pesquisa e desenvolvimento costumam se delongar 
por anos ou mesmo décadas – com proporcional custo acumulado. Empresas que dedicam 
recursos para criar determinadas tecnologias não querem ver todo seu esforço ser livremente 
aproveitado pelos competidores, cujo esforço de desenvolvimento poderia ser a mera cópia, 
o que	é	mais	barato	e	configuraria	competição	desleal.	A	legislação	prevê	mecanismos	para
prover essa proteção, na forma de patente tecnológica.
Contudo, em determinadas circunstâncias, as patentes tornam-se pouco ou nada 
úteis. Conforme pode ser acompanhado no Capítulo 2, que aprofunda essa questão, deter-
minadas tecnologias possuem um ciclo de vida, uma difusão – e um potencial ostracismo 
– que são muito acelerados. Isso é especialmente marcante na tecnologia da informação.
Na prática, todo o processo burocrático de se depositar e conseguir a concessão de uma
patente pode tomar um tempo maior que a própria vida útil daquela tecnologia, ou mes-
mo ser incompatível com a janela de oportunidade de mercado para melhor explorá-la
comercialmente. Assim, muitas empresas, com destaque àquelas com reputação de mais
inovadoras, acabam por ignorar maiores disputas de propriedade intelectual, tratando de se
ocupar em manter um regime de constante pesquisa e desenvolvimento, com recorrentes
8UNIDADE I Introdução à Tecnologia
novos lançamentos, apostando nessa estratégia de competitividade: enquanto o competi-
dor se ocupa de copiar uma tecnologia anterior, a organização já está um passo à frente 
com a tecnologia de próxima geração. Nos mercados em que o vanguardista costuma ter 
uma melhor aceitação (imitadores não sejam tão bem quistos), isso acaba fazendo todo o 
sentido como estratégia de competitividade.
Por outro lado, enquanto ciência e tecnologia dizem respeito à área mais técnica da 
discussão, inovação é uma competência interdisciplinar: a chave de sucesso é o aspecto 
mercadológico.	Ciência	e	tecnologia	podem	ser	empregadas,	na	prática,	para	uma	infinida-
de de invenções, das mais engenhosas às maisbizarras, nas indústrias de todos os tipos. 
Inventar, sob certa perspectiva, parece razoavelmente fácil: basta fazer diferente daquilo 
que é o normal, do amplamente difundindo. Mas nem toda invenção é uma inovação. O 
Manual de Oslo (OECD, 2005), como documento internacional de referência no âmbito 
da	conceituação	de	 inovação,	a	define	como	a	 invenção	comercialmente	bem-sucedida.	
Isso	significa	que	inovação	é	a	invenção	que	se	torna	um	sucesso	comercial,	que	é	aceito	
(validado) pelo mercado. Aquilo que se cria de diferente, mas não se vende, pode ser algo 
curioso, distinto, talvez até mesmo artístico ou digno de louvor, mas não é inovação.
Tecnologia inovadora é aquela nova tecnologia que, por algum motivo (certamente, 
sua utilidade prática singular), é aceita e utilizada pelo mercado. Inovar realiza algo novo 
ou que nunca tinha sido feito antes: apesar de tecnologias antigas também serem aceitas 
e utilizadas pelo mercado, não são inovadoras. E a inovação se estende, conceitualmente, 
para produtos, serviços, processos, marketing e estrutura organizacional.
Um novo bem (físico), que se torne um sucesso de vendas, é uma inovação de 
produto. Se intangível, convertido em uma prestação de serviço diferente, e ao mesmo 
tempo com êxito comercial, é uma inovação de serviço. O produto e serviço podem ser, 
inclusive, até os mesmos que já se tinha, mas caso a forma de produzi-los tenha sido 
alterada, e isso implique em vantagem comercial (um processo mais efetivo, mais rápido, 
mais seguro, ambientalmente mais adequado e/ou socialmente mais responsável etc.), 
o que se caracteriza é uma inovação de processo. Há, inclusive, como se reconhecer
inovação em marketing como uma das possíveis inovações de processo, mas inovação
em marketing acaba ganhando essa categorização distinta, para realçar as virtualmente
infinitas	possibilidades	de	fazer	diferente	e	alcançar	sucesso	nos	atributos	de	preço,	praça,
produto e promoção (os 4Ps do marketing). Finalmente, a categoria de inovação em estru-
tura organizacional reconhece a validade de se alterar a ordem naturalmente estabelecida
para as organizações funcionarem com vistas ao cumprimento de sua missão institucional:
9UNIDADE I Introdução à Tecnologia
aqui, proliferam abordagens alternativas, como trabalho à distância, coworking (trabalho 
em espaço compartilhado), novas estruturas executivas (como, por exemplo, uma vice-
-presidência dedicada à inovação e à transformação digital), times de projeto formados por
consórcios de empresas, entre outros.
Assim como há diferentes tipos de inovação, anteriormente descritos, também 
existem	 distintas	 abrangências	 geográficas	 e	 intensidade	 de	 inovação.	 No	 quesito	 de	
abrangência, uma inovação pode ser mundial ou global (ineditismo em grau máximo). Mas 
também pode-se falar em inovação nacional (quando, até então, só existia fora do país: 
algumas	organizações	são	conhecidas	por	 “tropicalizar”	 tecnologias,	quando	as	 lançam,	
com vanguarda, no Brasil). De forma análoga, inovações podem ser regionais, ou até mes-
mo empresariais: ainda é inédito tão somente para aquela empresa (naturalmente, uma 
inovação menor, mas ainda assim, uma inovação).
No quesito intensidade da inovação, esta pode ser radical ou incremental. Radical 
é a completa reformulação conceitual de um produto ou de uma tecnologia, e incremental 
é o rótulo aplicado para as pequenas melhorias que muito agregam valor a um produto ou 
tecnologia, mas que não chegam a revolucionar por completo aquele produto ou tecnologia. 
Por exemplo, um detector de gotas de chuva, que aciona automaticamente o limpador de 
para-brisa, parece um recurso bastante apreciável, mas que ainda torna o carro um carro 
(por	isso,	é	uma	inovação	incremental).	O	mesmo	não	se	pode	afirmar	quanto	aos	auto-
móveis	auto-dirigíveis	(sem	necessidade	de	motorista),	que	redefinem	o	conceito	daquele	
produto – por isso, com justiça, uma inovação tida como radical.
Como um jargão perigosamente alardeado, tem-se observado, com muita frequên-
cia, o emprego do termo disrupção para algumas situações, e é comum que inovações 
radicais sejam associadas a inovações disruptivas. Há um importante senão que merece 
ser destacado: conforme bem defendido por Christensen e Raynor (2013), são conceitos 
distintos. A disrupção diz respeito, necessariamente, a um rompante no hábito das pessoas 
(usuários, consumidores, clientes etc.). Ou seja, na forma como as pessoas consomem ou 
utilizam um determinado produto ou tecnologia que é profundamente alterada, com impac-
tos sociais e culturais associados.
A	transformação	definitiva	que	o	Uber	traz	na	mobilidade	urbana,	por	exemplo,	é	
o que o eleva a uma inovação disruptiva (e não apenas o fato de seu aplicativo permitir
chamar carros, programar rotas, pagar em ambiente seguro virtual etc.). Tecnologicamente
falando, o aplicativo desenvolvido e empregado pelo Uber não tem lá grandes novidades
funcionais	que	permitam	classificá-lo	como	inovação	radical:	há	muito,	já	eram	difundidos
10UNIDADE I Introdução à Tecnologia
o mapa eletrônico, o pagamento on-line, o ranking mútuo de utilizadores (no caso, motoris-
tas e passageiros) e outros. Contudo, a associação das características empregadas para
formatar esse produto, e o modelo de negócio que foi arquitetado, representou uma das
maiores revoluções em nível global no comportamento das pessoas ante à necessidade de
procurar uma locomoção urbana. Isso é, portanto, uma disrupção por excelência.
A inovação é a engrenagem que movimenta mercados, indústrias e, com isso, a 
própria economia em nível global. Conforme o Capítulo 2 se ocupa em detalhar, a tecnolo-
gia da informação merece destaque como verdadeira protagonista da evolução acelerada 
de boa parte das demais tecnologias. Bastante exploradas pelas principais corporações de 
todos os segmentos, as plataformas tecnológicas inovadoras, tais como nanotecnologia, 
biotecnologia,	robótica,	inteligência	artificial,	Internet	das	Coisas,	Big Data, tecnologia dos 
materiais, entre tantas outras, estão em processo de efervescente revolução, e especial-
mente de integração, graças a características inerentes da tecnologia da informação – por 
assim dizer, concordando com Ramos et al. (2012), tudo parece orbitar ao seu redor, no 
fenômeno conhecido por Quarta Revolução Industrial (ou Indústria 4.0).
