Prévia do material em texto
REIDNER VINICIUS DE OLIVEIRA; GIULIANO ANTUNES DA SILVA FILHO MINISTÉRIO PÚBLICO E A TUTELA DE DIREITOS INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS Paranaíba-MS 2020 FACULDADES INTEGRADAS DE PARANAÍBA CEVITA – Centro Educacional Visconde de Taunay Rua Machine de Queiroz, 270 - Jardim Redentora, Paranaíba MS - (67) 3668.1945 http://www.fipar.edu.brsecretaria@fipar.edu.br CURSO DE BACHARELADO DE DIREITO http://www.fipar.edu.br/ mailto:secretaria@fipar.edu.br REIDNER VINICIUS DE OLIVEIRA; GIULIANO ANTUNES DA SILVA FILHO MINISTÉRIO PÚBLICO E A TUTELA DE DIREITOS INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS Trabalho apresentado às Faculdades Integradas de Paranaíba – FIPAR, como exigência parcial da disciplina de Direito Processo Civil II, 5º semestre de Direito sob a orientação da professora Rilker Dutra De Oliveira. Paranaíba-MS 2020 MINISTÉRIO PÚBLICO E A TUTELA DE DIREITOS INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS Reidner Vinicius de Oliveira (reidnervini@hotmail.com) Giuliano Antunes da Silva Filho (giulianinhotutu@gmail.com) RESUMO O presente trabalho busca trabalhar sobre o Ministério Público primeiramente de um modo geral e posteriormente trabalhando com suas peculiaridades como seus princípios e funções institucionais. Ainda dessa forma, busca-se trabalhar de acordo com o que fora pedido no trabalho, falar sobre a tutela dos direitos individuais indisponíveis por parte do Ministério Público. Dessa forma, buscaremos primeiramente trabalhar com o que se entende por direitos individuais indisponíveis para que por fim demonstremos se é possível, portanto, que o Ministério Público seja legitimado para pleitear uma ação visando reparar uma lesão sofrida em tal direito. A metodologia utilizada para o trabalho fora através de leitura e pesquisa em artigos científicos sobre o tema, além de pesquisas no Código de Processo Civil e em lei especifica sobre perícia. Palavras – chave: Ministério Público. Direito Individual Indisponível. Processo Civil. 3 1. INTODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo tratar acerca do órgão Ministério Público e da tutela dos direitos individuais indisponíveis. Primeiramente, tratar-se-á de alguns aspectos breves sobre o Ministério Público como um todo. Assim, buscar-se-á conceituá-lo previamente, demonstrar sua previsão legal, falar sobre a forma de atuação e a maneira em que está enquadrado no atual ordenamento jurídico brasileiro. Depois, falar-se-á sobre os princípios inerentes ao Ministério Público bem como as funções institucionais que estão dispostas no Ministério Público e que norteiam o funcionamento do mesmo utilizando como base o texto da lei e também autores que tratam de maneira eficiente sobre o assunto, de forma a demonstrar como se portam no contexto democrático brasileiro e sua importância para o ordenamento jurídico. Posteriormente, será feita uma contextualização dos direitos individuais homogêneos e indisponíveis. Assim, conceitos que possam explicar a maneira como os referidos direitos se diferem, bem como será trabalhado de que forma se dá a atuação do Ministério Público em ações movidas em busca de se reparar um dano ocorrido contra um titular desses direitos e assim, estabelecer qual é o papel do MP frente essas lesões sucedidas. Por fim, trabalhar-se-á com a possibilidade de o Ministério Público ser legitimado para tutelar os direitos individuais indisponíveis previamente tratados e se possível quais os limites estabelecidos para que ocorra essa atuação por parte do Ministério Público. 4 2. MINISTÉRIO PÚBLICO: Breves considerações O Ministério Público Brasileiro, é descrito como um órgão do ordenamento jurídico brasileiro muito importante e independente, sendo considerado dessa forma como um dos pilares da justiça e tem como base desenvolver uma jurisdição pautada na imparcialidade. No processo civil por exemplo, o Ministério Público tem como função tutelar o interesse público, compreendendo os direitos sociais, e individuais indisponíveis que falaremos em momento oportuno e a ordem jurídica seja na relação processual ou nos procedimentos de jurisdição voluntária. No processo civil, portanto, o Ministério Público atua como parte ou como fiscal da lei, conforme suas atribuições institucionais. Fato é, o Ministério Público figura não somente como mero acusador ou órgão defensor do Estado, e sim, como instituição permanente, conforme a próprio Constituição Federal de 1988 demonstra. É, portanto, essencial à função jurisdicional. Não obstante o papel