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E-BOOK MATERIAIS E TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO I Alvenaria estrutural Apresentação A alvenaria estrutural é um método construtivo que tem sido cada vez mais utilizado no Brasil e em outros países do mundo. Esse sistema consiste em usar a própria alvenaria para suportar as cargas da construção, dispensando a necessidade de pilares e vigas. Esse método pode apresentar diversos benefícios em relação aos métodos convencionais, tais como economia de materiais, redução de custos e rapidez na execução da obra. Um dos principais benefícios da alvenaria estrutural, conforme já mencionado, é a redução de custos. Isso ocorre porque o método dispensa a necessidade de pilares e vigas, elementos estruturais que geralmente representam uma parte significativa do custo da construção. Além disso, a alvenaria estrutural permite maior racionalização da obra, reduzindo desperdícios e otimizando o uso dos materiais. Outra vantagem é a rapidez na execução da obra. Como a estrutura é feita com a própria alvenaria, a construção pode ser realizada de forma mais rápida e eficiente, sem a necessidade de espera da cura do concreto. Além disso, a construção pode ser realizada com uma equipe reduzida e com menor custo de mão de obra. Entretanto, vale ressaltar que a alvenaria estrutural requer cuidados específicos durante o projeto e a execução a fim de garantir a segurança e a durabilidade da construção. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber mais sobre alvenaria estrutural e suas vantagens em relação aos métodos construtivos convencionais. Além disso, serão identificados os tipos de materiais utilizados, como blocos cerâmicos, blocos de concreto, argamassas e grautes. Por fim, serão reconhecidas as propriedades importantes desses materiais, como resistência à compressão, resistência à tração, absorção de água, entre outras, juntamente com as normas técnicas que regulamentam o uso desses materiais em alvenaria estrutural. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o que é alvenaria estrutural.• Identificar os tipos de materiais utilizados em alvenaria estrutural.• Reconhecer as propriedades importantes desses materiais.• Desafio No caso da alvenaria estrutural, deve-se ter máxima atenção ao processo de planejamento, que visa a determinar o tamanho dos blocos de modo que eles se encaixem perfeitamente em uma malha estrutural predefinida, também chamada de modulação. Esse processo permite o correto dimensionamento da estrutura, o encaixe do projeto estrutural ao projeto arquitetônico, além de ter outros benefícios. A etapa de controle de fabricação dos blocos estruturais é de extrema importância em projetos de alvenaria estrutural. Essa responsabilidade geralmente fica a cargo da empresa fabricante dos blocos, que deve garantir que as dimensões, características e propriedades dos blocos estejam de acordo com as normas e especificações técnicas. Acompanhe a seguinte situação: O tamanho dos blocos de concreto pode variar de acordo com as especificações do projeto. Nesse sentido, qual tipo de bloco você considera adequado para o projeto mencionado? Justifique sua resposta. Infográfico Com a constante evolução de materiais e tecnologias, é possível que a técnica da alvenaria estrutural continue a se expandir e ser aprimorada, oferecendo cada vez mais vantagens para a construção civil no Brasil. Hoje em dia, essa técnica está consolidada na construção civil brasileira, sendo amplamente utilizada em diversos tipos de empreendimentos, mas nem sempre foi assim. Neste Infográfico, você vai conhecer um pouco da evolução da alvenaria estrutural no Brasil. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/8f994e74-960e-4051-a16e-4040ef72f9f4/420913d0-e700-482a-93dd-10e15eb2b742.png Conteúdo do livro A alvenaria estrutural é um sistema construtivo em que as paredes de alvenaria são utilizadas como elementos estruturais para suportar as cargas da edificação. Isso significa que as paredes de alvenaria são capazes de suportar não apenas o seu próprio peso, mas também o peso das lajes, do telhado e dos demais elementos da construção. Por meio dos conceitos básicos desse sistema, você vai perceber que ele é utilizado quando se almeja a redução do tempo de construção e dos custos, já que a alvenaria é um material de fácil acesso e de baixo custo. Entretanto, é importante que o projeto seja bem elaborado e que o processo construtivo seja controlado, já que qualquer erro pode comprometer a segurança da edificação. É necessário levar em consideração o tipo de alvenaria, a espessura das paredes, o tamanho e o espaçamento das aberturas, entre outros fatores. Em resumo, a alvenaria estrutural é um sistema construtivo interessante para edificações com até 20 pavimentos, embora esse número não seja um dado contido em norma, e, sim, uma convenção feita pelos especialistas na área. No capítulo Alvenaria estrutural, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai saber mais sobre a alvenaria estrutural, identificando os tipos de materiais utilizados, tais como blocos cerâmicos e blocos de concreto, e reconhecendo as propriedades importantes que devem ser consideradas na escolha do material mais adequado para cada projeto, como resistência mecânica, absorção de água, isolamento térmico e acústico, bem como durabilidade. Boa leitura. CONSTRUÇÕES ESPECIAIS Rebeca Schmitz Alvenaria estrutural Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar o que é alvenaria estrutural. � Identificar os tipos de materiais utilizados em alvenaria estrutural. � Reconhecer as propriedades importantes desses materiais. Introdução Neste capítulo, você vai estudar um pouco mais sobre a alvenaria estru- tural. Por meio dos conceitos básicos desse sistema, você vai perceber que é um sistema estrutural muito interessante, principalmente para edificações residenciais com até 20 pavimentos. Esse sistema estrutural visa à racionalização, portanto precisa de um projeto bem elaborado e de um processo construtivo controlado. Primeiramente, você vai estudar sobre o que é a alvenaria estrutural, identificando as diferenças e semelhanças com a alvenaria comum, que serve apenas para vedação. Em seguida, você vai ver com maior deta- lhamento os materiais comumente empregados, que chamaremos de componentes. A associação dos componentes vai levar ao conceito dos principais elementos presentes na estrutura. Fazendo uma abordagem mais detalhista, você vai poder identificar as propriedades desejadas para os componentes e elementos da estrutura. Conhecendo o sistema em alvenaria estrutural O sistema estrutural conhecido como alvenaria estrutural pode ser definido como aquele em que as paredes, formadas por um conjunto de peças justa- postas e coladas, têm a função de resistir e transmitir os carregamentos até os elementos de fundação. Tauil e Nese (2010) destacam o uso de uma argamassa adequada para fazer a colagem das peças, em razão da necessidade de se ter elementos coesos. Ramalho e Corrêa (2003) salientam que nesse sistema a transmissão de cargas se dá principalmente em razão de esforços de compressão, podendo existir esforços de tração, entretanto com valores reduzidos. A alvenaria não apresenta resistência significativa à tração, logo, é comum a necessidade de reforço dos elementos para que resistam às tensões de tração. Contudo, se em uma edificação as tensões de tração forem significativamente elevadas, o projeto, apesar de possível, se torna economicamente inviável. O sistema estrutural em alvenaria é um dos sistemas mais antigos de se construir edificações e foi sofrendo alterações desde seu surgimento até os dias atuais. Ramalho e Corrêa(2003) fazem um histórico das construções mais relevantes, em que se pode identificar as pirâmides de Guizé (Quéfren, Quéops e Miquerinos) como edificações precursoras e de dimensões significativas (Figura 1). A mais alta das três, Quéops, tem 147 m de altura e base quadrada com 230 m de lado. Figura 1. Pirâmides de Guizé. Fonte: sculpies/Shutterstock.com. Segundo Ramalho e Corrêa (2003), um outro grande momento na evolução desse sistema foi quando se identificou o arco como alternativa para vencer vãos sem produzir esforços de tração significativos. O Coliseu é um importante exemplo de edificação que utilizou o sistema em arco para realização de seus 80 portais, que permitiam a rápida entrada e saída das pessoas, pois comportava até 50 mil espectadores (Figura 2). Alvenaria estrutural2 Figura 2. Coliseu. Fonte: Humpback_Whale/Shutterstock.com. As funções da alvenaria dentro desse sistema são bem variadas e podem ser listadas como: � Resistir às cargas: peso dos elementos estruturais e não estruturais, vento, variação de temperatura e ações excepcionais como colisões. � Vedar espaços quanto à infiltração de água, vento, etc. � Fazer o isolamento acústico e térmico. � Resistir ao fogo. � Servir de base para revestimentos. A primeira função, que é resistir aos carregamentos, é o que diferencia a alvenaria estrutural da alvenaria de vedação. É importante verificar que quando se trata de alvenaria de vedação, se faz o encunhamento das paredes para garantir que não receba carregamentos vindos de lajes ou vigas. Vedar os espaços se refere a garantir a impermeabilidade à chuva e ao vento. Já os isolamentos acústico e térmico estão relacionados ao conforto do usuário. Por fim, resistir ao fogo também é um quesito relacionado com a sua função estrutural, pois, sendo a alvenaria a estrutura, é necessária certa resistência ao fogo, que permita a evacuação das pessoas em tempo hábil, quando em con- dições de incêndio, antes que haja danos na estrutura que possam