1.2 Prospecção e cenários em tecnologia
A tecnologia é, seguramente, condicionadora e direcionadora de mudanças nos 
cenários	 futuros.	Nesse	contexto,	atividades	de	prospecção	de	 tecnologia	 são	definidas	
como	aquelas	cujo	olhar	é	ao	futuro	ou	aos	possíveis	futuros.	Quando	se	procura	identificar	
tecnologias de próximas gerações, o futuro de maior interesse é o não imediato: comu-
mente, diz respeito a horizontes temporais de alguns anos há algumas décadas, embora 
também seja possível encontrar determinadas abordagens ousando explorar (mesmo que 
de modo especulativo) séculos ou até milênios à frente.
Ressalta-se: é importante prospectar tecnologias. Os resultados dos estudos nesse 
campo oferecem um olhar detalhado e valioso para possíveis avanços nas mais diversas 
áreas	de	atuação	humana,	 implicando,	muitas	vezes,	em	significativas	oportunidades	de	
disrupção para o trabalho, para a vida pessoal, para as estruturas corporativas e até mesmo 
para as políticas públicas. E é justamente esse o motivo pelo qual governos, organizações 
e pesquisadores costumam contratar e se envolver em pesquisas orientadas à prospecção 
do futuro das mais diversas tecnologias.
Da perspectiva de uma nação, essa iniciativa favorece o desenvolvimento em ge-
ral. É fato que o Brasil é considerado um país atrasado em relação às potências mundiais, 
também no quesito de desenvolvimento tecnológico (salvo exceções raras, pontuais e in-
11UNIDADE I Introdução à Tecnologia
suficientes).	Parece	admissível	que	exista	alguma	relação	entre	o	grau	de	desenvolvimento	
tecnológico de um país(entenda-se aqui o patamar alcançado por todas as suas instituições 
científicas	e	empresariais)	e	o	nível	de	adoção	de	processos	de	prospecção	em	tecnologia.	
Com a constante evolução tecnológica, a sociedade altera a tecnologia, da mesma forma 
que a tecnologia molda a sociedade. Em função dessa dinâmica, os próprios métodos que 
as organizações adotam para prever e prospectar tecnologia sofrem contínuas alterações. 
Assim, é importante diferenciar os conceitos associados aos termos prospecção em tecno-
logia (foresight), previsão em tecnologia (forecasting) e avaliação tecnológica (assessment). 
Na	classificação	proposta	por	Porter	(2010):
● Prospecção em tecnologia: refere-se ao processo sistemático de iden-
tificar	 desenvolvimentos	 tecnológicos	 futuros	 e	 suas	 interações	 com	 a
sociedade	e	o	meio	ambiente,	com	a	finalidade	de	promover	ações	orien-
tadoras destinadas a produzir um futuro mais desejável.
● Previsão em tecnologia: é o processo sistemático de descrever o surgi-
mento, desempenho, recursos ou impactos de uma tecnologia em algum
momento no futuro.
● Avaliação tecnológica: ocupa-se do estudo de impactos relacionados à
adoção de uma tecnologia.
● Roadmapping de tecnologia: método de gestão empregado como supor-
te ao planejamento estratégico tecnológico de uma organização. Ele au-
xilia na estruturação, desdobramento, comunicação e estabelecimento
da visão de futuro da organização e na sua integração com os planos de
mercado, produto e tecnologia. Essencialmente, apresenta-se como uma
ferramenta	gráfica	usada	para	se	estabelecer	relação	entre	as	necessi-
dades futuras de mercado, a tecnologia atual da empresa, a tendência
da tecnologia no mundo e programas de pesquisa e desenvolvimento
(P&D). Desse modo, a empresa pode tomar decisões para melhor apro-
veitamento dos investimentos de capital em P&D, com garantia de alinha-
mento à estratégia da organização.
Historicamente, por volta do ano 8000 a.C., após a era baseada na tecnologia 
agrícola	(que	até	pode	ser	reconhecida	como	a	primeira	verdadeira	“Revolução	Industrial”,	
interpretando o termo como um salto de produtividade do labor humano), a sociedade pas-
sou	a	se	apoiar	definitivamente	no	uso	cada	vez	mais	intensivo	e	integrado	de	diferentes	
vertentes tecnológicas. É possível o reconhecimento de dois períodos bem caracterizados, 
a sociedade industrial (em torno de 1800) e sociedade da informação (a partir de 1970) 
– e até mesmo a iminência de um terceiro, que alguns denominam, mesmo que de forma
provisória, de sociedade molecular.
A	sociedade	 industrial	 foi	a	primeira	era	com	definitivos	esforços	de	prospecção	
em tecnologia. Trata-se de uma época caracterizada pela II Guerra Mundial, Guerra Fria 
e terrorismo – eventos que despertaram interesse a respeito das tecnologias que esta-
vam por vir, tendo como objetivo a segurança nacional. A previsão tecnológica tornou-se 
essencial para avaliar as necessidades futuras de defesa dos EUA, nação vanguardista 
como potência tecnológica. Entre 1950 e 1960, algumas organizações, dentre as quais o 
12UNIDADE I Introdução à Tecnologia
Departamento de Defesa norte-americano, desenvolveram ferramentas quantitativas para 
previsão tecnológica, ferramentas semiquantitativas (mapeamento, morfologia e análise 
de necessidades), além de técnicas qualitativas, tais como estudos de cenários e Método 
Delphi. Esse é um período marcado também pela preocupação com o monitoramento e 
impacto das novas tecnologias.
Os EUA se concentraram na pesquisa e desenvolvimento de produtos bélicos, e 
com o país ocupado com esse foco de prioridade, outras nações acabaram por se destacar 
em desenvolver tecnologias em setores industriais distintos. Naquela época, analistas da 
Europa e Ásia assumiam papel relevante no desenvolvimento de conceitos de prospecção 
em tecnologia. Assim, começava-se a reconhecer na previsão em tecnologia uma entrada 
válida e relevante para a estratégia corporativa. De igual modo, as necessidades de clientes 
ou mercados, bem como fatores políticos, internacionais, econômicos, trabalhistas e os am-
bientes regulatórios deviam ser atraídos para o esforço total de prospecção em tecnologia.
Por sua vez, é na sociedade da informação que ocorre a segunda era da pros-
pecção em tecnologia. A sociedade da informação é caracterizada pelo período em que 
ocorre, entre outros acontecimentos marcantes, o aperfeiçoamento e a difusão da internet 
como plataforma de tecnologia de informação e comunicação e o drástico aumento na 
capacidade dos computadores. Essas são conquistas tecnológicas que facilitaram a utili-
zação das técnicas de estudos de cenários e Método Delphi, que podem ser consideradas 
as ferramentas mais amplamente utilizadas nessa época, além da análise bibliométrica. 
Também pode ser citada a utilização de novos métodos de prospecção, tais como a ciência 
da complexidade e perspectivas múltiplas.
Não obstante, a sociedade molecular dá espaço para a terceira era da prospecção 
em tecnologia. A primeira era (sociedade industrial) já passou por todas as fases de ciclo 
de vida, que são a gestação, crescimento, maturidade e declínio. A segunda era (socie-
dade da informação) passou pela gestação e crescimento, encontrando-se, nas primeiras 
décadas do século XXI, na maturidade. Ocorre que a terceira era (sociedade molecular), 
como lembra Schwab (2016), ainda está na etapa gestacional, caminhando para o cres-
cimento – uma transição que se espera para em torno do ano 2025. Esse é um período 
em	que	podem	ser	identificados	direcionadores	revolucionários,	como	a	biotecnologia	e	a	
nanotecnologia. De alguma forma, a biologia está se tornando uma ciência da informação. 
E, por outra perspectiva, a tecnologia da informação começa a adotar características dos 
sistemas	biológicos.	Como	a	ciência	progride,	a	fronteira	entre	sistemas	vivos	e	artificiais,	
e entre a vida real e virtual, está se tornando cada vez mais de difícil distinção. As notícias 
sempre recorrentes sobre fanáticos fundamentalistas e guerras religiosas, por exemplo, têm 
conduzido a discussão de como a evolução das tecnologias pode ocasionar a utilização de 
novas armas baseadas em genética, nanotecnologia, robótica etc.
13UNIDADE I Introdução à Tecnologia
Por isso, alguns questionamentos surgem nessa nova era: será que os fatos as-
sociados	a	esse	período	podem	envolver	mudanças	significativas	nas	formas	de	previsão	
e	de	prospecção	em	 tecnologia?	Ocorrerá	o	aprimoramento	dos	métodos	 já	existentes?	
Surgirão novas técnicas de previsão e prospecção em tecnologia que se somarão às várias 
já	existentes?	O	que	parece	mais	provável	é	a	integração	ou	uso	combinado	de	diferentes	
métodos de prospecção.
