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Gestão de Resíduos e Inventário Ambiental

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ANÁLISE AMBIENTAL E 
GESTÃO DE RESÍDUOS 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Adriana Helfenberger Coleto Assis 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O objetivo geral desta aula é mostrar que o envolvimento de todas as 
pessoas e todos os setores é essencial em uma sociedade ambientalmente 
responsável. Também desejamos evidenciar que as ações individuais de cada 
município, estado ou país têm reflexo em todos os espaços geográficos e sociais 
do planeta. 
Serão aplicados conceitos e definições estabelecendo a inter-relação 
entre os aspectos sociais e econômicos, mostrando que só é possível modificar 
a atual condição ambiental por meio de esforços maciços focados na educação 
e por meio do respeito e valorização dos profissionais que trabalham com 
reciclagem, por muitos, considerados apenas coadjuvantes no Sistema de 
Gerenciamento de Resíduos. 
TEMA 1 – INVENTÁRIO AMBIENTAL 
Em síntese, o governo federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente 
(MMA) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis (IBAMA), desenvolveu um programa para caracterizar os resíduos 
industriais por meio de um inventário nacional, com intuito de traçar e 
desenvolver uma política de atuação para reduzir a produção e destinação 
inadequada de resíduos perigosos. 
Fundamentada nas disposições do art. 17, inciso II, da Lei n. 6.938/81, e 
suas alterações, foi instituído o Cadastro Técnico Federal de Atividades 
Potencialmente Poluidoras e utilizadoras de Recursos Ambientais. 
A Resolução CONAMA n. 06/88, posteriormente revogada pela 
Resolução CONAMA n. 313/02, estabelecia que as empresas apresentassem 
informações sobre os resíduos gerados e determinava responsabilidades aos 
órgãos estaduais de meio ambiente para a consolidação das informações 
recebidas. Por meio dessas informações seria produzido o Inventário Nacional 
de Resíduos Sólidos. 
Em 1999, o Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Instituto 
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, lançou edital 
de demanda espontânea para os estados interessados em apresentar projetos 
visando à elaboração de inventários estaduais de resíduos industriais. 
 
 
3 
Mas foi a publicação da Resolução CONAMA n. 313 em 2002 que serviu 
como subsídio à elaboração de diretrizes nacionais, programas estaduais e o 
Plano Nacional para Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais (RSI), uma 
vez que o inventário é um instrumento fundamental de política que visa o controle 
e a gestão de resíduos industriais no país. 
O art. 4º dessa resolução determinou que os mais variados setores 
industriais deveriam apresentar ao órgão estadual de meio ambiente, no máximo 
um ano após a publicação da resolução, informações sobre geração, 
características, armazenamento, transporte e destinação de seus resíduos 
sólidos. 
As informações deveriam então ser apresentadas ao órgão ambiental 
estadual até novembro de 2003 e atualizadas a cada dois anos. Os órgãos 
ambientais estaduais, por sua vez, poderiam limitar o universo de indústrias a 
serem inventariadas, priorizando os maiores geradores de resíduos, e incluindo 
outras tipologias industriais, segundo as especificidades de cada estado. 
O art. 8º da mesma resolução obrigou as indústrias, após dois meses da 
publicação, a registrar mensalmente e manter na unidade industrial os dados de 
geração, características, armazenamento, tratamento, transporte e destinação 
dos resíduos gerados para efeito de obtenção dos dados para o Inventário 
Nacional dos Resíduos Industriais. 
Os órgãos ambientais estaduais deveriam passar os dados ao IBAMA. 
Essa resolução definiu ainda que o IBAMA e os órgãos estaduais de meio 
ambiente deveriam elaborar, até novembro de 2005, os Programas Estaduais de 
Gerenciamento de Resíduos Industriais e, até novembro de 2006, o Plano 
Nacional para Gerenciamento de Resíduos Industriais. 
Entretanto, uma parte significativa das exigências da Resolução 
CONAMA n. 313/02 não foi cumprida. Em 2004, o MMA e IBAMA realizaram uma 
avaliação preliminar dos inventários de resíduos industriais estaduais. Os 
estados do AC, CE, GO, MT, MG, PE, RN e RS já haviam apresentado seus 
inventários, mas alguns órgãos estaduais que foram contemplados com recursos 
para a elaboração do Inventário de Resíduos tiveram dificuldades na 
compatibilização do seu sistema de informações com o modelo adotado pelo 
IBAMA. 
Em 18 de dezembro de 2012, considerando a necessidade de se 
disciplinar a prestação de informações sobre o gerenciamento de resíduos 
 
 
4 
sólidos prestadas ao IBAMA, foi publicada a Instrução Normativa n. 13 do 
IBAMA. 
Esta contempla uma padronização da linguagem utilizada para prestação 
de informações sobre resíduos sólidos para facilitar o monitoramento, o controle, 
a fiscalização e a avaliação da eficiência da gestão e gerenciamento de resíduos 
sólidos nos diversos níveis. 
Essa instrução estabelecia que todo empreendimento passivo da Taxa de 
Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) é obrigado a entregar até o dia 31 de 
março de cada ano um relatório das atividades exercidas no ano anterior (Figura 
1), cujo modelo é definido pelo IBAMA, para o fim de colaborar com os 
procedimentos de controle e fiscalização, conforme parágrafo 1º do art. 17-C da 
Lei 6.938/81. 
Figura 1 – Cadastro técnico 
 
Fonte: IBAMA, [S.d.]. 
Foi estabelecida uma Lista Brasileira de Resíduos Sólidos, que foi 
utilizada para o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente 
Poluidoras ou que utilizem de Recursos Ambientais, para Cadastro Técnico 
Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental e para Cadastro 
Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos. 
A Instrução Normativa estabeleceu ainda que todas as informações 
referentes a resíduos sólidos repassadas ao IBAMA serão disponibilizadas junto 
ao Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos 
(SINIR) e ao Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (SINIMA). 
 
