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NOTAÇÃO E LINGUAGEM MUSICAL AULA 2 Prof. Leonardo Gorosito 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula vamos dar início ao aprendizado dos símbolos e regras da notação musical ocidental, que teve origem na Grécia, cerca de 3.000 a.C., onde as notas musicais eram representadas por letras do alfabeto. A notação do ocidente desenvolveu-se pautada principalmente em dois parâmetros do som: a altura e a duração. Veremos a seguir como o conteúdo relacionado a altura do som é detalhadamente representado pelas notas musicais e seus elementos complementares. TEMA 1 – PAUTA A pauta é a base de referência onde as notas musicais são escritas, podendo ser formada por uma até cinco linhas. No início da notação musical, por volta do século VIII, as informações eram grafadas no espaço em branco acima do texto. Uma primeira linha então surgiu com tinta suave, somente para que o copista não perdesse a horizontalidade da escrita. Quando a linha é concretamente adotada, as notas ganham distinção clara de intervalos entre si. Quanto mais a escrita se desenvolvia, mais linhas eram adicionadas – existiram pautas com até oito linhas. Por vezes, também continham cores diferentes para aumentar a clareza da leitura. Além do nome das notas, outra importante contribuição de Guido d’Arezzo foi evocar a relevância das linhas da pauta musical. Hoje em dia, na notação da música clássica, padronizou-se o uso de cinco linhas – por isso a pauta é também chamada comumente de pentagrama. No canto gregoriano, a pauta de quatro linhas é utilizada, conhecida por tetragrama. Na grafia de diversos instrumentos de percussão, principalmente aqueles de altura indefinida, uma única linha é o bastante. O número de linhas, portanto, acaba estabilizando-se quando abarca da melhor forma possível as informações musicais, e não necessariamente trata-se de uma regra imutável. Desde já, é importante salientarmos a diferença entre pauta e sistema. Em uma partitura de música, a pauta designa a parte individual de cada instrumento, sendo que o conjunto de todas as pautas, com seus respectivos instrumentos, formam um sistema. Os sistemas contém uma linha vertical, no lado esquerdo, que conecta todas as pautas. Por sua grande extensão de notas e forma de execução, o piano é tradicionalmente grafado com duas pautas. Portanto, cada sistema de uma 3 partitura de piano irá conter normalmente duas pautas. Em uma partitura de orquestra, um sistema pode abarcar por volta de quinze pautas, dependendo do tamanho da instrumentação solicitada pelo compositor. Existem situações em que mais de uma voz ou instrumento são grafadas em uma mesma pauta. Como é o caso de músicas escritas para a tradicional formação coral, com os naipes soprano, contralto, tenor e baixo. Nessas situações, frequentemente duas pautas são utilizadas (como no piano), sendo as vozes agudas grafadas no pentagrama superior, e as vozes graves na pauta inferior. Nas partituras orquestrais, utilizadas pelo maestro, é comum instrumentos iguais, porém com vozes diferentes, ocuparem uma mesma pauta. Se o compositor solicita duas flautas, por exemplo, elas podem estar grafadas em um mesmo pentagrama, mesmo tendo, na maior parte do tempo, notas ou linhas melódicas diferentes. As notas são grafadas na pauta, tanto no meio das linhas, quanto em seus espaços. Quando a nota transgride a região da pauta, são então utilizadas as linhas suplementares. As notas, para que possam ser nomeadas, precisam de uma referência, que é dada pela clave no início de cada pauta, junto com a armadura de clave. Isso porque a extensão em que os instrumentos atuam variam enormemente entre regiões agudas e graves. As claves então funcionam para que as tessituras se encaixem mais adequadamente nas pautas, sem que seja preciso utilizar excessivamente as linhas suplementares. A pauta musical tem a função específica de demonstrar as alturas das notas. Portanto, está exclusivamente ligada as frequências das notas, não tendo relação com o ritmo da música. Quanto mais para baixo as notas na pauta, mais grave será o som, quanto mais para cima, mais agudo. Linhas verticais que transcorrem a pauta regularmente e demarcam o tamanho dos compassos, são conhecidas como barras de compasso, tendo portanto uma função rítmica. No início do aprendizado da leitura musical pode parecer difícil e complicado saber quais são as notas musicais na pauta. Realmente, pode levar um certo tempo para que o aluno possa reconhecer de forma ágil todas as notas no pentagrama. É porém, uma questão de prática. Por meio de um instrumento musical, o estudo das notas torna-se mais eficaz. O piano, com certeza é o instrumento mais indicado, pois pelas suas teclas brancas e pretas, o aluno visualiza o conteúdo de maneira bastante didática. Um primeiro passo seria conhecer as escalas maiores e tocá-las ao piano. 