Existem inúmeros métodos de prospecção de tecnologia para atender a diferen-
tes objetivos, como destaca Porter (2010). Atingir tais objetivos envolve recorrer a uma 
diversidade de procedimentos, com distintas abordagens (às vezes, complementares). 
Esses métodos podem ser agrupados em famílias, de acordo com algumas características 
comuns e objetivos aos quais melhor se destinam. O Quadro 1 apresenta uma lista de 
métodos prospectivos em função do agrupamento em famílias de similaridades.
QUADRO 1 – MÉTODOS DE ANÁLISES DE TECNOLOGIAS FUTURAS
Famílias de Métodos Exemplos de Métodos
Abordagens criativas
TRIZ, sessões de trabalho sobre o futuro, visionamento, 
ficção científica.
Monitoramento e inteligência Vigilância em tecnologia, mineração em tecnologia.
Descritivos Bibliometria, lista de verificação de impactos, índice de 
estados futuros, avaliação de múltiplas perspectivas.
Matrizes Analogias, análises morfológicas, análise de impactos 
cruzados.
Análises estatísticas Análise de riscos, correlações.
Análises de tendências Modelamento de curva de crescimento, principais indica-
dores, curvas de envelope, modelos de onda longa.
Opinião de especialistas Survey, Delphi, grupos focais, abordagens participativas.
Modelagem e simulação
Descrições de sistemas de inovação,modelamento 
de sistemas adaptativos complexos, modelamento de 
regimes caóticos, análises de difusão ou substituição 
de tecnologias, modelamento de entradas e saídas, 
modelagem baseada em agente.
Análise lógica / análise causal
Análise de requisitos, análises institucionais, análises das 
partes interessadas, avaliação de impacto social, estra-
tégia de mitigação, análises de sustentabilidade, análises 
de ação (avaliação de políticas), árvores de relevância, 
roda do futuro.
Mapeamento
Descrição do futuro em sentido inverso (backcasting), 
mapeamento de tecnologia x produto, mapeamento 
científico..
Cenários Gestão de cenários, cenários baseados quantitativamente.
Análises de valoração
/Auxílio à decisão
/Econômica
Análise de custo benefício (CBA), processo analítico de 
hierarquia (AHP), análise de envelopamento de dados 
(DEA), análises de decisão por multicritérios.
Combinações Simulações de cenários (jogos), análise de impacto de 
tendências.
Fonte: PORTER, 2010, p. 41. Adaptado.
14UNIDADE I Introdução à Tecnologia
Métodos podem ser combinados, dependendo da complexidade e objetivos da 
análise. Existem métodos hard (baseado em análises quantitativas) e soft (baseado em 
análises qualitativas). Há os extrapolativos (que visam antecipar potenciais futuros, no 
contexto de mudança) e normativos (orientados a descrever o futuro desejado).
Como	curiosidade,	a	própria	ficção	científica	é	considerada	um	dos	métodos	de	
prospecção de novas tecnologias, na família de abordagens criativas. Embora seja lite-
ratura romanceada, fruto de produção artística, sua especial utilidade é para inspiração 
de pesquisas que culminem em desenvolvimento da ciência e tecnologia – e resultem em 
inovações de impacto para a sociedade.
Os clássicos do gênero parecem insuperáveis: a produção literária de nomes como 
Arthur C. Clarke e Isaac Asimov, em seu conjunto da obra, fecunda as demais mídias de 
Sci-Fi,	como	filmes	(Star Wars, Blade Runner, Back to the Future, Matrix etc.) e seriados 
televisivos (X-Files, Lost, Millenium, Black Mirror	 etc.).	A	 ficção	 científica	 é	 o	 ponto	 de	
convergência	entre	a	arte	e	a	ciência.	Estas	se	 influenciam	mutuamente.	É	 interessante	
observar que muitas pessoas que enveredam por uma formação técnica, como engenhei-
ros	e	tecnólogos,	fazem	suas	escolhas	acadêmicas	e	profissionais	 incentivadas	também	
pela	influência	da	ficção	científica	em	suas	vidas.	Da	mesma	forma,	boa	parte	dos	temas	
explorados por pesquisadores acadêmicos e cientistas em geral é induzida pelos produtos 
de	ficção	científica	consumidos	na	infância	e	adolescência.
Tal apelo motivacional, de cunho mais emotivo que racional, parece que sempre se 
fez presente, em todos os tempos, de maneira mais velada ou mais explícita. Não restrita a 
um	mero	passatempo,	a	ficção	científica	se	mostra	inspiração	e	até	mesmo	direcionadora	
de temas com verdadeiro potencial de conversão em hipóteses para comprovação ou refu-
tação	científica.	Quanto	conhecimento	já	foi	efetivamente	gerado,	aplicado	e	industrializado	
décadas	depois	dos	inventos	descritos	pela	mente	de	Júlio	Verne?	Da	robótica	romanceada	
por Isaac Asimov, do sistema de comunicações intra e interplanetário de Arthur Clarke, da 
engenharia	genética	sugerida	por	Aldous	Huxley?	Poderia	o	gênio	Leonardo	da	Vinci,	se	
tivesse direcionado sua produção artística mais para o storytelling	da	ficção	 literária	que	
para	escultura	e	pintura,	ter	traduzido	sua	originalidade	científica	em	fonte	de	inspiração	
para mais gerações de cientistas, de modo a, quem sabe, antecipar as grandes descobertas 
tecnológicas	da	história	da	humanidade	em	alguns	séculos?
Portanto, é válido, como técnica de prospecção, explorar a análise das produções 
de	ficção	científica,	especialmente	as	de	boa	qualidade,	buscando	nelas	traços,	mesmo	que	
tênues,	do	que	podem	ser	futuros	desenvolvimentos	tecnológicos	reais.	Afinal,	indiscutivel-
mente, tudo o que existe concretamente de fato em um dado momento foi primeiramente 
pensado/imaginado/sonhado antes.
15UNIDADE I Introdução à Tecnologia
1.3 Hype Cycle
O Gartner Group é uma consultoria norte-americana especializada em pesquisa 
e prospecção tecnológica, que carrega em sua identidade o sobrenome de seu fundador, 
Gideon Gartner, considerado um dos grandes patriarcas da indústria da tecnologia da infor-
mação e responsável pela fundação da empresa em 1979.
Fenn	e	Raskino	(2008)	reconhecem	que	a	influência	dos	trabalhos	desenvolvidos	
por essa organização é bastante expressiva no campo das novas tecnologias em geral. 
A empresa se ocupa em analisar mercados dos mais diversos setores e suas grandes 
tendências.	A	partir	disso,	elabora,	anualmente,	um	 infográfico	consolidado	na	 forma	de	
uma curva, que demonstra a evolução e o grau de desenvolvimento das tecnologias dispo-
níveis para aquele segmento. Com isso, os clientes do Gartner Group, indústrias de todas 
as vertentes, como no ramo de telecomunicações, alimentos, construção civil, vestuário, 
automobilístico, entre tantas outros, conseguem decidir, com mais precisão, para onde 
direcionar seus investimentos e esforços tecnológicos.
Esse	infográfico	é	apresentado	em	uma	curva	bem	característica,	de	fácil	identifi-
cação entre os pesquisadores de tecnologia dado seu formato peculiar, e é denominado 
Hype Cycle. A tradução para o português não costuma ser utilizada, pela imprecisão e 
ambiguidade ao referir-se a exagero e similares (ciclo de exagero, ciclo de euforia etc.), por 
isso, no campo de estudos de tecnologia, a convenção é manter a expressão original em 
inglês – altamente difundida em meio à literatura especializada e, por isso, já incorporada ao 
termo corriqueiro. A Figura 1 ilustra o Hype Cycle,	com	todos	os	seus	estágios	identificados.
FIGURA 1 – HYPE CYCLE
Fonte: FENN; RASKINO, 2008. Adaptado.
16UNIDADE I Introdução à Tecnologia
Como visto, essa curva mostra a expectativa, reputação ou aceitação de determi-
nada tecnologia ao longo do tempo – podendo também ser entendidas como visibilidade e 
maturidade que se alcança. Conforme pode ser acompanhado ao longo do eixo horizontal 
(temporal), há cinco fases bem nítidas: gatilho de inovação ou gatilho tecnológico, pico das 
expectativas	infladas,	vale	das	desilusões,	aclive	de	iluminação	e	platô	de	produtividade	ou	
planalto de produtividade. E elas procuram representar um fenômeno sócio técnico comum 
a todas as novas tecnologias: entre o momento de seu surgimento e a estabilidade para 
aplicação industrial, há um momento de forte turbulência, caracterizado pela rápida febre 
que se forma (hype) seguido por uma quase tão imediata depressão ou frustração em 
torno das expectativas originais daquela tecnologia. Isso acaba por explicar uma série de 
desdobramentos práticos da difusão e assimilação de novas tecnologias.
