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A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO PRIMÁRIO NO PIAUÍ E O PROCESSO

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A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO PRIMÁRIO NO PIAUÍ E O PROCESSO 
HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR NO BRASIL 
 
Marta Susany Moura Carvalho – UFPI* 
masuanmi@hotmail.com 
Maria do Amparo Borges Ferro – UFPI** 
amparoferro@uol.com.br 
 
 
RESUMO 
Esta pesquisa tem como objetivo principal, analisar como se deu a organização do ensino 
primário no Piauí, no período de transição Império e República. Para a construção do 
presente trabalho buscou-se fazer um breve enquadramento do processo histórico da 
formação do professor no Brasil, e dentro desse cenário situar a organização do ensino 
primário no Piauí. A natureza deste trabalho é historiográfica e bibliográfica, no qual foi 
realizada a leitura sistemática das obras selecionadas (BRITO, 1996; FERRO, 1996; 
FILHO, 2000; MENDES, 2012; QUEIROZ, 1994; REIS, 2009; RIBEIRO, 1993; VEIGA, 
2007). Entre os aspectos históricos educacionais observados, percebeu-se que o Estado 
pouco agia na efetivação educação no ensino primário no período imperial o que 
representava uma contradição, pois o mesmo criava a lei que propugnava a educação para 
todos, mas na prática isso não se concretizava. Em relação ao início do período 
Republicano, através dos discursos e ações procurava-se sanar o problema de 
analfabetismo no país, e neste período foi se moldando mais concretamente o ensino 
primário no Brasil e demais regiões do País. 
 
Palavras-chave: História da educação. Ensino Primário. Brasil-Piauí. 
 
 
INICIANDO A PESQUISA 
 
A história da educação do Brasil, desde o seu descobrimento, foi trilhada através de 
um entrelaçamento de acontecimentos sociais, políticos, econômicos e culturais. Este 
estudo mostra parte dessa construção, enfatizando o período em que ocorria a organização 
e consolidação do ensino no século XIX e início do século XX. 
A pesquisa surgiu a partir da proposta do professor da disciplina de História da 
Educação do Programa de Pós-graduação em Educação, PPGed – UFPI, a qual trabalhou a 
a história da educação Brasileira, durante esses estudos, se pontua também a história da 
educação no Piauí, e neste surge o interesse de aprofundar os estudos sobre o ensino 
 
 
primário piauiense, durante o período do Império ao início da República, sendo estes o 
tema e a periodização escolhida para apreciação. 
A discussão segue o direcionamento das questões: Quais os principais 
acontecimentos na educação brasileira nesse período? Como se deu a organização do 
ensino primário no Brasil? Quais as características do ensino primário no Piauí dentro 
desse recorte temporal? Dentro da periodização escolhida, o período republicano destacado 
foi dado ênfase a década de 1930, uma vez que passava por um momento de efervescência 
na expansão do ensino público. 
 Dessa maneira tem-se como objetivo principal, analisar como se deu a organização 
do ensino primário no Brasil-Piauí, no período do Império ao início da República. O 
percurso metodológico consistiu na leitura sistemática das obras selecionadas (BRITO, 
1996; FERRO, 1996; FILHO, 2000; MENDES, 2012; QUEIROZ, 1994; REIS, 2009; 
RIBEIRO, 1993; VEIGA, 2007), seguida da identificação e descrição dos aspectos 
históricos educacionais do ensino primário brasileiro e piauiense, na passagem do Império 
para a República. Portanto, tem natureza historiográfica e bibliográfica, dentro da 
abordagem qualitativa e descritiva. 
 
 
A HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DOCENTE E A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO 
PRIMÁRIO NO BRASIL 
 
 Após a Independência do Brasil, foi outorgada a primeira Constituição brasileira 
em 1824. E na descrição do seu Art. 179 havia a afirmação de que “a instrução primária é 
gratuita para todos os cidadãos”. O Império aprovou em 15 de novembro de 1827, a lei das 
escolas de primeiras letras, cujo artigo primeiro estabelecia: “em todas as cidades, vilas e 
lugares mais populosos haverá escolas de primeiras letras”. (FILHO, 2000, p.137). 
 As iniciativas de criação de escolas de primeiras letras tinham a intenção de 
controlar a sociedade, dentro do contexto da monarquia, e perpassa com anseio parecido 
para o Império, pois em um momento de estruturação do Estado Imperial se almejava a 
governabilidade, que se constitui em certo tipo de controle da população. 
 No inicio do império, ainda como herança do período colonial, existiam em 
pequena quantidade escolas régias ou de cadeiras de primeiras letras. Nestas, os 
professores eram nomeados pelo governo e “funcionavam em espaços improvisados, 
geralmente, na casa dos professores”. (FILHO, 2000, p.144). 
 
