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HEMATÚRIA Presença de hemácias na urina Prevalência de 1-13% Pode ser: Microscópica ou macroscópica Urofita: 95% de sensibilidade e 75% de especificidade → usada para confirmar com urinálise Falso positivo: mioglobina, povidine · Cuidado com período menstrual e falsificações de exame → pedir novo exame e urinálise Urinálise: · 10 mL urina do jato médio · Centrifugação · Sedimento avaliado em campo de grande aumento com > 3 hemácias Classificação: Tempo: · Hematúria inicial: sangue sai no início do jato - causa uretral · Hematúria terminal: sangue sai no final - problema no trígono vesical, colo vesical ou próstata · Hematúria total: a pessoa sangrou, acumulou e dissolveu. Sangue sai em toda a urina - problema no trato alto ou bexiga e pode ter presença de coágulos Causas: Glomerulares/nefróticas: · Hemácias dismórficas (geralmente hematúria microscópicas) · Cilindros hemáticos · Proteinúria significativa (> 1000 mg/urina 24hrs) · Nefropatia mais comum: Berger (por IgA) · Pede-se dismorfismo eritrocitário Não glomerulares: · Sem dismorfismo · Litíase, ITU, HPB, pielonefrite, Ca renal e Ca urotelial (bexiga, ureter) · Obs: anticoagulantes não são agentes etiológicos Causa urológicas são bem definidas: 85%: tumores, litíase e infecção · Pensar nos fatores de risco e no quadro clínico · Elimar primeiro, pois são as mais comuns 15%: trauma, FAV, TB (genito-urinária), aneurismas, hemangiomas, essencial ou idiopáticas Fatores de risco: · Idosos · Cigarro (tabagismo é um grande fator de risco para câncer de bexiga) · Homens · Exposição química (ciclofosfamida, benzenos, aminas aromáticas) · Radioterapia pélvica · Sintomas urinários irritativos (urgência miccional, frequência e disúria) - pode simular uma infecção, mas ser câncer · Doenças ou tratamentos urológicos prévios · Hematúria macroscópica sugere sempre investigar! Como investigar: · Começar com exames de imagem em primeiro lugar: no trato alto → US, uroTC · Cistoscopia: hematúria macroscópica OU idade > 35 anos se exames de imagem forem negativos · Dx: 57% nas micro e 92% das macro · Malignidade: 3-5% nas micro e 23% nas macro · Sem dx: repetir urinálise em 12 meses Cistoscopia: · > 35 anos com fatores de risco · Hematúria macroscópica: afastar causas benignas, como ITU e menstruação · Vantagens: avaliação direta da uretra e bexiga CÂNCER DE BEXIGA · 6° câncer mais comum em n° de casos e de óbitos (segundo maior na urologia, atrás do de próstata) · 77% de sobrevida em 5 anos Etiologia: · Tabaco: 50% dos casos → aminas aromáticas e hidrocarbonetos → excreção renal · Exposição ocupacional: 10% dos casos - tintas, corantes, produtos do petróleo (aminas aromáticas) · Radioterapia · Esquistossomose (S. haematobium) · Alimentação não tem muita relação com o câncer de bexiga Quadro clínico: · 70% hematúria intermitente indolor · 20% sintomas irritativos urinários · 70% restrito a bexiga no momento do dx · Menos de 10% são metastáticos Patologia: · 90% são epiteliais: 92% de células transicionais, 6% de epidermóide (células escamosas - irritação crônica por cálculo, sonda) e 1% adenocarcinoma · Não epiteliais são os outros 2% - sarcoma de bexiga · Epidermóide: irritação crônica por cálculo, sonda S. haematobium · Adenocarcinoma: resquício úraco que sai da cúpula da bexiga · Carcinoma in situ: reconhecível como um epitélio plano, anaplásico, que carece da polaridade celular normal · Grau: · Grau I: grande aumento, mostrando epitélio de células transicionais da bexiga com relativa uniformidade das células e somente leve perda da polaridade celular · Grau II: camada superficial parece desorganizada as células mostram variação de tamanho e forma e polaridade nuclear já está perdida · Grau III: mais indiferenciado, mais agressivo, mais profundo, células que mostram pleomorfismo · Precisa-se saber do estadiamento do câncer de bexiga: Tis: carcinoma in situ Ta: mucosa - tumor superficial, facilmente curável T1: submucosa - é superficial, mas já tem lâmina própria, T1 tem chance de progredir para T2 T2: músculo invasiva T3: invade a gordurosa perivesical ou peritônio T4: invade estruturas adjacentes, como próstata, uretra e outros órgãos contíguos · Divide-se em superficial e músculo invasivo · Muda prognóstico e tratamento Prognóstico: · Profundidade e tamanho (3 cm) · Grau histológico · Estadio clínico · Carcinoma in situ → maior chance de recidiva Diagnóstico: · Cistoscopia com ou sem