fazê-la ruir. 3Alvenaria estrutural Tipos de alvenaria estrutural Tauil e Nese (2003) sugerem que a alvenaria estrutural pode ser aplicada sob três subsistemas, relacionados à presença de armadura: � Alvenaria não armada. � Alvenaria armada ou parcialmente armada. � Alvenaria protendida. Na alvenaria não armada, não são necessários reforços nos elementos estruturais em razão de esforços de tração, que, por serem muito reduzidos, podem ser absorvidos pela própria alvenaria. É importante verificar que na alvenaria não armada existem armaduras construtivas que ocorrem em cintas de amarração, vergas, contravergas, reforços em torno de aberturas e encontros de paredes. Na alvenaria armada, ou parcialmente armada, é necessário armadura em razão de tensões de tração superiores àquelas resistidas pela alvenaria. Nos pontos em que ocorrem essas tensões, são feitos reforços com a colocação de armadura passiva (fios, barras e telas) e posterior grauteamento, gerando um elemento monolítico. A tendência é que quanto maior o número de andares, maior seja o carregamento vertical em razão do peso de todos os elementos, estruturais e não estruturais. Ocorre também o aumento no valor de car- regamentos horizontais, como vento e desaprumo, que provocam flexão e cisalhamento nas paredes. A flexão provoca tensões de compressão e tração. Estas últimas irão demandar as armaduras de reforços nos elementos de alvenaria citadas anteriormente. Por fim, a alvenaria protendida utiliza armadura ativa, que é protendida durante as fases de construção, de forma a submeter as paredes a esforços de compressão, buscando aumentar sua resistência. Essa opção é muito raramente adotada, pois encarece a edificação, além de necessitar de mão de obra mais qualificada. Vantagens e desvantagens da alvenaria estrutural Conforme Ramalho e Corrêa (2003), a opção pela alvenaria estrutural deve englobar três parâmetros: altura da edificação, arranjo arquitetônico e tipo de uso. Sobre o tópico altura da edificação, Tamaki (2010) sugere que o sistema é interessante economicamente para edifícios até 25 pavimentos. A referida Alvenaria estrutural4 autora sugere que a economia em um edifício de quatro andares, em relação ao sistema de vigas/lajes/pilares em concreto armado, seja de 30%. Para um edifício de 20 andares, essa economia diminui para 10%. Diversos autores apontam o Hotel Excalibur, em Las Vegas, como a edifi- cação mais alta em alvenaria estrutural. O hotel se trata, na verdade, de quatro torres de 28 andares, sendo utilizados blocos de concreto com resistência de 28 MPa (AMRHEIN, 1998 apud RAMALHO; CORRÊA, 2003). A questão do arranjo estrutural considera que se a disposição de paredes for muito diferenciada, o sistema em alvenaria estrutural pode não ser interes- sante. Ramalho e Corrêa (2003) apontam como valor interessante que haja em torno de 0,5 a 0,7 m de parede para cada m² do pavimento. A necessidade de distribuição de cargas para as paredes da edificação faz com que a existência de poucos metros de paredes em uma grande área sobrecarregue esses elemen- tos, necessitando reforços que podem ser economicamente desinteressantes. O terceiro tópico está de certa forma relacionado com o anterior. O tipo de uso destinado à edificação muitas vezes impõe requisitos para a distri- buição de paredes. Porém, além disso, o uso da edificação indicará padrões construtivos, por exemplo, em edificações de alto padrão, é comum a busca por vãos maiores e espaços mais amplos, o que culmina em dificuldades para o sistema de alvenaria. Sob outro ponto de vista, Ramalho e Corrêa (2003) citam as edificações comerciais em que é comum a necessidade de redistribuição dos ambientes, alterando divisões internas, por isso a adoção de paredes estruturais não é conveniente, pois, nesse sistema, a retirada das paredes envolve verificações e possível reforço na estrutura. A entrevista intitulada Construção, dada pela autora Lu- ciana Tamaki para a revista Téchne, em maio de 2010, traz esclarecimentos sobre mitos do sistema em alvenaria estrutural. Essa entrevista está disponível no link: https://goo.gl/BrZ2iM 5Alvenaria estrutural Com base em algumas indicações de Ramalho e Corrêa (2003), pôde-se construir o Quadro 1 a seguir, que apresenta uma lista de vantagens e des- vantagens do sistema estrutural em alvenaria. Vantagens Desvantagens � Economia de formas; redução no desperdício de material; diminuição de mão de obra (ferreiros e carpinteiros); diminuição de estoque de materiais no canteiro; flexibilidade do ritmo de execução; quando utilizados blocos de concreto: redução nos revestimentos; e diminuição de telas de proteção na obra e riscos de acidentes. � Interferência entre projetos arquitetura/estruturas/instalações. � Necessidade de mais materiais certificados. � Necessidade de mão de obra qualificada; necessidade de maior controle durante a execução; e dificuldades para futuras reformas. Quadro 1. Vantagens e desvantagens da alvenaria estrutural Dentre os aspectos listados no Quadro 1, é importante enfatizar a questão de que a alvenaria estrutural em sua concepção busca ser um processo em que existe correspondência e compatibilidade entre todos os projetos (arquitetônico, estrutural, elétrico, hidrossanitário e de proteção contra incêndio). Esse tópico será melhor abordado a seguir. Além disso, visa a uma execução que prima por não desperdiçar mate- riais, como os blocos, que têm maior valor agregado, sendo que devem ser seguidas as boas práticas construtivas pela equipe, logo, todos devem estar conscientizados que o sistema busca a racionalização. Considerando o que foi exposto, se não for possível garantir esses quesitos na obra, a opção pela alvenaria estrutural acabará por resultar em desperdícios de material e mão de obra, gerando maiores custos e, ainda, possíveis necessidades de reformas em razão da falta de comprometimento com o sistema.Em se tratando de reformas em sistemas de alvenaria estrutural, como bem apontado por Ramalho e Corrêa (2003), se torna impossível fazer modifica- ções significativas na disposição das paredes. Sendo as paredes a estrutura, Alvenaria estrutural6 mudanças levam a redistribuição de cargas e isso requer estudo e análise antes. Uma modificação normalmente desejada é a abertura de paredes, por exemplo, fazendo a ligação da sala e da cozinha (“cozinha americana”). Para as pessoas leigas parece algo muito simples, mas a questão é mais complexa, pois se trata da retirada de uma parcela resistente da estrutura, sendo que essa carga deve ser absorvida por outras paredes. A questão é que toda vez que retirado um elemento estrutural, deve-se analisar a necessidade de reforço, como a colocação de vigas. Componentes e elementos empregados Para iniciarmos a discussão nesse item, é importante verificarmos a definição de componente e elemento. As normas NBR 15812-1 (ASSOCIAÇÃO BRA- SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010a) e NBR 15961-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011a) definem componente como a menor parte constituinte da estrutura, podendo-se citar, blocos, argamassa, graute e armadura. Já se tratando de elementos, pode-se definir como a união de dois ou mais componentes, sendo os exemplos de elementos: paredes, vergas, contravergas, cintas de amarração, entre outros. Conforme Ramalho e Corrêa (2003), os diversos elementos comporão a estrutura. A seguir, vamos tratar mais especificamente dos componentes e dos elementos mais comumente empregados. Componentes Ramalho e Corrêa (2003) definem que o componente básico da alvenaria estrutural é a unidade, sendo que esta pode ser bloco ou tijolo, e também pode ser de materiais variados. A diferença em relação a blocos e tijolos é o índice de vazios, referente aos furos, sendo que um bloco é um elemento em que o índice de vazios é superior a 25% da área total. Quanto ao tipo de material, os referidos autores listam: concreto, cerâmica e sílico-calcário. Neste capítulo, vamos nos ater aos casos mais comuns, em que se utilizam elementos em concreto ou cerâmicos. Na Figura 3, estão apresentados os blocos mais comuns, que, apesar de serem cerâmicos, também podem ser encontrados em concreto. Trataremos da aplicabilidade de cada tipo de bloco a seguir. 7Alvenaria estrutural Figura 3. Tipos de blocos mais correntes. Fonte: Adaptada de Cerâmica Matieli ([2018?]). 