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PSICOPATOLOGIA AULA 11 ALTERAÇÕES DO JUÍZO DE REALIDADE (parte 02) JUÍZO DE REALIDADE Revisando: Erro x Delírio Erro – pode ocorrer na vida “normal” (preconceito, crenças culturais, supertições) e em estados patológicos (ideias prevalente, egossintônicas) Delírio – Juízo patológico, origem na doença mental. Características: Convicção, irremovível pela lógica objetiva, conteúdo impossível, associal. Dimensão: grau de convicção, extensão, bizarrice, desorganização, pressão/preocupação, resposta afetiva, comportamento desviante. JUÍZO DE REALIDADE Delírio Primário: como fenômeno primário da experiência Secundário: como consequência de outra alteração mental. Compartilhado: um sujeito delirante e outros sugestionáveis. Estrutura: Simples (monotemáticos) complexos (politemáticos) Sistematizados, não-sistematizados. JUÍZO DE REALIDADE IMPORTANTE: Entendendo a crise psicótica/surto Os delírios aparecem após um período pré-delirante (humor delirante / trema), experimentam aflição, ansiedade, que algo terrível vai acontecer. Predomina a perplexidade, sensação de fim do mundo, estranheza. Pode durar horas ou dias. O humor delirante cessa quando o paciente constrói o delírio, como uma revelação. JUÍZO DE REALIDADE IMPORTANTE: Após a a primeira revelação delirante o sujeito passa por uma desorganização, vivências ameaçadoras de fim de mundo, da perda da sensação de que há uma continuidade de sentido no mundo, passa pela estranheza da reconstrução do mundo (“eu não sou mais eu, eu morri”) JUÍZO DE REALIDADE IMPORTANTE Com idas e vindas de desorganização e organização ocorre a estabilização (consolidação). O delírio se cristaliza e há uma elaboração intelectual em trono dele, há fixação de elementos a partir da personalidade e defesas (“me observam mas não me fazem mal”) JUÍZO DE REALIDADE IMPORTANTE: Fase final do processo psicótico-delirante, há perda do impulso e da afetividade manifesta. Não se relaciona mais calorosamente com os outros, busca de isolamento, quando mantém contato fazem a partir da interação impessoal, frequentam bares, praças, grupos, chats da internet, sem estabelecer grandes vínculos. JUÍZO DE REALIDADE Os delírios podem ser agudos, surgem rapidamente e podem desaparecer em pouco tempo (horas ou dias), estando associados transtornos de consciência e psicoses tóxicas ou breves. Os delírios podem ser crônicos, tendem a ser persistentes, contínuos, de longa duração (vários anos), pouco modificáveis ao longo do tempo. VAN GOGH No dia 23 de dezembro de 1888, o pintor pós-impressionista Vincent Van Gogh, cortou parte de sua orelha esquerda, na cidade francesa de Arles. O pintor levou o pedaço cortado para uma prostituta amiga sua. O motivo da automutilação teria sido um desentendimento com Gauguin, durante uma caminhada, em que Van Gogh mostrou uma navalha aberta e assustou o amigo. Após cortar a própria orelha, Van Gogh voltou para sua casa. Ele foi encontrado pela polícia desmaiado e ensanguentado. Foi levado ao hospital, onde ficou por 14 dias. Assim que recebeu alta, pintou o �Auto Retrato com a Orelha Cortada�. Após o episódio, o comportamento de Van Gogh piorou e ele começou a sofrer com paranoias, imaginando que alguém queria lhe envenenar. Com isso, sofre novas internações. No dia 27 de julho de 1890 o pintor vai ao campo, onde teria dado um tiro contra o próprio peito. Ele morreu dois dias depois, em Auvers-sur-Oise, aos 37 anos de idade. VAN GOGH (autoretrato – 1889) JUÍZO DE REALIDADE TIPOS DE DELÍRIO SEGUNDO O CONTEÚDO 14 formas principais de delírios, que ocorrem de forma mais recorrente na experiência. 1. Delírio de perseguição – sujeito acredita ser vítima de um complô para matá-lo, ferí-lo, que pode ser preso, envenenado ou morto. Acredita que está sendo perseguido por pessoas conhecidas ou desconhecidas. (parentes, polícia, diabo, etc) JUÍZO DE REALIDADE 2. Delírio de referência – o sujeito experimenta fatos comuns e cotidianos como se fossem referidos a sua pessoa, que estão falando mal dele, rindo, que o chamam de nomes ruins. Pode ocorrer relacionado com a temática de perseguição. 3. Delírio e mecanismo projetivo – É o mecanismo privilegiado dos delirios de perseguição e de referência, o paciente projeta para o mundo externo, ideias, conflitos, temores que não podem ser percebidos como presentes no seu mundo interno. (paranóia) JUÍZO DE REALIDADE 4. Delírio de relação – estabelecimento de relações entre fatos ocorridos, percebidos, com ideias delirantes. Ex. Olhar uma placa de trânsito e atribuir a ela uma interpretação para sua vida. 5. Delírio de influência ou de controle – acredita que está sendo comandado por alguma entidade, força, pode ser uma maquina (televisão, antena, celular) que comenta seus pensamento e determina sua ações. JUÍZO DE REALIDADE 6. Delírio de grandeza – acredita ser especial, dotado de qualidades e poderes especiais. Que tem um destino marcado, que é superior. Pode ter ideias de poder e riqueza, como também de poderes mentais, místicos e religiosos. Auto-estima elevada (quadros maníacos). 7. Delírio místico ou religioso – acredita que é um enviado divino, um Santo, Jesus Cristo ou o demônio. Sente que tem poderes místicos, uma missão religiosa, algo para transmitir para o mundo (esquizofrenia) JUÍZO DE REALIDADE 8. Delírio de ciúmes – acredita que é traído pelo parceiro de forma vil, cruel, sem consideração. Que o companheiro(a) tem vários amantes. Sente ciúmes de uma forma desproporcional (alcoolismo crônico). 9. Delírio erótico (erotomania) – acredita que uma pessoa de destaque lhe ama, um artista, cantor, celebridade. Ocorre frequentemente com mulheres e pode ser em relação ao médico/psicólogo que lhe atende. (transtornos delirantes) JUÍZO DE REALIDADE 10. Delírio de conteúdo depressivo – conteúdo de ruína, miséria, culpa, autoacusação, é um delírio congruente com o humor (depressões graves) 11. Delírio de ruína – condenado a miséria, que vai acabar na rua, vai ser mendigo, passar fome, o futuro é de fracasso e sofrimento, pode acreditar que está morto. 12. Delírio de culpa e de autoacusação – acredita ser culpado por tudo de ruim que ocorre na vida das pessoas, com o mundo e com ele. Acredita ser indigno, pecaminoso, vil. JUÍZO DE REALIDADE 13. Delírio de negação de órgãos – experimenta profundas alterações corporais, acredita estar sendo destruído ou morto, que os órgãos foram retirados, estão podres, retorcidos. (depressões graves, esquizofrenia) 14. Delírio hipocondríaco – Crê que tem uma doença grave, incurável, que está contaminado, que irá morrer brevemente por isso. (transtorno delirante, esquizofrenia) image2.jpeg