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Alterações da Consciência

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PSICOPATOLOGIA GERAL
ARA1109
ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA E DA ATENÇÃO
CONSCIÊNCIA
PROCESSOS PSIQUICOS E SUAS ALETERAÇÕES
Observações importantes: não existe alteração psíquica de forma isolada, quando identificamos uma alteração psíquica ela vem, comumente, acompanhada de outras alterações. 
ETIOLOGIA DO TERMO
* Livro: Psicopatologia lacaniana. Vol I. Ed. Autêntica.
O termo consciência no vocabulário latino scientia significa “conhecimento da própria culpa”. 
Desta maneira, o conceito de consciência carrega na sua origem uma conotação inicial que seria predominantemente moral.
O uso do termo só foi dissociado da conotação moral a partir do final do século XVIII, deslocando-se, a partir do termo alemão Bewusstein, para a noção de “estar-ciente”
 
DEFINIÇÕES
* Livro: Psicopatologia lacaniana. Vol I. Ed. Autêntica.
Na contemporaneidade, devemos ao filósofo F. Brentano uma noção dinâmica da consciência, como a ligação intencional do pensamento sobre um objeto pensado. 
Husserl construiu mais tarde a noção fenomenológica de consciência e seu método, extrair o objeto de sua contingência empírica para cernir sua essência a partir da sua representação pela consciência. 
DEFINIÇÕES
* Livro: Psicopatologia lacaniana. Vol I. Ed. Autêntica.
Com isso, pensamos desde então, que a consciência é necessariamente “consciência de”, ora pode ser consciência de si mesmo (na forma reflexiva ou da consciência dos estados do eu), ora como consciência de um objeto, ligado a sensopercepção e as representações externas. 
DEFINIÇÕES
* Livro: Psicopatologia lacaniana. Vol I. Ed. Autêntica.
Do ponto de vista neurofisiológico, a consciência é tomada como estado de vigília, regulado pelos neurônios que compõem o sistema reticular ativador ascendente. 
Nesse sentido, estar consciente é estar desperto, ter clareza vivencial da experiência. 
definições
Na definição psicológica a consciência é a soma total das experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento.
É a dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade. Na relação do Eu com o meio ambiente, a consciência é a capacidade do indivíduo de entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos.
CONSCIÊNCIA
A consciência nos dá um sentimento de unidade, de quem somos, ela integra todos os processos mentais em determinado momento. (Existe uma zona inconsciente!)
CARACTERISTICAS DA CONSCIÊNCIA PSICOLÓGICA:
É uma vivência atual interna
A consciência permite a distinção entre o eu e não eu.
Por extensão, permite a distinção entre consciência do eu e dos objetos.
CONSCIÊNCIA
4. Tem intencionalidade, consciência é consciência de alguma coisa (fenomenologia)
5. É reflexiva, permite a consciência da sua própria consciência.
 QUALIDADES DA CONSCIÊNCIA:
VIGILÂNCIA – Ato de estar vígil, desperto, alerta. Estamos alerta a maior parte do tempo nas nossas tarefas cotidianas.
LUCIDEZ – Qualidade de consciência clara, de plena vigilância, favorecendo a percepção e compreensão dos estímulos externos
CONSCIÊNCIA
1. A consciência é a possibilidade que tem cada um de dar atenção aos seus próprios modos de ser e às suas próprias ações, bem como de exprimi-los com a linguagem. 
2. A consciência é, também, a condição de estar ciente dos próprios estados, percepções, ideias, sentimentos, volição, etc. Quando se diz que alguém “está consciente” ou “tem consciência”, esse alguém não está dormindo, desmaiado, nem afastado, por alguma razão, da atenção e dos seus modos de ser e das suas ações. 
CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES
ALTERAÇÕES NORMAIS DA CONSCIÊNCIA:
SONO – alteração normal, necessária ao organismo, onde há rebaixamento da consciência. Ocorre de forma recorrente e cíclica. 
Estágios do sono:
Sono não-REM - parâmetros fisiológicos estáveis, funcionamento mínimo como, frequência cardíaca, pressão arterial e respiratória. 
Sono REM – 20 a 25% do total em uma noite de sono. Sono qualitativamente diferente, produz instabilidade do sistema nervoso autônomo, movimentos oculares rápidos, relaxamento muscular profundo, interrompido por contrações.
Numa noite de sono as fases NREM e REM se repetem com 4 a 6 ciclos (70 a 110 minutos)
CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES
ESTAGIOS DO SONO NÃO-REM
Estágio 1 - 2 a 5% do tempo total de sono, leve e superficial
Estágio 2 – 45 a 55% do tempo total de sono, um pouco menos superficial.
