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MEIOS DE IMPRESSÃO EMEIOS DE IMPRESSÃO E REPRODUÇÃOREPRODUÇÃO O VISUAL E O GRÁFICOO VISUAL E O GRÁFICO COMO MANIFESTAÇÕESCOMO MANIFESTAÇÕES HUMANASHUMANAS Autor: Dr. César Steffen Rev isor : Nádia Mar ia Lebedev Mart inez Moreira IN IC IAR Introdução Estamos iniciando nossos estudos sobre “meios de impressão e reprodução”, em que abordaremos os processos, as técnicas, as ferramentas e as tecnologias disponíveis para a criação, o desenvolvimento, a produção e a reprodução de materiais impressos de todas as naturezas. O impresso desempenha um papel muito importante no dia a dia empresarial e mercadológico. De uma folha de blocos pautados com a marca da empresa, utilizada como brinde para clientes e prospects com o objetivo de lembrança da marca, até extensos manuais técnicos de equipamentos industriais e até mesmo cartazes e outdoors publicitários, o impresso faz parte de nosso cotidiano. Nesta unidade, trataremos dos elementos que fundamentam a criação de materiais impressos e sua relação com processos de percepção e necessidade de manifestação humana. Para isso, iniciaremos tratando da manifestação visual como necessidade e forma de manifestação humana. Veremos, também, como essa manifestação gera uma cultura que valoriza e demanda o impresso. Seguiremos estudando a questão do processo histórico das manifestações visuais e o papel da tecnologia de impressão, para, ao �nal, chegarmos ao estudo das teorias da percepção humana, ou seja, das formas como o cérebro percebe e organiza os elementos visuais e como isso impacta no desenvolvimento dos impressos. Ao longo do texto, você encontrará indicações de �lmes e livros, bem como informações complementares e muito mais para ampliar seus conhecimentos acerca do tema. introdução Bons estudos! A existência humana é pautada por uma relação direta com o ambiente, pelo seu entorno, pelas relações do homem com os seus semelhantes, assim como pela necessidade ou desejo de permanência, de extrapolar ou vencer as fronteiras do �m da vida – vencer a morte. Como expressa Freud (2011, p. 297): “No fundo, ninguém acredita em sua própria morte, ou, o que vem a ser o mesmo, no inconsciente, cada um de nós está convencido de sua imortalidade”. A arte surge em todas as suas manifestações, variações e características, assim, ajuda a sustentar a ideia de que o homem vive e sobrevive na memória das pessoas e da sociedade na medida em que realiza a sua obra e contribui para a construção de seu ambiente. Considerada pelos antropólogos e historiadores como o primeiro conjunto de registros artísticos humanos, as pinturas rupestres presentes na caverna de Lascaux, na França, foram descobertas na década de 1940. O Visual, o Grá�co eO Visual, o Grá�co e o impresso comoo impresso como ExpressõesExpressões HumanasHumanas As paredes de Lascaux são fartamente cobertas com variados desenhos que aparentemente representam animais, como bois, cavalos, cervos e outros, e também de triângulos que aparentam ser �echas e outros elementos geométricos, em um amplo complexo com várias salas e salões. Essa ampla composição leva os pesquisadores a crerem que se trata de um local onde nossos antepassados realizavam rituais de pedido ou agradecimento pela caça e pelos animais sacri�cados para a alimentação do grupo. É interessante observar que esses desenhos são considerados como um dos primeiros registros visuais feitos pela humanidade e retratam o cotidiano, o que era principal, importante para o homem e seu grupo naquele momento: a caça, o Figura 1.1 - Fotogra�a de pintura na caverna de Lascaux Fonte: Andrea Izzotti / 123RF. #PraCegoVer : a imagem apresenta uma fotogra�a colorida das pinturas rupestres, nas paredes da caverna de Lascaux, na França, descobertas na década de 1940. Os detalhes parecem a representação de um cavalo e um bovino no campo em tons de marrom e preto. sucesso na alimentação e manutenção do agrupamento, a sobrevivência da espécie e, também, a relação com os deuses ou a natureza. Não há exatamente um consenso entre os pesquisadores se essas imagens representam um pedido ou um agradecimento aos deuses e aos animais caçados, mas independente de sua intenção ou signi�cado, vemos aí o início da manifestação visual do homem e da sua necessidade de registro de