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LÍNGUA PORTUGUESA III Professora Me. Fátima Christina Calicchio Professora Me. Raquel de Freitas Arcine Professora Me. Valéria Adriana Maceis GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; ARCINE, Raquel de Freitas; CALICCHIO, Fátima Chris- tina; MACEIS, Valéria Adriana. Língua Portuguesa III. Raquel de Freitas Arcine; Fátima Christina Calicchio; Valéria Adriana Maceis. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2021. 137 p. “Graduação - EaD”. 1. Língua. 2. Portuguesa. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0956-9 CDD - 22 ed. 469 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-graduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Coordenador de Conteúdo Fabiane Carniel Designer Educacional Amanda Peçanha dos Santos Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Kleber Ribeiro da Silva Qualidade Textual Ludiane Aparecida de Souza Cintia Prezoto Ferreira Ilustração Marta Kakitani Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cur- sos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferen- tes áreas do conhecimento, formando profissio- nais cidadãos que contribuam para o desenvolvi- mento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO RE S Professora Me. Raquel de Freitas Arcine Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Possui Mestrado em Letras, com ênfase em Linguística - Estudos do Texto e do Discurso - pela mesma instituição. É membro do Grupo de Estudos Político-Midiáticos da UEM (GEPOMI/Cnpq). Atua principalmente nos seguintes temas: análise do discurso, política e mídia. Para maiores informações, acesse o link disponível em: <http://lattes.cnpq. br/3557860478350410>. Professora Me. Fátima Christina Calicchio Mestra em Letras, na área de Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Maringá (2014). Especialista em Língua Portuguesa pelo Instituto Paranaense de Ensino e Faculdades Maringá (2010). Graduada em Letras, com habilitações Português/Inglês e respectivas literaturas, pela Universidade Estadual de Maringá (2009). Professora mediadora do curso de Letras (Unicesumar) e desenvolve trabalhos, também, como professora conteudista e formadora nesta mesma instituição. Tutora a distância do curso de Letras Português/Inglês da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e professora de língua inglesa para o ensino fundamental I, pela rede municipal de ensino em Maringá, PR. Possui experiência na área de Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de produção textual e análise linguística. Interessa-se em estudos da língua pelo viés da Sociolinguística Educacional e pela perspectiva Funcionalista. Para maiores informações, acesse o link disponível em: <http://lattes.cnpq. br/2351396382686006>. Professora Me. Valéria Adriana Maceis Mestra em Letras, tendo “Descrição Linguística” como linha de pesquisa, pela Universidade Estadual de Maringá. Graduada em Letras, pela mesma instituição. Professora de Língua Portuguesa na Educação Básica e também no Ensino Superior. Na Educação a Distância tem experiência com a elaboração de materiais e aulas. Para maiores informações, acesse o link disponível em: <http://buscatextual. cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4257582H9>. SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, prezado(a) aluno(a), primeiramente queremos parabenizá-lo(a) pelo fato de ter perseverado em seus estudos e chegado até aqui. Evidentemente, esforços e renúncias fizeram parte de seu percurso, mas acreditamos que isso foi imprescindível para a sua formação docente. Neste livro trataremos da análise do período composto. Apresentaremos uma investiga- ção do modo como as Gramáticas Tradicionais em geral expõem esse período; avaliare- mos quais critérios os gramáticos tradicionais, em geral,levam em conta para explorar os processos de articulação de orações. Nesse sentido, organizamos o material da seguinte maneira: ■ Na Unidade I, você terá a oportunidade de ler sobre o processo de articulação de orações, começando pela coordenação. Assim, apresentaremos, a partir da visão da Gramática Tradicional, o período composto, buscando compreender, inicialmente as chamadas Orações Coordenadas Assindéticas e Sindéticas. ■ Na Unidade II, buscaremos compreender, ainda, sobre o período composto por meio da Gramática Tradicional, o processo de articulação de orações que ocorre por meio da Subordinação. Exemplificaremos a diferença entre as orações principais e subordinadas – um ponto fundamental para todo o estudo que virá na sequên- cia. Ainda nesta unidade, apresentaremos o primeiro tipo de oração subordinada: a substantiva. ■ Na Unidade III, você verá que subdividimos o estudo das Orações Subordinadas em partes. Sendo assim, nesta unidade trataremos da parte II, ou seja, apresentaremos as Orações Subordinadas Adjetivas. ■ Na Unidade IV, ainda dando sequência ao estudo do período composto, parte III do estudo das orações subordinadas, iremos expor e discriminar as características das Orações Subordinadas Adverbiais. Como você verá, as Gramáticas Tradicionais apresentam nove tipos de orações adverbiais, que são classificadas de acordo com o valor semântico que cada uma apresenta. ■ Por fim, na Unidade V, última unidade do livro, teremos a satisfação de estudar a Sin- taxe de Regência. Procuraremos compreender as relações de dependência que as palavras mantêm na frase - e aí teremos a Regência Nominal -; e entender a ligação de um verbo com seu complemento - e teremos a Regência Verbal. De antemão, fica aqui o nosso agradecimento a você, leitor(a) deste material. Espero que, com ele você possa interagir e agir, ou seja, que você possa acrescentar cada estu- do aqui realizado, a sua experiência como docente ou futuro(a) docente, pois, assim, o processo de ensino-aprendizagem ganhará e, de fato, sentirão que os conhecimentos apresentados, organizados e sistematizados neste material poderão ser uma “sementi- nha” para uma prática educacional que busque a emancipação dos alunos em sujeitos. Enfim, desejamos que este material proporcione a você um estudo bastante produtivo! Abraços. APRESENTAÇÃO LÍNGUA PORTUGUESA III SUMÁRIO 09 UNIDADE I O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A COORDENAÇÃO 15 Introdução 16 O Período Composto por Coordenação sob o Olhar Tradicional 24 Orações Coordenadas Assindéticas 26 Orações Coordenadas Sindéticas 31 Considerações Finais 37 Referências 38 Gabarito UNIDADE II O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A SUBORDINAÇÃO, PARTE I 41 Introdução 42 O Período Composto por Subordinação sob o Olhar Tradicional 45 As Orações Principais e Subordinadas 50 As Orações Subordinadas Substantivas 56 Considerações Finais 60 Referências 61 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III AS ORAÇÕES SUBORDINADAS – PARTE II 65 Introdução 66 As Orações Subordinadas Adjetivas 71 Classificação das Orações Adjetivas 79 Considerações Finais 84 Referências 85 Gabarito UNIDADE IV AS ORAÇÕES SUBORDINADAS – PARTE III 89 Introdução 90 As Orações Subordinadas Adverbiais 102 Considerações Finais 108 Referências 109 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V SINTAXE DE REGÊNCIA 113 Introdução 114 Sintaxe de Regência - Conceito 116 Regência Verbal 122 Regência Nominal 125 Estudo da Crase 129 Considerações Finais 136 Gabarito 137 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professora Me. Fátima Christina Calicchio Professora Me. Raquel de Freitas Arcine Professora Me. Valéria Adriana Maceis O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A COORDENAÇÃO Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar a visão tradicional a respeito do período composto e o processo de articulação de orações. ■ Compreender as chamadas Orações Coordenadas Assindéticas. ■ Explicar e especificar cada uma das orações conhecidas como Coordenadas Sindéticas. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ O período composto por coordenação sob o olhar tradicional. ■ Orações Coordenadas Assindéticas. ■ Orações Coordenadas Sindéticas. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo à Unidade I. Nela, você irá encontrar um apa- nhado teórico aprofundado sobre o processo de articulação de orações sob o viés da Gramática Tradicional (doravante GT), mais especificamente, sobre o período composto. Você ainda deve se lembrar que, em Língua Portuguesa II, estudamos o que a Gramática Tradicional denomina de período simples, ou seja, dedicamo-nos à apresentação e à compreensão dos elementos presentes em períodos que apre- sentam apenas uma oração - apenas um verbo ou uma locação verbal. Assim, para esta unidade e para todo este material, trataremos das orações que compõem o chamado período composto. Tal período é assim conhecido por apresentar duas ou mais orações, ou seja, dois ou mais verbos e/ou locuções. As GTs dividem as orações que formam o período composto em orações coordenadas (orações independentes sintaticamente) e orações subordinadas (orações que dependem sintaticamente uma da outra). Nesse sentido, apresentaremos um levantamento do modo como as GTs, em geral trazem o período composto e critérios os gramáticos tradicionais costu- mam utilizar para explicar os tipos de orações presentes em tais períodos. A seguir, trataremos das orações tradicionalmente conhecidas como coor- denadas assindéticas e sindéticas. Coordenação diz respeito à independência sintática, com isto, tem-se que as orações chamadas de coordenadas são aque- las consideradas independentes sintaticamente, isto é, não exercem nenhuma função sintática em outras dentro do período. O “a” que acompanha o nome “assindética” indica “negação”, e síndeto lem- bra conectivo, conjunção, pois vem do grego “syndeto”, que significa laço, união e junção. Portanto, uma oração assindética é aquela que não apresenta síndeto, ou seja, não apresenta conectivos que unem as orações. As sindéticas, por sua vez, apresentam síndetos, isto é, são introduzidas por elementos de conexão (conectivos, conjunções, como: “mas”, “porque”, “portanto” etc.) e se dividem em aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e expli- cativas, conforme explicaremos no decorrer da unidade. Boa leitura! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A COORDENAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 O PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO SOB O OLHAR TRADICIONAL As GTs, de maneira, geralmente, restrita, dividem as orações em subordinadas (orações que dependem sintaticamente uma da outra) e coordenadas (orações independentes sintaticamente). Um levantamento dessa classificação nas gra- máticas de Cunha e Cintra (2001), Luft (1981), Rocha Lima (1999) e Bechara (2009) nos levam a constatar que os autores ora fazem uso somente do critério semântico, ora somente do sintático ou, então, adotam ambos os critérios, con- forme demonstraremos no decorrer desta seção. Dentre os gramáticos citados, com exceção de Cunha e Cintra (2001) que, por vezes, valem-se também do critério semântico, os demais se pautam apenas no critério sintático para distinguir estruturas coordenadas de subordinadas. As sentenças, segundo a GT, via de regra, são classificadas da seguinte forma: O Período Composto por Coordenação sob o Olhar Tradicional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 Quadro 1 -Levantamento geral das orações no âmbito da tradição gramatical SUBORDINAÇÃO COORDENAÇÃO Substantivas Adjetivas Adverbiais AssindéticasSindéticas Apositiva Explicativa Causal - Aditiva Completiva Nominal Restritiva Comparativa - Adversativa Objetiva Direta - Concessiva - Alternativa Objetiva Indireta - Condicional - Conclusiva Predicativa - Conformativa - Explicativa Subjetiva - Consecutiva - - - - Final - - - - Temporal - - - - Proporcional - - Fonte: Cunha e Cintra (2001), Luft (1981), Rocha Lima (1999) e Bechara (2009). Cunha e Cintra (2001) ainda acrescentam às substantivas a oração agente da passiva, e Rocha Lima (1999) classifica as objetivas indiretas como completi- vas relativas. Luft (1981) e outros gramáticos inserem na classificação das adverbiais as orações locativas e modais. A nosso ver, Luft (1981), em relação aos outros gramáticos analisados, apre- senta uma concepção mais ampla acerca dos processos sintáticos de combinação O conhecimento das orações coordenadas facilita o trabalho de produção e interpretação de textos, principalmente narrativos e dissertativos. Possibi- lita ao produtor do texto a adoção de eficientes estratégias argumentativas de forma simples e direta. Servem, portanto, para o estabelecimento de re- lações lógicas entre palavras, orações, parágrafos e textos inteiros, consti- tuindo-se como fator indispensável pela coesão e coerência textual. Fonte: Oliveira (2010, on-line)1. O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A COORDENAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 de orações, pois além de apresentar a coordenação e a subordinação, também acrescenta que há, quem considere as chamadas correlação e justaposição como possibilidade de mecanismos de articulação de orações. Segundo o autor, subor- dinação e coordenação são dois processos de estruturação sintática, o que em termos gregos, são chamados, respectivamente, de hipotaxe e parataxe. No pri- meiro, um elemento está anexo ao outro, dependente dele, e, no segundo, os elementos estão dispostos lado a lado – sem dependência. Se houver construções em que são utilizadas lado a lado orações independentes, principais e subordina- das, tem-se um período misto – composto por coordenação e por subordinação simultaneamente. O gramático, conforme exposto, afirma também que Alguns autores apresentam dois outros processos: correlação e justa- posição, somando quatro processos de estruturação sintática. Assim, orações correlatas: (a) aditivas (não só... mas também); (b) compa- rativas (tal... tal/mais/menos... (do) que); (c) consecutivas (tanto/tão/ tal... que); - orações justapostas: (a) intercalada (... – disse ele -); (b) apositivas; (c) objetiva direta; (d) adverbial. [...] Segundo a NGB, as orações se classificam como: absoluta, principal, coordenada e subor- dinada (LUFT, 1981, p. 46-47). Cunha e Cintra (2001), ao apresentarem o período composto, também expõem exemplos, definições e formas desenvolvidas e reduzidas das orações, conside- rando, também, a questão semântica: As orações autônomas, independentes, isto é, cada uma tem sentido próprio não funcionam como termos de outra oração, nem a eles se re- ferem: apenas, uma pode enriquecer com o seu sentido a totalidade da outra. A tais orações autônomas dá-se o nome de coordenadas, e o pe- ríodo por elas formado diz-se composto por coordenação. As orações sem autonomia gramatical, isto é, as orações que funcionam como ter- mos essenciais, integrantes ou acessórios de outra oração chamam-se subordinadas. O período constituído de orações subordinadas e uma oração principal denomina-se composto por subordinação (CUNHA; CINTRA, 2001, p. 593-594, GRIFO NOSSO). Rocha Lima (1999, p. 230) afirma que a “comunicação de um pensamento em sua integridade, pela sucessão de orações gramaticalmente independentes”, cons- titui um período composto por coordenação. E, ao expor definições acerca do período composto por subordinação, propõe dois parâmetros de classificação das orações: (I) quanto à função que desempenham na oração principal (função O Período Composto por Coordenação sob o Olhar Tradicional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 de substantivo, adjetivo e advérbio) e (II) quanto à forma e ao modo como se articulam com a oração principal (forma desenvolvida, reduzida ou justaposta) (ROCHA LIMA, 1999, p. 232). A exemplo de Cunha e Cintra (2001), Bechara (2009) também faz menção ao critério semântico. Entretanto, ele traz uma informação importante, à qual Cunha e Cintra (2001), Luft (1981) e Rocha Lima (1999) não fazem menção. Ele disserta a respeito de parataxe (ou coordenação) e expõe que a coordenação é como “sin- taticamente independentes entre si e que se podem combinar para formar grupos oracionais ou períodos compostos[...]” (BECHARA, 2009, p. 476). Isto é, o autor também associa a coordenação à independência assim como os outros, mas, com o uso do advérbio “sintaticamente”, entende-se que a independência é estritamente sintática. Com isso, no que tange à semântica, por exemplo, pode haver dependência. Vejamos um exemplo de Bechara (2009): I. “Trabalhava de dia e estudava de noite.” Neste caso, observamos que a primeira oração não desempenha nenhuma função sintática na última, iniciada por “e”, e vice-versa. Além disso, se invertêssemos a ordem das cláusulas no enunciado, a coerência da informação seria mantida: “Estudava de noite e trabalhava de dia”. Veja no exemplo a seguir: II. “Ficou noivo em fevereiro e casou-se em junho.” Vemos que apesar de uma oração não funcionar como termo sintático da outra, bem como no exemplo anterior, nesse caso, a ordem das orações é fixa, não pode sofrer alterações, pois, deste modo, tornar-se-ia agramatical, como na paráfrase a seguir: “Casou-se em junho e ficou noivo em fevereiro”. A hipotaxe (ou subor- dinação), por seu turno, é explicitada por Bechara (2009), de modo geral, como o fenômeno em que uma oração tem um de seus termos representados sob a forma de outra oração. Segue um exemplo do autor: ■ “Os comerciantes desconhecem que a mercadoria terá mais saída no pró- ximo verão.” O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A COORDENAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Vemos, em tal período, que a primeira oração possui o sujeito “Os comerciantes”, o verbo “desconhecem” e o objeto deste verbo é estruturado por meio de outra oração, iniciada pelo, denominado por Bechara (2009), transpositor “que”. Em outras palavras, a oração “que a mercadoria terá mais saída no próximo verão” funciona como objeto direto para o verbo “desconhecer”, presente na primeira oração do período. Portanto, diferentemente da parataxe (ou coordenação), neste processo de constituição de enunciados, para Bechara (2009), as orações não têm independência sintática. O autor também menciona a justaposição ou assindetismo, processo de cons- tituição de enunciados no qual as orações podem encadear-se sem que venham entrelaçadas por unidades especiais; basta-lhes a sequência. Para o autor, essas cláusulas são, em geral, proferidas com contorno melódico descendente e com pausa demarcadora, assinalada, quase sempre, na escrita, por vírgulas, ponto e vírgula e, ainda, por dois pontos, como no trecho destacado a seguir: ■ “O moço que dizia Símiles costumava zombar de mim com barulho. Qualquer dito nem o excitava: mordia os beiços, avermelhava-se como um peru, lacrimejava, enfim não se continha, caía num riso convulso, rolava sobre o balcão, meio sufocado.” (Fonte: Graciliano Ramos. Infância. Rio de Janeiro: Record, 2008) Ademais, Bechara (2009) apresenta também outras particularidades referentes às orações, às quais não reproduziremos, pois se trata de um assunto que trans- cende os objetivos deste trabalho. Concluímos que os autores mencionados ora associam a coordenação à inde- pendência sintática e semântica, ora a associam apenas à independência sintática,ao passo que as subordinadas são sintaticamente dependentes da oração prin- cipal à qual estão ligadas. Vejamos alguns exemplos de orações coordenadas e orações subordinadas encontrados nas gramáticas pesquisadas: O Período Composto por Coordenação sob o Olhar Tradicional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Quadro 2 - Exemplos de orações coordenadas e subordinadas em GTs GTS ORAÇÕES COORDENADAS ORAÇÕES SUBORDINADAS Luft (1981, p. 48-49) Leia, escreva e reflita. Diz a ciência que a Terra é um planeta que gira em torno do Sol. Cunha e Cintra (2001, p. 593-594) “As horas passam, os ho- mens caem, a poesia fica” (E. Moura, IP, 169). “O meu André não lhe disse que temos aí um holandês que trouxe ma- terial novo...?”(V. Nemésio, MTC, 363). Rocha Lima (1999, p. 231-233) “- Deus fez a luz; depois criou a natureza; e finalmente formou o homem” (João Ribeiro). É certo que o trem já partiu. Bechara (2009, p. 462; 476) Mário lê muitos livros e au- menta sua cultura. O caçador percebeu que a noite chegou. Fonte: as autoras. Segundo Cunha e Cintra (2001, p. 33), o exemplo de período com orações coordenadas, exposto na Figura 1, apresenta três orações de “mesma natureza”, enquanto que o período com orações subordinadas apresenta estrutura diferente. Para os autores, a primeira oração do período composto por subordinação: “O meu André não lhe disse”, diz respeito à declaração principal do período, nas palavras dos autores, “rege-se por si” (CUNHA; CINTRA, 2001, p. 33). Além disso, não desempenha nenhuma função sintática em outra oração do período, sendo, por tal razão, classificada como ORAÇÃO PRINCIPAL. A segunda ora- ção: “que temos aí um holandês”, apresenta-se como dependente da primeira; ela funciona como objeto direto da primeira; é, portanto, TERMO INTEGRANTE dela. No que tange à terceira oração: “que trouxe material novo...?”, vemos que também trata-se de um caso de oração dependente; ela depende da segunda; é ADJUNTO ADNOMINAL da segunda; funciona, por conseguinte, como TERMO ACESSÓRIO dela. Para Rocha Lima (1999), o período “Deus fez a luz; depois criou a natureza; e finalmente formou o homem” tem fatos de ordem histórica e a narração deve também seguir em lugares sucessivos os momentos sucessivos do tempo, ou seja, ainda que sejam orações de mesmo valor sintático não admitem inversão O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A COORDENAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 de ordem1. Além disso, percebemos, nesse exemplo, um processo de grada- ção com ponto e vírgula, sendo que o “e” indica o último elemento mais alto em uma escala argumentativa e vem acompanhado por advérbio. Tratando-se do exemplo de Rocha Lima (1999) com orações subordinadas – “É certo que o trem partiu”, vemos que há duas orações. A primeira delas “É certo”, nos mol- des tradicionais, é classificada como oração principal, que traz presa a si, como dependente, a segunda “que o trem partiu”. Esta última seria dependente por ter seu papel como termo essencial da oração principal, ou seja, a segunda oração está funcionando como sujeito da principal. Com relação aos exemplos de Bechara (2009), segundo o autor, no período referente à subordinação, a unidade sintática “que a noite chegou” é uma ora- ção subordinada que funciona como complemento ou objeto direto na relação predicativa da oração “O caçador percebeu”, chamada de oração principal, que dispõe do núcleo verbal “percebeu”. Já no período referente à coordenação, para Bechara (2009), é fácil observar que as orações do primeiro exemplo são sintaticamente independentes porque, ao se analisar a primeira “Mário lê muitos livros”, verifica-se que esta possui todos os termos sintáticos previstos na relação predicativa: sujeito (Mário); predicado (lê muitos livros); objeto direto (muitos livros). O gramático acrescenta ainda que, entretanto, é também fácil verificar-se que a segunda oração “e aumenta sua cultura” manifesta o resultado, uma consequência do fato de “Mário ler muito”. Ele afirma que: Esta interpretação, aliás correta, não interfere na relação sintática que as suas orações mantêm entre si no grupo oracional. Esta interpretação adicional não resulta da relação sintática existente nas duas orações, mas sim da nossa experiência de mundo, porque sabemos que a leitu- ra é uma das nossas fontes de cultura. E muito menos a manifestação nasce do emprego da conjunção “e” que, por ser mero conector das orações, tem por missão semântica apenas adicionar um conteúdo de pensamento a outro. Por isso, é denominada conjunção (=conector) aditiva (BECHARA, 2009, p. 476). 1 Bechara (2009) também ressalta esta questão relativa à ordem das sentenças em enunciado que, muitas vezes, deve ser mantida, mesmo tratando-se de um período formado por coordenação. O Período Composto por Coordenação sob o Olhar Tradicional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 Luft (1981) usa triângulos para simbolizar a estrutura de cada oração. Os símbolos utilizados nos exemplos constantes nas figuras a seguir são estes: PCC (período com- posto por coordenação); PCS (período composto por subordinação); OC (oração coordenada); C (coordenador – “conjunção coordenativa”); OP (oração principal); e OS (oração subordinada). Vejamos as seguintes representações gráficas: Figura 1 - Representação gráfica – orações coordenadas Fonte: Luft (1981, p. 48). Figura 2 - Representação gráfica – orações subordinadas Fonte: Luft (1981, p. 49). Antes de prosseguir para o próximo tópico da unidade, é importante relembrar você, aluno(a), que a visão dos gramáticos aqui apresentada não encerra toda a teoria sobre a articulação de orações. Isto é, existem outras postulações sobre este conteúdo, como, por exemplo, a visão funcionalista da linguagem. A seguir, confira a seção que preparamos para você sobre as tradicional- mente chamadas orações coordenadas assindéticas. (2) Orações coordenadas independentes: CC OC1 OC2(C) OC3 P (C) Leia escreva re�itae, (3) Período composto por subordinação: oração principal e subordinada: PCS OP Diz a ciência que a Terra é um planeta OS1 que gira em torno do Sol OS2 O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A COORDENAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 ORAÇÕES COORDENADAS ASSINDÉTICAS Agora, discorremos um pouco acerca de como as orações do período composto são abordadas pela GT. Vamos apresentar o modo como, em geral, elas são apre- sentadas aos alunos de ensino fundamental e médio. Como já foi mencionado, as orações consideradas coordenadas são tidas como independentes sintaticamente por, diferentemente das subordinadas - que serão apresentadas nas unidades seguintes -, não desempenharem nenhuma função sin- tática em qualquer outra oração presente no período. Nesta seção, estudaremos com maior atenção as coordenadas assindéticas, que não apresentam síndeto, ou seja, relacionam-se umas com as outras sem o intermédio de conectivos. Orações Coordenadas Assindéticas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Vejamos alguns exemplos de orações