 
 Filho (2000, p.145) fala sobre a existência junto a essas escolas, da educação 
doméstica, a qual “atendia a um número de pessoas bem superior ao da rede pública 
estatal”. Os espaços eram cedidos pelos pais dos alunos, o pagamento era feito pelo “chefe 
da família que o contrata, geralmente, um fazendeiro”. O autor mostra ainda outro modelo 
de educação escolar, que se configurou durante o século XIX, “aquele em que os pais, em 
conjunto, resolvem criar uma escola e, para ela, contratam coletivamente um professor ou 
uma professora”. 
 Paralelo a esses modelos havia ainda os colégios masculinos e femininos e a ação 
de preceptores, que atuam no seio da família, como um professor particular. Dessa forma, 
percebe-se que no século XIX, as formas de escolarização eram variadas. O que 
caracterizava uma dualidade de governo, do estado e da casa. Filho (2000). 
 Esse afastamento do âmbito doméstico foi aos poucos sendo aceito pela sociedade, 
principalmente a partir das discussões sobre as propostas pedagógicas que defendiam a 
necessidade de espaços apropriados para a escola. 
 Filho (2000, pp. 140-143) explica as mudanças que as práticas pedagógicas foram 
sofrendo, do método individual, que “funcionava na casa dos professores”, onde o 
professor atendia um aluno por vez, passando pelo método Lancaster, (ensino mútuo), 
usando “os próprios alunos como auxiliares do professor”. Posteriormente, surge o método 
simultâneo, com “a organização de classes mais homogêneas e ação dos professores sobre 
vários alunos simultaneamente”. E ainda o método misto, que “aliava o individual e 
mútuo”, ou o “mútuo e o simultâneo”. Até chegar ao método intuitivo, no qual se havia a 
preocupação com o “processo de aprendizagem do aluno”, baseado no empirismo, na 
“educação dos sentidos”. 
 As mudanças sociais e culturais vão ocorrendo e surgem diversas discussões sobre 
a importância da instrução escolar. Mas o que se percebe é que não ocorreram muitos 
direcionamentos para unificação do ensino, somente a implantação oficial da escola mútua, 
em 1827. 
 Veiga (2007) mostra que no processo de implantação da instrução no Brasil 
Imperial, a escola pública era um espaço das minorias. 
 
O alvo da escola pública, no Brasil, foi essencialmente a população 
pobre, negra e mestiça, portadora de “hábitos e valores rudes”, não afeita 
às normas sociais nem ao cumprimento dos deveres e por isso passível de 
ser civilizada. A difusão da escola pública uniu as elites na afirmação de 
um lugar-comum: o de que da instrução dependeria o futuro da nação. 
Mas não foi elaborado um projeto nacional de educação, e os 
 
 
procedimentos para instruir o povo fragmentaram-se em iniciativas 
subordinadas aos governos provinciais. (VEIGA, 2007, p. 149) 
 
