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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciências Faculdade de Ciências Exatas e Engenharias Programa de Pós-graduação em Ciências e tecnologia dos Materiais Área de Concentração em Materiais Metálicos André da Silva Barbosa Técnicas de Tratamento de Superfícies para Estruturas Metálicas 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ……………………............................................................................. 03 2 GRAUS DE INTEMPERISMO......................................................................................04 3 PRINCIPAIS NORMAS..................................................................................................06 4 LIMPEZA COM SOLVENTES.......................................................................................07 5 LIMPEZA POR AÇÃO QUÍMICA.................................................................................07 6 LIMPEZA POR AÇÃO MECÂNICA.............................................................................11 7 LIMPEZA POR MEIO DE JATEAMENTO ABRASIVO.............................................13 8 LIMPEZA POR MEIO DE HIDROJATEAMENTO......................................................16 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................18 3 1 Introdução As técnicas de tratamento de superfície são métodos empregados para modificar as propriedades superficiais de materiais, visando melhorar sua resistência, durabilidade, estética ou outras características específicas. O tratamento de superfícies desempenha um papel crucial em diversos setores industriais e em uma variedade de aplicações. Aqui estão algumas razões pelas quais o tratamento de superfícies é importante: 1. Proteção contra corrosão: Muitos materiais metálicos estão sujeitos à corrosão quando expostos a ambientes agressivos, como umidade, produtos químicos ou salinidade. O tratamento de superfícies, como galvanização, anodização ou revestimentos protetores, cria uma barreira física ou química que protege o material contra a corrosão, prolongando sua vida útil e reduzindo a necessidade de substituição. 2. Melhoria das propriedades mecânicas: O tratamento de superfícies pode melhorar diversas propriedades mecânicas dos materiais, como resistência ao desgaste, dureza, tenacidade e aderência. Processos como têmpera, cementação, nitretação e revestimentos cerâmicos podem aumentar a resistência e a durabilidade de peças mecânicas, reduzindo o desgaste e aumentando sua vida útil. 3. Aprimoramento estético: Em muitas aplicações, a estética da superfície é tão importante quanto suas propriedades funcionais. O tratamento de superfície pode melhorar a aparência de materiais, proporcionando acabamentos decorativos, como polimento, pintura, anodização colorida ou cromação, tornando os produtos mais atraentes visualmente e agregando valor estético. 4. Preparação para processos de fabricação: Antes de serem submetidos a processos de fabricação adicionais, como soldagem, brasagem, colagem ou revestimento, as superfícies dos materiais muitas vezes precisam ser preparadas adequadamente para garantir a adesão e a integridade das uniões. O tratamento de superfície pode limpar, desengraxar, remover óxidos e preparar a superfície para promover uma aderência eficaz entre materiais e revestimentos. 4 5. Melhoria da funcionalidade: Em certas aplicações, o tratamento de superfícies pode conferir funcionalidades específicas aos materiais, como propriedades antibacterianas, hidrofóbicas, lubrificantes ou condutoras. Por exemplo, revestimentos com nanopartículas podem conferir propriedades antibacterianas a superfícies médicas, enquanto tratamentos hidrofóbicos podem tornar materiais impermeáveis à água. 6. Redução do impacto ambiental: Alguns métodos de tratamento de superfícies podem contribuir para a redução do impacto ambiental, como processos de fosfatização que substituem conversões químicas à base de cromo, que são ambientalmente prejudiciais, por processos mais seguros e ecológicos. 