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Contratos Administrativos: Prazos e Prorrogações

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e-Tec Brasil31
O objetivo dessa aula é conhecer as disposições preliminares atinentes aos 
contratos administrativos, com destaque ao prazo de duração e as situa-
ções que permitem prorrogação. O desenvolvimento se deu a partir do 
contido no artigo 57 da Lei de Licitações e Contratos, no entendimento 
da doutrina, dos tribunais superiores e dos órgãos de controle. Ao final, 
você saberá reconhecer e aplicar os prazos contratuais, bem como as pos-
sibilidades de prorrogação.
3.1 Duração dos contratos administrativos 
A Lei nº 8.666/1993, artigo 57, disciplina as peculiaridades quanto à du-
ração dos Contratos Administrativos. O caput do artigo aduz que “a 
duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos res-
pectivos créditos orçamentários”. O motivo dessa previsão é de que todo 
contrato possua amparo orçamentário, evitando contratações arriscadas 
sem previsão orçamentária. Assim, em regra, o prazo de execução dos con-
tratos celebrados só pode ir até 31 de dezembro.
As exceções de que a duração fica adstrita a vigência dos créditos orçamen-
tários são os contratos relativos: 
a) Aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabele-
cidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver 
interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato 
convocatório. São os empreendimentos realizados pela Administração 
que para serem executados, demandam mais de um exercício financeiro, 
como, por exemplo, as obras de grande vulto, entre elas, rodovias, usi-
nas e portos. É necessária a previsão no Plano Plurianual, configurando 
uma ação planejada e, uma vez prevista, deve ser formalizada prevendo 
o prazo total para a execução da obra. Assim, a duplicação de uma ro-
dovia pode ser pactuada com prazo de execução em 03 (três) anos. Não 
seria razoável celebrar o contrato por 01 (um) ano, com possibilidade de 
prorrogações sucessivas. 
Aula 3 – Disposições preliminares: 
prazo de duração e 
prorrogação
de conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláu-
sulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-
-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente 
autuados em processo: I - alteração do projeto ou especificações, pela Admi-
nistração; II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à 
vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições de execução 
do contrato; III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do 
ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração; IV - aumento 
das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos 
por esta Lei; V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de 
terceiro reconhecido pela Administração em documento contemporâneo à 
sua ocorrência; VI -omissão ou atraso de providências a cargo da Administra-
ção, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, diretamente, 
impedimento ou retardamento na execução do contrato, sem prejuízo das 
sanções legais aplicáveis aos responsáveis”.
A formalização da prorrogação se dá por meio de termo aditivo. Ademais, é 
sempre necessária para a dilação do prazo contratual a existência de dotação 
orçamentária, previsão em edital e interesse público.
A Lei vem exigir que toda prorrogação realizada seja devidamente motivada. 
Isso é contido no parágrafo segundo do artigo 57: “toda prorrogação de 
prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela auto-
ridade competente para celebrar o contrato”.
Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante autorização da 
autoridade superior, o prazo dos contratos relativos à prestação de serviços 
a serem executados de forma contínua, que é limitado em sessenta meses, 
poderá ser prorrogado por mais doze meses, totalizando setenta e dois me-
ses (artigo 57, § 4º). 
Adiante, seguem algumas decisões dos Órgãos de Controle acerca do tema:
Prazo de vigência - observância créditos orçamentários
9.2.24. não prorrogue contrato de fornecimento de bens por período 
maior que a vigência dos respectivos créditos orçamentários, conforme 
prevê o art. 57; (TCU - Acórdão 2.521/2003 – Primeira Câmara). 
b) À prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que po-
derão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com 
vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a adminis-
tração, limitada a sessenta meses. A continuidade retrata uma demanda 
permanente do serviço público. São situações que exigiriam licitações 
constantes se o prazo do contrato fosse pactuado por períodos curtos, o 
que certamente geraria um custo alto para a Administração. Essa regra 
não atinge os contratos de compra (obrigação de dar).
 Uma questão controvertida refere-se à renovação. Deve esta respeitar 
o mesmo prazo da contratação original? Imaginemos que a Adminis-
tração Pública celebrou um contrato no início do mês de setembro com 
vigência até 31 de dezembro, observando a vigência do crédito orçamen-
tário. Deve a Administração realizar sucessivas renovações a cada 
quatro meses? A melhor doutrina nos ensina que:
Ora, qual o impedimento lógico-jurídico a que a Administração con-
trate por três meses e, no início do exercício orçamentário posterior, 
promova a renovação por doze meses? Nenhum princípio ou dispo-
sitivo legal seria sacrificado. O único obstáculo é a redação literal do 
art.57, inc.II. Lembre-se, no entanto, que esse dispositivo teve a sua 
redação sucessivamente alterada e sua consolidação ocorreu antes da 
LRF. Portanto, o princípio da razoabilidade conduz à admissão de re-
novações por período superior ou inferior ao inicialmente pactuado, 
especialmente tendo em vista as limitações do exercício orçamentário. 
(MARÇAL, 2009, p.702)
c) Ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, 
podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) 
meses após o início da vigência do contrato. 
 A Lei de Licitação veda expressamente a existência de contrato com pra-
zo de vigência indeterminado (§ 3º do artigo 57).
3.2 Prorrogação contratual
Em regra, as partes devem observar o prazo estabelecido em contrato para a 
execução do objeto contratual. Todavia, a Lei de Licitações confere às partes 
a prerrogativa de prorrogação contratual, conforme se observa do parágrafo 
primeiro e incisos do artigo 57: “os prazos de início de etapas de execução, 
Contratos e Convêniose-Tec Brasil e-Tec BrasilAula 3 – Disposições preliminares: prazo de duração e prorrogação32 33
Prorrogação dos contratos – serviços contínuos
Deve ser observado atentamente o inciso II do art.57 da Lei nº 8.666, 
de 1993, ao firmar e prorrogar contratos, de forma a somente enqua-
drar como serviços contínuos contratos cujos objetos correspondam a 
obrigações de fazer e a necessidades permanentes. (Decisão do TCU 
nº 1136/2002 – Plenário).
Prorrogação – contratos encerrados – procedimento nulo 
Não se deve prorrogar contratos após o encerramento de sua vigência 
uma vez que tal procedimento é absolutamente nulo. (Decisão do TCU 
nº 451/2000 – Plenário).
Prazo de vigência indeterminado - ilegalidade
“É vedada a celebração de contrato por prazo indeterminado ou com 
vigência injustificadamente longa, em toda a Administração Pública 
Federal, Sociedade de Economia Mista, Fundação Pública e Empresa 
Pública”. (TCU - Decisão nº 766/94)
Resumo
•	 Em regra, a duração dos contratos regidos pela Lei nº 8.666/93 ficará 
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários.
•	 A Lei de Licitações veda expressamente a existência de contrato com 
prazo de vigência indeterminado.
•	 A Lei confere às partes a prerrogativa de prorrogação contratual, que é 
formalizada mediante termo aditivo. Toda prorrogação de prazo deverá 
ser justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade com-
petente para celebrar o contrato.Leia sobre: A questão da duração 
do contrato administrativo, do 
Prof. Sidney Bittencourt http://
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pdf_9/DIALOGO-JURIDICO-
09-DEZEMBRO-2001-SIDNEY-
BITTENCOURT.pdf
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