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Emprega o termo no sentido de estado vigilância, sendo fundamentalmente o chamado estado de estar desperto, acordado, vígil, lúcido tratando especificamente do nível de consciência (DALGALARRONDO, 2018). conceitua como a soma total das experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento, e a capacidade do indivíduo de entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos; entendida ainda como uma dimensão subjetiva da atividade psíquica (DALGALARRONDO, 2018). Normalmente utilizada mais no campo da ética, da filosofia, do direito ou da teologia, o termo “consciência” vai se referir à capacidade de tomar ciência dos deveres éticos, da dinâmica social de determinada cultura etc... resumidamente é a consciência moral, ética e política de um indivíduo (DALGALARRONDO, 2018). O sistema Research Domain Criteria (RDoC) contém construtos psicológicos dimensionais relevantes para a psicopatologia, e tratando- se da consciência propõe sistemas reguladores relacionados ao nível de consciência (arousal), que têm por função produzir uma regulação adequada dos estados de consciência (sujeito acordado) e dos períodos de sono (DALGALARRONDO, 2018). As principais características e propriedades do nível de consciência são as seguintes (DALGALARRONDO, 2018): Facilita a interação da pessoa com o ambiente de forma adequada ao contexto no qual o sujeito está inserido. Por exemplo: em situações de perigo ele “situa” o indivíduo no ambiente entrando no estado de alerta e aumentando a sensibilidade. O nível de consciência adequado pode ser evocado tanto pelos chamados estímulos externos ambientais quanto por estímulos internos, como pensamentos, emoções, Esse nível de consciência pode ser modulado tan- to pelas características dos estímulos externos, quanto pela motivação que ele implica ao sujeito. A consciência e suas alterações a partir de Dalgalarrondo (2018), no livro psicopatologia e semiologia dos transtornos psicopatológicos O nível de consciência varia ao longo de um continuum desde o estado total de alerta, passando por níveis de redução da consciência até os estados de sono ou coma. É de fundamental importância para a consciência os seguintes: o qual está intimamente relacionado ao reconhecimento do próprio corpo, dos objetos e do mundo (DALGALARRONDO, 2018). fundamentais na organização da atividade mental consciente (DALGALARRONDO, 2018). é uma estrutura posicionada singularmente no centro do cérebro para filtrar, integrar e regular as informações que chegam ao córtex cerebral, sendo este interligado a todas as áreas do córtex cerebral, de forma que uma pequena lesão pode produzir graves alterações do nível de consciência (DALGALARRONDO, 2018). As alterações normais da consciência ocorrem no contexto dos chamados ritmos circadianos (DALGALARRONDO, 2018): Segundo definição do RDoC, são oscilações endógenas autossustentadas do ritmo biológico no período de 24 horas, que inclui o nível de consciência da vigília e do sono, as quais, nesse intervalo, organizam a temporalidade dos sistemas biológicos do organismo e otimizam a fisiologia, o comportamento e a saúde (DALGALARRONDO, 2018): São sincronizados por pistas ambientais recorrentes (como o nível de luminosidade); Permitem respostas eficientes perante os desafios e oportunidades do ambiente; Modulam a homeostase interna do cérebro e de outros órgãos do corpo; SE expressam em vários níveis do funcionamento do organismo. O RDoC define sono e vigília, como estados endógenos e recorrentes que expressam mudanças dinâmicas na organização da função cerebral e que otimizam aspectos como fisiologia, comportamento e saúde. (do período de um dia de 24 horas) regulam a propensão do organismo à vigília e ao sono. As alterações que serão apresentadas a seguir são descritas por Dalgalarrondo (2018) da seguinte forma: Em diversos quadros neurológicos e psicopatológicos, o nível de consciência diminui de forma progressiva em 4 graus, desde o estado normal, vígil, desperto, até o estado de coma profundo (DALGALARRONDO, 2018): É a chamada turvação da consciência ou sonolência patológica leve. Sendo assim, é um rebaixamento da consciência de leve a moderado; inicialmente pode ser que o paciente pareça desperto ou claramente sonolento, para definir esse estado é importante observar: lentidão da compreensão, dificuldade de concentração, dificuldade para integrar as informações, confusão mental, o indivíduo diminui a atenção para as solicitações externas etc. Nesse grau, o paciente está evidentemente sonolento com um grau mais acentuado de rebaixamento da consciência (responde enérgico e volta a sonolência) e as respostas aos estímulos externos é mais curta. Nesse grau, a sonolência é intensa com uma marcante e profunda turvação da consciência; Embora ainda possa apresentar reações de defesa muito esporádicas, é incapaz de qualquer ação espontânea, pois a psicomotricidade encontra-se mais inibida. É a perda completa da consciência, o grau mais profundo de rebaixamento de seu nível; Aqui, não é possível qualquer atividade voluntária consciente. Os graus de intensidade de coma são classificados de I a IV: I, semicoma; II, coma superficial; III, coma profundo; e IV, coma dépassé. Além dos diversos estados de redução global