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Livro - Gestao de Residuos Solidos

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Só
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os
Marcia Miotto
Rosaen Maria Kaspary
Gestão de 
Resíduos Sólidos
Curitiba
2016
Marcia Miotto
Rosaen Maria Kaspary
Gestão de 
Resíduos Sólidos
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501
M669g Miotto, Marcia 
Gestão de resíduos sólidos / Marcia Miotto, Rosaen Maria 
Kaspary. – Curitiba: Fael, 2016.
186 p.: il.
ISBN 978-85-60531-42-4 
1. Gestão ambiental 2. Resíduos sólidos I. Rosaen, Maria 
Kaspary II. Título
CDD 628.4
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão FabriCO
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/3RUS
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário
 Carta ao aluno | 5
1. Introdução à Gestão de Resíduos Sólidos | 9
2. Resíduos Sólidos: leis, caracterização e classificação | 29
3. Sistema Integrado de Resíduos Sólidos | 49
4. Logística Reversa (LR) | 65
5. Mecanismos de Desenvolvimento Limpo | 79
6. Usina de Reciclagem – Compostagem | 95
7. Reciclando o Ambiente | 111
8. Agregando Valor Ao Resíduo | 127
9. Gestão de Resíduos para o 
Desenvolvimento Sustentável | 145
10. Educação Ambiental | 159
 Conclusão | 169
 Referências | 171
Prezado(a) aluno(a),
A Gestão de Resíduos Sólidos vai muito além da separação 
do “lixo” e o seu descarte final. É preciso, antes de qualquer coisa, 
conhecer todas as etapas que estão inseridas nessa questão. Entender 
a evolução do homem, seu comportamento e sua cultura, saber o 
quanto a economia interfere na geração de resíduos, e a forma de 
tratamento. Neste capítulo, você irá ter uma ampla visão de como 
os órgãos governamentais atuam para atender a essa problemática. 
Irá também conhecer mais profundamente quais são os impactos 
ambientais provocados e as formas de contenção bem como as tec-
nologias e soluções que podem contribuir para o atendimento da 
gestão. Por fim, você terá condições de identificar as necessidades de 
Educação Ambiental, de forma a provocar mudanças significativas e 
permanentes para a sustentabilidade da gestão.
Carta ao aluno
Gestão de Resíduos Sólidos
– 6 –
Você sabia que a geração de resíduos é um problema que foi ignorado 
por muitos anos e ainda continua sendo pela maioria da população, inde-
pendentemente de seu nível educacional ou classe social? Esse descaso pode 
afetar a evolução do homem, principalmente pelo uso indiscriminado dos 
recursos naturais e o descarte incorreto dos resíduos gerados, pois cada resí-
duo possui um tempo diferenciado de decomposição na natureza. Sendo 
assim, os novos recursos dependem do conhecimento adequado desse pro-
cesso. Nesse sentido, o profissional que atua na área ambiental precisa ter 
uma visão sistêmica da questão para aplicar as soluções necessárias em cada 
etapa da gestão de resíduos sólidos.
A disciplina “Gestão de Resíduos Sólidos” tem o objetivo de capacitá-
-lo(a) para a compreensão do sistema como um todo, fornecendo-lhe os con-
ceitos, legislações, tecnologias e práticas necessárias para esse entendimento. 
Os conceitos fornecidos a você apresentam as informações que o auxiliarão na 
tomada de decisões para a escolha dos processos na implantação do sistema 
de gestão de resíduos. Assim, o conhecimento da legislação permite o aten-
dimento dos requisitos exigidos pelos órgãos responsáveis pela fiscalização 
da atividade Dessa forma, você estará devidamente preparado para fornecer 
consultoria profissional no mercado de trabalho. 
Os demais componentes da disciplina contribuem para que você possa 
entender o processo de planejamento e implantação de um programa de ges-
tão de resíduos. Compreendendo a logística requerida, as tecnologias utili-
zadas para a redução da geração na fonte, as soluções para a reutilização e 
reciclagem, reduzindo, assim, o descarte. E tão importante quanto conhecer 
as etapas de um sistema como este é conhecer os tipos de resíduos e seus riscos 
à saúde. Contudo, a disciplina também tem como objetivo apresentar a você 
a caracterização e a classificação dos resíduos gerados, possibilitando a sua 
segregação e o manuseio correto nas atividades profissionais.
A partir da apreensão de todos esses conhecimentos, você estará ampla-
mente capacitado para enfrentar os desafios do mercado de trabalho. Todos 
esses desafios incluem mudanças nos padrões de consumo para a promoção 
de ações, visando à melhoria na qualidade de vida, com a redução da poluição 
e o desenvolvimento sustentável. Durante o processo de aprendizagem, você 
deverá ter subsídios para desenvolver as seguintes competências:
– 7 –
Carta ao aluno
 2 entender e aplicar a Sistemática da Gestão de Resíduos Sólidos;
 2 identificar os diferentes tipos de resíduos, a forma e as fontes de 
geração e os potenciais riscos à saúde e ao meio ambiente; 
 2 conhecer, por meio do histórico, as causas da problemática para 
entender e aplicar as políticas ambientais relacionadas; 
 2 distinguir e reproduzir as metodologias e técnicas para a redução, 
reutilização e reciclagem dos resíduos sólidos;
 2 buscar alternativas para reaproveitamento dos resíduos em outros 
processos, como a geração de energia limpa/renovável; 
 2 atuar na Educação Ambiental para atender às legislações vigentes, 
bem como à melhoria na qualidade de vida da população e na pre-
servação ambiental.
1
Introdução à Gestão 
de Resíduos Sólidos
Neste capítulo, você irá conhecer os contextos que envol-
vem a problemática dos Resíduos Sólidos. Aqui, serão apresentados 
os principais conceitos da Gestão Ambiental e da Gestão de Resí-
duos, assim como o histórico da geração a partir das mudanças no 
estilo de vida da população e dos problemas que o homem enfrenta 
pelo acúmulo de resíduos. Você também terá a oportunidade de 
estudar com acuidade a necessidade de implantação de um sistema 
de gestão e quais são as políticas criadas para atender a essa cres-
cente demanda, bem como as responsabilidades dos atores envol-
vidos – governo (federal, estadual e municipal), comunidade em 
geral, indústrias, entre outros.
Gestão de Resíduos Sólidos
– 10 –
Objetivos de aprendizagem:
 2 analisar o histórico da geração de resíduos para compreender as 
causas da problemática e utilizá-las como base da Gestão de Resí-
duos Sólidos - GRS;
 2 entender os conceitos da GRS para fundamentar o planejamento e 
implantação do sistema;
 2 compreender as necessidades das políticas ambientais e como elas 
são regulamentadas;
 2 compreender as etapas da GRS visando à maximização da efici-
ência dos projetos para minimização, reutilização e reciclagem 
dos resíduos.
1.1 Contextualização / Histórico
As preocupações com o meio ambiente, principalmente em relação à 
qualidade ambiental acompanham a história do homem. Porém, com a evo-
lução da sociedade, essas preocupações se intensificaram e tornaram-se cru-
ciais para a qualidade de vida das pessoas. Nos dias de hoje, há uma extensiva 
preocupação com o meio ambiente, sobretudo como forma de manutenção 
da vida em centros urbanos, cuja densidade demográfica aumenta enquanto 
os recursos naturais diminuem. Nesse sentido, compreender os diferentes 
estilos de vida da população no decorrer do tempo e como os recursos natu-
rais são utilizados, ou não, em cada período é fundamental para a gestão de 
resíduos sólidos e, consequentemente, para atender às questões ambientais.
 Importante
Um sistema de gestão de resíduos sólidos tem potencial para a redu-
ção dos impactos ambientais negativos e da melhoria na qualidade de 
vida das pessoas em função do uso correto dos recursos naturais e 
do desenvolvimento econômico. Por esse motivo, é fundamental que 
haja esta contextualização como base deste estudo.
 