19 19 19 29 14 14 14 14 14 1414 19 19 29 29 29 7 7 44 Bloco inteiro Meio bloco Um bloco e meio Bloco canaleta Bloco J Bloco compensador para cinta de amarração Na linguagem corriqueira de técnicos relacionados à Engenharia, é comum se fazer distinção entre alvenaria estrutural e alvenaria portante, sendo que alvenaria estrutural estaria relacionada ao uso de bloco cerâmicos ou de concreto e a alvenaria portante utilizaria os próprios tijolos como unidades do sistema. Se você verificar as bibliografias, verá que, na verdade, não é feita uma distinção desses dois sistemas. As paredes que formam o sistema em alvenaria estrutural são elementos portantes, pois “portam cargas”, não se fazendo diferenciação do tipo de unidade utilizada. A argamassa, aqui se tratando da argamassa de assentamento, é o com- ponente que terá função de solidarizar as unidades. Dessa forma, as juntas de argamassa devem garantir que as cargas sejam absorvidas e transmitidas pelas paredes como um elemento monolítico. Ramalho e Corrêa (2003) ainda indicam outras funções, como: absorver pequenas deformações e prevenir entrada de vento e água da chuva para o interior da edificação. A argamassa é formada por cimento, cal, areia e água, sendo que o traço desta deve ser definido a fim de garantir resistência e certa trabalhabilidade. Conforme as normas NBR 15812-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOR- Alvenaria estrutural8 MAS TÉCNICAS, 2010a) e NBR 15961-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011a), a resistência deve ser no mínimo 1,5 MPa e no máximo 70% da resistência do bloco, considerando a área líquida, ou seja, desprezando os vazios. As mesmas normas também atentam que a resistência da argamassa deve ser verificada segundo testes com corpos de prova. Além disso, as normas 15812-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NOR- MAS TÉCNICAS, 2010b) e NBR 15961-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011b) indicam que a espessura da junta de argamassa deve ser de 10 mm, com tolerância de +/- 3 mm. Ramalho e Corrêa (2003) explicam que juntas menores poderiam fazer com que arestas dos blocos se encostassem, o que geraria concentração de tensões. Por outro lado, espessuras maiores diminuem o confinamento da argamassa, o que acarreta a diminuição da sua resistência. Ainda sobre a junta de argamassa, a Figura 4 apresenta a forma mais usual de se fazer a junta em blocos estruturais e em blocos de ve- dação. Sugere-se que todas as paredes do bloco estrutural recebam argamassa, entretanto, as normas de projeto (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010a; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011a) permitem que não sejam utilizadas juntas sobre as paredes transversais, se, mesmo penalizando a resistência por um fato especificado nas normas, a parede ainda tenha resistência maior que a tensão de compressão solicitante. Figura 4. Juntas de argamassa em blocos de vedação e estrutural. Fonte: Adaptada de Tauil e Nese (2010). Argamassa Bloco de vedação Argamassa nas paredes Longitudinais Bloco estrutural Argamassa nas paredes Longitudinais e transversais 9Alvenaria estrutural Outro componente é o graute, que, conforme a definição de Tauil e Nese (2010), é um concreto com agregados miúdos utilizados para o preenchimento dos vazios dos blocos. A NBR 15961-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011a) define que o graute deve ter resistência mínima de 15 MPa, sendo que a norma NBR 15812-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010a) não traz nenhuma definição de resistência mínima. De qual- quer forma, a resistência especificada em projeto deve ser verificada em obras, por meio da moldagem de corpos de prova e posterior rompimento. É muito importante que o graute consiga se espalhar por todo o vazio dos blocos, sem que haja falhas nesse preenchimento, pois é um concreto autoadensável (não vibrado). Considerando isso, as normas NBR 15812-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010b) e NBR 15961-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011b) indicam que a altura máxima de lançamento deve ser a uma altura não maior que 1,60 m. Somente para os casos de uso de aditivo se permite lançamento de altura máxima de 2,80 m. A fluidez do graute deve ser especificada em projeto e antes de seu lançamento deve-se verificar seu valor por meio do ensaio de abatimento de cone (slumptest). A foto da Figura 5 mostra um ensaio realizado, deflagrando a alta fluidez do material, adequada para seu lançamento. Figura 5. Teste de abatimento de cone realizado com graute. Fonte: Acervo pessoal. Alvenaria estrutural10 Por fim, as amaduras estarão presentes em razão de reforços construtivos ou de solicitações de tração elevadas. Esse componente segue as mesmas prescrições indicadas em estruturas de concreto armado, não sendo indicados pelas normas NBR 15812-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010b) e NBR 15961-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNI- CAS, 2011b) procedimentos específicos para verificação de suas propriedades. Elementos Os elementos apresentados neste item são os mais comumente encontrados nas estruturas em alvenaria: parede, verga, contraverga e cinta de amarração. Primeiramente, a parede, mesmo no sistema de alvenaria estrutural, poderá ou não ser estrutural. Em um projeto, o calculista estrutural definirá quais paredes devem fazer parte da estrutura e quais não são necessárias. Entretanto, nosso foco será naquelas que fazem parte da estrutura. As paredes são definidas pelas NBR 15812-1 (ASSOCIAÇÃOBRASI- LEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010a) e NBR 15961-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011a) como elementos laminares que suportam cargas de compressão, cujo comprimento excede em cinco vezes sua espessura. Uma parede é formada essencialmente por blocos/tijolos e argamassa. Na alvenaria estrutural, deve ser feito um estudo prévio sobre o posicionamento dos blocos, que se trata da modulação, feita tanto no sentido do comprimento da parede (modulação horizontal) como ao longo de sua altura (modulação vertical). Adiante, abordaremos, primeiro, a modulação horizontal e, em seguida, a modulação vertical. Já avaliando as paredes sob o ponto de vista do processo executivo, deve- -se garantir que elas tenham a resistência especificada no projeto. Para isso, devem ser realizados ensaios durante o processo executivo, conforme as especificações das normas NBR 15812-2 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010b) e NBR 15961-2 (ASSOCIAÇÃO BRASI- LEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011b). O ensaio pode ser considerando três tamanhos de protótipos: prisma (apenas dois blocos unidos por uma junta de argamassa), pequena parede (cinco fiadas e dois blocos ao longo do comprimento) e parede (altura de 2,60 m e comprimento de 1,20 m). As vergas são elementos que ficam sobre vãos de portas e janelas, como pode ser visto na Figura 6, por isso estão sujeitas a momento fletor, como bem definido por Kalil ([200-?]). Além disso, as vergas também previnem a formação de fissuras nos cantos superiores de portas e janelas. Elas podem 11Alvenaria estrutural ser construídas com elementos pré-fabricados, ou moldada no local com uso de bloco canaleta, que é preenchido com graute, considerando o avanço dessa verga após a abertura por pelo menos 19 cm no caso de portas e 39 cm vezes essa medida para janelas. As contravergas são elementos que ficam sob o vão de janelas, como pode ser visto na Figura 6. Nesse caso não ocorre momento fletor, entretanto, ela tem a função de auxiliar na distribuição de cargas, pois cantos vivos como os de janelas são pontos concentradores de tensões que podem culminar na formação de fissuras na alvenaria. A adoção de um elemento com maior rigidez nessa região busca garantir que não ocorra a formação dessas fissuras. Assim como a verga, a contraverga deve ser prolongada após a abertura. A cinta de amarração, que também pode ser chamada de cinta de respaldo, é um elemento contínuo sobre as paredes que desempenha a função de fazer a distribuição das cargas nas paredes. Em se tratando das cargas verticais, ela distribui de forma mais homogênea a carga proveniente das lajes. Considerando carregamentos horizontais, como o vento, a cinta auxilia no contraventamento e também na distribuição das cargas nas paredes. As cintas podem ser exe- cutadas com blocos canaletas, ou blocos J, conforme a disponibilidade do fabricante de blocos. As vergas, contravergas e cintas de amarração, quando executadas com blocos canaleta (ou blocos J), são feitas da seguinte maneira: assentamento desses blocos na fiada dos elementos correspondentes, colocação de armadura para reforço e colocação de graute dentro desses blocos (grauteamento). Observe a Figura 7 a seguir. Figura 7. Elevação de parede típica. Vista - parede Cinta de amarração da alvenaria Verga Contra verga Verga 220 Porta 90 280 100 Janela 120 14° Fiada 13° Fiada 12° Fiada 11° Fiada 10° Fiada 9° Fiada 8° Fiada 7° Fiada 6° Fiada 5° Fiada 4° Fiada 3° Fiada 2° Fiada 1° Fiada Piso cru Alvenaria estrutural12 As normas NBR 1591-1 e NBR 15961-2 apresentam os requisitos de projeto e execução da alvenaria estrutural voltada para blocos de concreto. Já as normas NBR 15812-1 e NBR 15812-2 apresentam os requisitos de projeto de execução de alvenaria estrutural em blocos cerâmicos. Um pouco mais sobre modulação Conforme ressaltado por Ramalho e Corrêa (2003), a modulação é um pro- cesso essencial do projeto para que se tenha um empreendimento econômico e uma execução racional. A primeira etapa para o início da modulação é a escolha da família de blocos a serem utilizados. Uma família é um conjunto de blocos com medidas variadas, sendo que essas medidas partem de valores múltiplos do bloco que dá nome à família. As famílias mais usuais são 29 e 39. O bloco referência tem 29 cm, pois se considera 1 cm de junta de argamassa, totalizando 30 cm para o módulo (múltiplo de 15). Semelhante se dá com a família 39, gerando um módulo de 40 cm (múltiplo de 20). Pode-se dizer que um dos principais parâmetros a ser considerado na escolha da família de blocos é a espessura das paredes. É interessante que a espessura do bloco seja múltipla da espessura da parede. Dessa forma, para uma parede com espessura de 15 cm, a família 29 atende melhor que a família 39, em razão da necessidade de blocos com medidas especiais na interseção de paredes, se adotada a segunda família. Conforme Ramalho e Corrêa (2003), outra questão muito relevante é a dimensão dos cômodos, ou dimensão das paredes, de forma que quando os comprimentos das paredes forem múltiplos de 15, a família 29 é mais adequada. Já quando as paredes tiverem comprimentos múltiplos de 20, a família 29 tem suas vantagens. Quando feita a modulação horizontal, verifica-se que as portas e janelas não obedecem às proporções dos módulos, e dificilmente em paredes com aberturas a distribuição dos blocos ficará