 Essa descentralização veio com o Ato Adicional à Constituição promulgado em 
1834, a partir do qual o ensino primário passa a ser de responsabilidade das Províncias, 
desobrigando o Estado Nacional de cuidar desse nível de ensino. Com essa medida, 
“persistiram e se agravaram os problemas centrais da instrução pública do Império: a 
incerteza quanto as condições de educabilidade da sociedade pobre e mestiça e ausência de 
projetos de educação articulados e duradouros” (VEIGA, 2007, p. 150). 
 Esses problemas ocorriam principalmente porque a “gestão” educacional era 
constantemente alterada e as classes populares tinhamdificuldades em manter os filhos na 
escola. Fato que não ocorreu da mesma maneira em todas as províncias, mas havia uma 
queixa comum, como mostra Veiga (2007, p. 151), “ausência ou freqüência irregular dos 
alunos às aulas”, entre os motivos citados, estavam “a condição de pobreza em que vivia a 
maioria dos alunos, o trabalho infantil, o despreparo dos professores, a falta de material e 
de prédios adequados”. 
 O que se observa como problema mais pontual foi justamente a baixa freqüência ou 
evasão dos alunos. E ainda o preconceito em relação à escola pública, visualizado a partir 
da alternativa de escola privada, ou seja, a educação para além das instituições, com a 
coexistência das várias modalidades públicas e privadas para o ensino de primeiras letras. 
 No período de transição Império e República a educação passa do ensino individual 
ministrado no espaço doméstico para o ensino coletivo ministrado em espaços públicos. 
Esse processo se dá de maneira lenta e gradativa, uma vez que os modelos de educação vão 
se configurando e em alguns casos coexistindo, como já foi dito. 
 Veiga (2007) cita algumas medidas usadas nessas diferentes modalidades, como 
por exemplo, a continuação da separação da educação por gênero. Sendo que a freqüência 
escolar até os anos de 1870 e 1880 só era obrigatória apenas para os meninos. A educação 
das meninas era feita por mestras e a parti dos anos 1870, surgia em algumas localidades a 
co-educação, que é o ensino para os dois gêneros, condicionada a idade mínima de 7 a 
máximo de 14 anos. Nesse mesmo período surgiam as escolas noturnas para maiores de 14 
anos. 
 Em relação ao perfil docente, Veiga (2007, p. 161) argumenta que havia 
predisposição legal, com concursos para contratação dos professores, além de “atestado de 
boa conduta emitido pelo juiz de paz ou pároco local e ser preferencialmente casados”. 
 
 
 O cargo do professor concursado se tornava vitalício. Embora as cadeiras muitas 
vezes não fossem providas por falta de professores, vagas eram supridas por professores 
substitutos. Existia ainda em cada província órgãos específicos de regulamentação e 
fiscalização, representadas pelo Inspetor de ensino. 
 Sobre a formação desse professor, Veiga (2007, p. 165), afirma que “a primeira 
experiência, ocorreu, ao que tudo indica, na Escola do Arsenal da Marinha e envolveu a 
preparação de militares-professores para a aplicação do método mútuo”. 
 Apesar de haver referência a instrução dos professores na lei 1827, a criação de 
escolas de formação dos professores só foram surgir posteriormente a 1834, que foram as 
Escolas Normais, às mesmas funcionaram de forma irregular até 1870. 
 Veiga (2007) relata alguns pontos importantes sobre essas escolas de formação de 
professores, como o surgimento da primeira Escola Normal do país, em Niterói, no ano de 
1835 e a criação de outras escolas normais por particulares com subvenção do governo, e 
até a década de 1850 tiveram resultados insatisfatórios, com baixa freqüência e maioria dos 
estudantes eram homens. 
 A autora vai apontar que no final do Império, as escolas normais tiveram sua 
legislação alterada, um exemplo importante foi a Reforma de Leôncio Carvalho 
estabelecida pelo Decreto de 19 de abril de 1879, que alteravam as disciplinas a serem 
ministradas no Rio de Janeiro. Essa ampliação curricular também é seguida nas outras 
províncias. Outro destaque para esse período nas escolas normais foi o processo de 
feminização do magistério, ocorridos com a difusão das teses higienistas e ênfase na 
educação infantil. 
 Atenta-se para o fato de que no final do Império, existiam poucas Instituições 
Escolares, com apenas alguns liceus províncias nas capitais, colégios privados bem 
instalados nas principais cidades, cursos normais em quantidade insatisfatórias para as 
necessidades do país. Existia então uma grande lacuna educacional representada 
principalmente pela casa, e os professores e professoras leigos. 
 No período Republicano a escolarização irá se consolidar, através da organização 
administrativa, reformas estaduais, debates teóricos e políticos, porém o projeto nacional 
de educação só vai ser discutido nos anos 1953. Durante a primeira república que vai do 
ano de 1889 a 1929, se deu a promulgação da Constituição de 1891, mas nela pouco foi 
discutida a educação, uma vez que cabia aos estados legislar sobre a educação primária e 
secundária. Até a década de 1930, os assuntos ligados à educação eram tratados pelo 
 
