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HEPATITES VIRAIS A hepatite consiste na inflamação de tecidos hepáticos. A grande maioria dos infectados por hepatite são assintomáticos. O principal acometimento dessa doença é a necrose dos hepatócitos. De modo geral os sinais evidentes são a icterícia (decorrente do acúmulo de bilirrubina – muito visível na esclera), colúria (coloração da urina por excreção de bilirrubina concentrada no sangue, o que a deixa cor de Coca-Cola) e acolia fecal (fezes sem coloração, visto que a bilirrubina que a cora foi excretada pela urina). Ainda há manifestações como hepatomegalia dolorosa (aumento rápido do fígado sem distensão equivalente da cápsula que o envolve) e esplenomegalia (aumento do volume do baço). Há possibilidade de existir pessoas que não apresentem esses sintomas especificamente pois formam muitos anticorpos, os quais formam complexos que acometem as articulações. A fonte de bilirrubina é decorrente o turnover (renovação) do grupo heme no baço e fígado. Há dois tipos principais de bilirrubina: não-conjugada (indireta), a qual é fruto da hemólise e se liga ao ácido glicurônico no hepatócito; e a conjugada (direta), a qual segue para vesículas biliares e duodeno. No exame, quando há acumulo de bilirrubina indireta há suspeita de hepatite. Com acúmulo de bilirrubina direta, o sinal é de lesão hepática. TIPOS DE HEPATITES VIRAIS São elas: o Hepatite A (HAV): hepatite infecciosa; o Hepatite B (HBV): hepatite sérica; o Hepatite C (HCV): pós-transfusional; o Hepatite E (HEV): entérica; o Hepatite Delta (HDV); o Flavivírus, CMV e EBV. HEPATITE B: HEPATITE SÉRICA Representa mais de 1 milhão de mortes anuais. Os primeiros casos foram descobertos após a aplicação de vacinas preparadas com soro humano em 1885. No século XX, houve o aparecimento de casos em usuários de seringas. Hoje a principal via de contaminação é a sexual. Antígenos: Os principais antígenos relacionados são HBsAg (de superfície), HBcAg (de núcleo viral) e HBeAg (associado ao nucleocapsídeo – indica replicação viral). O vírus utiliza os antígenos de superfície HBsAg para se ligar aos receptores na superfície do hospedeiro. Já dentro da célula, se integra ao DNA celular pelo HBcAg para utilizar a maquinaria gênica do hospedeiro. Enquanto isso, envia vírus para fora da célula (por brotamento na superfície celular) para infectar células subjacentes enquanto o DNA viral se multiplica com o DNA celular (ação do HBeAg). UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CAMPUS PRESIDENTE VARGAS ALUNA: DÉBORA FRAGOSO CERQUEIRA – M2 2019.2 Na doença aguda, há sintomas de icterícia, influenza-like (típicos de influenza), poliartrite, glomerulonefrite, exantema e formação de imunocomplexos. Na doença crônica, inicialmente há reação branda ou inaparente. Logo, desenvolve reação inflamatória persistente, evoluindo para cirrose e hepatite crônica ou insuficiência hepática. A lesão hepática é decorrente da resposta imune específica. A imunidade celular é realizada por NK, T CD4+ e T CD8+. Em 95% dos casos há resposta efetiva do organismo e apenas 5% dos casos tornam-se crônicos. O período de incubação do vírus é de 1 a 4 meses e a transmissão é predominante por via sexual, havendo casos de transfusão sanguínea. Apresenta números altos de co-infecção. Em indivíduos vacinados pela inoculação de vírus atenuado, haverá apenas a ligação aos receptores de superfície de células do hospedeiro, isto é, ação do HBsAg. Os demais mecanismos de virulência não se desenvolvem, pois, a infecção branda por vírus atenuados involui já com o início de produção de anti- HBs, e esse anticorpo é o mantido para prevenção contra uma possível infecção futura. Em indivíduos com hepatite B aguda, haverá presença de HBsAg no período inicial de incubação e produção de partículas virais com posterior identificação de HBeAg, indicador de replicação viral. A curva de concentração de HBsAg decai ao início da manifestação dos sintomas e elevação das transaminases, as quais indicam alterações hepáticas pela exposição ao vírus. Enquanto isso, a curva de HBeAg é suplantada pela identificação de anti-HBe pelo marcador sorológico. OBS: Importante lembrar que não há a coexistência do antígeno e o anticorpo referente a ele. Por exemplo, a curva de anti-HBs só se inicia com o desaparecimento da curva de HBsAg e com a cura da hepatite. Além disso, a curva de anti-HBe, como já dito, suplanta a curva de HBeAg. As curvas referentes à presença de anticorpos tendem a se manter estáveis após seu pico de produção, permanecendo presentes nos indivíduos como forma de defesa contra futuras reinfecções. HEPATITE B