2 Graus de Intemperismo da Superfície O padrão ISO 8501-1 estabelece padrões fotográficos de comparação visual para a determinação do grau de intemperismo da superfície da peça para possibilitar a escolha adequada do tipo de preparação superficial. Os graus de intemperismo são os seguintes: Grau A - Substrato de aço sem corrosão, com carepa de laminação ainda intacta Figura 01: Grau A de intemperismo no Aço Carbono. Extraído de ISO, 2007. Grau B - Substrato de aço com início de corrosão e destacamento da carepa de laminação a Figura 02 apresenta o destacamento da carepa. 5 Figura 02: Grau B de intemperismo no Aço Carbono. Extraído de ISO, 2007. Grau C - Substrato de aço onde a carepa de laminação foi eliminada pela corrosão ou que possa ser removida por raspagem, com pouca formação de cavidades visíveis. Segundo observado na Figura 03. Figura 03: Grau C de intemperismo no Aço Carbono. Extraído de ISO, 2007. Grau D - Substrato de aço onde a carepa de laminação foi eliminada pela corrosão e com grande formação de cavidades visíveis mostrada na Figura 04. Figura 04: Grau D de intemperismo no Aço Carbono. Extraído de ISO, 2007. O preparo de superfície é uma etapa importante do processo de manutenção de uma estrutura, pois ela irá garantir o bom desempenho do revestimento protetor aplicado sobre a superfície tratada (PONTES, 2017). Os tratamentos de superfície para o aço são definidos através de diversas normas como por exemplo Steel Structures Painting Council (SSPC) Pittsburg P.A, USA e NACE National Association of Corrosion Engineers. 6 3 Principais Normas Existem normas que padronizam alguns dos processos para preparo de superfícies metálicas para pintura. Internacionalmente as mais conhecidas são: a norma americana SSPC (“Steel Structure Painting Council”),3 a sueca SIS 05 5900-67 (“Pictorial Surface Preparation”)4 e mais recentemente a ISO 8501 (“Blast Cleaning & Power Tool Cleaning”)5 e ISO 8504.6 Outras normas como as da Petrobras, NACE (“National Association of Corrosion Engineers”) e BS4232-67 (“British Standard”) também têm suas correspondências nos padrões SSPC. A Tabela 1 apresenta os padrões de limpeza de superfície pelas diversas normas. O tratamento de superfície com carepa de laminação mediante intemperismo tinha as normas SSPC SP-9 e Petrobras N-11, porém este tratamento está fora de uso atualmente. Tabela 1: Principais padrões de Limpezas de acordo com as Normas Fonte: Adaptado do Gentil,2017, pág.775 Tipo de Limpeza SSPC SIS Petrobrás NACE BS ISO 8501 Limpeza com Solvente SP-1 N-5 Tratamento Mecânico SP-2 St 2 St 2 St 2 Tratamento Mecânico SP-3 St3 St3 St3 Jateamento Ligeiro SP-7 Sa 1 Sa 1 NACE-4 Sa 1 Jateamento Comercial SP-6 Sa 2 Sa 2 NACE-3 3rd Quality Sa 2 Jateamento ao metal quase branco SP-10 Sa 2 1/2 Sa 2 1/2 NACE-2 2nd Quality Sa 2 1/2 Jateamento ao metal branco SP-5 Sa 3 Sa 3 NACE-1 1st Quality Sa 3 Limpeza a fogo SP-4 Decapagem química SP-8 7 4 Limpeza com Solventes Por este processo, objetiva-se remover os filmes e agregados de sujidades que se encontram aderidos às superfícies metálicas, mas que não tenham, em geral, reagido com as mesmas, no estrito sentido químico. Consegue-se emulsionar e em certos casos promover a solubilização dessas sujidades pela ação de uma solução de limpeza, durante um tempo adequado, a uma temperatura conveniente, coadjuvada às vezes por ação mecânica (agitação mecânica, por ar comprimido, circulação por bomba, ou jateamento). A limpeza por meio de solventes