No gatilho tecnológico, marco de lançamento daquela nova tecnologia, estão os 
produtos e aplicações mais recentes lançadas no mercado. O sugestivo nome pico das 
expectativas	infladas reúne os produtos e aplicações em voga, alvos de grande burburinho, 
sendo testados por um grande número de companhias. É uma fase em que as expectativas 
usualmente são maiores que o real valor daquelas novidades, o que ajuda a explicar o está-
gio seguinte: vale das desilusões, uma etapa realmente crítica, uma vez que, a partir desse 
ponto, novas tecnologias podem ser simplesmente abandonadas (cair em total desuso), 
ou então começarem a ser aprimoradas para melhor adaptação ao mercado. O aclive de 
iluminação reúne os produtos e aplicações que conseguiram ser melhorados em relação à 
fase anterior, portanto, com sucesso em permanecer no mercado. Finalmente, o planalto 
de produtividade é atingido por aqueles produtos e aplicações testados e aprovados efeti-
vamente, validados (aceitos) pelo mercado.
Nos relatórios anuais do Gartner Group, o Hype Cycle é atualizado para mostrar 
qual a posição de momento de diversas tecnologias alvo de monitoramento.Para cada uma 
delas, características peculiares podem fazer com que determinadas fases sejam muito 
mais aceleradas ou muito mais lentas para transição, que o pico seja muito maior, o vale 
muito	mais	amplo,	entre	outros.	O	que	não	costuma	mudar	é	o	visual	do	gráfico,	que	ilustra,	
de maneira bastante efetiva, o recorrente fenômeno de euforia à depressão que antecede 
o uso estável de uma determinada tecnologia.
Compreender a utilidade do Hype Cycle é reconhecer que trabalhar com tecnologias 
emergentes	é	altamente	desafiador.	Afinal,	é	difícil	garantir	se	o	hype de um determinado 
fenômeno tecnológico é exagero, tendência, ou um verdadeiro tsunami. Inovações estão 
sempre associadas a riscos: quando uma organização decide investir em uma tecnologia 
17UNIDADE I Introdução à Tecnologia
inovadora, não há como deixar de conviver com alto nível de incertezas. As coisas podem 
dar muito, muito certo, como também muito, muito errado.
Como bem descrito por Reis (2008) e Fenn e Raskino (2008), o ambiente de ne-
gócios está cada vez mais complexo e agressivo. E é nesse meio que as empresas, para 
sobreviver e prosperar, são impelidas a inovar de forma contínua – organizações perma-
nentemente inovadoras. As novas tecnologias são o futuro de muitas frentes de negócio, 
afinal,	 são	 capazes	 de	 destruir,	 criar	 e	 redesenhar	 indústrias	 em	 passo	 cada	 vez	mais	
acelerado. A necessidade da vanguarda tecnológica é imperativa: ao mesmo tempo, adotar 
tecnologias	ainda	não	consolidadas	é	um	desafio	para	gestores	de	organizações	de	todos	
os tipos. As questões inevitáveis sobre as quais se debruçam gestores e especialistas na 
indústria são as que apresentamos a seguir.
● De que forma as organizações podem avaliar, decidir e incorporar novas tecnologias
aos	negócios,	diante	da	altíssima	incerteza	a	respeito	de	sua	viabilidade?
● Que critérios adotar para decidir entre uma estratégia agressiva (ser pioneiro na
utilização da tecnologia) ou conservadora (preferindo a observação de mercado e
espera	de	primeiros	resultados	dos	concorrentes)?	Naturalmente,	os	riscos	e	os	be-
nefícios de cada uma dessas estratégias precisam ser devidamente considerados.
● Como	conviver	com	a	possibilidade	de	as	novas	tecnologias	redefinirem	o	próprio
modelo	de	negócio	atualmente	empregado	pela	empresa?	Não	obstante	criar	novos
negócios, a tecnologia emergente pode ser responsável, ao mesmo tempo, pela
obsolescência completa do negócio tradicional da organização, que muitas vezes é
o responsável pela trajetória de sucesso até então alcançado de uma marca.
● Como planejar recursos e preparar a estrutura organizacional para o processo de
transferência	de	tecnologia?
O ponto crítico do Hype Cycle é a depressão da curva. Uma dada tecnologia ca-
minha,	ao	 longo	do	 tempo,	para	chegar	nesse	ponto	de	 inflexão,	que	é	precisamente	o	
momento	em	que	se	alcança	massa	crítica	suficiente	para	se	disseminar	pela	indústria	e	
causar impactos de forma exponencial, ou ser completamente abandonada (ou substituída).
É interessante observar como os mais recentes relatórios Hype Cycle do Gartner 
posicionam a tecnologia da informação como verdadeira protagonista das plataformas 
tecnológicas de próxima geração. Ao menos três macrotendências sintetizam o caminho da 
evolução tecnológica para os próximos anos:
18UNIDADE I Introdução à Tecnologia
1. Experiências imersivas: o termo originalmente adotado pelo Gartner é trans-
parently immersive experiences, abrangendo o conjunto de tecnologias que
estão se tornando mais orientadas ao ser humano, e com isso, cada vez mais
invisíveis,	fluídas	e	contextuais	no	que	tange	ao	relacionamento	entre	pessoas,
sistemas	artificiais	e	organizações	empresariais.	Alguns	exemplos	práticos	são
as tecnologias de realidade virtual e de realidade aumentada. Também estão
incluídas as próximas gerações de tecnologias já concebidas há algum tempo,
como é o caso da tecnologia de impressão 3D (com mais de três décadas de
existência): as impressoras 4D estão surgindo, com novas e impactantes apli-
cações, que envolvem a produção de materiais inteligentes, que se moldam e
remoldam	fisicamente	ao	longo	do	tempo	(a	quarta	dimensão),	em	função	de
determinados parâmetros (entre os quais a interação humana). Nessa categoria
de experiências imersivas, merecem destaque também tecnologias emergentes
como Human Augmentation, Brain-Computer Interface, Volumetric Displays,
Affective	Computing,	Nanotube	Electronics	e Gesture Control Devices.
2. Máquinas inteligentes: a expressão originalmente utilizada pelo Gartner, Per-
ceptual Smart Machine Age,	diz	respeito	à	inteligência	artificial	que	opera	assis-
tentes pessoais como Google Now, Siri e Cortana, veículos autônomos e robôs,
fundamentada	 em	algoritmos	 sofisticados,	 arquitetura	 de	machine learning e
técnicas de linguagem natural. Já há um bom tempo os algoritmos inteligentes
estão presentes no cotidiano das pessoas, muitas vezes sem serem percebi-
dos. É o caso dos algoritmos de recomendação, totalmente incorporados ao
processo	de	escolher	um	filme	no	Netflix	ou	um	 livro	na	Amazon.	Algoritmos
poderosos são empregados para que rotas sejam propostas pelo Waze, para
que	o	Uber	 possa	precificar	 antecipadamente	 uma	 corrida,	 para	 que	empre-
sas automatizem o processo de aprovação de crédito dos clientes, e para que
passagens aéreas sejam mantidas com preços dinâmicos, entre tantas outras
inúmeras realidades do cotidiano.
A	inteligência	artificial	é	a	base	de	funcionamento	do	poderoso	motor	de	busca
do Google. É fácil concordar com Singh (2012; 2014) sobre as possibilidades imi-
nentes serem realmente impressionantes, uma vez que o Hype Cycle associado
se concretize: uma máquina HLMI (Human-Level Machine Intelligence) – um
computador	capaz	de	emular	a	maioria	das	atividades	profissionais	humanas	ao
menos tão bem quanto uma pessoa – tem, segundo as previsões tecnológicas,
19UNIDADE I Introdução à Tecnologia
mais de 50% de chance de ser realidade por volta do ano 2050. A partir daquele 
ponto, chegar-se a uma máquina superinteligente seria questão de poucas dé-
cadas. Por máquina superinteligente, entenda-se o alcance de um intelecto que 
excederá em muito o desempenho cognitivo da raça humana em absolutamente 
todos domínios de conhecimento. 
3. Revolução das plataformas: a análise do Gartner a respeito da Platform Revo-
lution alerta para o irreversível deslocamento da infraestrutura tecnológica para
ecossistemas – tecnologias operando como plataformas e como catalisadoras
de novos negócios de alto impacto. Trata-se de um movimento que já iniciou,
fundamentalmente a partir das primeiras aplicações de cloud computing (com-
putação em nuvem). Contudo, a maior revolução parece se aproximar a partir
da difusão generalizada de tecnologias como blockchain e Software-Defined
Everything (SDx):	estas	possuem	um	infindável	potencial	para	criação	de	novos
modelos de negócio, enraizando a conexão invisível e intuitiva entre pessoas e
novas tecnologias.