– 11 –
Introdução à Gestão de Resíduos Sólidos
1.1.1 Recursos Naturais
O homem,assim como os demais seres vivos, utiliza os recursos 
naturais para sua sobrevivência. Contudo, o ser humano os utiliza de 
maneira diferenciada, visando, além do conforto, à prosperidade. Essa 
diferença, porém, provocou mudanças no meio ambiente ao longo da his-
tória, incluindo mudanças no estilo de vida do homem, principalmente 
a partir da Era Industrial, que favoreceu as aglomerações urbanas, o que, 
por sua vez, provocou ainda mais os problemas ambientais, caracterizados 
a partir dessas mudanças de hábitos.
Segundo Braga (2005, p. 5), a definição de Recurso Natural é “qual-
quer insumo de que os organismos, as populações e os ecossistemas neces-
sitam para sua manutenção”. Sendo assim, é possível definir como recurso 
natural um elemento ou composto que seja útil. Essa utilização inclui os 
recursos processados que necessitam de tecnologia para a sua utilização, 
como o álcool, proveniente da cana de açúcar ou o magnésio, utilizado 
para compor ligas metálicas.
Os Recursos Naturais podem ser classificados, segundo Braga (2005), 
como: renováveis e não renováveis. 
Quanto aos recursos 
renováveis, eles podem ser 
reutilizados após seu uso, 
com ou sem recursos tec-
nológicos, como é o caso da 
energia eólica, a água etc. 
Enquanto que os recursos 
não renováveis têm seu fim 
após uma ou mais utiliza-
ções, como o carvão, que 
após a queima vira cinza ou 
ainda materiais radioativos 
que deixam de gerar radia-
ção depois de um tempo 
específico. Esses dois exem-
plos mostram que existe 
Recurso
natural
Renovável
Não
renovável
Água,
biomassa,
ar,
vento
Minerais
energéticos,
combustíveis
fósseis, urânio
Minerais não
energéticos -
cálcio, fósforo,
etc.
 Figura 1 – Classificação dos Recursos Naturais.
Fonte: Braga, 2005.
Gestão de Resíduos Sólidos
– 12 –
uma diferença dentro dos recursos naturais não renováveis, possibilitando, 
assim, que Braga (2005) classifique essa categoria em outras duas, conforme 
é possível observar na figura a seguir. É salutar a percepção de que os recur-
sos não energéticos são transformados ou convertidos, podendo também ser 
reutilizados, mas com alta tecnologia e custo, além do tempo para a sua total 
recomposição, tornando irrelevante sua reutilização pelo ser humano.
1.1.2 População e Consumo
Os recursos, assim como a vida do ser humano, podem ser expressos em 
ciclos. Desde o domínio do fogo, a evolução do homem é manifestada com 
o uso de diferentes tecnologias e, em consequência, por diferentes estilos de 
vida. No entanto, a Era Capitalista aponta para uma evolução mais acelerada 
em função do sistema de produção, pela expansão dos parques industriais e, 
ainda, para uma cultura direcionada à massificação do consumo (NORÕES, 
2011). Essa nova cultura favoreceu o crescimento da população, trazendo, 
com isso, inúmeras mudanças de hábitos que culminaram no aumento da 
geração dos resíduos e, consequentemente, a degradação ambiental. 
Segundo Bidone e Povinelli (1999), há diferenças na geração de resíduos 
entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, em que se observa claramente 
que no primeiro grupo a fabricação de materiais e resíduos recicláveis é maior 
do que no segundo grupo.
Com o processo de urbanização, podemos observar também o aumento das 
carências relacionadas ao saneamento básico, no qual se inclui a disposição inade-
quada do lixo gerado. E, apesar de o problema estar caracterizado com fatos histó-
ricos, este é um fenômeno contemporâneo evidente. Como consequência desses 
fatos, os resíduos produzidos pelo homem a cada dia ocupam mais espaço, sendo 
dispostos, muitas vezes, em locais inadequados e sem qualquer tipo de tratamento 
e medidas de proteção ambiental. Embora esse processo ocorra como um fenô-
meno natural de aglomeração, tanto pelo estilo de vida quanto pelo aumento da 
população, ele é potencializado pela criação de materiais sintéticos que, em sua 
maioria, não são absorvidos pelo ciclo natural de decomposição na natureza, de 
modo a aumentar o acúmulo de resíduos no meio ambiente.
As figuras, a seguir, apresentam o ciclo do uso de recursos até a geração 
dos resíduos ou subprodutos e o acúmulo de materiais obtidos a partir de 
– 13 –
Introdução à Gestão de Resíduos Sólidos
fontes naturais. No entanto, após o uso, eles são descartados, evidenciando, 
com isso, que o seu excesso pode provocar a degradação ambiental.
Figura 2 – Ciclo de utilização dos recursos.
Produção
Re
cu
rs
os
 n
at
ur
ai
s
Consum
o
Resíduos
Degradação
ambiental
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Braga, 2005.
Neste sentido, analisamos a produção do papel que é feito a partir 
da madeira – um recurso natural, e após seu consumo pode ser reapro-
veitado. No entanto, sem a destinação 
correta e/ou o acúmulo do resíduo, este 
entra no processo que contribui para a 
degradação ambiental. O mesmo pode 
ocorrer com o plástico, feito a partir de 
polímeros derivados do petróleo, pois, 
seu descarte indevido e acúmulo inter-
rompe o ciclo natural do processo de 
produção/consumo. Assim podemos 
exemplificar todos os produtos que uti-
lizamos, por isto é fundamental o uso 
consciente dos recursos e o seu descar-
-te adequado.
Figura 3 – Simulação do planeta 
Terra coberto por.
F
on
te
: S
ch
ut
te
rs
to
ck
, 2
01
5
.
Gestão de Resíduos Sólidos
– 14 –
 Você sabia
O primeiro elemento sintético descoberto foi o Tecnécio em 1937 
(peso atômico 43). Os elementos podem ser sintetizados a partir do 
bombardeamento de um elemento com peso atômico maior (tabela 
periódica). Por exemplo: o Urânio e o Plutônio, ou pela situação 
inversa, pela fusão de dois elementos com peso atômico mais leve.
Apesar do impacto ao meio ambiente, os elementos e compostos sin-
téticos são amplamente utilizados para o bem-estar do homem, princi-
palmente na medicina.
Disponível em: <http://www.buzzle.com/articles/synthetic-elements.html>. 
 
1.1.3 Geração de Resíduos
Segundo D’Almeida (1995, p 34), o lixo sólido urbano pode ser com-
preendido como “um conjunto de detritos gerados em decorrência das ati-
vidades humanas nos aglomerados urbanos”. Incluem-se, nesse contexto, os 
resíduos gerados em domicílios, em estabelecimentos comerciais, industriais, 
os de serviços de limpeza pública urbana, de estabelecimentos de saúde (sép-
ticos e assépticos), os entulhos da construção civil e demais serviços, como 
terminais rodoviários, ferroviários e aeroportos.
Essa denominação no Brasil geralmente está associada ao “lixo”, sendo 
que a Lei nº 12.305/10 determina que as prefeituras municipais devem se res-
ponsabilizar pela coleta, transporte e destinação final do resíduo domiciliar, 
comercial e do público. Já os resíduos industriais sépticos e os produzidos em 
portos e aeroportos são de responsabilidade do gerador em decorrência do 
potencial risco à saúde humana e ao meio ambiente. Além disso, esses resí-
duos devem ser acondicionados em local apropriado, e a coleta, o transporte e 
principalmente a destinação final desses resíduos exigem tratamento especial.
Com o objetivo de investigar as condições de saneamento básico de 
todos os municípios brasileiros, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 
(PNSB), por meio de convênio entre o Ministério da Saúde e o IBGE, rea-
lizou, em 1974, o primeiro levantamento técnico nacional (IBGE, 2000). A 
– 15 –
Introdução à Gestão de Resíduos Sólidos
avaliação foi realizada em conjunto com órgãos públicos e empresas privadas 
que atuam nesse setor para verificar as condições ambientais e suas implica-
ções diretas com a saúde e qualidade de vida da população a partir de:
 2 Abastecimento de Água (AA);
 2 Esgotamento Sanitário (ES);
 2 Drenagem Urbana (DU); 
 2 Limpeza Urbana e Coleta de Lixo (LC).
Para avaliar a Limpeza Urbana e a Coleta de Lixo (LC), a PNSB investiga: 
 2 a prestação dos serviços de limpeza urbana e coleta de lixo;
 2 a varrição e capina;
 2 a coleta seletiva;
 2 o destino dos resíduos;
 2 o processamento para seu reaproveitamento;
 2 o tratamento de resíduos especiais;2 os veículos e equipamentos utilizados no manejo dos resíduos.
Os últimos resultados da pesquisa, realizada em 2008, apresentam uma 
melhora nos serviços de saneamento básico, de maneira geral. Sendo que quase 
100% dos municípios brasileiros possuem manejo de resíduos sólidos apesar de 
ainda não terem a destinação correta, considerando que boa parte dos resíduos 
ainda é descarregada em lixões. A tabela a seguir apresenta a evolução do serviço 
de destinação dos resíduos sólidos urbanos no Brasil considerando os dados da 
pesquisa de 1989, 2000, 2008 e 2013. Os dados apresentam uma mudança 
positiva a partir da lei de resíduos sólidos (12.305/2010). (ABRELPE, 2013).
Tabela 1 – Destino dos resíduos sólidos.
Ano
Destino final dos resíduos sólidos por unidade de destino dos resíduos (%)
vazadouro a céu aberto aterro controlado aterro sanitário
1989 88,2 9,6 1,1
Gestão de Resíduos Sólidos
– 16 –
Ano
Destino final dos resíduos sólidos por unidade de destino dos resíduos (%)
vazadouro a céu aberto aterro controlado aterro sanitário
2000 72,3 22,3 17,3
2008 50,8 22,5 27,7
2013 17,4 24,3 58,3
Fonte: PNSB, 2008; ABRELPE, 2013.
Vazadouro a céu aberto: comumente denominado de “Lixão”, 
foi a solução encontrada por gestores públicos para descarregar 
os resíduos urbanos – “lixo”, coletados conforme sua responsa-
bilidade. O local dos lixões foi escolhido adotando o critério da 
distância dos centros urbanos. Não há, nesses casos, a preparação 
do local com estudos de impacto ou impermeabilização do solo. 
As contaminações podem abranger os lençóis freáticos e demais 
cursos hídricos, o ar com gases tóxicos prejudiciais à saúde de 
forma direta e indireta pela depleção da camada de ozônio, além 
de outros riscos de contaminação direta em função das inúme-
ras pessoas que buscam nos lixões o seu sustento, bem como 
alguns animais que procuram material orgânico como alimento.
Aterro Sanitário: segundo a ABNT (1992, p. 1), é a forma de 
dispor os “resíduos sólidos urbanos no solo sem causar danos à 
saúde pública e sua segurança”. O local é primeiramente analisado 
por meio de recursos tecnológicos, evitando a implantação em 
locais de proteção ambiental. Posteriormente, o local é prepa-
rado - impermeabilizado, nivelado - e são realizadas obras para 
drenagem e captação do chorume ou percolado. Com o local 
pronto, o próximo passo é a disposição dos resíduos previa-
mente triados e preparados, com a adição de uma camada 
protetora na superfície para evitar contaminações. A última 
etapa do aterro sanitário ocorre quando sua capacidade 
máxima é atingida, este é, então, selado, e vegetação é
– 17 –
Introdução à Gestão de Resíduos Sólidos
plantada na superfície. Os controles e queimas das emis-
sões de gases, assim como a coleta do material percolado, 
devem continuar até que não haja mais contaminantes.
Aterro Controlado: é um intermediário entre os lixões e o 
 aterro sanitário. Em muitos casos, os lixões foram 
adaptados com a utilização de selantes 
, capturas de gases, porém sem controles e 
coleta do material percolado (chorume).
 