coordenadas assindéticas: “A treva chega de repente, entra pelas janelas, vence a luz da lâmpada.” (Graciliano Ramos) “Os moços apaixonam-se pelo bonito e lindo, os homens experientes e maduros pelo belo.” (Marquês de Maricá) “Desculpe o transtorno, estamos mudando o país.” (Frase presente em cartazes utilizados em protestos ocorridos por todo o país) Observemos, com atenção, o primeiro caso: é um período composto por três orações, com os verbos, “chegar”, “entrar” e “vencer”,respectivamente. Primeira oração: a treva chega de repente; segunda oração: entra pelas janelas; terceira oração: vence a luz da lâmpada. Uma oração não exerce a função de sujeito, objeto direto, predicativo, entre outros, em qualquer outra oração do período, sendo, com isto, tidas como coordenadas. É possível verificar, também que tais orações se relacionam perfeitamente sem a presença de conectivos ligando-as; sendo, portanto, assindéticas. O segundo exemplo refere-se a um período composto por apenas duas ora- ções; primeira: “Os moços apaixonam-se pelo bonito e lindo”; e a segunda, que apresenta o verbo oculto: “os homens experientes e maduros (apaixonam-se) pelo belo”. Ambas, também, consideradas coordenadas assindéticas por não serem dependentes sintaticamente uma da outra e por não serem iniciadas por conectivos. Por último, temos um exemplo de período composto também formado por duas orações, com os verbos: “desculpar” e “estar”, respectivamente. Tal período refere-se a uma das frases utilizadas em cartazes durante as manifestações que ocorreram por todo o país nos anos anteriores. As orações que compõem tal perí- odo – primeira: Desculpe o transtorno; e segunda: estamos mudando o país – no que tange à sintaxe, também são independentes uma da outra. Separadas por vírgula, não apresentam conjunções e/ou pronomes relativos fazendo a junção entre elas. Neste exemplo, a impressão que temos é a de que a última “estamos mudando o país”, aparentemente explica, justifica a anterior, isto é, explica o motivo do “transtorno”, citado na primeira oração. Não há, porém, nenhum conectivo para tecer essa suposta explicação. O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A COORDENAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 Como você pôde observar de maneira simples, as orações coordenadas assin- déticas são desprovidas de conectivos, sendo simplesmente justapostas, isto é, colocadas uma ao lado da outra sem qualquer conectivo que as enlace. Na maio- ria das vezes, são separadas por sinais de pontuação, tais como a vírgula e o ponto final, como o exemplo a seguir que encerra este tópico: Será uma vida nova, começará hoje, não haverá nada do passado. Vejamos agora, de modo mais abrangente, as orações coordenadas sindéticas. Vamos lá! ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS Conforme mencionamos, tradicionalmente, há cinco tipos de orações coordena- das: aditivas, alternativas, adversativas, conclusivas e explicativas e, para cada uma delas, um grupo de conjunções coordenativas. Quando essas conjunções estão presentes nas sentenças coordenadas, dizemos que se tratam de orações coor- denadas sindéticas. Orações Coordenadas Sindéticas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 Quando as conjunções não se fazem presentes, as orações são denominadas de coordenadas assindéticas (ou justapostas), conforme mencionamos há pouco. Às vezes, a relação estabelecida entre as orações justapostas é realizada por inferência: I. O trem chegou; podemos pegá-lo. II. A chuva parou. O asfalto secou; Em (I), entendemos que se trata de relação de conclusão: “O trem chegou”; (por- tanto) “podemos pegá-lo”, contudo, uma relação de explicação não pode ser inferida: “O trem chegou”; (porque) “podemos pegá-lo”, nem de adversidade (ideia de contraste): “O trem chegou”; (mas) “podemos pegá-lo”. O mesmo se pode afirmar de “A chuva parou”; “O asfalto secou”, podemos inferir uma relação de conclusão: A chuva parou, portanto o asfalto secou; mas não podemos inferir uma relação de explicação ou de contraste: A chuva parou, porque o asfalto secou ou A chuva parou, mas o asfalto secou. Note que há uma agramaticalidade dessas construções. Quando são sindéticas, ou seja, quando apresentam marca formal explí- cita, geralmente uma conjunção, é prática muito comum à memorização delas conforme o grupo a qual pertencem, mas essa prática nem sempre corresponde às relações de sentido estabelecidas por esses elementos em determinados con- textos. Além disso, não se pode pensar que basta substituir uma conjunção por outra do mesmo grupo para termos uma construção sintaticamente aceitável. Desse modo, apresentaremos cada um desses cinco tipos de conjunções coordenativas: A expressão “polissíndeto” (do grego polyz’ndeton “que contém muitas con- junções”), um dos processos expressivos das figuras da sintaxe, advém des- sa mesma ideia das orações coordenadas sindéticas, ou seja, é o emprego reiterado de uma conjunção em um maior número de vezes do que o exige a ordem gramatical: E corria e chorava e gritava e corria e chorava… Veja que, no exemplo anterior, tem-se a repetição da conjunção coordenati- va aditiva “e” para sugerir movimentos ininterruptos. Fonte: as autoras. O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A COORDENAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 ■ Aditivas: pelo nome já podemos supor que sua função é adicionar, ou seja, acrescentar fatos ao período anteriormente expresso. Os síndetos, ou conjunções que introduzem orações aditivas, são, em geral: “e” e “nem”, além da estrutura correlativa “não só/mas também”. Exemplos: Ele não trabalha nem estuda. “Me chama de copa e investe em mim”. (Frase presente em cartazes utilizados em protestos ocorridos por todo o país) “FIA questiona não só Mercedes, mas também Ferrari, por teste com Pirelli”. (Frase título de notícia do globo esporte) Tratando-se do primeiro exemplo, podemos verificar que a oração: “nem estuda”, introduzida pela conjunção “nem”, adiciona acrescenta uma informação à pri- meira oração: “Ele não trabalha”, ou seja, há, assim, duas ações que o sujeito não executa: não trabalha e não estuda. No segundo exemplo, vemos que a oração que se inicia em “e investe em mim” adiciona uma informação ao trecho “Me chama de copa”. E, no terceiro exemplo, a estrutura correlativa “não só/mas também” informa que são duas e não apenas uma empresa que será questionada, são elas: Mercedes e Ferrari. Com isto, fica clara, também, a ideia de adição. ■ Alternativas: a função de tais orações também tem bastante a ver com o nome que as representa, uma vez que “alternativa” lembra alternância de ações, opções; e alternar, oferecer opções, de fato, são funções desse tipo de coordenadas. Além disso, elas também podem indicar ausência de alternativas. São conjunções comuns desse tipo de oração: “ou” e os pares “ora/ora”; “quer/quer”; “seja/seja”. Exemplos: Ora estamos nas ruas, ora estamos nas redes sociais. “Ou para a roubalheira ou paramos o Brasil.” (Frase presente em cartazes utilizados em protestos ocorridos por todo o país) Vamos continuar com as manifestações, quer vocês queiram, quer não queiram. Orações Coordenadas Sindéticas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 No primeiro exemplo, vemos que há uma alternância de ações, destacada por meio da presença do par de conjunções “ora/ora”. Já no segundo exemplo, o falante parece, ainda que em certo tom de ame- aça, dar uma opção ao ouvinte – a opção de parar com a roubalheira. No último exemplo, o falante parece deixar o ouvinte sem alternativas e/ou escolha – as manifestações continuarão e ponto final! ■ Adversativas: essas orações indicam fatos ou conceitos que se opõem ao que se declara na oração anterior. Daí o nome adversativa, que lembra adversário, opositor; tais orações indicam oposição, ideias contrárias. As conjunções clássicas dessas orações são: “mas”, “porém”, “contudo”, “entre- tanto”, “todavia”, “no entanto”, além da conjunção “e” que também tem sido usada com ideia de oposição. Veja os exemplos: “Não estamos em ordem, mas estamos em progresso.” (Frase presente em cartazes utilizados em protestos ocorridospor todo o país) Aquele vereador é corrupto e não foi cassado. Vemos que tanto no primeiro exemplo quanto no segundo, as orações iniciadas por “mas” e “e”, respectivamente, indicam algo oposto ao esperado: se não se está em ordem, o esperado é “também não estar em progresso”; se o vereador é cor- rupto, espera-se que ele seja cassado, e a oração com “e” indica o oposto a isso. O “e” pode indicar, também, consequência: “Faça o que lhe digo e será bem sucedido”. Assim, é relevante que entendamos o funcionamento da Língua, já que ela pode mudar de sentido conforme o contexto. O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A