4 Começando com as mais simples, com até três acidentes na armadura. Depois disso, estudar os acordes maiores de três notas e conhecer a forma como são escritos na partitura. Um terceiro passo seria adquirir um caderno de música, com papel pautado, e criar sequências de notas – não existe melhor maneira de aprender do que usando a criatividade – e depois executá-las ao piano. TEMA 2 – CLAVES São as claves que determinam qual altura a nota irá equivaler. As notas não tem um posição fixa na pauta, seu posicionamento é relativo. É preciso uma chave que forneça uma referência para que todas as outras notas sejam nomeadas. Em latim, a palavra clavi” significa “chave”, daí a origem do termo. As claves proporcionam uma otimização do espaço da pauta, situando a região de uso mais frequente de cada instrumento, sem que seja necessário o uso constante de linhas suplementares. As claves mais utilizadas atualmente na notação musical ocidental são a clave de sol, de fá, e a de dó. Suas formas gráficas descendem das letras G, F e C, respectivamente. Foi um longo processo, com diversas etapas de evolução, até que as letras chegassem às suas formas atuais, como símbolos musicais. Existe também uma clave neutra bastante comum na escrita contemporânea. É a clave para instrumentos de percussão de altura indefinida, que não oferece uma nota referencial, significando que o parâmetro das frequências não precisa ser especificamente determinado. Sua forma é de duas pequenas barras verticais em paralelo. A clave de sol chegou a sua forma mais conhecida em torno do século XVI. É talvez o símbolo mais representativo da notação musical. Ela determina que a nota sol deve posicionar-se no meio da segunda linha (de baixo para cima) do pentagrama, dessa forma, o dó central localizando-se no meio da primeira linha suplementar inferior. Quando grafamos a clave de sol à mão, o desenho deve iniciar-se exatamente na segunda linha de baixo para cima, onde a nota sol ocupará seu lugar. Geralmente utilizada para os registros mais graves, a clave de fá deve ser posicionada na quarta linha do pentagrama. Os dois pontos que fazem parte de 5 sua grafia, tiveram origem justamente nas duas saliências superiores da letra F. Esses dois pontos são posicionados entre a quarta linha da pauta, onde a nota fá será localizada, tornado-se a nota referencial no pentagrama. A nota fá, da clave de fá, está abaixo do dó central, ou seja, na direção de região mais grave. Portanto, quando temos duas pautas, sendo a superior em clave de sol, e a inferior em clave de fá, o dó central ocupa exatamente a nota central entre os dois pentagramas. Emuma pauta com clave de fá, o dó central posiciona-se no meio da primeira linha suplementar superior. A clave de dó é menos utilizada que as duas anteriormente citadas. O instrumento que a utiliza constantemente é a viola de orquestra. Ela pode ser posicionada em qualquer linha do pentagrama, demarcando dessa forma a localização do dó central. A linha central da pauta, ou seja, a terceira linha, é a mais frequentemente usada. Desse modo, os instrumentos irão utilizar a clave que melhor corresponde a sua região da tessitura. Aqueles mais agudos serão grafados em clave de sol, os de altura média em clave de dó e os graves em clave de fá. É habitual que um mesmo instrumento utilize diferentes claves, ou a clave de dó posicionada em diferentes linhas. O violoncelo, por exemplo, frequentemente modifica da clave de fá para a clave de dó, quando passagens mais agudas são requeridas. TEMA 3 – NOTAÇÃO MUSICAL – ALTURAS (NOTAS) A notação musical como conhecemos hoje teve um longo processo de desenvolvimento. Os primeiros formas de escrita musical surgiram na Grécia Antiga, onde o nome das notas eram representados por letras. Neste tempo, diversos sistemas musicais coexistiam, alguns mais relacionados à ciência, com fortes ligações com a matemática e astronomia, ou seja, muito mais teóricos do que práticos. Porém, o que veio realmente a desempenhar um papel fundamental na evolução da escrita musical foram as declamações de textos religiosos. A Cantillation, recitações da Bíblia hebraica, é uma das formas mais antigas, onde sinais e acentos no texto indicam inflexões da voz. Mas foi através do canto gregoriano, o canto litúrgico da igreja católica, que a notação musical ocidental germinou. 