A geração de resíduos conforme já vimos, aumenta conforme a popula-
ção se desenvolve, tanto pelo aumento da densidade demográfica quanto pelo 
estilo de vida. Nesses aspectos, podemos contextualizar a geração per capta 
dependente de pelo menos três fatores principais: status socioeconômico, grau 
de urbanização e tamanho das famílias.
Ao analisarmos o histórico da questão, podemos verificar que a des-
carga do “lixo” nas cidades de todo o mundo sempre representou um sério 
problema para a saúde pública e para o meio ambiente. Os depósitos em 
áreas urbanas sempre estiveram associados à propagação de doenças, a partir 
da contaminação dos mananciais de água, dos solos e dos alimentos ou por 
vias diretas de contaminação, envolvendo os animais e pessoas que coexistem 
nesses locais.
De acordo com o Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, RQMA, 
(2013) – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Reno-
váveis (IBAMA) e Ministério do Meio Ambiente (MMA), em pesquisa rea-
lizada entre os anos de 2008 a 2011, nos municípios brasileiros com mais 
de 100 mil habitantes foi observado que 100% deles oferecem coleta de lixo 
domiciliar. Na composição desses resíduos, 31,9% é de Material Reciclável, 
51,4% é de Material Orgânico e 16,7% é referente a outros materiais não 
recicláveis e também não orgânicos, conforme podemos observar na figura 
a seguir. No entanto, apenas 2% do total coletado são enviados para unida-
des de processamento de resíduos.
Gestão de Resíduos Sólidos
– 18 –
Figura 4 – Caracterização do RSU - 2008 a 2011.
60
50
40
30
20
10
0
Resíduo orgânico Reciclável Não reciclável
Fonte: PNSB, 2008.
Outro estudo apresenta o aumento de 12,8% na geração de resíduos 
sólidos urbanos per capita, comparando a geração entre 2008 e 2013. Esse 
aumento pode estar relacionado ao aumento da renda da população e maior 
consumo de produtos industrializados. A Figura a seguir ainda apresenta o 
aumento de 15,9 % na coleta dos resíduos.
Figura 5 – Aumento da geração e coleta RSU de 2008 a 2013
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0,812
0,941
15,9% 12,8%
0,923
1,041
2008
2013
Coletado Gerado
Kg percapta/dia
Gerado
Fonte: ABRELPE, 2013.
– 19 –
Introdução à Gestão de Resíduos Sólidos
É importante ainda considerar as migrações temporárias, conforme des-
taca Lima (2004). Os períodos de férias escolares, por exemplo, podem pro-
vocar consideráveis mudanças na rotina de estabelecimentos, comerciais ou 
industriais, principalmente em cidades ou regiões com alto potencial turís-
tico. Com essas mudanças, o volume de resíduo gerado pode dobrar num 
curto espaço de tempo, provocando novos problemas ambientais e sociais.
 Saiba mais
De acordo com os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Apli-
cada (IPEA), em 2014, o Brasil tinha 2.906 lixões distribuídos por 
2.810 municípios que precisam ser erradicados. Conforme estimativa 
do Ministério do Meio Ambiente, essa realidade mantém cerca de 
800 mil brasileiros convivendo diariamente com todos os riscos oca-
sionados pela busca da sobrevivência em lixões. Conheça melhor 
essa realidade brasileira. Acesse: <http://www.jb.com.br/ciencia-e-
-tecnologia/noticias/2015/08/01/milhoes-nao-tem-destinacao-correta-
-de-lixo-e-prazo-para-fim-de-lixoes-foi-prorrogado/>.
 
1.2 Conceitos e Definições
Na construção de um processo, independentemente da atividade ou 
fim, é fundamental o conhecimento básico do sistema, seu histórico e 
também as definições de cada componente ou etapa. Nesse sentido, esta 
seção contribui para o melhor aproveitamento dos estudos que envolvem 
o Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos, principalmente pela ambigui-
dade de alguns significados dentro da Gestão Ambiental, o que pode pro-
vocar interpretações diferentes, dependendo do contexto ou aspecto a ser 
analisado. Temos como exemplo a “Poluição” e o “Impacto Ambiental”. 
Segundo Sanchez (2006), a terminologia Impacto Ambiental atualmente é 
mais utilizada por ter um conceito mais abrangente dos problemas ambien-
tais do que a palavra poluição. Assim, veremos alguns dos conceitos mais 
empregados nessa temática e que serão utilizados como base para aplicação 
no planejamento do processo.
Gestão de Resíduos Sólidos
– 20 –
A Gestão Ambiental, referenciada pelo próprio IBAMA (Disponível em: 
http://www.ibama.gov.br/rqma/gestao-ambiental), é “o processo de articula-
ção das ações dos diferentes agentes sociais que interagem em dado espaço, 
visando garantir, com base em princípios e diretrizes previamente acordados/
definidos, a adequação dos meios e exploração dos recursos ambientais/natu-
rais, econômicos e socioculturais às especificidades do meio ambiente”.
A partir das pesquisas fundamentadas para compreender a essência das 
questões ambientais, podemos verificar a necessidade de mais autonomia das 
Ciências Ambientais, de métodos específicos para abordar a realidade, de 
limites claros e objetivos,no sentido de relacionar além das causas específicas, 
também a distinção entre o natural e o artificial. As questões ambientais são 
trabalhadas a partir de conceitos interdisciplinares envolvendo a natureza e a 
sociedade, porém de forma isolada, sem comunicação entre si.
Nesse sentido, podemos interpretar o meio ambiente conforme a legisla-
ção brasileira como “um conjunto de condições, leis, influências e interações 
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas” – Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 3º, 
I. (BRASIL, 1981, p.1). Lembrando que cada país possui uma definição dis-
tinta para o meio ambiente. No entanto, existem similaridades, alguns países 
são mais abrangentes, outros mais sucintos para essa conceituação.
A Gestão Ambiental, assim como o ambiente, é afetada pelas atividades 
antrópicas. Por isso, devemos compreender também os fatores que motivam 
o uso dos recursos e a forma de socialização. Esses fatores podem estar relacio-
nados ao aspecto cultural de uma comunidade, que pode ser entendido como 
o oposto ou o complemento da natureza.
Segundo Rischbieter (2015), a relação do homem com a natureza é intrín-
seca, o homem modifica o seu espaço, mudando assim o seu meio. Os motivos 
dessas transformações, nas quais a produção do espaço acontece pela necessi-
dade de adaptação do homem em função das diferentes regiões em que se domi-
cilia, considera o período histórico de sua formação social. Essas transformações 
ocorrem de forma contínua e vão se alterando à medida que novos espaços são 
criados e novas teorias são introduzidas na crescente produção social.
Nesse cenário, podemos citar o patrimônio cultural como uma forma de 
preservação e identificação, segundo a Organização das Nações Unidas para 
a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), “O patrimônio cultural é de 
– 21 –
Introdução à Gestão de Resíduos Sólidos
fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos 
povos e a riqueza das culturas”. 
 Importante
É compreendido como patrimônio o conjunto de todos os bens, mate-
riais ou imateriais, que, pelo seu valor próprio, devem ser considerados 
de interesse relevante para a permanência e a identidade da cultura de um 
povo. É tudo o que nos pertence, é a nossa herança do passado e o que 
construímos hoje. Com isso, todos nós temos a obrigação de preservar, 
transmitir e deixar todo esse legado para as gerações vindouras. 
 
O conceito de poluição foi disseminado a partir das discussões rela-
cionadas aos problemas ambientais. Assim, a definição surge do verbo 
“poluir”, com efeito, o “ato de profanar a natureza”. A poluição, segundo 
Sanchez (2006), pode ser entendida como uma condição do entorno dos 
seres vivos que possa ser danosa para eles. Essa base conceitual foi fun-
damental para o estabelecimento de legislações de controle ambiental, ou 
seja, o controle da poluição. 
Uma característica peculiar dessa definição é a possibilidade de men-
suração da poluição partindo de parâmetros que possam ser fiscalizados e 
responsabilizados pelos poluidores, bem como seu efeito – emissões, presença 
de matéria ou energia, sempre de forma negativa. Nesse sentido, a definição 
mais ampla e utilizada para a poluição é: a “Introdução no meio ambiente 
de qualquer forma de matéria ou energia que possa afetar negativamente o 
homem ou outros organismos” (SANCHEZ, 2006, p.26).
O conceito que define a degradação ambiental também possui uma 
conotação negativa e é descrita de forma bem abrangente na maioria das 
legislações que relacionam o aspecto às questões ambientais e pode provocar 
controvérsias na sua interpretação. Nesse contexto, uma das definições mais 
aceitas e utilizadas refere-se a “qualquer alteração adversa dos processos, fun-
ções ou componentes ambientais”, ou seja, a redução ou perda da capacidade 
de um determinado ecossistema em restabelecer seu equilíbrio para sua sobre-
vivência. (SANCHEZ, 2006, p.27).
Gestão de Resíduos Sólidos
– 22 –
Enquanto o impacto ambiental é ainda mais controverso, pois possui 
igualmente uma conotação “negativa”, o que nem sempre é real, pois o 
impacto pode ser tanto negativo quanto positivo. Essa definição errônea 
é descrita em muitos estudos técnicos, científicos e inclusive nas legisla-
ções, o que pode provocar distorções em sua aplicação como fiscalização, 
remediação etc. 
Vale lembrar que o impacto ambiental apresenta alterações no meio 
ambiente, podendo ou não ser provocadas pela ação do homem. Essas 
alterações ou impactos podem ser benéficos ao meio. Um exemplo sim-
ples e usual é a geração de empregos por um novo empreendimento, ou 
as mudanças ocorridas a partir da instalação de uma usina de triagem 
de resíduos. Portanto, o impacto ambiental pode ser entendido como o 
resultado de uma ação humana. Nas palavras de Sanchez (2006, p.36), 
“uma rodovia não é um impacto ambiental, a rodovia causa impac- 
tos ambientais”.
De acordo com o entendimento que temos dos impactos ambien-
tais, podemos analisar o sentido dos Aspectos Ambientais, que, segundo a 
norma ISO 14.001 da ABNT (2004, p. 2), é “o elemento das atividades, 
produtos e serviços de uma organização que pode interagir com o meio 
ambiente”. A interpretação desse conceito é mais relacionado às percep-
ções ambientais, é a manifestação das ações humanas.
 Você sabia
Uma das terminologias mais utilizadas para analisar os aspectos 
ambientais é o termo “Avaliação de Impacto Ambiental” (AIA), 
que, segundo a International Association for Impact Assessment 
(IAIA), é definida como o “processo de identificar as consequ-
ências futuras de uma ação presente ou proposta”. (SANCHEZ, 
2006, p. 52) 
 
