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ECONOMIA EMPRESARIAL Caro (a) Estudante, Neste capítulo, você estudará a política econômica e seus objetivos, as receitas e despesas públicas, os tributos e sua classificação, os instrumentos de política monetária e compreenderá sobre a política fiscal e monetária. . AULA – 5 POLÍTICA FISCAL E MONETÁRIA Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo. ▪ Compreender o conceito de psicologia ▪ Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia ▪ Conhecer as áreas de atuação do psicólogo. ➢ Explicar a política econômica e seus objetivos; ➢ Descrever a política monetária e fiscal; ➢ Apresentar os instrumentos de política monetária. Bons estudos! 5 POLÍTICA ECONÔMICA E SEUS OBJETIVOS A política econômica é o conjunto de ações tomadas pelo governo para regular e influenciar a economia. Os objetivos básicos da política econômica são: ➢ Favorecer o crescimento do produto interno bruto (PIB); ➢ Reduzir a taxa de desemprego; ➢ Manter a inflação sobre controle; ➢ Buscar o equilíbrio externo e ➢ Buscar o equilíbrio fiscal (evitar que o governo gaste mais do que arrecada). Para atingir esses objetivos, as autoridades de um país dispõem basicamente de três instrumentos de política econômica: ➢ Política fiscal: relaciona-se às receitas e despesas do setor público e desestímulos às exportações. ➢ Política monetária: refere-se à emissão de moeda e ao estabelecimento da taxa de juros. ➢ Política comercial externa: reporta-se à determinação da taxa de câmbio, as transações comerciais com o resto do mundo, considerando os estímulos às exportações (SOUZA; MACHADO, 2019). 5.1 Receitas públicas Pense como seria fundar um país. Qual seria o primeiro passo? Fundar um Banco Central e emitir moeda. Assim que a economia do país estivesse girando, o Estado teria que prover alguns serviços básicos à sociedade, por exemplo, segurança, justiça, assistência social, estradas, aeroportos, hospitais, escolas, redes de esgoto, enfim, toda a infraestrutura que uma sociedade moderna precisa para funcionar bem. Mas como é que o Estado conseguiria esse dinheiro? Existem quatro fontes básicas de receitas públicas: ➢ Receitas de senhoriagem; ➢ Endividamento; ➢ Receitas originárias e ➢ Receitas derivadas. 5.1.1 Receitas de senhoriagem Segundo Souza e Machado (2019), este tipo de receita recebe esse nome por causa da taxa que os monarcas medievais cobravam para cunhar suas moedas. A receita de senhoriagem refere-se à situação em que o Estado emite moeda para cobrir seus gastos. Sabe-se que essa atitude não é a mais apropriada, pois tende a gerar inflação. Na proporção que o governo se beneficia da senhoriagem, mas o público sofre com a inflação causada pela expansão da base monetária. Então o governo acaba transferindo dinheiro da sociedade para o estado, e quem perde são os mais pobres. Portanto, a senhoriagem também é chamada de imposto inflacionário. Quando o governo fica impedido de arrecadar o suficiente devido a economia está parada pela inflação, o Estado cria um novo “imposto”, usando justamente a própria inflação como combustível. 5.1.2 Endividamento O governo pode vender títulos da dívida pública, eles são como empréstimo. Esses títulos dão ao governo dinheiro à vista e quem os compra recebe juros. Nesse caso, são chamados de dívida mobiliária, pois os títulos são bens móveis, pagáveis a quem os possuir. No entanto, os governos também podem solicitar recursos a bancos nacionais e interacionais ou para organismos financiadores externos, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Assim sendo, a dívida é contratual, porque suas condições são definidas em contrato. Essas promessas são semelhantes às contas pessoais, sabendo como usá- las, elas podem ser muito importantes, porém também podem gerar problemas financeiros. No Brasil se usava muito endividamento, o que sempre causava problemas. Essa situação só foi melhorada pela Lei das Responsabilidades Fiscais. A questão aqui é o pagamento da dívida. Porque quanto mais dívida, maior o custo para o Brasil. E, como acontece com todas as dívidas, quanto maior o valor, maiores os pagamentos de juros e mais longa a dívida (ou seja, maior o prazo de pagamento). 