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Microscopia do Cerebelo: Neuroanatomia

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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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MICROSCOPIA 
DO CEREBELO 
NEUROANATOMIA 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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MICROSCOPIA 
DO CEREBELO 
CONTEÚDO: Julia Cheik Andrade 
CURADORIA: Marco Passos 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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SUMÁRIO 
VISÃO GERAL DO CEREBELO ..................................................................... 4 
CORTEX CEREBELAR .................................................................................... 4 
Estrato ou camada molecular ........................................................................................ 4 
Extrato granuloso ou camada granular ...................................................................... 4 
Fibras trepadeiras............................................................................................................... 6 
NÚCLEOS CENTRAIS DO CEREBELO ......................................................... 7 
VESTIBULOCEREBELO .................................................................................. 9 
ESPINOCEREBELO ......................................................................................... 9 
Trato espinocerebelar anterior ...................................................................................... 9 
Trato espinocerebelar posterior .................................................................................... 9 
CEREBROCEREBELO ................................................................................... 10 
MOVIMENTO VOLUNTÁRIO: PLANEJAMENTO E CORREÇÃO ........... 11 
APRENDIZAGEM MOTORA ........................................................................ 12 
SÍNDROMES CEREBELARES ...................................................................... 12 
Síndrome do vestíbulo cerebelo ................................................................................ 12 
Síndrome do espinocerebelo ...................................................................................... 12 
Síndrome do cerebrocerebelo .................................................................................... 13 
Disdiadococinesia............................................................................................................ 13 
CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS ..................................................... 13 
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 14 
 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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VISÃO GERAL DO CEREBELO 
O cerebelo é a porção do encéfalo locali-
zada atrás do tronco encefálico. A cavi-
dade do IV ventrículo fica posicionada en-
tre o tronco encefálico e o cerebelo, sendo 
o cerebelo correspondente a grande parte 
do teto da cavidade ventricular. 
 
O cerebelo comunica-se com o tronco en-
cefálico por meio dos pedúnculos cerebe-
lares: superior, médio e inferior, localizados 
ao nível da ponte. 
Corte mediano do encéfalo 
 
Marrom: telencéfalo e diencéfalo 
Laranja: mesencéfalo 
Verde: ponte e cerebelo 
Azul: bulbo 
Imagem de Grinberg LT, Rueb U and Heinsen H, 
2011. Acesso via Wikimedia Commons. 
O cerebelo, à semelhança do cérebro, pos-
sui uma camada de substância cinzenta re-
cobrindo a substância branca, configu-
rando o chamado córtex cerebelar. No 
meio da substância branca do cerebelo 
existem alguns acúmulos de substância 
cinzenta, correspondentes aos núcleos do 
cerebelo. 
CORTEX CEREBELAR 
Composto por três camadas de células 
nervosas. São elas: 
 
Estrato ou camada molecular 
 
É a camada mais interna do córtex cerebe-
lar. Contêm fibras paralelas, células em 
cesto e células estreladas. 
 
Estrato purkinjense ou camada de células 
de Purkinje 
 
Camada mediana do córtex cerebelar. 
Contém as células de Purkinje*, células 
nervosas grandes, de formato piriforme. 
Elas são as únicas células eferentes do cór-
tex cerebelar e possuem efeito inibitório 
sobre os neurônios dos núcleos centrais do 
cerebelo. 
 
Extrato granuloso ou camada granular 
 
Contém as células granulares, células ner-
vosas muito pequenas**, e as células de 
Golgi. 
 
*Não confundir com fibras de Purkinje, componen-
tes do sistema de condução elétrica do coração. 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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**Classificadas como as menores células do corpo 
humano! 
Observe o cerebelo atrás da ponte. Entre eles está 
a o IV ventrículo. 
A célula de Purkinje emite dendritos para a 
camada molecular e seu axônio segue para 
a substância branca, em direção aos nú-
cleos centrais do cerebelo. 
 
As demais células do córtex cerebelar 
apresentam uma finalidade em comum: in-
fluenciar a atividade da célula de Purkinje, 
direta ou indiretamente. Dessa forma elas 
são capazes de modular a atividade efe-
rente do córtex cerebelar. 
 