20UNIDADE I Introdução à Tecnologia
2. A TECNOLOGIA AO LONGO DO TEMPO
2.1 Indústria 4.0
Inicialmente, convém esclarecer a respeito da adequada interpretação que a palavra 
indústria merece. Por algum motivo, talvez a maioria das pessoas, quando se depara com 
esse termo, automaticamente o associa com fábricas, esteiras levando produtos e peças em 
linhas de montagem, ou alguma imagem de Tempos Modernos,	o	icônico	filme	de	Charles	
Chaplin. Não há dúvidas de que isso também é indústria, mas o conceito não se limita à ati-
vidade de manufatura fabril. Indústria é sinônimo de produção, em seu conceito mais amplo.
Assim, envolve-se tanto o clássico processo de transformação de matérias-pri-
mas em bens físicos com determinados atributos agregados, tão típico da indústria da 
manufatura, como também a própria articulação de recursos envolvida na prestação de um 
serviço: o termo indústria de serviços é totalmente válido. Da mesma forma, sãoigualmente 
coerentes os empregos do termo em uma ampla variedade de expressões, como indústria 
cinematográfica,	indústria	da	educação,	indústria	fonográfica,	indústria	cultural,	indústria	da	
saúde,	 indústria	de	seguros,	entre	uma	infinidade	de	outros	exemplos.	O	termo	 indústria 
está para a produção (oferta) assim como mercado está para consumo (demanda).
É o que precisa ser levado em consideração quando se trata de compreender o 
fenômeno da Revolução Industrial, ou das várias revoluções industriais que a humanidade 
tem experimentado e as que ainda vai conhecer. Tudo diz respeito à atividade do trabalho, 
da produção conduzida por pessoas para atender anseios, demandas e necessidades de 
21UNIDADE I Introdução à Tecnologia
outras pessoas. A indústria existe para atender ao mercado, sendo fato comum que este 
último	seja	a	real	justificativa	para	a	arquitetura	industrial.	Quando	se	fala	em	Revolução	
Industrial, o que está em discussão é, portanto, um momento histórico que caracteriza um 
salto	de	produtividade	tão	grande,	a	ponto	de	redefinir	por	completo	o	que	se	conhecia	até	
então como parâmetro industrial.
É por esse ângulo que é possível reconhecer na própria Revolução Agrícola – época 
de	transformação	de	uma	humanidade	nômade	em	uma	mais	fixada	ao	local	geográfico	em	
que se produziam alimentos – uma primeira grande revolução industrial, embora se costu-
me associar a expressão revolução industrial ao momento histórico em que a máquina a 
vapor e as locomotivas se tornam realidade corriqueira, com o rótulo de Primeira Revolução 
Industrial. É indiscutível que ali ocorre genuinamente um salto da capacidade produtiva: isto 
é, quando o efeito de melhorias sucessivas não é a continuidade de uma rampa, mas sim 
o aparecimento de um degrau.
No que diz respeito ao posterior segundo degrau, a assim chamada Segunda 
Revolução Industrial é marcada pelo uso da eletricidade na produção, a viabilidade da pro-
dução em massa e o aparecimento de artefatos revolucionários como avião, navio a vapor, 
refrigeração mecânica e a invenção do telefone eletromagnético. No campo da gestão, é 
impossível	não	reconhecer	a	importância	do	gerenciamento	científico	da	produção,	criado	
por Frederick Taylor.
Mais uma vez se alcançou uma revolução nos níveis de produtividade industrial a 
partir do momento em que computadores e automação robótica começam a ser a base dos 
modelos produtivos, especialmente na indústria automotiva. Por isso, a justa denominação 
de Terceira Revolução Industrial, que se estendeu até anos muito recentes. Se ainda inci-
piente na Segunda Revolução Industrial, a tecnologia da informação começa a se tornar 
imprescindível nos sistemas produtivos da era seguinte, principalmente a partir do momento 
em que computadores de alta capacidade se tornam acessíveis às organizações em geral.
Não por acaso, Terceira Revolução Industrial costuma ser associada à era do co-
nhecimento: aquele estágio que a humanidade alcança em que, diferente da era industrial 
clássica, o conhecimento passa a se tornar o insumo mais relevante – eis a tecnologia da 
informação começando a traçar as novas direções dos sistemas produtivos, a partir de 
artefatos como as redes locais de computadores e a grande rede, de disposição mundial, 
que é a internet e a web 2.0. Para Reis (2008), essas são competências tão essenciais 
às	organizações	empresariais	quanto	as	clássicas	gestão	financeira,	gestão	de	recursos	
22UNIDADE I Introdução à Tecnologia
humanos e gestão da produção; além dessas, irrompem disciplinas como gestão da tecno-
logia, gestão do conhecimento e gestão da inovação.
E assim como, na perspectiva de alguns pesquisadores e especialistas, a Segunda 
Revolução Industrial parece ser mais uma extensão natural dos desdobramentos tecno-
lógicos da Primeira Revolução Industrial, o que viria na sequência da Terceira Revolução 
Industrial, embora profundamente disruptiva e impactante para toda a indústria, pode ser 
entendida como uma consequência inevitável do aprimoramento geral da tecnologia da 
informação e de suas aplicações entre as diversas outras tecnologias.
Para muitos, a Quarta Revolução Industrial, a chamada Indústria 4.0, inicia junto 
ao surgimento da cloud computing	 (computação	em	nuvem).	É	um	ponto	de	 inflexão,	a	
partir do qual o mundo convencional (físico) começa a migrar irreversivelmente para o 
mundo digital. Verdadeiras plataformas tecnológicas com potencial de novas aplicações, 
a nanotecnologia, biotecnologia, robótica, Internet das Coisas, Big Data, M2M, inteligência 
artificial,	impressão	3D,	tecnologia	dos	materiais,	entre	tantas	outras,	passam	por	contínuo	
aprimoramento e, destaca-se, convergência, a partir da integração com as tecnologias de 
informação e comunicação (TIC), como destaca Schwab (2016). A tecnologia da informação 
parece dragar todas as demais tecnologias para uma trajetória de aperfeiçoamento em que 
ela,	TI,	é,	ao	mesmo	tempo,	princípio,	meio	e	fim	nessa	dinâmica	conjunta.
O	que	a	Quarta	Revolução	Industrial	provoca	é	a	mais	radical	modificação	da	so-
ciedade em todos os tempos. Por cerca dos últimos 250 mil anos, período que se acredita 
corresponder à completa trajetória humana sobre a face da Terra, a humanidade evoluiu 
com base em um desenvolvimento local e linear. Local, no sentido de que se uma pessoa 
nascesse em determinada região, era muito provável que ali crescesse, produzisse e mor-
resse. Linear, em termos de velocidade constante das melhorias e avanços tecnológicos. 
Por assim dizer, o ritmo de mudanças que uma pessoa assistia em sua infância correspon-
dia, grosso modo, ao mesmo ritmo de mudanças já na velhice.
Desse período realmente expressivo de 250 mil anos, contudo, são os últimos 
50 anos que destoam por completo a forma de desenvolvimento: ela passa a ser global 
e	exponencial.	Global,	no	sentido	que	a	mobilidade	geográfica	alcançou	 tal	ponto	que	é	
muito comum pessoas perfazendo suas etapas de vida nas mais diferentes regiões do 
planeta: nascer em um local, crescer em outro, e assim ir experimentando diversos outros 
lugares, mesmo em escala internacional, para estudar, se aprimorar, produzir e usufruir das 
benesses de uma vida mais longeva. Por crescimento exponencial, entenda-se um ritmo 
continuamente acelerado de avanço tecnológico, que alcança, na época atual, um patamar 
de	alcance	até	certo	ponto	assustador.	O	Gráfico	1	ilustra	a	diferença	entre	um	ritmo	linear	
e um ritmo exponencial de crescimento.
23UNIDADE I Introdução à Tecnologia
GRÁFICO 1 – COMPARAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO LINEAR E CRESCIMENTO EXPONENCIAL
Fonte: SINGULARITY UNIVERSITY, 2017. Adaptado.
A diferença entre os dois ritmos de crescimento é tão acentuada que chega a ser 
desafiadora	a	projeção	mental	dessa	disparidade.	A	abordagem	visual	é	especialmente	útil	
para melhor compreender a diferença alcançada em alguns poucos passos incrementais. 
Nos primeiros incrementos, as duas curvas estão muito próximas, mas logo após alguns 
incrementos subsequentes, a distância que se alcança é surpreendente. Se valores foram 
tabulados,	a	constatação	é	ainda	maior:	dar	30	passos	lineares	de	1	metro	significa	andar,	
ao todo, 30 metros. Dar 30 passos exponenciais (1 m, 2 m, 4 m, 8 m, 16 m etc.) equivale 
a cobrir 1.073.741.824 metros. Para compreender, em uma perspectiva humana, o que 
representam mais de 1 bilhão de metros, basta saber que correspondem a 26 voltas em 
torno do planeta Terra.