é uma etapa importante,pois visa a remover da superfície principalmente contaminantes oleosos e sais. Desta forma, evita-se, no caso de óleos ou graxas, a contaminação das ferramentas de limpeza, dos abrasivos, o aparecimento de defeitos na pintura e, além disso, reduz-se o risco de problemas de aderência dos revestimentos. A norma SSPC-SP1 é bastante abrangente a respeito deste tema, pois trata não só da remoção de contaminantes como óleos ou graxas, mas também de outros materiais presentes na superfície, tais como sais e respingos de solda. Entre os produtos mais utilizados na limpeza podem-se citar: detergentes, soluções alcalinas, solventes orgânicos, vapor e água doce. A escolha dos produtos mais adequados é função do tipo e do grau de contaminação da superfície, das dimensões dos equipamentos ou estruturas, da complexibilidade geométrica, das condições de acesso e da viabilidade operacional de execução. 5 Limpeza por Ação Química A limpeza química é uma técnica de tratamento de superfície que envolve o uso de produtos químicos para remover contaminantes, óleos, graxas, oxidação, incrustações e outros resíduos da superfície de um material. Essa técnica é amplamente utilizada em diversos setores industriais, como na preparação de superfícies antes da aplicação de revestimentos, soldagem, brasagem ou outros processos de fabricação. De acordo com Awad (2011) o método de limpeza química escolhido deve levar em conta os seguintes fatores: ▪ Compatibilidade dos componentes do sistema com os agentes de limpeza. A adição de inibidores de corrosão à solução de limpeza pode ser necessária. 8 ▪ Informação prévia sobre a natureza do depósito. ▪ A corrosividade das soluções de limpeza deve ser determinada antes da operação de limpeza. ▪ É fundamental prover os profissionais envolvidos na operação com os equipamentos de segurança adequados. ▪ É fundamental implementar medidas de mitigação da corrosão causada pela solução de limpeza, diminuindo o problema a níveis aceitáveis. O monitoramento durante a operação e a inspeção após a mesma se fazem necessários. ▪ Descarte dos efluentes oriundos da operação de limpeza. A limpeza química possui vantagens em relação à limpeza mecânica, como a promoção de uma limpeza uniforme e mais efetiva, a não necessidade de desmontar o equipamento, a possibilidade de limpar áreas inacessíveis, bem como custo-benefício atraente. Decapagem Ácida A preparação da superfície por meio de decapagem ácida consiste, basicamente, em imergir as peças ou componentes a serem revestidos em soluções de ácidos, principalmente inorgânicos. Estas soluções contêm, normalmente, a presença de inibidores de corrosão, a fim de que no processo de dissolução da carepa de laminação e/ou dos produtos de corrosão não ocorra o ataque ao substrato metálico, com sua possível fragilização devido ao hidrogênio formado nesse ataque: Fe + 2H+ → Fe2+ + H2. Portanto, trata-se de um processo que só pode ser utilizado para peças ou componentes que possam ser imersos e que não contenham regiões que permitam a estagnação de solução. Segundo Yang (2020), no processo de decapagem quando o aço carbono é imerso em ácido, este ácido penetra através das fissuras e poros das camadas superiores da escama e ataca rapidamente, liberando assim camadas insolúveis de magnetita e hematita. Devido a essas reações, a camada oxidada se desprende da superfície, o que constitui uma ação importante na operação de decapagem. Os principais ácidos inorgânicos utilizados são mencionados a seguir. 