adequada sem a presença de blocos compensadores. Esses blocos têm comprimentos usuais de 4 cm e 9 cm e servem justamente para evitar a necessidade de corte de blocos. Outro ponto crítico da modulação é a interseção de paredes, pois as paredes estruturais devem ser amarradas, sendo possível as amarrações direta ou indireta apresentadas na Figura 8. A amarração direta é preferida, sendo que, 13Alvenaria estrutural nela, a ligação das paredes se dá pela interpenetração de 50% do bloco, como bem definido pelas normas NBR 15812-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010a) e NBR 15961-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2011a). Já na amarração indireta, as juntas são a prumo e a amarração é feita por meio de armadura. Figura 8. Amarração entre paredes. Fonte: Adaptada de Tauil e Nese (2010). Amarração direta das paredes Amarração indireta das paredes Ainda tratando de modulação, mas agora falando da distribuição vertical dos blocos, neste caso, irá trabalhar sempre com módulos de 20, já que os blocos têm 19 cm de altura em todas as famílias. Como apresentado por Ramalho e Corrêa (2003), esta pode ser feita considerando a distância de piso a teto ou de piso a piso. Na primeira situação, não é necessário compensadores, pois normalmente adota-se pé-direito com medidas múltiplas de 20. Na segunda, se faz necessário bloco compensador com a altura diferente de 19 cm, pois normalmente a altura da laje não segue a medida modular. Em ambos os casos, pode-se utilizar na última fiada das paredes externas blocos J, de forma que a parede a parede mais alta do bloco serve como forma para laje. Um aspecto importante que deve ser observado é sobre a passagem dos eletrodutos e tubulações hidrossanitárias nas paredes. É importante desta- car que o processo utilizado na alvenaria de vedação comum de “rasgar” as paredes para embutir as instalações não é aceito na alvenaria estrutural, pois prejudica a resistência desta. Uma alternativa interessante é a utilização de blocos especiais, que já têm dimensões adaptadas para recebimento das Alvenaria estrutural14 tubulações (blocos hidráulicos) e também já são recortados com as dimensões das caixas elétricas. Por fim, é importante verificar que mesmo num sistema de alvenaria estrutural continuarão existindo elementos em concreto armado como as fun- dações, as lajes e as escadas. Esses elementos seguem as mesmas prescrições indicadas para as estruturas que seguem o sistema convencional de concreto armado. Para escadas e lajes, é comum a adoção de elementos pré-fabricadospara que se tenha um processo construtivo mais produtivo, reduzindo ainda mais a necessidade de concretagem e estocagem de material em obra. Exem- plificando, em obras com ritmo acelerado, é possível a finalização da estrutura de um pavimento (paredes e laje) em 7 a 10 dias. Em relação aos acabamentos, existe a possibilidade de deixar a alvenaria aparente. Entretanto, é comum a realização de revestimento com camada única ou então executando as três camadas (salpique, emboço e reboco). Como destacado por Ramalho e Corrêa (2003), ainda é possível a aplicação somente de gesso nas paredes internas e, no caso de revestimento cerâmico, é possível a aplicação direta das peças. 1. Assinale a alternativa INCORRETA. a) A alvenaria estrutural é utilizada para a fabricação de lajes. b) A alvenaria estrutural gera segurança estrutural. c) A alvenaria estrutural tem durabilidade compatível com seus usos. d) A alvenaria estrutural deve ser verificada quanto à segurança ao fogo. e) Apresenta conforto térmico e acústico compatível com as necessidades. 2. Qual item não está presente em um projeto de alvenaria estrutural? a) Planta de primeira e segunda fiada. b) Detalhes das vergas e contravergas. c) Posicionamento das colunas de groute. d) Posicionamento de peças especiais. e) Planta de formas das vigas de concreto. 3. Qual dos itens abaixo não pode ser considerado um benefício da alvenaria estrutural? a) Otimização das tarefas em obra. b) Técnicas executivas simplificadas. c) Controle da etapa de produção. d) Aumento do vão livre comparando-se com o concreto armado. e) Eliminação de interferências. 15Alvenaria estrutural 4. Não se pode construir alvenaria estrutural com: a) Mão de obra acostumada com construção convencional. b) Nivelamento e prumo. c) Blocos de concreto. d) Mesma espessura de juntas. e) Compatibilidade ao projeto arquitetônico. 5. Qual dos componentes abaixo não é utilizado na execução da alvenaria estrutural? a) Blocos sílico calcário. b) Concreto armado. c) Argamassas industrializadas. d) Grautes. e) Reforços com aço. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812-1: alvenaria estrutural: blocos cerâmicos: parte 1: projetos. Rio de Janeiro: ABNT, 2010a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812-2: alvenaria estrutural: blocos cerâmicos: parte 2: execução e controle de obras. Rio de Janeiro: ABNT, 2010b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961-1: alvenaria estrutural: blocos de concreto: parte 1: projetos. Rio de Janeiro: ABNT, 2011a. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961-2: alvenaria estrutural: blocos de concreto: parte 2: execução e controle de obras. Rio de Janeiro: ABNT, 2011b. CERÂMICA MATIELI. [2018?]. Disponível em: <http://www.ceramicamatieli.com.br/>. Acesso em: 09 ago. 2018. KALIL, S. M. B. Alvenaria estrutural: [apostila]. [200-?]. Disponível em: <http://www. politecnica.pucrs.br/professores/soares/Topicos_Especiais_-_Estruturas_de_Madeira/ Alvenaria.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2018. RAMALHO, M. A.; CORRÊA, M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria estrutural. São Paulo: PINI, 2003. TAMAKI, L. Entrevista: construção fácil. Téchne, n. 158, maio 2010. Disponível em: <http:// techne17.pini.com.br/engenharia-civil/158/artigo287747-2.aspx>. Acesso em: 09 ago. 2018. TAUIL, C. A.; NESE, F. J. M. Alvenaria estrutural. São Paulo: PINI, 2010. Alvenaria estrutural16 Dica do professor A alvenaria estrutural é um sistema construtivo que utiliza as paredes de alvenaria como elementos estruturais. Com o avanço dos estudos e normas técnicas, ela tornou-se uma opção mais econômica que outros sistemas construtivos, além de proporcionar isolamento térmico e acústico. No entanto, exige um projeto específico e detalhado que leve em consideração as cargas, as dimensões das paredes e os materiais utilizados. Os blocos de alvenaria podem ser feitos de diferentes materiais, cada um com características específicas. As argamassas e grautes são essenciais para garantir a estabilidade e a segurança da estrutura, sendo escolhidos de acordo com as necessidades do projeto. Veja, nesta Dica do Professor, algumas informações relevantes sobre a alvenaria estrutural. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/5a7975eec270f4c55b0dd7e3deb99ad2 Exercícios 1) A alvenaria estrutural pode ser uma opção econômica para a construção de edifícios, uma vez que utiliza materiais abundantes e acessíveis, como tijolos, blocos de concreto ou pedras, reduzindo os custos de materiais em comparação com outros métodos construtivos. Sobre esse método construtivo, assinale a alternativa correta. A) Oferece flexibilidade de design. B) Gera insegurança estrutural. C) Não apresenta durabilidade. D) É utilizado para a fabricação de lajes. E) Apresenta maus resultados de conforto térmico e acústico. 2) A alvenaria estrutural requer um projeto específico e detalhado que leve em consideração as cargas que serão suportadas, as dimensões das paredes e o tipo de material utilizado. Nesse contexto, qual(is) item(ns) é(são) necessário(s) em um projeto de alvenaria estrutural? A) Detalhamento dos elementos estruturais. B) Detalhamento das armaduras. C) Plantas de formas. D) Planta de vigas de concreto. E) Planta de primeira e segunda fiadas. 3) Como já se sabe, a alvenaria estrutural pode ser uma opção econômica para a construção de edifícios, uma vez que utiliza materiais abundantes e acessíveis, como tijolos, blocos de concreto ou pedras, reduzindo os custos de materiais em comparação com outros métodos construtivos. Qual das alternativas apresenta uma vantagem proveniente da construção em alvenaria estrutural quando comparada às estruturas de concreto armado? A) Flexibilidade no projeto. B) Maior durabilidade. C) Aumento do vão livre. D) Redução do tempo de construção. E) Maior resistência estrutural. 4) É importante que os materiais utilizados na alvenaria estrutural estejam de acordo com as normas técnicas vigentes e sejam de qualidade para garantir a segurança e o desempenho adequado da estrutura. Nesse sentido, assinale a alternativa que contenha dois materiais muito utilizados nesse método construtivo. A) Madeira e graute. B) Blocos de concreto e de madeira. C) Blocos cerâmicos e de concreto. D) Aço e placas de gesso. E) Placas de gesso e argamassa. 