 
5 
Facilitando assim a análise das discrepâncias nas declarações das 
empresas por meio do cruzamento de informações de diversas fontes e vistorias 
técnicas para a averiguação dos dados declarados – dados do Cadastro Técnico 
Federal do IBAMA e do Licenciamento Ambiental Estadual. 
Vale ressaltar que, no Brasil, o gerador é responsável pelo resíduo gerado 
segundo art. 10 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n. 12.305/10). 
Preferencialmente, os resíduos industriais deveriam ser tratados e depositados 
no local onde foram gerados, bem como ter destinação adequada, de acordo 
com as normas legais e técnicas vigentes. 
São instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre outros: 
• Os planos de resíduos sólidos; 
• Os inventários e o sistema declaratório anual de resíduos sólidos; 
• A coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas 
relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo 
ciclo de vida dos produtos; 
• O incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras 
formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis; 
• O monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária; 
• A cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para 
o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos 
e tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos 
e disposição final ambientalmente adequada de rejeitos; 
• A pesquisa científica e tecnológica; 
• A educação ambiental; 
• Os incentivos fiscais, financeiros e creditícios; 
• O Fundo Nacional do Meio Ambiente e o Fundo Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico; 
• O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos 
(SINIR); 
• O Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA); 
• Os conselhos de meio ambiente e, no que couber,os de saúde; 
• Os órgãos colegiados municipais destinados ao controle social dos 
serviços de resíduos sólidos urbanos; 
• O Cadastro Nacional de Operadores de Resíduos Perigosos. 
 
 
6 
No que couber, os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente, 
entre eles: 
a) Os padrões de qualidade ambiental; 
b) O Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou 
Utilizadoras de Recursos Ambientais; 
c) O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa 
Ambiental; 
d) A avaliação de impactos ambientais; 
e) O Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima); 
f) O licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras. 
TEMA 2 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
Originalmente publicado na década de 1960, nos Estados Unidos da 
América, o livro Primavera Silenciosa, da jornalista Rachel Carson, foi um grande 
marco na história da Educação Ambiental mundial. Ele trata da produção química 
dos chamados organoclorados (DDT), conhecidos como poluentes orgânicos 
persistentes. 
Esse livro alerta sobre as ameaças que os poluentes químicos orgânicos 
provocam. Aborda e enfatiza o ciclo natural de espécies, dentro de uma cadeia 
alimentar, seu próprio controle de nascimentos e mortalidades, responsáveis 
pela existência e manutenção da biodiversidade. 
Mas devido à intervenção humana na natureza, sobretudo, e de forma 
inconsequente e ambiciosa, esse ciclo natural foi rompido e tem sido cada vez 
mais degradado, levando diversas espécies, inclusive a humana, a adoecerem 
e morrerem. 
Assim, de forma poética, Rachel Carson mostra os impactos humanos 
sobre a Terra, por meio da contaminação do ar, do solo, dos rios e dos mares, 
por meio de materiais perigosos e até letais. Tais materiais são substâncias 
químicas diversas, utilizadas para combater as chamadas “pragas” e que, ao 
final, também atingem outros fins: fixam-se no solo e adentram nos organismos, 
causando toxicidade e diversos agravos em plantas, animais e nos humanos. 
O clamor que se seguiu à publicação do livro fez com que o governo 
norte-americano proibisse o uso de DDT e instigou mudança nas leis, com a 
 
 
7 
criação, em 1970, da Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana, da 
mesma forma que impulsionou um movimento ambientalista bastante engajado. 
No Brasil, foi na Constituição Federal de 1988, em seu no art. 225, inciso 
VI, que os conceitos de educação ambiental surgiram de forma explícita, com o 
objetivo de “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. 
No entanto, somente com a promulgação da Lei n. 9795/99, que ocorreu 
a regulamentação da educação ambiental. Esta dá sentido à educação, 
deixando claro que consiste em um processo por meio dos quais o indivíduo e a 
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e 
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso 
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. 
Por meio da educação ambiental, é possível preparar cidadãos para a 
reflexão crítica e para a ação social corretiva e transformadora. 
Todos têm direito à educação ambiental. Cabe ao poder público, nos 
termos dos arts. 22 e 205 da Constituição Federal de 1988, definir as políticas 
públicas que incorporem a dimensão ambiental, assim como promover a 
educação ambiental em todos os níveis de ensino. 
Cabe às instituições educativas promover a educação ambiental de 
maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem. Aos órgãos 
integrantes do SISNAMA, compete promover ações de educação ambiental 
integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio 
ambiente. 
Os meios de comunicação devem colaborar de maneira ativa e 
permanente na disseminação das informações e práticas educativas sobre meio 
ambiente e incorporar a dimensão ambiental e sua programação. 
As empresas, entidades de classe e instituições públicas e privadas 
devem promover a capacitação de seus colaboradores visando a melhoria e o 
controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como suas repercussões do 
processo produtivo no meio ambiente. 
A sociedade como um todo deve manter atenção permanente à formação 
de valores, atitudes e habilidades que propiciem atuação individual e coletiva 
voltada à prevenção, identificação e a solução de problemas ambientais. 
É princípio básico da educação ambiental o enfoque humanista, holístico 
democrático e participativo, a concepção do meio ambiente em sua totalidade, 
 
 
8 
respeitando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o 
cultural. 
Os objetivos fundamentais da educação ambiental são: 
• O desenvolvimento de compreensão integrada ao meio ambiente em 
múltiplas e complexas relações envolvendo aspectos ecológicos, 
psicológicos, legais, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos. 
• Estímulo e fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática 
ambiental e social. 
• O incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável 
na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa 
da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício de 
cidadania. 
• O estímulo à cooperação entre as diversas regiões do país, em níveis 
micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade 
ambientalmente equilibrada fundada nos princípios da liberdade, 
igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e 
sustentabilidade. 
• Garantia de democratização das informações ambientais. 
• O fomento e fortalecimento da integração ciência e tecnologia. 
• O fortalecimento da cidadania, da autodeterminação dos povos e da 
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. 
Reciclagem é um conceito muito utilizado na abordagem da educação 
ambiental, principalmente pela fácil associação entre reciclagem e diminuição do 
lixo que é disposto na natureza, assim como a quantidade de energia e de 
matéria-prima que é utilizada para a produção de novos produtos. 
O grande objetivo da educação ambiental é desenvolver nos cidadãos a 
consciência dos problemas ambientais e estimulá-los a buscar soluções. Para a 
prática da educação ambiental, é necessário que ocorra mobilização, 
informação, sensibilização e ação. 
TEMA 3 – O PAPEL SOCIAL NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
A educação ambiental não está limitada apenas à conservação ambiental. 
Ela é responsável por proporcionar mudanças individuais e coletivas na busca 
 