9 Tipo de Ácido Baixo Consumo - 1 a 3% em relação ao peso Cuidados devem ser tomados para evitar o enriquecimento do decapante com íons ferrosos Vantagens Desvantagens Ácido largamente utilizado na indústria Ácido Sulfúrico Comercial Baixo Custo das peças processadas Permite o uso de tanques com revestimento de chumbo e aço inoxidável contendo cobre Necessidade de operar a quente Perigo na manipulação de ácido concentrado Baixa eficiência na remoção de carepas de laminação novas Ácido Clorídrico Ácido Fosfórico Possui ação mais rápida do que H2SO4 Pode ser utilizado em temperatura ambiente Os resíduos de ácido clorídrico são removíveis com água. Armazenável em tambores de vidro e louça Apresenta grande liberação de vapores nocivos Apresenta ação com velocidade mais lenta e um alto custo É utilizado cerca de 15% a 40 % do seu peso para trabalhos mais exigentes O ácido clorídrico pode ser usado com concentrações variando de 1% a 50% . posteriores Dispensa lavagens e neutralização melhor aderência de tinturas Promove proteção contra ferrugens e Tabela 2: Principais Ácidos Utilizados para Decapagem Ácida Fonte: Adaptado do Gentil,2017, pág.775 O custo é em geral o fator decisivo na escolha. Por isso o ácido sulfúrico é o mais usado, além do que é vendido no mercado a concentrações mais altas (96% ácido sulfúrico contra 33% do ácido clorídrico), requerendo menor espaço de armazenamento. Entretando o ácido clorídrico permite tempos menores de decapagem quando aquecido. As figuras 05 e 06, respectivamente, apresentam exemplos de peças onde foram realizadas a decapagem ácida. Figura 05: Decapagem com ácido sulfúrico 10 Figura 06: Decapagem com ácido clorídrico Decapagem Alcalina A ação de certas bases (NaOH, KOH etc.) sobre metais chamados leves ou macios (alumínio, zinco etc.) é bastante conhecida, ocorrendo o ataque do metal, como no caso do fosqueamento do alumínio por soluções cáusticas. Possui ação mais lenta e difícil com certos óxidos, tem se o seu emprego seletivo, na remoção de óxidos superficiais de peças frágeis e de grande precisão. Não há desgaste do metal, e as medidas de alta precisão de usinagem são mantidas. Não há possibilidade de fragilização pelo hidrogênio, pois não há formação do mesmo na decapagem alcalina. Para pequenas peças, usa-se a combinação de ação mecânica fornecida por cavitação com a ação umectante de soluções de tensoativos, processo conhecido como limpeza ultrassônica. A decapagem alcalina pode ser empregada em conjunto com corrente elétrica, tendo-se, então, o processo de decapagem eletrolítica. O metal é, geralmente, colocado no catodo, e o hidrogênio formado desprende as sujidades ou reduz as camadas de óxidos existentes na superfície metálica, tendo-se a limpeza eletrolítica catódica. Quando o metal é colocado no anodo, tem-se a limpeza eletrolítica anódica, ocorrendo desprendimento de oxigênio. Com o crescente emprego de ligas, tais como aço inox, ligas de titânio etc., o problema da remoção dos óxidos superficiais das mesmas também cresce. Nos diversos tratamentos, a quente, a que essas ligas são submetidas, desenvolvem-se camadas de óxidos de alta resistência. A sua remoção por ácidos passou a ser muito dispendiosa e demorada. A tecnologia da sua remoção evoluiu para o emprego de sais fundidos que apresentam inúmeras virtudes, desde a rapidez até o custo. 11 6 Limpeza por Ação Mecânica Limpeza por meio de ferramentas manuais A norma ABNT NBR15239 define o método de limpeza por meio de ferramentas manuais sendo o conjunto de procedimentos que compreendem o emprego manual de escovas, espátulas, lixas, martelos, raspadores, picadores e outras ferramentas manuais de impacto, ou a combinação das ferramentas citadas. É exigida a remoção da carepa, óxidos, ferrugem e tinta antiga soltas, bem como outros contaminantes prejudiciais. Não se espera, porém, que toda a carepa, óxidos e tinta antiga sejam removidos por este processo. É aceitável a permanência de oxidação ou pintura firmemente aderida. Limpeza