5) A alvenaria estrutural tem diversas propriedades que a tornam uma opção viável para a construção de edificações. Quais são os critérios importantes na escolha da alvenaria estrutural como metodologia construtiva? A) Resistência à flexão da estrutura e disponibilidade de mão de obra especializada. B) Custo e disponibilidade no mercado de blocos e projeto bem elaborado e detalhado. C) Disponibilidade de mão de obra especializada e localização de fábricas de concreto. D) Localização de fábricas de concreto e custo e disponibilidade no mercado de blocos. E) Projeto bem elaborado e detalhado e resistência à flexão da estrutura. Na prática Diversos fatores podem influenciar a escolha de um método construtivo de uma edificação, como a complexidade do projeto, a localização geográfica, os custos dos materiais e da mão de obra, entre outros. É difícil afirmar categoricamente que um método trará mais economia que outro sem analisar em conjunto todos esses aspectos, uma vez que cada projeto de construção é único e tem suas próprias características. No entanto, a alvenaria estrutural pode oferecer potencial de economia em alguns aspectos. Por exemplo, ela pode reduzir a quantidade de elementos estruturais, como vigas e pilares, em comparação ao concreto armado, já que as próprias paredes de alvenaria podem assumir funções estruturais. Isso pode resultar em uma economia de materiais e de mão de obra na construção. É fundamental realizar um estudodetalhado do projeto e considerar todos os aspectos envolvidos antes de fazer qualquer afirmação sobre a escolha de método construtivo. Neste Na Prática, veja os fatores essenciais para escolher o método construtivo de uma edificação. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/ba6b1e22-c721-47c0-bd25-293b9718e677/5d55e9e1-97e5-4a7e-bfc3-401088484e00.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Importância da modulação na alvenaria estrutural Confira, neste vídeo, a importância da modulação na alvenaria estrutural e seus impactos no projeto. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Alvenaria estrutural x concreto armado: descubra as diferenças A alvenaria estrutural e o concreto armado são dois métodos de estrutura muito utilizados na construção civil brasileira, sendo muito parecidos entre si. Confira, neste texto, as principais diferenças entre eles. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Resistência a compressão da alvenaria estrutural com blocos de concreto de alta resistência Veja, neste artigo, o comportamento da alvenaria estrutural de alta resistência medida por meio dos ensaios de resistência à compressão e módulo de elasticidade em diferentes tipos paredes de blocos de concreto. https://www.youtube.com/embed/8dq3gDR1EvI http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=7&Cod=2495 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Técnicas de construção ilustradas Este livro trata dos fundamentos das técnicas de construção, em compromisso com a sustentabilidade, incorporando princípios que reduzem a dependência de sistemas de controle ambiental e a energia por eles consumida. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://www.scielo.br/j/riem/a/HSvR874bjrHr93JyPnTwgZF/?lang=pt Argamassas Apresentação Engana-se quem pensa que a argamassa é uma simples mistura: cimento, agregado miúdo, água e aditivos (caso necessite de aditivos). A argamassa é um elemento muito poderoso quando levamos em consideração as suas variedades, propriedades e a importância das normas técnicas para as suas aplicações. Nesse sentido, é importante ressaltar que as argamassas podem ser aplicadas de diversas formas na construção de edificações: como revestimentos (chapisco, emboço e reboco), para união entre blocos cerâmicos ou blocos de concreto (sendo a alvenaria estrutural ou de vedação), no rejuntamento de revestimento cerâmico ou no rejuntamento de calçada, entre outras aplicações. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai saber sobre a composição e a utilização das argamassas. Sabe-se que a aplicação desse material está presente nos mais diversos serviços da construção civil brasileira e também de outros países. Você vai ver de que forma é obtida a argamassa (mistura de cimento com agregados miúdos), além de suas aplicações. Com isso, estará habilitado para aplicar o conhecimento adquirido na sua vida profissional. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o que são argamassas.• Classificar os tipos de argamassas.• Identificar os fatores que alteram o comportamento do material.• Desafio Historicamente, pode-se dizer que as argamassas são conhecidas desde a Antiguidade. Esse material era originalmente fabricado com areia e cal. No entanto, hoje podem ser incorporados outros materiais de construção como o cimento Portland. Uma das transformações da construção civil é a troca de atividades manuais por processos industrializados, o que acaba gerando vários produtos com maior controle de qualidade. As argamassas, hoje em dia, vêm ensacadas e prontas para uso, sem necessidade de estudos aprofundados, sendo apenas adicionada água. Uma das mais comuns são as argamassas colantes. Posto isso, sabe-se da relevância das técnicas construtivas. Ao aplicar esse conhecimento nos serviços da construção civil, são garantidos o aumento da produtividade e da qualidade, a redução do tempo de entrega da obra, assim como a mitigação de retrabalho e de desperdícios. Isso auxiliará o profissional na identificação das melhores estratégias a serem aplicadas. Acompanhe o seguinte cenário: Para entender a respeito do uso de argamassa em atividades na construção civil, é necessário saber quais são as classes de argamassas existentes. Diante da situação descrita, responda: a) Você percebeu que o piso não ficou com uma adesão muito boa. O que pode ter acontecido? Qual seria a solução para o caso. Justifique. b) Qual é a argamassa apropriada para assentamento de porcelanato? Infográfico Não se sabe como surgiu a argamassa. Entretanto, muitos acreditam que ela apareceu na Pérsia antiga, onde era usada alvenaria de tijolos secos ao sol, com assentamento de argamassas de cal. É importante destacar que seu desenvolvimento como sistema construtivo somente ocorreu em Roma, ao longo do Império Romano. E isso, de fato, aconteceu quando foi misturado um material aglomerante, a pozolana (cinzas vulcânicas), com materiais inertes, dando origem às primeiras argamassas. No Infográfico a seguir, você vai acompanhar o processo de mistura de obtenção de uma argamassa. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/bfb644c1-7537-4b8f-a374-b22b5d45225a/125addf1-c33c-4bfc-937b-18a244301a8f.png Conteúdo do livro O conhecimento acerca das argamassas é essencial para a prática profissional. A aplicação adequada desse material contribui, por exemplo, para: economia da mão de obra; redução dos desperdícios; facilidade na aplicação; colaboração com o cumprimento do cronograma de obra, evitando-se atrasos; treinamento rápido da equipe. Com a capacitação dos profissionais da construção, são garantidas melhores tomadas de decisões. No capítulo Argamassas, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai compreender o conceito de argamassas, aprender a classificar os tipos de argamassas, assim como identificar os fatores que alteram o comportamento desse material. Boa leitura. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL E PRINCÍPIOS DE CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAL Alexandre Baroni Argamassas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar o que são argamassas. � Classificar os tipos de argamassas. � Identificar os fatores que alteram o comportamento do material. Introdução Neste texto, você vai estudar a argamassa. Na construção civil brasi- leira, é quase impossível realizar uma obra em que não haja o uso de argamassas. Produtos atualmente baseados em cimento Portland e agregados miúdos são os principais responsáveis pelo envoltório das edificações. A argamassa é utilizada desde o assentamento dos tijo- los até o rejuntamento de placas cerâmicas, por isso é indispensável que você, como futuro engenheiro, conheça as peculiaridades de sua utilização. Contextualização A argamassa é um material de construção com propriedade de aderência e endurecimento, obtido a partir da mistura homogênea de um ou mais aglo- merantes, agregado miúdo (areia) e água, podendo conter aditivos e adições minerais. As argamassas são muito utilizadas na construção civil para etapas como revestimento para reboco, revestimento de única camada para parede ou teto, contra piso para regulação de pisos, assentamento e reajustamento de revesti- mento de cerâmica ou pedra. Na antiguidade, eram utilizadas argamassas de areia e cal, e muitas vezes utilizados aditivos de água e ar para favorecer a incorporação da massa. No entanto, com a modernidade, foram surgindo novas composições de arga- massas, como as compostaspor cimento Portland e aditivos que lhes dão me- lhores qualidades e facilitam o trabalho. Atualmente a argamassa é industria- lizada e vendida pronta para uso sem a necessidade adicionar água. Figura 1. Infográfico da argamassa. Conceitos importantes sobre argamassas As argamassas mais utilizadas na construção civil são as de assentamento da alvenaria e de revestimento de paredes. Dependendo das proporções entre os constituintes da mistura e sua aplicação, elas recebem diferentes nomes. Definição de alvenaria segundo Littlefield (2005, p. 589): “Alvenaria é o termo geral usado para se referir às construções portantes em tijolos, blocos e pedra.” Argamassas de assentamento de alvenaria são utilizadas para a elevação de paredes e muros de tijolos ou blocos, muitas vezes referidos como unidades de alvearia. As funções mais importantes da argamassa na alvenaria são: � unir as unidades de alvenaria para melhorar a sua resistência aos esforços laterais; � distribuir as cargas atuantes nas paredes de modo uniforme; � impedir a passagem da água da chuva; e � absorver as deformações naturais de origem térmica e as de retração por secagem. Materiais de construção: concreto e argamassa94 A argamassa de revestimento é utilizada para revestir paredes, muros e tetos, os quais recebe pintura, revestimento cerâmico, laminados, etc. O revestimento de argamassa pode ser constituído por várias camadas com características e funções específicas. Observe na Figura 2 a indicação e nomenclatura dessas camadas. Europa: 8 a 15mm Brasil 13 a 30mm (c)(a) (b) substrato