 
Departamento Nacional do Ensino ligado ao Ministério da Justiça. Somente em 1931 foi 
criado o Ministério da Educação. 
Ribeiro (1993) afirma que a descentralização da educação e as reformas 
educacionais, não conseguiram resolver os problemas da organização escolar, o que é 
demonstrado pelos dados estatísticos sobre o analfabetismo nos diferentes níveis de ensino. 
Ainda segundo a autora, o desconhecimento sobre as causas dos problemas 
educacionais, bem como o puro consumo de idéias comprometem basicamente a 
concretização dos objetivos dos educadores ‘novos’ (p.124). Porém, ressalta Ribeiro, “O 
aspecto positivo resultante de males [...] ‘transplante cultural’ está no fato de ter levado os 
educadores a diagnosticar as deficiências da estrutura escolar brasileira e denunciá-las 
categórica e permanentemente [...]” (p.12). 
Já no período da segunda república dos anos 1930 a 1936, a “Revolução de 30” se 
destaca como marco referencial para a entrada do Brasil no mundo capitalista de produção. 
Nesse período ocorrem muitas mudanças sociais, e a nova realidade brasileira passou a 
exigir uma mão-de-obra especializada e para tal era preciso investir na educação. 
 A partir da década de 1930 que a educação passa a ser tratada como questão 
nacional. Em 1932 um grupo de educadores lança à nação o Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assinado por outros conceituados 
educadores da época. A Escola nova defendia a escola pública, universal e gratuita, além 
da igualdade de oportunidades. 
 Com a fixação do Plano Nacional de Educação, o ensino primário foi declarado 
gratuito e obrigatório. A nova Constituição dispõe, pela primeira vez, um capítulo especial 
sobre a Educação, estabelecendo que: “a educação é direito de todos, devendo ser 
ministrada pela família e pelos Poderes Públicos”. (BRASIL, 1986). 
 Ocorreu nesse período, a centralização da política educacional, sob influência do 
novo Ministro da Educação e da Saúde Pública, Gustavo Capanema. E sob influência da 
Escola Nova, a constituição de 1934 deu competência à União para traçar as diretrizes da 
educação nacional, além de fiscalizar e coordenar o ensino em geral. 
 Na tentativa de criar um sistema nacional de educação, a Constituição de 1934 traz 
um capítulo inteiro tratando o tema, dando à União a responsabilidade de "traçar as 
diretrizes da educação nacional" (art. 5º) e "fixar o plano nacional de educação, 
compreensivo do ensino em todos os graus e ramos, comuns e especializados e coordenar e 
fiscalizar a sua execução, em todo o território do País.” (art. 150º). 
 
 
 Também na Constituição de 1934 foi determinado que a União e os municípios 
deveriam aplicar nunca menos de 10% e os estados 20% da arrecadação de impostos “na 
manutenção e desenvolvimento dos sistemas educacionais” (art. 156). (BRASIL, 1986). 
 Em 1937, o então presidente Getúlio Vargas, fecha o congresso e dá início à 
ditadura do Estado Novo, pondo fim no caráter liberal-democrático da constituição de 
1934. Uma vez que a constituição de 1937 estava voltada para ideologia nacionalista e não 
atribuiu deveres educacionais ao congresso. 
 O ministro Capanema, modificou as responsabilidades do ensino primário para os 
Estados. Foi aprovado o Fundo Nacional de Ensino Primário e o Convênio Nacional do 
Ensino Primário. Outra característica era o direcionamento do ensino público para 
formaçãotecnicista, tendo em vista o processo de industrialização do Estado Brasileiro. 
 
A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO PRIMÁRIO NO PIAUÍ 
 
 No final do século XIX e inicio de XX, ocorreu a expansão das escolas primárias 
no Piauí. Em geral nesse período o estado do Piauí possuía grande parcela da população 
sem acesso à escola. Havia um crescimento dessa população e as escolas públicas já não 
eram suficientes para atender à demanda escolar. Esta carência foi mais tarde minimizada 
com a criação de escolas particulares, como ocorria desde o período imperial, com a ação 
dos mestres-escola, em que a educação dos filhos era mantida pelos fazendeiros. 
De acordo com Reis (2009), no período Imperial, algumas famílias pagavam um 
professor particular para ensinar seus filhos a aprenderem os primeiros ensinamentos da 
leitura, escrita e números. Essa iniciativa privada tornava-se, naquele período, como 
definiu Queiroz (1994), característica da educação piauiense, seja na capital, cidades, vilas 
ou fazendas, tendo em vista que o setor educacional era esquecido pelo poder público e 
ainda devido a desmotivada remuneração dos professores. 
Ainda Segundo Reis (2009), a presença do mestre-escola foi sendo reduzida a partir 
do momento que começa haver uma organização do ensino público e com a criação de 
mais escolas de ensino gratuito, mas, essa prática de ensino permanece ainda por um longo 
tempo no sertão piauiense, até meados do século XX. Até quando se instituiu o 
atendimento da educação primária pública efetivamente, com o surgimento dos Grupos 
Escolares, os quais faziam parte do projeto republicano de organização e expansão da 
educação. 
 
