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Relatório de práticas 3

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE BELAS ARTES
CURSO DE CONSERVAÇÃO- RESTAURAÇÃO DE BENS CULTURAIS MÓVEIS
DISCIPLINA – TÓPICO PRÁTICOS EM CONSERVAÇÃO PREVENTIVA
Professor: Willi de Barros Gonçalves
AULA PRÁTICA N° 3: Uso de instrumentos de mensuração de radiação visível e ultravioleta
Alunas: Ellen Fernandes e Maya K. Bagnariol
Introdução
A luz do sol contém diferentes tipos de radiação, que são invisíveis ao olho humano, como os raios infravermelhos (IV) e raios ultravioleta (UV). A luz independente da sua quantidade provoca reações químicas ao longo do tempo. O enfoque é em quanto tempo vai se passar até que um dano se torne perceptível, ou seja a dose que vai receber.
 O monitoramento da luz, tanto natural quanto a artificial, em ambientes internos e externos das edificações que abrigam lugares de salvaguarda, reservas técnicas e exposições é de grande importância para a atuação da Conservação Preventiva de acervos e coleções. Um dos procedimentos de monitoramento à disposição do conservador- restaurador é o uso de luxímetros e medidores de luz ultravioleta para o recolhimento dos dados das variáveis ambientais relevantes para a manutenção de um espaço adequado para acervos e coleções. De certa maneira, a medida mais efetiva seria dispor as obras em um local escuro, mas isso vai contra o propósito dos bens culturais que é justamente de ficar em exposição.
Por fim, é essencial conhecer os procedimentos para a leitura e interpretação de dados, tal como selecionar e calibrar de forma adequada instrumentos, equipamentos de medição e softwares para a leitura, para que não haja erro de interpretação dos dados obtidos e que com isso o profissional não tome medidas que sejam ineficazes e podendo se tornar até danosas para a preservação e manutenção nos locais que abrigam acervos e coleções.
Objetivo
Capacitar o aluno a usar e compreender as limitações de instrumentos de medição de variáveis ambientais relevantes para a conservação preventiva; fazer e interpretar medições utilizando esses instrumentos, visando a identificação de condições adversas para a prevenção de bens culturais.
Material e Montagem
· Trena
· Luxímetro
· Medidor de luz ultravioleta
Figura 1:Medidor de luz ultravioleta 
Figura 2: Luxímetro
Procedimentos
1. Com o auxílio de uma trena, dividiu-se a sala em 6 pontos de medida a partir da janela.
2. Mediu-se a intensidade da iluminância radiação UV em cada ponto (figura 3) (tabela 1).
3. Mediu-se a iluminância e radiação UV na fachada do prédio da Escola de Belas Artes (EBA) (tabela 2).
4. Considerando a máxima iluminância interna medida, utilizou-se o “calculador de danos por foto-deterioração" para estimar o tempo de exposição necessário para produzir uma mudança de cor perceptível (ΔE= 1,6) em diversos pigmentos e meios (tabela 3).
Figura 3: Planta da sala em que foram coletados os dados de iluminância
Resultados
Tabela 1: Iluminância e proporção UV internas
	Medição
	Distância da janela (m)
	Iluminância
	Proporção UV/VIS (μW/lm)
	1
	0
	987
	1340
	2
	170
	107,46 (99,5 x 1,08)
	429
	3
	340
	39,96 (37 x 1,08)
	138
	4
	510
	22,68 (21 x 1,08)
	104
	5
	680
	14,04 (13 x 1,08)
	0*
	6
	850
	83,16 (77 x 1,08)
	0*
*O limite de detecção do aparelho é de 75 μW/lm
Tabela 2: Iluminância e proporção UV externas
	Data
	08/06/2022
	Horário
	10:44
	Iluminância
	3000
	Proporção UV/VIS
	1813
Parâmetros considerados para o preenchimento da tabela 3.
Iluminância interna máxima (lx): 1000 lx.
Tempo de exposição diária: 12 horas.
Dias por ano: 365.
Exposição ao UV? Sim.
Tabela 3: Tempo para mudança de cor perceptível (ΔE= 1,6) para diferentes coleções/corantes/pigmentos expostos à a máxima iluminância interna
	Tipo de coleção
	Corante/Pigmento
	Tempo de exposição (anos)
	Dose de iluminação (Mlx/h)
	Têxteis
	BLUE indigo carmine dye on wool
	0,085
(1 mês)
	0,37
	