chapisco emboço reboco camada única RDM pintura Figura 2. Diferentes alternativas de revestimento de parede. Para a melhor compreensão da composição dessas camadas, veja as defi- nições a seguir: � Chapisco: camada de preparo da base, aplicada de forma contínua ou não, para uniformizar e melhorar a absorção e a aderência do revestimento. � Emboço: camada de revestimento para cobrir e regularizar a base para receber revestimento decorativo, por exemplo. � Reboco: camada de revestimento usada para cobrir e emboçar antes de receber o revestimento decorativo ou material de acabamento final, em geral a pintura. � Camada única: revestimento com um único tipo de argamassa aplicado na base. Também pode ser empregada para receber o acabamento final, como a pintura. � Revestimento decorativo (monocamada ou monocapa, na linguagem téc- nica): tem função de regularizar e, ao mesmo tempo, decorar. Também Argamassas 95 pode ser utilizado o RDM (revestimento decorativo monocamada), um tipo de argamassa específica para essa função. No uso em paredes, as principais funções da argamassa são: � Proteção contra destempero (quando parede externa); � Integração ao sistema de vedação dos edifícios, como isolamentos (tér- mico e acústico), permeabilidade à água, resistência ao fogo, ao desgaste e aos abalos superficiais; � Regularizar a superfície dos elementos de vedação e servir como base dos elementos decorativos. Um dos tipos de argamassas industrializadas que têm atraído a atenção do mercado é a argamassa sintética, também conhecida como argamassa polimérica. A argamassa polimérica gera menos impactos ao meio ambiente, pois em sua fabricação não são utilizados nenhum tipo de cimento (cujo processo de fabricação consome muita e energia e exige elevado controle na emissão de CO2) e nem areia de rios (que causa a degradação descontrolada dos leitos de rios). Outro benefício desse material é a sua aplicação na fase de alvenaria das construções, por exemplo, pois garante uma redução de 40% sobre o custo total da alvenaria e 50% de aumento na produtividade. É importante você saber que para esses resultados serem obtidos, os blocos devem ser isentos de defeitos e as superfícies, sobre as quais serão assentados azulejos ou pisos, devem ser planas. Exigindo elevada qualidade global para a construção das alvenarias, inclusive da habilidade da mão de obra. Para auxiliar na sua decisão entre o uso da argamassa convencional e da argamassa po- limérica, uma das empresas fabricantes nacionais que emprega nanotecnologia para melhorar suas características e elevar o rendimento, oferece a seguinte comparação: Usando blocos com furos horizontais de 9 cm × 19 cm × 19 cm em relação ao uso de arga- massa de mistura cimento + cal + areia na proporção 1 : 2 : 8 para a construção de uma alvenaria de 100 m2, obtém uma economia de 25% por m2 com uma redução do tempo necessário para essa construção de 39,7 horas (argamassa convencional) para 18,5 horas (argamassa polimérica). Em média o rendimento da argamassa polimérica é de 1,5 kg / m2 enquanto a argamassa convencional é de 30 kg / m2. Materiais de construção: concreto e argamassa96 Figura 3. Fonte: Everything I Do/Shutterstock Classificação das argamassas A grande maioria dos autores da área da construção civil, classifica as arga- massas com base nos critérios (veja quais são eles a seguir), e na função a qual será destinado o material. Para que você entenda melhor as duas formas de classificação, elas serão apresentadas em dois grupos: Grupo 1: critérios � Natureza do aglomerante – Argamassa aérea – Argamassa hidráulica � Tipo de aglomerante – Argamassa de cal – Argamassa de cimento – Argamassa de cimento e cal – Argamassa de gesso – Argamassa de gesso e cal Argamassas 97 � Número de aglomerantes – Argamassa simples – Argamassa mista � Consistência da argamassa – Argamassa seca – Argamassa plástica – Argamassa fluídica � Plasticidade da argamassa – Argamassa pobre ou magra – Argamassa média ou cheia – Argamassa rica ou gorda � Densidade de massa da argamassa – Argamassa leve – Argamassa normal – Argamassa pesada � Forma de preparo ou fornecimento – Argamassa preparada em obra – Mistura semipronta para argamassa – Argamassa industrial – Argamassa dosada em central Grupo 2: função � Construção de alvenaria – Argamassa de assentamento (elevação da alvenaria) – Argamassa de fixação (ou alvenaria de vedação) � Revestimento de paredes e tetos – Argamassa de chapisco – Argamassa de emboço – Argamassa de reboco – Argamassa de camada única – Argamassa para revestimento decorativo monocamada � Revestimento de pisos – Argamassa de assentamento de peças cerâmicas (colante) – Argamassa de rejuntamento � Recuperação de estruturas – Argamassa de reparo Materiais de construção: concreto e argamassa98 Propriedades das argamassas As propriedades das argamassas estão relacionadas com as suas funções e requisitos de desempenho. Sendo assim, é necessário definir os métodos para a realização dos ensaios deste material. As propriedades mais importantes para o melhor desempenho das arga- massas são: � Trabalhabilidade � Aderência � Resistência mecânica � Capacidade de absorver deformações � Retração � Retenção de água As duas últimas propriedades são de maior interesse para as argamassas revestimento, mas não é relevante para as argamassas de assentamento de alvenaria. Veja, de forma resumida, as principais propriedades para cada tipo de argamassa no Quadro 1. A trabalhabilidade é a propriedade das argamassas no estado fresco que determina a facilidade com que elas podem ser misturadas, transportadas, aplicadas, consolidadas e acabadas sob condição homogênea. De maneira mais simples, a trabalhabilidade diz respeito à facilidade da aplicação, ou seja, o aplicador manual realiza o serviço de maneira mais eficaz e produtiva uma vez que o produto possui melhor aderência à base e oferece o acabamento esperado. Retenção de água é uma propriedade que está relacionada com a capa- cidade de a argamassa fresca manter sua trabalhabilidade quando ocorrer a perda da água do amassamento pela evaporação ou pela absorção do material de base. Essa propriedade é ainda mais importante quando o substrato (tijoloou bloco) possui alta probabilidade de absorver água ou quando exposto a condições climáticas desfavoráveis, como a alta temperatura, baixa umidade relativa e ventos fortes. A retração resulta de um complexo mecanismo relacionado com a va- riação de volume da pasta aglomerante e tem papel fundamental no desem- penho das argamassas aplicadas. A retração é bastante influenciada pelo teor dos grãos da areia. Argamassas 99 Argamassa de assentamento de alvenaria Chapisco Emboço e camada únca Contrapiso Argamassa colante Argamassa de rejuntamento Argamassa de reparo A d er êc ia A d er ên ci a ao c o n cr et o e a rm ad u ra s o rig in ai s Ba ix a p er m ea b ili d ad e e ab so rç ão d e ág u a Ba ix a re tr aç ão C ap ac id ad e d e ab so rv er d ef o rm aç õ es Re si st ên ci a m ec ân ic a Tr ab al h ab ili d ad e Q u a d ro 1 . P ro p ri ed ad e p ar a p rin ci p ai s ar g am as sa s. Materiais de construção: concreto e argamassa100 A perda de água por evaporação rápida gera fissuras de retração. Quanto mais leve for a argamassa, mais trabalhável será a longo prazo. Isso reduz o esforço na aplicação manual. Além disso, essa propriedade garante um aumento na produtividade do aplicador durante sua jornada de trabalho. A aderência é um termo usado para determinar a resistência e a extensão do contato entre a argamassa e uma base ou substrato. Assim, é necessário especificar se a aplicação da argamassa será feita sobre um tijolo ou uma estrutura de concreto, pois estes materiais caracterizam aderências diferentes. A resistência à compressão é a resistência mecânica de maior interesse para as argamassas. Essa resistência deve ser adquirida o mais rápido pos- sível para a melhor produtividade da obra e, portanto, para a vida útil da al- venaria. A argamassa com boa capacidade para suportar esforços de tração, compressão e cisalhamento possui um estado de constituição interno que evita sua desagregação. Esse estado de constituição é denominado resis- tência mecânica da argamassa. Recomenda-se que a resistência dos blocos utilizados na construção de paredes seja superior à resistência da argamassa utilizada no assentamento. O que atribui maior resistência mecânica à arga- massa é a proporção elevada de cimento. Uma argamassa de elevada resistência mecânica compromete a sua capa- cidade de absorver deformações, requisito fundamental para a junta de assen- tamento. A absorção de deformações está diretamente associada ao módulo de elasticidade da argamassa, ou seja, sua capacidade de deformar sem apre- sentar fissuras prejudiciais ao receber esforços, e de não comprometer a sua aderência, estanqueidade e durabilidade ao apresentar microfissuras. O preparo das argamassas é fundamental para o controle da qualidade da obra. As empresas fabricantes das argamassas geralmente apresentam instru- ções de uso e os materiais utilizados na composição. Esses materiais são me- didos em volume e requer que o construtor faça a conversão da especificação da norma para facilitar a preparação. Argamassas 101 Para homogeneizar da argamassa de maneira eficaz, deve-se observar o tempo de preparo e o equipamento usado para a sua elaboração para que não comprometa o desempenho da argamassa e não causar falhas após a secagem. Materiais de construção: concreto e argamassa102 LITTLEFIELD, D. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. Leituras recomendadas CHING, F. D. K. Técnicas de construção ilustradas. