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QUADRAGÉSIMO EXAME DA ORDEM UNIFICADO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL QUESTÃO 53 O engenheiro civil José Carlos Silva trabalha em Aracaju/SE. Ele realizou a reforma da casa de Luzia, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). O serviço foi devidamente prestado, sem qualquer reclamação por eventuais falhas por parte de Luzia. Contudo, Luzia não efetuou o pagamento no prazo estipulado. José Carlos procurou Luzia para resolver o pagamento da dívida sem buscar o Poder Judiciário e, após diversas tratativas, Luzia assinou um documento particular em que reconhece a dívida de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). O referido instrumento também foi assinado por duas testemunhas. Porém, no prazo estipulado para cumprimento da obrigação, Luzia não efetuou o pagamento e José Carlos ajuizou uma execução de título extrajudicial em face de Luzia. Depois da citação e da ausência do pagamento de Luzia, José Carlos pede ao Juiz que Luzia indique bens sujeitos à penhora, sob pena de multa, pois caso não indique, sua conduta poderá ser considerada atentatória à dignidade da justiça. Sobre o requerimento de José Carlos, assinale a afirmativa correta. a) José Carlos não poderá efetuar esse requerimento, pois não é possível o arbitramento de multa caso Luzia não indique bens sujeitos à penhora. b) José Carlos poderá efetuar esse requerimento, sendo considerada atentatória à dignidade da justiça conduta comissiva ou omissiva da executada que intimada, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, a certidão negativa de ônus. c) José Carlos poderá efetuar esse requerimento, sendo possível o arbitramento de multa superior a 30% do valor atualizado da execução, mas não poderá ocorrer nenhuma outra sanção de natureza processual ou material em face da executada. d) José Carlos não poderá efetuar esse requerimento, pois é sua obrigação indicar os bens possíveis de penhora de Luzia. LETRA “B” CORRETA. FUNDAMENTO: ART. 774, V DA LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015 (CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL). Vejamos: Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que: I - frauda a execução; II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais; V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus. Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. Sim, a opção correta é a letra b) “José Carlos poderá efetuar esse requerimento, sendo considerada atentatória à dignidade da justiça conduta comissiva ou omissiva da executada que intimada, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, a certidão negativa de ônus." Isso está de acordo com o disposto no artigo 774, inciso V do Código de Processo Civil (CPC), que estabelece que é considerada atentatória à dignidade da justiça a conduta do executado que, após ser intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora, além de não apresentar prova de sua propriedade e, se necessário, a certidão negativa de ônus. Portanto, José Carlos pode efetuar esse requerimento ao juiz, e a conduta de Luzia, se ela não indicar os bens sujeitos à penhora, poderá ser considerada atentatória à dignidade da justiça, sujeitando-a a multa. UM POUCO MAIS! O ato atentatório à dignidade da jurisdição é definido como qualquer conduta, tanto de forma ativa quanto passiva, que possa perturbar, retardar, tentar fraudar ou efetivamente fraudar o processo judicial, resultando na diminuição da respeitabilidade e da importância social do sistema judiciário. Este tipo de comportamento é considerado extremamente grave, pois compromete os princípios fundamentais de justiça e equidade perante a lei. A preservação da dignidade da jurisdição é essencial para o funcionamento adequado do sistema legal e para a manutenção da confiança do público na administração da justiça. Já a litigância de má-fé é uma qualificação jurídica atribuída a condutas processuais legalmente sancionadas. Ela se refere ao comportamento daquele que ingressa em juízo ciente de que sua demanda é injusta ou sem fundamento, com a intenção de prejudicar a parte adversa, terceiros ou de criar obstáculos ao exercício regular do direito alheio. Esse tipo de conduta é considerado uma violação grave dos princípios de boa-fé, lealdade e probidade processual, podendo acarretar sanções diversas, como multas, perda de direitos processuais e até mesmo indenização por danos causados.