sua passagem por um determinado local, en�m, pelo planeta. Essas imagens marcam o que ainda hoje é considerado o primeiro registro efetivo e sistemático – a caverna é coberta por muitos desenhos com temáticas diferentes – de uma manifestação visual humana, da necessidade do homem de Figura 1.2 - Desenhos rupestres datados do Paleolítico Fonte: Simeon Donov / 123RF. #PraCegoVer : a imagem apresenta uma fotogra�a colorida, obtida em uma caverna, em que, em suas paredes, estão presentes desenhos rupestres em uma cor que aparenta ser preta. Os desenhos são citados por pesquisadores da Antropologia, História, dentre outros, como tendo sido feitos no Paleolítico. se expressar, o qual hoje se coloca de várias formas e lança mão de várias tecnologias para se manifestar. #PraCegoVer : o infográ�co apresenta nove tópicos em linha horizontal com alguns registros visuais do homem ao longo da história. Ao clicar no primeiro tópico, é apresentado o título “15.000 a.C.”, logo abaixo, segue o texto explicativo “Os primeiros registros de manifestações visuais foram registrados cerca de 17 mil anos atrás e estão na caverna de Lascaux, na França; eles demonstram o cotidiano das pessoas daquela época por meio da transmissão de mensagens nas paredes. Como ainda não tinha sido inventada a escrita, a necessidade de manifestação grá�ca e visual do homem se dava por rabiscos nas paredes, as quais seguem intactas até hoje (STRICKLAND, 2004)”. Ao lado, há a imagem de uma fotogra�a de pintura rupestre, 15.000 a.C. Os primeiros registros de manifestações visuais se registram cerca de 17 mil anos atrás e estão na caverna de Lascaux, na França, e registram o cotidiano daquelas pessoas através da transmissão de mensagens nas paredes. Como ainda não sido inventada a escrita, a necessidade manifestação grá�ca e visual do homem se dava por rabiscos nas paredes que seguem intactas até hoje (STRICKLAND, 2004). 123rf.com pré-histórica, de um touro nas paredes da caverna de Lascaux. Ao clicar no segundo tópico, é apresentado o título “3.000 a.C.”, logo abaixo, segue o texto explicativo “Os mais antigos registros de escrita que se tem conhecimento até a atualidade vêm da antiga Mesopotâmia, região onde hoje se situa o Iraque, e datam de cerca de 3.300 a.C. Os sumérios, povo que habitava aquela região, desenvolveram a escrita cuneiforme em placas de barro”. Ao lado, há a imagem de uma cerâmica em forma de um egpcio escriba, que está sentado. Ao clicar no terceiro tópico, é apresentado o título “3.300 a.C.”, logo abaixo, segue o texto explicativo “Já os egípcios criaram os hieróglifos, escrita reservada a uma classe de especialistas, os escribas, que obtinham posição de destaque na sociedade (JEAN, 2002)”. Ao lado, há a imagem de um muro de pedra com hieróglifos egípcios. Ao clicar no quarto tópico, é apresentado o título “1.300 a.C.”, logo abaixo, segue o texto explicativo “Os primeiros registros de um alfabeto semelhante ao que usamos na nossa escrita ocidental, na atualidade, vêm dos Fenícios, há cerca de 1.300 anos a.C., que utilizava por volta de 22 caracteres, mas, devido aos con�itos e às invasões, acabou se espalhando por outras regiões do mundo”. Ao lado, há a imagem da Estela de Nora. Ao clicar no quinto tópico, é apresentado o título “800 a.C.”, logo abaixo, segue o texto explicativo “Adaptando dos fenícios, os gregos criaram o seu alfabeto incorporando vogais como o A, “alfa”, E, “epsilon”, O, “ômicron”, e outros (JEAN, 2002), o que representou um grande avanço na forma de representar as palavras e os fonemas. Mas, assim como os fenícios, os gregos não usavam pontos, espaços, vírgulas ou qualquer outro tipo de pontuaçãoentre as palavras”. Ao lado, há uma imagem com o alfabeto grego. Ao clicar no sexto tópico, é apresentado o título “700 a.C.”, logo abaixo, segue o texto explicativo “Da mesma forma, os romanos criaram seu sistema de escrita baseados no alfabeto grego, mas apenas 500 anos depois é que surgiu o espaçamento entre as palavras, inicialmente usando um ponto entre cada uma; depois, surgiram outras formas de pontuação, que in�uenciaram a escrita ocidental que hoje conhecemos (JEAN, 2002)”. Ao lado, há a imagem de palavras no latim antigo gravado em uma pedra. Ao clicar no sétimo tópico, é apresentado o título “400 d.C.”, logo abaixo, segue o texto