6 Na idade média os religiosos católicos vivam um constante conflito entre a tradição oral e escrita. Muitos cantos, se não fossem memorizados pelos padres, podiam perder-se para sempre, ao mesmo tempo que variações melódicas ameaçavam a estabilidade das regras de declamação. A primeira forma de escrita musical surgiu com a utilização de neumas (notação neumática), símbolos que inicialmente não representavam os sons em si, mas que serviam muito mais para lembrar os cantores dos contornos melódicos. Os neumas eram uma combinação de traços, linhas, curvas e pontos, que tinham diferentes significados. Os padres frequentemente elaboravam tabelas e listas explicativas, que demonstravam a função de cada símbolo. Progressivamente, os neumas foram ganhando especificações mais avançadas, como por exemplo, por volta do século XI, quando eram usadas também letras para designar com mais precisão o intervalo sonoro a ser obtido. Por algumas razões, incluindo o formato e espessura da pluma utilizada pelos copistas, aos poucos os neumas foram transformando-se em pontos com forma de quadrado e losango. A esse ponto, principalmente na França do século XII, essa notação foi também utilizada na música profana, pelos trovadores e menestréis. Dois fatores colaboraram enormemente com o detalhamento da grafia musical, tanto no âmbito das alturas, como no ritmo. Um deles foi o surgimento da polifonia – foi necessário uma organização maior para abranger mais de uma linha vocal simultaneamente, acarretando no que ficou conhecido como música mesurada. Outro fator foi o início da utilização das notas brancas, ou vazadas, o que proporcionou não só uma economia de tinta para a escrita, como também tornou possível estabelecer-se proporções entre as durações das notas. É importante ressaltar que muita ambiguidade, indefinição e confusão, dominou os longos anos de evolução da notação musical. Sem máquina de impressão, o processo da escrita necessariamente passava pelas mãos dos copistas, cada qual com sua personalidade e modo de trabalho, promovendo pequenas variações de grafia. as partituras também tinham um forte propósito estético, em que o aspecto de beleza decorativa era essencial, por vezes fazendo com que o conteúdo musical ficasse em segundo plano. Guido d’Arezzo, que viveu entre 995 e 1050, foi um importante personagem que trouxe inovações fundamentais no desenvolvimento da notação musical. Sua maior colaboração foi nomear seis, das sete notas 7 principais da escala musical, as quais são conhecidas até hoje por nós. A partir de um hino popularmente conhecido a São João Batista, ele nomeou as notas selecionando as primeiras sílabas de cada estrofe, que musicalmente correspondem a uma escala ascendente. Vale salientar que a primeira nota foi primeiramente denominada ut, e posteriormente alterada para dó, graças ao musicólogo Giovanni Battista Doni. Ele alegava que dó era mais adequado, pois a sílaba se encerra em vogal, e também por conter a inicial da palavra em latim Dominus, “senhor” em português. Vejamos a seguir a letra em latim de Ut queant laxis, hino composto pelo monge Paulo Diácono, de onde Guido d’Arezzo utilizou as inicias para nomear as notas musicais. A nota si também surgiu posteriormente, e foi utilizada as primeiras letras de Sancte Iohannes para formar sua sílaba. Em países anglo-saxônicos as notas são nomeadas a partir das primeiras letras do alfabeto, começando na nota lá. A - lá, B - si, C - dó, D - ré, E - mi, F - fá, G - sol. TEMA 4 – LINHAS SUPLEMENTARES Linhas suplementares são utilizados quando notas além do pentagrama, (acima ou abaixo) são solicitadas. São pequenos traços que acrescentam quantas linhas forem necessário para que a nota seja alcançada. Ela demarca temporariamente a linha adicional, individualmente, nota por nota. Mesmo em uma sequência numerosa de notas, as linhas suplementares são exclusivas para uma nota, não devendo formar outra linha horizontalmente completa. Existe outra maneira de demarcar notas que ultrapassam o âmbito do pentagrama. É a utilização do sinal de oitava acima, ou oitava abaixo. Para facilitar a leitura, evitando que o músico precise