do nível de consciência, a observação psicopatológica registra uma série de estados alterados da consciência, nos quais se tem mudança parcial ou focal do campo da consciência (SIMS, 1995 apud DALGALARRONDO, 2018): Ocorre um estreitamento transitório do campo da consciência e um afunilamento, com a conservação da atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos, podendo surgir e desaparecer de forma abrupta e com duração variável. Ocorrem atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional, com amnésia lacunar para o episódio inteiro. podendo haver implicações legais de interesse à psicologia e à psiquiatria forense (DALGALARRONDO, 2018). É bem semelhante ao chamado estado crepuscular, sendo produzido por fatores emocionais, os atos cometidos durante o estado segundo, são geralmente incongruentes e extravagantes, em contradição com a educação, as opiniões ou a conduta habitual do sujeito acometido, mas quase nunca são realmente graves. Fragmentação do campo da consciência, em geral desencadeado por acontecimentos psicologicamente significativos (conscientes ou inconscientes) que produzem grande ansiedade, podendo ocorrer com pacientes que apresentam ansiedade grave, que para lidar com a situação se “desliga” da realidade. Estado de alteração qualitativa da consciência que se assemelha a sonhar acordado, com atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa; podem ser lembradas cenas e fatos esquecidos e podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez... As chamadas: Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento prolongado do nível de consciência são: diz respeito, aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais Não se deve confundir (alteração do nível de consciência)com o termo (ideia delirante; alteração do juízo de realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos ou em outras psicoses). alteração da consciência na qual, o indivíduo entra em um estado semelhante a um sonho muito vívido com o predomínio da atividade alucinatória visual com caráter cênico e fantástico; pessoa vê cenas complexas, ricas em detalhes e com carga emocional O doente manifesta esse estado onírico angustioso gritando, movimentando-se, debatendo-se na cama e apresentando, às vezes, sudorese profusa... ocorre com mais frequência devido a psicoses tóxicas, síndromes de abstinência de substâncias e quadros febris tóxico-infecciosos Era utilizado antigamente pela psiquiatria clássica, para designar quadros mais ou menos intensos de confusão mental por rebaixamento do nível de consciência, com excitação psicomotora, marcada incoerência do pensamento, perplexidade e sintomas alucinatórios com aspecto de sonho. Caracterizada por perda parcial e rápida da consciência, a pessoa tem a sensação desagradável de que vai desmaiar, apresenta: visão borrada, palidez da face, suor frio, vertigens e perda parcial do tônus muscular 3 Vários fatores e condições médicas e/ou psicopatológicas podem produzir a perda abrupta da consciência. Tal perda pode ser causada por fatores emocionais, neurofuncionais ou orgânicos de diversas naturezas (DALGALARRONDO, 2018): É uma designação não médica, da linguagem comum, que significa uma perda abrupta da consciência. Corresponde aos termos médicos “síncope” ou “lipotimia” Diferente da lipotimia, é um colapso bem súbito, com perda abrupta e completa da consciência, perda total do tônus muscular, com queda completa ao chão. Ou seja literalmente desmais As alterações que serão apresentadas a seguir são descritas por Dalgalarrondo (2018) da seguinte forma a nível básico, como perplexidade patológica e experiência de quase morte: A experiência mental de perplexidade, é com frequência observada em pacientes com quadros psicopatológicos agudos e graves, sobretudo em fases agudas das psicoses; é definida como a perda de uma sensação de naturalidade na experiência comum e óbvia do dia a dia, perda de uma certa auto evidência do ambiente e seus objetos. Sendo assim, constitui-se na estranheza inquietante, uma sensação de incapacidade de captar o significado comum das coisas, pessoas e acontecimentos. Dalgalarrondo (2018), “traz um exemplo: sento-me no sofá de minha casa, olho a mesa, os quadros, as janelas; tudo é natural, de uma realidade autoevidente”, essa seria uma experiência normal, na perplexidade, nada é natural. Um estado especial de consciência é verificado em situações críticas de ameaça grave à vida, como parada cardíaca, hipoxia grave, isquemias, acidente automobilístico grave, afogamento, quedas com trauma craniano, entre outras, quando alguns sobreviventes afirmam ter vivenciado as chamadas experiências de quase-morte (EQMs). São experiências muito rápidas (de segundos à minutos) em que um estado de consciência particular é vivenciado e registrado por essas pessoas. Em estudo recente, Nelson e colaboradores (2006 apud DALGALARRONDO, 2018) buscaram demonstrar que a EQM seria a consequência de uma invasão maciça de atividade cerebral do tipo sono REM nas pessoas enquanto passavam por tais experiências. Entretanto, há também consistentes hipóteses socioculturais e históricas para tal experiência (KELLEHEAR, 1993). DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Artmed Editora, 2018.
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