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. FERNANDO, L. Argamassa polimérica. [S.l.: s.n.], 2015. Disponível em: <https://prezi.com/ xeecflg-q_rr/argamassa-polimerica/>. Acesso em: 08 jul. 2016. ISAIA, G. C. Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenharia de material. 2. ed. São Paulo: IBRACON, 2011. MASSA DUN DUN. Comparativo de custos. [S.l.: Massa Dun Dun, [2016?]. Disponível em: <http://www.massadundun.com.br/?pagina=comparativo-de-custos>. Acesso em: 08 jul. 2016 Referência Dica do professor Os conhecimentos sobre as argamassas, quando aplicados de forma correta, contribuem para a otimização da construção civil. Com isso, é necessário saber que uma boa argamassa depende tanto das proporções entre dois elementos (cal mais areia) quanto do modo pelo qual se faz a adição da água a esses dois elementos. Nesta Dica do Professor, você vai saber mais a respeito da classificação das argamassas, bem como das suas aplicações. Logo, é imprescindível a compreensão das propriedades desse material, que é tão presente na construção civil. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/c934596910b61137888b63a43a01f639 Exercícios 1) Sabe-se que a argamassa é uma mistura homogênea de agregados miúdos, aglomerantes inorgânicos e água, contendo ou não aditivos ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento. Em relação às argamassas de revestimento, é correto afirmar que: A) as argamassas de emboço utilizam areia média por permitir uma ancoragem física com a base e dar um acabamento um pouco áspero no sentido de garantir aderência com a argamassa colante. B) Na execução de argamassa para chapisco, utiliza-se areia fina, objetivando maior coesão do material. C) As argamassas de reboco utilizam areia grossa para permitir a execução de grandes espessuras em torno de 2cm. D) O reboco paulista ou argamassa única é executado com areia média a grossa e unifica as etapas de chapisco e reboco. E) Quando o sistema de pintura preconiza o uso de massa corrida, é dispensável a execução do reboco. 2) Entre as patologias mais comuns nas argamassas de revestimento, aquela que se caracteriza pelo empolamento da pintura, apresentando as partes internas das empolas nas cores branca ou preta ou vermelho acastanhado, causada por uma série de fatores, como a existência de pedra de cal não completamente extinta, matérias orgânicas contidas nos agregados, torrões de argilas dispersos na argamassa ou outras impurezas, como mica, pirita e torrões ferruginosos, é denominada: A) eflorescência. B) descolamento. C) bolor. D) fissura. E) vesícula. 3) As argamassas têm propriedades no estado fresco, tais como aderência inicial, plasticidade, coesão e retenção de água. Posto isso, assinale a alternativa que define retenção de água em argamassas. A) É a relação entre a massa do material e seu volume equivalente em água. B) É a quantidade de água existente em certo volume de argamassa, ou seja, é o seu teor de água. C) É a capacidade de um material de se deixar atravessar por um fluido. D) É a capacidade da argamassa de reter a água de amassamento contra a sucção da base ou contra a evaporação. E) É a capacidade de sofrer retração na secagem, que pode causar a formação de fissuras no revestimento. 4) Entende-se que uma argamassa tem boa trabalhabilidade quando adere bem na colher de pedreiro, desliza sem dificuldade e adere bem nas superfícies verticais das paredes. Deve permanecer plástica pelo tempo necessário para os ajustes de alinhamento, prumo e nível das unidades. Entre as propriedades relacionadas com a trabalhabilidade das argamassas, entende-se por exsudação: A) capacidade de a argamassa fresca manter sua trabalhabilidade, quando sujeita às solicitações que provocam a perda de água. B) maior ou menor facilidade de a argamassa deformar-se sob a ação de cargas. C) tendência de separação da água da argamassa, de modo que a água sobe e os agregados descem pelo efeito da gravidade. D) força física de atração existente entre as partículas sólidas da argamassa e as ligações químicas da pasta aglomerante. E) união inicial da argamassa no estado fresco ao substrato. As argamassas têm diversas funções e desempenham papéis fundamentaisem obras civis.5) No que se refere à classificação das argamassas quanto a sua função, o emboço é classificado como argamassa de: A) aderência. B) regularização. C) revestimento. D) preenchimento. E) estrutural. Na prática É inegável a versatilidade das argamassas. Nesse sentido, é importante entender que, além do traço, existem variações nos tipos de argamassa e nas suas indicações. Conhecer essas diferenças é essencial para comprar o produto certo e de acordo com a sua aplicação. Consequentemente, isso implicará o aumento da produtividade do trabalho planejado, utilizando-se de técnica e produtos adequados. Portanto, de forma prática, os tipos de argamassa podem ser: colante, rejuntamento, revestimento e assentamento. Neste Na Prática, você vai identificar as manifestações patológicas que podem surgir nas argamassas, assim como aprender as causas e as tomadas de decisões para solucionar esses problemas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/a1e567e8-b830-4d93-888b-2187f83e8267/54db7717-0a7f-4738-b752-a5de414a0096.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O melhor preparo e aplicação de argamassa [revestimento] Este vídeo fala sobre como preparar a argamassa e diferenciar os tipos ACI, ACII, AC3, piso sobre piso e argamassa para porcelanato. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Argamassas: o que são e quais os tipos? Para qualificar a aplicação da argamassa, seja qual for ela, é importante saber os tipos disponíveis e, nesse caso, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece parâmetros normativos para algumas propriedades do material – como trabalhabilidade, retenção de água, teor de ar incorporado e resistência de aderência, por exemplo. Veja, neste link, informações importantes sobre o assunto. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Argamassa com substituição parcial do cimento por resíduos industriais Esta dissertação trata da degradação do meio ambiente, considerando que suas consequências resultam em regulamentações mais estritas por parte do poder público e as empresas de determinado setor produtivo devem rever suas políticas de mercado. A indústria do cimento é responsável pela emissão de, aproximadamente, 7% do CO2 gerado no mundo a partir de fontes antropogênicas. Acesse o link para saber mais. https://www.youtube.com/embed/qK_IOEPvoj4 https://www.mapadaobra.com.br/capacitacao/argamassas-tipos/ Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/3760 Concreto betuminoso Apresentação O concreto betuminoso, também conhecido como asfalto, é o tipo de material mais comum utilizado em projetos de construção de estradas, aeroportos, calçadas e pavimentos de estacionamentos. Esse material é composto por uma mistura de materiais agregados (pedra, areia e cascalho) de vários tamanhos, conectados por um agente aglutinante conhecido como “betume”, que é um subproduto do refino de petróleo. Além disso, ele tem uma textura espessa e pegajosa como o piche quando aquecido, depois forma uma superfície sólida e densa quando seca. Essa mistura é espalhada em camadas e compactada. É evidente que o betume é um composto muito poderoso, principalmente quando se leva em consideração as suas propriedades e as vantagens de suas aplicações. Nesse sentido, é importante ressaltar que o material betuminoso pode ser aplicado de diversas formas na construção civil: desde as pavimentações rodoviárias e as impermeabilizações até as pinturas e o isolamento elétrico. Engana-se quem pensa que a pavimentação de concreto betuminoso seja mais cara que a do concreto convencional. Sabe-se que o custo inicial e o custo total de manutenção do pavimento betuminoso são menores em comparação com o pavimento de concreto. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai compreender sobre a composição e a utilização do concreto asfáltico. Sabe-se que a aplicação desse material está presente nos mais diversos serviços da construção civil brasileira e também de outros países. Logo, você vai reconhecer os requisitos característicos durante a construção, assim como identificar os tipos de concretos asfálticos mais utilizados. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o que é concreto asfáltico.• Reconhecer os requisitos durante a construção.• Identificar os tipos de concreto asfáltico mais utilizados.