 
9 
de uma sociedade sustentável e solidária, por meio da mudança de 
comportamento social. 
Trata-se de um caráter estratégico do desenvolvimento sustentável, uma 
vez que a educação é produto social e instrumento de transformação da 
sociedade. Ela estimula a racionalidade moral e ecológica, promovendo uma 
mudança de atitudes e valores. 
Os indivíduos se veem inseridos em uma sociedade interativa, que 
compartilha objetivos, regras e valores, exercendo uns sobre os outros uma 
influência considerável, motivando a satisfação e interatividade e construindo a 
identidade de uma dada população. 
Vale ressaltar que ocorre um constante processo de reconstrução dessas 
identidades em função de influências constantes. 
A educação permite o desenvolvimento de estratégias economicamente 
vantajosas para as empresas, protegendo-as das infrações legais e despesas 
desnecessárias ou não previstas. Existem inúmeros benefícios relacionados ao 
desenvolvimento sustentável, dentre os principais estão a redução de custos, a 
redução de responsabilidade legal, a melhoria da imagem coorporativa e da 
segurança dos colaboradores. 
Minimizar a geração de poluentes que possam comprometer o meio 
ambiente e a saúde dos seres humanos é um método bastante eficiente e 
sensato que uma organização pode usar para se proteger de possíveis 
responsabilidadeslegais. Isso porque, sanado o risco, não há possibilidade de 
ocorrência de dano. O desenvolvimento de uma legislação mais restritiva e 
punitiva mostra que a redução na geração de resíduos é uma opção bastante 
racional para as indústrias, pois diminui sua responsabilidade legal. 
A redução dos custos e economia de recursos é um dos benefícios mais 
almejados por qualquer programa de prevenção a poluição industrial. 
A substituição de compostos químicos tóxicos por substâncias menos 
agressivas pode reduzir os custos com sistemas de controle da poluição, 
manipulação, transporte e disposição final dos resíduos gerados. 
A prevenção pode contribuir na redução de custos associados à obtenção 
de licenças de instalação e operação. 
A melhoria da imagem corporativa está diretamente associada aos 
programas de prevenção da poluição, pois uma organização que mostre 
comprometimento em reduzir os impactos negativos sobre o meio ambiente, em 
 
 
10 
razão de sua atividade, desenvolve um relacionamento mais amigável com a 
comunidade local e seus consumidores. 
A prevenção da poluição é, também, uma importante ferramenta para a 
melhoria da saúde e segurança de colaboradores, pois a substituição de 
substâncias tóxicas por compostos químicos menos poluentes e a redução na 
emissão de resíduos reduzem os riscos de exposição dos trabalhadores a 
materiais insalubres, melhorando as condições ocupacionais do colaborador. 
Mas, independentemente dos benefícios que possam ser obtidos com a 
implantação de programas de educação ambiental e prevenção da poluição, 
podem existir algumas barreiras culturais associadas à implantação destes em 
algumas organizações. 
A cultura corporativa e as normas institucionais são obstáculos fortes a 
serem superados, uma vez que é necessário autonomia sobre procedimentos e 
processos para possibilitar mudanças. 
TEMA 4 – A IMPORTÂNCIA DOS COLETORES 
Os catadores de matérias reutilizáveis e recicláveis desempenham 
fundamental importância na implementação da Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS), pois atuam nas atividades da coleta seletiva, triagem, 
classificação, processamento e comercialização dos resíduos reutilizáveis e 
recicláveis, contribuindo de forma significativa para a cadeia produtiva da 
reciclagem. 
Sua atuação é desenvolvida sobre condições precárias de trabalho e de 
forma autônoma. Trabalham de forma individual em ruas e em locais de destino 
do lixo (Figura 2). 
Eventualmente, estão organizados de forma coletiva, por meio da 
organização cooperativa e associações. 
 
http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/politica-nacional-de-residuos-solidos.html
http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/politica-nacional-de-residuos-solidos.html
 
 
11 
Figura 2 – Catadores de papel 
 
Crédito: Felipecbit/Shutterstock. 
A atividade profissional é reconhecida desde 2002, segundo a 
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). A atuação desses colaboradores 
impacta significativamente na disposição dos resíduos em aterros sanitários, por 
meio do aumento do tempo de vida. 
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) incentiva a criação, 
desenvolvimento de cooperativas e outras formas de associação de catadores 
de materiais recicláveis e reutilizáveis, determinando também que sua 
participação nos sistemas de coleta seletiva e de logística reversa deverá ser 
priorizada. 
A PRNS atribui o devido destaque à importância disso na gestão integrada 
de resíduos sólidos, estabelecendo como alguns de seus princípios o 
“reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem 
econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de 
cidadania” e a “responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos” 
(Brasil, 2010). 
http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/catadores-de-materiais-reciclaveis/item/478.html
 