por meio de ferramentas mecânicas Define-se como o método de limpeza que faz o emprego de ferramentas elétricas ou pneumáticas, escovas rotativas, lixadeiras ou esmerilhadeiras, pistola de agulhas ou outrasferramentas de impacto ou rotativas ou a combinação de ambas. É exigida a remoção de placas de ferrugem, ferrugem e tinta antiga soltas, bem como outros contaminantes prejudiciais à pintura. Não se espera, porém, que toda a carepa, óxidos e tinta antiga sejam removidos por este processo. É aceitável a permanência de oxidação ou pintura firmemente aderida. Os padrões de limpeza de superfícies de aço, estabelecidos pelas normas SIS 055900-1967 e ISO 8501, são o St 2 e o St 3, os quais correspondem, respectivamente, aos padrões SP-2 e SP- 3 da norma SSPC. grau St 2 — superfície de aço tratada com ferramentas manuais ou mecânicas com remoção de carepa de laminação solta, ferrugem e tinta existente soltas e outros contaminantes estranhos. A superfície deve ser limpa com aspirador, ar comprimido seco e limpo ou escova de pelo. O aspecto final deve corresponder às gravuras com designação St 2. Esta limpeza não se aplica a grau de intemperismo A. Para os demais graus, os padrões de limpeza são: B St 2, C St 2 e D St 2; grau St 3 — superfície de aço tratada com ferramentas manuais ou mecânicas de maneira mais minuciosa e vigorosa que no grau St 2, devendo, após o tratamento, apresentar brilho metálico 12 característico. Esta limpeza não se aplica a grau de intemperismo A. Para os demais graus, os padrões de limpeza são: B St 3, C St 3 e D St 3. Com base na ASTM D 610, foram adotados os seguintes graus de intemperismo de superfícies de aço pintadas: grau 8 — pintura existente quase intacta; grau 6 — pintura de acabamento calcinada podendo apresentar tinta de fundo exposta. É admissível leve manchamento ou empolamento após o tratamento das manchas. Menos de 1% da área deve se encontrar afetada por corrosão, esfolamento ou tinta solta; grau 4 — pintura totalmente calcinada, empolada ou com manchas de oxidação, tendo até 10% de sua superfície com corrosão, bolhas de oxidação, tinta solta e pequena incidência de “pits” grau 2 — pintura totalmente calcinada, empolada ou com manchas de oxidação, tendo até 33% de sua superfície com corrosão, bolhas de oxidação, tinta solta e pequena incidência de “pits” grau 0 — intensa presença de corrosão, tinta sem aderência e formação severa de corrosão por “pits” e alvéolos. É importante destacar que a limpeza por meio de ferramentas mecânicas e/ou manuais não remove completamente os produtos de corrosão da superfície, como pode ser observado pela descrição dos próprios padrões de limpeza e pela ilustração da Fig. 07. Figura 07:Representação esquemática do aspecto do aço, antes e após a preparação da superfície por meio de ferramentas mecânicas. 13 Como consequência, a durabilidade dos revestimentos por pintura será inferior àquela que seria obtida se os mesmos fossem aplicados sobre uma superfície com um grau de limpeza melhor, tais como Sa 3, Sa 2 1/2 ou Sa 2. O problema torna-se mais grave quando os produtos de corrosão são formados em atmosferas agressivas (marinha e/ou industrial). Nestas condições, nos produtos de corrosão, mesmo após a preparação da superfície, será observada, em maior ou menor concentração, dependendo da eficiência da limpeza e do grau de corrosão do aço, a presença de sais solúveis, principalmente de cloretos e/ou sulfatos. 