5.1.3 Receitas originárias (verificar a diferença dos termos que podem implicar diferenças ou confusão conceitual) As receitas originárias, são aquelas geradas pelo governo com recursos próprios, seja aplicando seu tesouro ou comercializando bens e serviços. Elas são resultado da atuação do Estado como empresário. Entre os itens incluídos nesta conta estão: (1) dinheiro da privatização de estatais; (2) lucro das empresas estatais; (3) royalties cobrados pela exploração de recursos naturais, como o petróleo; (4) juros recebidos da aplicação do Tesouro Nacional em títulos de países estrangeiros e (5) aluguéis de bens públicos e os foros e laudêmios pagos por quem ocupa territórios públicos. Como o Brasil tem uma carga tributária alta, não depende tanto desse tipo de receita. Porém ela vem se tornando importante na composição da receita total do país, pois seu lucro tem aumentado muito. O único receio de usar tanto esses recursos é que esse lucro deveria ser reinvestido para que as estatais se tornassem mais eficientes e competitivas (SOUZA; MACHADO, 2019). 5.1.4 Receitas derivadas As receitas derivadas são aquelas que derivam das riquezas produzidas pelo setor privado, como também pelo trabalho e consumo das pessoas. Correspondem essencialmente aos tributos. 5.2 Os tributos e sua classificação A União, os estados e os municípios têm autoridade de tributar, ou seja, o poder de gerar e receber impostos. Esses tributos são pecuniários, isto é, sempre têm de ser pagos em dinheiro, e obrigatórios a todos os cidadãos. Com isso, a sociedade financia os gastos públicos. Ouve-se muitas reclamações sobre a carga tributária brasileira. Realmente, ela cresceu significativamente nos últimos anos, passando de 25 % do PIB em 1990 para uma média atual de 35 % do PIB. Uma alta carga tributária não é algo ruim em si. Se bem aplicada, tem potencial para promover a igualdade social e direcionar a economia do país para áreas de maior interesse. Mas isso está longe da realidade no Brasil. Existem mais de 70 impostos no Brasil e diversas formas de classificá-los, entretanto, será ordenado por incidência (impostos diretos e indiretos) e base de incidência (tributos progressivos e regressivos) (SOUZA; MACHADO, 2019). 5.2.1 Tributos diretos e indiretos O termo "tributos por incidência" refere -se a como os tributos incidem sobre a população. Os tributos diretos são aqueles que os contribuintes pagam sozinhos. Geralmente, são impostos sobre renda e propriedade. Já os tributos indiretos são aqueles em que os contribuintes podem transferir a responsabilidade pelo pagamento, no todo ou em parte. São aqueles que normalmente recaem sobre a produção e a comercialização. As empresas repassam esse custo para o consumidor final e, então, o ônus do pagamento fica dividido entre empresários e consumidores. Essa divisão depende da elasticidade-preço da demanda (isto é, em que medida os consumidores continuarão comprando, mesmo se o preço aumentar) e da oferta. No Brasil, os tributos indiretos são os que predominam. Eles correspondem a quase metade da carga tributária brasileira,enquanto os diretos representam um quarto e as contribuições sociais, como o FGTS e INSS - outro quarto. Existem várias questões que decorrem do domínio dos impostos indiretos. O primeiro é o prejuízo causado ao setor produtivo, à medida que os produtos brasileiros ficam mais caros e menos competitivos. A segunda questão é que o consumidor não sabe quanto de imposto deve pagar em cada compra. Ao contrário de outros países, o Brasil tem seis (IPI, Cofins, Cide combustíveis, ICMS e ISS), que, geralmente, não aparecem na nota. A terceira é que contradizem a ideia de promover a justiça social, porque esses impostos recaem desproporcionalmente sobre os segmentos mais pobres da população. 5.2.2 Tributos progressivos ou regressivos Os impostos progressivos são aqueles que aumentam à medida que o indivíduo sobe na escada socioeconômica: quanto mais ricos, mais se deve pagar. E os regressivos são aqueles que aumentam conforme desce na pirâmide: quanto mais pobres, mais se deve pagar. Os impostos indiretos são tão regressivos e por isso pesam mais no bolso da camada mais pobre. 