 
12 
A atividade de recolhimento de recicláveis no Brasil é essencial para o 
gerenciamento de resíduos sólidos, da mesma forma que a inclusão social dos 
catadores é muito importante. Em função disso surgiu uma série de medidas 
indutoras na forma de leis, decretos e instruções normativas de fomento à 
atividade de catação. O Quadro 1 traz alguns exemplos. 
Quadro 1 – Marco legal da atuação de catadores de materiais reutilizáveis e 
recicláveis 
Ano Legislação Observações 
2006 Decreto n. 
5.940 
Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos 
órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, 
na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas 
dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências. 
2007 Lei n. 11.445 Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as 
Leis n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 
1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 
1995; revoga a Lei n. 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras 
providências. Essa lei alterou o inciso XXVII do caput do art. 24 da 
Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, tornando dispensável a 
licitação “na contratação da coleta, processamento e 
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou 
reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, 
efetuados por associações ou cooperativas formadas 
exclusivamente por pessoas físicas, de baixa renda reconhecida 
pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o 
uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, 
ambientais e de saúde pública”. 
2010 Instrução 
Normativa n. 
1 da 
Secretária de 
Logística 
Tecnológica 
de 
Informação. 
Dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição 
de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração 
Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá outras 
providências. 
2010 Decreto n. 
7.217 
Regulamenta a Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que 
estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e dá 
outras providências. 
2010 Lei n. 12.375, 
arts. 5º e 6º 
 
 
Os estabelecimentos industriais farão jus, até 31 de dezembro de 
2014, a crédito presumido do Imposto sobre Produtos 
Industrializados (IPI) na aquisição de resíduos sólidos utilizados 
como matérias-primas ou produtos intermediários na fabricação de 
seus produtos. Somente poderá ser usufruído se os resíduos sólidos 
forem adquiridos diretamente de cooperativa de catadores de 
materiais recicláveis com número mínimo de cooperados pessoas 
físicas definido em ato do Poder Executivo, ficando vedada, neste 
caso, a participação de pessoas jurídicas. 
2010 Lei n. 12.305 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei n. 9.605, 
de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. 
 
 
13 
2010 Decreto n. 
7.404 
Regulamenta a Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a 
Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial 
da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para 
a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras 
providências. 
2010 Decreto n. 
7.405 
Institui o Programa Pró-Catador, denomina Comitê Interministerial 
para Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais 
Reutilizáveis e Recicláveis o Comitê Interministerial da Inclusão 
Social de Catadores de Lixo criado pelo Decreto de 11 de setembro 
de 2003, dispõe sobre sua organização e funcionamento, e dá outras 
providências. 
É importante registrar que a Lei n. 11.445/2007 incluiu uma alteração na 
Lei 8.666/1993, permitindo a dispensa de licitação para a contratação e 
remuneração de associações ou cooperativas de catadores de materiais 
recicláveis. 
O incentivo a geração de cooperativas e associações fortalece a 
organização produtiva dos catadores com base nos princípios da autogestão, 
proporciona oportunidades de geração de renda e de negócios, dentre os quais, 
a comercialização em rede, a prestaçãode serviços, a logística reversa e a 
verticalização da produção. 
O Decreto n. 7.405, de 23 de dezembro de 2010, instituiu o Comitê 
Interministerial para Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais 
Reutilizáveis e Recicláveis (CIISC), reestruturando, com isso, o então Comitê 
Interministerial da Inclusão Social de Catadores de Lixo, que havia sido criado 
pelo decreto de 11 de setembro de 2003. 
O Programa Pró-Catador, também instituído pelo Decreto n. 7.405/10, tem 
por objetivo promover a integração indicada pelo governo federal, voltada aos 
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, destinadas ao fomento e apoio 
a organização produtiva dos catadores, melhoria das condições de trabalho, 
ampliação das oportunidades de inclusão social e econômica e expansão da 
coleta seletiva de resíduos sólidos, da reutilização e da reciclagem por meio da 
atuação desse segmento. 
A execução e o monitoramento do Programa Pró-Catador, com ações 
para a inclusão socioeconômica dos catadores, são coordenados pelo CIISC, e 
visa estruturar e fortalecer as cooperativas e associações de catadores de 
materiais recicláveis, como empreendimentos solidários. 
O MMA participa de Acordo de Cooperação Técnica, firmado em 2013 
junto à Fundação Banco do Brasil, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), o 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm
 
 
14 
Ministério do Trabalho e Emprego e a Secretaria-Geral da Presidência da 
República, para implantação do Projeto Cataforte – Estruturação de Negócios 
Sustentáveis em Redes Solidárias, por meio de apoio e fomento às ações de 
inclusão produtiva de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Esse 
ministério integra ainda o Comitê Estratégico do Cataforte, instituído pela 
Portaria n. 40/13, da Secretaria-Geral da Presidência da República, com 
atribuições de definir as diretrizes estratégicas sobre o Cataforte; realizar o 
acompanhamento estratégico das ações; selecionar empreendimentos a serem 
apoiadas no âmbito do projeto e aprovar os Planos de Negócios das redes. O 
Projeto encontra-se em sua terceira fase de implementação (Quadro 2). 
Quadro 2 – Fases do Projeto CATAFORTE 
Fases do projeto Características do projeto 
Primeira Destinou-se ao fortalecimento do associativismo e cooperativismo dos 
catadores de materiais recicláveis 
Segunda Deu enfoque à logística solidária, ou seja, ao fortalecimento da 
infraestrutura de logística das cooperativas e associações em rede, 
aprimorando as capacidades operacionais desses empreendimentos. 
Terceira Implementação destinada à estruturação de negócios sustentáveis em 
redes solidárias de empreendimentos de catadores de materiais 
recicláveis, visando avanços na cadeia de valores e inserção no 
mercado da reciclagem. 
O Ministério do Meio Ambiente é demandante para a oferta de cursos do 
Pronatec, na sua modalidade Pronatec Catador. No MMA, essa agenda é 
coordenada pela Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania (SAIC), por 
meio de seu Departamento de Cidadania Ambiental e Responsabilidade 
Socioambiental. 
Estabelece, também, a separação, na fonte geradora, dos resíduos 
recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública 
federal direta e indireta, para destinação às associações e cooperativas dos 
catadores de materiais recicláveis. 
Esses trabalhadores informais são especialmente importantes para a 
redução da quantidade de lixo doméstico gerado nos municípios e continuam 
marginalizados, não são pagos pelo município, não gozam de benefícios nem 
assistência, trabalham e sobrevivem. Esse é um dos males, entre muitos, de 
 