Essa avaliação identifica, prevê e mitiga os efeitos sociais, biofísicos, 
entre outros, evitando, com isso, futuros impactos negativos, ou ainda 
remedia danos existentes. Enquanto o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) 
– 23 –
Introdução à Gestão de Resíduos Sólidos
possui uma função de prevenção, essa análise é realizada para investigar os 
possíveis impactos em um novo empreendimento.
Em um sistema de Gestão de Resíduos Sólidos, além dos requisitos já 
analisados, podem ser necessárias ações que visam à recuperação ambiental 
e, quando aplicáveis, podem ser realizadas a partir de técnicas de manejo ou 
outras que possibilitem a reutilização da área degradada para outros fins, ou 
ainda para a mesma utilização após o período de recuperação. Usualmente o 
termo “Remediação” é utilizado nas legislações para esta atividade. No caso 
específico da GRS, é possível fazer a remoção dos resíduos dispostos irregu-
larmente, tratar a área com a remoção dos contaminantes e prepará-la para 
a destinação correta dos resíduos.
Segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, por meio da Lei nº 
12.305/2010 (BRASIL, 2010), a gestão integrada dos resíduos sólidos “é 
um conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos 
sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, 
cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento 
sustentável”. A gestão integrada deve contemplar os resíduos originados de 
serviços de saúde, construção civil, mineração, portos, aeroportos, incluindo 
áreas de fronteira. Também estão contemplados os resíduos industriais e de 
atividades agrossilvipastoris, ou seja, resíduos oriundos de áreas rurais com 
agricultura, pastagem e florestas.
Enquanto que o Gerenciamento dos resíduos sólidos, segundo a Lei 
citada, refere-se ao “conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, 
nas etapas de Coleta, Transporte, Transbordo, Tratamento e destinação 
final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final 
ambientalmente adequada dos rejeitos”. Vale lembrar que a Logística 
Reversa também está inserida nesse sistema de gestão e pode ser entendida 
como um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracte-
rizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinadosa 
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, 
para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou 
outra destinação final ambientalmente adequada”. (BRASIL, 2010).
A figura, a seguir, apresenta um exemplo de logística reversa para o caso 
de medicamentos vencidos e não consumidos no prazo de validade.
Gestão de Resíduos Sólidos
– 24 –
Figura 6 - Fluxo de Medicamentos vencidos e não consumidos no prazo – 
Exemplo de Logística Reversa.
LABORATÓRIO
DISTRIBUIDOR
FARMÁCIA
CONSUMIDOR
FARMÁCIA
DISTRIBUIDOR
MEDICAMENTO
Fonte: Elaborado pela autora, com base na PNRS, 2010.
Assim, a Logística Reversa compreende atividades que vão além da des-
tinação adequada de um resíduo, pois contribui para o desenvolvimento de 
novas tecnologias e produtos e pode gerar empregos, impulsionando a eco-
nomia, além da satisfação do consumidor direto ou indireto. E, ainda, pode 
contribuir para o equilíbrio ambiental.
1.3 Política Ambiental – Sistema de Gestão
Para a implantação de políticas ambientais, visando principalmente ao 
equilíbrio entre o meio ambiente e o desenvolvimento do ser humano, é pre-
ciso entender como elas estão relacionadas ao sistema de gestão, considerando 
a relação intrínseca entre a política e a gestão, em que, de acordo com Philippi 
Jr. (2004), esta última pode ao mesmo tempo ser ontológica. 
– 25 –
Introdução à Gestão de Resíduos Sólidos
Ontológica – é a Ciência do ser em geral, inde-
pendente de suas ideias ou expressões. 
Na Filosofia. É estudada através do Aristotelismo. “Parte 
da filosofia que se dedica ao estudo das características 
mais gerais do Ser, sendo separada das categorizações 
que, ao delimitá-lo, ofuscam sua essência absoluta”... 
Disponível em: 
 < http://www.dicio.com.br >. Acesso em: 16/10/2015.
 
Assim, os conceitos básicos que envolvem as questões ambientais são 
fundamentais para o planejamento inicial de um Sistema de Gestão de Resí-
duos Sólidos, pois é preciso conhecer a trajetória do problema e como o ser 
humano interage com a questão. As políticas são elaboradas de acordo com 
os conceitos definidos nacional ou internacionalmente, com base no histó-
rico da problemática e ainda pelas projeções e perspectivas futuras. Por esse 
motivo, são considerados também os aspectos culturais, sociais e econômicos 
e, quando aplicável, os fatores regionais pertinentes.
De acordo com Helu (2010), a Política Ambiental é definida como um 
conjunto de ações ordenadas e práticas implantadas por empresas e também 
pelo Governo, visando ao desenvolvimento sustentável por meio da preservação 
do meio ambiente. A política ambiental normalmente é constituída por dire-
trizes e estratégias, com princípios norteados por valores ambientais com foco 
na Sustentabilidade. Essa por sua vez, pode ser entendida em função do atendi-
mento das necessidades das gerações presentes, sem comprometer o desenvolvi-
mento e a capacidade das futuras gerações em atender a suas precisões.
De maneira geral, devemos compreender que as políticas ambientais, 
segundo Souza (2010), estão relacionadas à preservação do meio ambiente 
no sentido de promover o desenvolvimento social e ambiental, buscando o 
equilíbrio e a sustentabilidade para a sociedade. Normalmente o conceito de 
meio ambiente está ligado aos recursos naturais e suas interações com os seres 
vivos, por vezes, desvinculando o próprio homem desse conceito, associando-
-o apenas ao “verde”. 
Gestão de Resíduos Sólidos
– 26 –
 Importante
A natureza transformada pelas atividades antrópicas, também com-
põem o meio ambiente. Esse meio inclui a “floresta” cinza das cidades 
urbanas, criação do homem.
 
Outro fator a ser considerado nas políticas ambientais e demais situa-
ções é o fato de vivermos num mundo globalizado, no qual as questões locais 
podem ser afetadas, bem como podem interferir nas questões globais. Em 
resumo, o resíduo gerado aqui, e descartado de forma incorreta, pode causar 
impactos ambientais negativos a quilômetros de distância ou, ainda, do outro 
lado do hemisfério. Um exemplo clássico de impacto é a diminuição na 
camada de ozônio, sendo que a região mais afetada é a Antártida e lá pratica-
mente não existe atividade antrópica.
Outro item importante da política ambiental está no seu objetivo, seja 
por meio da regulamentação, seja pelo estabelecimento de padrões (controle 
de emissões, uso do solo etc.), ou por mecanismos econômicos (taxação de 
cargas poluidoras, entre outras). O resultado deve ser a redução da deterio-
ração da qualidade ambiental. Lembre-se de que o foco está sempre no equi-
líbrio, de modo que a sociedade e os indivíduos possam ter a sua disposição 
um ambiente com qualidade.
Em relação à mensuração para controle econômico, podemos usar 
como exemplo a cobrança pelo uso dos recursos ambientais, teoricamente, o 
valor cobrado deve ser proporcional ao dano provocado, contudo, este é um 
aspecto difícil de mensurar, considerando a possibilidade de depleção de um 
determinado recurso. Ainda assim, as cobranças podem ser benéficas para um 
controle maior do uso dos recursos, bem como do descarte dos resíduos. Para 
o caso específico dos resíduos sólidos, a formulação das legislações abrange, 
além dos requisitos mencionados, o produto, ou seja, o resíduo sólido, pela 
sua constituição, pelo potencial poluidor, entre outros. 
Depleção: segundo o dicionário – significa a “Redução de alguma 
substância ou processo físico, químico ou biológico. Este termo nor-
– 27 –
Introdução à Gestão de Resíduos Sólidos
malmente é empregado em biologia ou medicina para indicar a redução 
drástica de uma substância no meio celular ou ainda redução de uma 
via metabólica ou evento funcional”. Quando relacionado aos recursos 
naturais, pode significar sua redução ou, ainda, sua total extinção.
Disponível em: < http://www.dicio.com.br >. Acesso em: 16/10/2015.
 
 Importante
Ao analisarmos o resíduo como um produto, um dos requisitos den-
tro da política ambiental, que trata exclusivamente dessa atividade, 
está relacionado às metas para Redução, Reutilização e Reciclagem 
dos resíduos (3Rs).
A partir dessas metas, podem ser estabelecidas novas políticas, novas 
estratégias, entre outras diretrizes, para contemplar a problemática 
como um todo, inter-relacionando outras legislações e competências, 
como é o caso da Educação Ambiental, incentivos governamentais 
para a criação de tecnologias visando ao atendimento dos 3Rs, a 
inclusão de ações danosas como crime ambiental, entre outros.
Nesse contexto, cabe ainda destacar o importante papel do Governo 
como agente regulador e também como moderador da questão, Oo 
seja, o Governo deve ser um agente atuante em todas as esferas 
e também nos processos que envolvem um Sistema de Gestão de 
Resíduos Sólidos, tanto pela sua abrangência quanto pela criticidade 
da questão. Por outro lado, cabe às empresas privadas e aos cidadãos 
o cumprimento das legislações, atuando ainda como agentes fiscaliza-
dores das políticas e suas implementações. 
Sem que haja a conscientização e a participação de todos, conside-
rando a responsabilidade de cada um, nenhuma política ou sistema terá 
dos. Nesse sentido, cabe ao Gestor Ambiental, a tarefa de compre-
ender todos os elos, analisar as situações e tomar as decisões corretas 
no que se refere ao atendimento da Gestão de Resíduos Sólidos.
 