COORDENAÇÃO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 ■ Explicativa: explica, justifica; apresenta a justificativa de uma ordem, pedido, sugestão ou suposição. Indica o que levou alguém a fazer uma declaração anterior. As conjunções mais comuns nessas orações são: “por- que”, “que”, “pois” (usado antes do verbo da oração). Exemplos: Era chamado de vadio, pois trabalhava pouco. Leve blusa, que vai esfriar. Conseguiu notar o tom de justificativa presente nas orações iniciadas pela con- junção “pois” e “que”, respectivamente? Na primeira, justifica-se pelo fato de alguém ser chamado de vadio; na segunda, percebe-se a justificativa para o con- selho de se levar a blusa, constante na oração anterior. ■ Conclusiva: as orações coordenadas conclusivas exprimem uma con- clusão, como o próprio nome já diz. Indicam conclusões lógicas obtidas a partir do que está expresso na oração anterior. As conjunções mais comuns nessas orações são: “portanto”, “por isso”, “logo” e “pois” (usado após o verbo da oração). Ele trabalha muito; devia, portanto, lucrar mais. Vemos que a oração iniciada pela conjunção “portanto” apresenta uma conclu- são lógica para o fato exposto na oração anterior, ou seja, é lógico pensarmos que alguém que trabalha muito, na teoria, deve ganhar mais que alguém que trabalha menos. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, dedicamo-nos ao estudo do período composto, ou seja, aquele formado por mais de um verbo, mais de uma oração. Conferimos o modo como as orações que formam tal período são apresentadas, de modo geral, pelas Gramáticas Tradicionais e trouxemos exemplos da aplicação das orações coor- denadas assindéticas e sindéticas. Ao aprofundarmos o estudo dessas orações - uma vez que, sem dúvidas, seja durante seu percurso acadêmico ou em seu futuro profissional, você se depa- rará com tais orações também em sala de aula -, verificamos que o processo de coordenação refere-se à independência sintática das orações em um determi- nado período e que elas são tidas como assindéticas quando não dispõem de conjunções, isto é, quando não apresentam o síndeto; e as orações sindéticas pos- suem essa denominação, porque são encabeçadas quando apresentam o síndeto. Vimos exemplos de cada uma delas e conferimos as conjunções que, normal- mente, introduzem cada tipo de oração coordenada sindética. Sabemos que os conceitos gramaticais pertinentes à tradição são muito importantes, sobretudo, para aqueles que, como você, dedicar-se-ão aos estu- dos linguísticos e serão professores de Língua Portuguesa. No entanto, como já dito em outro momento desta unidade, não há apenas o estudo tradicional, mas outras teorias, outros pesquisadores, tais como os de cunho mais funcionalista, por exemplo, que analisam as orações coordenadas por meio de outros critérios, como análises dos elementos linguísticos em contexto de uso real. Esperamos ter auxiliado para a ampliação de seu conhecimento sobre o período composto, especificamente sobre as orações sindéticas e assindéticas tratadas aqui, não só na sua condição de graduando, mas também em sua futura demanda pedagógica. Seguiremos agora para a segunda Unidade. Prossiga estu- dando e pesquisando... sempre! 32 1. Identifique as orações coordenadas assindéticas e sindéticas presentes nos pe- ríodos abaixo: a) No vestibular, fui bem em Física, no entanto, não acertei nada em Química. b) Hoje revimos o conteúdo para a prova e respondemos aos exercícios. c) Mauro não estudou nada para a prova e foi aprovado. d) As circunstâncias fazem ou descobrem os grandes homens. e) Estude, pois a prova está difícil. 2. Analise os períodos que seguem: I. Simone passou no concurso do Estado e ficou em 1º, lugar na classificação geral. II. Simone não só passou no concurso do Estado, como também ficou em 1º, lugar na classificação geral. Levando em conta o uso das conjunções aditivas “e” e “não só...como também”, explique a diferença discursiva entre esses períodos. 3. Leia os períodos a seguir e diga quais são períodos compostos. Justifique sua resposta. a. Ora vinha ele pela esquerda, ora surgia à direita do observador. b. É agradável a vida nos campos. c. Os pais e os filhos representam o futuro da pátria. d. Saiu tarde, porque chovia. e. Não só ficou em casa, mas também dormiu a valer. 4. Conforme vimos nesta unidade, cada tipo de oração coordenada sindética é marcada por um conjunto de conjunções. No entanto, dependendo da oração em que são empregadas, podem mudar sua classificação. Imaginemos a seguin- te situação: o hospital em que uma vítima em estado gravíssimo foi operada é de ótima qualidade. Qual conjunção substituiria o “mas” no texto a seguir divul- gado pelos jornais? Além disso, explique a crítica abordada pelos jornais. “Foi operado no hospital público, mas saiu com vida”. 33 5. Assinale o período cujas orações são todas coordenadas assindéticas: a) Teria o avião caído na selva ou estaria pousado em local desconhecido? b) Leve-lhe uma lembrança, que amanhã é o aniversário dela. c) Não dançou; entrou, conversou, riu um pouco; saiu. d) A doença vem a cavalo e volta a pé. e) Ele vive mentindo, logo não merece confiança. 34 VOCÊ SABIA QUE AS ORAÇÕES COM A PRESENÇA DE “NÃO SÓ/MAS TAMBÉM” SÃO CONSIDERADAS MAIS ENFÁTICAS SE COMPARADAS COM ORAÇÕES EM QUE O “E” É UTILIZADO? Muitos pesquisadores acreditam que tais construções que dispõem do par corre- lativo aditivo “não só... mas também” e similares possuem uma função persuasi- vo-argumentativa. Módulo (1999) define a correlação como um tipo de conexão sintática de uso rela- tivamente frequente, particularmente útil para emprestar vigor a um raciocínio, aparecendo principalmente nos textos apo- logéticos e enfáticos, que se destacam mais por expressarem opiniões, defenderem posições, angariarem apoio, do que por informarem com objetividade os aconte- cimentos (MÓDULO, 1999, s.p). A nosso ver, essa afirmação parece encai- xar-se, em especial, nas construções consideradas correlativas aditivas que apresentam o par “não só... mas também” e similares, uma vez que tais construções apresentam alto teor enfático. Assim, pode-se afirmar que, quando um locutor utiliza o par correlativo “não (só)... mas também”, ele está intentando acres- centar, como é próprio desse operador, um outro elemento que vai na contra-expecta- tiva da ideia de exclusividade, antes aceita pelo interlocutor (ROSÁRIO; RODRIGUES, 2010, p. 42). Para Pauliukonis (2001), essa construção relaciona-se ao que hoje se entende por análise polifônica de dois atos de fala ins- tituídos no mesmo enunciado, já que se tem, ao mesmo tempo, um ato de restri- ção e outro de inclusão, correlacionados pelos operadores “não só...mas também”. Além disso, Pauliukonis (2001) defende ainda que elementos linguísticos não transmitem apenas informações sobre a realidade, mas funcionam, sobretudo, como instrumentos de pressão persuasiva sobre o receptor interpretante e que, portanto, na análise da linguagem como veículo interativo, as intenções argumentativas sobrepõem-se às funções expositivo-in- formativas. Vejamosum outro exemplo de Rosário e Rodrigues (2010, p. 43), apresentado por nós de duas maneiras: a) A entidade representativa do país denun- cia não só reajustes acima dos limites permitidos como o uso de editais que indu- zem as pessoas a acreditar num reajuste menor do que o efetivamente praticado. a1) A entidade representativa do país denuncia reajustes acima dos limites per- mitidos e o uso de editais que induzem as pessoas a acreditar num reajuste menor do que o efetivamente praticado. Percebemos que em a) o uso de “não só... como” é muito mais sobressalente e enfá- tico do que em a1), em que foi utilizado o conectivo “e”. Segundo os autores da GT, tal ênfase 35 pode ser explicada da seguinte maneira: a enunciação do primeiro elemento cor- relato do exemplo a) (reajustes acima dos limites permitidos) provavelmente é uma informação já conhecida ou mesmo já pres- suposta pelos ouvintes e pelo enunciador, o qual pode ter a intenção de surpreen- der quem o está ouvindo com o elemento novo (o uso de editais que induzem as pes- soas a acreditar num reajuste menor do que o efetivamente praticado). Com isso, tal construção, pelo viés semântico-pragmá- tico-enunciativo, seria bem menos neutra se comparada à outra em que o conectivo prototípico de adição fora utilizado. “Enfim, pode-se dizer que as vicissitudes do dis- curso é que determinam em grande parte o uso de uma construção ou outra” (ROSÁ- RIO; RODRIGUES, 2010, p. 44). Os autores acreditam também que deter- minados gêneros textuais de teor mais argumentativo, como editoriais, por exemplo, parecem propiciar o uso dessas construções correlatas. Por fim, tem-se que o falante, consciente ou