 
15 
uma sociedade injusta e profundamente desequilibrada em sua distribuição de 
renda. 
TEMA 5 – ASPECTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS DA GESTÃO AMBIENTAL 
A busca pela qualidade e produtividade de serviços com responsabilidade 
ambiental é um conceito de desenvolvimento relativamente novo. Ele teve início 
a partir do reconhecimento da fragilidade do ecossistema e da necessidade de 
manutenção do equilíbrio ambiental. 
Esse início foi marcado em 1968, pelo Clube de Roma, resultante da 
atuação de um grupo de cientistas, filósofos, industriais e economistas de 
diversos países, que se reuniram na Academia Dei Licei em Roma, preocupados 
com a poluição provocada pela atividade humana e crescimento humano. 
Ocorreram diversas reuniões onde eram discutidos temas relacionados à 
economia internacional, política e, sobretudo, ao meio ambiente e o 
desenvolvimento sustentável. A partir desses encontros foi elaborado um 
relatório sobre o futuro da humanidade. 
O documento, denominado The Limits to Growth (“Os Limites do 
Crescimento”), foi publicado em 1972 e abordava os grandes problemas que 
afligiam a humidade, como pobreza, deterioração do meio ambiente, alienação 
da juventude, expansão humana descontrolada e falta de empregos. 
Em 1969, os Estados Unidos da América criaram a National 
Environmental Policy Act (NEPA), que tornou obrigatória a elaboração de 
Estudos de Impactos Ambientais (EIA) para qualquer atividade com potencial 
poluidor. Em consequência dessa ação, foi criada a Agência de Proteção 
Ambiental (EPA), órgão regulador das questões ambientais nos Estados Unidos. 
Com a entrada em funcionamento da EPA, diversas leis importantes são 
promulgadas naquele país, destacando-se as seguintes: 
• Lei do ar puro; 
• Lei da água pura; 
• Lei de controle de substâncias tóxicas; 
• Lei federal sobre inseticidas e fungicidas. 
Nessa época, a preocupação ambiental apresentava-se fortemente 
reativa. Consistia em estratégia usada para corrigir os danos causados ao meio 
ambiente depois de sua ocorrência. Poucos esforços eram feitos para prevenir 
 
 
16 
esses danos. O objetivo era tratar a poluição gerada durante o processo 
produtivos e consumo, sem implementar a adoção de medidas para redução ou 
eliminação de sua geração. 
O seminário de Fournex, realizado em 1971 na Suíça, apresentou o Painel 
de Peritos em Desenvolvimento e Meio Ambiente, que tratou dos problemas 
associados à deterioração ambiental. O relatório resultante desse seminário foi 
fundamental para consolidar as bases da conferência de Estocolmo, realizada 
em 1972. 
Por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
Humano, realizada em Estocolmo, ficou claro que os países estavam 
preocupados em produzir a qualquer custo. E a poluição era vista como 
decorrência natural do processo produtivo, símbolo do progresso e preço a ser 
pago. A legislação preocupa-se basicamente em punir os culpados. Podemos 
afirmar que a Conferência foi marcada por duas posições antagônicas: 
• De um lado, os países desenvolvidos propondo um programa 
internacional de conservação dos recursos naturais, além de medidas 
preventivas imediatas, capazes de evitar um grande desastre; 
• Do outro, os países em desenvolvimento, dentro de um quadro de miséria, 
com consideráveis problemas sociais como moradia, saneamento básico 
e doenças infecciosas e que necessitavam se desenvolver 
economicamente. 
O grande questionamento era com relação às recomendações dos países 
ricos, que já haviam atingido o poderio industrial com o uso predatório de 
recursos naturais durante séculos, deteriorando o meio ambiente. Foram 
justamente esses países que impunham complexas exigências de controle 
ambiental, que encareciam e retardavam o desenvolvimento almejado pelos 
países subdesenvolvidos. 
É importante salientar, ainda, que nessa reunião foi firmado o conceito de 
ecodesenvolvimento, que defende o crescimento baseado no potencial do 
ecossistema, a participação da comunidade, a diminuição de desperdícios e a 
reciclagem. 
Durante essa Conferência, a Assembleia Geral da ONU criou o Programa 
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O objetivo desse programa 
foi: 
 
 
17 
• Facilitar a cooperação internacional no campo do meio ambiente;• Promover o desenvolvimento de conhecimento nessa área; 
• Monitorar o estado do ambiente global; 
• Chamar a atenção dos governos para problemas ambientais emergentes 
de importância internacional. 
No final dessa Conferência, ficou firmada a recomendação com relação a 
uma nova reunião internacional para discutir a educação ambiental. Esta ocorreu 
em Belgrado (antiga Iugoslávia), em 1975, sendo produzida a Carta de Belgrado, 
na qual era enfatizada a atenção para a necessidade de erradicar as causas da 
pobreza do analfabetismo e da distribuição equitativa dos recursos do mundo. 
No final da década de 1970, mais precisamente em 1978, surge na 
Alemanha o primeiro selo utilizado para a rotulagem de produtos considerados 
ambientalmente corretos, o selo verde, que recebeu o nome de “Anjo Azul”. Ele 
atestava produtos oriundos da reciclagem, com baixa toxicidade, sem CFC 
(clorofluorcarbonetos) etc. 
A partir dos anos 1980, a sociedade volta a debater duramente a respeito 
dos avanços da degradação ambiental. Algumas empresas começam a 
abandonar a visão de custo associada ao meio ambiente. 
Tornaram-se pioneiras na pesquisa de métodos ambientais para poupar 
dinheiro e aumentar suas vendas. A indústria começa a se dar conta de que, 
para se manter competitiva, precisa definir o meio ambiente como uma 
oportunidade de lucro. 
Em 1983 é criada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, conhecida como Comissão de Brundtland, pelas Nações 
Unidas. Em 1987 foi publicado o Relatório Brundtland, com o título “Nosso Futuro 
Comum”, no qual foi difundido o conceito de desenvolvimento sustentável, que 
incorporou os conceitos de responsabilidade comuns ao processo de 
desenvolvimento econômico. 
Essa mudança de postura da indústria ficou evidente na multiplicação de 
selos verdes. Porém, os primeiros selos verdes ainda se apoiavam em critérios 
simples, como a redução ou a eliminação de uma ou mais substâncias poluentes 
presentes no produto. 
Os estudos elaborados pelos selos verdes procuram cobrir desde a 
produção até o descarte final do produto. Surge, assim, a ideia de ciclo de vida. 
 