do Ministério Público foi, ao longo dos anos, pauta de discussão dos mais diversos estudiosos do direito como um todo. A preocupação em se estabelecer se o MP faria parte de algum dos três poderes já estabelecidos ou se o mesmo constituiria um quarto poder, à parte. Como dito, o Ministério Público é um órgão independente. Não está vinculado com nenhum dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), podendo assim realizar uma atividade de investigação do poder, como veremos em momento oportuno. Sobre isso, BURLE FILHO (1989 apud MIRABETE 1991, p. 314) diz: Pode-se concluir que o Ministério Público faz parte do Poder Estatal que, como se viu, é UNO, sem, contudo, ligar-se a qualquer um dos três Poderes Públicos, dada a posição adotada pela Constituição de 1988, que o alçou de vez e em última instância, como função independente. [...] Fábio Konder Comparato (2001, p. 63) traz ‘‘Ora, no Estado contemporâneo, o Ministério Público exerce, de certo modo, esse poder impediente, pela atribuição constitucional que lhe foi dada de impugnar em juízo os atos dos demais Poderes, contrários à ordem jurídica e ao regime democrático.’’ 5 O Ministério Público possui não só princípios institucionais inerentes ao seu funcionamento, mas também funções específicas, que, assim como determinar seu local de constituição no ordenamento jurídico, também perpassou por diversas polêmicas ao longo dos anos. Falaremos de tais princípios em sequência. 3. PRINCÍPIOS E FUNÇÕES INSTITUCIONAIS QUE NORTEIAM MINISTÉRIO PÚBLICO Os princípios institucionais do Ministério Público que veremos a seguir, estão elencados no texto constitucional brasileiro. Mais precisamente estes princípios encontram-se expressos no parágrafo primeiro do art. 127 da Constituição. O referido dispositivo traduz que, ‘‘§ 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.’’ (BRASIL, 1988, art. 127, ‘‘§ 1º). Trataremos a seguir sobre os princípios em questão. Primeiro, no que diz respeito ao princípio da unidade, o mesmo pressupõe a ideia de que todos os membros do Ministério Público fazem parte do mesmo órgão. Ou seja, a subdivisão que existe categorizando o Ministério Público Federal, do Trabalho, do Distrito Federal e dos Estados é meramente funcional. Essa divisão existente, portanto, é parte da forma federativa do Estado brasileiro de acordo com as prioridades institucionais do parquet. A atuação é definida de acordo com a competência. Já no que tange ao princípio da indivisibilidade, esse se traduz como a possibilidade de um membro ser substituído por outro sem que haja dessa maneira vício de competência, caso seja efetivada conforme a lei dispõe, uma vez que a figura presente na relação processual é o Ministério Público, sendo indiferente caso haja a troca da pessoa do promotor. O princípio da Independência Funcional tem como escopo garantir imunidade ao MP em caso de pressões externas de outros órgãos estatais, ou seja, garantir que o Ministério Público tenha liberdade para agir em concordância com sua convicção jurídica.6 Não sendo obrigado então a ceder por tais pressões, nem mesmo de órgãos de administração superior. Princípio mais importante da Instituição, a independência funcional preconiza que os membros do Parquet, no desempenho de suas atividades, não estão subordinados a nenhum órgão ou poder, mas somente à sua consciência, devendo sempre fundamentar suas atuações processuais. (JATAHY, 2008, pg.131) Salienta-se, contudo, que essa independência ou autonomia funcional não confere ao MP a palavra final em casos em que há determinados interesses socias. Já as funções institucionais do MP estão expressas no art. 129 da Carta Magna em rol exemplificativo: Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - Zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias à sua garantia; III - Promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - Promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - Defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - Expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - Exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - Exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. (BRASIL, 1988, art. 129) Esse rol exemplificativo demonstra, portanto, a atuação do MP na defesa dos interesses sociais. 