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Por que de vossas águas Febo ordene Que não tenham inveja às de Hipocrene. DEDICATÓRIA Dedicatória - da estrofe 6 à 18 do Canto I, faz-se a dedicatória ao rei D. Sebastião, em quem o poeta esperava a continuidade do projeto ultramarino português e a expansão do catolicismo. Vós, poderoso Rei, cujo alto Império O Sol, logo em nascendo, vê primeiro, Vê-o também no meio do Hemisfério, E quando desce o deixa derradeiro; Vós, que esperamos jugo e vitupério Do torpe Ismaelita cavaleiro, Do Turco Oriental e do Gentio Que inda bebe o licor do santo Rio: NARRAÇÃO Narração - nas estrofes restantes, conta-se a história de Vasco da Gama, que, por sua vez, se faz enunciador da história de Portugal. Já no largo Oceano navegavam, As inquietas ondas apartando; Os ventos brandamente respiravam, Das naus as velas côncavas inchando; Da branca escuma os mares se mostravam Cobertos, onde as proas vão cortando As marítimas águas consagradas, Que do gado de Próteu são cortadas A pedido do rei de Melinde, Vasco da Gama conta a história de Portugal: Prontos estavam todos escuitando O que o sublime Gama contaria, Quando, despois de um pouco estar cuidando Alevantando o rosto, assi(m) dizia: - «Mandas-me, ó Rei, que conte declarando De minha gente a grão genealogia; Não me mandas contar estranha história, 44