 
 
18 
Os selos criados na década de 1980 foram os seguintes: 
• 1988 – Canadá (Environmental Choice); 
• 1988 – Países Nórdicos (White Swan); 
• 1989 – Japão (Eco Mark). 
Em 1988, o Anjo Azul, pioneiro entre os selos ecológicos, já era aplicado 
em 3.500 produtos diferentes. 
O selo ecológico, apesar de voluntário, adquire força e induz o consumidor 
a adquirir produtos ambientalmente corretos. 
Na década de 1990 intensificou-se a criação dos selos verdes, atingindo 
tanto países desenvolvidos como os em vias de desenvolvimento: 
• 1991 – França (NF – Environment); 
• 1991 – Índia (Eco Mark); 
• 1992 – Coreia (Eco Mark); 
• 1992 – Singapura (Green Label). 
Essa nova década estimula um novo grupo de rótulos ecológicos que 
visam não apenas a eliminação de substâncias poluentes dos produtos, mas de 
todo o processo produtivos. 
A Resolução 44/228, de 22 de dezembro de 1989, da Assembleia Geral 
das Nações Unidas (AGNU), convocou as nações do mundo inteiro para a 
Conferência Mundial das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Cúpula da Terra ou Eco-92, que 
se realizou no Rio de Janeiro em 1992 e contou com representantes de 172 
países, inclusive 116 chefes de Estado. 
Nessa mesma ocasião, paralelamente à Conferência, 4 mil entidades da 
sociedade civil do mundo todo organizaram o Fórum Global das ONGs. 
No Estocolmo-72, o número de ONGs havia sido aproximadamente 500. 
O Fórum Global elaborou quase quatro dezenas de documentos e planos de 
ação, demonstrando o grau de organização e de mobilização atingido pelas 
ONGs naquela década final do século XX. 
Os principais documentos que resultaram da Cúpula da Terra foram os 
seguintes: 
• Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, com 27 
princípios orientando um novo tipo de atitude do ser humano na Terra, por 
 
 
19 
meio da proteção dos recursos naturais, da busca do desenvolvimento 
sustentável e de melhores condições de vida para todos os povos. 
• Agenda 21, que contempla planos de ação a ser implementadas pelos 
governos, agências de desenvolvimento, organizações das Nações 
Unidas e grupos setoriais independentes em cada área onde a atividade 
humana afeta o meio ambiente. 
A execução da Agenda 21 deve levar em conta as diferentes condições 
dos países e regiões, considerando todos os princípios contidos na Declaração 
do Rio Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 
Essas ações continham em pauta ações a longo prazo, estabelecendo os 
temas, projetos, objetivos, metas, planos e mecanismos de execução para 
diferentes temas da Conferência. 
Esse programa contém quatro seções, quarenta capítulos, 
115 programas, e aproximadamente 2,5 mil ações a serem implementadas. 
As seções da Agenda 21 abrangem os seguintes temas: 
• Dimensões econômicas e sociais: trata das relações entre meio ambiente 
e pobreza, saúde, comércio, dívida externa, consumo e população. 
• Conservação e administração de recursos: trata das maneiras de 
gerenciar recursos físicos para garantir o desenvolvimento sustentável. 
• Fortalecimento dos grupos sociais: trata das formas de apoio a grupos 
sociais organizados e minoritários que colaboram para a sustentabilidade. 
• Meio de implementação: trata dos financiamentos e do papel das 
atividades governamentais não governamentais. 
A Convenção sobre Mudança do Clima foi assinada em 1992, no Rio de 
Janeiro, por 154 Estados, e reflete a preocupação com o aquecimento de nosso 
planeta, seus efeitos sobre a sobrevivência do ser humano e as condições 
adversas sobre os ecossistemas. 
O aquecimento do planeta é produzido pelo aumento de concentração na 
atmosfera terrestre dos chamados gases estufa (principalmente gás carbônico, 
emitido pela queima de combustíveis fósseis). 
As questões se arrastaram até a Conferência da ONU em Kyoto (Japão), 
em 1997, quando foi discutida, em especial, a questão da redução de tais 
emissões aos níveis de 1990 (ou a níveis ainda inferiores), por parte dos países 
 
 
20 
industrializados – principais responsáveis pelo efeito estufa, sendo elaborado no 
final o chamado Protocolo de Kyoto. 
Esse Protocolo foi assinado em 11 de dezembro de 1997 e ratificado em 
15 de março de 1999. 
Em Kyoto, os Estados Unidos mostraram-se relutantes em aceitar a 
proposta da União Europeia: emissões em 2010 deveriam ser 15% menores que 
as de 1990. 
Os Estados Unidos, inclusive, procuram estender aos países em vias de 
desenvolvimento o compromisso de reduzir suas emissões. Estes, reunidos no 
G-77, grupo que compreende cerca de 130 países em desenvolvimento 
(inclusive o Brasil), insistem que a conta deve ser paga pelos principais 
responsáveis. 
Dez anos depois da primeira conferência, 97 governantes de todo o 
mundo se reuniram em Johanesburgo, na África do Sul, para a 2ª Conferência 
da Cúpula da Terra, denominada Rio+10, na qual foram discutidas as maneiras 
de alcançar o desenvolvimento sustentável, diminuir a desigualdade social sem 
provocar danos ambientais. 
Desde então, diversos países desenvolveram políticas ambientais e 
criaram agências de proteção ambiental a fim de adotar uma postura preventiva, 
atendendo as necessidades sem comprometer o desenvolvimento sustentável. 
Para isso, as empresas devem ter suas atividades planejadas segundo os 
conceitos da qualidade, produtividade e sustentabilidade ambiental, obtendo 
assim uma competitividade global. 
Todas as condições catastróficas desencadeadas por acidentes 
ambientais produziram uma mudança gradativa na postura dos cidadãos e das 
instituições, bem como das empresas, aprimorando o desenvolvimento de 
tecnologias de alto impacto ambiental. 
Mas a mudança de atitude é sempre uma coisa gradativa, bastante lenta 
e incompleta. Dentro de uma organização é possívelencontrar, convivendo lado 
a lado, posturas conservadoras, indiferentes, ou renovadoras, que podem ser 
resumidas da seguinte maneira: 
• Ausência de prevenção em relação às responsabilidades pela poluição: 
“A poluição é necessária para o desenvolvimento da nação”. 
• Consciência sem comprometimento: “Nós poluímos, mas tem empresas 
que fazem pior”. 
 
