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COMPLICAÇÕES AGUDAS DA DM CETOACIDOSE DIABÉTICA Epidemiologia: · Complicação aguda do DM tipo 1 · Principal causa de morte em crianças e jovens com DM 1 · Taxa de mortalidade < 1% em centros de excelências, mas pode ser > 5% Características: · Deficiência absoluta (ou quase absoluta) de insulina, resultando em hiperglicemia grave · Fator central: deficiência de insulina · Produção de corpos cetônicos · Acidose sistêmica · Desenvolve-se ao longo de horas a dias · Mais comum no DM 1, mas cada vez mais vista em DM 2 Definição: · Precisa ter: · Acidose · Cetose · Hiperglicemia Deficiência de insulina: duas vias como pré-requisito para o quadro 1. Essa deficiência de insulina gera uma hiperglicemia, que faz uma hiperosmolaridade e uma glicosúria · A glicosúria leva a uma desidratação (com falência renal e choque) e perda de eletrólitos, levando a um colapso cardiovascular 2. A deficiência de insulina também leva a uma lipólise, devido aos hormônios glucagon e insulina, porque na falta de insulina, o glucagon é estimulado · Há um aumento de AGL, com formação de cetonas, levando a uma acidose e cetonemia, levando a um colapso cardiovascular também Diagnósticos diferenciais: · Hiperglicemia (glicemia elevada): coma hiperosmolar; cetótico · Cetonemia/cetonúria: alcoolismo e jejum prolongado · Acidose: acidose lática; acidose por drogas (etilenoglicol, metanol, paracetamol, aspirina, metformina, iSGLT2); acidose hiperclorêmica; uremia Quadro clínico: Sintomas iniciais: hiperglicemia e desidratação · Poliúria · Polifagia · Polidipsia · Emagrecimento · Astenia · Fraqueza muscular, fadiga · Irritabilidade (crianças menores) Evolução dos sintomas: · Desaparecimento da polifagia e surge anorexia · Náuseas e vômitos · Sinais de desidratação · Irritabilidade · Mal estar · Visão turva · Cãimbras e parestesias · Taquipneia, taquicardia · Dor abdominal · Alterações neurológicas: letargia e coma Etapas mais avançadas: · Desidratação grave · Taquipneia (respiração de Kussmaul) · Hálito cetônico (“maçã podre”) · Alteração de consciência (falta de suprimento energético no cérebro e edema?) · Mudança de hábitos alimentares: anorexia, vômitos · Dor abdominal Causas desencadeantes: · Dx inicial de DM · Uso inadequado ou suspensão da insulina · Bactérias → infecções, uma das causas mais comuns em pacientes com dx prévio · Doenças concomitantes, traumas, estresse, gestação · Ingesta exagerada de carboidratos · Abuso de álcool ou cocaína, · Drogas: glicocorticóides, anti psicóticos, tiazídicos, etc · Inibidores do SGLT2 em pacientes com DM1 para proteção renal → nesse caso, a glicemia pode estar normal, mas estar em cetoacidose Diagnóstico laboratorial: · Glicemia ≥ 200 mg/dL · pH arterial ≤ 7,3 · Bicarbonato ≤ 15 · Cetonemia ≥ 3 e cetonúria ≥ 2+/4+ Classificação de gravidade da CAD: Mecanismos de tamponamento: · Regulação pelo sistema respiratório e renal: CO2 + H20 ←→ H2CO3 ←→ H+ + HCO3 · Equilíbrio ácido base: H+ e K+ Diagnóstico laboratorial: ÂNION GAP AUMENTADO Anion Gap = Na - (Cloro + bicarbonato) Normal: 4-12 Osmolaridade plasmática efetiva = 2Na + glicemia/18 Metas do tratamento da CAD: · Cuidado com vias aéreas (se vômito, SNG) · Correção da desidratação · Correção dos distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos · Reduzir a hiperglicemia e osmolaridade · Identificar e eliminar fator precipitante Hidratação EV: · Déficit: volume médio estimado de 100 mL/kg · Inicial: SS isotônico NaCl 0,9% de 15-20 mL/kg na 1a e 2a hora · Manutenção: SS isotônica NaCl 0,9% de 10-15mL/kg/h · Se Na > 150: 10-15 mL/kg/h de SS hipotônico 0,45% Insulina: · Melhor via é a endovenosa · Dose inicial: 0,1 U/kg/h EV de insulina regular → porque é na veia, então é tudo igual, sendo a mais barata e viável. Pode-se fazer SC de ultrarrápida, de 0,1-0,15 · O que esperar? Expectativa de queda de 50 a 70 mg/dL/h → medir glicemia de hora em hora, para ajustar