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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS AJUDÂNCIA-GERAL SEPARATA DO BGPM Nº 42 BELO HORIZONTE, 04 DE JUNHO DE 2019. Para conhecimento da Polícia Militar de Minas Gerais e devida execução, publica-se o seguinte: Paulo J Praxedes DIRETRIZ Nº 3.01.10/2019-CG NORTEIA A ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS SEGUNDO A FILOSOFIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA Belo Horizonte 2019 ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 1 - ) DIRETRIZ DE POLÍCIA COMUNITÁRIA Nº 3.01.10/2019-CG Belo Horizonte - MG 2019 Norteia a atuação da Polícia Militar de Minas Gerais segundo a Filosofia de Polícia Comunitária ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 2 - ) Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG). Reprodução condicionada à autorização expressa do Comandante-Geral da PMMG. Circulação restrita. M663d Minas Gerais. Polícia Militar. Comando-Geral. Diretriz de Polícia Comunitária Nº 3.01.10/19-CG: Norteia a atuação da Polícia Militar de Minas Gerias segundo a Filosofia de Polícia Comunitária. Belo Horizonte. Comando-Geral, Assessoria Estratégica de Emprego Operacional (AE3), 2019. 41p. 1. Polícia Comunitária-PMMG. 2. Comunidade-organização. 3. Resolução de problemas. I. Mattos, Wagner Alan (coord.). II Comando-Geral – PMMG. III. Título. CDU – 351.746(815.1) CDD – 352.2 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Academia de Polícia Militar ADMINISTRAÇÃO Comando-Geral da Polícia Militar Quartel do Comando-Geral da PMMG Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas, Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900 SUPORTE METODOLÓGICO E TÉCNICO Assessoria Estratégica de Emprego Operacional – AE3 Quartel do Comando-Geral da PMMG Cidade Administrativa Tancredo Neves, Edifício Minas, Rodovia Papa João Paulo II, nº 4143 – 6º Andar, Bairro Serra Verde Belo Horizonte – MG – Brasil - CEP 31.630-900 E-mail: ae3gcg@pmmg.mg.gov.br. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 3 - ) mailto:ae3gcg@pmmg.mg.gov.br GOVERNADOR DO ESTADO ROMEU ZEMA NETO COMANDANTE-GERAL DA PMMG CEL PM GIOVANNE GOMES DA SILVA SUBCOMANDANTE-GERAL DA PMMG CEL PM MARCELO FERNANDES CHEFE DO GABINETE MILITAR DO GOVERNADOR CEL PM EVANDRO GERALDO FERREIRA BORGES CHEFE DE GABINETE DO COMANDO-GERAL DA PMMG TEN CEL PM MARCELO RAMOS DE OLIVEIRA SUPERVISÃO TÉCNICA TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS CHEFE DA ASSESSORIA ESTRATÉGICA DE EMPREGO OPERACIONAL REDAÇÃO MAJ PM CLÁUDIO ALVES DA SILVA MAJ PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES MAJ PM RICARDO MARTINS DE ALMEIDA MAJ PM RICARDO AMARAL RABELO CAP PM RICARDO L. A. GONTIJO FOUREAUX CAP PM ROBSON ROMIE LOPES PEREIRA CAP PM RICARDO PEREIRA DE ARAÚJO GOMES CAP PM RONAN SASSADA SILVA 2º SGT PM LANDO MAX CESÁRIO DA SILVA REVISÃO ORTOGRÁFICA E DE NORMALIZAÇÃO CAP PM RICARDO L. A. GONTIJO FOUREAUX REVISÃO DOUTRINÁRIA TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS MAJ PM SANDRO ALEX CANUTO GONÇALVES 3º SGT PM DANIELLE SUELI VENTURA REVISÃO FINAL TEN CEL PM WAGNER ALAN DE MATTOS ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 4 - ) PREFÁCIO A filosofia de Polícia Comunitária perpassa por diferentes interpretações desde que foi implantada como estratégia de atuação policial. A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) vem, desde a década de 1960, lapidando o entendimento referente a esta temática para aprimorar os conceitos na prestação de serviços policiais. Prova desta evolução se dá pela constante atualização dos documentos normativos que orientam o desenvolvimento da Polícia Comunitária em Minas Gerais. Desde 1993, quando a PMMG institucionalizou esta filosofia como estratégia de policiamento, com a promulgação da Diretriz de Planejamento de Operações (DPO) n. 3.008/93, o conceito foi constantemente atualizado com a edição de outros documentos normativos: Diretriz para Produção de Serviços de Segurança Pública (DPSSP) n. 04/02 que regulava a Polícia Comunitária e a Diretriz para Produção de Serviços de Segurança Pública 3.01.06/2011, que incluía indicadores de qualidade para avaliar o serviço de Polícia Comunitária. Todos estes documentos proporcionaram avanços significativos na interpretação e implementação de estratégias comunitárias junto à sociedade, com vistas à resolução de problemas e melhoria da qualidade de vida da população. Esta Diretriz de Polícia Comunitária é mais um importante passo neste processo contínuo de atualização, que complementa todo arcabouço de conhecimento trazido pelos documentos anteriores. De forma sintética e objetiva, apresenta uma evolução histórica da Polícia Comunitária, embasada em experiências internacionais e como essa filosofia foi implantada no Brasil e em Minas Gerais. Destaca a tradução dos princípios e características do policiamento comunitário na PMMG, permitindo dar respostas eficazes às demandas sociais. Como inovação, este documento conceitua práticas de policiamento comunitário executadas em Minas Gerais, tais como: reuniões comunitárias, visitas comunitárias, visitas tranquilizadoras, contatos comunitários, dentre outros. Esta diretriz tem como objetivo servir de parâmetro para que os policiais militares possam, mais do que saber conceituar, pôr em prática o policiamento comunitário, de forma a manter a Polícia Militar de Minas Gerais como uma importante protagonista desta estratégia no cenário nacional, proporcionando melhoria da qualidade de vida da população. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 5 - ) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AE3 - Assessoria Estratégica de Emprego Operacional APM - Academia de Polícia Militar BC - Base Comunitária BCM - Base Comunitária Móvel BSC - Base de Segurança Comunitária CEFS - Curso Especial de Formação de Sargentos CFO - Curso de Formação de Oficiais CFS - Curso de Formação de Sargentos CFSd - Curso de Formação de Soldados CG - Comando-Geral CHO - Curso de Habilitação de Oficiais CONSEP - Conselho Comunitário de Segurança Pública DAOp - Diretoria de Apoio Operacional DPO - Diretriz de Planejamento de Operações DPSSP - Diretriz para Produção de Serviços de Segurança Pública EUA - Estados Unidos da América GDO - Gestão do Desempenho Operacional GEPAR - Grupo Especial de Policiamento em Área de Risco IARA - Identificar, Analisar, Responder e Avaliar PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais POP - Policiamento Orientado para o Problema PPVD - Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica PROERD - Programa Educacional de Resistência às Drogas SARA - Scanning, Analysis, Response and Assessment TPB - Treinamento Policial Básico MG - Minas Gerais ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 6 - ) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 8 2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 9 2.1 Geral ................................................................................................................................ 9 2.2 Específicos ...................................................................................................................... 9 3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA POLÍCIA COMUNITÁRIA .................................................. 10 3.1 Origem do Policiamento Comunitário ............................................................................. 10 3.2 Polícia Comunitária no Brasil ......................................................................................... 11 3.3 Polícia Comunitária em Minas Gerais ............................................................................ 13 4 A POLÍCIA COMUNITÁRIA E SEUS PRINCÍPIOS APLICADOS NA PMMG .................. 18 4.1 Conceito ........................................................................................................................18 4.2 Os Princípios da Doutrina de Polícia Comunitária na PMMG ......................................... 20 5 POLICIAMENTO COMUNITÁRIO E SUAS PRÁTICAS NA PMMG ................................. 27 5.1 Serviços de Policiamento Comunitário ........................................................................... 27 5.2 Reuniões Comunitárias .................................................................................................. 28 5.3 Visitas Comunitárias ...................................................................................................... 