7 Limpeza por meio de jateamento abrasivo Este processo consiste em repelir um fluxo de material abrasivo a frio e a alta velocidade contra a superfície a ser limpa, eliminando assim todas as impurezas e tornando-a mais rugosa, possibilitando a ancoragem do revestimento. Dessa maneira, se criam condições mais adequadas para uma boa aderência do material, fundamental para uma maior fixação da proteção anticorrosiva e da tinta a ser aplicada de fundo. É muito empregado especialmente em diferentes indústrias como da construção, fundição, mineração e metalmecânica. É possível utilizar diversos tipos de abrasivos para fazer esse jateamento, que podem inclusive ser agrupados de acordo com a sua origem. Os principais são: ▪ Abrasivos metálicos: chamados de Granalha de Aço. ▪ Abrasivos não-metálicos: subdivididos sobre: ▪ Minerais: areia de sílica, granada, dolomite e olivina; ▪ Sintéticos: carboneto de silício, níquel e ferro, óxido de alumínio e contas de vidro; ▪ Orgânicos: caroços de azeitona, caroços de cereja, cascas de nozes; ▪ Outros: gelo seco, plástico granulado ou bicarbonato de sódio Durante a aplicação do método, é utilizado ar comprimido para impulsionar os abrasivos sobre a superfície. Por isso, um dos principais equipamentos utilizados para o jateamento são os compressores de ar. https://degraus.com.br/categoria-produto/compressor-de-ar/ 14 Há também a necessidade de pistolas de jateamento e mangueiras projetadas especificamente para essa função. Os profissionais de jateamento contam ainda com um bico na mangueira para direcionar o produto abrasivo para o objeto com níveis elevados de pressão. Vale lembrar que, por mais que a operação seja simples de ser realizada, é fundamental que o manuseio do equipamento seja adequado seguindo as devidas condições de segurança. Graus de preparação com Jateamento abrasivo Sa 1 - Limpeza por Jateamento ligeiro (brush-off): O jato é aplicado rapidamente e remove a carepa de laminação solta e outras impurezas, Figura 08. Figura 08: Grau Sa 1 de jateamento no Aço Carbono grau C de intemperismo. Extraído de ISO, 2007. Sa 2 - Limpeza por Jateamento comercial: O jato deve remover praticamente toda carepa de laminação e outras impurezas. Caso a superfície possua cavidades (graus C e D), pelo menos 65% de cada área de 6,45 cm2 deverão estar livres de resíduos visíveis no fundo das cavidades. Após o tratamento a superfície deve apresentar uma coloração acinzentada conforme Figura 09 (EVS, 2002). 15 Figura 09: Grau Sa 2 de jateamento no Aço Carbono grau C de intemperismo. Extraído de ISO, 2007. Sa 2 ½ - Limpeza por Jateamento ao metal quase branco: O jato deve remover toda carepa de laminação e outras impurezas, de modo que possam aparecer apenas leves manchas na superfície. Após a limpeza, 95% de cada área de 6,45 cm2 deverão estar livres de resíduos visíveis e apresentar coloração cinza clara como mostra a Figura 10. Figura 10: Grau Sa 2 ½ de jateamento no Aço Carbono grau C de intemperismo. Extraído de ISO, 2007. 16 Sa 3 - Limpeza por Jateamento ao metal branco: O jato deve remover toda carepa de laminação ou outras impurezas, de modo que a superfície fique totalmente livre de resíduos visíveis. Após a limpeza, a superfície deverá apresentar coloração cinza clara e uniforme como mostra a Figura 11 (EVS, 2002). Figura 11: Grau Sa 3 de jateamento no Aço Carbono grau C de intemperismo. Extraído de ISO, 2007. 8 Limpeza por meio de hidrojateamento A limpeza de superfície por meio de hidrojateamento é um dos processos em que a remoção dos contaminantes é feita utilizando-se água a altas pressões. De acordo com a norma SSPC- SP12/NACE No. 511, o hidrojateamento pode ser classificado em: ▪ hidrojateamento à alta pressão: neste caso, a pressão pode variar de 34 MPa a 170 MPa (10.000 psi a 25.000 psi); ▪ hidrojateamento à hiperalta pressão: esta classificação é usada para pressões acima de 170 MPa (25.000 psi). Atualmente, já existem equipamentos capazes de operar com pressões de até 276 MPa (40.000 psi) Para pressões inferiores a 34 MPa (5.000 psi), a referida norma denomina o processo como limpeza com água à baixa pressão e entre 34 MPa e 70 MPa (5.000 psi a 10.000 psi) como limpeza com água à alta pressão. 