Novas	tecnologias	possuem	o	poder	exponencial	por	uma	razão	significativa:	o	conhe-
cimento é cumulativo. A nova geração de pessoas não se vê obrigada a reinventar a roda no 
que diz respeito à ciência e tecnologia, mas já pode partir do conhecimento que se acumulou 
até	aquele	momento	histórico,	e	a	partir	dali,	avançar	o	estado-da-arte	científico	e	tecnológico.
Chega até a ser um tanto quanto contraintuitivo esforçar-se por compreender o que 
é uma melhoria da ordem de bilhões de vezes. Algunsexemplos são úteis para ajudar nesse 
desafio.	No	que	diz	respeito	à	tecnologia	de	circuitos	integrados	eletrônicos,	considera-se	
24UNIDADE I Introdução à Tecnologia
que, em 1958, dois transistores ocupavam o espaço correspondente a cerca de 1 cm2. Em 
1971, o Intel 4.004 dispunha, nesse mesmo quadrado, de 1 cm de lado, 2.300 transistores. 
Um salto de dois para 2.300 é bastante apreciável. Contudo, quase desprezível ao se 
considerar o que se alcançaria em 2012: um GPU Nvidia encaixava, nesse mesmo espaço 
físico, 7,1 bilhões de transistores. E a evolução tecnológica ao longo do tempo, natural-
mente, nunca estaciona. Nesse espaço de 54 anos, não foi apenas o atributo dimensional 
(espaço	físico)	que	foi	revolucionado:	essas	poucas	décadas	foram	suficientes	para	que,	
simultaneamente, se alcançassem dispositivos 10 mil vezes mais velozes e 10 milhões de 
vezes mais baratos. Ou seja, uma tecnologia 100 bilhões de vezes melhor.
Em 1960, a tecnologia de ICBM, responsável pela navegação e precisão dos mís-
seis intercontinentais, era fundamentada em uma geringonça com funções de controle de 
velocidade, orientação e aceleração, de cerca de 23 kg de massa e com custo na casa 
de milhões de dólares. Nos primeiros anos do século XXI, dispositivos extremamente mi-
niaturizados, a ponto de serem componentes quase imperceptíveis visualmente em um 
smartphone, eram disponibilizados na indústria na forma de um acelerômetro de US$ 1 e 
um giroscópio de US$ 3, com capacidade muito maior. Tais tecnologias, não obstante, ca-
minham para uma evolução ainda mais surpreendente, na forma de máquinas de estrutura 
molecular (nanométrica), virtualmente sem custo unitário apreciável.
O primeiro receptor de GPS lançado comercialmente remonta a 1981, na forma 
de um equipamento de 24 kg e quase US$ 120 mil. Em 2010, o mundo já contava com 
microchips com função GPS que cabiam, com muita folga, na ponta de um dedo, por menos 
de US$ 5 cada. Em 1976, o engenheiro Steven Sasson, da Kodak, orgulhava-se de sua 
criação,	a	primeira	máquina	fotográfica	digital	da	história:	resolução	de	0,01Mp,	massa	de	
1,7 kg e preço em torno de US$ 10 mil. Em 2014, o dispositivo de câmera digital móvel, 
onipresente em qualquer telefone celular, apresentava-se com 10Mp, 13g e US$ 10 mil 
vezes mais resolução, mil vezes mais leve, mil vezes mais barato.
Seria inevitável que tamanha profusão exponencial alcançasse o mundo digital. Na 
tecnologia da informação, os dados crescem de forma exponencial. Em 2010, 5 bilhões de 
gigabytes eram produzidos em dois dias de operação da internet. Em 2013, esse volume 
de dados passou a ser produzido a cada 10 minutos. Uma companhia aérea gera mais de 1 
Tb de dados por dia. Além disso, mais de 100 horas de conteúdo de vídeo são adicionados 
ao YouTube a cada minuto. Assim, como característica marcante da Indústria 4.0, é muito 
natural que tecnologias exponenciais conduzam, no mundo das organizações empresa-
riais, a negócios exponenciais, novos empreendimentos (startups) que, em pouquíssimo 
tempo de operação, passam a incomodar as grandes marcas tradicionais estabelecidas no 
mercado – isso quando não as destroem por completo.
25UNIDADE I Introdução à Tecnologia
2.2 Transformação digital
Startups, representando, de um lado, o novo paradigma dos negócios, e as empresas 
tradicionais, de outro, na sua busca pela reinvenção necessária à sobrevivência e prosperi-
dade na Quarta Revolução Industrial, dispõem de uma mesma estratégia para seus intentos 
particulares: a transformação digital, que acontece da forma mais ampla possível: produtos 
e	serviços,	 processos	e	 finalmente	os	negócios	por	 completo,	 totalmente	digitalizados	ou	
virtualizados. A tecnologia da informação é a maior responsável por impelir o ritmo de trans-
formação digital que cada organização, de qualquer ramo e porte, pode implementar.
Nem toda startup	significa,	necessariamente,	um	modelo	de	negócio	digital.	Embo-
ra reconheça-se que são casos mais raros, até mesmo indústrias manufatureiras podem 
ser startups. É porque o conceito envolve, fundamentalmente, a proposição de um novo 
negócio. Não qualquer novo negócio, evidentemente, precisa ser relacionado ao chamado 
empreendedorismo de alto impacto, genuinamente inovador, um novo negócio potencial-
mente escalável. Por escalabilidade, entende-se a capacidade de se atingir um ritmo de 
crescimento vigoroso, caso receba os recursos necessários. Na prática, por uma questão 
de	nível	de	investimento	(capital	comprometido),	e	até	mesmo	de	perfil	e	valores	individuais	
das novas gerações de empreendedores, é o cenário mais comum que as startups estejam 
fundamentadas em modelos de negócios totalmente digitais (e, quase sempre, na forma de 
aplicativos para smartphones).
É comum que startups nasçam a partir da modelagem de negócios voltados ao 
aproveitamento	das	infinitas	possibilidades	de	apoiar	a	transformação	digital	da	sociedade	
e das demais organizações empresariais. Para as empresas tradicionais, a transformação 
digital é a resposta para a necessidade de reinvenção, ou readaptação, a novas condições 
do ambiente de negócios. Portanto, é um fenômeno que transpassa organizações de todos 
os	perfis	possíveis.	Em	maior	ou	menor	grau,	seus	desafios	são	imperativos	para	qualquer	
tipo de empreendimento.
Transformação digital envolve, principalmente, a gradativa digitalização de todos 
os processos produtivos. Isto é, todas as rotinas de trabalho, sejam elas de cunho mais 
técnico, como a própria atividade de chão de fábrica (a linha de produção), ou processos 
administrativos,	tão	convencionais	como	finanças,	marketing e recursos humanos. E mesmo 
nas organizações que continuam a produzir produtos físicos habituais, tais como eletrodo-
mésticos, automóveis ou artigos esportivos, a mudança na forma como as atividades são 
organizadas, a partir das ferramentas digitalizadas, é realmente revolucionária.
26UNIDADE I Introdução à Tecnologia
Entenda-se	que,	ao	se	 tratar	do	significado	da	digitalização,	o	que	precisa	ser	re-
conhecido	é	a	definitiva	ruptura	entre	um	objeto	e	a	sua	respectiva	aplicação	ou	benefício	
associados. Por exemplo, no caso de uma revista convencional, as folhas de papel empre-
gadas para viabilizar a existência daquele objeto são as mesmas que trazem a informação 
escrita, que é essencialmente o que dá valor àquela revista. Ou seja, caso o aparato físico 
seja destruído (perdido, molhado etc.), perde-se, junto, a mensagem que ele carrega consigo.
Na área técnica, e nos processos mais voltados à produção propriamente dita, os 
recursos de simulação e emulação eletrônicos possibilitam que até as etapas de protótipos 
possam ser experimentadas apenas em ambiente virtual, sem mobilizar maiores recursos 
nessa etapa do processo de planejamento e desenvolvimento de produtos que costuma ser 
tão cara em termos de volume de investimentos necessários. Um automóvel, por exemplo, 
pode ser não apenas projetado de forma virtual (simulado), mas testado (emulado) nesse 
mesmo ambiente, antes de começar sua produção de forma física, proporcionando uma in-
crível economia de recursos e aumento do time-to-market – tão essenciais, principalmente 
no caso de negócios de concorrência acirrada.