explicativo “Até a Idade Média, os atos de ler e escrever eram restritos à nobreza, ao clero e a famílias com muita riqueza e acesso às altas camadas da sociedade. A ideia de ampliar o acesso à alfabetização por meio das crianças só surgiu e se desenvolveu no século XIX (BRINGHURST, 2005)”. Ao lado, há a imagem de dois pergaminhos sobre a mesa, um deles está aberto. Em cima do pergaminho aberto está a caneta de pena, e ao lado, um tinteiro. Sobre a mesa, também há uma vela acesa. Ao clicar no oitavo tópico, é apresentado o título “Século XV”, logo abaixo, segue o texto explicativo “Vários estilos e formas de escrita, como a Carolíngia e a Gótica, surgiram e tiveram certa durabilidade como estilos de desenhar e construir as letras, que ainda eram reproduzidas manualmente e por poucos especialistas. Mas em 1498, Johann Gutenberg inventou a imprensa, imprimindo várias unidades da bíblia”. Ao lado, há a imagem de uma bíblia aberta ao meio. Ao clicar no nono tópico, é apresentado o título “Hoje”, logo abaixo, segue o texto explicativo “O impacto dessa invenção só pode ser medido séculos depois. Roger Chartier (1994), pesquisador de história do livro e da leitura, a�rma que a invenção da imprensa por de Gutenberg foi de tal forma impactante e revolucionária que só encontra par com a invenção do computador e das redes digitais no �nal do século XX. Saltando para os dias atuais vemos uma sociedade que acontece e registra sua vida, seu cotidiano e sua história no grá�co, que encontra múltiplas, in�nitas aplicações. Se a tipogra�a de Gutenberg encontrou nas máquinas da na revolução industrial um campo fértil para seu crescimento e aprimoramento, logo novas tecnologias surgiram e se desenvolveram, tendo maior ou menor impacto, maior ou menor vida útil e aplicação na sociedade, garantindo a importância do grá�co até hoje”. Ao lado, há duas imagens, uma sobre a outra. A primeira é a fotogra�a de um computador antigo. A segunda é a fotogra�a de um homem em pé, segurando uma revista, observando outras revistas à sua frente, em uma banca de jornal. A imagem e sua participação e presença na cultura e nas formas de manifestação humana acompanha toda a trajetória da sociedade. Desde os sumérios e egípcios, chegando à sociedade atual, passando por idade média e renascimento, todos os momentos importantes da nossa história como povo e civilização foram, de alguma forma, registrados e documentados em imagens. A manifestação imagética, seja uma pintura, um quadro, uma fotogra�a ou um �lme, desempenha um importante papel no relacionamento do homem com o conhecimento, com sua história e identidade cultural e social, e não é por acaso que o impresso, o grá�co e o visual encontram tamanho destaque e importância em nossa sociedade. Conhecimento Teste seus Conhecimentos (Atividade não pontuada) Leia o trecho a seguir. “O design grá�co, enquanto tal, necessariamente tem como função transcrever a mensagem a ser transmitida – seja de qual enfoque for – para o código simbólico estabelecido, sob pena de não efetivar-se enquanto prática comunicacional”. VILLAS-BOAS A. O que é e o que nunca foi design grá�co . 5. ed. Rio de Janeiro: 2AB Editora Ltda., 2003. p. 36. O Design Grá�co é uma das áreas pro�ssionais que lida diretamente com a criação e produção de materiais impressos. Para isso, o pro�ssional que atua nessa área deve se atentar para algumas variáveis e informações importantes no início do processo, como: a) O tipo de papel a ser utilizado na impressão. b) Os tipos de impressão disponíveis na região onde atua. c) As características do público e acultura que compartilham. d) O estilo de trabalho do design . e) Os custos envolvidos na produção do impresso. Como abordamos, as pinturas nas cavernas de Lascaux representam um dos primeiros marcos conhecidos pelo homem, na busca do ser humano para se expressar e se manifestar conforme sua realidade, emoções, relação com o ambiente e o que o cerca. Essa necessidade de se expressar, comunicar-se e manter algo que esteja além da vida da pessoa que produz um desenho formata muitas das formas de expressão humana, como o próprio desenho, a pintura, a literatura, o teatro e todas as demais formas de arte e expressão. Quando Gutenberg criou a primeira prensa para reproduzir textos, ele não apenas inaugurou uma tecnologia de