a infusão (para mais ou para menos) · Manutenção: enquanto persistir a cetonúria ou preferencialmente até normalizar o pH · Depois: inicia insulina SC Controle da CAD: · Glicose ≤ 200 · Bicarbonato ≥ 15 · Ânion GAP < 12 · Ausência de cetonemia + pH ≥ 7,3 **Se atingir esses critérios, pode cessar o EV e iniciar o ambulatorial Reposição de glicose: · Quando glicemia ≤ 200-250 mg/dL · SG 5% EV → 150 a 250 mL/hora Reposição de potássio: · Dose: KCl 19,1%; para manter K entre 4-5 mEq/l · Quando estiver urinando · Se K > 5,2 → pode adiar a reposição · Se K entre 3,3 - 5,2 → KCl 19,1% 10 a 20 mEq/L SSI · Se hipocalemia grave (< 3,3), pode-se iniciar a reposição de K juntamente com a hidratação venosa inicial de 10 a 30 mEq/L de SSII → FAZER ANTES DA INSULINOTERAPIA · Hipopotassemia: · Arritmias · Parada cardíaca · Fraqueza de músculos respiratórios · Déficit calculado de K de 5 a 10 mEq/kg · 1 ampola de KCl 19,1% com 10 mL = 25 mEq Reposição de bicarbonato: · Uso controverso. Aumento da mortalidade · Usar em pH < 6,9 ou bic < 5 · 50-100 nmol de BIC (NAHCO 8,4%) diluídos em 200-400 mL SSI · Riscos: arritmias, alcalose metabólica, hipocalemia, sobrecarga de sódio, edema cerebral, hipoxemia · Não é muito recomendado, usar apenas em casos extremos Obs: reposição de fosfato não indicado ESTADO HIPERGLICÊMICO HIPEROSMOLAR · Não há uma ausência total de insulina, ou seja, não ocorre a lipólise, não tendo cetose e acidose, apenas o processo de glicosúria e hiperglicemia · Complicação aguda grave do DM 2 · Mortalidade 5-20% · Preditores de um resultado fatal: idade, RNC, grau de desidratação, grau de consciência instabilidade hemodinâmica · Creatinina e osmolaridade mais altas que da CAD → insuficiência renal e pré-renal mais graves · Glicose muito mais alta que da CAD: 600-1200 Tratamento: · Hipovolemia: idem a CAD · Eletrólitos: suplementação de potássio se função renal normal · Insulina: só após início da reposição hidro-eletrolítica, com 0,1 a 0,2 U/kg EV contínuo · Essas reposições dependem de cada paciente · Controle do quadro: osmolaridade < 315 e paciente alerta Prevenção: · Dias de doença: aumento de dose, monitorização · Monitorização da glicemia e cetonas antes da atividade física → hipoinsulinemia · Glicemias persistentes > 250 → procurar UPA · Uso adequado das insulinas HIPOGLICEMIA Tríade de Whipple: 1. Hipoglicemia < 70 2. Sintomas hipoglicêmicos 3. Resolução com uso da glicose Causas do paciente DM 1: · Injeção de insulina em uma quantidade ou em horário errado · Cálculos de dose errado · Dieta não adequada · Atraso ou omissão da refeição · Contagem de carboidratos errada · Nível de atividade física alto e não habitual ou não previsto → hiperinsulinemia · Ingesta de álcool Causas de hipoglicemia em pacientes com DM1 Obs: pacientes com DM1 são os que mais apresentam hipoglicemia 1. Contra-regulação a hipoglicemia comprometida 2. Defeito na contra-regulação do glucagon e epinefrina 3. Hipoglicemia não-percebida 4. Resposta autonômica e adreno-medular Automonitorização é super importante para esses pacientes prevenirem quadros mais graves de hipoglicemia Sintomas adrenérgicos: fome, ansiedade, palpitação, sudorese, tremores e náuseas Sintomas neuroglicopênicos: fraqueza, fadiga, confusão mental, crise convulsiva, déficit focal e coma Hipoglicemia leve/moderada: · Tratamento: regra dos 15 · 15g de carboidratos via oral · Repete o exame em 15 minutos · Repete a dose de 15g de carboidratos via oral **O que tem 15 g de carboidratos: · 1 sachê pronto de tratamento · 1 colher de sopa de açúcar · 1 colher de sopa de mel ou 3 sachês · 3 balas moles · 150 mL de refrigerante normal · 150 mL de suco de laranja ou de melancia · 150 mL de suco instantâneo normal Obs: não misturar com gordura, como chocolates Hipoglicemia grave: · Glucagon IM sintético · Glicose EV: inconsciente: glicose EV 0,5 g/kg em crianças e glicose 50% EV 25-50 mL em adultos COMPARAÇÃO: image1.png image3.png image2.png