CRÔNICA HEPATITE B AGUDA Depois de um período curto de tempo já começa produção de IgM para HBcAg (indicador de infecção recente) e depois com a declinação dos níveis de anti- HBc IgM nota-se a presença de um platô nos indicadores de anti-HBc IgM e IgG. Isso indica o início da produção de IgG para HBcAg pela troca de isotipo de IgM para IgG. Em indivíduos com hepatite B crônica, haverá além da presença de HBeAg (hepatite crônica ativa, na com baixa atividade viral não tem) devido à constante replicação viral, a produção de HBsAg. Isso acontece pois com a formação de novos vírus haverá mais antígenos de superfície sendo formados para que estes de liguem às células hospedeiras, no entanto, essa manutenção dos níveis de HBsAg não permite que haja a produção de anti-HBs (visto que antígeno e anticorpo não coexistem). Além disso, há presença de anti-HBc IgG (indica que não é infecção recente). As formas de transmissão são sexual, por transfusão sanguínea (anti-HBc, HBsAg e aminotransferases), uso de drogas com materiais perfuro-cortantes ou acidentes perfuro-cortantes em si (principalmente envolvendo profissionais de saúde e pacientes HBsAg e HBeAg positivos). Os profissionais de saúde que mais se envolvem nesses casos são cirurgiões e dentistas (3 a 4 vezes maior que a população geral). A hepatite B possui prevalência alta na África Ásia, e Norte do Brasil. Quanto a prevenção há a vacinação para hepatite B (instaurada em 1998) em três doses com necessidade da análise de soroconversão. A triagem sorológica prévia é desnecessária. Indivíduos que não soroconvertem necessitam da reposição de anticorpos em casos de acidentes ou surtos. O tratamento era feito com base em interferon, hoje se faz com administração de antivirais. HEPATITE DELTA Mecanismo defectivo, isto é, só aparece junto com hepatite B. Mesmo mecanismo de transmissão que o vírus B. Indivíduos com presença de moléculas HBsAg são o reservatório potencial, levando ao agravamento da doença em geral nesses casos. Infecção mais grave e rápida, levando à hepatite fulminante. É muito presente na Região Amazônica e Sul da Itália. HEPATITE C Vírus com genoma de RNA, logo é traduzido ao adentrar a célula. Foi a principal causa de hepatite pós- transfusional até década de 90. Evolui para forma crônica em 70 a 90% dos casos. Desenvolve em sua fase crônica, a doença hepática tardia e/ou carcinomas hepatocelulares. A maioria dos portadores são assintomáticos. O período de incubação é de 2 a 3 meses. Possui 50 a 85% de viremia devido a presença do vírus circulante. A evolução para cirrose acontece por relações com uso de álcool, co-infecção com HIV ou viremia quantitativa no sangue. Essa evolução, no entanto, é rara antes dos 10 anos de infecção. A transmissão acontece pelo sangue através da transfusão de sangue, usuários de droga (uso de perfuro-cortantes) ou via placentária em casos de alta viremia. A passagem d vírus pelo leite materno ainda não é confirmada. Quanto aos fatores de risco temos usuários de drogas injetáveis, receptoresde hemotransfusões antes de 1992, pós-exposição a sangue HCV positivo e filhos de mães HCV positivas. O tratamento acontece por administração de interferon, ribavirina ou boceprevir. O percentual de cura é de cerca de 20 a 40% dos casos. HEPATITE A: INFECCIOSA Os primeiros relatos da doença aconteceram na China. É transmitido via fecal-oral, pessoa-pessoa, água e alimentos (como frutos do mar). Esse vírus é resistente a altas temperaturas e solventes orgânicos, no entanto, é sensível a hipoclorito. A replicação é intra-hepática, e sua eliminação acontece pela bile, sendo encontrado em grande concentração nas fezes. O período de incubação é de 1 a 7 semanas. Nota- se que muitas crianças são assintomáticas. É uma doença prevalente na África e Índia. A hepatite A pode se apresentar como uma doença aguda branda, a qual não evolui para a forma crônica; com perfil de imunização ativa, com um único sorotipo que facilita a imunização via vacina (HAV inativado); com perfil de imunização passiva pré- exposição e pós-exposição, ajudando a prevenir a icterícia. A indicação para vacinação tem o objetivo de proteger crianças em locais com alta concentração de pessoas (creches), viajantes para locais endêmicos, indivíduos com hepatopatias e indivíduos que trabalham com vírus (ocupacionais). HEPATITE E Possui prevalência na África, Oriente Médio e Ásia. É comum que pessoas mais velhas possuam mais anticorpos para vírus diferentes, sem necessariamente desenvolver a doença. O período de incubação, nesse caso, é de 28 a 40 dias. A transmissão ocorre via água contaminada ou via fecal-oral. Esquema sobre Hepatite C.