reprodução mas também alterou a forma como as pessoas e a sociedade se relacionam com a informação e o conhecimento, derrubando gradativa e de�nitivamente barreiras e limites que se impunham. Se há registros do uso de cartazes feitos à mão no período do Império Romano, na Revolução Francesa, o uso e a aplicação de mensagens escritas nas ruas era De Lascaux ao DTP,De Lascaux ao DTP, uma Breve Históriauma Breve História das Artes Grá�casdas Artes Grá�cas frequente e usados estrategicamente pelos revolucionários mesmo diante de uma população majoritariamente analfabeta. Logo, também surgiram os jornais, circulando em períodos variados, desde publicações diárias até semanais, levando ideias, informações, entretenimento e não raro colocando a opinião dos seus proprietários e de grupos políticos especí�cos nas páginas, fato que era comum, conhecido e reconhecido pelo grande público. Sendo independente ou não, o jornal teve grande impacto na sociedade em processo de industrialização. Inclusive, Tarde (1991), já no século XIX – a primeira edição de seu livro data de 1898 –, citava a in�uência e o impacto dos jornais na construção da realidade das pessoas, criando o conceito de “opinião pública” que conhecemos até os dias atuais. Além disso, a publicidade notou isso e resolveu Figura 1.3 - Capa de um livro de Robespierre Fonte: Kristian Peetz / 123RF. #PraCegoVer : a imagem é uma fotogra�a de detalhes de uma capa de publicação com textos e mensagens do revolucionário francês Robespierre e mostra o uso e a aplicação do impresso no contexto da Revolução Francesa. aproveitar da exposição e visibilidade dos jornais para vender produtos, serviços e ideias. Assim como os textos, livros, poemas etc. começaram a sair dos mosteiros e ganhar as ruas de forma impressa em grandes quantidades, quadros, pinturas e outras manifestações artísticas, até então restritas aos museus ou aos círculos da burguesia e do clero, passam a ser impressas e reproduzidas em larga escala, especialmente na medida em que as técnicas e os sistemas de impressão desenvolveram-se, espalharam-se pela sociedade, popularizaram-se ou tornaram-se mais baratos. Alguns pesquisadores denominam esse período de “longa revolução” (BRIGGS, 2006, p. 30), que começou com a primeira impressão de Gutenberg, seguiu até a Enciclopédia de Diderot e se acelerou fortemente com a Revolução Industrial (BRIGGS, 2006). Isso levou, assim, as impressões aos lares dos mais simples cidadãos de uma cidade, decorando casas e lugares de trabalhos, bares e restaurantes. saibamais Saiba mais Ainda hoje, há um jornal impresso em tipogra�a no Brasil: O Taquaryense , que utiliza o sistema tipográ�co na sua impressão semanal e opera mesmo tendo sido tombado pelo patrimônio histórico. Sua sede pode ser visitada, como atração turística, na cidade de Taquari, RS. Saiba mais acessando o material indicado a seguir. ACESSAR https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/almanaque/noticia/2017/08/a-nova-cara-velha-de-o-taquaryense-9876674.htmlBenjamin (2000), ensaísta, crítico literário, tradutor, �lósofo e sociólogo judeu alemão, que é considerado um dos expoentes da chamada “Escola de Frankfurt”, provoca colocando que em tempos de facilidade de reprodução técnica por meio dos meios de impressão, a obra de arte perderia seu valor. O autor também cita a perda de “aura” na era da reprodutibilidade técnica e fala da obra de arte que “sai” do “altar” dos museus e passa a circular livremente na sociedade, perdendo parte de seu valor social ou estético. Concordemos ou não, com essa visão de Benjamin (2000), podemos notar nela um re�exo do impacto das possibilidades de produção e reprodução grá�ca e impressa, além de como essas técnicas afetam o cotidiano e o ambiente social, levando até mesmo a mudanças gradativas em suas estruturas. Na atualidade, com o digital, as tecnologias de reprodução se popularizam. Décadas atrás, ainda nos anos de 1980 e 1990, a maioria dos processos técnicos de impressão já existia e estava disponível, mas envolvia processos longos, com muitas etapas e materiais e alto custo. Hoje, com o digital, esse cenário mudou (RIBEIRO, 2020). Se há alguns anos era preciso gerar chapas de impressão, fotolitos e outros recursos que demandam tempo e geram altos custos – que ainda existem e são utilizados –, com o digital, muito do processo de impressão em grandes volumes e quantidade foi facilitado. Já é possível, por exemplo, gerar a chapa de impressão sem a intermediação de um fotolito, direto do software grá�co, ou mesmo enviar a arte a ser impressa diretamente para a impressora industrial para grandes formatos e quantidades. Já existem até mesmo impressoras digitais que trabalham diretamente em tecido, permitindo estampar desde camisetas personalizadas até grandes quantidades de tecidos para a indústria da moda (RIBEIRO, 2020). Assim, o criativo, o pro�ssional de design grá�co, de publicidade e jornalismo, de arquitetura e engenharia, áreas que tradicionalmente usam e aplicam muito material de impressão em seu cotidiano, ou mesmo o cidadão comum que deseja ter sua mensagem vista e circulando, tem ao seu dispor tecnologias que permitem impressão de todo o tipo de material em qualquer volume, quantidade necessária, com custos acessíveis e recursos amplos, que não limitam a ideia e a criatividade. Independente do formato, da qualidade e dos objetivos, as técnicas e tecnologias de impressão se mostram presentes e com grande impacto na sociedade. Nós humanos somos seres visuais, temos na visão um elemento essencial de nossa relação com o mundo. Mais de 80% de nosso aprendizado se dá pela visão (GLASSER, 2001). Assim, vemos a importância que a imagem, o grá�co e a expressão visual impressa adquirem em nossa vida. praticar Vamos Praticar Conhecer as oportunidades e soluções disponíveis no seu mercado é importante para o planejamento de futuras atividades no mercado pro�ssional. Saber onde e como encontrar rapidamente um fornecedor de uma solução é uma ótima forma de construir boas relações com seu mercado, seja de clientes empresariais que demandam atendimento, seja parceiros que auxiliem no atendimento dessas demandas Pesquise na internet, na sua região, as empresas que fornecem serviços grá�cos disponíveis e veri�que quais as técnicas e tecnologias disponibilizam para o mercado, bem como formatos que suportam. Anote tudo para formar um banco de informações e consulta futura. Então, vemos que a imagem, ou seja, o visual, é essencial na experiência humana, na sua relação com o ambiente e com os que nos cercam, não somente no sentido de comunicar mas também de aprender. A percepção sobre o que recebemos se forma pelo cruzamento dos mecanismos cerebrais com os conhecimentos, a cultura que forma os sentidos, o “valor” que será dado a determinado objeto ou símbolo (BRIGGS, 2006; DERDYK, 2010; COLLARO, 2011). Um gesto, por exemplo, pode ser percebido como um elogio na cultura de um país, mas uma ofensa, na cultura de outro. O mesmo vale para as cores, as formas, as texturas e os objetos. Assim, as tarefas de projetar, planejar e construir são atividades que se dão, fazem-se e constroem-se com imagens, o visual e o grá�co. Como a�rma Derdyk (2010, p. 37): Tudo o que vemos e vivemos em nossa paisagem cultural, totalmente construída e inventada pelo homem, algum dia foi projetado e desenhado por alguém: a roupa que vestimos, a cadeira que sentamos, a rua pela qual passamos, o edifício, a praça. O desenho Teorias daTeorias da percepção Visualpercepção Visual participa do projeto social, representa os interesses da comunidade, inventando formas de produção e de consumo. O que é grá�co manifesta o que criamos; o que criamos surge do conjunto de percepções que nosso cérebro forma a respeito de nosso ambiente e pelos padrões culturais que nos são ensinados. O padrão de leitura ocidental, por exemplo, ocorre de cima para baixo e da esquerda para a direita. Mas há países árabes cuja escrita é feita da direita para a esquerda, assim como orientais, em que ela é feita de cima para baixo. Figura 1.4 - Sentido da leitura ocidental Fonte: Adaptada de Gutenberg (2013, on-line). #PraCegoVer : a imagem apresenta um desenho de uma página dividida em 4 áreas distintas e numeradas de 1 a 4, indicando diferentes zonas de leitura. A primeira área de leitura, chamada de “zona primária”, �ca no canto superior esquerdo da página. A partir dela, o olho faz um movimento de “Z” na página, passando pela segunda área, denominada “âncora terminal”, que �ca no topo da direita, a terceira área, denominada “zona ótica fraca”, abaixo da zona 1, chegando à “zona