• As células granulares emitem pro-
longamentos em direção à periferia 
do córtex que, ao alcançarem a ca-
mada molecular, bifurcam-se cons-
tituindo as anteriormente citadas fi-
bras paralelas. Essas fibras são ca-
pazes de realizar sinapse com um 
número expressivo de células de 
Purkinje e possuem ação excitató-
ria sobre elas. Por meio das fibras 
paralelas, as células também reali-
zam sinapse com todas as demais 
células corticais do cerebelo. Elas 
são as únicas células excitatórias 
do córtex cerebelar. 
• As células de Golgi mantêm cone-
xões aferentes e eferentes com as 
células granulares e as inibem. 
Corte histológico do córtex cerebelar 
Imagem de Umbrella2, 2012. Acesso via Wikimedia 
Commons. 
 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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Estas sinapses “em círculo” funcio-
nam como um mecanismo de autor-
regulação da atividade das células 
granulares. 
• As células em cesto e as células es-
treladas apresentam ação inibitória 
sobre as células de Purkinje. 
“E quais são os estímulos que regulam as 
complexas conexões do córtex cerebelar?” 
O córtex cerebelar recebe dois tipos de 
aferências: 
Fibras trepadeiras 
Oriundas do núcleo olivar inferior, que se 
enrolam nos dendritos das células de 
Purkinje, sob as quais exercem ação exci-
tatória. Fibras musgosas: correspondem a 
todas as outras fibras que alcançam o ce-
rebelo, oriundas dos núcleos vestibulares, 
cérebro, medula espinal e da ponte. Estas 
fibras apresentam ação excitatória direta-
mente sobre os neurônios dos núcleos 
centrais e, também, sobre as células gra-
nulares do córtex cerebelar. 
Os neurotransmissores envolvidos nos cir-
cuitos cerebelares são: 
• GABA – ação inibitória 
• Glutamato – ação excitatória. 
 
Imagem de Marcel Wiesweg, 2006. Acesso via Wiki-
media Commons. 
 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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A substância branca do cerebelo é com-
posta por fibras musgosas, fibras trepadei-
ras e pelos axônios das células de Purkinje.NÚCLEOS CENTRAIS DO CERE-
BELO 
Os núcleos centrais são responsáveis pe-
las eferências cerebelares, emitindo fibras 
que deixam o cerebelo para exercer sua in-
fluência em outras regiões encefálicas. 
Como dito anteriormente, estes núcleos 
sofrem efeitos inibitórios provenientes do 
córtex cerebelar, por meio das células de 
Purkinje. 
 Os núcleos centrais do cerebelo são: 
 
Pela semelhança funcional, os núcleos glo-
bosos e emboliforme podem ser agrupa-
dos e classificados como núcleo interpó-
sito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagem de Dr. Johannes Sobotta, 1908. Acesso via 
Wikimedia Commons.. 
 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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Cada núcleo central recebe eferências das 
células de Purkinje localizadas na zona 
cortical próxima a ele. Cada região cortical 
tem seu núcleo central associado e apre-
sentam, em conjunto, funções específicas. 
Essa relação permite dividir o cerebelo, 
considerando aspectos funcionais e as re-
giões anatômicas relacionadas: 
• O córtex da zona lateral dos hemis-
férios cerebelares influencia o nú-
cleo denteado. Essas estruturas 
compõem o cerebelo cortical ou ce-
rebrocerebelo. 
• O córtex da zona intermédia dos 
hemisférios cerebelares e da zona 
medial (verme cerebelar) influencia 
o núcleo interpósito. Essas 
estruturas compõem o cerebelo es-
pinal ou espinocerebelo. 
• O córtex do lobo floculonodular in-
fluencia o núcleo fastigial. Essas es-
truturas compõem o cerebelo vesti-
bular ou vestibulocerebelo. 
Também existem eferências das 
próprias células de Purkinje do lobo 
flóculo nodular, em direção aos nú-
cleos vestibulares, no tronco ence-
fálico. 
Todas as fibras aferentes que alcançam o 
cerebelo transmitem a informação do lado 
ipsilateral (homolateral) do corpo. Logo, fi-
bras aferentes que tenham cruzado ao 
longo do seu trajeto, realizam um segundo 
cruzamento antes de entrarem no cere-
belo. O padrão de processamento 
Imagem de OpenStax College, 2019. Acesso via Wi-
kimedia Commons. 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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cerebelar é diferente do que ocorre no cé-
rebro, que recebe a informação aferente 
oriunda do lado contralateral do corpo. 
Lesões cerebelares cursam com sintomas 
do lado ipsilateral à lesão. 
VESTIBULOCEREBELO 
Recebe aferências dos núcleos vestibula-
res, por meio do trato vestibulocerebelar, 
com a informação da posição da cabeça, 
processada pela porção vestibular da ore-
lha interna. 
As eferências do vestibulocerebelo são 
oriundas do núcleo fastigial e das células 
de Purkinje do lobo flóculo nodular, que al-
cançam os núcleos vestibulares: 
• Núcleo vestibular lateral: núcleo 
responsável pela modulação da ati-
vidade dos tratos vestibulospinais 
medial e lateral, tratos relacionados 
à manutenção do equilíbrio e da 
postura corporal. 
• Núcleo vestibular medial: essencial 
para a coordenação do movimento 
reflexo dos olhos, quando há movi-
mentação da cabeça, visando à 
manutenção do foco visual. 
 