Gestão de Resíduos Sólidos
– 28 –
O planejamento ambiental pode ser utilizado como uma ferramenta 
institucional e processual para aplicar os princípios de desenvolvimento sus-
tentáveis em todas as esferas da atividade, tanto econômica quanto social. 
Trata-se de um processo político, social, econômico e tecnológico, com cará-
ter educativo e participativo, no qual as lideranças, por meio de atividades 
estatutárias ou não, devem atuar de forma conjunta para as definições de 
ações em atendimento aos conceitos relacionados às questões ambientais.
Nesse sentido, o gestor ambiental no gerenciamento de resíduossóli-
dos tem como objetivo a redução na produção dos resíduos finais, utilizando 
métodos e atividades de forma integrada. É também seu papel garantir a 
minimização na geração, sua reutilização como matéria-prima na produção 
de outros bens, gerando como benefício a redução de impactos ambientais 
negativos, bem como os relacionados à saúde e, ainda, a promoção de impac-
tos positivos na economia e, consequentemente, na sociedade.
Resumindo
Neste capítulo, analisamos de forma sucinta o histórico das questões 
relacionadas à geração de resíduo sólido, contextualizando os aspectos da 
sociedade, as mudanças conforme as tecnologias disponíveis em cada ciclo/
era e a necessidade do enfrentamento dessa problemática. 
Vimos alguns conceitos que permeiam todas as etapas e processos asso-
ciados ao planejamento de um Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos, a 
situação dessa geração e as responsabilidades envolvidas na gestão conforme 
descreve a política ambiental relacionada ao tema. Note a importância e 
abrangência que a Gestão de Resíduos relaciona, sendo que, consequente-
mente, a mesma definição está intrínseca no papel do Gestor Ambiental para 
essa atividade, considerando que as ações relacionadas ao resíduo interferem 
em aspectos econômicos, culturais, sociais, ambientais, entre outros.
2
Resíduos Sólidos: 
leis, caracterização 
e classificação
Neste capítulo, você conhecerá como as leis e as normativas 
estão estruturadas para o atendimento das questões ambientais no 
Brasil, principalmente as relacionadas à Gestão de Resíduos Sólidos, 
bem como as principais definições adotadas por organismos interna-
cionais (OCDE, Opas, CEE, entre outros). Assim como cada órgão 
responsável estabelece os parâmetros de controle ambiental e qual 
a responsabilidade de cada instituição física ou jurídica (nas esferas 
Municipais, Estaduais, Federais ou ainda de organismos internacio-
nais). Entenderá como os resíduos são caracterizados e classificados 
para sua correta destinação, seja por meio de redução na geração, 
reutilização ou, ainda, via descarte final adequado, quando não há 
possibilidade de outro uso. A partir do conhecimento da tipificação 
dos resíduos, você poderá identificar os potenciais riscos à saúde, 
bem como a potencialidade poluidora de cada resíduo. 
Gestão de Resíduos Sólidos
– 30 –
Objetivos de aprendizagem:
 2 Conhecer a Legislação brasileira sobre Resíduos Sólidos, 
incluindo as definições sobre resíduos sólidos adotadas por orga-
nismos internacionais;
 2 Identificar os tipos de licenciamento ambiental para a GRS e como 
são obtidos;
 2 Analisar a forma de caracterização e classificação; 
 2 Identificar os diferentes resíduos gerados nas atividades antrópicas. 
2.1 Aspectos legais e institucionais
Com a evolução industrial, a sociedade desenvolveu-se de forma 
muito expressiva desde o início do século XVIII, no entanto, este fato 
ocorreu sem planejamento, de maneira desordenada, sem respeitar os 
limites de regeneração da natureza, contribuindo para o aumento da 
poluição e degradação ambiental. Os impactos ambientais negativos com-
prometeram a qualidade do ar e, principalmente, a saúde das pessoas, 
contaminando rios, afetando o solo, tornando-o infértil e contribuindo 
para o processo de desertificação.
Em consequência deste processo de degradação ambiental, surgiram novas 
tecnologias para remediar os danos provocados ao meio ambiente, considerando 
principalmente as áreas mais críticas que envolveram diretamente a população. 
Além de inovações tecnológicas, focou-se também na ordenação urbana e indus-
trial, com planejamento e ações para promoverem o desenvolvimento sem com-
prometer o meio ambiente, pois as tecnologias, apesar de avançadas, de forma 
isolada não atendem totalmente o problema ambiental. 
 Importante
As ações conjuntas apresentaram resultados positivos, assim, com 
este novo processo de desenvolvimento surgiram os controles e as 
alternativas para o uso dos recursos naturais, incluindo parametriza-
ções associadas às inovações. 
– 31 –
Resíduos Sólidos: leis, caracterização e classificação
Mas como garantir a aplicação destas ferramentas e minimizar a degrada-
ção ambiental? Para favorecer as limitações, foram estabelecidas as legislações 
e regulamentações, com as parametrizações e demais disposições com limites 
necessários, e condições para a fiscalização e controle destas diretrizes. Estas 
legislações incluem sistemas e processos para ações de medidas preventivas que, 
segundo Braga (2005), impedem ou reduzem a ocorrência dos fatores de degra-
dação. Enquanto as medidas corretivas são ações que devem ser realizadas para 
remediar os danos já existentes, embora o custo da correção possa ser elevado e 
de difícil implementação, sua aplicação é fundamental para a manutenção do 
meio ambiente, considerando sua preservação e o desenvolvimento do homem.
 Você sabia
No Brasil, as legislações ambientais surgiram ainda no período colonial, com 
o intuito de preservar a Mata Atlântica pela intensa atividade extrativa de 
madeiras nobres e também pelo processo de colonização e urbanização, 
caracterizado por movimentos migratórios internos e por novas imigrações 
na área da Mata Atlântica, principalmente onde atualmente situa-se a região 
metropolitana de São Paulo. DEAN, W. A ferro e fogo: a história da 
devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Cia das Letras, 1996.
 
