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e-Tec Brasil87 Aula 12 – Convênios: origem e conceito O objetivo dessa aula é conhecer a origem e o conceito do convênio. Essa aula foi desenvolvida a partir do contido na Lei de Licitações e Contratos, na Lei Complementar nº 101/2000, Decreto Federal nº 6.170/2007, na Portaria Interministerial nº 507/2011, da STN, no entendimento da doutri- na e dos órgãos de controle. Ao final dessa aula, você saberá identificar a origem dos convênios e o seu conceito. 12.1 Origem Na tentativa de interação entre governo e sociedade, surge a cooperação entre entidades públicas e privadas e entre as próprias entidades públicas. O surgimento se dá em razão das desigualdades, onde a cooperação social vem como forma de neutralizar conflitos de interesses e amenizar as dificul- dades da vida em sociedade. A solidariedade, a atuação conjunta para alcançar um fim comum em be- nefício próprio e do grupo é a grande solução para se chegar à satisfação social. Em outras palavras, o auxílio mútuo é o mecanismo para se alcançar os mesmos fins. Essa é a primeira razão de existir da cooperação, em que entidades públicas repassam recursos financeiros a outras entidades públicas e, também, a entidades privadas. A segunda razão para a existência da figura da cooperação é a descentra- lização das atividades da Administração Pública Federal, pois, no intuito de viabilizar o desenvolvimento econômico e social do país, o Estado Federal passou a repensar a sua forma de atuar, passando a se dedicar às tarefas primordiais e propugnando pela descentralização de outras atividades, con- sideradas secundárias. Deste modo, com vistas a atender as demandas da população, a União, os Estados e os Municípios se unem, por meio de ajustes financeiros, os quais possuem nomenclatura própria, a saber: transferência constitucional ou legal e transferências voluntárias. O Decreto Federal nº 6.170/2007 conceitua contrato de repasse como: Art. 1º (...) II - contrato de repasse - instrumento administrativo por meio do qual a transferência dos recursos financeiros se processa por intermédio de instituição ou agente financeiro público federal, atuando como man- datário da União; O termo de parceria foi instituído pela Lei Federal nº 9.790/1999, e é consi- derado um instrumento de cooperação firmado entre o Poder Público e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Já convênio, forma mais usual de transferência voluntária, é acordo, um pacto, formalizado entre União, Estados, Distrito Federal, suas autarquias, fundações e entidades, ou entre esses e entidades privadas, para a consecu- ção de finalidades de interesse comum. Diante dessas considerações, pode-se sintetizar que o instituto da coopera- ção administrativa se materializa, entre outros, para o repasse de recursos financeiros, seja por determinação constitucional ou legal, seja por trans- ferências voluntárias. Já as transferências voluntárias são formalizadas por meio de contrato de repasse, termo de parceira e convênios. 12.2 Conceito de convênio Convênio é o ajuste celebrado entre órgãos da Administração Pública ou entre esses e entidades particulares, visando à execução de um objeto de in- teresse comum das partes envolvidas. É uma verdadeira reunião de esforços, em que os partícipes ou convenentes se unem para a consecução de um fim comum. Sua previsão está no artigo 116 da Lei nº 8.666/1993. A doutrina moderna define convênio como: Define-se o convênio como forma de ajuste entre o Poder Público e en- tidades públicas ou privadas para a realização de objetivos de interesse comum, mediante mútua colaboração. (DI PIETRO, 2006, p.137) A primeira forma de repasse de recursos financeiros é a denominada trans- ferência constitucional ou legal, onde a Constituição Federal, artigos 157, 158 e 159, determina que parte da arrecadação dos tributos fede- rais seja repassada aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. São as chamadas transferências constitucionais, em que há descentralização das competências da União para os Estados e Municípios. Exemplo: Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Fundo de Participação dos Estados (FPE); transferências para os Municípios de 50% (cinquenta por cento) do ITR, entre outras. A segunda forma de repasse dos recursos financeiros da União para os Estados e Municípios, se dá por meio das transferências voluntárias, que nada mais é do que a descentralização de recursos financeiros, com vistas à realização de ações de competências do ente transferidor de recursos, qual seja, a União. A Lei Complementar 101/2000, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal, no artigo 25, define transferência voluntária: Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transfe- rência voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência fi- nanceira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde. De regra, a realização de transferência voluntária dependerá da vontade do Poder concedente e da autorização legislativa a partir da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA). As transferências voluntárias se materializam por meio de contrato de re- passe, termo de parceria e convênios. Os contratos de repasse são regulados pelo Decreto Federal nº 1.819/1996, mecanismo pelo qual à União repassa recursos, por intermédio de instituição ou agência financeira oficial federal, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, visando à execução de programas governamentais. O exemplo claro é o repasse de recursos valendo-se da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. Contratos e Convêniose-Tec Brasil e-Tec BrasilAula 12 – Convênios: origem e conceito88 89 Outros conceitos legais de convênios são encontrados Decreto Federal nº 6.170/2007, artigo 1º, §1º, inciso I, e na Portaria Interministerial nº 507/2011, artigo 1º, inciso VI. Em razão da sua natureza administrativa é imprescindível que pelo menos um ente convenente seja pessoa jurídica de direito público. Ademais, os partícipes devem possuir capacidade jurídica para assumir o compromisso, sob pena de nulidade do ato administrativo. Comumente en- contramos convênios celebrados entre Ministérios, entre Secretaria de Esta- dos, entre Ministérios e Secretarias, o que por certo não gozam de qualquer validade. Veja o ensinamento da doutrina sobre essa questão: Alerte-se que dele só podem participar pessoas. É nulo o convênio ce- lebrado por órgãos do convenente, como são os Ministérios, no âmbito federal, e as Secretarias, no estadual, distrital ou municipal. (GASPARINI, 2002, p.379.) O Decreto Federal nº 6.170/2007, artigo 1º, bem como a Portaria 507/2011, artigo 1º, definem a nomenclatura correta a ser conferida às partes envolvi- das: concedente e convenente. A parte concedente corresponde ao órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta, responsável pela transferência dos recursos financeiros, enquanto que a parte convenen- te é aquela com a qual a administração pública federal pactua a execução de programas ou projetos, podendo ser órgão ou entidade pública de qualquer esfera de governo ou entidade privada sem fins lucrativos. Resumo • Entre os motivos que levaram ao nascimento do convênio destaca-se: cooperação entre entidades públicas e privadas, e a descentralização das atividades administrativas. • Convênio é o ajuste celebrado entre órgãos da Administração Pública ou entre esses e entidades particulares, visando à execução de um objeto de interesse comum das partes envolvidas. Convênios administrativos federais: uma abordagem sobre o nexo de Causalidade entre os recursos repassados e as despesas realizadas, de Fabiana Vasconcelos de Farias Brevilato http://publicacoes. unigranrio.edu.br/index.php/ rdugr/article/viewFile/971/594Contratos e Convêniose-Tec Brasil 90