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"rótulo" visto que definições são sempre problemáticas por generalizadoras. Dessa forma, é possível encontrar a classificação de autores como Bakhtin ou Lukács ora como marxistas, ora com pertencentes à crítica sociológica. Igualmente pode-se encontrar quem afirme que a vertente marxista é um tipo de crítica sociológica enquanto outros separam totalmente as duas formas de abordagem. Um exemplo interessante dessa complexidade diz respeito também a alguns estudos apontarem os estudos de Bakhtin como próximos do Formalismo por tratarem de estudos sobre a linguagem. Todavia, esse equívoco parte de uma visão superficial das proposta de Bakhtin que criticou a escola de Shklovsky e Jakobson por terem dado a devida importância à dimensão social da língua. Bakhtin, em seus estudos sobre o romance russo oitocentista, enfoca especialmente essa dimensão, visto que: Descobriu nas obras de Dostoievsky e Pushkin uma caleidoscópica variedade de vozes, de múltiplas realizações da língua, que, ao ultrapassarem os preceitos estilísticos que espartilham outros gêneros literários, revelam a impossibilidade de representação da língua como unidade acabada e perfeita. Tal como todas as formações sociais, está sujeita a mutações constantes e é simultaneamente, nas mãos do povo, espaço de conflito e de interação, de contradicção e de contestação. Esta teoria do romance, baseada no caráter "polifônico" da língua em ação, fugindo a qualquer apropriação ideológica, terá sido igualmente alvo de desconfiança por parte do Estado monolítico e totalitário de Estaline. (CEIA, 2012) Correndo o risco de cometer o pecado do reducionismo, podemos resumir a crítica sociológica, a grosso modo, a uma postura comum de refletir sobre a literatura como um fenômeno ligado à vida social. Ou seja, deve ser considerada a partir da ideia de que o texto literário não é independente, nem é criado somente como consequência da vontade e "inspiração" do poeta ou escritor. A obra literária é criada dentro de um determinado contexto, utilizando uma determinada língua, em um contexto cultural, nacional e temporal, onde se pensa de certa maneira. Traz em si, portanto, as marcas desses vários aspectos. Fechamos, portanto, este tópico salientando que a Teoria da Literatura diferentemente do que destacam alguns críticos marxista não considera que uma obra literária seja considerada melhor valorativamente devido ao fato de refletir bem a sociedade e seus problemas; pelo contrário, pressupõe que uma obra literária é boa, ou de alto grau artístico, quando é bem escrita, quando trabalha forma e conteúdo, isto é, a linguagem e sua forma de organização de modo criativo e assim, traz em seu bojo interstícios que enriquecem as possibilidades de leitura. ATIVIDADE DE PORFÓLIO Para se preparar para essa atividade, você vai ler os capítulos "Fabiano" e "Cadeia", da obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos (acesse 31