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Correferências Anafóricas


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correferências. No primeiro grupo, abrigam-se as anáforas diretas, chamadas 
correferências (ACo), que retomam o referente cotextualmente. Elas podem 
ser recategorizadoras ou não. No segundo grupo, as anáforas não 
correferências também denominadas de indiretas (AI). São chamadas 
recategorizadoras aquelas que atribuem novos significados ao referente 
retomado. 
Vejamos um exemplo:
(2) Visitei a casa de minha tia. A mansão estava deslumbrante. 
Mansão retoma casa e atribui-lhe novo significado. Ou seja, recategoriza-a. 
As anáforas recategorizadoras, assim como as não-recategorizadoras,, 
possuem âncora clara no cotexto. Cavalcante (2004) destaca quatro subtipos 
desta categoria de anáfora:
a) por hiperonímia; 
b) por expressão definida; 
c) por nome genérico; 
d) por pronome. Vejamos mais um exemplo ilustrativo do subtipo b.
(6) “SOBE CARLOS ALBERTO PARREIRA. O treinador tetracampeão 
do mundo voltou ao comando da seleção brasileira.” (CAVALCANTE, 
2004: 9)
O treinador tetracampeão do mundo retoma Carlos Alberto Parreira, 
cuja âncora está no texto, e lhe atribui novo significado. Dessa vez, 
nomeando-o com uma de suas “qualidades”. Pelo menos, a maioria dos 
brasileiros sabe que ele foi campeão, quatro vezes, já que participou das 
quatro copas em que a seleção do Brasil venceu.
Passemos ao segundo grupo de anáforas, as indiretas ou não 
correferências. Conforme Cavalcante (2004:13), “as anáforas indiretas foram 
acordadas na literatura como tendo duas características fundamentais, 
porém não únicas: (i) a não correferencialidade e (ii) a introdução de um 
referente novo sob o modo do conhecido”.
Na referenciação indireta, há pistas textuais que possibilitam ao co-
enunciador as inferências, ou seja, há sempre elementos de relação de 
sentido entre o referente e a anáfora. Como lembra Koch (2002, p. 108), 
“anáforas deste tipo desempenham um papel extremamente importante na 
construção da coerência”.
As relações no processo que envolve as AIs é sempre mais complexo, 
pois é necessário um esforço maior, por parte do interlocutor/co-enunciador, 
para fazer a recuperação do referente, uma vez que a âncora não está 
claramente explicitada no cotexto. Nesse processo, há necessidade de maior 
grau de “cumplicidade” entre os interlocutores, eles precisam ter um nível de 
partilhamento de informações bem acentuado para obter o sentido pleno da 
informação. Confirmemos com um exemplo extraído de Cavalcante 
(2004:14).
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