 
Como mostra o trabalho da autora Maria do Amparo Borges Ferro, em sua obra 
“Educação e Sociedade no Piauí Republicano” sobre os anos iniciais desse regime no 
Piauí. 
[...] pelo distanciamento geográfico e com as dificuldades de 
comunicação da época, ao que tudo indica, aconteceu semelhante o que 
ocorreu na capital do país, em que, após a proclamação, o povo saiu às 
ruas, aparentemente sem entender bem o que tinha acontecido, nem como 
e sem prever quais os desdobramentos que daí adviriam. (FERRO, 1996, 
p.79) 
 
De acordo com a autora essa mudança no regime político no Piauí não alterou 
muito o conteúdo educacional, embora tenham ocorrido esforços legais no sentido de 
mudar o perfil da educação naquele momento. Segundo Ferro (1996, p.87) “a Primeira 
República a nível nacional teve a educação caracterizada por reformas consecutivas e 
desconexas, e no Piauí também ocorriam reformas como a Reforma de Antonino Freire. 
Percebe-se que existiam obstáculos para implementação de reformas na área educacional 
tal qual a descontinuidade das ações políticas e ainda a desvalorização salarial do 
magistério. Outro fator problemático era a falta de acomodação para o funcionamento das 
escolas, portanto, as reformas foram motivadas pela legislação, que previa a construção de 
prédios para funcionarem escolas estaduais. 
Com a expansão do número de escolas, foram construídas escolas em Teresina, 
Picos, Campo Maior, Piripiri, Amarante, Miguel Alves, Barras, Porto Alegre, Piracuruca, 
Pedro II, Parnaíba, Oeiras, Bom Jesus, Castelo, São Raimundo e Palmeirais. Além da 
criação da Escola Normal Oficial em 1910, que era apontada como a grande solução para o 
problema educativo, através da formação de mão-de-obra especializada. Ferro (1996, 
p.104.105) acredita ser tal expansão “reflexo da ideologia reinante do otimismo 
pedagógico e do entusiasmo pela educação”. 
A partir da transformação de escolas reunidas em grupos escolares, ocorrendo um 
processo de consolidação do modelo educacional no Piauí, os prédios dessas instituições 
tornaram-se “símbolos de modernidade e autênticos templos do saber e do progresso” 
(REIS, 2009, p.208). Ainda sobre o período republicano, Mendes (2012, p. 170), relata o 
grande déficit escolar em vários municípios do Piauí, bem como a lenta iniciativa pública 
na resolução desse problema, o qual foi tentado superar a partir de ações particulares. 
Em relação às escolas estaduais, estas recebiam poucos recursos, sem falar do baixo 
salário dos professores e ainda precária conservação das estruturas físicas dos prédios 
 
 
escolares como explicado pelo professor Martins Napoleão, diretor geral de Ensino do 
Piauí: 
Verdade é, sem dúvida, que aquelas condições especiais derivaram 
sempre, ora do limitado horizonte visual dos seus administradores; ora da 
pobreza, sovinice ou indiferença do tesouro, contrárias ao espírito de 
iniciativa de alguns dirigentes; ora, da própria limitação intencional dos 
serviços, dados entre rebarbas de outros empregos, a cidadãos sem 
vilegiatura de professores. Sobre isso, o descritério partidarista, fábrica de 
escolas e prêmios de eleitores, com docente saliciados a grau de parentes. 
(MENDES, 2012, p. 172 apud Almanaque da Parnaíba, 1934, p. 57) 
 