ESPINOCEREBELO 
Recebe aferências da medula espinal, ou 
seja, os tratos espinocerebelares: 
Trato espinocerebelar anterior 
Por meio do pedúnculo cerebelar superior, 
as fibras deste trato alcançam o córtex do 
espinocerebelo. É responsável por trans-
mitir a informação de propriocepção in-
consciente do corpo e o nível de atividade 
do trato corticospinal. 
Suas fibras cruzam para o lado oposto na 
comissura branca da medula espinal e cru-
zam novamente na decussação do pedún-
culo cerebelar superior. 
Trato espinocerebelar posterior 
Suas fibras não cruzam na medula e alcan-
çam o córtex cerebelar do espinocerebelo 
do lado homolateral, por meio do pedún-
culo cerebelar inferior. Esse trato é respon-
sável por transmitir a informação de pro-
priocepção inconsciente do corpo. 
As eferências do espinocerebelo surgem 
dos núcleos do fastígio e interpósito, são 
responsáveis pela modulação da atividade 
dos tratos motores voluntários. 
A informação eferente do núcleo interpó-
sito alcança o tálamo, o portão de entrada 
para o córtex cerebral. As fibras oriundas 
do tálamo seguem para o córtex motor e 
influenciam a atividade do trato corticospi-
nal. Esta via eferente do espinocerebelo é 
chamada de via interpósito-tálamo-corti-
cal e sua principal função é de coordena-
ção da motricidade distal dos membros. 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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Também há fibras do núcleo interpósito 
que seguem para o núcleo rubro e modu-
lam a atividade do trato rubrospinal. Esta 
via eferente do espinocerebelo é conhe-
cida por via interpósito-rubrospinal. 
As eferências do núcleo do fastígio com-
põem o trato fastigiobulbar, com fibras 
para os núcleos vestibulares, influenciando 
a atividade do trato vestibulospinal, e para 
a formação reticular, influenciando os tra-
tos reticulospinais. Ambos os tratos são 
importantes para o controle da muscula-
tura axial, sendo as aferências do espino-
cerebelo essenciais na manutenção do 
equilíbrio e da postura. 
 
CEREBROCEREBELO 
Fibras oriundas do córtex motor alcançam 
os núcleos pontinos, pelo trato corticopon-
tino. As fibras provenientes desses nú-
cleos são as fibras transversais da ponte, 
que seguem em direção posterior, e en-
tram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar 
médio. Esta via é chamada de córtico-
ponto-cerebelar e corresponde a aferência 
que alcança o córtex do cerebrocerebelo. 
O córtex da zona lateral dos hemisférios 
cerebelares influencia o núcleo denteado, 
do qual partem as eferências do cerebro-
cerebelo. A informação segue para áreas 
motoras do córtex cerebral e, assim como 
com as eferências do espinocerebelo, há 
Imagem de John A Beal, 2005. Acesso via Wikimedia 
Commons. 
 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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um relé talâmico no trajeto. A via é cha-
mada de dento-tálamo-cortical e influencia 
os neurônios relacionados à motricidade 
da musculatura distal dos membros. 
A informação cerebral que alcança o cerebelo 
é proveniente do hemisfério cerebral contrala-
teral. Isso ocorre, pois o cérebro coordena os 
movimentos do lado contralateral do corpo. A 
mesma relação ocorre para as aferências cere-
belares, que transmitem às informações ao 
córtex motor do lado oposto. 
São funções atribuídas ao cerebelo: 
 