A preparação da fábrica ganha a possibilidade de só se partir para a aquisição das 
mais caras máquinas e equipamentos especializados após sucesso nos testes virtuais (em 
que	vários	parâmetros	podem	ser	testados	até	se	encontrar	a	configuração	ideal	para	se	
investir). Processos de manutenção industrial são otimizados ao máximo, principalmente 
pelas novas possibilidades de manutenção preditiva com base em tecnologia M2M (comuni-
cação automática máquina a máquina, ou mesmo componente com máquina). Finalmente, 
toda	a	 cadeia	produtiva	 fica	melhor	 sincronizada	por	meio	da	 comunicação	 instantânea	
dos sistemas informatizados de uma empresa com os sistemas de seus principais for-
necedores,	 resultandoem	um	fluxo	de	 trabalho	mais	 fluido,	 com	menor	 lead-time, mais 
qualidade (menor retrabalho, sucateamento, desperdício etc.) e, com tudo isso expressiva 
e generalizada redução de custos.
Mas, como já se frisou, não é apenas no processo produtivo direto que a trans-
formação digital ocorre: ganhos similares se fazem realidade em qualquer outro processo 
administrativo	ou	indireto	da	empresa.	O	departamento	financeiro	pode	ser	digitalizado,	com	
uma	integração	direta	do	sistema	da	empresa	com	bancos	e	demais	instituições	financei-
ras, além da própria comunicação automatizada de contas a receber da empresa junto às 
contas a pagar dos seus clientes corporativos, e vice-versa no que tange aos fornecedores.
O	 escrutínio	 fiscal	 por	 parte	 dos	 órgãos	 públicos	 em	 nível	 federal,	 estadual	 e	
municipal, em ambiente totalmente digital, reduz substancialmente, quando não eliminar 
27UNIDADE I Introdução à Tecnologia
por	 completo,	a	necessidade	de	fiscalizações	presenciais.	Permeando	 todos	os	proces-
sos	 financeiros	e	 contábeis,	 a	 tecnologia	de	blockchain	 redefinirá	o	papel	 de	 instâncias	
tidas como indispensáveis, como bancos, que perderão a conotação de canais principais 
para	financiamento	das	operações.	Principalmente	quando	o	objetivo	é	o	lançamento	de	
produtos e serviços inovadores, já há algum tempo se tornou comum, via plataformas 
digitais, campanhas de captação de recursos das empresas diretamente junto aos seus 
consumidores – entusiastas de uma determinada marca, não raro, fazem questão de pagar 
antecipadamente	pela	solução	que	a	empresa	promete,	financiando,	assim,	todo	o	proces-
so de pesquisa e desenvolvimento. Além disso, criptomoedas, como bitcoins e similares, 
permitirão novas possibilidades de monetização do negócio.
O departamento de recursos humanos pode ser digitalizado, desde o processo de 
recrutamento e seleção, passando por capacitação e desenvolvimento, até o desligamen-
to	 dos	profissionais.	As	possibilidades	 se	ampliam	com	 recrutamento	e	 seleção	on-line: 
vagas	são	divulgadas	instantaneamente	por	um	número	infindável	de	canais,	a	captação	
de	perfis	e	currículos	se	torna	tão	seletiva	e	específica	quanto	for	necessário	para	os	talen-
tos procurados, e as entrevistas e testes complementares podem ser feitos virtualmente, 
dispensando presença física, ou seja, reduzindo substancialmente os custos envolvidos 
(tanto para empregador quanto para candidato) e tornando o processo muito mais rápido, 
confiável	e	transparente.
Já há algum tempo, é praxe realizar-se inclusive um due dilligence (investigação 
aprofundada) da atividade dos candidatos (e dos já funcionários) nas redes sociais. Trei-
namentos e formações continuadas, em meio digital, ampliam a oferta de possibilidades 
de	capacitação	e	desenvolvimento	para	os	profissionais	da	empresa,	 incluindo	as	possi-
bilidades de eventos com instrutores internacionais sem os tradicionais custos envolvidos 
na logística convencional (seja de trazer instrutores de fora, seja para mandar participantes 
para	eventos	no	exterior).	O	mapeamento	de	competências	fica	mais	dinâmico,	oferecendo	
leituras em tempo real no ambiente das empresas. Avaliações de treinamento, de todas as 
instâncias, se tornam facilitadas pelos recursos digitais. Até mesmo o processo de desliga-
mento	fica	mais	eficiente,	possibilitando feedback (orientação corretora de comportamento 
e	desempenho)	e	acompanhamento	do	profissional	durante	e	até	mesmo	após	o	período	
de afastamento (útil especialmente em cargos mais estratégicos).
O departamento de marketing pode ser digitalizado, e isso em incontáveis frentes 
de atuação, desde o branding (gestão de reputação da marca), a publicidade, os estudos de 
precificação,	desenvolvimento	e	acompanhamento	de	mercado,	canais	diretos	e	indiretos	
28UNIDADE I Introdução à Tecnologia
de distribuição, entre tantas outras possibilidades. Aliás, é inegável que a digitalização dos 
processos nas organizações tende, irreversivelmente, ao que tudo indica, a esvaziar cada 
vez mais os canais indiretos e potencializar os canais diretos – a tecnologia digital faz os 
intermediários serem cada vez mais dispensáveis. O marketing direto é profundamente 
potencializado em ambiente digital. Nesse novo mundo em irreversível digitalização, o 
gerenciamento	 de	 reputação	 ganha	 uma	 função	 especialmente	 crítica:	 afinal,	 se	 antes,	
no	modelo	convencional,	prevalecia	a	máxima	de	que	“o	cliente	satisfeito	recomenda	para	
um,	e	o	cliente	insatisfeito	fala	mal	para	dez”,	diante	do	poder	concedido	à	voz	dos	con-
sumidores nos ambientes digitais, é bem admissível esperar que um descontente espalhe 
rapidamente sua indignação para mil, 10 mil, 100 mil ou mais pessoas.
Por assim dizer, em um mundo cada vez mais digitalizado, as empresas estão 
profundamente expostas, sendo que mesmo pequenos deslizes e falhas podem macular 
rápida e amplamente uma organização. Por outro lado, se uma empresa se encontra, sob 
essa perspectiva, em uma delicada e sensível posição na relação com os consumidores e 
sociedade em geral, seus concorrentes encontram-se na mesma situação. E é neste ponto 
que as organizações podem aproveitar a valiosa contribuição dos processos de inteligência 
competitiva: o meio digital permite, a custo muito baixo ou praticamente zero, monitorar 
constantemente as movimentações de mercado dos concorrentes.
Essa leitura de ações e iniciativas do competidor, quando realizada em tempo hábil, 
pode promover um maior grau de inovação nas empresas, pela disputa constante de quem 
lança primeiro (ou lança melhor) determinada novidade. Ressalte-se, a tempo, que não 
há nada de ilegal nesse tipo de iniciativa: como bem descrito por Reis (2008), diferente de 
espionagem industrial (comportamento antiético ou mesmo criminoso), a inteligência com-
petitiva apenas se aproveita da competência que uma organização possui de fazer a leitura 
de informações que estão disponíveis de forma livre e pública a respeito dos concorrentes 
(sites, blogs, redes sociais etc.) – e aí empregar essas informações como importantes 
subsídios de informação para seus próprios processos de tomada de decisão em relação 
à tecnologia e aos negócios.
A	listagem	das	possibilidades	é	virtualmente	infinita:	qualquer	setor	de	uma	orga-
nização pode ser profundamente transformado, em termos de produtividade, com seus 
processos funcionais digitalizados: suporte de TI, jurídico, controladoria, manutenção etc. 
Aliás, concordando com Ramos et al. (2012), é impossível deixar de reconhecer a impor-
tância que sistemas informatizados, como os mais modernos sistemas de ERP, CRM, GED, 
entre outros, têm nessas organizações, sendo peças centrais do processo de completa 
digitalização: a tecnologia da informação é a responsável por potencializar o valor da infor-
mação como insumo produtivo básico das empresas digitais.
29UNIDADE I Introdução à Tecnologia
2.3 Qual será a próxima revolução industrial?
Ao que tudo indica, ao se considerar o direcionamento das mais diversas platafor-
mas tecnológicas da Indústria 4.0, com especial destaque ao que vem se alcançando com 
a tecnologia da informação, é bastante plausível esperar que a Indústria 5.0 tenha, como 
maior característica, trabalho sem envolvimento algum de pessoas. Sem dúvida alguma, 
um acontecimento que merece, sim, ser reconhecido como verdadeira revolução industrial. 
Um	inequívoco	ponto	de	singularidade:	alcançar-se,	finalmente,	a	dissociação	definitiva	e	
irreversível entre trabalho e atividade humana. As máquinas, ou coisas (na falta de termo 
que	melhor	defina	a	nomenclatura	que	se	dará	às	próximas	gerações	de	artefatos	dotados	
de	plena	inteligência	artificial)	farão	o	labor	pelas	pessoas.
