Prévia do material em texto
PRINCÍPIOS DA PERCEPÇÃO MUSICAL AULA 2 Prof. Alysson Siqueira 2 CONVERSA INICIAL Alguns pressupostos são necessários para compreendermos o conteúdo e os objetivos desta aula. O primeiro deles diz respeito ao objetivo principal, que passa ser o desenvolvimento da sua percepção musical individual. Entretanto, algumas sugestões de atividades didáticas serão aplicáveis aos alunos de musicalização, embora esse não seja o foco deste capítulo. O segundo pressuposto é que iremos considerar que vocês estudam leitura e escrita musical paralelamente à percepção. Desse modo, iremos apenas revisar os assuntos de teoria e logo concentrar nossos esforços no desenvolvimento da percepção. Este capítulo se dedica à percepção rítmica e, portanto, precisamos retomar a definição de ritmo em música. Ele pode ser entendido como a distribuição dos eventos sonoros ao longo do tempo. Convém lembrar que a noção de tempo em música é bem particular, de modo que é importante a compreensão da noção de pulso. O pulso é o que nos faz perceber o tempo nas músicas. Ele é o responsável por nos fazer bater os pés, balançar a cabeça e dançar. Fazemos tudo isso de acordo com o pulso da música. A percepção rítmica também será relacionada a ele, multiplicando e dividindo a duração dos sons pela unidade de tempo — que para esta disciplina será coincidente com o pulso. O último pressuposto é de que na percepção rítmica iremos trabalhar com sons sem altura definida, portando, as partituras não apresentam linhas horizontais, mas apenas as barras verticais de compasso. Para exercitar as leituras, marque o pulso batendo o pé no chão ou a caneta na mesa e cante as notas utilizando um fonema, como “tá” ou “pá”. Os exercícios são de leitura, mas a seção Na Prática é dedicada a ditados. TEMA 1 – SEMIBREVES, MÍNIMAS E SEMÍNIMAS Para as fórmulas de compasso que utilizaremos neste tema, denominadas também de compasso simples, a unidade de tempo coincide com o pulso, que será representado pela semínima. Sendo assim, aplica-se as seguintes relações: 3 Figura 1 – Figuras de duração 1 Neste tema, iremos praticar leitura rítmica combinando essas três figuras de duração e suas respectivas pausas. 1.1 Exercício Este primeiro exercício tem por objetivo praticar as combinações possíveis entre mínimas e semínimas em compasso quaternário. 1.2 Exercício 4 A semibreve é introduzida ao exercício. Repare que ela dura quatro tempos e ocupa um compasso inteiro. Você pode contar quatro tempos ou buscar perceber o ciclo que se repete, composto por um tempo forte e três fracos. 1.3 Exercício Em quatro compassos, duas combinações de dois compassos possíveis envolvendo semibreves, mínimas e semínimas. 1.4 Exercício As possibilidades de associação entre semínimas e mínimas em compasso ternário. 1.5 Exercício Seguimos em compasso ternário com a inclusão de pausas de semínima. 1.6 Exercício Aumentando a quantidade e a complexidade na utilização de pausas de semínima. 5 1.7 Exercício Inserindo pausas de mínima. 1.8 Exercício No último exercício do Tema 1, associamos todos os elementos apresentados até este ponto e acrescentamos a pausa de semibreve no segundo compasso da terceira linha. Você pode praticar esta leitura sempre agregando um compasso: primeiro leia o compasso 1, depois leia os compassos 1 e 2, e assim sucessivamente, até ler toda a sequência sem interrupções. Chamaremos este processo de estudo em cascata. Faça isso até obter uma leitura fluente. TEMA 2 – COLCHEIAS E SEMICOLCHEIAS Seguindo o mesmo princípio do tema anterior, colcheias e semicolcheias terão duração, respectivamente, de ½ e ¼ de tempo. 6 Figura 2 – Figuras de duração 2 Os próximos exercícios combinam as figuras do Tema 2 com colcheias e semicolcheias. Como apresentaremos mais notas por compasso, convém adotar um andamento (velocidade com que os tempos se sucedem) menor. 2.1 Exercício Temos, neste exercício, um treinamento de algumas associações entre colcheias, semínimas e mínimas em compasso binário. 