	BLACK logwood on silk
	0,21
(2,5 meses)
	0,92
	
	RED madder on wool
	0,82
(10 meses)
	3,59
	
	BLUE índigo on wool heavy dyeing
	31
	135,78
	Pinturas a óleo, aquarelas e guaches
	RED carmine lake
	0,085
(1 mês)
	0,37
	
	RED alizarin
	1,29
	5,65
	
	BLUE ultramarine
	12,4
	54,31
	
	BROWN umber
	12,4
	54,31
	Gravuras, desenhos
	PURPLE/GRAY crystal violet
	0,054
(20 dias)
	0,24
	
	RED aniline
	0,52
(6 meses)
	2,28
	
	BLACK carbon
	12,2
	53,44
	
	BROWN umber
	12,4
	54,31
*Parâmetros utilizados: iluminância de 1000 lx, 12h de exposição diária, 365 dias por ano com exposição ao UV.
Conclusões
Para a garantia de um desenvolvimento efetivo de um programa preventivo para promover a proteção do patrimônio, é necessário uma política abrangente de gestão de riscos.
Um objeto irradiado por uma fonte de energia luminosa contínua é capaz de refletir, absorver, emitir e transmitir, causando danos irreversíveis ao mesmo. A radiação UV tem uma frequência mais alta do que a IV, isso mostra que os objetos que recebem são expostos aos raios UV recebem mais energia em uma quantidade de tempo menor. A luz visível também tem a capacidade de causar danos, mas a radiação ultravioleta emite cinco vezes mais radiação do que a da luz visível. Diversos autores analisam os efeitos e os danos e as possibilidades de suavizar a deterioração, o que ajuda a definir categorias de suscetibilidade de materiais relevantes para as normas ISO.
De todos os parâmetros ambientais que comprometem museus e coleções, a iluminação sem dúvida é o mais complexo e o único que o observador vai se interessar em um primeiro olhar. Gerir este parâmetro combinando com a preservação e experiência dos visitantes, requer uma interdisciplinaridade em todo o campo da conservação, que inclui aspectos complexos de percepção e apresentação visual, bem como novas técnicas de iluminação.
Desde 1980, a inspeção de todos os aspectos da iluminação nos museus vêm se tornando cada vez mais importantes. Uma avaliação criteriosa de monitoramento e leitura dos registros aliada ao pensamento gerencial equilibram a preservação com a experiência. Logo, o foco na leitura visual da obra deve incluir a adaptação de todos os tipos como a diferença de cor,.
Com este trabalho vemos que alguns pigmentos são mais fotossensíveis do que outros sendo mais suscetíveis a maiores degradações a sensibilidade ao contraste e visualização de pequenos detalhes para a melhor experiência possível para os visitantes do museu são na maioria das vezes os causadores de deterioração e alteração de tonalidade dos pigmentos. Como demonstra a tabela acima o Purple/gray crystal violet é o mais sensível a exposição tendo uma degradação perceptível com 20 dias exposto à a máxima iluminância interna o que vai demorar mais para se perceber essa mudança será o blue índigo on wool heavy dyeing levando um total de 31 anos para sua degradação ser perceptível.
Em suma, entendemos a fotossensibilidade dos materiais, a distribuição da energia espectral das fontes de luz, e temos tecnologia e equipamentos para auxiliar na medição e controle. O desafio é conciliar as tipologias de materiais com sua sensibilidade e visibilidade dos objetos, características de iluminação, arquitetura, as necessidades e exigências do público e, sobretudo, o orçamento e missão do museu.
Referências
DRUZIK, James; ESHØJ, Bent. Museum lighting:: its past and future development. In: MUSEUM MICROCLIMATES, 1., 2007, Copenhagen. Contribuitions to the conference. Copenhagen: Nationalmuseet, 2007. p. 51-56.
SOLANO, Nelson. Iluminação de Museus: critérios da luz natural e artificial. Disponível em: https://drive.google.com/drive/folders/1ZdoD35zUljJW_gSbkU223UxkkWtxItGH
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