5.3 Despesas públicas e sua classificação As despesas públicas podem ser classificadas em cinco grupos principais: ➢ Custeio: são os gastos para manter a máquina estatal funcionando, por exemplo, manutenção de máquinas, aluguéis, contratação de serviços entre outros. ➢ Pessoal: os gastos com os funcionários públicos, abrangendo salários e encargos trabalhistas. ➢ Investimento: construção de estradas, portos, ferrovias, redes de água e esgoto, moradias populares, escolas, hospitais, por fim, tudo o que contribui para o desenvolvimento do país. ➢ Transferências (assistência e previdência social): quantias pagas diretamente à população, como aposentadorias, seguro-desemprego, Bolsa-Família entre outros. ➢ Rolagem da dívida: é uma parte da receita que precisa ser paga para quitar os títulos que estão vencendo e os juros dos que ainda não venceram. 5.4 Superávit, operacional e nominal Segundo Souza e Machado (2019), os três conceitos importantes da política fiscal são: 1) Superávit ou déficit primário; 2) Superávit ou déficit operacional 3) Superávit ou déficit nominal. 5.4.1 Superávit ou déficit primário O superávit ou déficit primário indica se as finanças públicas estão em ordem, isto é, se o governo está gastando ou não conforme suas receitas; por isso, esse indicador é conhecido como esforço fiscal. As receitas não financeiras e as despesas não financeiras são aquelas que não envolvem juros, correções e amortizações de empréstimos ou dívidas do passado. Quando as receitas não financeiras são maiores que as despesas não financeiras, ocorre o superávit primário. Já quando as despesas não financeiras são iguais ou maiores que as receitas, ocorre o déficit primário. Nem sempre o superávit primário é suficiente para cobrir todas as despesas com as dívidas contraídas no passado, como o pagamento de títulos públicos, os juros e a atualização monetária. É nesse momento que entram os conceitos de superávit ou déficit operacional e superávit ou déficit nominal. 5.4.2 Superávit ou déficit operacional O superávit ou déficit nominal é igual ao resultado primário mais as despesas com o pagamento de juros reais, isto é, juros nominais, descontada a inflação. Conforme Souza e Machado (p.147, 2019), “se forem considerados apenas os juros reais (excluindo a taxa de inflação e a variação cambial), tem-se o conceito de superávit ou déficit operacional”. 5.4.3 Superávit ou déficit nominal Segundo Rudinei et al. (p.209, 2015), há diversos conceitos de superávit ou déficit do governo “[...] quando, nos gastos do governo, são incluídos os valores dos pagamentos dos juros que incidem sobre a dívida, tem-se o conceito de superávit ou déficit nominal”. Souza e Machado (p.56, 2019), acrescentam que “O superávit ou déficit nominal é igual ao saldo operacional, mais a correção monetária e cambial”. 5.5 Dívida pública Um superávit ou déficit indica quanto o nível de dívida aumentou ou diminuiu em um determinado período. Ao analisar a dívida público de um país, deve-se considerar quatro fatores: ➢ Relação entre dívida pública e PIB: é a relação entre o que uma economia deve e a quantidade de riqueza que ela é capaz de gerar para pagar tais dívidas. ➢ Relação entre dívida externa e volume de exportações: a dívida de um país se divide entre externa e interna. Como a dívida externa deve ser paga em dólares, é fundamental entender o quanto está sendo exportado, já que a exportação é uma fonte de dólares para a economia. ➢ Prazo das dívidas: quanto mais sólida for a economia de um país, mais longos serão os prazos de seus títulos de dívida. ➢ Tipo de rentabilidade: existem os títulos pré-fixados e os pós-fixados. Essa fixação é referente à remuneração desses títulos: se o que vai ser pago pelo governo por eles é fixado antes, quando são vendidos, ou depois, conforme determinado indexador, como os índices de preços ou câmbio. Quanto menor a periodicidade do reajuste, menor o risco para o investidor (SOUZA; MACHADO, 2019). 6 POLÍTICA FISCAL Entende-se por política fiscal o conjunto de variações “[...] nos impostos e compras federais destinados a alcançar objetivos de políticas macroeconômicas, como alta taxa de emprego, estabilidade de preços e altas taxas de crescimento econômico” (HUBBARD; O’BRIEN, p.986, 2010). Para Gonçalves (p. 208, 2017), no âmbito de uma política fiscal, “a política monetária constitui-se do controle e manipulação da quantidade de moeda e, consequentemente, da taxa de juros da economia. A política fiscal se dá no controle e manipulação dos gastos públicos e dos impostos colhidos dos cidadãos”. O governo pode influenciar a demanda agregada da economia por meio de política monetária e fiscal. 