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• Auxilia, a criança, a atuar nas mais diversas questões referentes a seu meio, tais como ganhar, perder morte, vida etc. Outros aspectos Outros aspectos podem ser acrescentados a esta listagem, tais como: • Palavras novas são aprendidas, músicas são ouvidas e cantadas, culturas são conhecidas, etc. • Estimula a criatividade e proporciona prazer estético. • Desenvolve habilidades intelectuais e espirituais. Desde os tempos mais remotos, as histórias têm sido narradas, de geração para geração, pela oralidade. Em Quer ouvir uma história?, Heloísa Prieto estabelece que "quando o professor se senta no meio de um círculo de alunos e narra uma história, na verdade cumpre um desígnio ancestral. Nesse momento, ocupa o lugar do xamã, do bardo celta, do cigano, do mestre oriental, daquele que detém a sabedoria e o encanto, do porta-voz da ancestralidade e da sabedoria. Nesse momento ele exerce a arte da memória" (PRIETO, 1999:41) e rememora os tempos em que cantadores de histórias saíam de vilarejo em vilarejo encantando as pessoas com suas narrativas maravilhosas. Ainda hoje, adultos e crianças sentem-se transportados, ao som de textos de encantamento, a mundos fantásticos, repletos de reis e rainhas, fadas e bruxas e toda sorte de seres mágicos que povoam o nosso imaginário: Vindas do espaço sideral, o Outro Mundo, como diziam os celtas, do tempo dos sonhos, como acreditavam os aborígenes, do inconsciente coletivo, como afirma a teoria junguiana, as histórias nos cercam, formando um tecido diáfano, transparente, imperceptível ao olhar desatento, mas extremamente poderoso, um fio condutor no labirinto das nossas vidas. (PRIETO, 1999: 45) Não é, pois, de duvidar que ouvir histórias simboliza, antes de tudo, viver um momento mágico de prazer e divertimento; reportar a situações que provoquem emoções, saudades, lembranças ressurgidas; aguçar o senso crítico e despertar a criatividade. Para isso, como afirma Fanny Abramovich, é importante que o cantador saiba utilizar, e bem, seu maior instrumento – a voz: Para contar uma história – seja qual for – é bom saber como se faz. Afinal, nela se descobrem palavras novas, se entra em contato com a música e com a sonoridade das frases e nomes... Se capta o ritmo, a cadência do conto, fluindo como uma canção... Ou se brinca com melodia dos versos, com acerto das rimas, com jogo das palavras... Contar histórias é uma arte... e tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro... Ela é o uso simples e harmônico da voz. (ABRAMOVICH, 1997:18) No Brasil, em semelhança ao que ocorreu na Europa do século XVIII, a literatura infantil passou por um período de ascensão entre final do século XIX e início do século XX; entretanto, esse mesmo texto servia aos interesses educacionais. A escola passava a ser o paradigma a ser seguido, assim, a literatura acompanhava seus padrões, suas regras. Objetivava-se adaptar a criança aos moldes escolares; o pensamento crítico era ignorado, bem como o discurso estético. Sobressaia-se as funções utilitária e didática do texto literário, visando o ensinamento de regras de comportamento, valorizando a intenção moralizante do texto. A consequência de tal atitude foi a atrofia do gosto de ler. 3