7 A respeito do controle externo da atividade policial, é sabido que essa função adentrou o texto por força da LC 75/93. Ela diz respeito sobre a função que cabe ao MP de exercer o controle verificando falhas na atividade das policias civis e militar, evitando abuso de poder por parte de tais instituições no decorrer da persecução criminal. O controle externo da atividade policial ganhou mais força através do Conselho Nacional do Ministério Público, este criado por força da EC 45/04, e assim trouxe maior eficácia através de investigações e disponibilização de todo o panorama das prisões e do trabalho policial como um todo, nas delegacias, dados sobre os bens apreendidos e etc de forma a estabelecer um sistema de segurança mais preparado e eficaz. As informações levantadas neste relatório permitem otimizar os esforços demandados dos membros da instituição para lidar com os problemas específicos do contexto da atividade policial, em especial as condições físicas, estruturais e de pessoal das Delegacias de Polícia Estaduais e Federais em todo o País. (CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, 2017, p. 17) Em todo o caso, o que se busca explicar a respeito das referidas funções institucionais por parte do Ministério Público é que as mesmas estão em concordância com as dimensões do direito, abrangendo assim o contexto social, político e econômico obedecendo o projeto democrático conforme o que se estabelece na Constituição Federal. Sendo assim, juntamente com os princípios que norteiam o Ministério Público conseguem desempenhar uma competência fiscalizatória com grande importância para as tutelas dos direitos difusos, coletivos, de associações. Essa ligação entre os princípios e as funções institucionais do MP são também, dessa forma, responsáveis pela proteção dos direitos individuais homogêneos e indisponíveis. 4. DOS DIREITOS INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS Como dito anteriormente, por força da Carta Magna, o Ministério Público trabalha nos interesses sociais e também dos individuais indisponíveis. Mas o que se entende por interesses ou direitos individuais indisponíveis é o que se pretende explanar a seguir. 8 Primeiro, falando sobre uma lesão aos direitos individuais homogêneos, que encontram previsão no art. 91 do CDC, colocaremos tal lesão como de origem comum e dessa forma há comunhão entre os integrantes por conta do dano ocorrido. De tal maneira, como o dano reflete em todos os envolvidos, estes poderiam, portanto, tratar em uma só ação de forma coletiva ainda que os danos tenham sido sofridos de forma isolada. Trabalhada a ação dessa forma, se evitará uma desarmonia do entendimento judicial, de forma que diferentes decisões sejam tomadas que sejam consideradas contraditórias levando em conta o mesmo dano ou os mesmos fatos ocorridos, bem como preconiza a celeridade processual e economia. De acordo com GRINOVER, MENDES e WANATABE (2007, p. 35) podemos entender os direitos individuais homogêneos como ‘‘ [...] direitos subjetivos pertencentes a titulares diversos, mas oriundos da mesma causa fática ou jurídica, o que lhes confere grau de afinidade suficiente para permitir a sua tutela jurisdicional de forma conjunta”. Para Nery Júnior e Andrade Nery (2003, p. 813): [...] direitos individuais cujo titular é perfeitamente identificável e cujo objeto é divisível e cindível. O que caracteriza um direito individual comum como homogêneo é a sua origem comum. A grande novidade trazida pelo CDC no particular foi permitir que esses direitos individuais pudessem ser defendidos coletivamente em juízo. Partindo disso, podemos classificar os direitos individuais indisponíveis de modo contrário. Enquanto há na ação pelo direito individual homogêneo uma aglutinação com vários integrantes pleiteando uma demanda com origem comum, nos direitos individuais indisponíveis há um indivíduo figurando no polo passivo com um direito traduzido como de interesse público ao qual não poderá dispor, abrir mão. Exemplo de direito individual indisponível, de acordo com entendimentos doutrinários seria o direito à vida, por exemplo, mas não só dessa maneira poderia o Ministério Público ser legitimado a interpor uma ação visando tutelar um direito individual indisponível como veremos mais a frente. 