 
21 
Trata-se de uma atitude reativa. É feito apenas o necessário para evitar 
multas e punições. Não são atitudes efetivas, destinadas a gerar mudanças, 
atacar as fontes de poluição. A poluição é um problema que deve ser resolvido 
por todos nós e atacado diretamente nas fontes geradoras (postura proativa). 
É possível perceber o quanto a sociedade tem poder. A maioria das 
alterações nas leis foi forjada por acontecimentos que repercutiram em clamor 
público: 
• Grandes acidentes ambientais divulgados amplamente pela mídia; 
• Direitos assegurados aos cidadãos (exemplo o código do consumidor); 
• Direitos assegurados pela Constituição e pela legislação ambiental; 
• Análise da contabilidade ambiental das empresas, por parte de acionistas, 
credores e seguradoras; 
• Marketing verde (produtos cuja produção e/ou utilização causam menor 
impacto sobre o meio ambiente); 
• Atividade crescente das ONGs, que adquiriram base científica e 
tecnológica mais fundamentada e, por isso, deixaram de ser consideradas 
como simplesmente alarmistas; 
• Pressão dos consumidores, manifestada tanto pela escolha de produtos 
ambientalmente corretos quanto pela utilização de todos mecanismos 
disponíveis para fazer valer seus direitos – quando se sentirem 
prejudicados pelos produtos que adquiriram. 
As empresas que investem em uma imagem “mais verde”, utilizando 
processos menos poluidores, e que colaboraram para a preservação do meio 
ambiente, são mais respeitadas, têm a simpatia do público e crescem mais do 
que as outras. 
É importante salientar que poluição é qualquer tipo de matéria ou energia 
que ingressa no “sistema”, fora do esperado. A poluição não se restringe à 
matéria ou a um produto emitido pelo homem. 
Ela se associa à ideia de modificação, tanto estrutural quanto na 
composição do ecossistema, causando prejuízo. 
Nesse sistema, devemos associar as questões de poluição da atmosfera, 
que constantemente sofre alterações devido à emissão de resíduos sólidos e 
gasosos em quantidade superior à sua capacidade de absorção. 
 
 
 
22 
Essa poluição deriva de várias fontes, como: 
• Meios de transporte utilizados na logística de produtos. Estes são 
responsáveis por grande parte da poluição atmosférica, pois emitem 
gases como o monóxido e o dióxido de carbono, óxido de nitrogênio, 
dióxido de enxofre, derivados de hidrocarbonetos e chumbo. 
• Indústrias que, além do gás carbônico, emitem enxofre, chumbo, outros 
metais pesados e diversos resíduos sólidos. 
• Incineração de resíduos sólidos. 
• Poluição natural provocada pelas erupções vulcânicas. 
Uma organização pode programar um gerenciamento ambiental por 
inúmeros motivos: exigência dos clientes, ampliação de mercado consumidor e 
melhorar a imagem da organização perante a população, clientes, vizinhos, 
concorrentes etc. 
5.1 O custo da reciclagem e recuperação de resíduos sólidos industriais 
Quando mencionamos a necessidade de uma destinação correta do 
resíduo gerado, estamos enfatizando uma transformação que viabilize economia 
ao processo. É bastante comum proceder ao tratamento com vista à reutilização 
ou com o objetivo de tornar o resíduo inerte. No entanto, a diversidade de 
possibilidades deixa claro a necessidade de pesquisar o processo 
economicamente viável. 
Em termos práticos, os processos de tratamento de resíduos mais 
comuns consistem na neutralização adequada para resíduo de caráter ácido ou 
básico; na secagem ou mistura adequada para resíduo com alto teor de 
umidade, o qual será misturado a materiais secos e inertes; no encapsulamento, 
que consiste em revestir o resíduo com uma camada de resina sintética 
impermeável e de baixo índice de lixiviação; na incorporação, em que os 
resíduos são misturados à massa de concreto, cerâmica ou materiais 
combustíveis em uma quantidade não racional nem prejudicial ao meio ambiente 
após a queima e os processos de destruição térmica. 
Vale ressaltar que não existem tratamentos economicamente viáveis para 
o lixo radioativo. No Quadro 3, estão relacionados alguns métodos de tratamento 
de resíduos. 
 
 
 
23 
Quadro 3 – Tratamento de resíduos e suas respectivas características. 
Tratamento Características 
Incineração É composto por duas câmaras de combustão onde, na primeira câmara, os resíduos, 
sólidos e líquidos, são queimados a temperatura variando entre 800 e 1.000 °C, com 
excesso de oxigênio, e transformados em gases, cinzas e escória. Na segunda 
câmara, os gases provenientes da combustão inicial são queimados a temperaturas 
da ordem de 1.200 a 1.400 °C, nesta os gases são rapidamente resfriados para evitar 
a recomposição das extensas cadeias orgânicas tóxicas e, em seguida, tratados em 
lavadores, ciclones ou precipitadores eletrostáticos, antes de serem lançados na 
atmosfera por meio de uma chaminé. A temperatura de queima não é suficiente para 
fundir e volatilizar os metais, estes se misturam às cinzas, podendo ser separados 
destas e recuperados para comercialização. 
Os resíduos contendo cloro, fósforo ou enxofre necessitam de maior permanência dos 
gases na câmara e sistemas de captação de resíduo gasoso. 
Fornos 
rotativos 
Servem para destruir termicamente os resíduos infectantes, porém são mais usados 
para resíduos industriais Classe I. São incineradores cilíndricos, com diâmetro da 
ordem de quatro metros e comprimento de até quatro vezes o diâmetro, montados 
com uma pequena inclinação em relação ao plano horizontal, chegam a 1500ºC. 
Pirólise Também é um processo de destruição térmica, com absorção de calor e ocorre na 
ausência de oxigênio, onde os materiais à base de carbono são decompostos em 
combustíveis e carvão, redução substancial do volume de resíduos, cerca de 95%. 
São muito utilizados no tratamento dos resíduos de serviços de saúde, onde o poder 
calorífico dos resíduos mantém uma determinada temperatura no processo. Em 
modelos de câmara simples a temperatura gira na faixa dos 1.000 °C, em câmaras 
múltiplas, a temperaturas varia de 600 e 800 °C na câmara primária, e de 1.000 e 
1.200 °C na câmara secundária. Apresenta elevado risco de contaminação do ar, com 
geração de dioxinas a partir da queima de materiais clorados existentes nos sacos de 
PVC e desinfetantes 
Autoclavagem 
 