terminal”, abaixo da zona 2. O material grá�co existe e tem seu papel em nossa busca e necessidade de transmitir informações e conhecimento, os quais são afetados pela forma como percebemos e lemos essas informações. A percepção é formada pela união de dois processos: a percepção do cérebro e a cultura em que fomos formados e que acaba por construir nossa atribuição de “valor” a cada elemento e unidade de informação. Dessa forma, compreender os processos de percepção humana é fundamental para compreender seu impacto no impresso. Existem duas grandes correntes que são fortemente usadas como modo de explicar os processos de percepção humana. Debruçaremo - nos sobre elas a seguir. Gestalt Gestalt é também chamada psicologia da forma, pois o termo alemão não encontra tradução direta. A Gestalt foi desenvolvida pelo cientista e psicólogo alemão Hermann von Helmholtz, entre as décadas de 1930 e 1940, a partir de pesquisas e pressupostos gerados antes. As análises teóricas da Gestalt tratam diretamente da maneira como nosso cérebro organiza a percepção de elementos visuais em nosso ambiente, gerando pressupostos e teorias que tratam sobre a percepção humana. Tais conhecimentos se mostram importantes na medida em que lidam com as variáveis envolvidas no desenvolvimento de um material grá�co: cor, forma, textura, perspectiva, profundidade, além de como são organizados e compreendidos pelo nosso sistema cognitivo. Conforme dita a Gestalt, é preciso compreender o todo para, assim, compreender as partes, pois a nossa percepção não se constrói por “pontos isolados”, mas por uma visão do todo. Figura 1.5 - Algumas ilustrações alusivas aos princípios da Gestalt Fonte: Peter Hermes Furian / 123RF. #PraCegoVer : a imagem tipo ilustração apresenta três desenhos que podem ser tanto per�s de rostos como vasos, o que ilustra um dos princípios de percepção da Gestalt. Portanto, o todo, isto é, a forma percebida, é maior do que a simples soma de suas partes – cor, forma etc. Ou seja, visualmente e em termos de percepção, conforme a Gestalt, a soma dos elementos “A” e “B” não é simplesmente “A+B”, mas há um terceiro elemento, por exemplo, “C” (DERDYK, 2010), com características próprias, que gerarão a percepção e valoração desse novo elemento, ou seja, “C”. Com isso, a Gestalt propõe seis princípios básicos de percepção,que são: semelhança; proximidade; continuidade; pregnância; fechamento; unidade. Compreenderemos, então, cada um desses princípios, em detalhes, pois cada um trata do processo de percepção que acontece e se forma em nosso cérebro e, de certa forma, organiza a maneira como reagimos e nos relacionamos com os objetos, as cores e as formas ao nosso redor. reflita Re�ita Os princípios da Gestalt são apresentados de forma separada para facilitar a compreensão, mas agem e acontecem em conjunto em nosso cérebro. Ou seja, um mesmo objetivo ou forma pode acionar diferentes processos ou princípios simultaneamente. Fonte: Vilas-Boas (2003). O princípio da semelhança coloca que objetos semelhantes tendem a ser agrupados entre si, formando uma unidade de percepção que seja a mais simples possível de ser percebida, compreendida ou mesmo conceituada para, assim, ocorrer o processo de decisão do cérebro. Figura 1.6 - Princípio da semelhança Fonte: Kasufcgslfguhvsne / Wikimedia Commons. #PraCegoVer : a imagem apresenta uma ilustração com uma série de pontos brancos e pretos. O conjunto é formado por seis linhas e seis colunas, sendo que as cores são dispostas de forma horizontal, gerando, assim, a percepção visual de linhas de pontos brancos e linhas de pontos pretos. Organizados dessa forma, gera a percepção de linhas, em função da semelhança de cores dos pontos lado a lado, o que ilustra o princípio da semelhança da Gestalt. Na �gura anterior, há círculos pretos e brancos em disposição horizontal. As semelhanças entre eles faz com que sejam percebidos como uma unidade que faz surgir um padrão: linhas. Assim, a tendência do cérebro é compreender essa forma como seis linhas, três de círculos vazados e três de círculos pretos, e não como trinta e seis círculos ou dezoito pretos e dezoito brancos. O princípio da proximidade coloca que elementos próximos tendem a ser agrupados entre si, sendo que a distância entre os elementos desempenha papel central na percepção