6.1 Política monetária 6.2 Moeda As três funções da moeda são: ➢ Meio de troca: a moeda possibilita pagar qualquer tipo de dívida. ➢ Medida de valor: permite estabelecer o preço relativo dos bens, isto é, comparar o que é barato e o que é caro. ➢ Reserva de valor: proporciona guardar nossas riquezas, sendo o mais líquido dos ativos. É a moeda fiduciária que possui as três funções descritas acima. Sabe-se que as pessoas e as empresas não guardam toda a moeda fiduciária em cofres ou debaixo do colchão. As pessoas guardam moeda fiduciária nos bancos. Ela pode ser dividida em dois conjuntos: ➢ Moeda manual ou moeda legal: conjunto composto de papel moeda (cédulas) e moedas metálicas. ➢ Moeda escritural ou moeda bancária: moeda que corresponde aos depósitos à vista nos bancos comerciais. A soma das moedas manual e escritural corresponde ao conceito tradicional de meios de pagamento. Esse conceito só inclui moeda em poder do público não bancário. Ou seja, que não estão incluídos os encaixes bancários, que são as reservas mantidas pelos bancos em seus próprios caixas ou em contas específicas no Banco Central. Os encaixes bancários podem ser voluntários ou compulsórios. Ao somar os meios de pagamento com os encaixes bancários, tem-se outro conceito muito importante: o de base monetária, que é a soma das moedas escritural e manual em poder do público não bancário mais os encaixes bancários. 6.3 Banco Central O Banco da Inglaterra, banco oficial do governo, foi o primeiro a assumir o monopólio da emissão de moeda no território, em 1694. Ele foi usado para financiar os custos de uma guerra contra a França na época. Essas duas funções, a de monopólio de emissão de moeda e a de ser o banqueiro do governo, foram as primeiras a definir o que seria um Banco Central. Segundo Souza e Machado (2019), atualmente, essas são consideradas as funções clássicas de um Banco Central: ➢ Deter o monopólio de emissão de moeda; ➢ Ser banco dos bancos; ➢ Ser banqueirodo governo; ➢ Supervisionar o sistema financeiro; ➢ Ser executor da política monetária; ➢ Ser executor da política cambial; e ➢ Ser depositário das reservas internacionais. 6.3.1 Detentor do monopólio de emissão de moeda O órgão responsável encarregado de cunhar moedas e imprimir cédulas só pode fazê-lo por ordem do Banco Central. O órgão responsável no Brasil é a Casa da Moeda, no Rio de Janeiro. Ela mantém o monopólio sobre a emissão manual da moeda, porém não sobre a criação de moeda bancária (SOUZA; MACHADO, 2019). 6.3.2 Banco dos bancos Ao depositar um cheque do banco A em sua conta no banco B, para recebê-lo, o banco B terá de acionar o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Esse sistema é gerido pelo Banco Central, porque, por lei, os bancos não podem ter contas em outros bancos. Em vez disso, eles mantêm contas no Banco Central. Lá, estão depositados aqueles encaixes voluntários e compulsórios. Para compensar o cheque, o Banco Central tira da conta do banco A e coloca na conta do banco B. Quando um banco não consegue dinheiro suficiente junto de seus clientes nem de outros bancos para pagar as dívidas do dia, ele recorre ao Banco Central. Por esse motivo, diz-se que ele é o prestamista de última instância do sistema bancário. Para apelar a essa ajuda, os bancos utilizam um mecanismo chamado redesconto. 6.3.3 Banqueiro do governo Todo o dinheiro do governo, fica na Conta Única do Tesouro Nacional, no Banco Central do Brasil e todos os tributos federais pagos nos bancos são direcionados para esta conta. A conta única também recebe a receita da venda dos títulos públicos nos leilões primários do Tesouro Nacional. Aliás, é o Banco Central que opera nesses leilões em nome do Tesouro. E, quando o país precisa de empréstimos estrangeiros, o Banco Central se responsabiliza pela contratação. 