2.2 Exercício Este exercício parte das colcheias e propõe sua subdivisão: primeiro no compasso inteiro; em seguida, no tempo 2; por último, no tempo 1. 7 2.3 Exercício Tratando-se de associação entre colcheia e semicolcheia, desconsiderando pausas e alterações de duração, uma unidade de tempo pode apresentar as combinações apresentadas neste exercício. No último compasso, temos uma combinação entre semicolcheia, colcheia e semicolcheia, constituindo uma figura usualmente denominada síncopa ou síncope — elemento bastante recorrente e característico da música popular brasileira. Memorizar o som de cada uma dessas estruturas é um passo significativo para o desenvolvimento da leitura rítmica. Portanto, repita cada um dos compassos o quanto for preciso para compreender a sua sonoridade. 2.4 Exercício O exercício apresenta diversas possibilidades de associação entre as figuras de duração tratadas neste tema. O estudo em cascata é sempre recomendável para estas leituras mais longas. 8 2.5 Exercício Neste exercício, a proposta é a mesma, porém, com nível de dificuldade maior que do exercício anterior. 2.6 Exercício Partimos de um compasso binário preenchido por síncopas e trocamos algumas notas por pausas. Caso encontre dificuldades com as pausas, num primeiro momento use o som da letra “m” para substituí-las. À medida que a sonoridade do compasso for compreendida, suprima o “m”. Estudo em cascata é recomendável. 9 2.7 Exercício A ideia é basicamente a mesma do exercício anterior, porém, temos associações entre as figuras com pausa, conferindo um nível de dificuldade maior. 2.8 Exercício O último exercício deste tema busca fazer uma recapitulação das associações estudadas. Pratique esta leitura até se sentir fluente. TEMA 3 – LIGADURAS Relembrando a teoria musical, as ligaduras são utilizadas para somar a duração das notas envolvidas. Diversas são as situações em que ela se faz necessária. Os exercícios a seguir abordam algumas delas. 10 3.1 Exercício Partimos de um compasso quaternário com sons coincidentes com as unidades de tempo. Em seguida, acrescentamos ligaduras em posições diferentes. Na segunda linha, demonstramos que é possível obter o mesmo resultado sonoro com escritas diferentes. 3.2 Exercício Nesse caso, as ligaduras aparecem entre os compassos, o que provoca a supressão do tempo 1. 3.3 Exercício Partimos de um conjunto de colcheias e acrescentamos ligaduras em pontos diferentes. Em determinado momento, as notas passam a soar apenas nos contratempos, ou seja, exatamente no ponto médio entre as unidades de tempo. 11 3.4 Exercício O uso de ligaduras com a síncopa é bastante comum na música popular brasileira. Pratique o estudo em cascata, reservando atenção especial às ligaduras entre os compassos. 3.5 Exercício A ligadura também pode ser usada para simbolizar notas com duração mais longa que um compasso. TEMA 4 – PONTO DE AUMENTO Sabemos, da teoria, que ao inserirmos um ponto ao lado direito da cabeça da nota musical, aumentamos a duração em metade do que duraria sem alteração. Em outras palavras, aumentamos sua duração em 50%. Isso significa que uma semínima pontuada equivale a uma semínima mais uma colcheia, por exemplo. Em alguns casos, o ponto de aumento é intercambiável com a ligadura. Em outros, apenas uma dessas alterações é possível. Vamos treinar essas situações. 4.1 Exercício 12 Partimos da ligadura, que já exercitamos no tema anterior, e transformamos em ponto de aumento. Este é um caso em que ligadura e ponto de aumento podem ser utilizados — asonoridade dos compassos 2 e 3 é a mesma. 4.2 Exercício Em compassos quaternários, é possível combinar uma semínima com duas semínimas pontuadas. Neste exercício, experimentamos a troca de posições entre esses elementos. 4.3 Exercício Uma mínima pontuada preenche um compasso ternário. Na segunda linha, obtemos um compasso ternário preenchido por duas semínimas pontuadas, causando a percepção de uma melodia binária dentro do compasso ternário — princípio da polirritmia, que será tratada em níveis mais avançados da percepção. 