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Peculiaridades dos convênios III

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Aula 19 – Peculiaridades dos convê-
nios: publicação, alterações 
no termo e denúncia 
O objetivo dessa aula é identificar a necessidade de publicação dos convê-
nios, conhecer quando e como é possível realizar alterações no termo de 
convênio, bem como o instituto da denúncia. Essa aula foi desenvolvida 
a partir do contido na Lei de Licitações e Contratos, do Decreto Federal 
nº 6.170/2007, na Portaria Interministerial nº 507/2011 e entendimento 
dos órgãos de controle. Ao final dessa aula, você saberá identificar a 
necessidade de publicação do termo de convênio, conhecer as formas 
de alteração do termo de convênio e a aplicabilidade da denúncia nos 
convênios. 
19.1 Publicação 
O termo de convênio, como os demais atos administrativos, só produzirá 
efeitos com a publicação de seu extrato na Imprensa Oficial, em respeito ao 
princípio da publicidade. 
A publicação deverá ser providenciada até o quinto dia útil do mês seguinte 
da assinatura e a publicação, propriamente dita, deve acontecer em 20 (vin-
te) dias, a contar da solicitação. A Portaria Interministerial nº 507/2011, trata 
da publicação no seu artigo 46, a saber:
Art. 46. A eficácia de convênios, acordos, ajustes ou instrumentos con-
gêneres fica condicionada à publicação do respectivo extrato no Diário 
Oficial da União, que será providenciada pelo concedente, no prazo de 
até 20 (vinte) dias a contar de sua assinatura.
Parágrafo único. Somente deverão ser publicados no Diário Oficial da 
União os extratos dos aditivos que alterem o valor ou ampliem a exe-
cução do objeto, vedada a alteração da sua natureza, quando houver, 
respeitado o prazo estabelecido no caput.
O artigo 47 da Portaria Interministerial nº 507/2011, ainda amplia a publici-
dade em sítio eletrônico no Portal dos Convênios para os “atos de celebra-
ção, alteração, liberação de recursos, acompanhamento e fiscalização da 
execução e a prestação de contas dos convênios”.
teralmente alterações, ou modificações, em obra objeto de convênio 
com a Administração Federal, nos cabe lembrar que tal faculdade só 
assiste à administração pública (em seu relacionamento com a empre-
sa contratada), na execução de contratos administrativos, resultantes 
de procedimentos licitatórios. Mesmo nestas circunstâncias, tais altera-
ções só teriam acolhida em função de melhor adequação ao interesse 
público (o que, diante de todo o anteriormente exposto, não é o caso 
em epígrafe; pois a comunidade jamais usufruiu dos benefícios da mal-
sinada aplicação de recursos federais). (TCU - Acórdão nº 120/2002, 
Primeira Câmara, 12.03.2002, TC nº 000.447/2000-8.) 
Diante de todo o exposto, denota-se que as partes convenentes poderão 
modificar o termo de convênio, com vistas a adequar as peculiaridades do 
caso concreto, na condição de que tal ato não promova alteração na finali-
dade do ajuste, permanecendo o mesmo objeto. Já não é possível, em razão 
das características muito peculiares do convênio, uma alteração unilateral. 
19.3 Denúncia
De regra, os convênios são estabelecidos sem prazo de duração. Existindo 
ou não prazo de duração o convênio pode ser extinto a qualquer momento. 
Assim, diante da ausência de vinculação contratual entre os partícipes, não 
há obrigação dos entes convenentes permanecerem integrados ao ajuste, 
podendo denunciá-lo a qualquer momento .
Na mesma esteira é o previsto no caput do artigo 12 do Decreto Federal nº 
6.170/2007 e no caput do artigo 80 Portaria Interministerial nº 507/2011: 
Art. 80. O convênio poderá ser denunciado a qualquer tempo, fican-
do os partícipes responsáveis somente pelas obrigações e auferindo as 
vantagens do tempo em que participaram voluntariamente da avença, 
não sendo admissível cláusula obrigatória de permanência ou sancio-
nadora dos denunciantes.
Neste sentido, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do 
Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), conforme segue:
Tributário. ICMS. Fornecimento de Mercadorias para Execução de Pro-
jeto Considerado de Interesse Público. Convênios 9/75, 11/81, 24/81 e 
26/83. Protocolo ICM 13/81.
 
19.2 Alteração do termo de convênio
Como já aduzido o convênio somente será celebrado após a aprovação do 
respectivo plano de trabalho, apresentado pela organização interessada, 
contendo, todas as informações relativas à execução do convênio, demons-
trando que efetivamente atenderá o fim público a que se propõe. A aprova-
ção do plano de trabalho e, consequentemente, a realização do convênio, 
está diretamente relacionada com o objeto visado. 