Consiste em um sistema de alimentação que conduz os resíduos até uma câmara 
estanque onde é feito vácuo e injetado vapor d'água (entre 105 e 150 °C) sob 
determinadas condições de pressão. 
Os resíduos permanecem nesta câmara durante determinado tempo até se tornarem 
estéreis, havendo o descarte da água por um lado e dos resíduos pelo outro. Não há 
garantia de que o vapor d'água atinja todos os pontos da massa de resíduos a não ser 
que seja efetuada trituração prévia à fase de desinfecção; 
Não produz efluentes gasosos e o efluente líquido é estéril. Não reduz o volume dos 
resíduos. 
Micro-ondas Os resíduos são triturados, umedecidos com vapor a 150 ºC e colocados 
continuamente num forno de micro-ondas onde há um dispositivo para revolver e 
transportar a massa, assegurando que todo o material receba uniformemente a 
radiação de micro-ondas. Não gera efluentes de qualquer natureza 
Radiação 
ionizante 
Os resíduos, na sua forma natural são expostos à ação de raios gama gerados por 
uma fonte enriquecida de cobalto 60 que torna inativo os microrganismos. A eficiência 
do tratamento é questionável, uma vez que há possibilidade de nem toda a massa de 
resíduos ficar exposta aos raios eletromagnéticos 
Eletrotérmica O resíduo triturado é exposto a um intenso campo elétrico de alta potência, gerado por 
ondas de rádiofrequência. Neste processo, os resíduos infectantes absorvem a 
energia elétrica do campo magnético, se aquecem rapidamente e atingem 
temperaturas entre 90 ºC a 100 ºC com tempo de residência médio de 15 minutos. 
 
 
24 
Tratamento 
químico 
Neste processo, os resíduos são triturados e, em seguida, mergulhados numa solução 
desinfetante que pode ser hipoclorito de sódio, dióxido de cloro ou gás formaldeído. A 
massa de resíduos permanece nesta solução por alguns minutos e o tratamento 
ocorre por contato direto. 
Fonte: Genon; Brizio, 2008; Ibam, 2001; Scwarzenbach; Gschwend; Imboden, 1993. 
Todos esses processos apresentam elevados custos operacionais. As 
estimativas das faixas de custo de operação estão apresentadas na Tabela 1: 
Tabela 1 – Preços operacionais de tratamento de resíduos sólidos 
Custos operacionais Tipo Custo (R$/ton) 
Processo 
 
 
Radiação 
 
 
Desinfecção 
Incineração 
Pirolise 
Micro-ondas 
 
Radiação ionizante 
Eletrotérmica 
 
Autoclave 
Desinfecção química 
600,00-720,00 
600,00-720,00 
480,00-720,00 
 
300,00-340,00 
300,00-360,00 
 
180,00-300,00 
140,00-200,00 
Quando da escolha pelo melhor método de tratamento de resíduos, as 
vantagens e desvantagens devem ser levadas muito a sério, uma vez que a 
economia operacional, muitas vezes, não é um parâmetro suficiente de escolha. 
Deve-se optar pela maior eficiência do tratamento dos resíduos, ou seja, aquele 
que reduza o volume do resíduo e não gere efluentes líquidos ou gasosos. 
NA PRÁTICA 
Determinada empresa gera, por mês, 100 kg de resíduos de politereftalato 
de etileno. Esse produto é enviado a um aterro industrial há aproximadamente 
seis anos. Entretanto, o novo gestor da organização quer reciclar esse resíduo. 
Isso é possível? Durante esses seis anos, a empresa gastou, com destinação, o 
valor médio de R$ 186,00 por tonelada. Se o resíduo for vendido por R$ 0,90 
para a reciclagem, qual será o lucro obtido? 
 
 
 
 
25 
FINALIZANDO 
Todo empreendimento passivo da Taxa de Controle e Fiscalização 
Ambiental (TCFA) é obrigado a relatar as atividades exercidas no ano anterior, 
a fim de colaborar com os procedimentos de controle e fiscalização para 
constituir o Sistema Nacional de Informações e o Sistema Nacional de 
Informações sobre o Meio Ambiente. 
Nesse sentido, a implantação de uma educação ambiental forte permite o 
desenvolvimento de estratégias economicamente vantajosas para as empresas, 
protegendo-as de infrações legais e de despesas desnecessárias para reparar 
danos causados. Da mesma forma, a valorização e o fortalecimento de 
profissionais que trabalham com a reciclagem e recuperação de resíduos sólidos 
é essencial para consolidar o sistema de gestão ambiental do país. 
 
 
 
26 
REFERÊNCIAS 
GENON, G.; BRIZIO, E. Perspectives and limits for cement kilns as a destination 
for RDF. Waste Management, v. 28, p. 2375-2385, 2008. 
IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal. Secretaria Especial de 
Desenvolvimento Urbano da Presidência da República. Manual de 
gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2001. 
SCHWARZENBACH, R. P.; GSCHWEND, P. M.; IMBODEN, D. M. 
Environmental organic chemistry. New York: John Wiley, 1993.

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