• Desafio As escavações arqueológicas mostraram que o asfalto natural já estava sendo usado na Antiguidade (por volta de 1.200 a.C.) para fazer armas e implementos e colorir joias e esculturas. O material era usado com frequência na região da Mesopotâmia em particular, já que o asfalto natural era encontrado lá em abundância. Os povos que ali viviam — por exemplo, os sumérios — faziam embarcações e barcos de junco (guffa) que eram selados com asfalto. Também utilizaram o material como argamassa para adobe. Uma das transformações atuais da construção civil é a troca de atividades manuais por processos industrializados, o que acaba gerando vários produtos com maior controle de qualidade. No caso do asfalto betuminoso, nota-se que a maior parte desse material é produzida em usinas de mistura asfáltica. Nesse contexto, analise a seguinte situação: Posto isso, responda: a) Qual técnica de recuperação poderia ser adotada na circunstância apresentada? b) Descreva as vantagens da técnica adotada. Infográfico Entre as características dos concretos betuminosos, sabe-se que o concreto asfáltico, também chamado de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), é uma mistura a quente de diversos agregados com tamanhos distintos e cimento asfáltico. A granulometria dos agregados também influencia a divisão desses grupos de agregados. Neste Infográfico, você vai ver que o CBUQ está classificado em três faixas. Além disso, vai conferir as principais características de cada uma delas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/90d4d137-ec74-4a42-bff3-32cdd55a0b34/e1a508a5-0f6d-4bc9-a194-1378555de1ed.png Conteúdo do livro O conhecimento sobre a classificação dos concretos asfálticos é importante para a aplicação adequada desse material. Desse modo, podemos citar os seguintes tipos de asfalto: cimento asfáltico de petróleo, asfalto diluído de petróleo, emulsão asfáltica, asfalto comum, asfalto de borracha, asfalto verde, asfalto poroso. Posto isso, nota-se que os concretos betuminosos são materiais que têm como base comum o petróleo, que é uma matéria-prima versátil e com uma enorme importância na economia mundial. Porém, outras substâncias específicas podem ser adicionadas, ou não, com a finalidade de atender às necessidades de cada terreno. No capítulo Concreto betuminoso, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai explorar a noção de concreto asfáltico, além de classificar os requisitos durante a construção e identificar os tipos de concreto asfáltico mais utilizados. Boa leitura. MATERIAIS E TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO Alessandro Graeff Goldoni Concreto Betuminoso Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendi- zados: � Explicar o que é concreto asfáltico. � Reconhecer os requisitos durante a construção. � Identificar os tipos de concretos asfálticos mais utilizados. Introdução A humanidade utiliza o asfalto há séculos. Atualmente, os con- cretos asfálticos são amplamente utilizados na pavimentação de rodovias principalmente. Porém, é preciso tomar alguns cuidados pois existem diferentes tipos de concretos,bem como caracterís- ticas distintas dentre cada um, como a resistência, durabilidade, estabilidade, entre outras. Os métodos de fabricação também apresentam variações, podendo ser em usinas fixas ou móveis, ou ainda a quente ou a frio. Concretos asfálticos – conceitos gerais O asfalto é utilizado principalmente nas rodovias, por meio da pavimentação/ revestimentos. Em território Nacional, estima-se que cerca de 95% das es- tradas pavimentadas são de revestimento asfáltico. Logo, o asfalto pode ser considerado como um ligante betuminoso espesso, por meio de um material aglutinante escuro, de estrutura semi-sólida a baixas temperaturas, visco- elástico à temperatura ambiente e líquido a altas temperaturas (entre 150ºC e 200ºC). O mesmo é constituído de misturas complexas de hidrocarbonetos não voláteis de elevada massa molecular, além de substâncias minerais, resíduo da destilação a vácuo do petróleo bruto. A Figura 1 apresenta uma exemplificação do asfalto. Figura nº 01 – Asfalto sendo utilizado para pavimentação. Fonte: Autor Saiba Mais O uso do asfalto iniciou por volta de 3000 a.C., quando este era usado para conter unicamente vazamentos de águas em reservatórios. Porém, posteriormente, co- meçou a ser utilizado em estradas no Oriente Médio, sendo confeccionado de piche retido nos lagos pastosos. Apenas por volta de 1900, o asfalto começou a ser derivado do petróleo, devido à maior pureza e viabilidade econômica. � Com o objetivo de estabelecer uma distinção entre os termos refe- rentes ao asfalto e ao betume, a NBR 7208 de 1990, titulada Materiais betuminosos para emprego em pavimentação, define: � Betume: como sendo uma mistura de hidrocarbonetos de consistência sólida, líquida ou gasosa, de origem natural ou pirogênica, comple- tamente solúvel em bissulfeto de carbono, frequentemente acompa- nhados de seus derivados não metálicos. � Ligante betuminoso: produto à base de betume com acentuadas pro- priedades aglomerantes; � Asfalto: Material sólido ou semissólido, de cor entre preta e parda escura, que ocorre na natureza ou é obtida pela destilação do petróleo, que se funde gradualmente pelo calor e no qual os constituintes pre- dominantes são os betumes. � Asfalto de petróleo: asfalto obtido pela destilação de petróleo asfáltico. � Cimento asfáltico: asfalto sólido ou semissólido de consistência ade- quada à pavimentação; � O revestimento asfáltico, geralmente, é formado pela combinação de ligante asfáltico e agregado mineral, (pó de pedra, brita, mistura asfáltica), podendo conter ainda material de preenchimento (filer mineral), aditivos, entre outros. � Nakamura (2011) ressalta que o sistema de pavimentação (Figura 2) é formado por quatro camadas principais: � Revestimento de base asfáltica � Base � Sub-base � Reforço do subleito Figura nº 02 – Sistema de Pavimentação. Fonte: Autor Saiba Mais Dependendo da intensidade e do tipo de tráfego, do solo existente e da vida útil do projeto, o revestimento pode ser composto por uma camada de rolamento e camadas intermediárias ou de ligação. Mas nos casos mais comuns, utiliza-se uma única camada de mistura asfáltica como revestimento. Processo de fabricação Segundo Bernucci et al (2008), o material de revestimento pode ser fabricado em usina específica (conhecidas como misturas usinadas), podendo ser fixa ou móvel, ou, então, preparado na própria pista (tratamentos superficiais). Quanto aos tipos de ligantes, estes podem ser a quente com o uso de CAP, ou a frio com o uso de EAP. As misturas usinadas podem ser separadas quanto à distribuição granulométrica em: densas, abertas, contínuas e descontínuas. Mistura usinada fixa: a mistura de agregados e ligante é realizada em usina estacionária e transportada posteriormente por caminhão para a pista, onde é lançada por equipamento apropriado, denominado vibroacabadora. Em se- guida, é compactada até atingir um grau de compressão tal que resulte num arranjo estrutural estável e resistente, tanto às deformações permanentes quanto às deformações elásticas repetidas da passagem do tráfego. As misturas a quente distinguem-se em vários tipos de acordo com o pa- drão granulométrico empregado e as exigências de características mecânicas, em função da aplicação a que se destina. Um dos tipos mais empregados no Brasil é o concreto asfáltico (CA), também denominado concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ). Já na mistura usinada fixa pré-misturados a frio, utilizam-se as emulsões asfálticas como ligante para envolver os agregados. Também proporcionados de forma conveniente para atender certos requisitos de arranjo do esqueleto mineral, características volumétricas e de resistência mecânica especificadas são, nesse caso, realizadas sem aquecimento dos agregados. O ligante, even- tualmente, pode sofrer um pequeno aquecimento, mas, em geral, é também usado na temperatura ambiente. As misturas asfálticas também podem ser separadas em grupos específicos em função da granulometria dos agregados. As misturas asfálticas a quente podem ser subdivididas pela graduação dos agregados e fíler. São destacados três tipos mais usuais nas misturas a quente: Concreto asfáltico de graduação densa: possui curva granulométrica con- tínua e bem-graduada de forma a proporcionar uma composição com poucos vazios. Os concretos asfálticos densos são as misturas asfálticas usinadas a quente mais utilizadas como revestimentos asfálticos de pavimentos no Brasil. Suas propriedades, no entanto, são muito sensíveis à variação do teor de ligante asfáltico. Em excesso ou em falta, o ligante pode gerar problemas de deformação permanente e de perda de resistência, levando à formação de trincas. Como exemplo, pode-se citar o concreto asfáltico (CA). Mistura de graduação aberta: tem curva granulométrica uniforme com agregados quase que exclusivamente de um mesmo tamanho. Diferentemente do concreto asfáltico, mantém uma grande porcentagem de vazios com ar não preenchidos graças às pequenas quantidades de fíler, de agregado miúdo e de ligante asfáltico. Isso faz com que esse revestimento seja drenante, possi- bilitando a percolação de água no interior da mistura asfáltica. Enquadra-se nessa categoria a chamada mistura asfáltica drenante, conhecida no Brasil por camada porosa de atrito (CPA) e comumente empregada como camada de rolamento quando se quer aumentar a aderência pneu-pavimento sob a chuva. Exemplo: mistura asfáltica drenante, conhecida no Brasil por camada porosa de atrito (CPA). Mistura de graduação descontínua: os revestimentos desse tipo têm maior quantidade de grãos de grandes dimensões em relação aos grãos de dimen- sões intermediárias, completados por certa quantidade de finos. O resultado é um material mais resistente à deformação permanente com o maior número de contatos entre os agregados graúdos. Exemplo: matriz pétrea asfáltica (stone matrix asphalt – SMA); mistura sem agregados de certa graduação (gap-graded). Requisitos esperados dos concretos asfálticos Segundo Petrobras (2015), os concretos asfálticos devem apresentar os se- guintes requisitos de qualidade para atender às necessidades de utilização em pavimentações: Estabilidade: é a capacidade de resistir aos esforços que provocam defor- mações permanentes. A mistura deve apresentar resistência ao cisalhamento compatível com os esforços a que será submetida. Durabilidade: a capacidade de resistir à ação conjunta das intempéries e da abrasão promovida pelo tráfego. Decorre do envelhecimento do ligante (oxi- dação) e da degradação dos agregados e misturas densas tendem a envelhecer mais lentamente Consistência e dureza: caracteriza o tipo de asfalto, que permite avaliar sua manipulação e método de aplicação em uma determinada pavimentação. O método de ensaio de penetração determina a consistência ou dureza de um cimento asfáltico, pela medida de