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O Padrão Ouro O Padrão Ouro: Funcionamento uA mais influente e conhecida exposição teórica do mecanismo do padrão ouro é o Modelo de Fluxo de Moedas Metálicas de David Hume; uPersistência até os dias atuais como uma abordagem predominante neste tipo de análise. O Padrão Ouro: Funcionamento u Por que? uAdota premissas simplificadoras; uRefere-se a um mundo em que circulariam apenas moedas de ouro; uO papel dos bancos é desprezível; uToda vez que uma mercadoria er exportada, o exportador recebia em ouro, levando-o à casa da moeda para cunhagem. O Padrão Ouro: Funcionamento u Déficit comercial: uAs importações de mercadorias superam as exportações, soferndo o país uma perda de ouro, o que desencadeia uma sequência de eventos autocorretivos; uSuposição d eum mecanismo automático autocorretivo dos desvios do equilíbrio. O Padrão Ouro: Funcionamento u Déficit comercial: uCom menos moeda circulando internamente, o país deficitário registrava uma queda dos preços e o inverso ocorreria no país superavitário; uFluxo de espécie: uProduz uma alteração nos preços relativos, elevando a quantidade demanda dos produtos importados no país superavitário. O Padrão Ouro: Funcionamento u Déficit comercial: uAs exportações do país deficitário começam a crescer, diminuindo as importações até que o desequilíbrio comercial fosse eliminado; uTrata-se de um mecanismo automático de estabililzação com destaque a ajustes dos preços relativos e à movimentações dos fluxos de metal. O Padrão Ouro: Funcionamento u À medida que os mercados e instituições financeiras evoluíram, o Modelo de Hume tornou- se uma representação cada vez mais parcial do funcionamento do padrão ouro; u Como atualizar o Modelo de Hume para o final do século XIX? u Seria possível fazer isso? O Padrão Ouro: Funcionamento u Era necessária a incorporação de dois aspectos presentes nos mercados por volta desse período: u Fluxos de capitais internacionais: com frequência eram substancialmente mais elevados do que os fluxos de mercadorias; u O Modelo de Hume não previa as reservas internacionais de ouro na escala em que passaram a ocorrer. O Padrão Ouro: Funcionamento u Versão Cunliffe do Modelo (1919): u Vamos admitir um mundo onde circula papel moeda em vez de moeda de ouro, ou circulava paralelamente a este; u O banco central está sempre apto a converter dinheiro em ouro; u Quando um país incorre em um déficit comercial, cobriria a diferença na sua moeda, terminando esse dinheiro nas mãos de comerciantes do país superavitário. O Padrão Ouro: Funcionamento u Versão Cunliffe do Modelo (1919): u O que fazer com esse dinheiro? uApresentá-lo ao banco central do país deficitário para conversão em ouro para posterior conversão na moeda do país superavitário: u A oferta de moeda diminui no país deficitário; u A oferta de moeda cresce no país superavitário; u O ajuste ocorre por meio de alterações nos preços relativos. O Padrão Ouro: Funcionamento u Versão Cunliffe do Modelo (1919): u Diferença: o meio circulante que iniciou o processo assumiu a forma de papel moeda e o ouro, invés de sair de circulação no país deficitário, para circular no país superavitário era transferido de um banco central a outro; u Essa versão do modelo continuava a prever, em conflito com a realidade, um volume substancial de transações em ouro. O Padrão Ouro: Funcionamento u Versão Cunliffe do Modelo (1919): u Como eliminar essa discrepância? u Introduzir outras ações por parte dos bancos centrais; u Quando ocorre um déficit comercial e se verifica perda de ouro, o banco central intervém acelerando o processo de ajuste do meio circulante; u A redução do meio circulante ocorre pela intervenção do banco central, exercendo pressão nos preços para baixo, elevando a competitividade das mercadorias domésticas, o que diminui o déficit com a mesma eficácia de uma saída de ouro do país. O Padrão Ouro: Funcionamento u Versão Cunliffe do Modelo (1919): u Instrumento utilizado: uTaxa de redesconto uOperações de mercado aberto: u Venda de títulos do portfólio do banco central; u Raras nesse contexto; u Incapacidade dos bancos centrais influenciarem os mercados e inexistência de anonimato. O Padrão Ouro: Funcionamento u Versão Cunliffe do Modelo (1919): u Por meio da manipulação da taxa de redesconto, o banco central pode interferir no volume de crédito doméstico; u O banco central pode elevar ou reduzir a disponibilidade de crédito para restaurar o equilíbrio do balanço de pagamentos sem que seja necessário realizar transferências de ouro; u As taxas de redesconto podem atrair capitais e reduzir a perda de ouro. Aspectos do Padrão Ouro u Instituição típica de um momento histórico: u Como era possível obter um ajuste no balanço de pagamentos na ausência de fluxos significativos de ouro, se não fosse por meio de rigorosa fidelidade às “regras do jogo”? u O sistema era uma instituição socialmente construída, dependendo sua credibilidade dos contextos político, econômico e social em que operava; u Expressão de Keynes (1925). Aspectos do Padrão Ouro u Instituição típica de um momento histórico: u Prioridade dos governos atribuída à manutenção da conversibilidade