28 5.4 Contatos Comunitários .................................................................................................. 30 5.5 Projetos de Polícia Comunitária ..................................................................................... 30 6 MOBILIZAÇÃO SOCIAL .................................................................................................. 32 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 36 8 PRESCRIÇÕES DIVERSAS ............................................................................................. 38 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 39 ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 7 - ) 8 1 INTRODUÇÃO A PMMG, no fiel cumprimento do art. 144, § 5°, da Constituição Federal, desenvolveu dentro de sua competência, vastas legislações aplicáveis à manutenção da ordem pública e preservação da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Dentre estas legislações, apresenta-se a Diretriz de Polícia Comunitária. A Diretriz de Polícia Comunitária norteará a metodologia de ação da PMMG, que estimula a participação do cidadão em decisões sobre o policiamento e a prevenção à criminalidade, bem como a integração de outras agências de serviços para prover maior efetividade na resolução dos problemas de segurança. O poder de decisão, a criatividade e a inovação são atitudes que devem ser encorajadas em todos os níveis da agência policial. Neste sentido, a Diretriz de Polícia Comunitária traça estratégias que resgatam a abordagem do policiamento orientado para resolução de problemas, com o propósito de realçar a participação da comunidade por intermédio de ações, discussões e atitudes. Dessa forma, busca reduzir as taxas de ocorrências e o medo do crime, além de demonstrar a proximidade da polícia junto à comunidade. A polícia necessita da cooperação das pessoas para prevenir e reprimir o crime, assim como os cidadãos necessitam comunicar com a polícia para transmitir informações relevantes. Enquanto filosofia e estratégia organizacional já sedimentada na PMMG, a Polícia Comunitária tornou-se, ao longo dos anos, parte indissociável da atividade policial militar. Ela permeia de forma transversal todas as atividades de formação, treinamento e práticas operacionais. Assim, a mencionada Diretriz vem consolidar os princípios direcionadores para a implantação e institucionalização da filosofia de Polícia Comunitária e, por conseguinte, manter suas linhas de ações com ênfase nas pessoas, liderança participativa, resolução de problemas e melhoria contínua da qualidade de vida das comunidades. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 8 - ) 9 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Sedimentar a Doutrina de Polícia Comunitária e Policiamento Comunitário, alinhada à missão, visão e valores da PMMG, com ênfase na mobilização social, na resolução de problemas, e na prevenção situacional da violência e criminalidade. 2.2 Específicos a) apresentar a evolução histórica da Polícia Comunitária; b) conhecer o conceito e os princípios de Polícia Comunitária; c) compreender o Policiamento Comunitário adotado na PMMG; d) investir de autoridade decisória, de fato e de direito, os profissionais de segurança pública que atuam em interface direta com a comunidade; d) referenciar a produção doutrinária acerca da implantação dos serviços do policiamento comunitário. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 9 - ) 10 3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA POLÍCIA COMUNITÁRIA 3.1 Origem do Policiamento Comunitário A concepção de que a polícia poderia atender de maneira mais apropriada aos cidadãos contribuiu para a ideia de um policiamento próximo à comunidade, sob a égide de uma ideologia preventiva que se disseminaria pelo mundo. Skolnick e Bayley (2002, p. 52) lecionam que “[...] o sistema de policiamento comunitário mais antigo é o japonês”. Esclarecem também que antes mesmo do policiamento comunitário se tornar popular no século XIX, já existiam suas primeiras manifestações no Japão, com o modelo de segurança pública realizada por samurais pagos pelas vilas para conseguir proteção contra invasores e ladrões. O modelo nipônico é calcado numa ampla rede de postos policiais denominados Kobans e Chuzaishos. Em 1829, o Primeiro-Ministro Inglês Sir Robert Peel criou a Real Polícia Metropolitana de Londres, tida por vários autores como a primeira organização policial moderna. Ele estabeleceu nove princípios para regê-la, todos em sintonia com a filosofia de Polícia Comunitária. Um dos princípios diz: “[...] A polícia deve se esforçar para manter constantemente com o povo [comunidade] um relacionamento que dê realidade à tradição de que a polícia é o povo [comunidade] e o povo é a polícia” (MARCINEIRO; PACHECO, 20051 citado por AMORIM, 2009). No período de 1914 a 1919, Arthur Woods, Comissário de Polícia de Nova Iorque, nos EUA, começou a incutir na base da Polícia e da comunidade, através de uma série de conferências na Universidade de Yale, a percepção da importância social, da dignidade e do valor público do trabalho do policial. Inovou ao criar o policial júnior para visitar as escolas, sendo suas ações consideradas a primeira versão do policiamento comunitário nos Estados Unidos (SKOLNICK; BAYLEY, 2002). Conforme define Souza (2003), historicamente, o policiamento nos EUA foi dividido em três períodos fundamentais, denominados “Eras”. O 1º período, “Era Política”, foi caracterizado por um policiamento que desempenhava diversas funções sociais e sem profissionalização. O 2º período, “Era da Reforma ou Profissional”, foi o momento em que surgiram as Academias de Polícia com o objetivo de formar profissionais com foco no 1 MARCINEIRO, Nazareno; PACHECO, Giovanni. Polícia comunitária: evoluindo para a polícia do século XXI. Florianópolis: Editora Insular, 2005 ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 10 - ) 11 combate ao crime, e 3º Período, “Era da Resolução de Problemas da Comunidade”, orientada na construção de um relacionamento de cooperação entre a polícia e a sociedade. Este último tem como base a participação dos agentes comunitários. Neste sentido, o quadro a seguir apresenta as principais características destas três eras: Quadro 1 - Características das Eras do Policiamento CARACTERÍSTICAS GERAIS ERA POLÍTICA 1830-1930 ERA DA REFORMA 1930-1980 ERA DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COM A COMUNIDADE 1980-2000 Autorização e legitimidade Político local e lei Lei e profissionalismo Lei, profissionalismo e comunidade Função Controle do crime, manutenção da ordem e serviço social amplo Controle do crime Controle do crime, prevenção ao crime e resolução de problemas Relacionamento com a Comunidade Íntimo Profissional e distante Íntimo Táticas e Tecnologias Patrulhamento a pé Patrulhamento motorizado e acionamento por telefone Patrulhamento a pé e envolvimento da comunidade para solução dos problemas Resultados Esperados Satisfaçãodos cidadãos e dos políticos locais Respostas rápidas para controlar os crimes Qualidade de vida e satisfação da comunidade Desenho Organizacional Descentralizado geograficamente Centralizado e especializado Descentralizado junto à comunidade Demanda para a Polícia Políticos e comunidade Canalizado na central de atendimento Advinda diretamente da comunidade para solução dos problemas Fonte: adaptado de KELLING; MOORE, 1993. 3.2 Polícia Comunitária no Brasil A estratégia de polícia comunitária foi introduzida no Brasil a partir da década de 1980. Em 1985, com a criação dos Conselhos Comunitários de Segurança, nascia a Polícia Interativa, na Cidade de Guaçuí no estado do Espírito Santo. Este foi um passo importante na busca real de aproximação com a comunidade, sendo objeto de destaque na mídia nacional, pelo seu audacioso projeto de polícia interativa. Sem prejuízo das ações voltadas contra os criminosos, buscou-se o entrosamento com a comunidade para juntos controlarem as ações delituosas, evitando sua eclosão. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 11 - ) 12 Com o advento da Constituição Federal de 1988, as Polícias Militares buscavam a reestruturação de seus processos. No ano de 1991, a Polícia Militar do Estado de São Paulo promoveu o 1º Congresso de Polícia e Comunidade, considerado o marco inicial da discussão sobre o tema. No mesmo ano, a Polícia Militar do Rio de Janeiro iniciou um programa piloto de Polícia Comunitária no bairro de Copacabana. Dentro da filosofia de modernização democrática e política, o Governo Federal, a partir de 1996, implementou diversos programas nas áreas sociais. Tem-se como destaque, o Programa Nacional de Direitos Humanos, que buscou estabelecer diretrizes para a melhoria da qualidade de vida no país. No programa foram incluídas metas que objetivavam sistematicamente melhorar o desempenho e o relacionamento das polícias brasileiras com a sociedade, principalmente otimizando programas de polícia comunitária nos Estados. Dentre essas metas, cita-se: a) apoiar as experiências de polícias comunitárias ou interativas, entrosadas com os conselhos comunitários, que encarem o policial como agente de proteção dos direitos humanos; b) desenvolver programas de informação e formação para profissionais do direito, policiais civis e militares, agentes penitenciários e lideranças comunitárias, orientados pela concepção dos direitos humanos, com a valorização das diferenças entre indivíduos e coletividades; c) incentivar experiências de polícia comunitária, definindo não apenas a manutenção da ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, mas também, a defesa dos direitos da cidadania e da dignidade da pessoa humana como missões prioritárias das polícias militar e civil em parceria com a comunidade na resolução dos problemas locais. Desta forma, segundo Freire (2009), diante da política de Segurança Pública do Brasil, “responsabilidade de todos para a garantia da Ordem Pública”, sob a premissa de uma polícia de aproximação social, proativa, que deve trabalhar em parceria com a comunidade, com o governo e demais agências de serviços, marca o contínuo movimento de reformas administrativas e operacionais das instituições policiais brasileiras. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 12 - ) 13 3.3 Polícia Comunitária em Minas Gerais Em 1955 criou-se, em Belo Horizonte, a Companhia de Policiamento Ostensivo, cujo foco era o policiamento preventivo e educativo. Este serviço era exercido por duplas de policiamento a pé, alocadas em subdivisões territoriais denominadas Distritos Policiais, num total de sete, e estes, por sua vez, em Áreas de Patrulhamento (COTTA, 2014). O Capitão Antônio Norberto dos Santos2 foi o primeiro Comandante dessa nova Companhia e o responsável por escrever doutrinas de emprego, relatórios de resultados da atuação da Companhia e um dos primeiros manuais institucionais para estabelecer padrões de policiamento (COTTA, 2014). Esta doutrina aponta uma série de iniciativas e práticas, as quais têm vínculo com o policiamento comunitário e resolução de problemas, mesmo sem haver, à época, a existência dessa teoria e estratégias escritas e sistematizadas. O que existia até então eram as práticas e iniciativas descritas abaixo: Quadro 2 - Práticas e iniciativas de policiamento comunitário e de resolução de problemas sistematizados pela PMMG na década de 1960 PRÁTICAS E INICIATIVAS CORRELAÇÃO COM A ESTRATÉGIA COMUNITÁRIA Comunicar à Prefeitura Municipal o funcionamento irregular de bares e à autoridade competente as situações de suspeição nesses locais. Desordem moral. Atuar com prioridade preventiva e educativa em detrimento à repressão. Prevenção. Informar à Prefeitura situações de acúmulo de entulhos e lixo. Desordem física. Patrulhamento Distrital, de caráter preventivo, realizado por duplas de policiais a pé, em bicicletas, montadas e com cães, vinculadas a áreas territoriais previamente definidas. Dentre as missões da dupla, tem-se a de manter a atenção aos locais de maior presença de indivíduos suspeitos. Setorização, fixação do policial e foco em problemas. Deve, preferencialmente, patrulhar as ruas pela pista central. Ostensividade policial. Envidar esforços para conhecer os habitantes da localidade e seus costumes. Vínculos comunitários polícia e sociedade. Fonte: Pereira, 2017 2 O Oficial foi precursor na estruturação da Companhia responsável pelo policiamento ostensivo, com exclusividade pela PMMG, além de elaborar a obra “Policiamento: Manual de Instrução Policial Básico”, a qual serviu para nortear a atuação policial operacional no policiamento ostensivo (SOUZA, 2003). ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 13 - ) 14 O conceito de atuação da época demonstrou o quanto a PMMG inovou em um momento histórico que sequer havia um modelo de policiamento reativo já estruturado. Entretanto, fatores como o foco na proteção da Segurança Nacional e estratégias repressivas de combate ao crime, ocorridos a partir da década de 1960 até o fim da década de 1980, atribuíram um formato institucional diverso do policiamento comunitário à PMMG. Na década de 1970, com a criação do Batalhão de Radiopatrulha, instituiu-se o serviço de radioatendimento, com a distribuição de viaturas nas diversas áreas de Belo Horizonte. Esse novo formato, baseado no modelo reativo de policiamento (ESPÍRITO SANTO; MEIRELES, 2003; SOUZA, 2003), apesar de garantir maior facilidade, rapidez e capilaridade da presença policial com viaturas, resultou no distanciamento entre o efetivo policial e o cidadão, por direcionar esforços para o combate ao crime. Dessa forma, o modelo comunitário de policiamento, que foi tacitamente preterido, passa a ser novamente discutido e sistematizado operacionalmente após a promulgação da Constituição Federal de 1988. O Policiamento Distrital, lançado em 1988, baseado na criação de subsetores, denominados Distritos, sob responsabilidade de Sargentos ou Cabos, capilarizou a presença policial militar em Belo Horizonte e representou a essência da retomada de um viés comunitário na atuação do policiamento. Segundo Espírito Santo e Meireles (2003), a motivação da prática distrital subsetorizada centrava-se na necessidade do policial militar conhecer os moradores do bairro, seus hábitos e costumes e estes, por sua vez, também, criariam um vínculo com policiais fixos e conhecidos pelo nome. O Policiamento Distrital foi direcionado por aspectos metodológicos que contribuíram para o início da construção doutrinária da Polícia Comunitária na PMMG: Foram estabelecidos 15 (quinze) objetivos, fundados em 7 (sete) pressupostos básicos: dinâmica; aspiração comunitária;interação comunitária; articulação de recursos; resgate da autoridade policial-militar; compromisso com os resultados; o papel do comandante no Policiamento Distrital (ESPÍRITO SANTO; MEIRELES, 2003, p. 269). Em Uberlândia, no início da década de 1990, foram implantados 13 (treze) postos de policiamento comunitário, bem como a criação de 33 (trinta e três) Conselhos de Defesa Social de Bairros para ouvir a comunidade e propor respostas para os problemas locais de segurança pública. No mesmo período, outras cidades de Minas Gerais adotaram esta experiência, como a cidade de Juiz de Fora, que também criou mais de 20 (vinte) postos de policiamento comunitário (OLIVEIRA, 2015). ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 14 - ) 15 Apesar de bem avaliado no ano de 1990, com 70% de aprovação popular, o Policiamento Distrital foi desativado em 1991, devido a alguns fatores: foco na estratégia tradicional do policiamento ainda presente junto aos Comandantes, ausência de treinamento da tropa e necessidade de recursos orçamentários (ESPÍRITO SANTO; MEIRELES, 2003; SOUZA, 2003). Em 1993, a PMMG estabeleceu um marco doutrinário teórico-conceitual relevante, com a publicação da DPO n. 3008/93, que trazia alguns elementos importantes para a Polícia Comunitária, tais como: foco na prevenção; presença policial fixa e prioridade do policiamento a pé; desenvolvimento de parcerias com lideranças comunitárias, segmentos da sociedade civil organizada, órgãos públicos e privados; busca de soluções conjuntas para os problemas que impactam na qualidade de vida; visão sistêmica e articulada da defesa social e das políticas públicas; transparência nas relações com a sociedade; e busca de fontes alternativas de recursos junto ao poder público e entidades da sociedade legalmente constituídas (MINAS GERAIS, 1993; OLIVEIRA, 2008; SOUZA, 2003). Embora estivesse institucionalizada a filosofia de polícia comunitária, a prática do policiamento comunitário não se mostrou consolidada ao longo da década de 1990, conforme resultados de algumas pesquisas de campo apresentadas por Oliveira (2008; 2015) e Espírito Santo e Meireles (2003). Algumas variáveis foram constatadas nos citados estudos, tais como: a) permanência do foco reativo nos efeitos e não nas causas; b) dificuldade na mudança da cultura organizacional; c) atuação comunitária restrita apenas a algumas Unidades; d) eficácia ligada à parceria logística; e) falta de conhecimento da estratégia pelos policiais e comunidade; f) ausência de planejamento estratégico para sua implementação e falta de articulação com outros órgãos. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 15 - ) 16 O final da década de 1990 e o início dos anos 2000 representaram a afirmação do paradigma da Segurança Cidadã, marcado pela crescente consolidação dos direitos de cidadania, fortalecimento da participação social e empoderamento da comunidade (FREIRE, 2009). Esse momento de transição, em um contexto histórico favorável, acaba por refletir positivamente na PMMG onde, a partir de 2000, percebe-se um avanço doutrinário da filosofia de Polícia Comunitária, com maior maturidade organizacional dos seus integrantes, além de um viés prático no ambiente de atuação operacional junto às comunidades. Nesse período foram criados inúmeros serviços de policiamento comunitário – tais como Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD), Base Comunitária (BC) e Base Comunitária Móvel (BCM), Base de Segurança Comunitária (BSC); Grupo Especial de Policiamento em Área de Risco (GEPAR), Patrulha Escolar, Patrulha Rural, Patrulha de Prevenção à violência Doméstica (PPVD), entre outros. Além destes, destacam-se as seguintes iniciativas, como marcos importantes (ESPÍRITO SANTO; MEIRELES, 2003; MINAS GERAIS, 2011, 2015, 2016; OLIVEIRA, 2015): a) parcerias na estruturação dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública (CONSEP), como a histórica criação de 26 (vinte e seis) CONSEP, por meio da Instrução n. 01/1999 do Comando de Policiamento da Capital, em Belo Horizonte, Sabará e Caeté; b) implementação do Programa de Polícia Comunitária 2006-2007, com base nos objetivos 25 e 35 do Plano Estratégico da Polícia Militar de Minas Gerais 2004-2007, que consolidou a filosofia de Polícia Comunitária nas práticas cotidianas de policiamento ostensivo; c) realização de seminários: “Seminário de Segurança Pública: Estratégia de Otimização”, ocorrido em 1998, que trouxe importantes conclusões para a temática Polícia Comunitária na PMMG; seminários de CONSEP; Seminários de Integração do Sistema de Defesa Social e comunidade; Seminários de Polícia Comunitária para discentes e os diversos Seminários Internacionais de Policiamento Comunitário Sistema Koban realizados pela PMMG desde 2010; d) cursos de capacitação e treinamentos complementares, como o Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária; Curso Internacional de Multiplicador de Policiamento Comunitário Sistema Koban; Curso Nacional de Promotor de Policiamento Comunitário e Curso de Gestor e Operador de Base Comunitária; ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 16 - ) 17 e) atualização curricular dos cursos de formação: todos os cursos de formação da PMMG (Curso de Formação de Oficiais - CFO, Curso de Habilitação de Oficiais - CHO, Curso de Formação de Sargentos - CFS, Curso Especial de Formação de Sargentos - CEFS e Curso de Formação de Soldados - CFSd) inseriram a disciplina Polícia Comunitária na malha curricular, que é atualizada periodicamente conforme o avanço Institucional na doutrina e prática de policiamento comunitário; f) Redes de Proteção Preventivas (Vizinhos e Comerciantes) implantadas em todo o Estado de Minas Gerais; g) estruturação local de diversos projetos de Polícia Comunitária, sob a coordenação de frações operacionais; h) Planos Estratégicos, os quais enfatizam o policiamento comunitário como um dos objetivos institucionais. Portanto, percebe-se que a PMMG tem consolidado a estratégia de Polícia Comunitária, como um dos principais objetivos da Instituição com foco na qualidade de vida do cidadão mineiro. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 17 - ) 18 4 A POLÍCIA COMUNITÁRIA E SEUS PRINCÍPIOS APLICADOS NA PMMG 4.1 Conceito Polícia Comunitária é um termo que se refere exatamente à atividade policial por excelência, cujos objetivos se dirigem à comunidade. Conforme Rosembaum (2002) e Skolnick e Bayley (2002), o termo Polícia Comunitária representa um marco na mudança da forma de fazer polícia na sociedade contemporânea. E não somente isso, mas um retorno daquilo que sempre deveria ter sido a atividade de polícia. Para construção de uma estratégia de polícia comunitária devem ser buscados como objetivos, a parceria, o fortalecimento, a resolução de problemas, a prestação de contas e a orientação para a comunidade. A polícia deve trabalhar em parceria com a sociedade, com o governo, órgãos públicos e privados. O principal questionamento deve ser: “Como podemos trabalhar juntos para resolver este problema?” Portanto, as lideranças da comunidade, órgãos públicos e privados em conjunto com a Polícia devem estar envolvidos em todas as fases do planejamento e execução do policiamento comunitário. Segundo Cerqueira (2001), não existe um conceito exclusivo de polícia comunitária no Brasil, embora o mais presente entre as instituições policiais seja o descrito na Figura 1: Figura 1 - Conceito de Polícia Comunitária Fonte: Adaptada de Trojanowicz; Bucqueroux, 1994, p.4-5. Ainda de acordo com Cerqueira (2001), qualquer organismo com uma função policial faz parte, na realidade, da sociedade. A estratégia comunitáriavê o controle e a prevenção do crime como resultado da parceria com outras atividades. Isto significa dizer que os recursos do policiamento, articulados com os novos recursos comunitários, são instrumentos essenciais para a prevenção do crime. Em outras palavras, Polícia Comunitária é uma filosofia e uma estratégia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a população e a polícia. Tal parceria se baseia na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas de segurança pública contemporâneos tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e morais, e em geral a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade geral de vida da área. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 18 - ) 19 os membros da comunidade assumem seu real papel de cidadãos que atuam juntos da polícia para o bem comum. Para a compreensão deste conceito de Polícia Comunitária, será necessária ainda uma análise de seus componentes: a) Filosofia A Polícia Comunitária enquanto filosofia deve nortear doutrinariamente todos os níveis e áreas da instituição; b) Estratégia É a tradução da filosofia aplicada aos serviços e práticas de policiamento comunitário desenvolvido pela Polícia com a finalidade de resolver os problemas de desordem, crime e medo do crime que afetam a qualidade de vida da comunidade; c) Organizacional Da organização Policial Militar; se aplica a qualquer estrutura que possua uma função policial, de fiscalização ou de atendimento à comunidade; d) Parceria É a cooperação entre atores sociais para alcançar um objetivo comum; e) Problemas de Segurança Pública Situações de crime, medo do crime e desordens físicas e morais vinculadas a certas variáveis, que geram intranquilidade na comunidade. Tais problemas impactam na qualidade de vida local por serem capazes de causar danos. São contínuos na mesma região ou local, dia da semana e/ou faixa horária; f) Qualidade de vida Para efeitos desta Diretriz, qualidade de vida é o conjunto de condições ou situações que delineiam o viver e o conviver do cidadão na comunidade. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 19 - ) 20 4.2 Os Princípios da Doutrina de Polícia Comunitária na PMMG Os Princípios são um conjunto de normas ou padrões de conduta a serem seguidos por uma pessoa ou instituição de forma a sedimentá-los. No que tange a Polícia Comunitária, inclui- se uma moderna visão da gestão da segurança pública, em que a cultura organizacional é transformada. Tal visão é trazida à existência pelo exercício concomitante de alguns princípios que a PMMG adota, dentre eles: a) Participação Sistêmica da PMMG, Comunidade e outros órgãos O mencionado princípio decorre da denominada Segurança Cidadã, a qual analisa a violência como um fenômeno multicausal e que demanda, portanto, intervenção participativa da sociedade e instituições públicas nas ações de políticas públicas e iniciativas em diversas áreas, tais como, educação, saúde, lazer, esporte, cultura, cidadania, dentre outras (FREIRE, 2009). A este respeito, a autora destaca que: A perspectiva de Segurança Cidadã defende uma abordagem multidisciplinar, para fazer frente à natureza multicausal da violência, na qual políticas públicas multi- setoriais são implementadas de forma integrada, com foco na prevenção à violência. Nesse sentido, uma política pública de Segurança Cidadã deve contar não apenas com a atuação das forças policiais, mas é reservado também, um espaço importante para as diversas políticas setoriais, como educação, saúde, esporte, cultura, etc. (FREIRE, 2009, p. 53). Neste sentido, a participação sistêmica consiste na relação direta, integrada no formato em rede, a qual pressupõe participação ampla, cooperativa e contínua entre a PMMG, os membros de uma comunidade e outros órgãos, a partir de interesses comuns e competências complementares de cada um desses atores envolvidos. Ainda nesta ótica, dentro da comunidade, os cidadãos têm o direito e a responsabilidade de participarem, como plenos parceiros da polícia, na identificação, priorização e resolução dos problemas (TROJANOWICZ; BUCQUEROUX,1990). Este entendimento pode ser complementado pela compreensão dos papéis atribuídos a cada um dos atores sociais sob a ótica do policiamento comunitário: - Comunidade: composta pelos moradores, trabalhadores, líderes de entidades associativas, representantes de diversos seguimentos da sociedade civil organizada, entre outros públicos de determinada localidade. Por vivenciarem cotidianamente a realidade local e o contexto de problemas comunitários, têm legitimidade representativa para estabelecer junto ao poder público, uma agenda conjunta direcionada às suas expectativas. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 20 - ) 21 - Órgãos Públicos e Privados: possuem suas respectivas competências ou finalidades Institucionais e Corporativas e podem contribuir ativamente com a Polícia Militar e a Comunidade. Os órgãos públicos têm suas atribuições e limites definidos legalmente e podem desenvolver ações, projetos, programas ou políticas públicas de segurança ou de segurança pública3, com vistas à melhoria da qualidade de vida da comunidade. Já os órgãos ou entidades privadas, num viés de responsabilidade social, junto à comunidade onde está inserida, têm potencial para adotar práticas que influenciem o contexto da segurança pública positivamente. Portanto, a participação ativa destes atores sociais impactará no incremento do capital social e, por conseguinte, na maior probabilidade de resultados efetivos com vistas à melhoria da segurança objetiva e subjetiva da comunidade. b) Foco na resolução de problemas A polícia deve adotar como rotina a resolução de problemas de segurança pública, que atinja a qualidade de vida da comunidade, da mesma forma que cotidianamente realiza atendimento de ocorrências, abordagens a suspeitos, dentre outros. O foco não pode ser somente os problemas de crimes, mas, também, o medo do crime e as desordens que interferem no cotidiano das pessoas e geram intranquilidades que podem favorecer o crime. Rosenbaum (2002) demonstra como os elementos do crime, medo e desordem influenciam- se mutuamente: – Medo do crime: faz com que as pessoas deixem de frequentar locais públicos e, por conseguinte, diminuam a capacidade de regular o comportamento social, aumentando, assim, as oportunidades dos infratores da lei para cometerem delitos e desordens, pois não se sentirão vigiados. – Desordem: enfraquece a capacidade de autoregulamentação da comunidade para resolver a deterioração do ambiente e dos comportamentos antissociais. Diante desse 3 “Existe uma diferença entre política de segurança pública e política pública de segurança. A primeira são todas as ações estatais comprometidas especificamente com a manutenção da ordem pública e criadas para este fim. A segunda são políticas que não são criadas para o controle da criminalidade, porém afetam indiretamente a segurança” (SILVA, 2013, p.27). ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 21 - ) 22 cenário, os problemas e suas causas associadas tendem a piorar. Locais degradados estimulam a sensação de insegurança da comunidade. – Crimes: geram medo à comunidade e podem causar desordens, haja vista que infratores da lei tendem, também, a desrespeitar as regras sociais informais, bem como desorganizar ambientes. Acerca deste foco na resolução de problemas, Rosenbaum (2002, p. 38) apresenta a seguinte visão: Se os problemas do bairro são a fonte de descontentamento da comunidade e contribuem para um ciclo de declínio urbano, então o policiamento eficaz deveriaenvolver a identificação da fonte e da natureza desses problemas e trabalhar para desenvolver soluções eficazes. Decorre daí a necessidade do policial militar, juntamente com a comunidade, órgãos públicos e privados, adotarem a metodologia de resolução de problemas. O policiamento para resolução de problemas, também conhecido como policiamento orientado para o problema (POP), é uma estratégia que tem como objetivo principal melhorar o policiamento profissional com ênfase na prevenção criminal. A fim de operacionalizar a estratégia do POP, há vários anos a PMMG tem adotado o método SARA (modelo IARA), o qual é formado pelo acróstico de cada fase e foi elaborado por John Eck e Bill Spelman, conforme Figura 1: Figura 2 - Método IARA no policiamento orientado para o problema Fonte: Adaptada de Goldstein, 2003. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 22 - ) 23 c) Autonomia e Criatividade Os Comandantes, nos diversos níveis hierárquicos da Corporação, devem exercitar a confiança nos profissionais que estão na linha de frente da atuação policial, acreditando no seu discernimento, sabedoria, experiência e, sobretudo, na formação que recebeu. Tal ambiente propiciará abordagens mais criativas para os problemas contemporâneos da comunidade por meio da investidura de autoridade decisória, de fato e de direito, nos policiais militares que atuam em interface direta com a comunidade (TROJANOWICZ; BUCQUEROUX,1990). A desconcentração4 do comando permitirá que o policial militar seja a primeira referência da comunidade para solução das demandas de segurança pública e estimulará maior responsabilização pela comunidade a qual esteja vinculado. Neste sentido, haja vista ser o principal conhecedor da realidade local, deverá adaptar o planejamento e as respostas aos problemas conforme as prioridades da comunidade. Por sua vez, este novo papel institucional exigirá por parte do policial militar, o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes diferenciados. Afirma Freitas (2003) que o policial comunitário precisa ser um tradutor multilíngue capaz de falar as línguas de todos os parceiros; ter habilidades interpessoais, comunicação, negociação, visibilidade holística sobre o policiamento comunitário e mediação de conflitos; guiar projetos, encorajando e motivando a comunidade; ser uma pessoa proativa, dinâmica, criativa, com iniciativa e saber ouvir, conforme perfil profissiográfico do policial comunitário demonstrado na Figura 3: 4 Desconcentração é a distribuição do serviço dentro da mesma Pessoa Jurídica, no mesmo núcleo, razão pela qual será uma transferência com hierarquia. É diferente de descentralização, que consiste na Administração Direta deslocar, distribuir ou transferir a prestação do serviço para a Administração Indireta ou para o particular. Note-se que, a nova Pessoa Jurídica não ficará subordinada à Administração Direta, pois não há relação de hierarquia, mas esta manterá o controle e fiscalização sobre o serviço descentralizado (REDE DE ENSINO LUIZ FLÁVIO GOMES, 2008). ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 23 - ) 24 Figura 3 - Perfil Profissiográfico do Policial Comunitário Fonte: Adaptada de Freitas, 2003. Esta atribuição implica principalmente em concessão de poder e maior autonomia, extensiva aos policiais da ponta da linha nas decisões, com a consequente responsabilização setorial pelo cumprimento de metas. d) Transparência e prestação de contas da atuação policial militar O atual modelo gerencial da administração pública apresenta novas formas de avaliação de desempenho, de controlar o orçamento e serviços públicos direcionados às demandas da sociedade. Tal modelo apresenta algumas características vinculadas, nas quais se destacam: foco na cidadania; equidade; transparência; eficiência, eficácia e efetividade nas políticas públicas; criatividade e inovação; interação com outros atores públicos e privados; foco em metas, mensuração e resultados (MINAS GERAIS, 2016). A transparência pressupõe a democratização do acesso e acompanhamento, por parte da comunidade, das atribuições legais incumbidas à PMMG. Não deve confundir-se com ingerência na discricionariedade da função policial e respectivos comandos, mas sim, uma forma participativa, a qual permita à população discutir de forma mais qualificada a sua própria segurança. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 24 - ) 25 A prestação de contas pressupõe que a PMMG apresente à comunidade suas atividades e resultados alcançados. Tal postura reforça uma relação de confiança, credibilidade e legitimidade dos cidadãos em relação à Instituição. Além disso, permite que haja o entendimento dos limites da atuação policial, por parte da comunidade, a necessidade de articular outros atores para a resolução dos problemas e a importância da sua participação ativa nas questões de segurança pública (SÃO PAULO, 2009). Portanto, o princípio da transparência e prestação de contas impulsiona o respaldo da atuação da Polícia Militar junto à comunidade e influencia as pessoas locais adotarem posturas mais positivas e colaborativas. e) Setorização Na PMMG, entende-se por setorização a subdivisão do espaço territorial com alocação de efetivo e recursos logísticos, bem como atribuição de responsabilidade na gestão, no monitoramento baseado na análise criminal e na produção de conhecimento de inteligência, com ênfase na aproximação da PMMG à comunidade (MINAS GERAIS, 2016). Tal estratégia, por sua vez, apresenta estreita vinculação com o policiamento comunitário: Nessa perspectiva, o modelo de gestão da rotina operacional da PMMG deve ser alicerçado na intervenção estratégica do policiamento comunitário, oferecendo ao policial um espaço territorial (setor) em que possa identificar demandas, planejar ações adequadas ao tratamento do fenômeno criminal e contribuir para o fortalecimento da sensação de segurança, em harmonia com os anseios da comunidade (MINAS GERAIS, 2016, p. 9). Este processo de setorização envolve a desconcentração das estruturas físicas da Unidade e/ou dos serviços policiais, de modo a capilarizar a presença e proximidade com a comunidade, além de ser a principal referência de atendimento da PMMG. Esta desconcentração pode ocorrer por área específica de policiamento, como um setor, por exemplo. Também pode ser direcionada a um público específico, o qual não necessariamente esteja concentrado em um espaço territorial, como por exemplo, a comunidade escolar, mulheres vítimas de violência doméstica, dentre outros. Para maior êxito deste processo, mostra-se importante a fixação do efetivo junto ao setor e/ou público específico. Isto permitirá que os policiais militares sejam conhecidos pela comunidade e aqueles, por sua vez, entendam toda a realidade local. Esse vínculo cotidiano permitirá maior eficiência no direcionamento das estratégias de policiamento, resolução de ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 25 - ) 26 problemas, ações e operações que atendam aos anseios comunitários, bem como alicerçar a relação de confiança entre a comunidade e polícia. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 26 - ) 27 5 POLICIAMENTO COMUNITÁRIO E SUAS PRÁTICAS NA PMMG Enquanto Polícia Comunitária é a filosofia de trabalho, indistinta a todos os órgãos com função de polícia, o Policiamento Comunitário é o ato de policiar, de desenvolver ações efetivas junto à comunidade. A prevenção comunitária do crime está incorporada na noção de que os meios mais eficazes de evitar o crime devem envolver os moradores na intervenção proativa e na participação em projeto,cujo objetivo, seja reduzir ou prevenir a oportunidade para que o crime não ocorra em seus bairros (ROSENBAUM, 20025 citado por MOORE, 2003). Tal raciocínio é apoiado pelas palavras de Wadman (1994), que define o policiamento comunitário como uma maneira inovadora e mais poderosa de concentrar as energias e os talentos da polícia, na direção das condições que frequentemente dão origem ao crime e a repetidas chamadas por auxílio local, o que deve passar, obrigatoriamente, pelo comprometimento do policial militar. Na PMMG, o modelo de gestão da rotina operacional foi alicerçado na intervenção estratégica do policiamento comunitário, na desconcentração dos serviços policiais, oferecendo ao policial um espaço territorial em que possa identificar demandas, planejar ações adequadas ao tratamento do fenômeno criminal e contribuir para o fortalecimento da sensação de segurança, em harmonia com os anseios da comunidade. 5.1 Serviços de Policiamento Comunitário Para a realização de sua missão, a PMMG possui um rol de serviços previstos em sua doutrina, os quais são executados para o cumprimento das atribuições legais. Neste rol de serviços, encontram-se aqueles que têm vinculação com a prática de policiamento comunitário e são conceituados como: I - Serviços Operacionais Ordinários - serviços operacionais ordinários são aqueles em que o efetivo da Polícia Militar é empregado prioritariamente com ênfase no policiamento preventivo e de atendimento à comunidade, em suas diversas modalidades, nos locais onde houver indicativos de sua necessidade, e atenderão, preferencialmente, locais georreferenciados, objetivando potencializar a atuação da Instituição, evitando-se a sobreposição de esforços, com aumento da sensação objetiva de segurança, a prevenção e a reação qualificada (MINAS GERAIS, 2017, p. 1). 5 ROSEMBAUM, Denis P. A Mudança no Papel da Polícia: Avaliando a Transição para o Policiamento Comunitário. In: Brodeur, Jean-Paul (org.). Como Reconhecer um Bom Policiamento. São Paulo: Edusp, 2002. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 27 - ) 28 Portanto, os serviços de policiamento comunitário constituem a principal vertente de aproximação da PMMG junto à comunidade, haja vista sua desconcentração, capilaridade e lançamento diuturno nas áreas, subáreas, setores e subsetores das diversas Unidades de Execução Operacional da Corporação em todo o Estado de Minas Gerais. Como tais serviços podem ser desconcentrados por território ou público específico, o conceito operacional de atuação destes encontra-se regulado por Instruções, Diretrizes e demais documentos normativos da PMMG. 5.2 Reuniões Comunitárias As reuniões comunitárias são uma das principais práticas de policiamento comunitário desenvolvidas pela PMMG para captação de problemas de segurança pública (crime, medo do crime e desordens físicas e morais); anseios; dúvidas; pedidos de informação; sugestões e demandas ou necessidades do cidadão e da comunidade. Esse processo de interação comunidade-comunidade e comunidade-polícia permite aos participantes terem a oportunidade de discutir de forma objetiva a temática segurança pública e suas variáveis, causas, consequências e ações a serem realizadas para atender aos interesses da comunidade local e melhorar a qualidade de vida. Conceitualmente, a reunião comunitária pode ser definida como um encontro coletivo, o qual conta com a participação de membros da comunidade e representantes de órgãos públicos e privados, para discutir assuntos diversos que sejam motivo de preocupação e tenham impacto na qualidade de vida da localidade, como por exemplo, a segurança pública. É necessário que se tenha o responsável, por planejar e conduzir a sessão pré-agendada a fim de se alcançar os objetivos propostos. Verifica-se, no âmbito da Organização, que as reuniões comunitárias passam a ser uma prática habitual nas frações da PMMG, advindas principalmente a partir da Gestão de Desempenho Operacional (GDO), que se constitui como um dos indicadores de avaliação (MINAS GERAIS, 2015). 5.3 Visitas Comunitárias As visitas comunitárias, em particular a residentes e comerciantes, podem ser definidas como os contatos pessoais realizados por policiais militares, diretamente com os membros ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 28 - ) 29 da comunidade, em suas residências ou locais em que exerçam alguma atividade laborativa. Tem o propósito de ampliar a sensação de segurança, propiciar maior proximidade da comunidade e do policial militar, promover mudanças de comportamento com vistas à autoproteção e permitir ao policial captar problemas de segurança pública (crime, medo do crime e desordens físicas e morais). São caracterizadas por dois tipos principais: cadastro, quando o policial militar tem contato pela primeira vez com o cidadão visitado; ou retorno, na ocasião de novas visitas. 