do conjunto. Continuidade é o princípio que explica que nosso cérebro tende a preferir formas sem interrupções, sem quebras, mais �uidas e “orgânicas”, ao contrário de formas e ângulos retos, que tendem a ser percebidos de forma mais dura ou agressiva. Por exemplo, uma forma em círculo, sem quebras ou pontas brutas, tende a ser percebida como mais suave e acolhedora do que uma forma quadrada, com ângulos retos, por exemplo. Figura 1.7 - Princípio da proximidade Fonte: Paua / Wikimedia Commons. #PraCegoVer : a imagem apresenta uma ilustração com uma série de pontos brancos. Um dos grupos está organizado em seis linhas e seis colunas bem próximas, com a mesma distância horizontal e vertical entre elas. Ao lado, há a disposição de seis pontos verticais mas divididos em três grupos. Assim, a primeira forma passa a ideia de um quadrado, enquanto a segunda, a ideia de 3 colunas, o que ilustra o princípio da proximidade da Gestalt. Pregnância dita que todo objeto ou forma tende a ser percebido do modo mais simples possível. Assim, quanto mais rápido é percebido, mais simples é o objeto, e quanto mais simples o objeto, mais rápido será percebido. O princípio do fechamento cita que o cérebro tende a preencher espaços vazios, completando-os para gerar a forma mais simples que for passível de aplicação. O desenho “Cubo de Necker” ainda é um dos melhores exemplos de aplicação desse princípio. Finalmente, o princípio de unidade, também denominado princípio da unidade e segregação, coloca que um objeto pode ser composto por uma parte ou várias, que serão percebidas como únicas em outra unidade percebida como maior. Figura 1.8 - Princípio do fechamento Fonte: Gestalt... (2020, on-line). #PraCegoVer : a imagem apresenta uma ilustração com uma série de círculos pretos com vazados brancos, que, agrupados, geram a percepção do per�l de um cubo, o que ilustra o princípio do fechamento da Gestalt. Podemos observar que os conhecimentos e princípios da Gestalt adquirem grande valor quando analisados em relação aos materiais impressos e ao design grá�co. Por exemplo, analisando a Gestalt, facilmente concluímos que muitas unidades iguais podem fazer o que é impresso parecer monótono, repetitivo e de pouco interesse. Por outro lado, muita variedade pode gerar algo sem sentido, sem valor e, principalmente, sem efeito junto ao público-alvo desejado. Ou seja, compreender a Gestalt é importante não somente para quem cria ou imprime mas também para quem gerencia e avalia materiais grá�cos, de forma a desenvolver peças com maior resultado. Teoria da percepção pela Informação Em sentido diferente da Gestalt – não em oposição, mas buscando outras formas de compreender –, o psicólogo norte-americano James J. Gibson desenvolveu um modelo de análise da formação da percepção que denominou “percepção acurada do mundo”, também conhecida como “percepção verdadeira” ou “teoria da percepção pela informação”. Conforme Gibson (2014), a percepção começa por um organismo, um corpo perceptivo ativo. O ato de percepção, então, ocorre, forma-se e constrói-se na interação entre esse organismo e o ambiente, e as interações e reações geram a percepção formada. Para Gibson (2014), por exemplo, o ato de se direcionar a um ambiente, objeto, local ou mesmo cenário constrói naturalmente um conjunto de sensações e estímulos que modi�cam a percepção sobre o ambiente ou objeto. Texturas, formas, cores, sombras e organização acabam, assim, determinando o que é percebido, como é percebido e de que forma o sujeito, a pessoa irá se relacionar e se organizar nesse ambiente. Ou seja, nosso aparelho cognitivo e sensitivo, assim como nossos sentidos captam as informações do ambiente e as transportam para nosso aparelho de processamento, que, assim, organiza e sistematiza as informações. Gibson (2014) argumenta, então, que experiências anteriores vividas pelas pessoas não eram determinantes da formação da percepção, mas, pelo contrário, o que determina a construção da percepção é o processo de captação de informações do ambiente, sua análise e compreensão no momento em que algo acontece. Nesse ponto, o autor diverge de outras correntes de estudos, dentre as quais podemos citar a Gestalt, na medida em que coloca as experiências anteriores como centro do processo de percepção. Notamos que a linha