no período anterior à guerra; u Inglaterra, França e Alemanha fariam o que fosse necessário para defender as reservas de ouro de seus bancos centrais, mantendo a conversibilidade de suas moedas; u Como não havia uma teoria coerente que relacionava a política de um banco central e a Economia, logo haveria discordâncias quanto ao nível das taxas de juros; isto é,, se agravavam ou não o desemprego. Aspectos do Padrão Ouro u Instituição típica de um momento histórico: u Não havia como subordinar a estabilidade da moeda ao outros objetivos; u Os bancos centrais podiam afastar-se das regras do jogo no curto prazo porque seus compromissos em relação à manutenção da conversibilidade em ouro gozava de credibilidade no longo prazo; u No curto prazo a aquisição da moeda em desvalorização continuava, pois havia a confiança na manutenção da taxa de conversibilidade no longo prazo. Aspectos do Padrão Ouro u Construção de uma solidariedade internacional: u Vamos admitir que nesse contexto, um país decida elevar a sua taxa de redesconto, atraindo mais capitais financeiros; u Ao elevar a taxa de redesconto, atrai mais capitais e mais reservas em ouro, debilitando os balanços de pagamento dos demais países de onde saíram os capitais e o ouro; u Possível que se desencadeasse uma onda de elevações nas taxas de redesconto praticadas por outros bancos centrais. Aspectos do Padrão Ouro u Construção de uma solidariedade internacional: u Evidência empírica: u Bloomfield (1959) documenta a ascensão e queda simultânea das taxas de redesconto nas duas décadas anteriores à guerra; u Ideal: u Algum banco central deveria assumir a responsabilidade pelo nível comum de taxa de redesconto; u Por que? u Qual banco central? Aspectos do Padrão Ouro u Construção de uma solidariedade internacional: u Por que? u Deveria ser elevado quando as economias seguissem para o superaquecimento; u Reduzido quando pairassem ameaças de uma recessão mundial; u Ajuste adotado simultaneamente por diversos bancos centrais; u Sinalizador: u Banco da Inglaterra. Aspectos do Padrão Ouro u Construção de uma solidariedade internacional: u Necessidade do ajuste: uSinalizada por uma elevação nas reservas e os meios de pagamento, porque as moedas de ouro saem de circulação, entrando nos cofres dos bancos centrais; uLogo, as reservas crescem em relação aos depósitos e outras obrigações em consequência da queda da atividade econômica; uOutro sinal para o ajuste é a taxa de juros. Aspectos do Padrão Ouro u Construção de uma solidariedade internacional: u Crise do Banco Barings em 1890. O banco da Inglaterra foi socorrido pelo Banco da França e pelo Banco Estatal Russo: u O Banco Barings concedeuempréstimos à Argentina, que não foram honrados. u Episódio que marcou a necessidade de uma solidariedade para dar sustentação ao padrão ouro em momentos de crise; u Construção de medidas cooperativas visando preservar o sistema tornaram-se cada vez mais comuns; u Contradição à visão do padrão ouro enquanto um sistema atomizado. Aspectos do Padrão Ouro u Instabilidade na periferia: u Os resultados foram menos satisfatórios fora do centro europeu onde se adotou o padrão ouro; u A grande maioria dos problemas enfrentados pelos países periféricos são atribuídos ao fato de que essa prática raramente alcançava esses países; u O Banco da Inglaterra tinha a relevância necessária para cobrar ajuda externa nos momentos de necessidade; u Os problemas na periferia não colocavam em risco a estabilidade sistêmica. Aspectos do Padrão Ouro u Instabilidade na periferia: u Por que? u Inexistência de bancos centrais; u Sistemas bancários frágeis e vulneráveis a choques; u Sujeição a abalos excepcionalmente fortes nos preços dos produtos exportados por esses países no mercado; u Efeitos desestabilizadores das alterações nos fluxos de capitais internacionais; u Particular configuração de fatores sociais e políticos que davam suporte à operacionalidade do padrão ouro na Europa e funcionavam com menor eficácia em outras regiões. Aspectos do Padrão Ouro u Estabilidade do sistema: u Circunstâncias econômicas: u A posição singular da Inglaterra na economia mundial protegeu seu balanço de pagamentos contra choques e abriu espaço para que a libra esterlina ancorasse o sistema internacional: u Concessões de empréstimos em libras; u Exportações de bens de capital aos países em que esses capitais eram investidos; u Mecanismo de estabilização das contas externas. Aspectos do Padrão Ouro u Estabilidade do sistema: u Circunstâncias políticas: u Isolamento singular desfrutado pelas autoridades monetárias: u Fato que permitiu que as mesmas se comprometessem com a conversibilidade da moeda em ouro; u Acima de qualquer outro objetivo, garantindo excessiva confiança ao sistema; u Acima até mesmo de preocupações com as taxas de desemprego. Aspectos do Padrão Ouro u Estabilidade do sistema: u Circunstâncias políticas: u Ocorrências políticas: u Ampliação dos direitos de cidadania e surgimento de partidos políticos operários acenaram com a possibilidade de contestação política às autoridades monetárias; u Atribuição exclusiva à conversibilidade; u Principalmente após o final da primeira década do século XX.