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Transparência da gestão fiscal

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e-Tec Brasil99
Aula 17 – Transparência da gestão fiscal
A transparência dos atos é uma das principais metas da 
lei. Assim, o cidadão tem acesso aos dados e informações ati-
nentes aos gastos públicos, às receitas e despesas, ao nível de 
endividamento público, entre outros.
17.1 Instrumentos de transparência
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais 
será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso 
público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as 
prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resu-
mido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as 
versões simplificadas desses documentos.
De acordo com o artigo exposto, nota-se que os planos, orçamentos e leis 
de diretrizes orçamentárias são considerados instrumentos de trans-
parência. A partir disso, pode-se concluir que os mecanismos para a gestão 
fiscal são também os da transparência da gestão fiscal. E por quê?
A razão disso é simples: divulgação, conhecimento por parte dos 
cidadãos.
Uma lei determinando como os atos passarão a ser produzidos ganha maior 
poder de controle, quando ela passa a ser divulgada. Pois, se todo cidadão 
conhecesse “as regras do jogo”, poderia com segurança e autoridade exigir, 
cobrar punição para aquele que viesse infringir a lei, saberia determinar qual 
setor da sociedade está ou não recebendo a devida atenção. 
E, nesse passo, quanto maior for a divulgação, melhor aos objetivos da 
sociedade. Justamente por isso a Lei de Responsabilidade Fiscal pre-
viu a possibilidade de se dar ampla divulgação nos meios eletrô-
nicos, que atualmente é o meio que mais progride em termos de 
comunicação.
Figura 17.1: Audiência Pública
Fonte: http://www.itauna.mg.gov
Vivemos na sociedade da informação. As notícias se alastram rapidamente 
e se mostram cada vez mais acessíveis a todos. E como já estamos mer-
gulhados neste mundo, compete então ao Administrador Público utilizar a 
tecnologia para divulgar também as ações relativas ao planejamento fiscal.
É claro que as leis orçamentárias, mesmo divulgadas, não são suficientes 
para atestar a qualidade da gestão fiscal de determinado ente da Federação, 
o que se atinge somente quando se compara também com os relatórios de 
cumprimento de metas, que são o relatório resumido da execução orçamen-
tária e o relatório de gestão fiscal, mesmo que sejam as versões simplificadas 
desses documentos.
A transparência será assegurada também mediante (a) o incentivo à parti-
cipação popular e realização de audiências públicas, durante os processos 
de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orça-
mentos; (b) a liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da so-
ciedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução 
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; e (c) a 
adoção de sistema integrado de administração financeira e controle.
Para tanto, deverão os entes da Federação disponibilizar a qualquer pessoa 
física ou jurídica o acesso a informações referentes a:
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras 
no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, 
com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do 
correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, 
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à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o 
caso, ao procedimento licitatório realizado;
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita 
das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários.
As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, 
durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico 
responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos 
e instituições da sociedade.
A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional 
e das agências financeiras oficiais de fomento, incluído o BNDES, especifican-
do os empréstimos e financiamentos concedidos com recursos oriundos do 
orçamento fiscal e da seguridade social e, no caso das agências financeiras, 
avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.
Prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal, em seu artigo 50, regras para a escri-
turação das contas públicas. São elas:
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, 
a escrituração das contas públicas observará as seguintes:
I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo 
que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória 
fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;
II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo 
o regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, o 
resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;
III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjunta-
mente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou entidade 
da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive empresa 
estatal dependente;
IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em de-
monstrativos financeiros e orçamentários específicos;
V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as demais 
formas de financiamento ou assunção de compromissos junto a tercei-
ros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o montante e a varia-
ção da dívida pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza e 
o tipo de credor;
VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque à origem 
e ao destino dos recursos provenientes da alienação de ativos.
A fácil identificação dos recursos e despesas, a adoção do regime de 
competência, o lançamento de dados isolada e conjuntamente, de-
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monstrações financeiras específicas, detalhamento da natureza do 
lançamento são meios de se promover a facilitação da informação 
transmitida ao cidadão, que, mesmo sem o conhecimento mais apurado 
acerca do tema, conseguirá, ainda assim, ter uma noção daquilo que se pas-
sa em termos de gestão fiscal.
De acordo com o artigo 51 da LRF, o Poder Executivo da União promoverá, 
até o dia trinta de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, 
das contas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua 
divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público. E, para que 
seja possível o cumprimento desse prazo, os Municípios encaminharão suas 
contas ao Poder Executivo da União até trinta de abril, enquanto que os Es-
tados assim agirão até trinta e um de maio.
O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a 
situação seja regularizada, que o ente da Federação receba transferências 
voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao refinan-
ciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.
Atividade de aprendizagem
1. Para refletir e responder!
 Você acha que os cidadãos conhecem a política fiscal do Município onde 
vivem? Acha que poderia ser feito mais em termos de divulgação desse 
tema? Considera haver interesse por parte dos cidadãos na busca dessas 
informações?
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