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Estrutura, Política e Gestão Educacional Aula 01: História da Educação Brasileira Tópico 04: A Educação Brasileira na República (1889-1930) Proclamação da República, 1893 (pintura de Benedito Calixto) [36] Com a Proclamação da República, a situação mudou... no discurso e, efetivamente, pouco no concreto! Conforme Faria Filho (2000, p. 27-28), estima-se que, na primeira década do século passado, cerca de 5% da população em idade escolar era atendida pela instrução pública, conforme estimativa do próprio Estado. Isso, porém, não era o pior: a baixa qualidade da escola era denunciada por inúmeros diagnósticos que relatavam a desorganização do sistema de instrução, o despreparo (para não dizer incompetência) da maioria dos professores. A produtividade dessa escola era baixíssima: a frequência estava perto de 50% dos matriculados e o aproveitamento oscilava entre 30 e 40% dos frequentes, quando muito. Conclui-se, com esses dados, que apenas 1% da população nacional obtinha sucesso na escola! MULTIMÍDIA Educação na República: Alfabetizar... Ou Alfabetizar (1/2) [37] Educação na República: Alfabetizar... Ou Alfabetizar (2/2) [38] A escola isolada é uma resposta muito precária, do Estado brasileiro, durante o século XIX, diante da necessidade de um espaço adequado para fomentar a socialização das crianças. O processo era simples: um professor, ou quem as suas vezes quisesse fazer, devia encontrar na sua região um número mínimo de crianças e, assim, requeria a criação de uma cadeira de instrução primária no local. Essa costumava agregar estudantes de níveis diferentes. A pressão social, manifestada via de regra por abaixo-assinados, contribuía para que a demanda fosse atendida pelo governo, estabelecendo, dessa forma, uma proximidade da comunidade com o professor, o qual precisaria, mediante uma conduta moral e pedagógica, fazer jus à confiança nele depositada. Ao mesmo tempo, o professor vinculava-se ao Estado, numa relação de mão dupla: esse pagava o salário daquele que se submetia à fiscalização empreendida pelo poder público, uma vez que as estatísticas escolares efetuadas pelos próprios educadores, por vezes, eram eivadas de fraudes... (FARIA FILHO, 2000, p. 28-29). Conforme os relatórios dos inspetores e das autoridades de ensino, esse panorama se perpetuava em virtude de um precário sistema de inspeção do trabalho escolar e das péssimas condições de trabalho: além do tradicional baixo salário, os inadequados locais e materiais didáticos, dentre outros. Muitas dessas escolas funcionavam na casa do próprio professor, não somente nas salas, tendo caixotes servindo como mesas e cadeiras, desprovidas, ainda, de um mínimo de higiene, ensejando críticas de que essa educação pública jamais realizaria a tarefa salvacionista, própria do ideário republicano, pois pouco contribuía para a "[...] integração do povo à nação e ao mercado de trabalho assalariado.". Diante desse quadro, é que surge um movimento para "[...] refundar a escola pública." (FARIA FILHO, 2000, p. 30). 16