biópsia (pode-se fazer ao mesmo tempo) · Citologia urinária: contraste não preenche na lesão (falha de enchimento) · US · TC · RNM · Procura-se lesão vegetante (até que se prove o contrário é maligna) · Olha-se os aspectos macroscópico · No geral: contraste não entre na lesão, fica um buraco nas imagens Conduta: · Ressecção endoscópica · Em tumor superficial: · Tumor único e de baixo grau: acompanhamento vigilante - cistoscopia, imagem · Cistoscopia pós ressecção é mandatória · Tumor múltiplo ou de alto grau: imunoterapia pós-operatória · Onco-BCG intravesical: prevenir recorrências e progressão) · Tumor músculo invasivo: cistectomia radical com derivação urinária, muita vezes precisa tirar partes da próstata - Bricker e neobexiga ileal (fazer nova bexiga a partir do intestino a partir do ponto da uretra que ficou) · Tríplice (geralmente em idosos): raspagem + quimio + radioterapia → não muito usado, padrão é a cistectomia CÂNCER RENAL Epidemiologia: · 2-3% das neoplasias em adultos · 3° tumor do TCU · 7-10/100.000 hab/ano no Brasil · Mais comum em homens · 55-60 anos · Variabilidade regional (EUA) · 10a causa de morte em homens Incidências: · Aumento da incidência até a década 90 · Estabilização ou ligeira queda Fatores de risco: · Cigarro RR 1.38 (mais comum nos homens) · Obesidade: aumento com IMC 5kg/m2 (mais comum em mulheres) · Hipertensão arterial · Doença renal cística adquirida (DRCA): insuficiência renal, diálise, cistos adquiridos - tumores menores, menos agressivos, multifocal, papilar · História familiar Fatores genéticos: · Maioria: Tu esporádicos (97%): gene codificador de fator indutor de hipóxia 2 alfa (HI F2 alfa) e mutação gene VHL 50-70% · Parente de 1° grau: 2x mais risco · CCR familiar (2-4%) · Pode estar associados a síndromes genéticas Classificação: · 90% dos Tu renais: epiteliais do parênquima · Origem nos túbulos · Carcinoma de células renais · 10% uroteliais/ Wilms (comum em crianças) / mesenquimais CCR células claras: · Mais frequente 70% · 50-70% associado a deleção braço curto cr 3 (gene VHL) · Tumores corticais únicos · Multicêntrico 4% e bilaterais 0,5-3% · Hipervascular · Pior prognóstico · Resposta melhor a terapia sistêmica · Fuhrman · Variação sarcomatóide: mais agressivo - pior · Tu maiores e mais infiltrativos · Sintomáticos / metástases Quadro clínico: · Assintomáticos · Incidental: 10% em 1970 e 60% em 1990 · Sintomas nos casos tardios (Tu avançados ou metastáticos): hematúria, massa palpável, dor lombar/flanco, emagrecimento, febre, hipertensão e varicocele (principalmente se for somente do lado direito) · Sind paraneoplásicas (20%): hipertensão, anemia, disfunção hepática, caquexia · Alteração de laboratórios: hipercalcemia, Bh < 10, trombocitose Diagnóstico: · Radiologia: US, rx simples e UGE (pouco usados), TC (melhor), RM, arteriografia, pet-CT · Marcadores moleculares urinários sanguíneos · Us: cisto simples (escuro - bola de água), nódulo sólido e interminada (cisto complexo) · Cisto simples: paredes lisas e finas e conteúdo anecóico (benigno) · 4% dos CCR têm áreas císticas · TC: dx, estadiamento e programação de cirurgia · Cistos complexos Classificação de Bosniak: BI: 0% câncer (cisto simples) BII: 0% IIF: 5% (reavaliar em 6 meses) III: 40-60% (cirurgia) IV: 90-100% (cirurgia) Estadiamento pré-op: Fatores prognósticos: · Incidental é muito melhor que sintomático · Tamanho do tumor (quanto maior, pior) · Tipo histológico · Grau nuclear · Linfonodos Tratamento cirúrgico: Nefrectomia radical (padrão): · Papel reduzido nos dias atuais · Diminuiçãodrástica na realização · Dx precoce: tumores menores · Tumores maiores 7 cm (padrão) · Linfadenectomia regional - estadiamento · Evitar em: tumores sincrônicos, rim único, CCR familiar, IRC, síndromes (Von Hippel-Lindau), HAS, DM severas · Menor tempo de recuperação, menos dor pós-op, estético, menor sangramento, menos complicações (hérnia, dor crônica, flacidez) · Cir aberta: casos restritos, complexos · Disponibilidade equipamentos e treinamentos Nefrectomia parcial (padrão): enucleação, ressecção em cunha e nefrectomia polar · Tumores < 4 cm · Menor risco de IR · IR aumenta risco de morte por doenças cardiovasculares · Igual SV câncer específica, recorrência local e a distância · Menor risco de insuficiência renal Obs: depende do tamanho e da posição · Ablação por agulho: paciente de alto risco operatório, tumores < 3 cm / periféricos, crioterapia (-180°) image3.png image2.png image1.png