ler notas com muitas linhas suplementares, os compositores grafam o número oito e traçam uma linha UT queant laxis REsonare fibris MIra gestorum FAmili tuorum SOLve polluti LAbii reatum Sancte Iohannes 8 pontilhada, demarcando assim o trecho que deve ser oitavado. Quando trata-se de oitava acima, é utilizado o símbolo 8va e a linha é situada na parte superior; quando oitava abaixo, 8vb e a linha na parte inferior. É possível também solicitar que a nota ou trecho seja executado a duas oitavas de distância. Então o símbolo 15va será utilizado para duas oitavas acima, e 15vb para duas oitavas abaixo. O compositor pode solicitar o tempo que achar necessário o uso do símbolo de oitavas, bastando acompanhar com a linha pontilhada durante todo o trecho, demonstrando seu final com o seguinte sinal: ¬. Apesar de ser geralmente evitada, a escrita utilizando linhas suplementares é algo comum a certos instrumentos. No violino, pelo fato de sua extensão alcançar mais de três oitavas, englobando uma grande porcentagem de notas agudas, a leitura de linhas suplementares é natural, assim como a flauta transversal. Já no piano, se muitas notas soam além do espaço da pauta, principalmente na mão direita com as notas agudas, frequentemente os compositores utilizam o recurso do símbolo de oitava acima. Alguns instrumentos foram padronizados a serem escritos em uma determinada região, a fim de soarem mais agudos ou mais graves, dessa forma evitando o uso excessivo de linhas suplementares. É o caso dos instrumentos transpositores, que contêm uma sonoridade distante do dó central – nota mais centralizada do sistema de pentagramas eclaves. Sem precisar de qualquer indicação de transposição ou símbolos de oitava, certos instrumentos foram estabelecidos como transpositores, ficando a cargo do músico, e principalmente do compositor, conhecer quais são e de que forma atuam. Confira quatro instrumentos com essa característica. 1. Flautim: soa uma oitava acima da escrita 2. Contrabaixo: soa uma oitava abaixo da escrita 3. Xilofone: soa uma oitava acima da escrita 4. Glockenspiel: soa duas oitavas acima da escrita TEMA 5 – ALTERAÇÕES Alterações são sinais musicais que alteram a altura de uma nota. Em um primeiro momento, vamos imaginar o teclado de um piano, desta forma poderemos entender melhor o conteúdo. Ele é composto por teclas brancas e pretas. Nas teclas brancas temos os 9 sons considerados naturais, as notas dó, ré, mi, fá, sol, lá e si. As teclas pretas contém os sons alterados, ou seja, com uma sonoridade levemente mais alta, ou mais baixa. Na música ocidental, o menor intervalo entre dois sons é chamado de semitom, e um tom é composto por dois semitons. Os acidentes, como também são chamados, alteram a nota em um semitom, seja para cima ou para baixo. Existem também as alterações, que não são comumente utilizados, que alteram a nota em um tom inteiro. No canto litúrgico, a nota si era frequentemente baixada um semitom. Como esta nota era representada por um B em alguns países, sua sonoridade era referida como um B mole. Por isso, na música, quando uma nota é alterada meio tom abaixo, utiliza-se o símbolo chamado bemol (♭). Quando o si tinha sonoridade natural, ele era representado com um b minúsculo em forma de quadrado (♮), dando origem ao sinal que chamamos de bequadro. Curiosamente, a origem do símbolo de sustenido (#) também envolve a nota si, já que em alguns países o si natural era representado pela letra H, sendo utilizado como símbolo à frente de notas naturais, que posteriormente acabou sendo modificado para o nosso conhecido sinal do jogo da velha. Portanto, os três principais sinais de alteração na música ocidental são: 1. Bemol: símbolo: ♭- a nota deve soar um semitom abaixo. 2. Sustenido: símbolo: # - a nota deve soar um semitom acima. 