6.3.4 Executor da política monetária É uma das principais características do Banco Central. Ele controla a capacidade de ajustar os meios de pagamento (moeda manual e bancária) à verdadeira capacidade de absorção da economia. Isso é para garantir que nem inflação nem deflação ocorram. 6.3.5 Executor da política cambial Quando se trata do mercado de câmbio, o Banco Central desempenha esse papel. Se o câmbio for fixo, a taxa de câmbio terá um valor predeterminado; isto é, o Banco Central determinará quantos reais serão necessários para trocar por moeda estrangeira. Entretanto, se o câmbio for flutuante, será o mercado, através da oferta e procura, quem determinará a relação de preço entre as moedas. Em caso de câmbio flutuante, o Banco Central atua diretamente comprando e vendendo dólares para interferir na oferta e procura. Porém, também pode atuar indiretamente ao estabelecer taxas de juros mais ou menos atrativas para o mercado externo. 6.3.6 Supervisor do sistema financeiro O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado pelos órgãos e instituições representados na (Figura 1). O Banco Central regulamenta esse sistema através de resoluções e circulares. Sendo ele quem autoriza o funcionamento de um banco e também fiscaliza os que já existem. Caso o Banco Central suspeite de fraude ou falhas, tem autoridade para intervir na instituição. Ele assume sua administração em caráter temporário ou mesmo liquidando-o extrajudicialmente. Figura 1 - Estrutura do Sistema Financeiro Nacional Fonte: Souza e Machado (p.61, 2019). 6.3.7 Depositário das reservas internacionais O Banco Central intermedeia todas as transações financeiras entre o país e o exterior, ao receber em dólares, deve-se trocá-los por reais em uma casa de câmbio ou banco autorizado, e essas instituições repassam os dólares ao Banco Central. Dessa forma, o Banco Central, por meio do Balanço de Pagamentos, controla as reservas internacionais. Ele mantém e administra essas reservas. Comumente, elas são aplicadas em títulos de outros governos, entretanto ele também pode mantê-las em ouro ou moedas estrangeiras. 6.4 Demanda por moeda A moeda também está sujeita às leis de oferta e procura, se tiver mais moeda que o necessário (oferta superior à demanda), a moeda perderá seu valor, implicando em inflação. Mas, se tiver menos moeda que necessita, então haverá deflação. Conforme Souza e Machado (2019), as teorias econômicas expõem três motivos pelo qual o dinheiro é necessário: ➢ Motivo transação: os agentes econômicos precisam de moeda para pagar suas contas e realizar trocas econômicas. Este motivo está ligado à moeda como meio de troca. ➢ Motivo portfólio (ou motivo especulação): os agentes econômicos demandam moeda, pois ela é uma forma de manter riqueza. Este motivo está relacionado à moeda como reserva de valor. ➢ Motivo precaução: é a moeda mantida sempre na bolsa ou na carteira para precaução. Quanto mais o PIB real crescer, mais as pessoas vão demandar moeda. Por conseguinte, o Banco Central precisa atentar para sempre ofertar moeda na medida certa. 6.5 Instrumentos de política monetária Segundo Souza e Machado (2019), a política monetária pode ser definida como as decisões que as autoridades monetárias tomam para modificar a quantidade de moeda e a taxa de juros. O Banco Central tenta influenciar essas duas variáveis; entretanto, ele não é o único responsável por elas. Independentemente do Banco Central, existem quatro fatores que alteram a quantidade de moeda e a taxa de juros na economia: ➢ Setor externo: quando um país recebe muita moeda estrangeira (seja por exportações ou empréstimos e investimentos), surge uma pressão para aumentar a base monetária. Isso porque essa moeda estrangeira precisa ser trocada por reais, e também pode acontecer o contrário (com importações e empréstimos e investimentos destinados ao exterior); existindo pressão para diminuir a base monetária. ➢ Crescimento do PIB real: quando a economia produz mais, gasta mais com insumos (matérias-primas, salários, máquinas), o que aumenta a renda. Com o aumento da renda, aumenta a demanda por bens e serviços. Como resultado, é necessário, mais moeda para realizar as transações. E, se a economia produz menos, é necessária menos moeda. ➢ Política fiscal: se o governo gasta mais que arrecada (déficit fiscal), ele