A partir das leis gerais, foram estabelecidas legislações específicas para 
que haja mais criticidade em determinadas atividades e agentes poluidores, 
no sentido de atender as diretrizes gerais de forma mais concisa, permitindo 
uma fiscalização adequada para a redução da poluição e degradação ambien-
tal. Conforme podemos observar na figura a seguir, há a demonstração de 
como estão estruturadas as principais legislações da esfera Federal para o aten-
dimento aos Resíduos Sólidos no Brasil.
Em 1972, Estocolmo, capital da Suécia, sediou a Conferência das Nações 
Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente. Nela, os cientistas buscaram 
evidenciar as consequências da degradação ambiental e destacar o homem 
como protagonista deste fato. A principal causa da degradação apresentada 
no evento foi a poluição atmosférica, que ocorre através de todas as atividades 
antrópicas, incluindo a geração de resíduos, principalmente a sua destina-
Gestão de Resíduos Sólidos
– 32 –
ção incorreta. A partir deste evento, 
alguns países se comprometeram a 
tomar providências para a redução 
dos poluentes, instituindo leis e 
implementando ações preventivas e 
corretivas para atender aos objetivos 
propostos durante ou após a confe-
rência de Estocolmo. Neste sentido, 
foram criados também organismos 
independentes, que possuem maior 
autonomia para tratar das questões 
ambientais, definindo parâmetros 
e controles mais adequados para o 
equilíbrio entre o desenvolvimento 
econômico e o meio ambiente, estabelecendo assim, juntamente com as ques-
tões sociais, o desenvolvimento sustentável.
Desta forma, as legislações ambientais brasileiras foram então ampliadas 
e discutidas em todas as esferas, inclusive com o setor privado, buscando o 
atendimento das diretrizes do documento gerado na conferência de Estocolmo, 
bem como nas conferências realizadas posteriormente, como a Rio92 e Quioto. 
Sempre com foco no desenvolvimento sustentável, que inclui além da preserva-
ção ambiental, o crescimento econômico e a redução das desigualdades sociais. 
Assim, as leis no Brasil atendem as questões ambientais, no sentido da preserva-
ção dos recursos naturais, e também as questões sociais, como no caso da Lei nº 
12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 
 Importante
Esta lei dispõe sobre diretrizes para a implantação da Gestão Inte-
grada de Resíduos Sólidos, considerando os aspectos do desenvolvi-
mento sustentável, incluindo entre outras disposições: (i) o fomento 
à economia, através da logística reversa, destacando a atenção à vida 
útil dos produtos, asatisfação do consumidor, a geração de empregos 
Constituição
federal / 1988
art 225
Lei 6.938/81
PNMA - SISNAMA
CONAMA - CTFA - DA
Lei 12.305/10
PNRS
Resoluções /
Portarias /
Deliberações
Congresso nacional - 
Senadores / Dep. Fed
Presidência da
república
MMA
IBAMA
CONAMA
Figura 1: Principais legislações da esfera federal 
para o atendimento aos resíduos sólidos no Brasil.
Fonte: Elaborado pela autora, com base em 
BRASIL, 2010. 
– 33 –
Resíduos Sólidos: leis, caracterização e classificação
e atividades de reuso dos resíduos e principalmente; (ii) a extinção 
dos lixões e criação de usinas de triagem, consequentemente, favore-
cendo as pessoas que trabalham na separação/catação dos resíduos, 
erradicando também o trabalho infantil, comum na atividade. 
Na figura a seguir, podemos observar um menino que “trabalha com a 
família catando materiais do lixo” sem nenhuma segurança e em contato com 
possíveis materiais contaminados, disputando os restos com outros animais.
A Constituição Federal, em seu artigo 225, declara que “todos têm 
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e 
à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações”. Desta forma, as demais leis ambientais obrigatoriamente atendem 
a este artigo, definindo as disposições e princípios em cada regulamentação, 
bem como definindo as responsabilidades incluindo os crimes ambientais e 
ações penais pertinentes, conforme prevê a Lei Federal nº 6.905/98.
2.2 As legislações e a 
políticas públicas na 
área de meio ambiente
Os serviços de saneamento, inclui-se 
aqui o gerenciamento de resíduos sólidos 
urbanos, têm um caráter público assegu-
rado pela Constituição Federal, uma vez 
que o acesso aos serviços é um dever do 
Estado e um direito de cada cidadão, sendo 
a titularidade dos serviços assegurada aos 
municípios, de acordo com os preceitos 
das normas estadual e federal. A Constitui-
ção Federal do Brasil, de 05 de outubro de 
1988, estabelece a competência de todos os 
entes federativos, União, Estados e Municí-
Figura 2: Principais legislações da 
esfera federal para o atendimento 
aos resíduos sólidos no Brasil
F
on
te
: S
hu
tt
er
st
oc
k 
(2
01
4)
.
Gestão de Resíduos Sólidos
– 34 –
pios, para legislar sobre a matéria ambiental e atuar na proteção e defesa do 
meio ambiente, enquanto a Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, institui 
a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), seus fins e mecanismos de 
formulação e aplicação. Essa lei define as finalidades e objetivos da política 
ambiental no Brasil, os instrumentos a serem utilizados e os mecanismos de 
aplicação, dentre eles os conceitos, princípios, objetivos e penalidades. A lei 
também instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), o 
Cadastro de Defesa Ambiental e o Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(CONAMA). (BRASIL, 2010).
 Importante
O art 2º da Lei nº 6.938/81 define que “a PNMA tem por objetivo a 
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à 
vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socio-
econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dig-
nidade da vida humana”. Já o SISNAMA, definido por meio do art 
6º da referida lei, que é constituído por órgãos federais, entidades da 
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, 
bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, visa a proteção 
e melhoria da qualidade ambiental. As responsabilidades e regulamen-
tações são definidas conforme a esfera de abrangência de cada órgão. 
O CONAMA, órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA, institu-
ído pelas Leis nº 6.938/81 e nº 8.028/1990, possui finalidade de assessorar, 
estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governa-
mentais para o meio ambiente e aos recursos naturais, assim como deliberar, 
no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o 
meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de 
vida. Este conselho foi regulamentado via Decreto nº 99.274/90, e é um 
organismo ativo e em constante atualização devido ao seu formato e pela sua 
abrangência, contendo representantes de todas as esferas.
Mas como é a atuação do CONAMA? O conselho atua de forma ampla 
no atendimento às questões ambientais, principalmente na elaboração de 
resoluções que visam a criação de normas técnicas, critérios e padrões relacio-
nados à proteção ambiental, bem como o uso adequado dos recursos naturais. 
– 35 –
Resíduos Sólidos: leis, caracterização e classificação
Por exemplo, a Resolução nº 469/2015, que altera a de nº 307/2002 traz: 
“considerando o disposto na Resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho 
de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos 
resíduos da construção civil...”. Enquanto que a moção emitida pelo conselho 
trata de um manifesto relativo ao meio ambiente, independente da natureza, 
como a moção 093/2008, que solicita providências para a elaboração de uma 
Política Nacional de Resíduos Sólidos. 
Desta forma, as atividades relacionadas aos resíduos sólidos, independente 
da classificação e origem, são regulamentadas pelo Conselho Nacional do Meio 
Ambiente (CONAMA), a partir das legislações em vigor. Contudo, as resoluções 
que deliberam sobre a classificação, caracterização e demais aspectos relaciona-
dos aos resíduos sólidos podem ser definidas, segundo a Norma NBR 10.004 
de 2004, considerando os riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, 
garantindo o gerenciamento adequado destes resíduos. Assim, a norma define os 
resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam...
“... de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comer-
cial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta defini-
ção os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles 
gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem 
como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável 
o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou 
exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face 
à melhor tecnologia disponível.” (ABNT, 2004).
Neste contexto, os parâmetros analisados para a caracterização com-
preendem os principais aspectos físico-químicos, biológicos, qualitativos ou 
quantitativos relativos ao resíduo. Enquanto sua classificação está vinculada 
à origem, considerando o processo ou atividade, seus constituintes e caracte-
rísticas, verificando principalmente substâncias cujos impactos à saúde e ao 
meio ambiente sejam conhecidos.
 Importante
O CONAMA é composto por Plenário, Cipam, Grupos Asses-
sores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O conselho é pre-
sidido pelo ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é 
exercida pelo Secretário-Executivo do Ministério. A Política Nacio-
Gestão de Resíduos Sólidos
– 36 –
nal do Meio Ambiente possui um importante instrumento, que é a 
Avaliação de Impactos Ambientais, mas quem estabelece as normas 
e critérios para o licenciamento dessas atividades efetivas ou poten-
cialmente poluidoras é o CONAMA. Já a responsabilidade pela 
concessão é dos Estados, supervisionados pelo IBAMA. 
O CONAMA, através da Resolução 01/86 (alterada pelas Resolu-
ções 11/86 e 05/87), tornou obrigatória a elaboração de Estudo de 
Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental 
(Rima). Você sabe para que servem estes documentos? O EIA é des-
tinado a atividades poluidoras ou “modificadoras” do meio ambiente, 
contemplando, entre outras prerrogativas, “todas as alternativas tecno-
lógicas e de localização do projeto, confrontando-se, inclusive, com a 
hipótese de não execução”. Já o Rima deve ser apresentado de forma 
objetiva e adequado à compreensão e precisa ser disponibilizado para 
acesso do público. (Ministério do Meio Ambiente)
 Saiba maishttp://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html
http://www.mma.gov.br/port/conama/estr.cfm
https://qualisysconsultoria.files.wordpress.com/2015/11/resoluc3a-
7c3a3o-conama-tabela-2015.pdf
2.3 Caracterização dos resíduos sólidos
O homem deixa sua marca através do resíduo que gera, neste sentido, a 
quantificação de resíduos sólidos residenciais ou urbanos, bem como suas carac-
terísticas, podem ser analisadas com base na cultura, na renda, na localização 
geográfica, etc. Tendo como principal característica diferenciadora nos resíduos: a 
quantidade de material reciclável e não reciclável. (MORAES et all., 2004). 
A verificação da composição física normalmente é a primeira análise a 
ser realizada, esta é expressa em peso ou porcentagem, sua análise também 
contempla o aspecto geral do resíduo, seco ou molhado, grau de heteroge-
– 37 –
Resíduos Sólidos: leis, caracterização e classificação
neidade, etc.. Estudos de Análise Gravimétrica são importantes para deter-
minar estas características e subsidiar ao Gestor Ambiental (de entidades 
públicas ou privadas) a avaliar e reconhecer as melhores práticas relaciona-
das ao gerenciamento dos diferentes tipos de resíduos.
Na composição química podemos observar os componentes orgânicos, 
principalmente os compostos de carbono e nitrogênio. Os parâmetros tam-
bém podem estar relacionados ao pH, concentração de sólidos fixos e volá-
teis, entre outros. As análises químicas são críticas para o resíduo industrial, 
pois sua composição química e quantidade serão utilizadas como base para 
o tratamento adequado. Identificar os componentes inorgânicos também é 
fundamental para a Gestão de Resíduos Sólidos, pois sua composição pode, 
além de identificar a origem da geração e atividade antrópica, demonstrar 
a forma de manufatura, bem como sua geração e diretrizes para o acon-
dicionamento, armazenamento, transporte e destinação final seguros. Os 
compostos inorgânicos em sua maioria são recicláveis, porém, isto depende 
da forma como são descartados e também do custo para o seu reuso. A con-
taminação com compostos orgânicos ou a complexidade de sua formulação 
podem comprometer a reciclagem, assim como também podem compro-
meter a decomposição por agentes biológicos.
Um exemplo disto é a contaminação de papel ou papelão por óleos 
lubrificantes (comum em oficinas mecânicas). Papel e papelão limpos são 
plenamente recicláveis, já se estiverem contaminados com óleos lubrifican-
tes (que são compostos orgânicos derivados de hidrocarbonetos), perderão 
seu potencial de reciclagem e deverão ser tratados como resíduos sólidos 
perigosos, alterando toda a forma de gerenciamento deste resíduo devido 
aos riscos relacionados à saúde e ao meio ambiente.
 Importante
Os aspectos biológicos também estão associados à composição 
orgânica dos resíduos e serão os responsáveis pela decomposição 
microbiológica, que pode ocorrer de forma aeróbica, com presença 
de oxigênio. Esta forma de decomposição é mais rápida e produz 
quantidades significativas de gás carbônico, sais minerais de nitrogê-
nio, fósforo, potássio, entre outros, além de produzir calor. Por outro 
lado, a decomposição anaeróbica ocorre sem a presença de oxigênio 
Gestão de Resíduos Sólidos
– 38 –
e pode demandar um tempo maior para consumir o material orgânico, 
principalmente quando não há adição de catalisador. Este processo 
produz compostos nocivos à saúde e ao meio ambiente, como a 
amônia, ácidos orgânicos, gás sulfúrico, metano, etc. 
Em termos gerais, analisar o tipo de resíduo orgânico também é impor-
tante para identificar o tipo de tratamento e decomposição. Ambos os pro-
cessos geram, em maior ou menor quantidade, o material percolado, deno-
minado chorume, altamente rico em matéria orgânica e este deve receber o 
tratamento adequado para evitar a contaminação do solo e cursos hídricos.
Percolado ou Chorume: é caracterizado por um líquido 
turvo (preto), bem viscoso, de cheiro forte, proveniente da 
decomposição do lixo, mais precisamente, da matéria orgâ-
nica que compõe o lixo. O material percolado, quando em 
contato com a água, principalmente a água da chuva, quando 
em aterros sanitários ou lixões, pode, além de contaminar o 
solo por anos, atingir os lençóis freáticos, causar mortandade 
de organismos aquáticos por aumento de substâncias quími-
cas no ambiente (como nitritos e nitratos), causar eutrofização, 
além de geração de odores quando de sua decomposição.
 