inconscientemente, ao optar por determi- nados elementos linguísticos, pode estar, na verdade, querendo enfatizar sua infor- mação; persuadir, convencer de algum modo o ouvinte/receptor. Fonte: as autoras. MATERIAL COMPLEMENTAR Subordinação e Coordenação: confrontos e contrastes Flávia de Barros Carone Editora: Ática Sinopse: a autora Flávia de Barros Carone discute, neste livro, alguns pontos considerados “obscuros” nos processos sintáticos de coordenação e subordinação. Acreditamos que o objetivo da autora seja abrir novas possibilidades de análise para tais processos de articulação de orações da Língua Portuguesa. Morfossintaxe Flávia de Barros Carone Editora: Ática Sinopse: outra obra de Flávia de Barros Carone, tal livro também se volta à inovação nos estudos gramaticais, neste caso, envolvendo não só a sintaxe, mas também a morfologia do Português. Para tanto, a autora faz uso de modelos teóricos estruturalistas. Vale a pena ler! Indico a você a leitura de dois artigos. No primeiro (I), você terá acesso a maiores informações acerca dos processos sintáticos de articulação de orações em geral. No segundo (II), as autoras Jaqueline de Souza e Maria Jaceni Soares pretendem discutir a característica de “independência” atribuída às orações coordenadas. Não deixe de lê- los, para enriquecer seu conhecimento acerca das orações coordenadas. I. Disponível em: <http://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2009/12/cap01.pdf>. II. Disponível em: <http://www.artigos.etc.br/oracoes-coordenadas.html>. REFERÊNCIAS BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fron- teira, 2009. CUNHA, C. F.; CINTRA, L. F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. LUFT, C. P. Moderna Gramática Brasileira. 4. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1981. MÓDULO, M. Correlação: Estruturalismo Versus Funcionalismo. (Pré) publications: forskning og undervisning. nº. 168, februar. Romansk Institut: Aarhus Universitet, Danmark, 1999. PAULIUKONIS, M. A. L. A estrutura correlativa como operador discursivo na articu- lação de cláusulas. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 5, n. 9, p. 119-125, 2001. Disponível em: <http://www.ich.pucminas.br/cespuc/Revistas_Scripta/Scripta09/Conteudo/ N09_Parte01_art10.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2017. ROCHA LIMA, C. H. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1999. ROSÁRIO, I. C.; RODRIGUES, V. V. Correlação na perspectiva funcionalista. In: RODRI- GUES, V. V. (org.). Articulação de Orações: Pesquisa e Ensino. Rio de Janeiro: UFRJ, 2010. REFERÊNCIAS ON-LINE 1Em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=18993>. Acesso em: 08 jun. 2017. 37 GABARITO 1. a) No vestibular, fui bem em Física,: coordenada assindética; no entanto não acertei nada em Química.: coordenada sindética adversativa. b) Hoje revimos o conteúdo para a prova: coordenada assindética; e responde- mos aos exercícios.: coordenada sindética aditiva. c) Mauro não estudou nada para a prova: coordenada assindética; e foi apro- vado.: coordenada sindética adversativa. d) As circunstâncias fazem (grandes homens): coordenada assindética; ou des- cobrem os grandes homens.: coordenada sindética alternativa. e) Estude: coordenada assindética; pois a prova estará difícil.: coordenada sindética explicativa. 2. Segundo o conteúdo visto na unidade, as orações que apresentam a estrutu- ra aditiva “não só/mas também” e similares são consideradas mais enfáticas se comparadas com aquelas nas quais se usa a conjunção “e”. Acredita-se que o par “não só/mas também” e similares tem função persuasivo-argumentativa, garan- tindo, assim, maior destaque; neste caso especificamente, aos feitos realizados por Simone, sobretudo, à ação de ter ficado em 1º lugar no concurso. 3. Constituem períodos compostos as letras “a”, “d”, “e” apenas, pois são constituídos de duas orações, apresentando conjunções em cada uma delas, sendo, por isso, períodos compostos por coordenação. 4. O “mas” pode ser substituído por “logo”: “Foi operado no hospital público, logo saiu com vida”, já que se tratava de hospital público, mas de ótima qualidade. A crítica dos jornais com o uso da conjunção “mas” é de que o hospital é ruim e o paciente correu risco. 5. c). U N ID A D E II Professora Me. Fátima Christina Calicchio Professora Me. Raquel de Freitas Arcine Professora Me. Valéria Adriana Maceis O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A SUBORDINAÇÃO, PARTE I Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar a visão tradicional a respeito do período composto por subordinação. ■ Exemplificar a diferença entre as orações principais e as orações subordinadas. ■ Determinar e exemplificar as Orações Subordinadas Substantivas. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ O período composto por subordinação sob o olhar tradicional ■ As orações principais e subordinadas ■ As Orações Subordinadas Substantivas INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), na Unidade I, iniciamos o estudo do período composto. Assim, primeiramente, tratamos das orações consideradas independentes sinta- ticamente, ou seja, tratamos das orações coordenadas: sindéticas e assindéticas. Nesta Unidade II, continuaremos estudando o período formado por mais de uma oração, mas voltaremos a nossa atenção para as orações consideradas depen- dentes sintaticamente, mais especificamente sobre as sentenças subordinadas. De agora em diante, nesta unidade e nas unidades subsequentes, veremos que as orações subordinadas dividem-se em três grupos: subordinadas subs- tantivas, subordinadas adjetivas e subordinadas adverbiais - estas cumprem a função de expressarem as circunstâncias em que se dá o fato expresso pela ora- ção nuclear, isto é, pela oração principal. As adjetivas desempenham a função de adjetivo, uma vez que cumprem o papel de retomar um nome ou pronome mencionado anteriormente em uma oração, por assim dizermos. Por esse domínio, estudaremos as orações subor- dinadas adjetivas e as explicativas. Você, aluno(a), observará que essas orações são, sempre, encabeçadas pelos pronomes relativos como: que, quem, onde, o qual (a qual, os quais, as quais), cujo, (cuja, cujos, cujas). Importante alertá-lo(a) que, sobre as orações adjetivase as adverbiais, ocu- par-nos-emos nas próximas unidades. Dessa forma, nesta Unidade II, o foco do nosso estudo recai nas orações subordinadas substantivas, com as quais conhe- ceremos melhor as orações que exercem funções próprias de substantivos e que, por essa razão, são denominadas de orações subordinadas substantivas, tais como: oração subordinada substantiva com função de sujeito, de objeto direto, de objeto indireto, de predicativo, de complemento nominal e de aposto. Concentre-se agora nas orações substantivas. Boa leitura! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A SUBORDINAÇÃO, PARTE I Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E42 O PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO SOB O OLHAR TRADICIONAL Na Unidade I, discorremos, de maneira breve, juntamente às orações coordenadas, sobre o período composto por subordinação. A partir deste momento, prezado(a) aluno(a), você verá de modo mais explicativo a visão da Gramática Tradicional (GT) sobre esse processo de articulação sintática. No entanto, é preciso ficar claro que essa não é a única visão, mas a basilar para um primeiro estudo sobre o período composto e também necessária ao futuro profissional de Letras. Como sabemos - e de acordo com os conceitos da GT -, as palavras são organizadas em enunciados. Dessa organização decorrem relações de igualdade sintática ou de dependência sintática. Uma dessas relações já foi estudada, pois a igualdade sintática refere-se às relações de coordenação. Já as de dependência sintática indicam as relações de subordinação. Assim é que ocorrem os processos sintáticos de coordenação e subordina- ção analisados dentro do período composto. Nesse período, podem ocorrer três tipos básicos de orações: a principal, a subordinada e a coordenada. Por isso, quando analisamos um período composto, é necessário que saibamos a função que cada uma dessas orações possui em um enunciado. O Período Composto por Subordinação sob o Olhar Tradicional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 Desse modo, o período composto por subordinação apresenta dois tipos de oração: a oração principal e a oração subordinada: I. Oração principal: rege-se por si e não exerce função sintática em rela- ção à subordinada. II. Oração subordinada: exerce função sintática em relação à principal, pois é a oração dependente dela. As orações subordinadas podem ser desenvolvidas – com conjunção ou pro- nome relativo; ou reduzidas – sem conectivo, com verbo no infinitivo, gerúndio