4.4 Exercício 13 Ao inserir um ponto de aumento na primeira colcheia, obrigatoriamente a segunda se transforma em semicolcheia, causando uma sensação de deslocamento. Neste exercício, vamos explorar esta percepção causada por pontos de aumento e sua associação com ligaduras. TEMA 5 – TERCINA Em Leitura e Escrita Musical, aprendemos que tercina é um tipo de quiáltera que, por sua vez, consiste na inserção de uma quantidade diferente de figuras de duração em determinado espaço. A tercina é usada quando se deseja, por exemplo, escrever três semínimas no espaço correspondente a duas, como podemos observar e experimentar no exercício a seguir. 5.1 Exercício Este exercício foi pensado para praticar até compreender a sonoridade da tercina. Para auxiliar nessa compreensão, pense que a primeira nota da tercina será coincidente com o pulso. A segunda nota será instantes antes do segundo pulso e a terceira, instantes depois do segundo pulso. A figura a seguir fornece uma explicação visual para a tercina. Figura 3 – Pulsos 14 5.2 Exercício Neste exercício, as tercinas mudam de posição e são associadas a outros elementos a outras tercinas. Pratique a sonoridade de cada compasso em que aparecem tercinas e depois desenvolva o estudo em cascata. 5.3 Exercício Este exercício tem como objetivo a prática da tercina em compasso binário e a partir de colcheias. Também é possível utilizar tercinas com figuras de maior e menor duração, como mínimas e semicolcheias. Uma tercina de mínimas em um compasso quaternário equivale a uma tercina de semínimas em um compasso binário. NA PRÁTICA Agora que treinamos bastante a leitura de ritmos musicais em compassos simples, vamos praticar o caminho inverso. É o momento de escutar os ritmos e transcrevê-los em partitura — uma atividade que chamamos, em percepção musical, de ditado rítmico. Você tem em seu Roteiro de Estudo arquivos de áudio com nome ditado rítmico 1, ditado rítmico 2, e assim sucessivamente. Antes de iniciar o som do instrumento, há um compasso vazio, em que apenas um metrônomo irá soar. Ele serve para você identificar a fórmula de compasso utilizada no exercício. 15 Atente que o timbre e a intensidade do primeiro tempo do compasso são diferentes dos demais. Ouça o áudio e procure compreender a distribuição das notas musicais ao longo dos tempos. Em seguida, escreva na pauta. Somente depois de ter escrito o exercício completo, confira com o gabarito — “colar” irá anular os efeitos do exercício. Áudio 1 Ditado rítmico 1 fórmula de compasso Áudio 2 Ditado rítmico 2 Áudio 3 Ditado rítmico 3 Áudio 4 Ditado rítmico 4 http://aud.grupouninter.com.br/2020/JAN/10202000129-P11.mp3 http://aud.grupouninter.com.br/2020/JAN/10202000129-P12.mp3 http://aud.grupouninter.com.br/2020/JAN/10202000129-P13.mp3 http://aud.grupouninter.com.br/2020/JAN/10202000129-P14.mp3 16 Áudio 5 Ditado rítmico 5 Áudio 6 Ditado rítmico 6 Áudio 7 Ditado rítmico 7 Áudio 8 Ditado rítmico 8 FINALIZANDO Nesta aula, abordamos os princípios elementares da percepção e da escrita rítmica. Revisamos a teoria e treinamos a leitura das principais figuras de duração e as múltiplas associações entre elas que compõem as infinidades de ritmos musicais possíveis. Também compreendemos e exercitamos as figuras de alteração de duração: ponto de aumento, ligadura e tercina. Embora todos esses elementos nos forneçam incontáveis possibilidades rítmicas, ainda há outras figuras e manipulações rítmicas que serão abordadas em um nível mais avançado de percepção musical. http://aud.grupouninter.com.br/2020/JAN/10202000129-P15.mp3 http://aud.grupouninter.com.br/2020/JAN/10202000129-P16.mp3 http://aud.grupouninter.com.br/2020/JAN/10202000129-P17.mp3 http://aud.grupouninter.com.br/2020/JAN/10202000129-P18.mp3 17 GABARITO Ditado rítmico 1 Ditado rítmico 2 Ditado rítmico 3 Ditado rítmico 4 Ditado rítmico 5 Ditado rítmico 6 Ditado rítmico 7 Ditado rítmico 8 18