coloca mais moeda na economia, gerando uma pressão para expandir a base monetária. Se o governo gasta menos que arrecada (superávit fiscal), ele está tirando moeda da economia, fazendo pressão para contrair a base monetária. ➢ Mercado de crédito: o crédito nacional é oferecido por instituições públicas e privadas. Caso emprestem mais que recebem em juros e amortizações, terão saldo negativo, gerando pressão para expandir a base monetária, porém, se acontecer o contrário, terão saldo positivo, com isso, vão gerar pressão para reduzir a base monetária. Se esses quatro fatores direcionarem a quantidade de moeda para um lado não desejado pela equipe econômica, esta pode intervir, com os instrumentos de política monetária. Essas são ferramentas disponíveis para que o Banco Central reajustarem a rota da base monetária, os quais podem ser usados de duas formas: 1) Política monetária contracionista: uso dos instrumentos para diminuir a base monetária e aumentar a taxa de juros. 2) Política monetária expansionista: uso dos instrumentos para aumentar a base monetária e diminuir a taxa de juros. Analise os três principais instrumentos de política monetária: 1) Depósitos compulsórios; 2) Taxa de redesconto e 3) Operações de open market. 6.5.1 Depósitos compulsórios Os depósitos compulsórios são reservas obrigatórias que os bancos têm de manter em contas no Banco Central. Entretanto, além dos compulsórios, os bancos costumam manter reservas voluntárias para as transações diárias, essas reservas são denominadas de encaixes voluntários. Os depósitos compulsóriosservem tanto para proteger o sistema contra instabilidades quanto para controlar a base monetária. Quanto maior a reserva, menos dinheiro para ser emprestado e quando diminui o dinheiro para ser emprestado, ele se torna mais caro. Dessa forma, as taxas de juros aumentam. Em suma, se quiser adotar uma política contracionista, o Banco Central aumenta os compulsórios, diminuindo a base monetária e sobe a taxa de juros. E se quiser adotar uma medida expansionista é só fazer o contrário, ou seja, reduzir os compulsórios (SOUZA; MACHADO, 2019). 6.5.2 Taxa de redesconto Imagine que o banco ABC, recebeu $ 1 milhão em depósitos. O Banco Central fixou os compulsórios em 30%, isto é, na conta de reservas do banco ABC no Banco Central teriam de ser depositados $ 300 mil. Entretanto os clientes sacaram muito e sobrou só $ 200 mil. Nesse caso, a primeira coisa a ser feita é tentar um empréstimo interbancário com outros bancos. Caso não consiga, terá que pegar emprestado com o Banco Central, que não faz esse empréstimo de graça. Os juros que ele cobrará do banco ABC para emprestar esses $ 100 mil que faltam são denominados de taxa de redesconto. Quanto maior a taxa de redesconto, maior será o volume dos encaixes voluntários que os bancos manterão. Com encaixes maiores, menos moeda circula na economia e com menos moeda, a taxa de juros é maior. 6.5.3 Operações de open market As operações no open market (mercado aberto) funcionam da seguinte forma: quando o Banco Central quer contrair a base monetária, ele vende os títulos do Tesouro que estão em sua própria carteira. Os bancos são obrigados por lei a aceitar nesses casos. Então, o Banco Central tira o valor correspondente das reservas dos bancos e entrega a eles a quantidade correspondente de títulos públicos. Como as reservas compulsórias ficam baixas, os bancos têm de repor. Com isso, o volume de dinheiro para ser emprestado diminui. Por conseguinte, a taxa de juros também aumenta. E, quando o Banco Central precisa expandir a base monetária, faz o contrário, ele recompra os títulos. Tira os títulos da carteira dos bancos e coloca o valor correspondente na conta deles. Assim, os bancos têm mais dinheiro para emprestar e a taxa de juros cai (SOUZA; MACHADO, 2019). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GONÇALVES, C. E. Introdução à Economia. 2. ed. -- Rio de Janeiro: Elsevier, 2017 HUBBARD, R. G; O’BRIEN, A. P. Introdução à economia. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. RUDINEI, M. A. S. de, V. et al. Economia Fácil. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2015. SOUZA, J. M; MACHADO, L. H. M. Economia brasileira. 2.ed. São Paulo: Pearson, 2019.