9 Sabidamente, tratando-se de direitos individuais, a regra é a livre disposição. A indisponibilidade apresenta-se como exceção, que só se justifica em face da presença de superiores razões de ordem pública que, tanto sob o prisma jurídico quanto sob o ponto de vista ético ou político, transcendem o interesse do titular do direito ou da pessoa que o represente — e cuja manutenção se insere no contexto dos valores que informam a proposta política da própria sociedade, a destacar a justiça e a paz social, já que a titularidade, no caso, não decorre de um ato de vontade da pessoa que a detém, mas de circunstância externa que foge ao seu controle. (ALBERTON, 2014, p. 11) De tal maneira, podemos reafirmar que o Ministério Público é a instituição responsável por resguardar o interesse público no processo que não é simples da sociedade. Ele deve cuidar para que no decorrer do processo o tratamento adequado em conflitos seja cuidado no exercício da jurisdição. Assim, defender uma tutela de direitos individuais indisponíveis por parte do Ministério Público então, é tomar como base a fundamentação de que o mesmo deve preconizar o interesse público de acordo com a relevância social do direito exigido pelo autor, fazendo com que o Estado seja obrigado a defender esse bem. Sobre os direitos individuais homogêneos, a doutrina entende que estes poderão ser objeto de tutela por partedo MP, por meio de ação coletiva e também caso haja interesse social relevante. 5. MINISTÉRIO PÚBLICO E A TUTELA DE DIREITOS INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS No que diz respeito à tutela que visam os interesses individuais indisponíveis, essa encontra previsão no art. 127 da Constituição Federal 1988 e no art. 1o da LC 75/93 c/c art. 1o LOMP/93. Todavia, os limites de atuação do Ministério Público quanto a isso não estão devidamente estabelecidos de forma que se considera buscar o que é um direito indisponível. A tutela de direitos nesse aspecto visa proteger o interesse de todo e qualquer indivíduo cujo bem seja considerado de grande interesse público, e assim, indisponível. Dessa forma, cabe dizer que a tutela de direito individual e indisponível não possui somente uma visão meramente de proteção a grupos vulneráveis, não que esses não 10 sejam titulares, mas sim que não se restringe somente a tal pedido, sendo muito mais amplo o que se entende por direito de interesse público. Diante da indisponibilidade do direito, tem-se que o Ministério Público deve atuar no sentido de que a disposição não se opere. É a forma de defendê-lo, conforme preconizado pela Constituição. No caso, a motivação não é o patrocínio de interesse privado individual (muito embora, a partir da Carta de 1988, este esteja circunstancialmente autorizado26), mas a salvaguarda do interesse público consistente na manutenção do interesse no domínio de seu titular. (ALBERTON, 2014, p. 12) No que diz respeito aos limites, e aqui, cabe citar de maneira superficial, Alberton (2014, p. 14) traz: Se por justificável razão não lhe for possível, como fiscal da lei, patrocinar a defesa do direito ou interesse indisponível objeto da lide, pode até reduzir sua intervenção a singelo pronunciamento de cunho meramente formal, mas soa de plausibilidade duvidosa pugnar pelo não reconhecimento daquele direito ou interesse, erigindo-se em assistente do titular de direito cuja defesa não lhe foi legalmente confiada. Cumpre observar que cada instituição tem seus domínios e compromissos delimitados. E, para defender direitos e interesses disponíveis, foram qualificados expressamente a Advocacia e a Defensoria Pública. Nas causas em que há interesses de incapazes, Dinamarco (2002, p. 431) diz: [...] o Ministério Público intervém par ajudá-los e é, portanto, seu assistente — tendo portanto o dever de atuar sempre no interesse desses assistidos, sendo ilegítima e constituindo desvio funcional a emissão de parecer contra eles, interposição de recurso contra decisões ou sentenças que os favoreçam etc. Por isso, não há nulidade a cominar quando o Ministério Público deixa de oficiar em tais causas e o sujeito a quem prestaria assistência obtém vitória, uma vez que o objetivo da ajuda omitida foi atingido: pas de nullité sans grief (Grifo original). Exemplo, portanto, de uma demanda que seria considerada como direito indisponível e estaria o Ministério Público legitimado a pleitear ação seria o direito à saúde, sendo demandada por um indivíduo apenas mas que seja considerada como de grande relevância pública, de modo que essa encontra-se ligada com o direito fundamental que é a vida. 11 Dessa forma, pensando no que diz respeito ao se considerar o direito à saúde como uma extensão ao direito à vida e dessa forma, como um direito individual indisponpivel, cabe citar nesse momento jurisprudências que se demonstram importantes para entendermos a tutela de direitos indisponíveis pelo Ministério Público. Ementa: RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. PESSOA IDOSA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 1. Este Tribunal Superior possui entendimento pacífico no sentido de que o Ministério Público é parte legítima para propor ação civil pública, com o objetivo de tutelar direitos individuais indisponíveis. 