MOVIMENTO VOLUNTÁRIO: PLA-
NEJAMENTO E CORREÇÃO 
A intenção de iniciar um movimento é pro-
duzida no córtex de associação terciária do 
cérebro e transferida para o córtex motor 
secundário, que traduz a intenção em um 
plano motor. 
O plano motor é enviado para o cerebroce-
rebelo, pela via córtico-ponto-cerebelar, 
onde é produzindo um plano motor cere-
belar para o movimento previamente pla-
nejado. O plano cerebelar é transmitido do 
cerebrocerebelo ao córtex motor. As duas 
cópias do plano motor, cerebral e cerebe-
lar, devem estar em concordância, o que 
corresponde à etapa de planejamento do 
movimento. 
Feito isso, finalmente pode ocorrer à ativa-
ção do córtex motor primário, de onde 
saem os tratos motores. Após o início do 
movimento, o espinocerebelo passa a pro-
cessar a informação sobre o grau de con-
tração muscular e do nível de atividade do 
trato corticospinal, o que permite mapear, 
a cada instante, os movimentos que estão 
sendo executados e compará-los com o 
planomotor. A qualquer incompatibilidade 
detectada, o espinocerebelo sinaliza para o 
córtex motor e garante da correção destes 
movimentos. Esta etapa é conhecida como 
correção do movimento e ocorre durante 
toda a execução motora. 
Obs. Movimentos balísticos são movimen-
tos muito rápidos e repetitivos, como os 
Vestibulocerebelo Espinocerebelo Cerebrocerebelo 
Manutenção do equilíbrio e 
da postura corporal 
Manutenção do tônus muscu-
lar Manutenção do tônus muscular 
 Correção do movimento 
Planejamento do movimento 
Funções cognitivas 
 
ex. resolver quebra-cabeças, opera-ções 
matemáticas complexas e reco-nheci-
mento de figuras complexas 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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que certos trabalhadores realizam em li-
nhas de produção. Estes movimentos le-
vam apenas à ativação do cerebrocere-
belo. Não há tempo para que ocorra o pro-
cessamento das aferências pelo espinoce-
rebelo, que permitiriam a correção do mo-
vimento. 
APRENDIZAGEM MOTORA 
Consiste na capacidade de realizar ações 
motoras cada vez mais rápidas e menos 
susceptíveis a erros. O cerebelo contribui 
para a aprendizagem motora por meio das 
fibras trepadeiras, oriundas do núcleo oli-
var inferior, que modificam a resposta das 
células de Purkinje aos demais estímulos 
aferentes, reforçando movimentos inter-
pretados como adequados para determi-
nada ação e deprimindo circuitos criadores 
de movimentos inadequados. Assim, acre-
dita-se que o núcleo olivar inferior não 
apenas recebe as informações sensoriais 
dos movimentos em execução, mas tam-
bém é capaz de compará-las ao plano mo-
tor. 
SÍNDROMES CEREBELARES 
Síndrome do vestíbulo cerebelo 
Ocorre por lesão do lobo flóculo nodular. O 
paciente, em geral, apresenta dificuldade 
de manter-se equilibrado em pé, além de 
movimentos oculares anormais (nis-
tagmo). 
Além de desequilibrada, a marcha do paci-
ente com síndrome do vestibulocerebelo 
apresenta uma base alargada, com maior 
distância entre os pés, que visa a compen-
sar a falta de equilíbrio durante a marcha. 
É chamada de marcha atáxica. 
Esta síndrome é mais comum em crianças, 
pois apresenta como causas mais frequen-
tes doenças neoplásicas como ependi-
moma do IV ventrículo e meduloblastomas 
no tronco encefálico - doenças que apre-
sentam maior prevalência nessa faixa etá-
ria. 
Além disso, o paciente pode relatar uma 
maior precisão na execução movimentos 
dos membros superiores e inferiores 
quando está apoiado ou deitado. Esta as-
sociação ocorre, pois há maior volume de 
informações proprioceptivas nessas posi-
ções, o que ajuda a compensar a falta de 
equilíbrio, facilitando a movimentação. 
Síndrome do espinocerebelo 
Cursam com limitação na correção do mo-
vimento. A incapacidade de reajuste ade-
quado induz a sucessivas correções do 
movimento ineficazes, o que se manifesta 
clinicamente como tremor de intenção: um 
tremor no final do movimento, quando o 
paciente tenta alcançar um alvo. Essa dis-
função também causa dismetria, caracte-
rizada pela limitação na precisão do movi-
mento, seja da direção, velocidade ou força 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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necessárias para alcançar o alvo. Além dos 
sintomas citados, também há redução do 
tônus muscular (hipotonia). 
Lesões que alcançam o verme cerebelar le-
vam a alterações de fala, em que o paci-
ente apresenta uma fala arrastada, seme-
lhante à “fala de bêbado”, conhecida como 
fala escandinava. Isso ocorre, pois há es-
truturas relacionadas com a coordenação 
dos músculos vocais no verme cerebelar. 
Síndrome do cerebrocerebelo 
A limitação no planejamento do movi-
mento implica em um período de latência 
aumentada para início do movimento – há 
um intervalo entre a intenção de movi-
mento (ou o comando externo para uma 
ação motora) e, de fato, o movimento do 
paciente. Também há dismetria, tremor de 
intenção e hipotonia associada. 
Além disso, o paciente apresenta decom-
posição do movimento multiarticular. O 
membro movimenta-se em etapas se-
quenciais, com realização de um único mo-
vimento em cada plano anatômico, por 
vez. Isto também está relacionado com a 
limitação de planejamento e execução co-
ordenada de movimentos complexos. 
Ao exame físico, o paciente com síndrome 
do cerebrocerbelo pode apresentar alguns 
sinais clínicos: 
Disdiadococinesia 
 