3. Bequadro: símbolo: ♮- cancela os sinais de alterações precedentes, portanto a nota deve soar em seu estado natural. Com o advento do temperamento (forma exatamente igual de dividir os sons dentro de uma oitava) durante o período barroco, e ao grande desenvolvimento a qual chegou a música tonal, tornou-se necessário a criação de mais dois sinais de alteração: o dobrado bemol e o dobrado sustenido. Portanto, o sinal � passou a designar que a nota deve soar um tom inteiro abaixo, enquanto o sinal � um tom inteiro acima. Existem duas maneiras pela qual os sinais de alterações podem ocorrer na música. A primeira, é simplesmente no decorrer da partitura, sendo o sinal posicionado em frente a nota que precisa ser alterada. Sob estas circunstâncias, algumas regras devem ser observadas. A partir do momento em que o acidente 10 ocorrer, todas as notas do compasso serão também alteradas, a não ser que um sinal de bequadro faça com que a nota volte a seu estado natural. Se o compositor deseja que a nota alterada continue a prevalecer no próximo compasso, então deverá sinalizar o acidente novamente. A segunda maneira é através da utilização da armadura de clave. Com a armadura, o compositor já indica todas as alterações no início de cada sistema, desta forma, os sinais de acidentes não precisam aparecer o tempo todo na partitura. A armadura de clave designa qual o tom da música, seja ele em modo maior ou em modo menor. As tonalidades musicais utilizam escalas que contém alterações em diferentes graus. Para exemplificar, a escala de dó maior não contém nenhuma alteração, já a de sol maior, a nota fá precisa ser elevada em meio tom, portanto o fá será sustenido. Podemos ter armaduras de clave entre zero e sete alterações, compostas somente por sustenidos, ou por bemóis. A ordem dos sustenidos na armadura se dá da seguinte forma: fá, dó, sol, ré, lá, mi e si. A ordem dos bemóis será exatamente ao contrário: si, mi, lá, ré, sol, dó e fá. Por meio da armadura de clave existe uma maneira de identificar a tonalidade de uma música, caso ela esteja em modo maior. Se a armadura conter sustenidos, o grau que situado meio tom acima do último sustenido dará a tonalidade. Por exemplo, em uma armadura com dois sustenidos, fá# e dó#, a nota um semitom acima do dó sustenido é ré, portanto a tonalidade será ré maior. No caso de uma armadura com bemóis, o penúltimo bemol dará a tonalidade da música. Exemplificando, no caso de uma armadura com quatro bemóis, si, mi, la e ré, a tonalidade é dada pelo penúltimo bemol, portanto, lá bemol maior. As alterações das notas podem promover o que é conhecido como sons enarmônicos. Quando dois sons podem ser escritos de maneira diferente, porém na prática soam a mesma nota, então temos a enarmonia. Isso acontece, pois no sistema temperado de afinação, notas que seriam ligeiramente diferente acabam soando iguais. No teclado do piano, a tecla preta acima do dó (dó#) e abaixo do ré (ré♭), possuem nomes diferentes dependendo da tonalidade em questão, porém, em termos de frequência, elas são idênticas. Em alguns casos, uma nota natural pode vir a se transformar em outra nota natural, como é o caso de mi sustenido, que vira fá, e fá bemol que vira mi; 11 ou ainda si sustenido que vira dó, e dó bemol que vira si. Em vários casos, o dobrado bemol e o dobrado sustenido também permitem que o mesmo fenômeno ocorra. NA PRÁTICA Quando estamos iniciando o aprendizado da notação musical, uma das primeiras informações que precisamos memorizar é a ordem das notas musicais. Tanto em escala ascendente, quanto descendente, repetindo ao novamente a nota dó ao final, concluindo assim a oitava completa. A qualquer momento do dia, pratique cantarolar uma escala de dó: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó. E também em sua forma descendente, do agudo para o grave: dó, sí, lá, sol, fá, mi, ré, dó. Pratique começando a partir de outras notas até alcançá-la novamente na distância de uma oitava. FINALIZANDO Pudemos observar nesta aula, que a notação musical tem suas raízes há 5.000 anos na Grécia Antiga, e que posteriormente, o canto litúrgico, principalmente da igreja católica, teve papel fundamental no seu desenvolvimento. Foi juntamente com o canto gregoriano que a escrita neumática surgiu, evidenciando os primeiros símbolos musicais rudimentares. Verificamos também, o quão antigo são os nomes das notas musicais, sendo estabelecidas por Guido d’Arezzo por volta do século XI. Por fim, averiguamos a relatividade da escrita das notas musicais, ´por meio das alterações, diferentes números de linhas nas pautas, e o uso das quatro claves: de sol, de fá, de dó e de percussão. 12 REFERÊNCIAS BENNETT, R. Elementos básicos da música. Rio de Janeiro: J Zahar, 2010. . Forma e estrutura na música. Rio de Janeiro: J Zahar, 2010. BOSSEUR, J. Du Son au Signe: Histoire de la Notation Musicale. Paris: Éditions Alternatives, 2005. Trad. Bras. Do Som ao Sinal – História da Notação Musical. Tradução de Marco Aurélio Koentopp. Curitiba: UFPR, 2014 HINDEMITH, P. Treinamento elementar para músicos. 6. ed. São Paulo: Ricordi Brasileira, 2004.