2. O direito à vida e à saúde são direitos individuais indisponíveis, motivo pelo qual o Ministério Público é parte legítima para ajuizar ação civil pública visando o fornecimento de medicamentos de uso contínuo. (q.v., verbi gratia, EREsp 718.393/RS, Rel. Ministra Denise Arruda, PRIMEIRA SEÇÃO, DJ 15.10.2007). Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. TUTELA ANTECIPADA. MEDICAMENTO. DIREITO ÀSAÚDE. DIREITOS INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS. MULTA PECUNICÁRIA. MANUTENÇÃO. -Tanto os Estados quanto os Municípios são responsáveis pelo fornecimento de tratamento médico, para os casos em que o pedido estiver embasado em prescrição médica indicativa da patologia e evidenciada a impossibilidade do necessitado em custear o tratamento. (TJ-MG - AI: 10349120024667001 MG, Relator: Antônio Sérvulo, Data de Julgamento: 11/06/2013, Câmaras Cíveis / 6ª CÂMARA CÍVEL. Data de Publicação: 21/06/2013.) Dessa forma, podemos compreender que em demandas em que não seja possível o indivíduo ter assegurado aquele direito que está pedindo e comprovado que se trata de um direito indisponível cabe ao órgão requerer a devida prestação. Isso tira a ideia da qual falamos anteriormente de que os direitos considerados individuais e indisponíveis dizem respeito meramente a uma ideia de direitos fundamentais que visam proteger os grupos vulneráveis como crianças e idosos, por exemplo. 12 É o que se encontra demonstrado pela referida jurisprudência. Ou seja, tais direito são de certa maneira mais universalizados, cabendo fazer uma proteção a todos os indivíduos observando os limites corretos. Em todo caso, se demonstrado que um direito possa ser considerado como uma extensão de um direito individual indisponível, podemos ter a atuação do Ministério Público de forma a exigir que esse direito seja de fato exigido em uma possível reparação por parte dos entes federativos. 13 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, podemos concluir que o Ministério Público tem grande papel no que diz respeito a tutela direitos considerados individuais e indisponíveis, ainda que existam parâmetros que devam ser levados em consideração para estabelecer a atuação do MP nesses casos. Fato é, agindo o Ministério Público diretamente na tutela desses direitos, é uma forma a tornar eficaz essas demandas de interesse público para demonstrar que o ordenamento jurídico se preocupa com isso de fato uma vez que é considerado como função institucional pelo mesmo. De tal forma, também é possível, dentre outras coisas, assegurar a ordem pública. Assim, em concordância no que se pede a Constituição Federal quanto a igualdade, estabelecer a atuação do Ministério Público nesses casos demonstra que o acesso à justiça pode ser eficaz, quando então os indivíduos possuem o devido acesso à justiça, com celeridade, e o MP atuando como um instrumento capaz de obrigar que os entes federativos cumpram uma demanda individual mas de interesse público que seja para concretizar um direito individual previsto na Carta Magna. 14 REFERÊNCIAS BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. COMPARATO, Fábio Konder. O Ministério Público na defesa dos direitos econômicos, sociais e culturais. Belo Horizonte: Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, n. 40, jul/dez 2001, p. 63. CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. BRASIL. Ministério Público. O Ministério Público e o Controle Externo da Atividade Policial. 2017. Disponível em: <https://www.cnmp.mp.br/portal/images/Livro_controle_externo_da_atividade_policial_i nternet.pdf.> Acesso em: 15 jun. 2020. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, vol. I 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 683. GRINOVER, Ada Pellegrini et al.Código brasileiro de defesa do consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, p. 800. GRINOVER, Ada Pellegrini; MENDES, Aluisio Gonçalves de Castro; WATANABE, Kazuo. Direito processual coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. [S.l: s.n.], 2007.SILVA, Caroline O.; A perícia contábil na teoria e na prática. Porto Alegre, UFRGS, 2010. NERY JÚNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Maria de. Código de processo civil comentado e legislação extravagante. 7ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003, p. 813. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo penal. São Paulo: Atlas, 1991. 15