ou particípio. As conjunções e os pronomes relativos funcionam como operado- res de encaixe, isto é, encaixam a subordinada à principal. Vejamos: Quadro 1 - Relação de subordinação estabelecida pelo pronome relativo “que” O finlandês afirmou / que aproveitará o vácuo do carro de Ricardo Zonta. Oração principal conjunção Oração Subordinada desenvolvida Fonte: adaptado de Honorório (2011, on-line)1. A seguir, no Quadro 2, observe, aluno(a), um exemplo de oração subordinada reduzida de infinitivo. Quadro 2 - Relação de subordinação reduzida de infinitivo O finlandês afirmou / ter aproveitado o vácuo do carro de Ricardo Zonta. Oração principal Verbo no infinitivo Oração Subordinada reduzida Fonte: adaptado de Honorório (2011, on-line)1. Algumas gramáticas apontam, ainda, um terceiro tipo de oração: as orações jus- tapostas. Essa oração liga-se a uma principal sem uso de conectivo, mas com o verbo na forma finita, como as desenvolvidas. Por exemplo, na frase “O finlandês disse: Aproveitei o vácuo do carro de Ricardo Zonta”, temos a oração principal (“O finlandês disse”) e a oração subordinada justaposta, chamada também de substantiva objetiva direta, que veremos nesta unidade. O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A SUBORDINAÇÃO, PARTE I Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E44 Fique atento(a), aluno(a)! Até aqui, classificamos as orações subordinadas quanto à forma, podendo ser desenvolvida, reduzida ou justaposta. É impor- tante dizer que podemos, também, classificá-las quanto à função que podem desempenhar. Assim temos: O papel de substantivo, e teremos as orações subordinadas substantivas: Meu medo era a chuva (substantivo). Meu medo era que chovesse (oração subordinada substantiva). O papel de adjetivo, e teremos as orações subordinadas adjetivas: A substância era um líquido incolor (adjetivo). A substância era um líquido que não tinha cor (oração subordinada adjetiva). O papel de advérbio, e teremos as orações subordinadas adverbiais: Na morte (locução adverbial), confessou o crime. Quando morreu (oração subordinada adverbial), confessou o crime. Ainda nesta unidade, trataremos das Orações Subordinadas Substantivas e, como já havíamos alertado, as outras orações serão discutidas nas próximas unidades. Contudo, antes de nos aprofundarmos nas Subordinadas (orações subordinadas substantivas, adjetivas e adverbiais), vamos saber um pouco mais sobre os dois tipos de orações que compõem o período composto por subordinação. Para evitar repetições e explicitar as ligações entre as ideias nas frases, pode- mos subordinar orações, empregando conjunções e pronomes. Dessa for- ma, é possível construir textos coesos, expressivos e econômicos. (William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães) As Orações Principais e Subordinadas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 AS ORAÇÕES PRINCIPAIS E SUBORDINADAS Você já deve ter observado que subordinada é a oração que mantém uma rela- ção de dependência com uma outra, denominada oração principal. Entre as orações, há o chamado paralelismo sintático, ou seja, as orações que se apresen- tam com a mesma estrutura sintática. Desse modo, a ausência de uma dessas orações promove uma quebra de paralelismo, ocasionando um texto sem coe- são. Imaginemos um texto assim: Quando os militares chegaram. O texto parece incompleto, mas se tivéssemos uma oração na sequência (a oração principal, a que não apresenta conjunção), não haveria quebra do paralelismo. Para um melhor entendimento sobre essa relação, observe o quadro a seguir. Quadro 3: Relação entre a oração subordinada e a principal estabelecida pela conjunção “quando” Quando os militares chegaram, os bandidos já haviam partido. Conjunção Oração Subordinada Oração Principal Fonte: as autoras. O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A SUBORDINAÇÃO, PARTE I Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E46 As subordinadas também podem ser reduzidas, isto é, sem conjunção (lembre-se que a desenvolvida apresenta conjunção, como vimos pelo quadro 3). Compare: Quadro 4 - Oração subordinada reduzida de infinitivo Ao saírem, os estranhos deixaram um suspeito objeto lumi-noso. Oração subordinada reduzida Oração principal Fonte: as autoras. O Quadro 5 ilustra um exemplo de uma oração desenvolvida encabeçada pelo conectivo “quando”. Veja! Quadro 5 - Oração subordinada desenvolvida Quando saíram, os estranhos deixaram um suspeito objeto lumi-noso. Oração subordinada desenvolvida Oração principal Fonte: as autoras. Observe, agora, o seguinte período: Um velhinho afirmou que o objeto era uma nave redonda que emitia luzes coloridas. Neste único período, temos três orações (não se esqueça que a oração é uma frase que possui verbo ou locução verbal). As orações citadas estão ligadas por operadores linguísticos que permitem a subordinação de ideias, havendo uma relação de dependência. Se usássemos um “diagrama-árvore”, poderíamos repre- sentar o período citado daseguinte forma: As Orações Principais e Subordinadas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 Quadro 6 - Diagrama-árvore de um período composto por subordinação PCS OP O velhinho afimou OS1 que o objeto era uma nave redonda conjunção OS 2 que emitia luzes coloridas pronome relativo Fonte: as autoras. A sigla “PCS” significa “Período Composto por Subordinação”; a sigla “OS1” indica a Oração Subordinada número 1, que nasce da Oração Principal (OP); já a sigla “OS2” significa Oração Subordinada número 2, que é criada a par- tir da Oração número 1 (OS1). O primeiro operador “que” é uma conjunção (liga a OS1 a OP); como se sabe, a conjunção não substitui palavras, apenas as conecta; o segundo operador “que” é um pronome relativo, esse conceito – além de ligar orações (liga OS2 a OS1) – substitui a palavra ou expressão anterior- mente expressa (no caso, “nave redonda”). As conjunções ligam não só orações coordenadas (conjunções coorde- nativas), mas também orações subordinadas (conjunções subordinativas). As subordinadas conectadas por conjunção subordinativa podem ser substanti- vas ou adverbiais. Os pronomes relativos introduzem Orações Subordinadas Adjetivas. Assim, podemos classificar as três orações: ■ O velhinho afirmou: Oração Principal; ■ que o objeto era uma nave redonda: Oração Subordinada Substantiva (que = conjunção integrante); ■ que emitia luzes coloridas: Oração Subordinada Adjetiva (que = pro- nome relativo). Enfim, como foi possível observar, a Oração Principal é a que não exerce, no período, nenhuma função sintática e vem acompanhada de oração dependente, O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A SUBORDINAÇÃO, PARTE I Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E48 que lhe completa ou amplia o sentido. Já a Oração Subordinada é a que depende de outra, serve-lhe de termo e completa-lhe ou amplia-lhe o sentido. Assim, conforme vimos, quando uma oração apresenta-se desenvolvida, vem, geralmente, ligada por um conectivo subordinativo, como podemos con- firmar nestes exemplos: Eu não esperava que ele concordasse. Tínhamos certeza de que seríamos mal recebidos. O tambor soa porque é oco. A cobra é um animal que se arrasta. [= rastejante] A oração subordinada exerce função sintática de um termo de outra oração, sendo, por isso, necessária a perfeita realização do enunciado. Nos exemplos dados, as orações em destaque são, respectivamente, objeto direto, complemento nomi- nal, adjunto adverbial de causa e adjunto adnominal. Contudo, atenção, prezado(a) aluno(a): uma oração subordinada pode depen- der de outra subordinada e não da oração principal que inicia o período. Observe! Quero que saibam quanto o sucesso me custou. Nesta oração temos: [Quero] exerce a função de oração principal; [que saibam] desempenha a função de oração subordinada à principal; e [quanto o sucesso me custou] funciona como a oração subordinada à segunda oração. Para finalizar esse tópico, gostaríamos de apresentar a você como a oração principal e a oração subordinada são definidas pelos mais renomados estudio- sos da Gramática Tradicional. De maneira semelhante ao que apresentamos na Unidade I, ao discorrermos sobre o Período Composto, Bechara (2004) inicia sua definição com as subor- dinadas explicando que estas são orações que, independentemente do ponto de vista sintático, sozinhas têm um sentido completo, ou seja, constituem um texto. Apesar disso, o gramático afirma que nada é estático, pois, por meio do fenômeno de estruturação das camadas gramaticais, chamadas de “hipotaxe” ou “subordi- nação”, a relação das orações subordinadas sofre alteração, em que a oração passa a uma camada inferior e funciona como componente sintático de outra unidade. Sobre a oração principal, não encontramos nenhuma