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1 EPIDEMIOLOGIA
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Preparação e Resposta à Introdução do Vírus Chikungunya no Brasil
O CHIKV é um vírus RNA que pertence ao gênero Alphavírus da família Togaviridae. 
O nome chikungunya deriva de uma palavra em Makonde que signiica aproximadamente 
“aqueles que se dobram”, descrevendo a aparência encurvada de pacientes que sofrem de 
artralgia intensa. 
Casos humanos com febre, exantema e artrite aparentando ser CHIKV foram relatados 
no início de 1770. Porém, o vírus não foi isolado do soro humano ou de mosquitos até a 
epidemia na Tanzânia de 1952-53. Outros surtos ocorreram subsequentemente na África e 
na Ásia. Muitos ocorreram em pequenas comunidades ou comunidades rurais. No entanto, 
na Ásia, cepas de CHIKV foram isoladas durante grandes surtos urbanos em Bangkok e 
Tailândia em 1960 e em Calcutá e Vellore, na Índia, durante as décadas de 60 e 70.
1.1 Surtos recentes
Após a identiicação inicial do CHIKV, surtos ocorreram esporadicamente, e uma 
pequena transmissão foi relatada após metade dos anos 80. Todavia, em 2004, um surto 
originário da costa do Quênia, espalhou-se pelas Ilhas Comoros, Réunion e muitas outras 
ilhas do Oceano Índico durante os dois anos seguintes. Da primavera de 2004 ao verão de 
2006, ocorreu um número estimado em 500 mil casos. 
A epidemia propagou-se do Oceano Índico à Índia, onde grandes eventos emergiram em 
2006. Uma vez introduzido, o CHIKV alastrou-se em 17 dos 28 estados da Índia e infectou 
mais de 1,39 milhão de pessoas antes do inal do ano. O surto da Índia continuou em 
2010 com novos casos aparecendo em áreas não envolvidas no início da fase epidêmica. 
Os casos também têm sido propagados da Índia para as Ilhas de Andaman e Nicobar, 
Sri Lanka, Ilhas Maldivas, Singapura, Malásia, Indonésia e numerosos outros países 
por meio de viajantes virêmicos. A preocupação com a propagação do CHIKV atingiu 
um pico em 2007, quando o vírus foi encontrado em transmissão autóctone (humano-
-para-mosquito-para-humano) no norte da Itália após ser introduzido por um viajante 
com o vírus advindo da Índia. As taxas de ataque em comunidades afetadas em recentes 
epidemias variaram de 38% a 63% e, embora em níveis reduzidos, muitos casos destes 
países continuam sendo relatados. Em 2010, o vírus continua a causar doença na Índia, 
na Indonésia, em Myanmar, na Tailândia, nas Maldivas e reapareceu na Ilha Réunion. 
Casos importados também foram identiicados no ano de 2010 em Taiwan, na França, 
nos Estados Unidos e no Brasil, trazidos por viajantes advindos, respectivamente, da 
Indonésia, da Ilha Réunion, da Índia e do sudoeste asiático. 
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Secretaria de Vigilância em Saúde
Durante os recentes surtos, indivíduos virêmicos com CHIKV foram encontrados no 
Caribe (Martinica), nos Estados Unidos e na Guiana Francesa. Todos esses indivíduos 
estavam retornando de áreas com endemia ou epidemia de CHIKV e, portanto, a 
transmissão não ocorreu de forma autóctone. Porém, todas essas áreas têm mosquitos 
vetores competentes e hospedeiros suscetíveis aumentando o risco da transmissão 
endêmica do CHIKV nas Américas. Diante desses fatores, o CHIKV tem a capacidade 
de emergir, reemergir e propagar-se rapidamente em novas áreas, dessa forma, torna-se 
necessário a implantação e o aprimoramento das ações de vigilância do vírus no Brasil.
1.2 Dinâmica de transmissão
Vetores
Existem dois vetores principais do CHIKV, Ae. aegypti e Ae. albopictus. Ambos os 
mosquitos são amplamente distribuídos por todos os trópicos com Ae. Albopictus, sendo 
também presentes em latitudes mais temperadas. Dada a distribuição dos vetores pelas as 
Américas, toda a região é suscetível à introdução e à propagação do vírus. 
Reservatórios
Humanos servem como o principal reservatório do CHIKV durante períodos de 
epidemia. Durante períodos interepidêmicos, um número de vertebrados tem sido 
implicados como potenciais reservatórios, incluindo primatas não humanos, roedores, 
pássaros e outros pequenos mamíferos. 
Períodos de incubação
Os mosquitos adquirem o vírus de um hospedeiro virêmico. Após um período de 
incubação médio de dez dias, o mosquito torna-se capaz de transmitir o vírus a um 
hospedeiro suscetível, tal como um humano. Em humanos picados por um mosquito 
infectado, os sintomas da doença tipicamente aparecem após um período de incubação 
intrínseco médio de 3-7 dias (intervalo 1-12 dias) (Figura 1).
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Preparação e Resposta à Introdução do Vírus Chikungunya no Brasil
Figura 1 – Períodos de incubação extrínseca e intrínseca para o vírus Chikungunya
Fonte: Centres for Disease Control and Prevention/CDC e Organização Pan-Americana da Saúde.
Suscetibilidade e imunidade
Todos os indivíduos não previamente expostos ao CHIKV (indivíduos suscetíveis) estão 
sob o risco de adquirir infecção e desenvolver a doença. Acredita-se que, uma vez exposto 
ao CHIKV, indivíduos desenvolverão uma imunidade duradoura que os protegerá contra 
uma nova infecção. 
O mosquito se alimenta / 
adquire o vírus
O mosquito se realimenta 
/ transmite o vírus
Viremia Viremia
Período de 
incubação 
extrínseco
Doença
Humano 1 Humano 2
DIAS
0 5 8 12 16 20 24 28
Doença
Período
de
incubação 
intrínseco

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