17 O hidrojateamento é um método de preparação de superfície bastante utilizado no campo da pintura anticorrosiva e possui, entre outras, as seguintes características técnicas:▪ é eficiente na remoção de contaminantes da superfície, em especial os sais solúveis que são, em muitos casos, os responsáveis diretos pela degradação dos revestimentos e corrosão do substrato; não gera pó durante a operação de limpeza nem produz faíscas; ▪ não é nocivo ao meio ambiente, o que é importante sob o ponto de vista de impacto ambiental, nem prejudicial à saúde, desde que no processo exista um sistema para coleta e tratamento dos resíduos retirados da superfície; ▪ não confere rugosidade à superfície e esta é uma desvantagem do processo. Portanto, é recomendado para os casos em que a superfície já possua um perfil de rugosidade, como, por exemplo, aquele oriundo de processos anteriores de jateamento. 18 Referências ABNT NBR15239. “Tratamento de superfícies de aço com ferramentas manuais e mecânicas”. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005. ASTM G1-90. Standard Practice for Preparing, Cleaning, and Evaluation Corrosion Test Specimens. ASTM International, 1990. AWAD, M. M. Fouling of Heat Transfer Surfaces. In: BELMILOUDI, A. (Ed.). . Heat Transfer - Theoretical Analysis, Experimental Investigations and Industrial Systems Heat Transfer - Theoretical Analysis, Experimental Investigations and Industrial Systems. [s.l: s.n.]. GENTIL, V. Corrosão. 6. ed. [s.l.] LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora: Rio de Janeiro, 2017 ISO 8501-1 – Preparation of steel substrates before application of paints and related products - visual assessment of surface cleanliness - Part 1: Rust grades and preparation grades of uncoated steel substrates and of steel substrates after overall removal of previous coatings. ELETROBRÁS – Norma Técnica (NE-03) – Jateamento Abrasivo e Hidrojateamento do Aço Carbono, 1ªed,2016. Disponível em: https://q.eletrobras.com/pt/AreasdeAtuacao/Transmiss%C3%A3o/Disponibiliza%C3%A7%C 3%A3o%20das%20Normas%20Eletrobras%20de%20Pintura%20Anticorrosiva/NE-003%20- %20Jateamento%20Abrasivo%20e%20Hidrojateamento%20de%20A%C3%A7o%20Carbon o.pdf NACE International, NACE No. 5/SSPC-SP12, “Surface preparation and cleaning of steel and other hard materials by high- and ultrahigh-pressure water jetting prior to recoating”, 1995. PONTES, J.F.R. “Eficiência da limpeza por meio de ferramentas mecânicas na preparação de superfície em serviços de pintura anticorrosiva no setor elétrico”, COTEQ 14ª Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos 2017. YANG, L. “Techniques for corrosion monitoring”. Woodhead, Publishing Limited. Cambridge, 2020. p. 6. https://q.eletrobras.com/pt/AreasdeAtuacao/Transmiss%C3%A3o/Disponibiliza%C3%A7%C3%A3o%20das%20Normas%20Eletrobras%20de%20Pintura%20Anticorrosiva/NE-003%20-%20Jateamento%20Abrasivo%20e%20Hidrojateamento%20de%20A%C3%A7o%20Carbono.pdf https://q.eletrobras.com/pt/AreasdeAtuacao/Transmiss%C3%A3o/Disponibiliza%C3%A7%C3%A3o%20das%20Normas%20Eletrobras%20de%20Pintura%20Anticorrosiva/NE-003%20-%20Jateamento%20Abrasivo%20e%20Hidrojateamento%20de%20A%C3%A7o%20Carbono.pdf https://q.eletrobras.com/pt/AreasdeAtuacao/Transmiss%C3%A3o/Disponibiliza%C3%A7%C3%A3o%20das%20Normas%20Eletrobras%20de%20Pintura%20Anticorrosiva/NE-003%20-%20Jateamento%20Abrasivo%20e%20Hidrojateamento%20de%20A%C3%A7o%20Carbono.pdf https://q.eletrobras.com/pt/AreasdeAtuacao/Transmiss%C3%A3o/Disponibiliza%C3%A7%C3%A3o%20das%20Normas%20Eletrobras%20de%20Pintura%20Anticorrosiva/NE-003%20-%20Jateamento%20Abrasivo%20e%20Hidrojateamento%20de%20A%C3%A7o%20Carbono.pdf