definição dada pelo autor. As Orações Principais e Subordinadas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 Garcia (2003) explica que as orações se interligam por dois processos sintá- ticos: a coordenação, em que a “justaposição” é sua variante, e a subordinação, tendo como variante a “correlação”. Esse gramático define a coordenação pelo paralelismo de funções ou de valores sintáticos, em que as orações devem pos- suir a mesma estrutura sintático-gramatical. Já na subordinação, para o autor, não há paralelismo, mas desigualdade de funções e de valores sintáticos. Na subordinação, as orações são sempre dependentes de outra, tanto semântica quanto sintaticamente. Cunha e Cintra (2001) nos apresentam a oração principal como aquela que não exerce nenhuma função sintática em outra oração do período. Enquanto a oração subordinada, para o autor, sempre irá exercer uma função sintática, que pode ser de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal, agente da passiva, adjunto adnominal, adjunto adverbial ou aposto. Isso ocorre devido à oração subordinada ser um termo ou parte de um termo ligado à oração principal. Para Savioli (1999), de modo sucinto, a oração principal é aquela na qual se encaixa uma subordinada. Já a oração subordinada, o autor esclarece que é a que se encaixa uma outra oração, desempenhando alguma função sintática em relação à principal. Como foi possível observar, os gramáticos compartilham, de forma seme- lhante, a definição de oração principal e oração subordinada. A partir de agora, caro(a) aluno(a), você já está bem capacitado(a) para estudarmos a classificação das orações subordinadas. Essas são classificadas de acordo com o valor ou fun- ção que desempenham como: substantivas, adjetivas e adverbiais. Começaremos pelas Orações Subordinadas Substantivas. Vamos lá! O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A SUBORDINAÇÃO, PARTE I Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 AS ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS Para iniciar nosso estudo, observe este exemplo: “Lembre-se sempre de que grandes amores e grandes conquistas envol- vem riscos.” (Dalai Lama) Você sabe identificar quantas orações há nesse período? Os verbos utilizados foram: “lembrar” e “envolver”, logo, concluímos que há duas orações – trata-se também de um período composto. A primeira delas: “Lembre-se sempre” é con- siderada uma oração principal, e a segunda: “de que grandes amores e grandes conquistas envolvem riscos” uma oração subordinada substantiva. É possível observar que a oração principal (doravante “OP”), neste caso, é dependente da segunda oração, ou seja, a segunda completa a primeira; atribui uma função sintática para ela. Que função sintática é essa? Como a oração subordinada As Orações Subordinadas Substantivas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 completa o verbo “lembrar-se” - presente na OP - e apresenta a preposição “de”, podemos afirmar que a tal oração exerce a função sintática de objeto indireto, sendo, por isso, denominada oração subordinada substantiva objetiva indireta. Essas orações subordinadas substantivas são assim nomeadas por exerce- rem, em relação à OP, funções sintáticas próprias de substantivos, isto é, funções que, em geral, têm como núcleo um substantivo. Veja! ■ É importante o seu apoio. ↑ (substantivo) ■ É importante que você me apoie. ↑ (oração subordinada substantiva) São estas as funções que tais orações podem exercer: função de sujeito, função de objeto direto, função de objeto indireto, função de predicativo, função de complemento nominal e função de aposto. Desta forma, como já fora exposto no levantamento do modo como as GTs, em geral, apresentamo período composto, podemos compreender que tais ora- ções substantivas dividem-se em: substantiva subjetiva, substantiva objetiva direta, substantiva objetiva indireta, substantiva predicativa, substantiva completiva nominal e substantiva apositiva. Bechara (2010), ao tratar de qualquer oração subordinada, atribui a ela a denominação de oração complexa e, quando disserta, especificamente, sobre as orações substantivas, assim as denomina: “orações complexas de transposição substantiva”. Ele acrescenta: A oração subordinada transposta substantiva aparece inserida na ora- ção complexa exercendo funções próprias do substantivo, ressaltando- -se que ‘a conjunção’ que pode vir precedida de preposição, conforme exerça função que necessite desse índice funcional [...] (BECHARA, 2010, p. 342). Vamos, agora, conhecer um pouco mais sobre cada uma dessas orações substantivas. Primeiramente, trataremos das orações com função de sujeito, isto é, as sub- jetivas. Geralmente, são as orações que desempenham função de sujeito, pois podem completar ou se encaixar às OPs que apresentam estruturas sintáticas bem marcadas. Podem completar OPs, por exemplo, que apresentam verbos O PROCESSO DE ARTICULAÇÃO DE ORAÇÕES: A SUBORDINAÇÃO, PARTE I Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 unipessoais, tais como: acontecer, constar, convir, importar, parecer, urgir, suce- der. Veja: ■ “Acontece que sou baiano.” (João Gilberto) ↑ (OP / subordinada substantiva subjetiva) Neste exemplo, a OP - formada pelo verbo unipessoal “acontece” - não apresenta sujeito, necessitando, assim, de um complemento para ser compreendida. Tal complemento aparece em forma de oração: “que sou baiano” - observe, aluno(a), que essa oração está introduzida pela conjunção “que”, e que essa conjunção fun- ciona como sujeito para a OP, sendo, portanto, tradicionalmente, classificada como subordinada substantiva subjetiva. As substantivas subjetivas integram-se também às OPs que apresentam um verbo de ligação, seguido de um predicativo do sujeito. Exemplo: ■ É bom que o homem, vez por outra, reflita sobre sua vida. ↑ (OP) ↑ (subordinada substantiva subjetiva) Neste caso, a oração “que o homem, vez por outra, reflita sobre sua vida” fun- ciona como sujeito da OP: “É bom”, constituída pelo verbo de ligação “É” e pelo predicativo “bom”. Este tipo de substantiva também pode completar OPs as quais têm o verbo na voz passiva ou analítica ou sintética. Veja: ■ Foi dito que nenhum crime ficará impune. ↑ (OP) ↑ (subordinada substantiva subjetiva) ■ “Em Brasília, comenta-se que Carlinhos pode levar muita gente ‘cacho- eira abaixo’ com seu depoimento.” Verbos unipessoais são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html As Orações Subordinadas Substantivas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 (OP: “Em Brasília, comenta-se”; subordinada substantiva subjetiva: “que Carlinhos pode levar muita gente ‘cachoeira abaixo’ com seu depoimento”). Note que, em ambos os casos, não há sujeito nas OPs: “Foi dito” e “Em Brasília, comenta-se”. Com isso, as orações seguintes “que nenhum crime ficará impune” e “que Carlinhos pode levar muita gente ‘cachoeira abaixo’ com seu depoimento” completam as OPs e funcionam como sujeitos delas. Observe que a primeira OP, formada pelo verbo ser + verbo transitivo direto no particípio: “Foi dito” está na voz passiva analítica - o sujeito oracional: “que nenhum crime ficará impune”, de certa forma, recebe a ação de ser dito. Já a segunda OP constitui-se com o verbo transitivo direto “comentar” na 3ª pes- soa do singular e na voz passiva sintética: “[...], comenta-se”. Voltemo-nos agora a um outro tipo de substantivas, as objetivas diretas. Tais orações são assim denominadas por encaixarem-se às OPs funcionando como complemento do verbo principal delas, sem o intermédio de uma prepo- sição. Exemplo: ■ “Descobri que a inteligência é afrodisíaca.” (Paulo André, zagueiro do Corinthians) (OP / subordinada substantiva objetiva direta) Observe que, neste caso, a OP: “Descobri” já apresenta sujeito - trata-se do sujeito oculto “eu”, (Eu) descobri. Portanto, aqui, a OP não necessita de um sujeito, mas sim de um objeto, um complemento para o verbo “descobrir”. A subordinada “que a inteligência é afrodisíaca”, por sua vez, integra-se, então, à OP servindo de objeto direto a ela, já que não apresenta preposição antes da conjunção “que”, justamente pelo verbo “descobrir” ser transitivo direto. Tratando-se de subordinadas substantivas objetivas indiretas, podemos afir- mar que estas também encaixam-se às OPs, funcionando como complemento do verbo principal dessas orações principais, mas que diferem-se das objetivas diretas por apresentarem preposição. Veja o exemplo: ■ Necessita-se de que haja maiores medidas de prevenção contra a dengue por parte da população. (OP / subordinada substantiva objetiva indireta) http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html http://www.muraldooeste.com/2012/04/em-brasilia-comenta-se-que-se-carlinhos.html
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