O mundo como se conhece até então será, claro, totalmente remodelado. E exis-
tem vários indícios que corroboram a ideia de que o ser humano não está condenado a 
trabalhar	para	sempre.	O	primeiro	deles	passa	por	umareflexão	acerca	de	um	insuspeito	
conceito dos sistemas industriais: a ergonomia.
Quando se fala em ergonomia, é comum que as primeiras imagens que venham 
à tona sejam do correto encosto de uma pessoa sentada em uma cadeira, altura da mesa 
em relação às mãos, ângulos recomendados de pernas e braços em posições de trabalho 
em pé ou sentado, ou mesmo aspectos inerentes à iluminação, ventilação, equipamentos 
de	proteção	individual	e	afins.	Sim,	isso	diz	respeito,	obviamente,	à	ergonomia;	contudo,	
esse	 termo	 tem	 uma	 conotação	muito	mais	 ampla:	 trata-se,	 enfim,	 do	 estudo	 científico	
das relações entre homem e máquina em um ambiente de trabalho. Esse estudo procura 
promover,	fundamentalmente,	as	condições	ideais	de	segurança	e	de	eficiência	no	modo	
como homem e máquina interagem mutuamente.
A ergonomia se ocupa de otimizar as condições de trabalho das pessoas, mediante 
métodos	e	técnicas	que	configurem	um	melhor	desenho	industrial	(layout das instalações). 
Portanto, uma premissa básica da ergonomia, que vem progressivamente moldando as con-
dições de trabalho desde a época dos desproporcionais e agressivos ambientes produtivos 
da Primeira Revolução Industrial, é que a máquina se adapta ao homem – e não o contrário.
Nesses termos, todas as características essenciais de um sistema produtivo, como 
capacidade produtiva, carga horária das jornadas de trabalho, prazos de entrega, design 
de	ferramentas,	especificação	dos	comandos	das	máquinas	e	equipamentos,	procuram	ser	
cada vez mais compatíveis ao que um ser humano consegue suportar. Uma pessoa, como 
ser biológico, organismo vivo, tem, essencialmente, suas limitações. A energia é limitada, 
30UNIDADE I Introdução à Tecnologia
bem como a velocidade, o fôlego, a força, a precisão, a resistência, a memória, entre tantos 
outros aspectos.
Dessa forma, o que ocorre é que os sistemas de produção se moldam às capaci-
dades e limites humanos. Máquinas e ferramentas, é bem verdade, atuam como extensões 
da capacidade humana: com elas, é possível conseguir a maior força, a maior precisão, o 
maior alcance. Mas, é claro que tais artefatos ainda são operados por seres humanos, o 
que ainda delimita a capacidade em vários outros atributos. Por exemplo, uma colheitadeira 
aumenta sobremaneira a produtividade de uma operação agrícola, comparado ao trabalho 
braçal de uma pessoa. Contudo, não é possível deixar uma colheitadeira operando em 
capacidade máxima, 24 horas por dia, porque a supervisão humana necessária não con-
segue acompanhar essa intensidade. Ou, ao menos, não era possível, pois a tendência 
da automação é, gradativamente, ir dispensando o envolvimento humano, para que as 
máquinas produzam por conta própria.
O	 impacto	 da	 inteligência	 artificial	 sobre	 a	 ergonomia	 é	 total:	 uma	 vez	 que	 as	
máquinas	 não	 precisem	mais	 ficar	 condicionadas	 aos	 limites	 humanos,	 a	 produtividade	
alcançará novos patamares. Ao se atingir o momento em que máquinas projetem outras 
máquinas,	mais	eficientes,	a	intervenção	humana	se	tornará	supérflua.	Se	o	que	se	projeta	
para o futuro é o cenário em que toda a atividade laboral será autônoma, o que já é há 
algum tempo presente são as não tão tênues evidências de que essa revolução já iniciou.
No mundo virtual, há que se admitir que a internet funciona da forma como se 
conhece por causa dos mecanismos autônomos que atuam 24 horas por dia, 7 dias por 
semana, na forma dos bots, os robôs virtuais que mantêm toda a estrutura funcional da 
rede mundial de computadores. Esses bots ainda são peças de software programados por 
seres humanos, mas a um passo de se alcançar bots aprimorados por outros bots, com 
reconhecimento autônomo de novas necessidades e funções a cumprir. É bastante razoá-
vel esperar que a completa liberdade humana frente ao trabalho se alcance primeiramente 
em	terreno	virtual,	e	que,	na	sequência,	a	inteligência	artificial	presente	na	forma	da	rede	
de computadores assuma todo o labor do mundo físico. Obviamente, braços físicos são 
necessários	para	que	sistemas	artificiais	realizem	atividades	como	a	de	um	veterinário,	de	
um pintor, de um mecânico ou de um professor. Tal atuação física sobre o mundo físico se 
dará, certamente, com robôs, drones e androides das mais variadas formas, na forma de 
corpo	tangível	da	inteligência	artificial,	como	preconiza	Singh	(2012).
Como lembra Van Opstal (2010), um dos princípios fundamentais dessa visão de 
futuro é a Lei de Moore, batizada dessa forma em reconhecimento ao trabalho do enge-
31UNIDADE I Introdução à Tecnologia
nheiro da Intel que postulou que a capacidade dos computadores dobra em um período de 
1,5 a 2 anos. De fato, acompanhando toda a trajetória histórica da computação, desde o 
tempo das máquinas programáveis à base de cartões perfurados (para a leitura dos 0 e 1 
de linguagem elementar de programação) até os convencionais computadores baseados 
em microchips de silício, a Lei de Moore se provou válida. Várias foram as plataformas 
tecnológicas que permitiram esse salto exponencial da tecnologia da informação: relés, 
válvulas, transistores, circuitos integrados, etc. Parece bastante certo que a inteligência 
artificial	projetada	para	o	futuro	não	será	arquitetada	na	tecnologia	atual	de microchips de 
silício,	mas	em	outras	plataformas	ainda	a	serem	definidas	pela	indústria.
Uma tecnologia candidata ao posto de próxima geração da ciência da computação 
é	o	da	computação	quântica:	uma	nova	estrutura	que	redefine	os	elementos	mais	básicos	
da eletrônica digital (os 0 e 1) a partir da tentativa de reproduzir as propriedades quânticas 
das partículas atômicas, como sobreposição, interferência, o spin de um elétron (o lado 
para	o	qual	ele	gira).	Na	prática,	isso	significa	revolucionar	drasticamente	o	clássico	mo-
delo	de	Von	Neumann,	que	estabelece	as	tradicionais	figuras	de	processador	de	um	lado,	
memória de outro, e barramento de comunicação entre eles a partir de um processamento 
sequencial.	 Isso	significa	computadores	exponencialmente	mais	poderosos	que	os	mais	
avançados do paradigma tecnológico atual. Isso é importante, porque fornece o aparato 
essencial	para	suportar	uma	inteligência	artificial	de	alto	desempenho.
Dessa forma, é bem provável que a Lei de Moore continue sendo válida pelas pró-
ximas décadas, o que resulta em consequências realmente espantosas. Por volta de 2010, 
um computador comercial de US$ 1.000,00 já possuía capacidade, em termos de cálculos 
por segundo, equivalente ao cérebro de um pequeno mamífero, como, por exemplo, um 
rato. A projeção é que, em torno de 2025, um computador de mesmos US$ 1.000,00 já 
possua capacidade de número de cálculos por segundo similar a um cérebro humano. 
Provavelmente próximo a 2040, pela Lei de Moore, um computador de US$ 1.000,00 tenha 
poder de cálculos por segundo superior a todos os bilhões de cérebros humanos existentes 
no	planeta.	É	nessa	época	que	se	espera	um	sistema	de	inteligência	artificial	realmente	à	
altura	do	profundo	significado	que	a	palavra inteligência representa para os seres humanos.
Obviamente, usar número de cálculos por segundo como único atributo de medida 
de	capacidade	de	uma	mente	artificial	parece	ser	bastante	raso.	Há	outros	elementos	que	
distinguem	uma	mente	humana	e	um	sistema	artificial.	Como	explica	Buonomano	(2011),	a	
capacidade de reconhecer padrões é marcante em seres vivos, e é um elemento essencial 
da inteligência humana: uma vez que se aprenda que uma letra A, por exemplo, é formada 
32UNIDADE I Introdução à Tecnologia
pela	junção	de	determinadas	linhas	em	uma	sobreposição	específica,	o	cérebro	humano	já	
é capaz de entender uma letra A escrita nos mais variados tamanhos, fontes, inclinações, 
cores etc. Isso se dá porque o pensamento de associação a partir de padrões é caracte-
rístico da inteligência biológica. Não por acaso, os recursos de captcha (letras e números 
em imagens distorcidas) na internet são usados

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