5.3.1 Visitas Tranquilizadoras Conceitualmente, as visitas tranquilizadoras são contatos pessoais, de modalidade “pós- crime”, realizados por policiais militares diretamente com os membros da comunidade, em suas residências ou locais em que exerçam alguma atividade laborativa. As visitas tranquilizadoras constituem-se como uma importante iniciativa institucional, por demonstrar a preocupação da PMMG com as vítimas de crimes em um momento em que é possível dar atenção diferenciada a elas. Nestas ocasiões é possível tranquilizar a vítima, saber maiores informações sobre o delito, autoria e modus operandi, garantir a sensação de segurança subjetiva, resgatar a confiabilidade no trabalho preventivo da Polícia Militar, orientar qualitativamente, captar informações de demais problemas de situações comunitárias e obter informações sobre a qualidade do atendimento policial, por ocasião do registro da ocorrência relativo ao fato delitual que ensejou a visita. 5.3.2 Visitas de acompanhamento ao suspeito infrator ou autor de delito Esta modalidade consiste na estratégia da PMMG realizar contatos com pessoas da localidade, suspeitas de praticarem crimes, ou contatos com aqueles que estejam em liberdade condicional e/ou em cumprimento de pena restritiva de direito, a fim de monitorar suas ações naquela comunidade e/ou certificar, para o caso dos que estejam em liberdade condicional, se estes estão cumprindo fielmente o estabelecido pela justiça. Esta visita possibilita ao policial militar dissuadir o suspeito da prática de crimes futuros. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 29 - ) 30 5.4 Contatos Comunitários Em termos conceituais, contatos comunitários constituem-se como os relacionamentos informais diuturnos que o policial militar realiza com membros da comunidade, em momentos diversos, tais como: atendimento de uma ocorrência, policiamento ostensivo, execução de uma atividade comunitária, entre outros. Apesar da informalidade, estes podem ser meios eficientes de captar problemas de segurança pública e subsidiar na resolução do problema. 5.5 Projetos de Polícia Comunitária Projetos de polícia comunitária podem ser conceituados como o planejamento, execução e controle de atividades de caráter temporário, junto à comunidade, preferencialmente com apoio desta e de outros órgãos públicos e privados. Tem a finalidade de atuar em problemas de segurança pública, anseios, demandas ou necessidades, que possam impactar na qualidade de vida local. Alguns serviços institucionais e práticas de policiamento comunitário também apresentam a criação ou participação em projetos de polícia comunitária como uma das práticas complementares aos respectivos conceitos operativos. Além disso, os projetos de polícia comunitária e, a consequente proximidade entre a PMMG e a comunidade, gera oportunidades para quesejam captadas situações comunitárias, por ocasião das atividades práticas desenvolvidas junto ao público alvo. As etapas do fluxo de processos de gerenciamento de projetos na PMMG, as quais incluem sua estruturação, atribuição de funções e responsabilidades, execução, checagens e balanços, entre outros, encontram-se devidamente descritas e padronizadas na Diretriz de Procedimentos para Gerenciamento de Projetos na PMMG e devem ser cumpridas pelos Comandantes locais e seu efetivo. Todavia, em complemento às prescrições normativas, é importante que os policiais militares utilizem tais momentos de interface com a comunidade, nas atividades dos projetos, para despertar a confiança, legitimidade e captar situações que demandarão respostas por parte da Corporação. Ressalta-se que há a diferença de projeto de polícia comunitária de projetos sociais. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 30 - ) 31 Os projetos sociais são iniciativas individuais ou coletivas que visam proporcionar a melhoria da qualidade de vida de pessoas e comunidades. Já os projetos de polícia comunitária são aqueles que visam resolver problemas relacionados a problemas de segurança pública. Ou seja, se o projeto não impacta na segurança pública local, é um projeto social, e não um projeto de polícia comunitária. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 31 - ) 32 6 MOBILIZAÇÃO SOCIAL Em termos conceituais, mobilização social pode ser compreendida como um processo comunicativo de interação que pressupõe a união de esforços em prol de propósitos comuns, almejados e decididos por todos os envolvidos (HENRIQUES, 2010; TORO; WERNECK, 2007). Por sua vez, este processo possui algumas características intrínsecas: participação em sentido amplo; ser duradouro e cotidiano; autonomia na participação dos atores envolvidos; comunicação como meio para compartilhar discursos, opiniões e informações e visão transformativa da realidade (TORO; WERNECK, 2007). Todavia, este processo de mobilização social é precedido da metodologia de coletivização, a qual pode ser compreendida como a proposição pública de um problema que alcance uma dimensão coletiva. Para isso, mostra-se necessário que haja um compartilhamento de percepções entre os membros de determinada comunidade, de forma que o problema seja percebido como algo que afeta a coletividade. Diante disso, forma-se o interesse público, em que as questões são apresentadas publicamente e percebidas como importantes (HENRIQUES, 2010). O interesse público, por sua vez, demandará uma comunicação planejada e bem direcionada, a qual possa despertar a atenção dos participantes e garantir legitimidade da defesa de determinada causa (MAFRA, 2006). A partir daí, o ambiente torna-se favorável ao processo de grupalização, o qual Henriques (2010) denomina como formação de grupos dispostos a participar na defesa da causa, da mobilização social e da manutenção de dimensões favoráveis à coletivização. A figura 4 apresenta uma ordenação lógica deste processo de mobilização social, a partir da coletivização da causa e grupalização. Entretanto, Henriques (2010) aponta que este processo é variável, pois é resultado de uma construção coletiva pouco previsível. Dessa forma, uma das setas bidirecionais aponta para a possibilidade dos envolvidos modificarem o status de participação e a visão acerca da mobilização. Já a comunicação, representada por outra seta bidirecional, envolve toda a trajetória do processo, num fluxo de informações e de relacionamentos entre os participantes. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 32 - ) 33 Figura 4 - Ordenação lógica do processo de mobilização social Fonte: Adaptada de Henriques, 2010; Mafra, 2006; Toro; Werneck, 2007. Outro entendimento importante do processo de mobilização social é a compreensão do nível de participação de cada um dos atores sociais envolvidos, o qual, segundo Henriques (2010), varia conforme seus interesses, convicções e percepções em relação à causa mobilizadora. Diante disso, o autor estabelece uma análise em vários níveis, os quais demonstram a natureza e a força de tais vínculos (Figura 5): Figura 5 - Escala de níveis de vinculação Fonte: Adaptada de Henriques, 2007. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 33 - ) 34 Estes níveis são apresentados sinteticamente da seguinte forma (HENRIQUES, 2007): a) Localização espacial: é o espaço real ou virtual onde se encontram os públicos abrangidos pelo universo de atuação do projeto mobilizador; b) Informação: refere-se ao acesso quantitativo e qualitativo de informações que as pessoas têm sobre a iniciativa de mobilização; c) Julgamento: é a formação de um juízo de valor, a partir de informações qualificadas, que gerem no imaginário das pessoas a intenção ou não de apoiar e legitimar a causa; d) Ação: os participantes atuam em prol dos objetivos da causa e a participação pode ser eventual ou ter um grau maior de envolvimento; e) Coesão: as ações deixam de ser fragmentadas e isoladas para ser interdependentes, constantes e conectadas, a fim de contribuir para os objetivos da causa; f) Continuidade: as ações realizadas têm um caráter contínuo e de permanência ao longo de uma maior trajetória temporal; g) Corresponsabilidade: envolve uma noção de solidariedade, em que os membros sentem-se responsáveis pelo êxito do projeto. Neste nível, os participantes assumem efetivo comprometimento em relação à causa, o que exige alto grau de idealismo, de força de vontade, mesmo em momentos de maior dificuldade, de baixa mobilização; h) Participação institucional: ocorre quando a causa estabelece um relacionamento contratual, como um convênio. Já em relação ao interesse na participação do processo de mobilização, Henriques (2007) apresenta três grandes blocos de públicos: beneficiados – é a população na área geográfica na qual opera o projeto (pessoas e instituições), seja qual for a sua extensão; legitimadores - é o grupo de pessoas ou instituições que, localizados dentro da área do projeto, não apenas se beneficiam dos seus resultados, mas, possuindo informações acerca de sua existência, são capazes de reconhecê-lo e julgá-lo útil e importante, podendo se converter em colaboradores diretos em qualquer tempo; geradores – é o grupo de pessoas ou instituições, que localizado na área do projeto, não apenas se beneficia dos seus resultados ou dispõe-se a legitimar a sua existência, mas efetivamente organiza e realiza ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 34 - ) 35 ações em nome do projeto. Os blocos de públicos são assim apresentados, conforme Figura 6: Figura 6 - Mapa Tridimensional dos Públicos Fonte: Adaptada de Henriques, 2007. Uma vez compreendido todo o formato do processo de mobilização social, mostra-se fundamental contextualizar a participação da PMMG. Segundo Henriques (2010), é importante que a polícia envolva-se em três questões centrais: - conheça a forma como a população mobiliza-se, como são desenvolvidos seus processos associativos; - assuma responsabilidade como facilitadora de um processo mobilizador junto aos cidadãos e instituições da sociedade civil. Para tanto, deve promover um formato dialógico com os atores sociais, ser transparente nas informações sobre as atividades desenvolvidas e compartilhar responsabilidades sobre a causa da segurança pública; - atue como mediadora junto a outros órgãos, pois a solução de diversos problemas não passa pela necessidade de intervenção policial. Portanto, cabe à PMMG assumir este papel institucional de contribuir ativamente para que a comunidade possa desenvolver seu potencial mobilizador. Dessa forma, terá umapostura ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 35 - ) 36 mais proativa, autônoma e empoderada em relação às causas e problemas de segurança pública. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante desta perspectiva, tem-se, então, que a Filosofia de Polícia Comunitária representa progresso, inovação e mudanças fundamentais na estrutura e na administração das organizações policiais. O policial passa a ser um solucionador de problemas, um prestador de serviço de caráter preventivo, mais do que um simples atendente reativo de chamadas de serviço. A filosofia de Polícia Comunitária oferece meios para o fortalecimento do processo de “empoderamento” dos cidadãos, no sentido de compartilharem entre si e a polícia a tarefa de planejar práticas para antecipar a eclosão do crime e o medo do crime. Neste sentido, esta filosofia: a) ultrapassa o simples atendimento de ocorrências e desenvolvimento de inquéritos, bem como a simples lida com as causas dos problemas; b) propõe uma mudança cultural na polícia, em que a população deixa de ser apenas fonte de informação e passa a ser parceira na solução dos problemas; c) reconhece que a polícia, por mais profissional e especializada que seja, não consegue lidar sozinha com o crime, a desordem e o medo do crime; d) alia o profissionalismo, a especialização e as técnicas de resolução de problemas, acrescentando um componente fundamental: o envolvimento da comunidade. Cabe ressaltar também, que Polícia Comunitária não é uma atividade especializada, particularizada, para servir somente algumas comunidades de cidadãos ordeiros, sem obedecer aos critérios técnicos ou científicos de policiamento. Da mesma forma, Polícia Comunitária também não é uma troca de favores e nem apoio financeiro ou logístico da comunidade para uma determinada corporação. A ideia central de Polícia Comunitária reside na possibilidade de propiciar uma aproximação dos profissionais de segurança junto à comunidade onde atuam, de modo a dar característica humana ao profissional de polícia, e não apenas um número de telefone ou ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 36 - ) 37 uma instalação física referencial. Para isto, realiza um amplo trabalho sistemático, planejado e detalhado. Portanto, para os efeitos da presente Diretriz, a Polícia Comunitária é uma filosofia de atuação adotada pela Polícia Militar de Minas Gerais entendida como a conjugação de todas as forças vivas da comunidade, marcada pela intensa participação da sociedade na identificação e resolução conjunta dos problemas afetos à Segurança Pública e comunitária. ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 37 - ) 38 8 PRESCRIÇÕES DIVERSAS 8.1 Os serviços e atividades referentes à Diretriz de Polícia Comunitária na Polícia Militar de Minas Gerais devem ser reportadas ao Comando-Geral que, em trabalho conjunto com a Diretoria de Apoio Operacional (DAOp) e Academia de Polícia Militar (APM), avaliará a viabilidade institucional e à exequibilidade operacional. 8.2 As grades curriculares dos diversos cursos da Polícia Militar de Minas Gerais, bem como no Treinamento Policial Básico (TPB) deverão ser adequadas à presente Diretriz a partir da sua publicação, de forma a contemplar as novas estratégias do Comando-Geral. 8.3 As diretrizes estabelecidas nesta norma não devem conflitar com as demais macroestratégias previstas pela PMMG. Nas situações conflituosas, o Comando-Geral deverá esclarecer as dúvidas por intermédio de norma complementar. 8.4 Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Diretriz n. 3.01.06/2011. Quartel em Belo Horizonte, 04 de junho de 2019. (a) GIOVANNE GOMES DA SILVA, CEL PM Comandante-Geral ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 38 - ) 39 REFERÊNCIAS AMORIM, Jorge Schorne de. Livro didático do Curso de Especialização em Polícia Comunitária da Unisul Virtual. Sistema Nacional de Segurança Pública. Palhoça, 2009. BRASIL. Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. CERQUEIRA, Carlos Magno Nazareth (Org.). Do patrulhamento ao policiamento comunitário. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2001. (Série Coleção Polícia Amanhã). COTTA, Francis Albert. Breve História da Polícia Militar de Minas Gerais. 2ª ed. Belo Horizonte, MG: Fino Traço, 2014. DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento Comunitário e Controle sobre a Polícia: a Experiência Norte-americana. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Lumen Juris, 2003. ESPÍRITO SANTO, Lúcio Emílio; MEIRELES, Amauri. Entendendo a nossa insegurança. 1. ed. 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( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 41 - ) 42 ( - SEPARATA DO BGPM Nº 42, DE 04 DE JUNHO DE 2019 - ) PÁGINA: ( - 42 - ) ( - Separata do BGPM Nº 42, de 04 de Junho de 2019 - ) Página: ( - 43 - ) GIOVANNE GOMES DA SILVA, CORONEL PM COMANDANTE-GERAL CONFERE COM O ORIGINAL: ADRIANA VALERIANO DE SOUZA, TEN CEL PM AJUDANTE-GERAL 1 INTRODUÇÃO 2 OBJETIVOS 2.1 Geral 2.2 Específicos 3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA POLÍCIA COMUNITÁRIA 3.1 Origem do Policiamento Comunitário 3.2 Polícia Comunitária no Brasil 3.3 Polícia Comunitária em Minas Gerais 4 A POLÍCIA COMUNITÁRIA E SEUS PRINCÍPIOS APLICADOS NA PMMG 4.1 Conceito 4.2 Os Princípios da Doutrina de Polícia Comunitária na PMMG 5 POLICIAMENTO COMUNITÁRIO E SUAS PRÁTICAS NA PMMG 5.1 Serviços de Policiamento Comunitário 5.2 Reuniões Comunitárias 5.3 Visitas Comunitárias 5.4 Contatos Comunitários 5.5 Projetos de Polícia Comunitária 6 MOBILIZAÇÃO SOCIAL 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 8 PRESCRIÇÕES DIVERSAS REFERÊNCIAS Capa.pdf 085b.pdf CAPÍTULO I CAPÍTULO II CAPÍTULO III CAPÍTULO IV Jornada de Trabalho do Quadro de Oficiais Capelães IV – Ciclos de empenho operacional: HOMOLOGAÇÃO DE RESULTADO FINAL DO CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS/ ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA - CAO/CESP NOME TRANSFERÊNCIA DE OFICIAL – INTERESSE PRÓPRIO ORDEM DO DIA DISPENSA DO SERVIÇO DISPENSA DO SERVIÇO JUSTIÇA E DISCIPLINA ELOGIO INDIVIDUAL Sem título