Dificuldade de realizar movimentos rápi-
dos e alternados. Para investigar esse si-
nal, o médico sinaliza para o paciente tocar 
as mãos sobre o colo, alternando entre as 
posições em supinação e em pronação das 
mãos, rapidamente. Os pacientes que 
apresentem o sinal de disdiadococinesia 
realizam os movimentos de forma desco-
ordenada, limitada e com erros de alter-
nância. 
Rechaço: para testar esse sinal clínico, o 
médico pede para o paciente fletir o ante-
braço e cria uma resistência a este movi-
mento, realizando uma força contrária. 
Quando o médico retira subitamente a re-
sistência, o paciente não consegue impedir 
a flexão brusca do antebraço, podendo, in-
clusive provocar um “tapa” no seu próprio 
rosto. Isso ocorre pois não há planeja-
mento rápido do movimento, que garanti-
ria controle da força da flexão após reti-
rada súbita da resistência ao movimento. 
CORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNI-
CAS 
• A embriaguez aguda leva a todos os 
sintomas associados a síndromes cere-
belares. Isso acontece porque o álcool 
apresenta efeito tóxico sobre as células 
de Purkinje, que cessa após algumas 
horas, após metabolismo e excreção 
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MICROSCOPIA DO CEREBELO 
 
 
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dos metabólitos tóxicos do organismo. 
Já o alcoolismo crônico pode levar a 
disfunções cerebelares permanentes 
além de lesões em outras regiões ence-
fálicas, que podem levar à perda de 
memória, alterações comportamentais, 
dentre outros sintomas neurológicos. 
• A reabilitação de pacientes com le-
sões cerebelares tem prognóstico vari-
ado, a depender do local das lesões. 
Pacientes que apresentem lesões com 
acometimento apenas de porções do 
córtex cerebelar, em geral, apresentam 
grande recuperação funcional. Isso 
ocorre devido à uniformidade do córtex 
cerebelar, que permite que regiões não 
atingidas assumam a funcionalidade da 
área acometida. Para isso, é importante 
o acompanhamento do paciente por 
equipes multidisciplinares, como fono-
audiólogos, fisioterapeutas e terapeu-
tas ocupacionais. No entanto, lesões 
que atingem os núcleos centrais do ce-
rebelo tendem a apresentar recupera-
ção menos eficaz. 
 
REFERÊNCIAS 
MACHADO, A.B.M. Neuroanatomia Funcional. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 
2014. 
MENESES, Murilo S. Neuroanatomia aplicada. 3. ed ed. Rio de Janeiro: , 
2016. 
 
 
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	Trato espinocerebelar anterior
	Trato espinocerebelar posterior
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	Síndrome do cerebrocerebeloCORRELAÇÕES ANATOMOCLÍNICAS
	Referências

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