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Intertextualidade: Relações Literárias

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Linguística de Texto 
Aula 03: Intertextualidade 
Tópico 04: Outros tipos de relações
Neste tópico, fazemos uma referência ao que a literatura estabelece como 
outros tipos de relações intertextuais. A intertextualidade intergenérica e a 
intermidialidade não se enquadram em nenhum dos casos estudados 
anteriormente. Na verdade, são casos que se encontram entre a intertextualidade 
lato sensu e a stricto sensu, pois nem sempre compartilham elementos textuais, 
mas, sim, elementos de outra natureza, como veremos.
A intertextualidade intergenérica
Fix (2006) foi uma das primeiras linguistas a levar em conta o fenômeno das misturas de gêneros. Para 
a autora, qualquer tipo de mescla, transgressão de regras ou apagamento de fronteiras leva à “dissolução do 
cânone”. Essa quebra de padrões, na verdade, representa o recurso estilístico dos textos, elaborados de 
forma criativa que permite chamar a atenção dos leitores. Quando voltamos esses posicionamentos para os 
gêneros, vemos que todas essas transgressões da regra são fabricadas, por assim dizer, pois levam a um 
objetivo específico.
Marcuschi (2002) e Koch e Elias (2006) também se aprofundaram neste tipo de intertextualidade. Para 
eles, esse tipo de relação intertextual “evidencia-se como uma mescla de funções e formas de gêneros 
diversos num dado gênero” (MARCUSCHI, 2002, p. 31). Para o autor, isso não causa dificuldade da 
interpretação por parte do leitor, já que a função predomina na determinação do gênero, e isso apenas 
evidencia o caráter plástico dos gêneros, mesma posição defendida por Koch e Elias (2006), que atribuem 
ao propósito comunicativo a determinação do gênero.
Vejamos como isso acontece:
Fonte [13]
Qualquer aluno interpretaria o enunciado acima como parte de um TD (trabalho dirigido) ou de uma 
prova, por exemplo, por trazer, em sua estrutura, uma pergunta e quatro opções de resposta, das quais 
apenas uma é verdadeira. Entretanto, nenhum leitor teria dificuldades de reconhecer este enunciado como 
um anúncio. Há marcas que são deixadas pelo autor do texto e permitem essa interpretação: primeiro, o tipo 
de pergunta não é adequada para um TD, seja qual for a matéria ensinada na escola; depois, dentre as 
opções, a última traz um espaço de marcação maior do que os outros, o que chama a atenção do leitor para 
a pergunta. Por fim, a logomarca do produto está estampada à direita inferior da figura, isso sem considerar 
o suporte onde o texto foi publicado (muito provavelmente um jornal ou revista). Vê-se que o propósito deste 
enunciado não é pedagógico, mas publicitário. Numa mistura de gêneros dessa natureza, teríamos, para 
Marcuschi (2008), o gráfico a seguir:
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