A partir da análise básica do resíduo sólido ou semissólido, outra importante 
avaliação para a gestão é identificar a origem do material, pois esta etapa influen-
cia em diferentes responsabilidades, potenciais poluidores e ainda diferentes des-
tinos e tratamentos, considerando sua degradabilidade. Assim, segundo a Norma 
NBR 10.004/2004, a origem dos resíduos é classificada como:
 2 Industriais:
Resíduo proveniente da atividade industrial. Incluem-se aqui todos os 
resíduos gerados no processo de fabricação e o lodo proveniente dos processos 
de tratamento de efluentes. Em regiões muito industrializadas, a quantidade 
deste resíduo pode corresponder a até 75% do total gerado no município. Não 
– 39 –
Resíduos Sólidos: leis, caracterização e classificação
estão inclusos os resíduos gerados em escritórios, ou classificados como não 
perigosos quando em pequenas quantidades, nestes casos a coleta é realizada 
pela gestão municipal. Considerando a periculosidade de alguns resíduos, a 
norma os divide em classes, conforme o risco à saúde e ao meio ambiente:
Quadro 1: Confira as classificações dos resíduos conforme o risco que representam 
à saúde e ao meio ambiente
CLASSE
Tipo de 
Resíduo
Descrição
I
Resíduos 
perigosos
Apresentam características de inflamabilidade, corrosividade, reati-
vidade, toxicidade e ainda patogenicidade, por este motivo podem 
apresentar risco tanto à saúde pública quanto ao meio ambiente.
II
Resíduos não 
perigosos
Substâncias não contaminadas por agentes químicos tóxicos – resí-
duos de restaurante (restos de alimentos); sucata de metais ferrosos 
e/ou não ferrosos; papel / papelão; sucata de borracha, etc.
A - Resíduos 
não perigosos 
- não inertes
Possuem características de biodegradabilidade, combustibilidade 
ou solúveis em água, porém não se enquadram na classificação de 
resíduos Classe I ou Classe II B (Inertes).
B - Resíduos 
não perigo-
sos - inertes
Substâncias cujos constituintes não solubilizam em água destilada 
ou desionizada, conforme especificações das normas NBR 10.007 
e 10.006 e de padrões de potabilidade de água.
Obs.: Algumas bibliografias dividem os resíduos em classe I, II e III, a partir de suas propriedades 
tóxicas e poluentes.
Fonte: Elaborado pela autora, baseado na norma NBR 10.004, ABNT, 2004.
 2 Urbanos: Estes resíduos, apesar da grande polêmica, são menos 
representativos com relação ao volume total gerado, e correspon-
dem a tudo o que é produzido em domicílios, estabelecimentos 
comerciais – incluindo hotéis, restaurantes, escritórios, serviços de 
limpeza urbana, etc. Segundo Philippi Jr. et all (2004), os resíduos 
não domiciliares são coletados pela prefeitura municipal, desde que 
não ultrapasse 50 kg/dia. Cabe a cada município tratar, através de 
legislação própria, sobre esta quantificação já que cabe a ele a res-
ponsabilidade sobre os resíduos urbanos.
Gestão de Resíduos Sólidos
– 40 –
 2 Entulhos: Os entulhos normalmente são originados a partir da 
construção civil, principalmente de demolições ou restos de obras, 
porém também podem ser gerados por outras atividades, como 
limpezas que geram uma quantidade significativa de resíduo, esca-
vações, entre outros. A coleta e destinação adequada destes resíduos 
são da fonte geradora.
 2 Serviços de saúde: Os resíduos produzidos pelas atividades rela-
cionadas à saúde recebem um tratamento específico, considerando 
seu potencial de contaminação tanto às pessoas como ao meio 
ambiente e são classificados conforme a norma NBR 12.808/93 
e RDC ANVISA nº 306/2004,a responsabilidade por toda a ges-
tão – coleta, logística, destinação final, é do gerador. Nesta fonte, 
estão inclusos os hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, vete-
rinárias, consultórios odontológicos, entre outros. (PHILIPPI JR. 
et all, 2004). Lembrando que são considerados resíduos relativos à 
saúde todos os materiais contaminados, ou seja, resíduos sépticos. 
A RDC ANVISA nº 306/2004 apresenta as diferentes formas de 
tratamento dos resíduos de serviços de saúde. Os resíduos comuns, 
como papéis, restos de alimentos, etc., gerados nestas atividades 
podem ser coletados com os demais resíduos urbanos, neste caso 
a responsabilidade, desde que dentro da quantidade limitada pelo 
município, é da gestão municipal.
 2 Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: Estes 
resíduos devem receber tratamento diferenciado em função do 
potencial risco à saúde, pois podem constituir organismos pato-
gênicos oriundos de outros municípios, estados ou até de outros 
países. O seu gerenciamento é de responsabilidade destes gerado-
res, sendo a forma mais adequada de destinação, é aquela dada aos 
resíduos perigosos (Classe I), independente da presença de agentes 
perigosos nestes resíduos já que se adota o princípio da precaução 
pela potencial presença de agentes patogênicos.
 2 Agrícolas ou Agrossilvipastoris: O principal resíduo gerado nesta 
atividade corresponde às embalagens, pois os resíduos orgânicos 
normalmente são aproveitados na forma de adubo ou alimento para 
– 41 –
Resíduos Sólidos: leis, caracterização e classificação
os animais. As embalagens utilizadas na atividade agrossilvipasto-
ril podem conter resíduos de produtos químicos com alto grau de 
toxicidade. Neste caso, a responsabilidade é compartilhada, o gera-
dor deve acondicionar o material corretamente e encaminhá-lo à 
empresa responsável pela fabricação do insumo. Esta também pode 
providenciar a coleta no local de consumo, e será responsável pelo 
tratamento adequado das embalagens utilizadas.
 2 Radioativos: Os resíduos radioativos, em função do seu alto índice 
de poluição e danos, são geridos pela Comissão Nacional de Ener-
gia Nuclear (CNEN). Estão inclusos, além dos compostos utiliza-
dos na produção de energia e os materiais empregados em equipa-
mentos que operam elementos radioativos, como os equipamentos 
de Raios-X em Clínicas de Diagnósticos e Hospitais.
2.4 Resíduos sólidos urbanos e a coleta 
seletiva nos municípios brasileiros
A problemática ambiental relacionada aos resíduos, conforme já anali-
samos, é antiga, porém ainda é um fardo pesado para os municípios que têm 
a responsabilidade de atendimento ao saneamento básico para a população. 
Neste contexto, está inclusa a gestão dos resíduos sólidos, principalmente 
a coleta e destinação final deles. O principal empecilho para a gestão nos 
municípios sempre está relacionada aos altos custos de operacionalização e 
transporte, da mesma forma, a necessidade de um gerenciamento técnico 
qualificado e adequado, considerando toda a estrutura necessária para a des-
tinação final em locais adequados.
Neste sentido, o planejamento ambiental se faz cada vez mais neces-
sário para aplicar os princípios que almejam o atendimento ao desenvolvi-
mento sustentável em todas as esferas da atividade ambiental, social e econô-
mica. Contudo, “o ambiente, no planejamento ambiental, é destacado como 
um potencial de recursos a ser apropriado e mobilizado pela sociedade”, 
(RODRIGUEZ; SILVA; DE CABO, 2004). Hidalgo (1991) ainda comple-
menta que para a preservação da natureza, promovendo um desenvolvimento 
equilibrado e compatível com o conceito de meio ambiente: 
Gestão de Resíduos Sólidos
– 42 –
 2 planejamento ambiental é um processo político, social, econômico 
e tecnológico, de caráter educativo e participativo, onde líderes 
políticos, institucionais e comunitários, em conjunto com o Poder 
Público Federal, Estadual e Municipal, devem escolher as melhores 
alternativas. (HIDALGO, 1991, p.12) 
Assim, analisando a questão com um viés ambiental, pode-se descrever 
a coleta seletiva do lixo como um papel fundamental na formação de hábitos 
e costumes da população, contribuindo com o fomento e a discussão das 
questões ligadas ao meio ambiente, bem como o desenvolvimento de ten-
dências educacionais que visem atuar nas causas do problema. Entretanto, o 
atendimento das questões ambientais relacionadas aos resíduos demanda um 
planejamento adequado, sendo que este deve contemplar as legislações vigen-
tes, garantidas pela obtenção de licenças pertinentes à atividade.
Segundo o Art. 1º da Resolução CONAMA 237/1997, o Licenciamento 
Ambiental é um “procedimento administrativo realizado pelo órgão ambien-
tal competente”, podendo estar representado pela esfera federal, estadual ou 
municipal. O objetivo deste processo é “licenciar a instalação, ampliação, 
modificação ou operação de atividades e empreendimentos” que se utilizam 
de recursos naturais, e/ou atividades com potencial poluidor.
 Importante
O licenciamento ambiental é um dos instrumentos da Lei da Política 
Nacional do Meio Ambiente, em que são avaliados os impactos 
provocados por um empreendimento. Estes impactos podem gerar: 
(i) líquidos poluentes como efluentes ou outros despejos; (ii) resí-
duos sólidos; (iii) emissões atmosféricas; (iv) ruídos e, ainda, (v) 
podem provocar explosões e incêndios.
A partir do planejamento, cujo intuito seja exercer alguma atividade 
que possa interferir no meio ambiente, faz-se necessário, então, a obtenção 
do licenciamento ambiental, sendo que este normalmente é realizado em três 
etapas, que demandam processos individuais para o atendimento à legislação 
pertinente, tornando viável a atividade, sem comprometer o meio ambiente. 
Vamos conhecer as etapas? Confira a seguir:
– 43 –
Resíduos Sólidos: leis, caracterização e classificação
 2 Licença Prévia (LP) - é solicitada ainda na fase de planejamento 
da implantação, alteração ou ampliação do empreendimento. 
Demonstra a viabilidade de implantação do empreendimento 
considerando o espaço geográfico pretendido e restrições de uso 
do solo e espaço territorial, porém não autoriza o início das obras. 
Nesta etapa, dependendo do tipo de empreendimento, são rea-
lizados os Estudos de Impacto Ambiental (EIA), bem como o 
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), com as devidas con-
siderações quando aplicável. Também são realizadas audiências 
públicas para conhecimento do projeto e dos impactos, sejam 
positivos ou negativos.
 2 Licença Instalação (LI) – esta licença aprova os projetos. Nesta 
etapa, o início da obra/empreendimento é autorizado considerando 
todos os documentos e projetos apresentados. É concedida depois 
de atendidas as condições previstas na Licença Prévia.
 2 Licença de Operação (LO) - autoriza o início do funcionamento 
do empreendimento/obra. É emitida depois de atendidas as con-
dições da Licença de Instalação estarem devidamente cumpridas. 
Esta licença possui prazo de validade, sendo que varia de acordo 
com o projeto, considerando o fator de risco do empreendimento. 
Independente da atividade, toda licença ambiental exige monito-
ramento constante, com envio de documentação das atividades, 
conforme o órgão emitente.
Lembrando, ainda, que a solicitação de qualquer licença deve estar em 
conformidade com a fase em que se encontra a atividade/empreendimento, 
seja na concepção, na execução da obra, operação ou ampliação. Ou seja, 
caso algum empreendimento já possua a LO e pretenda realizar uma amplia-
ção ou executar nova atividade, esta deve solicitar a LP para a nova situação, 
mantendo a LO para a atividade vigente. No encerramento da LP e LI para 
as novas atividades, as LO’s poderão ser unificadas.
Dependendo do potencial poluidor da atividade pretendida, bem como 
de sua localização, o licenciamento pode se dar pelos Órgãos Estaduais de 
Meio Ambiente ou pelo IBAMA, mas sempre considerando os requisitos 
locais, estabelecidos pelos órgãos municipais de meio ambiente,todos vincu-
lados no SISNAMA.
Gestão de Resíduos Sólidos
– 44 –
 Você sabia
A fiscalização, bem como as demais providências instituídas na legis-
lação da PNMA, é de responsabilidade dos órgãos de controle 
ambiental integrantes do SISNAMA, que compreende os órgãos 
ambientais estaduais, e permite aos municípios concederem o Licen-
ciamento Ambiental e todas as tratativas para o atendimento aos parâ-
metros identificados como de risco à saúde e ao meio ambiente.
 