Estágio 3 – 3 a 8%, sono mais profundo
Estágio 4 – 10 a 15%, estágio mais profundo, difícil de ser acordado
Obs: Com o passar do tempo de sono, o sono REM fica mais frequente , ocorre no ultimo terço da noite (4h a 7h da manhã) momento que a maioria das pessoas sonha. 
Perdas abruptas da consciência
Lipotimia: se caracteriza por perda parcial e rápida da consciência (dura apenas segundos), geralmente com visão borrada, palidez da face, suor frio, vertigens e perda parcial e momentânea do tônus muscular dos membros, com ou sem queda do corpo ao chão. A pessoa tem a sensação desagradável de que vai desmaiar. A lipotimia é rápida e completamente reversível. 
Síncope: designa um colapso súbito, com perda abrupta e completa da consciência, perda total do tônus muscular, com queda completa ao chão.
 Desmaio: é uma designação não médica, da linguagem comum, que geralmente significa uma perda abrupta da consciência.
CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA:
As alterações patológicas da consciência podem ser quantitativas ou qualitativas. 
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS:
1. Obnubilação ou turvação – rebaixamento leve ou moderado. O paciente pode ficar sonolento. Dificuldade de compreender ideias, conceitos, concentração. Pensamento pode ficar um pouco confuso. 
CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS:
2. Torpor: é um grau mais acentuado de rebaixamento da consciência. O paciente está evidentemente sonolento; responde ao ser chamado apenas de forma enérgica e, depois, volta ao estado de sonolência evidente. 
3. Sopor – Estado mais grave de rebaixamento de consciência, paciente sonolento. Incapacidade de ação espontânea. Psicomotricidade mais inibida.
4, Coma – Grau mais profundo de rebaixamento do nível de consciência, não há atividade voluntária consciente. 
CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES
SINDROME OCASIONADA POR REBAIXAMENTO DE CONSCIÊNCIA:
Delirium – nome utilizado para as síndromes confusionais agudas (rebaixamento leve a moderado acompanhado de desorientação), estão relacionadas com a confusão da fala (sem conteúdo lógico) e do pensamento. Ex: delirium tremens, causada por abstinência de substância psicoativa.
CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS: mudança parcial ou focal do campo da consciência. Uma parte do campo da consciência está preservada, normal, e outra, alterada. De modo geral, há quase sempre, nessas alterações qualitativas, algum grau de rebaixamento (mesmo que mínimo) do nível de consciência 
1. Estados crepusculares– Estreitamento da consciência (foco em ideias, sentimentos e representações importantes) Aparece e desaparece de forma abrupta, duração variável (minutos ou semanas) Pode ocorrer explosão de violência ou descontrole emocional. Depois do episódio pode ocorrer amnésia lacunar. Ex: casos de epilepsia, intoxicações, traumatismo craniano, quadros dissociativos, choques emocionais.
Obs: Estado segundo (fatores psicogênicos, emocionais)
CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS
2. Dissociação da consciência – separação, decomposição, desagregação, fragmentação da consciência. Pode ocorrer por aumento da ansiedade. O termo “dissociação” pode cobrir não apenas a consciência como também a memória, a percepção, a identidade e o controle motor. Estado parecido com o sonho
3. Transe – Parecido com o sono mas mantém a atividade motora automática e estereotipada. Ocorre geralmente em contextos religiosos. Relatos de sensação de fusão do eu com o universo. 
CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS
4. Estado hipnótico – estado de consciência reduzida e estreitada, atenção concentrada,geralmente induzido por outra pessoa. 
5. Experiência de quase morte – Ocorre com pessoas que passaram por experiências extremas e sentiram que sua vida corria grave risco. Tem duração breve. Relato de a visão de um túnel escuro com uma luz no final, viam a própria vida em retrospecto. Sentimento de paz e tranquilidade. Ex: acidentes, parada cardíaca, etc. 
ATENÇÃO
ATENÇÃO
A atenção se relaciona com a consciência, ela representa a direção da consciência. Refere-se ao conjunto de processos psíquicos que possibilita a seleção, filtragem e organização em unidades controláveis e significativas. 
DUAS FORMA DAS ATENÇÃO:
Voluntária (tenacidade) – atenção ativa e intencional sobre alguma coisa, objeto, pessoa, situação.
Espontânea (vigilância) – atenção momentânea, incidental, despertada por alguma coisa, objeto, situação, pessoa. Pessoa com muita atenção espontânea (pouco controle voluntário) são tidas como dispersas.
ATENÇÃO E SUA ALTERAÇÕES
 QUANTO A DIREÇÃO:
Externa – voltada para o mundo exterior, ou corpo físico.
 Interna – voltada para os processos internos. Atenção reflexiva, introspectiva, meditativa.
