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EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS O PACIENTE COM RISCO DE SUICÍDIO: · Falar sobre suicídio pode ser perigoso ou não, dependendo da forma como é falado · 6° local em mortalidade entre jovens e adultos · Lidar com risco de suicídio: gera angústia e não somos preparados (mesmo médicos) · Definição: ato deliberado de uma pessoa, visando tirar a própria vida, utilizando-se de um método em que acredita ser letar · 800 mil suicídio por ano no mundo · Vários fatores que levam a alta variabilidade entre países: culturais, histórico e biográficos, econômicos, sociais e acesso à meios letais · “Progressão da suicidabilidade”: · Pensamento passivo de morte (primeira etapa, mas já é um ponto de alerta) · Ideação suicida · Planejamento suicida · Tentativa abortada · Tentativa não consumada · Tentativa consumada · Comportamento auto agressivo Obs: geralmente é a ordem; quanto antes descobrir, mais chances de reverter e não chegar a fatalidade Fatores de risco predisponentes: · Doença crônica: incapacitante, estigmatizante, dolorosa ou terminal · Dx psiquiátrico de base: depressão TAB, dependência química, personalidade borderline, etc · Tentativa prévia · Morar sozinho e ausência de vínculos próximos saudáveis · Ausência de religiosidade/espiritualidade · Sexo masculino (maior mortalidade em homens), mas o feminino tenta mais · Histórico familiar de suicídio · 3D: desesperança, desamparo e desespero · Acesso a meios letais · Impulsividade Fatores precipitantes: · Estudos de sobreviventes: é infrequente a presença genuína de um desejo de morrer, mas os indivíduos encontram na morte uma solução para esse sofrimento intenso que estão passando · Principal: dor psíquica Importância do diagnóstico: · Mais de 90% dos pacientes que cometem suicídio tem algum dx psiquiátrico · Depressão, TAB, dependência, personalidade borderline · Mais de um dx aumenta os riscos de cometer suicídio · Não menosprezar se é o 10a tentativa de suicídio de uma pessoa com, por exemplo, Bordeline, pois a qualquer momento pode ser uma tentativa consumada · Os outros 10% entram em um suicídio filosófico Como identificar e ajudar? Inicialmente: apenas escutar · Como escutar? É uma arte e exige treino, com postura e palavras certas · O que não fazer? Demonstrar espanto, minimizar o sofrimento, julgamentos · Como ajudar? Olhe nos olhos e escute, acolher o sofrimento e ofereça ajuda, não deixar a pessoa sozinha, gentilmente sugira busca por ajuda Mito: · Quem quer morrer, não avisa (90% dos casos avisa de alguma forma antes) · Quem já tentou várias vezes sabe que não vai morrer (tentativas prévias são fator de risco importante; cuidado para não acreditar que é só manipulação) · Quem pensa em suicídio está em plenas condições de decidir Metas: · Maioria absoluta tem um quadro psiquiátrico de base sem controle adequado · Tirar o estigma sobre saúde mental, medicamentos e terapia · Ter mais opções de acesso à saúde (não há pronto socorro psiquiátrico público no Brasil, apenas particular) · Informação de qualidade para a população · Emergência médica, deve ser acesso ao SAMU · Atenção desde os estágios iniciais (ideação e pensamento) Urgência e emergência: · Avaliação de um psiquiatra - interconsulta · Vigilância 24h: domiciliar, CAPS, hospitalar (principalmente para casos de risco alto visando evitar novas tentativas, sendo um dos tópicos mais importantes) · Casos graves: encaminhamento referenciado porta a porta · Manejo: · Retirar acesso aos meios letais: facas, medicamentos, produtos tóxicos, cordas… · Realização de “contato terapêutico” · Oferecer segurança · É uma das exceções para quebra de sigilo - CFM Principais indicações de internamento: · Risco de suicídio: depressão, TAB, de personalidade e dependência química · Risco de agressividade: esquizofrenia, psicoses secundárias, bipolar em mania ou fase mista, abstinência ou intoxicação O que esperar de um internamento: · Melhor acurácia e refinamento dx · Ambiente protegido · Segurança no uso correto de medicação · Suporte não-farmacológico: psicoterapia individual e grupo, orientação familiar, terapia ocupacional, atividade física, lazer · No hospital geral: · Suporte a pacientes clínicos graves com sintomas psicopatológicos · Investigação complementar e inter- especialidades · Lítio (geralmente em casos de transtorno de humor, mas não tem ação imediata), mas ter cuidado, pois pode ser letal · Eletroconvulsoterapia e quetamina/ esquetamina (ação mais imediata) O PACIENTE AGITADO Conceitos: · Agitação psicomotora: atividade cognitiva e motora · Irritação/disforia (afeto): alta reatividade aos estímulos · Agressividade (comportamento): ato que causa dano físico ou emocional, podendo ser agressividade, heteroagressividade e agressividade direcionada a objetos · Violência: ato que causa dano físico ou emocional grave em outra pessoa Regra fundamental: sua segurança em primeiro lugar; não banque o herói Passo inicial: local de atendimento → não ter coisas que podem virar “armas”, cuidado com cores, porta deve ser voltada para o médico, botão do pânico Passo 2: percepção adequada · Observe sinais de agressividade, geralmente irritação crescente (falar alto, ameaças veladas ou claras, punhos cerrados, afeto disfórico) Passo 3: provável dx Medidas de desescalonamento: (manejo verbal correto) · Sempre se apresentar · Usar o nome do paciente repetidamente · Firme e claro, mas sem ser hostil · Manter a calma · Explicar a situação, sem ameaças · Escuta ativa · Atendimento preferencialmente sentado, em distância adequada · Distância adequada · Olhar nos olhos · Oferecer ajuda farmacológica Contenção física: Indicação · Diminuir riscos para o próprio paciente, demais pacientes e equipe · Sempre o último recurso · Nunca usar como método coercitivo, disciplina, conveniência ou em “terapia comportamental” · Sempre haverá riscos para todos os envolvidos · Pode ser feita por 3, 5 ou 8 pessoas de acordo com a técnica → código padrão para pedido de ajuda com o local, ex: grupo de 8 sala 5 Amparo legal: · Resolução no 1952/2010 do CFM → é um ato médico · Resolução Cofen 427/2012 (enfermeiros) Movimentos permitidos: restrição de movimentos de grandes articulações: MMII, MMSS e pescoço e defesa de ataques (nunca com agressão) Movimentos não permitidos: quedas, agressões, entorses, estrangulamento e asfixias e pequenas articulações Passo a passo: 1. Chamada: falar a senha alto e com local 2. Entrada/posicionamento da equipe: semi-círculo, costas do paciente para a parede 3. Avaliar a necessidade de contenção imediata Após a chegada da equipe: · Comunicação verbal (profissional com maior vínculo): firme, não ameaçadora, impor limites, explicar a situação · Senha para contenção ou ataque iminente (ex segura) · Encaminhamento para leito apropriado: faixas apropriadas, monitorização a cada 15 min e contenção química Posicionamento: · Um braço e meio aproximadamente · Semicírculo · Braços e pernas afastados · Levemente lateralizado Defesas: · Sempre lembrar que é um paciente com função mental alterada: socos (90%), chutes e estrangulamento Levar ao leito: · Contenção física: máximo 2h → manutenção = nova contenção · Cabeceira elevada · Sempre monitorando · Faixa adequada: acolchoadas e lençol de algodão **Se tiver contenção física é OBRIGATÓRIO fazer contenção farmacológica Intervenções farmacológicas: · Objetivo principal: tranquilização rápida e efetiva · Sala de observação · Preferencialmente VO (quando o paciente permitir) Contenção química: · Bloqueio da dopamina - antipsicóticos · Sedação: BZD, bloqueio H1 - antipsicóticos, anti-histamínicos VO: · BZD: midazolam, lorazepam, diazepam, clonazepam · Prometazina · AP: haloperidol, risperidona, olanzapina, clorpromazina ou levomepromazina (h1) EV e IM: · BZD: midazolam, lorazepam, diazepam · AP: haloperidol, clorpromazina/levomepromazina · Monitorar: · BZD: monitorar respiração · Haloperidol: sd. extrapiramidal · Clorpromazina: arritmia · Reavaliar a cada 30 minutos