de análise e pensamento conduzida pelo autor se organiza como uma teoria da percepção focada na maneira como organizamos o conjunto de conhecimentos sobre o ambiente, os movimentos, as formas, sejam elas Figura 1.9 - Demonstração de sensações e sentimentos por meio do corpo Fonte: KAZUMA SEKI / 123RF. #PraCegoVer : a imagem apresenta um homem de terno e gravata, na frente de um laptop aberto, em um ambiente todo branco. Ele está de olhos fechados e mão na testa, com uma expressão que transmite cansaço. paradas, em movimento, planas (2 dimensões) ou profundas (3 dimensões), e todas as nossas experiências. Novamente, esse conhecimento se mostra importante para o processo de criação e o design grá�co, assim como, claro, para os materiais impressos como um todo, na medida em que propõe que o impacto que cada forma e objeto gera no primeiro momento de observação é o que formará um conjunto de percepções pelos receptores. praticar Vamos Praticar Nossa vida cotidiana é cercada de objetos cujo valor e sentido são dados pelo nosso ambiente, valores e conhecimento. No �lme de comédia Os deuses devem estar loucos , uma garrafa de um popular refrigerante cai de um avião na terra de uma tribo selvagem. Essa tribo acredita que se trata de um presente dos céus, dos deuses, e passam a adorar a garrafa de vidro, demonstrando um exemplo de como o valor de um objeto se dá e se forma pela nossa percepção. Selecione um objeto que você tenha em sua casa e que usa pouco, ou mesmo tem função apenas decorativa. Imagine, então, quais outras funções poderiam ter se você o olhasse de outra forma, com outra cultura ou sistemade crenças. Escreva sobre isso. C h i t Conhecimento Teste seus Conhecimentos (Atividade não pontuada) Analise com atenção a imagem a seguir. Essa imagem aplica princípios de percepção citados pela Gestalt, que formam e conduzem nossa percepção visual e a maneira como compreenderemos os objetos e as formas. O princípio da Gestalt aplicado na construção do logotipo anterior é o: a) de fechamento. b) da continuidade. c) da proximidade. Fonte: Adaptada de Sviatlana Sheina / 123RF. #PraCegoVer : a imagem apresenta dois traços curvos brancos em um fundo avermelhado escuro. As linhas se misturam, integram-se e quase se unem, remetendo, assim, à imagem de um coração. d) da pregnância. e) da unidade. Material Complementar indicações FILME O Nome da Rosa Ano: 1986 Comentário: esse �lme, baseado na obra homônima de Umberto Eco, passa-se na Idade Média, no interior e entorno de um mosteiro com uma grande biblioteca e muitos escribas, e apresenta em detalhes o cotidiano do ambiente religioso da época. A trama foca uma série de mortes que ocorrem em um momento em que o mosteiro recebe vários membros do clero para um importante debate, trazendo a inquisição e o papel dos livros nessa época. LIVRO Produção Grá�ica Lorenzo Baer Editora: SENAC ISBN: 978-8573590050 Comentário: uma das obras mais completas sobre o tema da produção grá�ca e uma referência no tema, não somente no Brasil, nessa obra de Baer, você encontrará detalhes e todas as informações para trabalhar com produção grá�ca, desde o começo do projeto até o acabamento e distribuição. Conclusão Materiais impressos têm um papel fundamental na história e no cotidiano humano. Desde a invenção do papel e das técnicas de impressão, o papel, as tintas, as letras e as formas estão e são presentes em nossa vida e cotidiano. A presença dos materiais impressos em nossa vida é tão destacada e forte que muitas vezes nem mesmo chegamos a percebê-los, já fazem parte de nossa vida e de nossos horizontes. Saber, então, lidar com as formas do material impresso e todas as variáveis dele, conhecer os aspectos que orientam e norteiam a sua construção, as técnicas que podem ser aplicadas em sua produção e as estratégias para torná-lo mais visível e destacado, mas, também, mais prático, rápido e barato de ser produzido, com a máxima qualidade, é essencial para quem busca uma presença forte e decisiva no mercado atual. conclusão Referências Bibliográ�cas BAER, L. Produção Grá�ca . São Paulo: Senac, 1999. BENJAMIN, W. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. In: LIMA, L. C. Teoria da cultura de massa . São Paulo: Paz e Terra, 2000. referências BRIGGS, A. 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