QUANTO A AMPLITUDE:
Focal – concentrada, delimitada sobre um problema, situação e pessoa. 
Dispersa – não se concentra num campo, se espalha de modo disperso. 
ATENÇÃO E SUA ALTERAÇÕES
DUAS CARACTERISTICAS (qualidades) FUNDAMENTAIS DA ATENÇÃO:
Tenacidade – capacidade de se manter focado e fixar a atenção em alguma coisa, objeto, pessoa, problema.
Vigilância – capacidade de mudar de foco de um objeto para outro.
ATENÇÃO E SUA ALTERAÇÕES
Então, pela psicopatologia a atenção é entendida a partir de 04 aspectos básico:
Capacidade e foco – concentração
Atenção seletiva – seleção de informações e processamento cognitivo.
Resposta e controle executivo – atenção e planejamento voltado a objetivos.
Atenção constante e sustentada – manter a atenção por um tempo.
ATENÇÃO E SUA ALTERAÇÕES
Hipoprosexia – diminuição global da atenção. Perda da capacidade de concentrar-se, fatigabilidade, diminuição da capacidade perceptiva dos estimulos e compreensão. Lembranças ficam difíceis, dificuldades das atividades psíquicas complexas pensar, raciocinar, integrar informações. (ex. casos de oligofrenias profundas, nos estados demenciais avançados e nos distúrbios graves da consciência)
Hiperprosexia – Aumento da atenção sobre objeto 
Aprosexia – abolição da capacidade de concentração.
ATENÇÃO E SUA ALTERAÇÕES
4. Distração – super concentração sobre determinado conteúdo ou objeto, perdendo, por isso, a atenção no entorno. 
5. Distraibilidade –Estado patológico de instabilidade da atenção, incapacidade de manter a atenção em alguma coisa, pessoa, objeto, situação. 
alterações da atenção em transtornos mentais:
Estados maníacos: diminuição da atenção voluntária e aumento da atenção espontânea, com hipervigilância e hipotenacidade (não fixa).
Estados depressivos: diminuição geral da atenção (hipoprosexia), pode ter fixação da atenção em determinados temas (hipertenacidade) e rigidez e diminuição da capacidade de mudar o foco da atenção (hipovigilância).
TDAH: Dificuldade marcante de prestar atenção em estímulos internos e externos, com capacidade prejudicada de organizar e completar tarefas, e relutância para controlar comportamentos e impulsos.
ATENÇÃO E SUA ALTERAÇÕES
REVISANDO:
A atenção é a capacidade de focalizar a atividade psíquica sobre um ou alguns dos vários estímulos. 
 Pode ser dividida em atenção espontânea ou vigilância e atenção voluntária ou tenacidade. 
A vigilância ocorre pelo interesse momentâneo ou incidental que desperta este ou aquele som, ato, fato, pensamento, sentimento, que tenha importância por si mesmo ou que ameace o indivíduo. Já a tenacidade exprime a concentração ativa e intencional, dependendo da vontade, dirigida a um determinado objeto. 
ATENÇÃO E SUA ALTERAÇÕES
REVISANDO:
Distúrbios de atenção se instalam quando há alterações numa destas duas variáveis (tenacidade e vigilância) ou quando há alteração do processo atentivo com um todo. As alterações da atenção - aumento, diminuição ou ausência de atenção - devem ser reavaliadas continuadamente ao longo das entrevistas.
ATENÇÃO E SUA ALTERAÇÕES
O exame da atenção deve ter início assim que o paciente começar o relato de sua história. Um modo informal e rotineiro de testar-se a atenção do paciente é a simples observação da sua capacidade de concentração nas perguntas que são feitas. Pode-se avaliar ainda se o paciente consegue manter-se atento no ambiente, se ele se perde no relato que faz e se ele responde com coerência àquilo que o médico solicitou.
TESTE DE ATENÇÃO
Um modo mais formal de se testar a atenção do paciente é a técnica de repetição de dígitos.O examinador informa ao paciente que vai dizer-lhe uma série de números. Solicita ao paciente que preste bastante atenção aos números, pois será solicitado a repeti-los posteriormente. A apresentação dos números deve ser feita com voz normal e na velocidade de um dígito por segundo. Os números devem ser escolhidos de modo aleatório, não devendo formar seqüências naturais (como, por exemplo, 2,4,6,8...), nem serem agrupados em pares (como, por exemplo, 2 e 6; 3 e 9; ...). O examinador deve começar com dois números e continuar até que o paciente erre. Habitualmente, uma pessoa normal é capaz de repetir de 5 a 7 dígitos, sem dificuldade. Para se dizer que o paciente está com um distúrbio de atenção, ele terá de conseguir repetir apenas menos que 5 dígitos.
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