Por conseguinte, o objeto contido inicialmente no convênio não pode ser 
alterado, sob pena de desvirtuar sua finalidade, obstando o atingimento do 
interesse público originário. Entretanto, é permitido, de um modo geral, a 
realização de alterações nos convênios, desde que adequadas e suficiente-
mente justificadas , desde que a proposta seja apresentada com, no mínimo, 
30 dias de antecedência do término de sua vigência, conforme estabelece o 
artigo 50 da Portaria Interministerial nº 507/2011, adiante transcrito:
Art. 50. O convênio poderá ser alterado mediante proposta, devida-
mente formalizada e justificada, a ser apresentada ao concedente em, 
no mínimo, 30 (trinta) dias antes do término de sua vigência ou no 
prazo nele estipulado.
Neste diapasão, pode-se afirmar que é possível alterar os termos de um con-
vênio, desde que mantido o objeto predeterminado e a finalidade pela qual 
ele foi firmado, respeitadas as regras estabelecidas pela respectiva esfera de 
governo. 
Outrora, não é possível alterar unilateralmente os termos de um convênio, 
haja vista que se trata de uma união de esforços para a satisfação de interes-
ses comuns, tudo é voltado para o mesmo fim. Como os interesses não se 
contrapõem, a alteração do convênio prescinde da concordância das partes 
envolvidas. Não se pode invocar aqui as prerrogativas da Administração Pú-
blica inerentes aos contatos administrativos.
Veja o posicionamento do Tribunal de Contas da União (TCU):
Quanto à absurda possibilidade, aventada pelos causídicos, suposta-
mente baseada na Lei das Licitações, do responsável promover unila-
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III - a verificação que qualquer circunstância que enseje a instauração 
de tomada de contas especial.
Parágrafo único. A rescisão do convênio, quando resulte dano ao erá-
rio, enseja a instauração de tomada de contas especial.
Resumo
•	 Em obediência ao princípio da publicidade, o termo de convênio só pro-
duzirá efeitos com a publicação de seu extrato na Imprensa Oficial.
•	 O objeto contido inicialmente no convênio não pode ser alterado, sob 
pena de desvirtuar sua finalidade, obstando o atingimento do interesse 
público originário. Excepcionalmente, desde que adequadas e suficiente-
mente justificadas, o convênio poderá ser alterado pelas partes.
•	 Diante da ausência de vinculação contratual entre os partícipes, ele po-
derá ser denunciado a qualquer momento. 
Atividades de aprendizagem
1. É possível a Administração Pública alterar unilateralmente o objeto de 
convênio? Aplica-se o disposto no artigo 65 da Lei n° 8.666/1993?
2. A contratação de instituição que seleciona estagiários / estudantes para 
atuar na Administração Pública deve acontecer mediante contrato ou 
convênio? É possível o pagamento de taxas?
1. Os convênios têm em comum a inexistência: a) de qualquer prazo ou 
termo vinculando o Estado; b) de condicionamento ou contraprestação 
para os interessados ou o Estado na obtenção ou fruição de vantagem, 
constituindo liberalidade revogável, sem as peias do direito adquirido 
à isenção. (STJ - REsp 121433/SP; Recurso Especial 1997/0014064-4; 
Relator Ministro Milton Luiz Pereira; Primeira Turma; DJ 22.05.2000).
Ação Cautelar. Requisitos para a concessão da medida cautelar (CPC,ARTS. 798 E 801, IV).
(...)
2. No caso, não está presente o requisito relativo ao fumus boni iuris, 
uma vez que nos convênios administrativos os partícipes pos-
suem liberdade de ingresso e de retirada, hipótese em que é legíti-
ma a recusa da União de celebrar convênios com os municípios que se 
encontram em débito para com o Instituto Nacional do Seguro Social e 
o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o que dispensa a pesquisa 
do periculum in mora. (TRF1 - Apelação Civel – 9501307417; Proces-
so: 9501307417/AM; Segunda Turma Suplementar; Juiz Leão Apareci-
do Alves; Data da Publicação 08/08/2002)
Destaca-se que a denúncia deve ser formalizada por escrito, com ciência à 
outra parte e, na existência de saldos financeiros, estes deverão ser devolvi-
dos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo improrrogável de 
30 (trinta) dias do evento, sob pena de imediata instauração de tomada de 
contas especial do responsável. Essa previsão consta no parágrafo único do 
artigo 12 do Decreto Federal nº 6170/2007 e no artigo 80, parágrafos 1º e 
2º da Portaria Interministerial nº 507/2011.
Os motivos que fundamentam uma rescisão do convênio estão descritos no 
artigo 81 da Portaria Interministerial nº 507/2011, conforme segue:
Art. 81. Constituem motivos para rescisão do convênio:
I - o inadimplemento de qualquer das cláusulas pactuadas;
II - constatação, a qualquer tempo, de falsidade ou incorreção de infor-
mação em qualquer documento apresentado; e
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