 Saiba mais
ht tp://www.mma.gov.br/es t ru turas/sqa_pnla/_arquivos/ 
46_11112008102612.pdf
http://www.fepam.rs.gov.br/central/atividades_lic_municipal.pdf
2.5 Principais Definições Adotadas 
por Outros Organismos
A questão dos resíduos sólidos está relacionada a fatores como economia 
e cultura, entretanto, é possível analisar, a partir do volume gerado, bem como 
da sua caracterização, a necessidade de implantação de políticas mais rigorosas 
e restrições à geração e destinação adequada. Por este motivo, a Organização 
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) (Organization 
for Economic Cooperation and Development - OECD) analisa a geração de 
resíduo per capita em conjunto com o crescimento econômico através do PIB. 
Apesar de não haver ainda uma correlação adequada, os países mais desenvolvi-
dos, membros da OCDE, buscam ações para minimizar a geração dos resíduos, 
priorizando a produção mais limpa, logística reversa, visando assim, a redução 
da geração na fonte, bem como a destinação adequado do restante. Contudo, a 
inclusão de instrumentos econômicos na política de resíduos é necessária para 
conter o crescimento da geração, considerando principalmente a falta de espaço 
físico adequado para o tratamento. (CAMPOS, 2012).
– 45 –
Resíduos Sólidos: leis, caracterização e classificação
Para a OCDE, os resíduos urbanos são recolhidos e tratados por, ou 
para, os municípios. Esta sistemática abrange os resíduos domiciliares, 
incluindo os volumosos, resíduos semelhantes de comércio e negócios, bem 
como de escritórios (centros comerciais), instituições e empresas de pequeno 
porte, de varrição como de quintal e jardim, incluindo o lixo da rua e, ainda, 
o conteúdo das lixeiras, e dos supermercados. Estão excluídos deste sistema 
os resíduos das redes de esgoto municipal, inclusive o resíduo tratado, bem 
como de construção civil e demolição em geral.
Enquanto que a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) – Pan 
American Health Organization (PAHO) -, define os resíduos sólidos ou semis-
sólidos como: os gerados em centros urbanos, o que inclui os resíduos domés-
ticos, comerciais, os produzidos pela indústria e instituições de pequeno porte 
– também os resíduos de clínicas hospitalares, de varrições e limpeza pública. 
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (PIMM) - 
Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) -, inclui os seguintes 
materiais na definição dos resíduos sólidos urbanos: desperdício de comida; 
varrição/entulhos jardim (quintal) e resíduos dos parques; papel e papelão; 
madeira; têxteis; fraldas descartáveis; borracha e couro; plásticos; metais; 
vidro - incluindo cerâmica e porcelana; e outras; como por exemplo, cinzas, 
sujeira, poeira, solo, lixo eletrônico.
Segundo Trotta (2011), a “Comissão Europeia, em sua estratégia geral 
para resíduos, estabeleceu a hierarquia preferencial de gestão, como”: redu-
ção, reutilização, reciclagem, tratamento biológico, incineração (preferencial-
mente com a produção de energia) e ainda a disposição em aterros sanitários 
controlados, porém reduzido ao mínimo indispensável. Conforme a carac-
terização dos resíduos na Europa, os provenientes da agricultura são mais 
expressivos em volume, no entanto, os industriais ainda são os mais significa-
tivos para o meio ambiente, em função do potencial impacto ambiental nega-
tivo. Também são críticas as fontes da construção civil, exploração mineral e 
os resíduos urbanos em geral.
OCDE – é uma organização internacional, composta por 34 
países, sua sede é em Paris, na França. O objetivo é promover 
políticas que visem o desenvolvimento econômico e também o 
bem-estar social das pessoas em todo o mundo. Estas atividades 
Gestão de Resíduos Sólidos
– 46 –
incluem as questões ambientais, o combate à corrupção e a evasão 
fiscal. Sua composição é formada por países desenvolvidos e 
alguns em desenvolvimento como: México, Chile e Turquia, no 
entanto, sua abrangência é mundial. O Brasil, assim como outros 
países em desenvolvimento, não estão incluídos como membros da 
OCDE, porém participam de algumas reuniões e 
realizam atividades conjuntas. 
http://www.oecd.org/brazil/
OPAS - a Organização Pan-Americana da Saúde é um organismo 
internacional de saúde pública com um século de experiência, 
dedicado a melhorar as condições de saúde dos países das Améri-
cas. O trabalho de cooperação internacional é promovido por téc-
nicos e cientistas vinculados à OPAS/OMS (Organização Mundial 
da Saúde), especializados em epidemiologia, saúde e ambiente, 
recursos humanos, comunicação, serviços, controle de zoonoses, 
medicamentos e promoção da saúde. 
 http://www.paho.org/bra/ 
PIMM - é o órgão criado pelo Programa das Nações Unidas para 
o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização Meteorológica 
Mundial (OMM) para estudar os problemas que afetam as mudan-
ças climáticas. A orga nização reúne 2.500 cientistas em mais 
de 130 países. O objetivo deste painel é analisar as informações 
científicas disponíveis sobre os efeitos das mudanças climáticas.
A partir destas informações, são elaboradas estratégias para a 
redução de possíveis impactos ambientais, bem como socioeconô-
micos, prioridades no contexto do painel. 
http://www.ipcc.ch/index.htm
CEE – foi precursora da UE (União Europeia), criada com 
a finalidade de estabelecer um mercado comum europeu, 
bem como políticas conjuntas para a agricultura, trans-
portes, emprego, fortalecendo sua base econômica. 
http://ec.europa.eu/environment/waste/
publications/pdf/eufocus_pt.pdf
 
– 47 –
Resíduos Sólidos: leis, caracterização e classificação
Analisando as diferentes definições sobre a adoção de medidas pelos 
organismos internacionais para o atendimento das questões ambientais, 
principalmente quando relacionadas aos resíduos sólidos, podemos obser-
var alguns pontos em comum, sendo o principal, os relacionados à saúde 
da população. Esta preocupação ocorre em função do aumento per capita 
na geração dos resíduos, bem como do aumento da população, mais pre-
cisamente, pela elevação da densidade demográfica em grandes centros 
urbanos onde, sem uma destinação adequada, podem ocorrer fenômenos 
ambientais ou epidemias, em ambos os casos, as consequências são sofri-
das pela população.
Conforme lembra Campos (2012), da “inexistência de medidas efi-
cazes no tratamento e eliminação de resíduos, surgiram graves problemas 
de saúde pública, como a Peste Bubônica”, sendo responsável pela conta-
minação de milhares de pessoas, provocando o extermínio de metade da 
população da Europa durante a Idade Média, e atingindo principalmente 
a parte mais carente. Como consequência desta e de outras catástrofes, os 
governos tornaram obrigatória a responsabilidade do poder público pelo 
gerenciamento dos resíduos em todo o mundo. No entanto, ainda existem 
muitas arestas no tratamento efetivo destas questões.
Resumindo
Neste capítulo, conhecemos algumas das principais legislações que con-
templam a Gestão dos Resíduos Sólidos, quais suas premissas e princípios. 
Analisamos as definições e como estas questões são consideradas ao redor do 
mundo. Bem como suas interferências econômicas e sociais, tanto nos países 
desenvolvidos como nos em desenvolvimento. Estas, no entanto, podem ser 
propulsoras de inovações tecnológicas, visando a redução dos resíduos através 
de mecanismos limpos, entre outras atividades.
Analisamos a classificação dos resíduos sólidos, sua origem e degradabili-
dade, as principais características observando seu aspecto

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