A citação mostra as condições em que se encontrava a educação estadual, situação 
na qual o professor não tinha muito apoio do Estado e mantinha por conta própria o local, 
para exercer o magistério do jeito que podia. 
Segundo Brito (1996, p. 96), “a estrutura organizacional do ensino primário 
manteve-se praticamente inalterada com as mudanças que o País atravessou, decorrentes da 
Constituição de 1934 e da Constituição de 1937 (Estado Novo)”. Esta última atribui ao 
Governo Federal poderes para baixar normas por meio de Decretos-Lei, em todos os níveis 
de ensino, incluindo o ensino primário e normal que antes era de responsabilidade 
exclusiva dos Estados. 
Ocorre, neste período, uma expansão na rede escolar primária no estado do Piauí, 
colocando-o em destaque nacional. Devido aumento das despesas, o estado recorreu aos 
municípios, para que os mesmos contribuíssem financeiramente, firmando um convênio 
com os estes, definindo responsabilidades para ambas as partes. O convênio foi firmado 
pelo então interventor Leônidas de Castro Melo e pelos representantes dos diversos 
municípios, em novembro de 1943, e vigorou até o ano de 1946. 
Estas obras mencionadas falam sobre o início da estruturação do sistema escolar no 
Estado. Portanto, foram discutidos, com base nas bibliografias encontradas, apenas alguns 
aspectos estruturais e administrativos do ensino primário no Piauí. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Após a proclamação da Independência, foi instalada a Assembléia Constituinte e 
Legislativa para criar nossa primeira Constituição, consistindo nos primeiros trabalhos 
legislativos que tratavam especificamente da instrução, no Império, com o objetivo de 
organizar a educação nacional. Seguida da lei de 15 de outubro de 1827, a primeira lei 
sobre a instrução pública nacional do Império do Brasil, contudo essas preocupações não 
 
 
supriram os recursos necessários para criar as condições da existência das escolas e para o 
trabalho dos professores. 
 Com o Ato Adicional de 6 de agosto de 1834, cada província passava a responder 
pelas diretrizes e pelo funcionamento das suas escolas de ensino elementar e secundário. E 
ao Governo Central ficava reservado o direito, a primazia e o monopólio do ensino 
superior. Graças à descentralização, em 1835, surgiu a primeira escola normal do país, em 
Niterói. 
Essa iniciativa se deu principalmente diante das dificuldades que as províncias 
encontravam para dar instrução de primeiras letras aos moradores dos lugares distantes e 
isolados. Neste período, o acesso à escolarização era precário ou inexistente, tanto por falta 
de escolas, quanto de professores. Então, para atender a demanda de docentes, criam-se 
decretos para construção das primeiras escolas normais no Brasil, com o objetivo preparar 
professores para oferecer a instrução de primeiras letras. 
No período republicano o ensino primário foi caracterizado por reformas que 
resultaram em um novo modelo de ensino, essas reformas também tiveram seus tropeços,pois, a preocupação em criar escolas pelo território piauiense, fazia com que o Governo 
não tivesse controle sobre as instituições, provocando a falta de assistência no ensino. Este 
legado é marcado pela atuação dos professores inabilitados para exercerem a profissão e 
pela evasão escolar. 
Percebe-se que a consolidação do ensino primário se deu no processo de expansão, 
tanto na estrutura física como também metodológica. A presença da ideia da 
democratização do ensino público era evidente, assim ocorreram mudanças sociais, 
políticas e educacionais que promoveram um impulso pela busca da escola. Então no 
período de 1930, os Estados incorporam os princípios da Escola Nova 
A partir das bibliografias pesquisadas, pode ser observado ainda que nos anos 1930 
iniciava-se o período de expansão do ensino, no qual o espaço escolar primário ia se 
formando, com as edificações construídas principalmente no governo de Leônidas Melo 
compreendido entre 1935 a 1945. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL, Constituição. A Constituição de 1934. Fundação Projeto Rondon: 1986. 
Disponível em>www2.senado.leg.br < Acesso em: 15 de junho de 2016. 
 
 
 
BRITO, Itamar Sousa. História da Educação no Piauí. Teresina: EDUFPI, 1996. 
 
FERRO, Maria do Amparo Borges. Educação e sociedade no Piauí republicano. 
Teresina: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1996. 
 
FILHO, Luciano Mendes de Faria Filho. Instrução elementar no século XIX. In.: 
LOPES, Eliane Marta Teixeira; FILHO, Luciano Mendes de Faria Filho; VEIGA, Cyntia 
Greive. 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. 
 
MENDES, Francisco Iweltman Vasconcelos. História da educação piauiense. Sobral: 
EGUS, 2012. 
 
QUEIROZ, Teresinha. Os literatos e a República: Clodoaldo Freitas, Higino Cunha e as 
tiranias do tempo. Teresina: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1994. 
 
REIS, Amada de Cássia Campos. História e memória da educação em Oeiras-Piauí: de 
meados do século XVIII à primeira metade do século XX. Teresina: 
Expansão/EDUFPI,2009. 
 
RIBEIRO, Maria Luísa Santos. História da educação brasileira: a organização escolar. 
13. ed. São Paulo: Autores Associados, 1993. 
 
VEIGA, Cynthia Greive, 1958. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007.

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